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EM TEMPO DE REDES SOCIAIS ATIVAS, MAS, PRINCIPALMENTE DE APLICATIVOS DE MENSAGENS QUE NÃO PODEM PODE SER CENSURADOS, OS POLÍTICOS CRIAM IMAGEM RUIM  CONTRA ELES PRÓPRIOS E RECLAMAM DOS OUTROS SOBRE OS DESGASTES DELES

Meu comentário de hoje seria, mais uma vez, sobre os PL 84/2023 – que vende os imóveis do município para fazer caixa para a prefeitura, a qual, por sucessivos erros de gestão e previsibilidade, está catando moedas. Ele é relatado pelo mais longevo dos vereadores – seis mandatos -, José Hilário Melato, PP. Descortinaria ainda o PL 86/2023. O que ele faz? Muda, mais uma vez, os zoneamentos originais do Plano Diretor – que já deveria ter sido revisado, segundo o Estatuto das Cidades, em 2016.  E vai mudar, ou se estratificar naquilo que era e mudou, para atender a cara do freguês ou da vingança, da punição. Este PL está sendo relatado pelo vereador Dionísio Luiz Bertoldi, PT, e que tem marcada uma daquela “audiências pró-forma” para as quatro horas da tarde de quinta-feira, dia 26

Sobre o PL 84/2023, que esticaria, já tratei em parte em SEM CAIXA PARA FECHAR AS CONTAS DESTE ANO – E QUE SE NEGA -, GOVERNO DE KLEBER E MARCELO VAI LEILOAR IMÓVEIS. É URGENTE. SÃO NOVE. UM DELES É A AGÊNCIA DO EX-BESC. A PREFEITURA A ARREMATOU DO BB QUANDO ANULOU UMA CONCORRÊNCIA DE MERCADO. Sobre o PL 86/2023 o qual deveria nascer antes ao 84/2023, ou seja, mais uma vez, a carroça veio à frente dos bois, vou aborda-lo mais tarde. Vou mostrar como age o poder público a quem não lhe é submisso à falta de transparência, o cerne de uma gestão pública. 

Os próprios políticos por seus técnicos de carreira ou comissionados em desvio de função – criam situações constrangedoras, artificiais e de insegurança jurídica contra seus próprios objetivos nas tábuas de salvação que arquitetam para seus políticos, administradores e os amigos do poder. Estas situações do passado podem levantar suspeitas, ou então deixar claro de que, dependendo de quem arrematar os bens do leilão que se quer fazer para arrecadar dinheiro aos cofres combalidos- instituto que o próprio município de Gaspar já colocou sob descrédito uma vez para levar vantagem, dar recados e se vingar de quem ganhou o certame de forma legítima, poderá não os levar, sem antes travar uma longa e custosa batalha jurídica naquilo que deveria ser líquido e certo.

Retomando o fio da meada, pois o assunto de hoje é outro.

Aliás, esta sexta-feira, parece que vai ser melhor do que a da semana passada cheia de trapalhadas dos nossos políticos e gestores público daqui, de Florianópolis. Eles quase nos deixaram imersos nas águas barrentas do Rio Itajaí Açu nos descasos e desencontros de barragens, acordos no Alto Vale e até, nas simples e necessárias operações das comportas por aqui.

Na semana passada em FOI À FALTA DE OBJETIVOS E RESULTADOS DA GESTÃO, SOMADOS À VINGANÇA QUE DESTRUIRAM A MARQUETAGEM DO GOVERNO DE KLEBER E MARCELO, eu mostrei como na prefeitura e o entorno de Kleber Edson Wan Dall, MDB, bem como de Marcelo de Souza Brick, Patriota, ou PL, sei lá, ou PP, talvez, estão cada vez mais atiçados. Esta semana, este mesmo governo, rei da marquetagem e propaganda das redes sociais por sete anos afios, confessou que está mal de comunicação, mas de verdade, é para o seu público interno, que virou o bastião para salvar a administração. Incrível!

O próprio governo está reunindo o pessoal interno – foto ao lado e das próprias redes sociais do prefeito Kleber – para dizer o que fez, o que está fazendo e o que fará por Gaspar. A foto prova, mais uma vez, que, “em casa de ferreiro o espeto é de pau”. Sempre escrevi aqui sobre este fiasco de comunicação institucional que privilegiou pessoas e não o governo. Sempre fui desacreditado. É do jogo. Agora, sem discurso, sem resultados reconhecidos, mesmo sob o silêncio da imprensa, piscaram e não resistiram à amarga realidade… e as pesquisas também. E estão lavando a minha alma. Eu já deveria estar aposentado, mas esses políticos de Gaspar não me permitem a isso.

A imagem que abre este artigo diz tudo. Como na fábula, os políticos de Gaspar estão nus – perante os seus eleitores e eleitoras – e não se dão conta disso. E não só na prefeitura, mas, na outra ponta que deveria ser a fiscal e não exerce esta função, a Câmara. É lá, onde a Bancada do Amém, composta de onze (MDB, PP, PSD, PDT e PSDB) dos 13 vereadores que o erro começa. Ela abafa e dá aval a tudo que vem do Executivo e ambos se orgulham disso nos discursos que fazem. 

Por outro lado, os políticos, de muletas, dizem se tratar de uma mera implicância deste espaço e que precisa ser calado a qualquer custo. Se é implicância, alguém está me dando muito mais valor do que eu achava que tinha.

É que circula nos aplicativos de mensagens, este meme que abre o artigo de hoje. Há outros. E super cabeludos. Eu pincei este para não perder a “carona”. Este tipo de crítica social, é muito mais representativo do que os meus textões. Bate direto e o povão entende de cara. Daí a implicância dos políticos com este tipo de abordagem.

Este “cartum” – chamaremos assim – de tanto repostado que é, no WhatsApp só é possível replicar uma por vez. O que significa isto? Que é devastador. A cidade inteira – e nossos vizinhos – sabem o que NÃO se faz, o que se esconde na Câmara como o caso da CPI da Pizza do “Desconheço”, ou até a falta de vídeos de audiências públicas. A cidade, caros vereadores, sabe que se está aumentando o número de assessores, que se está aumentando os gastos com diárias, que se está aumentando as mordomias e que se está criando em Gaspar a profissão de vereador. Simples assim! Ou também não se vingar contra aqueles que lhes dão os votos e o diploma de eleitos para representá-los?

De pouco adiantará reprimir, mandar recados, ou se justificar como alguns já fizeram isso na tribuna depois de sentir o bafo de seus eleitores e eleitoras. Se não mudar o comportamento, será perda de tempo principalmente a aqueles que vivem diariamente nas redes sociais e até programa de rádios se autopromovendo, ou então, criando diversão para a restrita galera de sempre. Está ficando entediante tudo isso na busca da reeleição.

A charge anônima – até porque se tem um medo danado na cidade de ser perseguido e até de ser processado – mostra á indignação dos eleitores e eleitoras com a decisão da Mesa Diretora da Câmara de Gaspar com o aluguel de quatro carros sedan Corolla de luxo, zero bala, por muito mais de R$20 mil por mês, para os vereadores percorrerem as ruas esburacadas do centro, bairros e tifas de Gaspar, além das costumeiras viagens bate-e-volta a Florianópolis e que não passa na maioria dos casos a Assembleia Legislativa, em gabinete de quem mora aqui na região.

