A primeira foto é a que abre este comentário. Ela é do Encontro Regional do PL realizado esta semana em Blumenau e liderado pelo deputado estadual Ivan Naatz. Nela não está o presidente da Comissão provisória de Gaspar, o engenheiro e ex-candidato a prefeito de Gaspar pelo PL, em 2020, Rodrigo Boeing Althoff. Sintomático. Lava a minha alma mais uma vez. Traduz tudo o que já escrevi a respeito e que os envolvidos resmungaram porque deixei às claras para a cidade.
Então vou relembrar aqui mais uma vez, porque isso se esconde insistentemente do mundo oficial na imprensa local. É normal e faz tempo. Por outro lado e estranhamente, na imprensa identificada com da esquerda em Blumenau, isto virou motivo de comentário e divagação. Tudo para criar fatos por lá, Florianópolis e principalmente deixar irritada ou encantada gente daqui.
A segunda foto, abaixo, é a que mostra o vice-prefeito de Gaspar, Marcelo de Souza Brick, originalmente do PSD, mas que está de passagem no quase morto Patriota, depois de mais uma aventura malsucedida dele, desta vez, como candidato a deputado estadual no ano passado, sendo paparicado e fazendo fotos com o deputado Ivan e o identificado com o bolsonarismo radical da comissão provisória do PL de Gaspar, motivo da cisão, Márcio Cézar. O Patriota nem conseguiu legenda para colocar sequer um candidato na Assembleia Legislativa.
Vamos aos fatos da hora, afinal a política é dinâmica e amanhã que está agarradinho hoje poderá estar embrulhado em outro projeto, com outras pessoas, que sempre jurou ser ruim para a política, a cidade… E não é preciso ir longe. É só prestar atenção neste vai-e-vem deste artigo.
Ivan e Rodrigo nunca foram de direita e nem, exatamente, bolsonaristas. Eles olham a maré. E dela tiram proveito. Ivan e Rodrigo eram velhos amigos quando não tinham nem a projeção de poder de um, e a perspectiva de outro, lutavam contra a desconfiança do eleitorado e dentro do mesmo partido, o PV.
A desavença entre ambos começou em 2020 quando Rodrigo tentou a prefeitura de Gaspar. Estava sem recursos e sem estrutura. E para complicar tudo ainda mais, foi boicotado pelo já deputado Ivan. Ele, não tão discretamente assim, apoiou à reeleição do prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, adversário de Rodrigo. Mordia e assoprava. Ia sozinho ao gabinete de Kleber anunciar verbas parlamentares e ao mesmo tempo, pelo diretório estadual, e por ser o coordenador regional das campanhas no Vale do Itajaí, sufocava financeiramente a campanha de Rodrigo. Meus leitores e leitoras sempre souberam disso.
Com um campanha curtíssima, sem estrutura, sem dinheiro do próprio partido, boicotado por Ivan, Rodrigo surpreendeu nos votos. Entretanto, este mesmo Rodrigo errou de forma incompreensível após o pleito. Ele não ocupou os espaços que as urnas lhe deram. Nem se justificava. E agora, paga caro pela atitude e o silêncio, onde esperava apenas para que o tempo fosse o resolvedor dos problemas que só os homens podem criar e resolver com suas ações.
Ao invés de se estabelecer numa relação de oposição crítica, escondeu-se da cidade e nem, salvaguardou os seus interesses, não liderou verdadeiramente o PL por aqui, mesmo sendo ele presidente da Comissão Provisória. Mais do que isso, Rodrigo não resolveu as diferenças patentes entre as duas alas do partido aqui em Gaspar. Não agiu, não negociou, não debelou as vaidades e as diferenças entre os seus membros. Ficou no sítio, cuidou dos estudos, das aulas, do emprego e da família. Esperou pelo tempo e o milagre. O tempo passou e o milagre não veio.
