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“DESCONHEÇO…”, “DESCONHEÇO…”, “DESCONHEÇO…” A IMPRESSIONANTE FALTA DE MEMÓRIA NA CPI DA PIZZA DO EX-FAZ TUDO DA ADMINISTRAÇÃO DE KLEBER E MARCELO. ELA “QUER” ESCLARECER O TEOR DOS GRAVES ÁUDIOS CABULOSOS QUE CIRCULAM PELA CIDADE DO EX-SECRETÁRIO DO PREFEITO

Alterado às 12h03min, deste 07.07.2023. “Quando a esperteza é demais, ela come o dono“, dizia muito antigamente o mineiro e ex-primeiro ministro do Brasil, Tancredo de Almeida Neves. E no primeiro depoimento do pivô nesta trama que se tenta sepultá-la na CPI Pizza em curso na Câmara de Gaspar, a esperteza comeu o governo do prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, do vice-prefeito Marcelo de Souza Brick, Patriota, ou PL, sei lá, talvez PP, da Bancada do Amém que inventou a CPI por Roberto Procópio de Souza, PDT e que virou relator dela, do presidente da CPI, o mais longevo dos vereadores, José Hilário Melato, PP.

E se podia parar por aqui. Até porque estou com preguiça de escrever meus textões. Acima, publiquei o vídeo com a opinião do vereador Alexsandro Burnier, PL. Abaixo, um texto do suplente de vereador e ativista bolsonarista, Eder Muller, PL. Eles explicando e os poderosos de plantão se atrapalhando lavaram a minha a alma. A cidade agradece. O rei está nú, e como na lenda, só ele não percebe. Os bobos da corte estão fazendo festa na Arena Multiuso para divertir e distrair mais uma vez o povo, pois não conseguiram sequer montar feira uma tradicional multisetorial. Ela mostraria à pujança de que tem o título arrumado pelos políticos de Capital Nacional da Moda Infantil.

Incrivelmente, repito, incrivelmente, as manobras de todos na CPI, na prefeitura, nos partidos e na Câmara foram sucessivos tiros no pé e um bálsamo à oposição – Dionísio Luiz Bertoldi, PT, e Alexsandro Burnier, PL – que se negou a participar da farsa montada milimetricamente pelos poderosos no poder político de plantão na cidade, Florianópolis e Brasília onde está o prefeito de fato e irmão de templo de alguns deles.

Esse pessoal empoderado na prefeitura e Brasília queria, num ato de humilhação, que a mirrada oposição avalizasse a encenação e ao final, sem votos, mas colocando a assinatura no relatório final, concordasse com a decretação da suposta inocência dos arrolados na investigação secreta e possivelmente de fachada, exatamente pelo segredo que a cobre e exatamente o áudio que se escolheu como objeto da CPI e que nada tem a ver com o uso do dinheiro público.

Não vou escrever sobre o conteúdo da reunião da CPI, mas sobre aquilo que a descredibilizou. O texto é do suplente de vereador e ativista bolsonarista, Eder Muller, PL. Eder fez o que uma boa parte dos gasparenses não faz por omissão, ou principalmente, com medo da perseguição, perder empregos, negócios, ou ter que responder processos e ser submetidos a constrangimentos. Eles viraram moda na nossa cidade com os que estão aboletados no poder ao mínimo questionamento ou observação dos pagadores de impostos.

Neste mundo político e empoderados de citação, oração e Bíblia debaixo do braço, ninguém mais pode reportar, testemunhar, denunciar, exercer o contraditório e até dizer que é amigo, ou que conversou com alguém que não for do agrado dos poderosos. Eder sabedor de que a oitiva não seria transmitida por decisão secreta e autoritária dos poderosos, resolveu ele próprio transmitir na sua conta no Facebook. Perrengues quando armou o tripé da sua Câmara de celular na Câmara, uma “ouvinte”. O esquemão dos políticos e a esperteza deles se foram mais uma vez.

Escreveu Eder: 

São Jorge, a voz é sua nos áudios?

R: DESCONHEÇO

São Jorge, vc conhece a empresa Pacopedra?

R: DESCONHEÇO.

São Jorge, quem é a outra pessoa que o senhor conversa no áudio?

R:DESCONHEÇO

São Jorge, o nome ( Kleber) que o sr sita no áudio, é o prefeito de Gaspar?