A mesa Diretora da Câmara é composta pelo presidente Ciro André Quintino, MDB, o campeão de diárias; o vice José Hilário Melato, PP, e os secretários Giovano Borges, PSD, e Alexsandro Burnier, PL. Todos os demais concordaram. Dionísio Luiz Bertoldi, PT, foi o único que se posicionou contra os novos carros, por serem de luxo, na tribuna. Levou pau em público de Giovano. Insinuou que o vereador petista é vereador de apenas uma rua e que não precisa de carros, que usa e paga do próprio bolso. Mas, o mesmo Bertoldi, confessou que aprovou o inchamento dos gabinetes. Melato é o articulador de tudo isso. E está quietinho. Então… Acorda, Gaspar!

TRAPICHE

Para a reflexão desta sexta-feira. Um leitor assíduo deste espaço – e até por vezes, uma fonte colaborativa com dicas fundamentais -, repassa-me um achado, transformado em meme nos aplicativos de mensagens: Maldito é o dinheiro. Cala a boca de uns; compra amizade de outros; e acaba com o caráter de muitos.

E eu acrescentaria. Qualquer semelhança não é mera coincidência. E na política, na busca do poder a qualquer custo, isto é um mantra. Os que resistem à tentação, são prejudicados intencionalmente, rotulados como inimigos a serem abatidos. E não só ao redor, mas dentro da própria política. Vergonha.

O problema da secretaria de “Proteção” e Defesa Civil de Santa Catarina não é apenas à suposta falta dinheiro, mas a sua confusa falta de capacidade e principalmente autonomia técnica em algo que dependem vidas, patrimônios, investimentos, mobilidade, imagem de um governo e futuro do estado, reconhecidamente exposto a eventos climáticos severos, mas com uma capacidade de resiliência – devido a sua origem de imigrantes pobres e fugidos da fome e guerra. Japão é assim. É vencedor. Está adaptado e prevenido. Não é à toa que estamos sendo assessorados pelo projeto JICA e que só é lembrado ou até anda, quando a água toma o nosso gogó.

Os políticos e o governo do estado estão se aproveitando de mais uma desgraça, mas principalmente da ampla debatida omissão, ou promíscua prevenção – como simples manutenção, operação, cumprimentos de acordos e protocolos das barragens do Vale do Itajaí -, para aumentar e até repactuar o duodécimo de 0,27% para 0,50% do Orçamento estadual. A ideia não está errada. Antes, todavia, falta à urgente e necessária lição de casa.

À frente disso, está o deputado Ivan Naatz, PL – que é de Blumenau e diz representar o Vale do Itajaí, o sempre mais afetado e que possui a melhor experiência e rede de mitigação -, como líder momentâneo do governo de Jorginho Melo, PL, na Assembleia Legislativa. Não adianta aumentar o dinheiro para quem até já ganhou status de secretaria e como contrapartida a este status, ainda não disse a que veio. Se continuar assim, este dinheiro a mais dos pesados impostos dos catarinenses vai continuar sendo desperdiçado, porque a secretaria é comandada por um cego no assunto. 

O atual titular Coronel Armando Schroeder, PL, de Joinville, é “imexível” e atrapalha as ações técnicas da secretaria, como ficaram evidentes neste mês de outubro. Ele está nela, depois de perder a reeleição para deputado Federal, e a titularidade da secretaria ser uma indicação política partidária e de quem nem mais está no poder, mas faz guarda vagas do seu grupo em outros estados, o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, PL. Contudo, a culpa não é exatamente do Coronel Armando, mas do governador que o nomeou e não se protegeu naquilo que sabia que não funcionaria. Enchente ou catástrofe é exposição. E ruim. Ainda mais sem líder e contingências para mitigá-las. É na tempestade que se conhece o verdadeiro comandante, diz o antigo ditado.

A Defesa Civil em Santa Catarina acima de tudo é uma questão de sobrevivência do modelo econômico, de vida e da rede de segurança dos catarinenses. Ela não pode ser cabide de emprego para políticos, muito menos um local para adormecer técnicos qualificados à espera das catástrofes anunciadas, obrigados às mesmas desculpas de sempre sobre a falta ou as ações falhas já diagnosticadas amplamente no passado. A Defesa Civil deveria ser um órgão proativo, ativo e não reativo, ou até nulo, como se mostrou recentemente. É preciso tirar os políticos desta jogada. Viraram apresentadores de versões de notícias ruins e previsão do tempo. Até nisso, são maus concorrentes dos noticiários. Simples assim!

Por outro lado, a sociedade precisa responder mais firmemente à racionalidade que se impõe a este tipo de caso. O maior Orçamento da Defesa Civil não é – ou não deveria ser – para a humilhação ou o populismo assistencialista de cestas básicas, manutenção de abrigos e reparação de danos a particulares ou em ambientes de infraestrutura pública. É para planos e projetos de proteção e mitigação coletivos calcados na razão e na ciência. É também para antecipação preventiva por meio de legislação, ação, inteligência e equipamentos.

Os prefeitos deveriam ser punidos de alguma forma – inclusive na Justiça – por permitirem, ou não fiscalizarem à implantação de habitações precárias em zonas declaradas como de riscos – encostas e baixios. É a repetição do erro e do custo pago por todos. São, na verdade, votos perdidos. É dinheiro que vai sempre para o mesmo ralo do erro, da incompetência e da falta de atitudes para mudar diante de duras e novas realidades de ocupação de solos.

Os municípios que possuem Planos Diretores abusam e os descaraterizam por politicagem e votos. Gaspar é um deles. Há loteamentos – e pasmem, voltados para a classe mais abastada – recentes que ficaram debaixo de uma enchente que nem foi tão alta assim. Há falha no demissionamento das drenagens por todos os lados. Há desconhecimento de cotas de enchentes. Há até isolamentos de lotes. Os municípios que não possuem isso regulamentado, relutam em fazê-lo. É um círculo vicioso que nenhum aumento do duodécimo da Defesa Civil ao seu Orçamento suportará à crescente demanda de erros e omissões.  Beira a crime, incluindo à falta de programa habitacionais popularesE Gaspar está nesta lista.

O PSD está se tornando o mais organizado partido de centro direita para as próximas eleições em Santa Catarina. E por que ele cresce? Porque o governador Jorginho Melo, PL, mesmo com a longa vivência parlamentar (vereador, deputado Estadual – especialista em encurralar o governador de plantão -, deputado Federal e Senador) está fazendo política miúda nos municípios, causando problemas, rupturas e tomando bolas nas costas no terreno que ele mais conhece: o parlamento e à Alesc. Parece que perdeu a visão do todo.

Um governador que gasta tempo e forças com eleições municipais como em Gaspar, onde há sérios problemas de viabilização do seu candidato, deixa passar e se criar um tufão chamado João Rodrigues, PSD, prefeito de Chapecó. Rodrigues acaba de mostrar ao estado com quem o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, PL, estará em outubro de 2026. Bolsonaro vai sugar Jorginho Melo, PL, e jogar fora o bagaço. Com outro viés, Jorginho, mesmo sendo um político experimentado, poderá se tornar um Carlos Moisés da Silva, Republicanos, nãos mãos de Bolsonaro.