Então vieram as eleições do ano passado. E aconteceram duas coisas: Ivan ocupou os espaços deixados por Rodrigo e Rodrigo, sem musculatura, sem representatividade, ensaiou o troco, trazendo candidatos mais identificados com Bolsonaro, exatamente, os indicados pela ala mais bolsonarista do partido daqui, a que, por ironia e erro de cálculo de Rodrigo, neste momento, faz o boicote se diz, vejam só, Ivan.
É o jogo jogado. Mas, este como está, foi mal calculado por Rodrigo. Agora, ele está colhendo os frutos do que mal plantou. Ivan – o que não é bolsonarista e nem de direita – está entortando Rodrigo, isolando-o, criando um candidato a prefeito de Gaspar que também nada tem a ver com o PL, nem com a direita, nem o bolsonarismo. O candidato que o PL bolsonarista de Gaspar e de Ivan, o Marcelo ensaiam também vai servir a uma ala do MDB e do PSD. Ou seja, novamente, trata-se, unicamente de um projeto de poder um mesmo núcleo duro que levou Kleber a dois mandatos
Qual o futuro de tudo isso? Por enquanto incerto, entretanto, por outro lado, tem tudo para dar certo. As circunstâncias criadas pela polaridade entre a esquerda do atraso e a direita xucra, com o pêndulo que desequilibra do Centrão onde estão os que projetam Marcelo, serão determinantes. Hoje – e a permanecer o palanque de factoides diários – não há clima para o PT para aquilo que aconteceu em 2000 com a eleição de Pedro Celso Zuchi.
Por outro lado e por enquanto, não há candidatos a prefeito que possa quebrar os vícios de hoje na visão pequena de futuro, e principalmente, com tantos erros de planejamento, execução e manutenção da cidade.
O PT, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, bem como o governo da esquerda do atraso em Brasília caminham, até aqui, celeremente para ser um desastre se não desatar o nó da macroeconomia. Só aí, qualquer candidato contra este estado de coisas, teria chances de vencer por aqui.
E Marcelo que nunca foi exatamente PT, mas é – e aí mora o perigo, novamente – um que se agarra a qualquer tábua de salvação para ser poder, tanto que já foi presidente da Câmara pela mãos do PT e de ter o PCdoB como parceiro na corrida a prefeitura de Gaspar e que perdeu em 2016 para Kleber, plantado na coligação exatamente pelo PT de Gaspar.
Voltando.Marcelo é um híbrido e um oportunista na política. Tanto que, por isso ele, está atualmente isolado do governo Kleber, onde foi parar por causa dos seus olhos grandes para estar no topo da pirâmide de poder e levado pelo seus amigo inseparável, o vereador Giovano Borges, PSD.
O MDB,PP, PDT e PSDB lhe prometeram quase três anos de prefeito, se ele desistisse de ser candidato em 2020 pelo PSD. Enganaram na cara dura, até porque, numa análise fria, teria chances de se eleger a prefeito ou dificultar a vida do MDB, PP, PSDB e PSD. Hoje, Marcelo nem gabinete não possui. Nem nas placas de inauguração seu nome aparece mais. Está um morto-vivo na prefeitura. E como um cachorro perdido no caminhão de mudanças depois das eleições de 2020, Marcelo passou a ser a opção do PL, o que não quer Rodrigo e não possui, por enquanto, outro candidato viável.
Marcelo é a carta de blefe de uma parte do clube que no escurinho quer continuar a ser dono de Gaspar e está saindo do governo Kleber que está em final de feira e também não se viabilizou como liderança política, nem mesmo dentro da igreja. Esse pessoal está no MDB, PSD e até o PT.