R: DESCONHEÇO

São Jorge, a segunda pessoa que aparece no áudio, é o Jean,  agora indicado por Marcelo Brick para ser diretor do SAMAE, é com o novo cargo não soltar mais áudio?

R: DESCONHEÇO

Seu Jorge, no áudio vc fala em pagar eles, e depois eles nos devolvem a metade, 1 milhão e 800 mil, pra onde ia esse dinheiro?

R: DESCONHEÇO

Seu Jorge, a propina das empreiteiras, foi só nessa obra, ou desde o começo do governo Kleber e Marcelo Brick?

R: DESCONHEÇO

São Jorge, é vc mesmo que está sentado nesta cadeira? Nos fale seu nome completo e seu CPF.

R: DESCONHEÇO .

Então damos por encerrado essa CPI e declaramos o São Jorge inocente“.

É claro que se trata de um texto que mistura o que aconteceu com a ficção. Resultado: piada. E séria. Não dá para rir. É para refletir. Resultado? É isso que está rolando em Gaspar. Ou seja, a esperteza comeu o dono. E eu avisei – bem lá no início -que seria assim. O áudio do vereador Alexsandro e que abre este comentário, vai no mesmo sentido. No final, vou repetir o que sentenciou certa vez e quase recentemente o ministro do STF, Luiz Roberto Barroso, naquilo que serve para Kleber, Marcelo, os envolvidos nas conversas cabulosas, a CPI da Pizza e a Bancada do Amém: “perdeu mané”. Fizeram um gol contra outra vez. É o que mais se fala na cidade.

Esperteza I. O próprio governo de Kleber e Marcelo, via a sua Bancada do Amém (MDB, PP, PSD, PDT e PSDB) onde estão onze dos 13 vereadores, propor a CPI para “investigar” o irmão de templo, o braço direito de Kleber, o faz tudo no governo, o secretário de Fazenda e Gestão Administrativa, o secretário interno de Planejamento Territorial, o presidente da Comissão Interventora do Hospital e ainda hoje presidente do PSDB de Gaspar, Jorge Luiz Prucino Pereira.

Esperteza II. Escolheram para o tema, entre os quatro áudios conhecidos, o único em que não há dinheiro público envolvido, pois a parte que se questiona da pavimentação da Rua José Rafael Schmitt, no Centro, foi toda bancada por particulares. Ou seja, tudo milimetricamente escolhido para o resultado. E perguntado, o ex-secretário, na maior cara de pau disse desconhecer a empreiteira e seus donos.

Esperteza III. O então poderoso secretário, quando em apuros e sem chances de sair ileso na trama que ele próprio criou e se prendeu, pediu demissão, alegando que fazia isso por ter sido ele e sua família ameaçados. Até mostrou um papelinho escrito no computador com as supostas ameaças. Estranhamente, por outro lado, Jorge Pereira não fez qualquer queixa na Polícia para ela ir atrás do bandido ou dos bandidos. Uma queixa e uma perícia teriam esclarecido a origem disso tudo. Ou seja, os “criminosos” continuam soltos. A pergunta que não quer calar é: quem mesmo teria interesse em tal ameaça? E por quê?

Esperteza IV. Escolhidos os membros da CPI dentro da Bancada do Amém, eles passaram a se reunir secretamente. No site da Câmara, tocada por Ciro André Quintino, MDB, um dos da Bancada do Amém e eleito num acordo com José Hilário Melato, PP, vice da Câmara e presidente da CPI, nada, nadinha de nada. Numa Câmara recheada e com cara estrutura de comunicação, até esta quarta-feira tinha conseguido produzir apenas um press release genérico. Este, todavia, não chegaria ser um problema se a imprensa se interessasse de verdade por um assunto tão relevante e escandaloso para a cidade. E ela não se interessou em quase dois meses da existência da CPI. E a CPI nadou no segredo.

Esperteza V. O problema, de verdade está na falta transparência que a Bancada do Amém, do presidente da Câmara, Ciro, mas principalmente os membros da CPI, seu presidente e relator que eles deram aos seus próprios atos na CPI. E eles não estão sozinhos. Há assessoramento técnico, inclusive da própria Câmara. Das reuniões e decisões, não há sequer uma ata publicada. E se alguém quiser, terá que pedi-la, na burocracia. E isto, pode, a depender da boa vontade das pessoas, dos interesses políticos envolvidos, levar semanas e não se tem a certeza de que a documentação não foram alteradas ao originalmente lavradas. Afinal, não houve publicidade. O que realmente esconde esta gente de Gaspar, da cidade, dos cidadãos, cidadãs e seus eleitores e eleitoras?