Aliás esta história poderá ser antecipada ou mudada – e aí está a chance do governador Jorginho Melo, PL, em mostrar força e se reabilitar num novo recomeço – com a possibilidade de cassação do mandato do senador Jorge Seif Júnior, PL, por suposto abuso do poder econômico. O julgamento já tem data: será quinta-feira da semana que vem no Tribunal Superior Eleitoral. Quem pediu foi o PSD que perdeu a corrida, com o ex-governador Raimundo Colombo.

Se o senador Jorge Seif Júnior, PL, for cassado, há várias conjecturas. Entre elas, a de que seus suplentes também sejam cassados. A outra é de que Raimundo Colombo, PSD, que quer a vaga, não a assuma por decisão do próprio TSE na mesma decisão que julgará Seif. Em decorrência desfa soma de fatos, poderá haver uma nova eleição, provavelmente em outubro do ano que vem quando se darão as eleições municipais. Tudo isso, será decidido na quinta-feira que vem. Até lá…

E se o titular e os suplentes forem cassados e o segundo colocado na corrida não tiver aval para assumir, também haverá uma batalha jurídica de recursos possíveis que se dará por todos os atores envolvidos nesta pendenga. E é aí que pode entrar a redenção de Jorginho Melo, PL, e ele tentar começar a governar com foco em resultados. É que a partir deste ponto, as eleições do ano que vem em Santa Catarina não serão mais municipais, e sim estadualizadas, inclusive com influência da propaganda eleitoral “gratuita” sobre o eleitorado local. 

Com este novo cenário para outubro do ano que vem, vai se conhecer então a força de Jorginho Melo, PL, Luiz Inácio Lula da Silva, Jair Messias Bolsonaro e de outros caciques, incluindo Esperidião Amim Helou Filho nas composições, de Raimundo Colombo como candidato e até Carlos Moisés da Silva, Republicanos, que não descartou ser um concorrente ao Senado diante das novas circunstâncias. Isto se os Bolsonaro não quiserem importar mais outro candidato para Santa Catarina e à sua causa. No Paraná se o ex-juiz Sérgio Moro for cassado, fala-se na importação de Michele Bolsonaro, PL. Moro quer a mulher, a deputada Federal por São Paulo, Rosângela. Mas…

Trocando de lenços, dentro da mesma valise. Cheira a um exagero este caso que relaciona o governador Jorginho Melo, PL, com o uso de um jatinho de fretamento particular cuja propriedade dele é repartida entre vários sócios, sendo que um deles é uma cota da Unifique – fornecedora de serviços e tecnologia para o governo do estado – e que detém esta cota, para exatamente, ter o direito ao uso prioritário em horas de voo. Ela jura que não cedeu as horas dela para o governador usá-las em serviço em situação de emergência. Foi um ato autônomo dos demais sócios.

É um exagero? É! Mas, no fundo a implicância mostra como Jorginho Melo, PL, está vulnerável e vigiado, incluindo no fogo amigo. Está mais do que na hora dele se focar em resultados e recomeçar do zero. Foi assim que seu antecessor salvou parte da sua pele. Até agora, para um político experiente, o aprendizado é zero com o episódio de omissão e arrogância que embrulhou o “Comandante” Moisés, jovem tenente coronel reformado do Corpo Bombeiros Militar.

A CPI montada na Câmara de Gaspar inocentou o governo e o faz tudo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, Patriota, ou PL, sei lá, ou PP, talvez, Jorge Luiz Prucino Pereira, PSDB, nas conversas cabulosas da Rua José Rafael Schmitt, aqui no bairro Sete de Setembro com o Centro como relatei em A CÂMARA DE GASPAR SERVIU A PIZZA DA CPI COM SABOR “DESCONHEÇO”. A CIDADE JÁ A TINHA PROVADO O GOSTO NO DIA DA SUA CRIAÇÃO EM 28 DE MARÇO. TUDO PARA ASSAR CONVERSAS CABULOSAS NO GOVERNO KLEBER E MARCELO.

Mas, o Ministério Público Estadual da Comarca, preventivamente, já tinha avisado à prefeitura e loteadores – ou seja, na parte onde a CPI não quis ver nada – de que tudo estaria “embargado”. E assim está. A presidência da Câmara, por recomendação da CPI, está enviando o relatório com sete volumes para o MP. Não será desprezado. Mas, o MP sabe que é uma apuração e uma conclusão política. E estranhamente secreta na apuração em algo bem público.

Quem disse que gestão de abnegados voluntários não dá certo em Gaspar? A Apae de Gaspar, entrega no sábado da outra semana, às 10 horas da manhã, a adequação, ampliação e reforma do complexo no bairro Santa Terezinha. Todos que passaram por nestes 40 anos deixaram um legado invejável. Sou testemunha disso por quase este tempo todo. Um dos baluartes é o empresário Clarindo Fantoni, ex-vice-prefeito pelo PP e que com outros empresários, liderados pelo ex-presidente da Acig, Samir Buhatem, botou de pé o Hospital de Gaspar para ele se deteriorar novamente nas mãos dos políticos

Perguntar não ofende: Toma-se a diária inteira, mas as 15h já está de volta – como registra as redes sociais – ao gabinete em Gaspar atendendo eleitores? Hum!

As melancias estão se acomodando nas carroças. O PT de Gaspar já sabe que se há alguma chance, será com o ex-prefeito por três mandatos, Pedro Celso Zuchi. O vereador Dionísio Luiz Bertoldi, vestido de candidato pelo partido, também. E os dois se associaram. Não deve haver disputas. Também sabem que Luiz Inácio Lula da Silva, PT, Décio Neri e Ana Paula de Lima não serão, desta vez, os melhores cabos eleitorais.

Perguntar não ofende. Como alguém pode ser rotulado como liderança política de um partido, se nunca passou pelo teste das urnas? Essas redes sociais antes de promoverem influenciadores, produzem piadas sem gosto. Acorda, Gaspar!

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14 comentários em “EM TEMPO DE REDES SOCIAIS ATIVAS, MAS, PRINCIPALMENTE DE APLICATIVOS DE MENSAGENS QUE NÃO PODEM PODE SER CENSURADOS, OS POLÍTICOS CRIAM IMAGEM RUIM  CONTRA ELES PRÓPRIOS E RECLAMAM DOS OUTROS SOBRE OS DESGASTES DELES”

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  3. A CPI EXPÔS A CAIXA DA PRF, por Elio Gaspari, nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo

    A Comissão Parlamentar de Inquérito que investigou a ação dos golpistas no 8 de janeiro expôs uma das maiores anomalias do governo de Jair Bolsonaro: o desvirtuamento da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Sabia-se que no dia do segundo turno ela foi usada para bloquear eleitores nordestinos, sabia-se também que uma polícia rodoviária era usada em operações que resultaram em chacinas, mas a CPI mostrou mais.

    O ex-capitão que prometia acabar com a indústria das multas e mandou desligar radares de rodovias, elevou os gastos com a PRF de R$ 138 milhões para R$ 809 milhões em 2022. A PRF comprou veículos blindados e softwares de vigilância eletrônica.

    Uma mesma empresa, Combat Armor, criada em 2019, venceu três pregões e faturou cerca de R$ 33 milhões. Em dois deles, era a única concorrente.