Estamos longe de outubro do ano que vem. Muita coisa do cenário nacional pode mudar ou influenciar na escolha dos candidatos e até nos votos dos gaspareneses. A aposta do deputado Ivan Naatz também considera isto. E vai mais além. Passa pela intervenção na Comissão Provisória no PL de Gaspar. Alimenta brigas. E mais do que isso, hoje Marcelo será o candidato de Naatz, se Naatz sair do PL, que também está dividido não só plano estadual. Em Blumenau, por exemplo, o vereador Aílton Ito de Souza quer o comando da sigla. O “poderoso” Ivan resiste.
O único vereador do PL de Gaspar, Alexsandro Burnier estava no convescote de Blumenau e apoiando o deputado Ivan na viabilização de Marcelo como candidato da sigla – onde Marcelo ainda não está filiado – em Gaspar. Acorda, Gaspar!
TRAPICHE
Estão circulando áudios de gravações – que não podem ser usadas na Justiça devido a lei que impede este tipo de prova – onde políticos e agentes públicos de Gaspar conversam sobre supostas propinas para ter empreendimentos imobiliários aprovados na cidade, alguns deles, em composição no Ministério Público. Isto a cidade já falava há muito tempo. Agora, aparecem personagens identificados. E isto será um problema para as eleições, principalmente quando o discurso for idoneidade for tema, subir ao palanque e desabonar santos.
Não fica bem o governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e gente identificada com igrejas carregarem este tipo de mancha.
E por falar em meio ambiente, a guerra na superintendência de Meio ambiente e Desenvolvimento Sustentável continua acesa e perigosa nos bastidores daquele órgão em Gaspar. O Tribunal de Justiça – acolheu um agravo de instrumento da prefeitura – e derrubou a decisão liminar da Comarca de Gaspar e que mandou o fiscal Pablo Adriano Ribeiro da Costa e Silva ser reintegrado como fiscal da superintendência, onde é originalmente concursado e estava, implacavelmente, aplicando a legislação aos infratores .
Agora, o fiscal, desviado de sua função original, voltará para ser fiscal na secretaria de Planejamento Territorial, deixando a secretaria do Meio Ambiente leve e principalmente solta como quer o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB. Para o Tribunal não havia os requisitos o caso ase estabelecer em liminar e que todas as alegações de perseguições, desvio de finalidade e condutas podem ser avaliadas no tempo normal do processo em que ele permanecer na primeira instância e no tempo em que subir e for conhecido no Tribunal de Justiça. Serão anos. Este assunto você terá mais detalhe em JUSTIÇA AO MANDAR O FISCAL DO MEIO AMBIENTE DE GASPAR SER FISCAL, MAIS UMA VEZ, DEU CLARO RECADO AO GOVERNO E EMPREENDEDORES
Vai complicar. O atual superintendente de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Gaspar, Leonardo David Lourenço, protocolou no dia dois de junho do ano passado – ou seja, antes dele ser superintendente, um recurso administrativo superintendência que dirige contra as multas lavradas pelo Fiscal Pablo Adriano Ribeiro da Costa e Silva. Leonardo, não por acaso, é irmão da advogada que atua para um dos empreendedores multados por suposta infração à legislação ambiental. Tudo misturado nos interesses. Rastros que vão complicar os próprios beneficiados e intermediários de soluções.
O empreendedor, mesmo que merecedor de fé, pode estar anulando à idoneidade da sua defesa com esta relações que podem serem caracterizadas como advocacia administrativa direta e indireta. No mínimo faltou bom senso, ou então, se estabeleceu na guerra, ou então, como é normal entre os poderosos, desprezo total aos órgãos de fiscalização, apuração e julgamento. Em Gaspar, reza a lenda, que os poderosos estão com o corpo fechado. E não é por dons espirituais.
Gaspar quer fazer história. O ex-prefeito de fato de Gaspar, o todo poderoso manda e desmanda no governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e ainda presidente do MDB em desmanche, ex-secretário titular da secretaria da Fazenda e Gestão Administrativa, bem como interino da contestada Saúde, o advogado – o seja, presume-se que conheça do riscado – Carlos Roberto Pereira, tão logo saiu do serviço público como comissionado, vou repetir, comissionado, ingressou com uma ação na Comarca em meados de 2021 para receber 13º e férias.