Esperteza VI. Eu já vinha alertando em sucessivas notas aqui este grave problema de transparência. Ele é uma marca do governo Kleber, Marcelo e da Câmara de Gaspar. Para completar, na última hora, descobriu-se que ouvida do ex-secretário Jorge não seria transmitida. Um alvoroço. A cidade se indignou. Nas atas, quem teve acesso a elas e possui cópias, não há nada sobre esta decisão de não transmitir e disponibilizar à sociedade o depoimento do ex-secretário Jorge Luiz Prucino Pereira, PSDB. E esta decisão de tornar tudo um segredo, por ser relevante, deveria estar lá nas atas: quem propôs, e quem votou contra a transparência para a cidade, cidadãos e cidadãs. Afinal, o que esta gente precisa esconder dos gasparenses sendo um governante da cidade e outros, representantes do povo dela?

Esperteza VII. Não é preciso dizer que o governo Kleber e Marcelo, a CPI, a Bancada do Amém e a Câmara de Gaspar deram vários tiros nos próprios. Amadores. Quem são os “çábios” que orientaram e ainda orientam esta gente? Eles ainda estão no tempo da ditadura, que dizem fingidamente combate-la, em que se podia calar os veículos de comunicação e tudo estava resolvido. Hoje há internet, blogs, redes sociais e principalmente aplicativos de mensagens onde esta gente não controla nada e tudo se sabe como nos tempos da na velha “rádio peão”. Tolinhos.

Esperteza VIII. E para encerrar o espetáculo neste circo sem lona, o ex-secretário Jorge resolveu conceder uma “entrevista coletiva”, após o seu desastroso depoimento, que ao manobrar e negar, todos sentiram que estava não só exagerando, mas assumindo à culpa que diz não ter neste cartório onde ele não é dono, mas um dos serventuários. “O importante é esclarecer. A gente veio aqui esclarecer. A gente veio aqui fazer parte desse processo democrático que é a CPI. E se colocando sempre à disposição para esclarecer todas as dúvidas“. Meu Deus! E os “repórteres”, não perguntaram um ai, diante de tais afirmações: por que o senhor, secretário, não esclareceu nada e desconhecia tudo e todos?

Esperteza IX – Tudo isso, está bem mal embrulhadinho pela repercussão como é o tal tiro pela culatra. E este embrulho o presidente da CPI, José Hilário Melato, PP, promete remeter para o Ministério Público, Polícia e até a Justiça. Se não há indícios materiais de ilícitos, os que armaram a CPI da Pizza dão também como certa de tudo será, mais uma vez, devidamente arquivado. E a vida seguem até outubro do ano que vem, quando haverá novas eleições e essa gente quer continuar mandando secretamente por aqui, com os votos da maioria dos gasparenses. Acorda, Gaspar!

TRAPICHE

Finalmente o Ministério Público e a Polícia não pode mais dizer que nada sabiam sobre o ar contaminado produzido pelo Hospital de Gaspar que foi dar a UTI improvisada do Hospital de Gaspar para tratar os doentes de Covid-19. A gravidade do assunto é tamanha, quando se sabe que ar puro era o que mais precisavam estes doentes em agonia naqueles dias.

O vereador Dionísio Luiz Bertoldi, PT, levou esta documentação com indícios graves à quarta promotoria da Comarca e ao delegado Diogo Bastos de Medeiros. Deveria ter levado ao Gaeco de Blumenau. Não custa, por garantia, oferecer tais documentos ao pessoal do Gaeco. Afinal, os políticos daqui dizem que tem o corpo fechado. E parece que sim.

Finalmente alguém que se diz candidato no ano que vem em Gaspar, ousou, mesmo que superficialmente, falar do futuro da cidade, diante dos números do censo IBGE. O empresário Oberdan Barni, Republicanos, foi à sua rede social e à mídia para dizer que o crescimento exagerado de Gaspar precisa um novo olhar no planejamento.

“Desculpas não constroem creches, não melhoram a saúde e tão pouco o desenvolvimento”, afirmou ele. Já quem se diz doutor em cidades inteligentes, o engenheiro Rodrigo Boeing Althoff, PL, mandou um emissário entregar uma camiseta do Tupi a Jair Messias Bolsonaro, PL, lá em Brasília, para se garantir candidato, porque já não tem mais discurso diante de tantos anos de silêncio sobre os erros graves que fez a sua Gaspar retroceder.