    Criada em 2011, nos Estados Unidos, a Combat Armor ficou inativa entre 2013 e 2018, estabelecendo-se no Brasil em janeiro de 2019, dias depois da posse de Bolsonaro. Ela dizia ter uma tradição no ramo, tendo blindado mais de 5 mil veículos em 30 países. A CPI não achou registro desse desempenho. Seu principal executivo havia sido condenado por fraude em Dubai e tinha o nome na lista de procurados da Interpol. A Combat Armor brasileira fechou suas portas no primeiro semestre de 2023, depois da posse de Lula.

    A Armor sabia escolher seus consultores. Em 2023 ela pagou R$ 39 mil à empresa do chefe de gabinete do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres. Numa coincidência, essa empresa funcionava no mesmo endereço de Florianópolis de outras três. Duas delas receberam R$ 90 mil da Armor. A terceira, Victory Consultoria, pertence ao então diretor da PRF, Silvinei Vasques. Noutra coincidência, todas têm o mesmo contador.

    Numa das discutidas decisões monocráticas, o ministro Nunes Marques, do STF, suspendeu a quebra do sigilo bancário do doutor Silvinei Vasques.

    Diz o relatório da CPI:

    “Antes da decisão proferida pelo ministro Nunes Marques, do STF, (…) tinham sido constatadas informações muito relevantes no bojo da análise dos levantamentos de sigilo de Silvinei Vasques, inclusive com relação a Jair Bolsonaro. Contudo, em respeito à decisão judicial, embora com ela não se concorde, opta-se por não exibir todos os relevantes achados no presente relatório, mas se sugere que as autoridades policiais e judiciais competentes procedam à devida análise dos dados do levantamento de sigilo de Silvinei, para que possam aprofundar adequadamente as investigações.”

    O STF DECIDE

    Por unanimidade, o Supremo Tribunal Federal decidiu que a União, os estados e os municípios devem fornecer transporte gratuito aos eleitores nos dias de pleito.

    A decisão decorre da demora do Congresso para legislar sobre o assunto, e o ministro Alexandre de Moraes demonstrou que o custo dessa gratuidade é irrisório.

    Para o bem ou para o mal, o Legislativo e o Judiciário são donos de seus tempos. A medida determinada pelo Supremo é mais um capítulo da disputa pela demarcação dos territórios de cada um.

    O último episódio dessa disputa ocorreu na semana passada, em Paris, envolvendo o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e o ministro do STF Gilmar Mendes, e cada um defendeu sua posição.

    Como cantava Cole Porter, que amava a cidade em todas as estações: “Eu amo Paris no outono”.

    METAMORFOSE DIPLOMÁTICA

    Metamorfose ambulante na política, Lula mostrou-se camaleônico na diplomacia. Na semana em que rejeitou a proposta americana para adiar a apresentação de um projeto de resolução junto ao Conselho de Segurança da ONU, ele aceitou a vinda de 246 militares americanos para exercícios de treinamento na Amazônia.

    Para os americanos, é um bom negócio, pois desde o fim da guerra do Vietnã sua experiência numa selva diminuiu. Já a tropa brasileira, é uma das mais experientes do mundo.

    No início do ano tropas francesas fizeram exercícios conjuntos com brasileiros na Guiana.

    A RAPIDEZ DOS BANDIDOS

    De um conhecedor da bandidagem do Rio:

    “As oito metralhadoras encontradas pela polícia do Rio podem ter sido devolvidas. Nesse caso, quem as devolveu não queria encrencas maiores. No século passado, traficantes de cocaína de São Paulo mandaram uma encomenda para o Rio, acompanhada por uns quilos de crack, como brinde. A quadrilha carioca devolveu o crack.”

    Anos depois esse protocolo foi rompido.

    (Treze metralhadoras continuam no mercado.)

    PREFEITURA DO RIO

    Se o general da reserva Walter Braga Netto desistir de disputar a prefeitura do Rio, o bolsonarismo carioca corre o risco de passar à condição de azarão.

    Com Braga Netto, que deveria explicar os resultados medíocres da sua intervenção na segurança do Estado, a derrota seria apenas possível. Sem ele, será provável.

    NETANYAHU X NETANYAHU

    O jornal israelense “Haaretz” faz oposição ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e, na semana passada, lembrou suas palavras em 2007, quando quem estava na oposição era ele:

    “Você não pode ter um primeiro-ministro num país como Israel se ele não tem algum tipo de habilidade para conceber um conceito de diplomacia e segurança.”

    O mau desempenho das forças de segurança israelenses no dia 7 de outubro, quando o país foi atacado pelos terroristas do Hamas, resultou em um desconforto interno. Segundo uma pesquisa do “The Jerusalem Post”, 56% dos entrevistados achavam que, depois da guerra, ele deveria renunciar.

    ZEMA É O VELHO COM ROUPA NOVA

    Era uma vez uma coisa chamada Partido Novo. Na maré bolsonarista de 2018 ele se elegeu governador de Minas Gerais e no ano passado reelegeu-se.

    Ele acaba de dizer que “o carro elétrico é uma ameaça aos nossos empregos”.

    Assim como os carros a gasolina eram uma ameaça aos fabricantes de carruagens e o navio a vapor ameaçava os fabricantes de velas.

    OUTUBRO DE 1963

    Na quarta-feira, completam-se 60 anos do dia em que o Federal Bureau of Intelligence avisou ao seu agente James Hosty, que Lee Oswald esteve no México e visitou a embaixada da União Soviética. (Oswald queria um visto russo para chegar a Cuba, mas não o conseguiu: “Ele nos deu dores de cabeça em várias ocasiões.”)

    Hosty era o agente do FBI que vigiava o jovem ex-fuzileiro naval americano que havia vivido na URSS de 1959 a 1962. Ele sabia que Oswald tinha voltado para os Estados Unidos, mas havia perdido seu rastro desde que ele saíra de Nova Orleans, em agosto.

    Noutra ponta das tramas da época, no dia 7 de setembro, o major Rolando Cubela, um combatente da revolução cubana, contactou a Central Intelligence Agency em Porto Alegre. Ele contou que pretendia matar Fidel Castro.

    No domingo que vem, completam-se 60 anos do dia em que Desmond FitzGerald, chefe da seção de Assuntos Especiais da CIA, embarcou para Paris, onde se encontraria com Cubela.

  4. LULA E “EL LOCO”, por José Casado, na revista Veja

    — Ele está mais “louquito” que o Bolsonaro — disse Lula sobre Javier Milei, candidato da extrema direita na eleição presidencial da Argentina. O governista Sergio Massa, ministro da Economia, gostou da ironia sobre o adversário que é conhecido como El Loco.

    — Deixa de procurar dólares e vá atrás de votos — insistiu Lula, como relatou Massa a jornalistas na viagem de volta a Buenos Aires naquela quente e seca segunda-feira 28 de agosto.

    — Todos estão trabalhando? Eles sabem da importância do que têm pela frente? Se a direita ganhar será um retrocesso de quarenta anos na América Latina…

    — Sim, presidente. Estão todos trabalhando — respondeu Massa, anotou a repórter Melisa Molina.

    — Faça o que tiver que fazer, mas ganhe — retrucou incisivo, com a experiência de três vitórias em 34 anos de disputas presidenciais.