Agora, a juíza Cristina Paul Cunha Bogo, da 2ª Vara da Comarca de Gaspar ao olhar o processo mandou Carlos Roberto determinar o valor que ele quer pelos 13º e férias que reclama. Ele calculou e chegou a conta: R$84.346,95. Naturalmente, sem as devidas correções e juros que podem ser arbitrados pela Justiça nestes casos de dívida constituídas no passado.
Todos ficaram espantados, inclusive no meio jurídico. Por outro lado, os comissionados esperam que desde cumbuca saia alguma coisa. E se a juíza por acaso der ganho de causa aqui, isto vai levar anos e subir até o Supremo Tribunal Federal. É que se trata de matéria, tantas vezes requeridas e negadas na Justiça em outros municípios, bem como em instâncias superiores de pedidos semelhantes de quem já serviu a municípios, estados e órgãos federais. Quando pediram e se estabeleceram nestes cargos comissionados sabiam das regras de remuneração.
E por quê? Como disse em defesa do município de Gaspar, o procurador Felipe Juliano Braz, concidentemente um dos indicados de Carlos Roberto na composição do governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB,, não há previsão legal para ser pagar 13º e férias aos ocupantes de cargos de secretário municipais e por isso este pedido não deve prosperar. Acorda, Gaspar!
9 comentários em “DUAS FOTOS. UM RETRATO. O PL DE GASPAR CAMINHA PARA O CONFONTRO E VAI BUSCAR CANDIDATO NÃO IDENTIFICADO COM O BOLSONARISMO PARA SER COMPETITIVO”
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RESFRIADO ECONÔMICO CONTÉM JUROS, por Vinicius torres Freire, no jornal Folha de S. Paulo
Além de rumores e temores, aparecerem mais sinais de que a assim chamada crise de crédito na economia brasileira vai além dos problemas causados por uma alta forte e duradoura da taxa básica de juros e do aperto no crédito bancário. A fraude nas Americanas e sufocos de endividamento de outras grandes empresas secaram o mercado em fevereiro.
Essas notícias de seca de financiamento e os sinais de resfriado da economia contribuem para derrubar as ainda altíssimas taxas de juros no atacado do mercado de dinheiro. Neste meio de semana, as taxas de mercado passaram a indicar que se acredita em um corte da Selic, a “taxa do BC”, antes de setembro. É mudança grande em relação à virada do mês.
Em fevereiro, houve um tombo feio na quantidade de dinheiro que as empresas levantam no mercado de capitais. Isto é, de captação de dinheiro por meio de títulos de renda fixa, de venda de novas ações e “híbridos”. Em termos simples, “captações de renda fixa” significa tomar dinheiro emprestado por meio da venda de títulos.
“Em fevereiro, as captações do mercado de capitais foram de R$ 13 bilhões, o que corresponde a uma queda de 51,2% em relação ao mês anterior. O resultado representa o volume mensal mais baixo desde maio de 2020”, diz nota da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), que faz o levantamento regular desses mercados. Em relação a fevereiro de 2022, o tombo foi de 73%.
Talvez se queira dourar um pouco essa pílula dizendo que o valor total de captações é volátil (variam de modo relativamente grande de mês a mês). Na comparação com períodos mais antigos, como 2020, pesa o fato de que o mercado de venda de novas ações (IPOs e “follow ons”) está quase parado desde o início de 2022 —não foi por causa da “crise de crédito”. São atenuantes irrisórios. Em fevereiro, pelo menos, a coisa foi feia.