O bolsonarismo é algo que não soma e não constrói o campo da direita, do conservadorismo e principalmente do liberalismo econômico, tanto que destruiu à própria reeleição do mito. É ele, do jeito dele, e mais ninguém. É uma espécie de PSOL, PSTU, PCO da esquerda do atraso. É só ver a surra que levou ontem na Reforma Tributária na Câmara. Ao invés de se inserir numa discussão madura de seus pontos de vista – e que deve ser respeitados -, imitou o velho PT mais uma vez: votou contra para agradar o chefe e não sabe explicar à razão disso.

Nesta quarta-feira pela manhã, o Tribunal de Justiça de Santa Catarina decidiu por 19 votos a seis pela constitucionalidade do “Plano 1.000”, criado pelo ex-governador Carlos Moisés da Silvas, Republicanos. Este Plano teve à clara intenção de se criar um municipalismo de última hora para reinserir ao cenário político competitivo, e consequentemente, reeleger o governador que veio – por conta da sua inércia -, de dois impeachments e uma CPI frustradas – todavia, altamente desgastantes para ele – na Assembleia Legislativa. 

Mas, na mesma decisão de quarta-feira, o TJSC disse que a forma de repasse feita até agora para estas obras do Plano – e apelidado de PIX de Moisés pelos seus adversários – é irregular e por isso, para continuar, pois é constitucional, precisa se adaptar ao que preconiza o Tribunal de Contas do Estado neste assunto de repasses do Estado aos municípios: transparência e acompanhamento da documentação desde a licitação até a entrega da obra. É o que se esperava em se tratando de uma montanha de dinheiro público dos pesados impostos de todos que está sendo disponibilizado pelo estado aos municípios.

Pronto. O governador Jorginho Mello, PL, que trancava as remessas com o discurso da suposta inconstitucionalidade do Plano 1.000, em algo aprovado pela Assembleia Legislativa, num claro viés de dar fôlego ao seu caixa para a campanha do ano que vem, de negociar e até barganhar nas composições com os prefeitos argolados nas obras paradas em seus municípios e dependentes do Plano 1.000, só enxergou o defeito a serem corrigidos dos repasses e não a constitucionalidade dos contratos declarados pelo Tribunal de Justiça.

Foi mais longe. Imediatamente à decisão, na sua rede social, publicou uma clara fake news. Para quem já trabalhou contra os mais de R$400 milhões dos impostos dos catarinenses chegassem às obras de duplicação e revitalização das BRs – como a nossa 470 – diante do corte inacreditável do governo de Jair Messias Bolsonaro, PL, este tipo de comportamento mostra que cada vez mais os políticos estão pouco se importando com o futuro e o desenvolvimento do estado. Continuam no palanque, criando narrativas e distraindo os eleitores e eleitoras, ou animando os seus radicais.

No caso do Pix para o Plano 1.000, governador Jorginho Mello, PL,  torcia para ele fosse anulado pelo Tribunal de Justiça pela suposta inconstitucionalidade que se alegava. Assim, ele poderia construir as suas próprias amarras com prefeitos e deputados – numa Assembleia onde está – apesar da sua longa carreira como parlamentar – com claras dificuldades de articulação – para outubro do ano que vem. Como o Tribunal de Justiça por ampla maioria não deu este discurso para Jorginho, o próprio governador resolveu se expor, diminuir ainda mais a sua credibilidade, e dar a sua decisão falsa pelas redes sociais. Meu Deus!

Ou seja, os contratos dos municípios – e não prefeitos que estão pendurados na brocha com seus munícipes – foram assinados, não exatamente, com o ex-governador Moisés Carlos da Silva, Republicanos, mas com o estado de Santa Catarina. E o atual governador Jorginho Mello, PL, mesmo contrariado, terá que honrá-lo, de uma forma ou de outra, pois inconstitucionais eles não são segundo a Justiça. Entretanto, nas regras de transparência que norteiam este tipo de liberação de verbas entre entes estadual e municipais elas precisam ser mais rígidas como manda a Lei e a decisão do TJ. Simples assim!