    Lula apostou no candidato do condomínio peronista, desde o início rachado na luta por espaços de poder entre o presidente Alberto Fernández e a vice Cristina Kirchner. Perdeu com eles na primeira rodada, a eleição prévia de agosto, quando os dois principais candidatos da oposição somaram dois terços do eleitorado. Massa ficou em terceiro lugar, com 27% dos votos.

    Se Massa perder a eleição, Lula estará com um sério problema na política externa, já convulsionada pelas guerras da Rússia e de Israel: a vizinha Argentina terá um novo governo, que há meses ele hostiliza e qualifica como ameaça de “retrocesso de quarenta anos na América Latina” — seja do “louquito” Milei ou da conservadora Patricia Bullrich, aliada do ex-­presidente Mauricio Macri. Sem Massa no páreo, um deles assumiria a Presidência no dia 10 de dezembro.

    Lula entrou conscientemente num jogo de alto risco ao se meter na campanha do peronismo. Ano passado, pediu ao embaixador argentino Daniel Scioli informações e uma coletânea de discursos do então deputado Milei. “Me surpreendeu”, registrou Scioli em livro de memórias. “Me disse que as pessoas estavam muito decepcionadas com a política, que entre os jovens o ‘voto de rebeldia’ estava sólido e entendia que, para muitos deles, Milei os representava.”

    O peronismo é o conglomerado político mais complexo da história, na bem-humorada definição do diplomata Marcos Azambuja. Aos 78 anos, esse movimento exibe inédita fragilidade. A implosão da organização sindical do trabalho, origem e base da sua eficiente máquina eleitoral, fragmentou um eleitorado cujo comportamento se mantinha homogêneo desde a formatação, em outubro de 1945, sob o poder absoluto do coronel do Exército Juan Domingo Perón.

    Apatia e deserção alentaram o antiperonismo. Foram os pobres que impulsionaram Milei e Bullrich no voto de rebeldia contra a degradação social e econômica. O candidato Massa é ministro da Economia de um país com aumento recorde na produção de pobreza (40% da população) e, paradoxalmente, no gasto público em subsídios às despesas familiares com energia, transporte, saúde e educação. A hiperinflação é apenas expressão matemática de um desajuste político. Os preços já não descrevem os riscos no descontrole do presente, embutem o medo coletivo sobre o futu­ro. Em ação “preventiva”, por exemplo, empresas de alimentos e bebidas anunciam aumentos acima de 30% para o dia seguinte à eleição, não importa o vencedor.

    Lula jogou com o peso do Brasil numa intervenção eleitoral na Argentina. Produziu com Fernández uma espécie de “plano de governo binacional”, registrou em livro o embaixador Scioli. Pediu ajuda financeira à China, aos Estados Unidos e aos governos que integram o clube do Brics. Foi a Paris insinuar, em discurso, um conluio para corrupção entre o ex-presidente Macri, patrono da candidatura de Bullrich, e o FMI: “À Argentina, da forma mais irresponsável, o FMI emprestou 44 bilhões de dólares a um senhor (Macri) que era o presidente, e não se sabe o que (ele) fez com o dinheiro”. Na sequência, como relatou a repórter Vera Rosa, mobilizou a Corporação Andina de Fomento, onde o Brasil tem voz e voto, e o Banco do Brasil numa bilionária operação de socorro ao governo argentino. E enviou assessores de campanhas petistas a Buenos Aires para “ajudar na comunicação” do candidato Massa.

    Ele atravessou a fronteira sul e atropelou os manuais de prudência política e diplomática para fazer aquilo que, muito provavelmente, condenaria com veemência se qualquer governo estrangeiro fizesse no seu país: tomou partido na guerra eleitoral dos argentinos. O tango de Lula pode custar caro ao Brasil.

    1. Miguel José Teixeira

      O piNçador Matutildo, piNçou:
      “Ele atravessou a fronteira sul e atropelou os manuais de prudência política e diplomática para fazer aquilo que, muito provavelmente, condenaria com
      veemência se qualquer governo estrangeiro fizesse no seu país: tomou partido na guerra eleitoral dos argentinos.
      O tango de Lula pode custar caro ao Brasil.”
      E o Bedelhildo. . .
      Pior é que não é tango. É o “Samba do Crioulo Doido”:
      https://www.youtube.com/watch?v=k5U1gNK1SkE

  5. A NOSSA GUERRA CONTRA O CRIME ORGANIZADO, por Eliane Cantanhêde, no jornal O Estado de S. Paulo

    Se a guerra de Israel amontoa corpos de crianças e os bombardeios continuam na Ucrânia (apesar do crescente desinteresse internacional), o crime organizado vai vencendo a guerra urbana brasileira, infiltrado nas instituições, nas polícias e agora até em quartéis do Exército Brasileiro. A sociedade está espremida entre o medo de criminosos e a descrença no Estado, cruel com uns, conivente com outros. “Quem pode pode…”

    Como em Israel, Gaza e Ucrânia, os cidadãos comuns brasileiros são vítimas inocentes e a lista de crianças cresce, não só por ação de traficantes, milicianos e ladrões, mas também por tiros da própria polícia e da guerra entre organizações criminosas, como os quatro médicos à beira da praia, tomando uma cervejinha.

    O “sumiço” de metralhadoras de longo alcance do arsenal do Exército em Barueri, São Paulo, mexe em velhas e atuais feridas. Como 21 armas, com 1,75 m e 40 kg, são tiradas de uma área sensível, de segurança, sem ninguém ver, saber e impedir? O aquartelamento de 480 militares, reduzidos depois a 160, indica que a suspeita é de que uma quadrilha agia ali.

    O Exército é o maior interessado em apurar o crime e punir com rigor os criminosos da Força. A revelação sacudiu a semana em que a CPMI do Golpe pediu o indiciamento não só do ex-presidente Jair Bolsonaro, por quatro crimes, mas de dois ex-comandantes militares, um do Exército e outro da Marinha, dos generais do coração do antigo governo e de um tenente-coronel da ativa, o famoso Mauro Cid.

    E tem o relatório da CPI da Pandemia, com o vexame de um general da ativa no Ministério da Saúde e coronéis em negociações nebulosas de compra até de vacinas não autorizadas – um deles, aliás, alvo das duas comissões, a da Pandemia e a do Golpe. Sem falar dos desvios durante a GLO no Rio e do suboficial da Aeronáutica que traficava cocaína em avião da FAB.

    E os policiais civis do Rio que escoltavam 16 toneladas (toneladas!) de maconha até na porta de delegacias? E a semana fechou com novas operações da PF, mais uma contra policiais do Rio e outra contra agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) que monitoravam celulares e movimentos de políticos, advogados, jornalistas e, talvez, até ministros do Supremo, no governo Bolsonaro.

    Por fim, como você define o delegado que alegou que não houve “situação flagrancial” (flagrante) e liberou um criminoso que estuprava a própria sobrinha? A menininha, de seis anos, é esperta, corajosa e gravou o bandido. Sim, não havia flagrante, mas havia o vídeo do crime, sr. delegado. Precisava prova mais contundente?