Considere-se o caso da renda fixa, que é o grosso do mercado de capitais (em média, 76% do valor total das captações de 2016 a 2022). Em fevereiro, as empresas tomaram R$ 11,2 bilhões de empréstimos por esse meio, por esse instrumento. Em janeiro, haviam sido R$ 23,4 bilhões. Em fevereiro do ano passado, R$ 36 bilhões. Na média mensal de 2022, R$ 38 bilhões.
Aconteceu alguma coisa, é fácil perceber.
Mesmo para empresas que têm condições de ir a mais mercados de dinheiro, a bancos e de capitais, portas se fecharam ou os preços são proibitivos. Talvez não seja óbvio lembrar que as empresas vão ao mercado não apenas para levantar recursos para expansão de negócios, mas para rolar dívidas ou adequar seus prazos e custos. Quem estava com água pelo nariz pode ter (mais) problemas.
Pode ser que a névoa sobre o futuro da política econômica do governo Lula 3 tenha contribuído para mais esse aperto financeiro. Mas a dita incerteza já estava escancarada em novembro ou dezembro.
Em resumo, a fraude das Americanas e outros pedidos de recuperação judicial de empresonas acenderam o alerta, um tanto óbvio, de que taxas de juros altas em uma economia de baixíssimo crescimento dão problema. E daí?
Estresse em empresa, resfriado econômico à vista e certa “fé” no pacote fiscal de Fernando Haddad têm derrubado as taxas de juros de um ano, que nesta quarta-feira (8) caíram abaixo de 13%. Para prazos de dois anos ou mais, continuam mais altas do que as registradas no início de novembro, quando começaram os discursos de Lula contra limite de gastos e juros do BC. Ainda assim, algo mudou.
DITADOR COMPANHEIRO, editorial do jornal Folha de S. Paulo
Alberto Cantalice, membro do diretório nacional do PT e diretor da Fundação Perseu Abramo, ligada ao partido, expressou não mais que um truísmo. Disse que Venezuela e Nicarágua são ditaduras —e que não faz sentido criticar o autoritarismo de Jair Bolsonaro (PL) e, ao mesmo tempo, poupar esses dois regimes latino-americanos.
A obviedade da afirmação não evitou que lideranças petistas mais identificadas com a velha guarda desautorizassem Cantalice, que também fizera crítica a Cuba, posteriormente relativizada.
Entre os representantes dessa ala, ligações afetivas com os dirigentes estrangeiros de esquerda e uma fetichização da história de movimentos populares parecem falar mais alto do que as evidências presentes de graves violações a direitos humanos e outros crimes
Enquanto esse tipo de controvérsia fica restrito ao âmbito do partido, trata-se de uma questão “interna corporis”, ou seja, que diz respeito apenas à legenda e seus filiados. Se o PT quiser queimar seu capital político louvando ditaduras, é direito seu fazê-lo.
O problema é que há indícios de que a ambiguidade petista em relação às ditaduras de esquerda esteja novamente afetando posicionamentos diplomáticos do Brasil, agora sob a administração de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o que a transforma numa questão pública.
E, com efeito, o governo brasileiro demorou mais de um mês para oferecer acolhimento aos opositores do regime nicaraguense de quem Daniel Ortega, em mais um lance de sua escalada autoritária, suprimiu a cidadania, convertendo-os em mais de 300 apátridas.
Governantes sul-americanos de uma esquerda menos fossilizada, casos do Chile e da Colômbia, foram bem mais rápidos no tempo de reação e na condenação a outras violações de direitos humanos por parte do líder sandinista.
Não se pede que o Brasil rompa com países suspeitos de torturar presos ou que oriente sua atuação diplomática pelo moralismo. Relações internacionais, ninguém o ignora, são pautadas primordialmente pelo interesse. O Brasil pode e deve relacionar-se tanto com Cuba como com a Arábia Saudita.
É importante, entretanto, que os interesses sejam modulados por princípios. A própria Constituição, em seu artigo 4º, elenca dez deles, entre os quais estão a prevalência dos direitos humanos e a concessão de asilo político. A sinalização visa tanto ao público externo, isto é, a comunidade de nações, como ao interno, os cidadãos brasileiros.