E os bolsonaristas daqui caíram na pilha do governador e naquilo que ele têm em Carlos Moisés da Silva como um traidor. Aliás, ao tratarem de traidores todos os que não se ajoelham para as maluquices radicais deles, vão perdendo a credibilidade, apoiadores e votos. Ontem, por exemplo, foi a vez do governador de São Paulo, Tarcísio gomes de Freitas, Republicanos. Estas maluquices já levaram o Tribunal Superior Eleitoral tornar o próprio mito inelegível. E como disse um deles no contato que fez comigo: saiu o mito e entrou a lenda. Ou seja, exatamente o que aconteceu. E a lenda está perdendo o brilho como se viu na votação da Reforma Tributária. A direita caminha para o caminho fora do radicalismo.

O prefeito de Blumenau, Mário Hildebrandt, ainda no Podemos, é muito ruim de articulação política. Está insistindo numa promessa ética de fazer a sua vice Maria Regina de Souza Soar, PSDB, sua sucessora. 

Ela é uma técnica na área da Saúde avessa à política e palanque. É um peixinho totalmente fora água neste assunto. Ela não agrega e não lidera processos políticos. Não possui luz e carisma para isso. Está na cara. Se o caso é colocar uma mulher em evidência para se tentar ser a primeira prefeita eleita de Blumenau, a servidora efetiva, ex-secretária de Educação de Blumenau e atual secretária de adjunta do estado, Patrícia Luerdes, dança muito melhor neste salão.

Se Mário Hildebrandt insistir na sua vice, vai ficar órfão como ficou na corrida de outubro ano passado. Não tinha deputado Federal e Estadual para dizer que era seu. Se não ganhou, perdeu. Quem colocou Mário – um servidor público e ex-secretário como um prefeito viável à reeleição, foi a renúncia de Napoleão Bernardes, então no PSDB – num acordo que cumpriu, o que não se fez por aqui – para se aventurar a ser candidato a vice-governador na chapa do deputado Federal, Mauro Mariani, do MDB em marcha ré depois da morte de Luiz Henrique da Silveira. 

Ambos, nem no segundo turno chegaram. Desta vez, o jogo é outro e é bruto. A começar por Napoleão Bernardes que está no PSD e se elegeu deputado estadual. Ele está num processo de reconstrução e quer se livrar do passo em falso que deu quando o ensacaram na corrida ao Centro Administrativo lá em 2018. Napoleão está articulado e criando espaços em Blumenau e no Vale do Itajaí. Aqui tem tudo para ele errar.

Mais uma história da indústria têxtil que se vai. A Industrial Garcia foi comprada pela Artex – a Artefatos Têxteis, da família Zadrozny. Ambas polarizavam o ex-bairro, agora distrito, o do Garcia e o início do que é hoje os bairros da Glória e Progresso, onde estavam. Veio a crise. E a mineira Coteminas, do ex-vice-presidente José Alencar, PL, e do hoje presidente da Fiesp, José Alencar, levou e salvou os empregos das marcas ícones daqui.

Agora, em crise, a Coteminas, vai despedir mais da metade do seu contingente de trabalho em Blumenau: Falou-se em 800, mas admite-se 700 trabalhadores. Ela quer pagar as verbas trabalhistas em 15 vezes. Mas, isto não é o fim da agonia que deverá levá-la ao fechamento. A Coteminas já atrasou salários, já não depositou o Fundo de Garantia, já….

Os sindicatos resistem. Parecem, também, que não aprenderam com o passado e nem com a realidade do setor, do mercado e do país. Fariam melhor, se implantassem à requalificação dessa massa desempregada para novas oportunidade, e na maior parte dos casos, bem longe do têxtil.

Nada como um dia após o outro. O desmanche do modelo que projetou Blumenau como um polo têxtil relevante no Brasil iniciou com os sindicatos e a eleição do advogado sindical Décio Neri de Lima como prefeito, e hoje, vejam só, presidente nacional do Sebrae.

Blumenau com o baque, devido a sua própria cultura reinventou-se. Naquela onda, a Sulfabril faliu e deixou na mão, mais de dois mil empregados. O PT de Gaspar ligadinho ao de Blumenaui, retaliou aqui o ex-dono da Sulfabril, desapropriando por migalhas -e por isso o caso está na Justiça até hoje – o que é a Arena Multiuso.