  6. LULA DEVERIA SE OCUPAR COM O BRASIL, por Carlos Alberto Sardenberg, no jornal O Globo

    Vamos falar francamente: só os Estados Unidos têm capacidade de intervenção no conflito do Oriente Médio. Deve-se ao presidente Biden — com sua arriscada viagem a Tel Aviv — o único movimento, digamos, no sentido da redução de danos: obter a concordância de Israel e do Egito na abertura do corredor para levar comida, água e remédios para a sofrida população de Gaza.

    E o Brasil?

    Ia escrever capacidade zero. Mas perto de zero é mais adequado. Por um motivo: as boas relações de Lula e de Celso Amorim, seu assessor especial, com lideranças palestinas, incluindo, muito especialmente, o Hamas. E com o Irã, patrocinador dos terroristas do Hamas e do Hezbollah. Tratamos desse tema na coluna da semana passada. Voltamos para acrescentar novos dados.

    Em março deste ano, Amorim assinou o prefácio da edição em português do livro “Engajando o mundo: a construção da política externa do Hamas”. O autor, Daud Abdullah, que esteve no Brasil para o lançamento, vive na Inglaterra. Já foi processado sob acusação de incitar ataques terroristas.

    Em seu prefácio, Amorim declara ter ficado “encorajado” com estas palavras do autor: “O Hamas pode representar um papel central na restauração dos direitos palestinos”. Isso, acrescenta o embaixador brasileiro, “através de maiores esforços diplomáticos e alianças globais”.

    Como percepção geopolítica, trata-se de um equívoco monumental. Esforços diplomáticos de um grupo cujo objetivo formal, escrito em estatutos, é destruir Israel e assassinar judeus? Como um diplomata experiente pode equivocar-se tanto?

    A menos que não seja análise, mas propaganda. O autor Abdullah certamente é propagandista do Hamas. Amorim, de sua parte, acentua as relações históricas de Lula com o movimento palestino. O que é verdade. Tanto que, nos primeiros dias depois do ataque do Hamas, Lula e Amorim evitaram qualificar o caso como terrorismo.

    Pois não seria este o momento de usar essas relações? Se o objetivo for evitar a escalada, há um movimento essencial que depende do Hamas: a libertação dos reféns presos em Gaza, entre os quais há muitos civis não israelenses, inclusive, possivelmente, brasileiros.

    Há uma pressão global para que Israel cesse os bombardeios em Gaza e desista do ataque por terra. Não fará isso unilateralmente. A pressão interna sobre o governo israelense não permite. Uma troca pelos reféns pode levar pelo menos a uma parada temporária na guerra, abrindo espaço à diplomacia.

    Lula tem acesso direto ao presidente do Irã, Ebrahim Raisi, aliás recentemente admitido como integrante do Brics. O Irã financia e lidera o Hamas. Amorim certamente tem como chegar a lideranças palestinas ligadas ao Hamas. Por que o governo brasileiro não se engaja nessa direção?

    Toda a movimentação diplomática do governo brasileiro simplesmente não deu em nada até agora. E não dará. Todo mundo sabia que a resolução apresentada no Conselho de Segurança da ONU seria derrubada pelos Estados Unidos, que pretendem manter abertas todas as suas opções de negociação e intervenção. Os 12 países que votaram pela resolução o fizeram para marcar posição interna ou em relação aos Estados Unidos (como a China). E votaram sabendo que a proposta brasileira cairia.

    Retirar os brasileiros de Israel foi simples. Não houve qualquer obstáculo de Israel, ao contrário. Mas e os reféns que estão em Gaza?

    O Hamas quer apoio — como o apoio incondicional que recebe de esquerdas internacionais, cuja manifestação em Nova York pedia um só Estado Palestino, “do rio (Jordão) ao mar”. Ou seja, varrendo Israel do mapa. Esquerdas brasileiras, incluindo partes do PT, embarcaram nessa. Mas Lula teve de chamar o terrorismo do Hamas de terrorismo, por pressão local e internacional.

    Ora, isso elimina a capacidade de fala com o Irã e o Hamas. Como o governo brasileiro não tem abertura para o outro lado, acabou qualquer possibilidade de intervenção no conflito.

    Para falar a verdade, o governo deveria aplicar todo o seu tempo, sua energia e seu dinheiro nos graves problemas internos: a seca no Amazonas, chuvas no Sul, o desastre da segurança especialmente na Bahia e no Rio. Mas isso é mais difícil, né?

  7. PEQUENO DICIONÁRIO GLAMOROSO, por Eduardo Affonso, em O Globo

    Argentina s.f. 1 país sul-americano que insiste em ir ao inferno à procura de luz (ver Brasil).

    Brasil s.m. 2 espécie de Argentina, só que sem cinco prêmios Nobel, dois Oscars ou um Messi.

    Direita s.f. conjunto de indivíduos que defendem valores cristãos, “na exata medida em que não sejam incompatíveis com uma vida de pecado” (valeu, Ambrose Bierce!); que são contra a legalização das drogas (as que costumam usar já foram legalizadas); que, uma vez no governo, não cessam de fornecer combustível a seus supostos antípodas (ver Esquerda).

    Esquerda s.f. conjunto de indivíduos que apoiam a democracia e têm crush por ditaduras (ver Oximoro); que defendem os direitos das minorias (exceto nas ditaduras amigas; ver Oximoro de novo); que, uma vez no governo, não fazem senão municiar seus supostos antagonistas (ver Direita).

    Fake news s.f. 1 fatos inventados (ver Oximoro também) para sustentar uma narrativa 2 “verdade” que prescinde da veracidade para ser aceita como tal 3 o calcanhar de aquiles da imprensa séria.

    Fogo amigo eufe. ação ou declaração de um dos nossos, que corresponde exatamente ao que pensamos, mas não convém tornar pública (ex: postagens racistas de quem deveria atuar contra o racismo; espetáculo pornográfico em evento que deveria promover a saúde etc.; ver Idiota)

    Guerra s.f. evento em que os ideólogos (ver Mandante) lutam até a última gota de sangue (alheio).

    Idiota adj s.m. e f. 1 aquele/a que retuíta comentário antissemita, mesmo pertencendo a um governo que tem cortado um dobrado para afetar imparcialidade 2 aquele/a que se dispõe a ser boi de piranha em ato golpista e pega 17 anos de cadeia, enquanto os espertos (ver Mandante) têm tudo para se safar.

    Imprensa séria loc.sub. veículos de informação que deveriam estar a salvo das fake news, mas, em face de sua neutralidade enviesada (ver Oximoro), se tornam presas desse mal.

    Mandante adj. s.f. e m. 1 arraia-graúda que, paradoxalmente, tem maiores chances de escapar das malhas da lei 2 o que promove a guerra (ou a tentativa de golpe) e assiste de camarote, sem sujar as mãos.

    Militante adj. s.f. e m. 1 um dos nossos 2 pessoa que estupra, tortura, assassina e sequestra em nome de uma ideologia (não confundir com Terrorista).

    Oximoro s.m. aliança de palavras contraditórias (ex: neutralidade enviesada, ódio do bem, defensor de direitos humanos pró-Hamas, patriota golpista, antissemita que chama os outros de nazista).

    Simétrico adj. 1 proporcional 2 na guerra, o olho por olho, dente por dente (ex: “A reação de Israel é assimétrica, pois devia se limitar a massacrar sem aviso, usar a população civil como escudo ou tomar reféns.”).