Lula foi eleito para governar para todos, não apenas para petistas e aliados ideológicos. Isso exige que enterre de vez suas simpatias por ditaduras amigas, pois agora representa o Estado brasileiro.
NÃO FOI DESTA VEZ QUE O PRESIDENTE DO PT DE SANTA CATARINA, E AFILHADO POLÍTICO DE DÉCIO NERI DE LIMA CONSEGUIU ABOCANHAR O SEBRAE
O colunista Ricardo Noblat acaba de postar a seguinte nota no twitter:
Reunião para destituir a diretoria do Sebrae é cancelada por falta de votos pró-governo. Nem acordo entre Lula e Lira foi capaz de derrubar comando da entidade, nomeado no final da gestão Bolsonaro (O Globo)
Pois é. . .”se-lembram-se” do Paulo Okamotto, tesoureito do lula? Deu com os burros n’água! Segundo o Diário do Poder, hoje, o biltre já admitiu que o grupo não conseguiu os votos necessários, o que representa uma derrota política importante para o Planalto.” A corja vermelha, ainda não “se-acordou-se”. “Sonham” ainda estar nos mandatos anteriores à prisão do lula!!!
UMA HISTÓRIA MAL CONTADA, por Elio Gaspari, nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo
A história das joias trazidas da Arábia Saudita na mochila de um assessor do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, precisa ser mais bem contada.
Segundo o almirante Albuquerque, os pacotes foram entregues em 2021 por uma pessoa do governo saudita à comitiva brasileira que partia de Riad. Ainda segundo ele, seriam presentes para Michelle Bolsonaro, mulher do presidente brasileiro.
Como se chama essa pessoa? A Casa de Saud reina na Arábia, com protocolos. O Brasil tem embaixada na Arábia, e a Arábia tem embaixada em Brasília. Se a mulher do presidente da República receberia um colar, brincos e anel, o canal para a remessa do mimo seria a embaixada. Num grau mais elevado de cortesia, o embaixador em Brasília entregaria o presente ao Itamaraty ou, se fosse o caso, à própria senhora. Assim formaliza-se a gentileza. Feitas as coisas de acordo com o cerimonial, ressaltava-se a cortesia, e deixava-se a questão tributária num segundo plano. O método iFood chique acabou na encrenca revelada agora pelos repórteres Adriana Fernandes e André Borges. Como um adereço inevitável, apareceu também o tenente-coronel Mauro Cid, cuidando da liberação das joias, sem sucesso. Isso tudo com a rotina de carteiradas, marca do governo do capitão.
A pessoa que recebeu os pacotes fechados em Riad deve lembrar o nome ou o cargo de quem lhe pediu que levasse a encomenda. Caso não lembre, nunca mais deverá fazer isso. As prisões do mundo estão cheias de jovens apanhados com cocaína dizendo que não lembram quem lhes pediu que transportassem os pacotes.
Há ainda outro detalhe mal contado na história das joias das Arábias. Um presente valioso como esse seria entregue como se fosse um sanduíche. Falta um cartão com uma mensagem elegante à destinatária. Quem se lembra de ter recebido um presente sem uma palavra de carinho?
É certo, contudo, que Bolsonaro tentou recuperar as joias apreendidas pela Receita. Sempre na base da carteirada. Felizmente, os auditores blindaram a instituição.
Pelo que se sabe até agora, quem mandou as joias teria sido o governo saudita. Essa figura impessoal não existe naquela parte do mundo. Os sauditas, bem como os emires vizinhos, gostam de presentear visitantes, sempre estreitando uma relação pessoal.
O almirante Flávio Augusto Viana Rocha, secretário especial de Assuntos Estratégicos durante o governo Bolsonaro, acumulou vasta experiência em negociações com os sauditas e com os emires das vizinhanças. Consultado, certamente teria uma boa palavra a dar sobre esse assunto, prevenindo, ou até mesmo evitando o escândalo.