    Terrorista adj. s.f. e m. 1 pessoa que invade e depreda prédios públicos, a fim de melar uma eleição (ver Militante) 2 um dos deles.

    X s.m. 1 ex-Twitter 2 campo de batalha das narrativas (ver Fake news), onde é possível agredir a lógica, aniquilar o bom senso, violentar a gramática e cometer atrocidades verbais, sem sofrer um arranhão — e sem um pingo de dor na consciência.

  8. O PRECONCEITO CONTRA O EMPREENDEDORISMO, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

    O presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, não deveria estar em Paris participando de evento privado de inegável caráter político, mas ao menos um dos pontos que levantou em seu discurso de candidato a presidente – como bem classificou, com fina ironia, o ex-presidente francês Nicolas Sarkozy, presente ao encontro – é digno de nota: para o ministro do Supremo, “precisamos superar o preconceito que ainda existe no Brasil contra a livre iniciativa e contra o empreendedorismo”. Trata-se, segundo Barroso, de “um vício”: o “imaginário social brasileiro”, disse o ministro, “ainda associa o sucesso empresarial a concessões com favorecimento, obra pública com licitações duvidosas, golpes no mercado financeiro e grandes latifúndios”.

    Diagnóstico corretíssimo, em muitos sentidos. E é preciso dizer mais: empreender, no Brasil, chega a ser um ato de heroísmo, ante os inúmeros e variados obstáculos, não só de natureza cultural, como disse o ministro, mas, sobretudo, de caráter estatal. Se o brasileiro tem preconceito contra quem é bem-sucedido nos negócios, isso parece se refletir numa estrutura de Estado voltada para dificultar a vida de quem pretende prosperar gerando empregos e produzindo riquezas.

    Tome-se o exemplo do próprio Judiciário que o ministro Barroso ora chefia. Se há algo que turva o ambiente de negócios no Brasil, é definitivamente a insegurança jurídica, não raro proporcionada por decisões voluntaristas de ministros do Supremo que desdizem a jurisprudência do próprio tribunal e podem ser derrubadas mais adiante, a depender dos humores de quem vestir a toga. Não se pode condenar quem fica em dúvida na hora de investir num país com esse histórico de confusão na interpretação das leis.

    Mas o cardápio de desafios ao empreendedorismo é muito mais extenso. As dificuldades começam já no registro e no cadastro da empresa e se estendem além da fase de maturação, quando o investimento começa a gerar algum retorno – isso para aquelas empresas que não gastaram toda a sua energia para atender às demandas burocráticas e jurídicas e puderam se concentrar em se manter no mercado.

    Não é preciso lembrar que há pelo menos três décadas se discute uma reforma tributária que somente agora avança no Congresso. Nesse processo, os lobbies mais influentes tentam manter e ampliar os privilégios dos grupos que representam, criando vantagens que matam a concorrência e minam a produtividade.

    Pesquisa de 2021 do Banco Mundial feita com 190 países colocou o Brasil na vergonhosa 175.ª colocação pelo critério de dificuldade de abrir uma empresa. Expôs, ainda, que as empresas brasileiras consomem 1.493 horas por ano para cumprir com suas obrigações tributárias.

    Ainda assim, todos os anos, um incontável número de novos investidores se arrisca no mundo empresarial. Em 2022, por exemplo, foram abertas 3.383.063 novas empresas, de acordo com monitoramento do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). O mesmo mapa mostra que 1.695.763 fecharam as portas. O total de empresas ativas está em mais de 20 milhões.

    É uma gente que, movida por desejos e projetos, acredita no Brasil. Desses milhões de negócios, uma parte significativa é tocada por brasileiros com poucos recursos e muitos sonhos. Nenhuma sociedade contemporânea se desenvolveu e prosperou sem o impulso dos empreendedores. E também, é preciso enfatizar, não houve produção de riqueza sem que o Estado fizesse seu papel – oferecendo infraestrutura, abrindo linhas de crédito e administrando o arcabouço jurídico e burocrático de modo a estimular, e não atrapalhar, os negócios.

    Ou seja, o Estado brasileiro deve colaborar para que o empreendedor deixe de ser tratado como inimigo, como um oportunista que se locupleta à custa do dinheiro público, seja por meio da corrupção, seja por meio do favorecimento dos poderosos. Se o sr. Barroso está certo, isto é, se há um “preconceito” dos brasileiros em relação aos empreendedores, é preciso dizer que esse preconceito deriva da falsa percepção de que os empreendedores bem-sucedidos só o são porque têm boas relações com o poder, e não por sua competência. Está na hora de mudar essa mentalidade.

  9. LOBBIES EM AÇÃO NA REFORMA TRIBUTÁRIA, por César Felicio, no jornal Valor Econômico

    Até terça-feira estavam protocoladas 444 emendas à reforma tributária no Senado. Em um dia, entraram mais 78. Só um senador, o presidente da Comissão de Assuntos Econômicos Vanderlan Cardoso (PP-GO), apresentou 25. No começo da tarde dessa quinta-feira o relator da matéria, senador Eduardo Braga (MDB-AM), comentava já existir 545 propostas de alteração, embora nem todas apareçam registradas na tramitação da PEC disponível na internet.

    A avalanche é um indicativo de duas coisas: uma é que deve se repetir no Senado o script da Câmara em julho, com mudanças no texto até o momento do placar eletrônico ser liberado e o resultado da votação proclamado. A segunda é que se chegou a uma espécie de última chamada para o embarque de setores que buscam tratamento especial.

    A lista de exceções à alíquota geral do futuro IVA não será reaberta quando a proposta retornar aos deputados, depois do exame dos senadores, previsto para ser encerrado em meados de novembro.

    A revisão dos deputados, entre novembro e dezembro, será sumária. A meta da Câmara, da qual o presidente da Casa, deputado Arthur Lira (PP-AL), não se afasta, é encerrar a tramitação no Congresso ainda neste ano, o que envolve manter basicamente o que for acertado pelos senadores. E o espaço para que o Senado faça alterações significativas na PEC é pequeno, sobretudo em relação aos setores que terão regimes diferenciados.

    A arca já veio cheia da Câmara, contemplando de medicamentos a parques temáticos, de educação a esporte, de produtos agrícolas a segurança cibernética, de construção civil a apostas, de intermediação financeira a compras públicas. A lista é extensa. O governo gostaria de enxugar essa relação, sob o argumento de que a calibragem para se garantir a carga neutra faz com que alíquota geral do IVA suba. A oposição manifesta ceticismo. “Acho muito difícil essa lista diminuir e a carga pode passar de 30%”, arrisca o líder da minoria, senador Ciro Nogueira (PP-PI).

    O senador Eduardo Braga (MDB-AM) tem dito que a alternativa para contornar a pressão por mais exceções é turbinar o Fundo de Desenvolvimento Regional. O texto da Câmara sugere R$ 40 bilhões, mas há emendas para dobrá-lo. Um fundo forte, segundo Braga, transfere as pressões do setor produtivo se volta para os Estados, que terão caixa para investir.

    O que será apresentado na CCJ do Senado, provavelmente no dia 1º de novembro, é o que Braga chama de “versão 1.0”. O relatório mudará muitas outras vezes até passar pelo plenário, o que deve acontecer entre os dias 7 e 14. O foco maior do Senado está em incrementar o Fundo de Desenvolvimento e enterrar a proposta de Conselho Federativo, mas convém atenção a algumas contendas.