Poucos governos tiveram laços tão estreitos com os sauditas e com os emirados como o governo Bolsonaro. Chega a ser surpreendente que tenha tropeçado nas caixas de joias.
LULA PREFERE VIVER CRISES NO GOVERNO A TENTAR DEBELÁ-LAS, editorial do jornal O Globo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem evitado demitir ministros enrolados em denúncias — fontes de constrangimento — para alimentar a esperança de obter base sólida num Congresso ávido por cargos e verbas. Tem enfrentado pressões que emanam do próprio PT, não menos interessado nos mesmos cargos e nas mesmas verbas. Lula escolheu viver em crise a tentar debelá-la.
A opção ficou clara depois da reunião em que o ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União-MA), deveria se explicar. Juscelino é acusado de usar um avião da FAB para ir a São Paulo participar de eventos particulares ligados ao mercado de cavalos. Embora a agenda incluísse compromissos oficiais, eles ocupavam pequena parte do tempo. Mesmo assim, recebeu diárias que só foram devolvidas depois de o escândalo vir à tona. Quando deputado, Juscelino destinara R$ 5 milhões do orçamento secreto para asfaltar uma estrada que passa em frente a fazendas de sua família em Vitorino Freire (MA). Ainda é acusado de não ter informado ao TSE um patrimônio de R$ 2,2 milhões em cavalos de raça.
Juscelino considerou positivo o encontro e disse ter “esclarecido as acusações infundadas”. Saiu da reunião com um voto de confiança de Lula — sinal para o União Brasil, partido com três nomes no primeiro escalão, garantir seus votos no Congresso a projetos do Planalto. Mais cedo, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), enviara um recado aos petistas, afirmando que hoje o governo não tem base consistente nem para votar matérias que exigem maioria simples — que dizer de mudanças na Constituição?
A opção pela crise estava implícita desde a manutenção no cargo da ministra do Turismo, Daniela Carneiro, conhecida como Daniela do Waguinho (União-RJ). Durante a campanha para deputada federal, ela recebeu apoio de pelo menos quatro suspeitos de integrar milícias que aterrorizam moradores da Baixada Fluminense, base eleitoral dela e do marido, Wagner Carneiro, o Waguinho, prefeito de Belford Roxo. Não se trata apenas de ter posado para fotos ao lado de suspeitos de crimes. Eles tiveram participação ativa na campanha. Péssimo exemplo.
O ministro da Integração Nacional, Waldez Góes, é outro que se equilibra na necessidade de governabilidade. Em 30 de dezembro, pouco antes de deixar o governo do Amapá, ele entregou a obra mais cara de sua gestão — a pavimentação de uma rodovia que liga Macapá ao sul do estado, orçada em R$ 100 milhões — a uma empresa que pertence a um suplente do senador Davi Alcolumbre (União-AP). Foi Alcolumbre quem indicou Góes para o ministério. Parte do projeto é financiada por verbas do orçamento secreto.
É certo que Lula precisa de base no Congresso para aprovar projetos de interesse do Planalto que nem sempre agradam ao Parlamento conservador eleito em outubro. Politicamente, porém, é uma aposta arriscadíssima manter ministros fragilizados por denúncias num governo que enfrenta uma sucessão de crises. Uma coisa é contemplar com cargos partidos que apoiam o governo ou estejam dispostos a integrar sua base. Outra, bem diferente, é compactuar com irregularidades em nome da governabilidade. Nada garante que Lula obterá o almejado apoio num Congresso onde as cartas estão com um Centrão de apetite insaciável. Mas não há dúvida de que o caminho que ele escolheu cobrará seu preço.
Verdade.
Nas nuvens do “céu” de Brasília está exPlíciTo: lula, aumente o valor do pixuleco!