    Uma delas é referente às emendas que visam prorrogar até 2032 os benefícios dados a montadoras para instalação no Nordeste, Norte e Centro-Oeste. É estratégico sobretudo para a Bahia, em vias de receber a chinesa BYD, de carros elétricos, e para Pernambuco, onde está a Stellantis. Há quatro emendas propondo esse prolongamento. Braga recebeu relatórios do TCU questionando a importância de subsídios como esses para diminuição de desigualdades regionais e há outras quatro emendas também para vetar qualquer possibilidade de extensão dos incentivos fiscais. Essa prorrogação estava prevista em uma das versões do parecer do relator na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), mas foi alvo de destaque e caiu na Câmara por um voto.

    Outra questão é a inclusão de novos setores entre as exceções. Em duas camadas: há os grupos que se organizam para ficarem fora da alíquota geral do IVA e outros que articulam blindagem contra o futuro Imposto Seletivo. No primeiro caso, estão por exemplo o de resíduos sólidos e saneamento, além de profissionais liberais como engenheiros, arquitetos, médicos e advogados e produtores de hidrogênio verde. Até mesmo a floricultura busca sua isenção, objeto de uma emenda apresentada pelo senador Cid Gomes (PDT-CE). No segundo, o setor de energia e de combustíveis e até produtores de vinhos e espumantes. Essa última emenda é iniciativa do senador Hamilton Mourão (PP-RS), atendendo a indústria gaúcha.

    O atabalhoamento das negociações e as modificações de última hora não são apenas uma tradição das duas casas do Congresso. São uma forma de exercício de concentração de poder. Na Câmara nada se faz ou sequer se pensa sem passar pela residência oficial do presidente da Câmara e pelo colégio de líderes.

    Deputados foram surpreendidos por novas versões do parecer durante a votação. Mas foi graças a essa ausência de debate que um tema tão polêmico como a reforma tributária avançou, conforme observou um veterano e influente parlamentar, que pede reserva, como fazem quase todos os parlamentares quando falam sobre Arthur Lira.

    No Senado, o acordo de cavalheiros há muito tempo prevalece sobre o regimento. A reforma que irá produzir a mais ampla transformação nas relações econômicas do país desde 1967 terá a marca de Lira em um primeiro plano e de Rodrigo Pacheco em um segundo.

  10. ACERTO COM O DITADOR, editorial do jornal Folha de S. Paulo

    Deve-se encarar com boa dose de cautela o acordo firmado entre a ditadura venezuelana e as forças de oposição do país para a realização de eleições minimamente competitivas no próximo ano.

    Segundo o entendimento firmado em Barbados, no Caribe, a disputa pela Presidência poderá ocorrer, no segundo semestre de 2024, com a presença de observadores internacionais. Permanece indefinida, porém, a autorização do regime para que oposicionistas banidos participem do pleito.

    Esses são os casos de Henrique Capriles, duas vezes candidato, Juan Guaidó, ex-líder do Legislativo que chegou a ser reconhecido como presidente interino por mais de 50 países, e María Corina Machado, tida hoje como um dos nomes mais fortes do antichavismo.

    O histórico do ditador Nicolás Maduro não encoraja otimismo quanto à aceitação da alternância de poder em Caracas. Está no posto há dez anos, período em que radicalizou o populismo de esquerda iniciado por seu antecessor, Hugo Chávez, que governou de 1999 a 2013, quando morreu.

    O crescente autoritarismo do regime perdeu os últimos escrúpulos em 2017, quando se forjou uma Constituinte para usurpar os poderes do Legislativo, no qual se formara uma maioria oposicionista.

    O que pode fazer diferença agora são negociações com os EUA para o afrouxamento de sanções econômicas, em particular sobre o petróleo venezuelano, em troca dos avanços para a realização das eleições. Nesta semana já foi anunciado um alívio temporário.

    Trata-se de um ganho precioso para um país econômica e socialmente devastado —o desastre produzido pelo chavismo tem poucos paralelos no mundo.

    Passada e dilapidada a bonança do boom de commodities da década retrasada, o Produto Interno Bruto caiu aterradores 74% entre 2014 e 2020, o que o ensaio de recuperação dos últimos anos está muito longe de compensar. A inflação, que chegou a atingir cifras quase incalculáveis no período, ainda supera os 200% anuais.

    A diplomacia se mostra o melhor caminho para lidar com a ditadura e a tragédia humanitária. O período de confronto, sob Donald Trump nos EUA e Jair Bolsonaro (PL) no Brasil, revelou-se contraproducente —além de fornecer ao regime um inimigo externo a quem culpar pelos males que produziu.

    Sem tolerância com o golpismo

    1. Miguel José Teixeira

      Matutando bem. . .
      Já que eu acredito no “coelhinho da Páscoa” e no “Papai Noel”, porque não acreditar nas eleições “legais” no país do maduro que apodreceu?

  11. METRALHADORAS DESVIADAS ABASTECERIAM SHOPPING CENTER DO CRIME, por Bruno Boghossian, no jornal Folha de S. Paulo

    O shopping center do crime está aquecido. Em setembro, traficantes do Rio receberam uma oferta em vídeo para comprar metralhadoras calibre .50 pela bagatela de R$ 180 mil cada. Policiais apontaram que as armas haviam sido desviadas de uma unidade do Exército em São Paulo.

    O sumiço de 21 metralhadoras do arsenal militar mostra como a estrutura do Estado pode ser um bom ambiente de negócios para os criminosos. Há tempos, traficantes e milicianos fazem transações em delegacias e batalhões. Nesta quinta (19), a PF prendeu quatro policiais civis suspeitos de vender toneladas de maconha para o Comando Vermelho.

    A cobiça também alcança os quartéis das Forças Armadas. De 2011 a 2020, o Exército registrou o desvio de 41 pistolas, fuzis, metralhadoras e espingardas, segundo dados obtidos pelo Instituto Sou da Paz. Os militares dizem que a maioria foi extraviada durante operações “em decorrência de fatores adversos”, sem participação de agentes.

    Desta vez, foram 21 armas furtadas de uma vez, dentro de uma unidade monitorada por militares, com suspeita de envolvimento de três agentes. O Exército acredita que as metralhadoras, que estavam no arsenal para manutenção, desapareceram perto do feriado de 7 de Setembro.

    As polícias e o Exército são um mercado atraente para criminosos que encontram agentes dispostos a jogar o jogo da corrupção. Nesse negócio, eles podem ter acesso a armas de uso restrito e munição farta. Pagando o preço certo, levam equipamentos sem dar um único tiro, driblam uma fiscalização naturalmente frouxa e até abafam investigações.

    O Exército e a Polícia Civil do Rio mostraram serviço depois do desvio das 21 metralhadoras. Depois de identificar os principais suspeitos, oito armas foram recuperadas.

    Nem sempre é assim. Em 2015, uma CPI da Assembleia Legislativa do Rio descobriu que quase 300 armas haviam sido desviadas da PM fluminense nos dez anos anteriores. Dezenas de inquéritos foram instaurados, mas poucos seguiram até o fim.

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