Perguntar não ofende. Agora, o dono da Coteminas terá o mesmo tratamento do PT na retaliação em favor do proletariado? Não fazia sentido lá, não faz sentido aqui. Como não fez no caso da Sulfabril. É o jogo jogado pelo mercado. Ele é maior que as ideologias. E segundo Darwin, não são os fortes que sobrevivem, mas o que melhor se adaptam às novas realidades.

O novo secretário da Saúde, o político nascido no Paraguai, Santiago Martin Návia, e suplente de vereador pelo MDB, e que não possui nenhuma identificação com a área, em entrevista na rádio já mandou o primeiro recado do medo contra quem reclamar alguma coisa dos serviços da sua área: será processado. E para isso, usará a tal honra ferida.

Bom este negócio de processo e perseguição é uma marca do atual governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, Patriota, ou PL, sei lá, talvez PP. Agora, perguntar não ofende: há maior ofensa a honra do que doente você ficar por horas para ser atendido ou meses para ser atendido por simples exames? Isto sem falar no suposto ar contaminado numa UTI improvisada.

A cidade está em festa. Shows e bailões que a prefeitura terceirizou vão esconder a incapacidade dela de montar a tradicional ExpoGaspar e mostrar aos gasparenses, ao menos, o que Gaspar produz, inclusive naquilo que diz ser a Capital Nacional da Moda Infantil.

As redes sociais estão, articuladamente, cheias de políticos, promovendo-se e escondendo mais um fiasco administrativo do atual governo. Boa festança neste final de semana. Acorda, Gaspar!

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10 comentários em ““DESCONHEÇO…”, “DESCONHEÇO…”, “DESCONHEÇO…” A IMPRESSIONANTE FALTA DE MEMÓRIA NA CPI DA PIZZA DO EX-FAZ TUDO DA ADMINISTRAÇÃO DE KLEBER E MARCELO. ELA “QUER” ESCLARECER O TEOR DOS GRAVES ÁUDIOS CABULOSOS QUE CIRCULAM PELA CIDADE DO EX-SECRETÁRIO DO PREFEITO”

  1. Pingback: KLEBER VAI ASSUMIR A FECAM E JÁ PLANTOU JORGE PEREIRA COMO SEU BRAÇO DIREITO OPERACIONAL NA ENTIDADE. PREMIDADO E RECONHECIDO PELO AMIGO, JORGE VAI EXPORTAR A EXPERIÊNCIA DA SUA GESTÃO EM GASPAR. MAS, DIANTE DA REPERCUSSÃO NEGATIVA, TUDO PODE MUDAR -

  2. LIRA E HADDAD DÃO PISTA LIVRE A LULA, por Elio Gaspari, nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo

    A aprovação da emenda constitucional da Reforma Tributária mostrou que, com a costura de Arthur Lira, presidente da Câmara, e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, Lula terá uma pista livre para governar. Lira e Haddad têm estilos diferentes. Quando os dois estilos se juntam, conseguem resultados inéditos. A PEC teve 382 votos, 74 acima do necessário, no primeiro turno e 375, no segundo.

    A Reforma Tributária ficou na agenda do país por 30 anos. Sabendo-se que entre a hora em que o presidente americano John Kennedy quis mandar um americano à Lua e o dia em que Neil Armstrong lá pisou, passaram-se apenas oito anos, vê-se o tamanho dos obstáculos que estavam no caminho.

    Tão significativa quanto o resultado da última quinta-feira, foi a autoimolação a que Jair Bolsonaro submeteu seus mais fiéis seguidores. É verdade que em condições normais de temperatura e pressão, Bolsonaro é o adversário dos sonhos de políticos habilidosos como Haddad e frios como Lira. Em menos de uma semana, o ex-capitão perdeu no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por 5 a 2 e na Câmara, por 382 a 118.

    A votação da Reforma Tributária, com suas muitas virtudes e diversos defeitos, deu ao governo uma autoridade que seus antecessores não tiveram. Ele buscou uma coligação semelhante à que elegeu Lula no ano passado e os votos vieram. É natural que se pense nos R$ 5,3 bilhões de emendas parlamentares liberadas às vésperas da votação. Contudo, emendas são uma prerrogativa dos parlamentares e liberá-las é uma atribuição do Executivo. Se uma emenda manda kits de robótica superfaturados para escolas alagoanas, essa questão pode ser resolvida pela Polícia Federal.

    O êxito na aprovação da PEC da Reforma Tributária ocorreu pouco depois da trava imposta ao projeto de regulamentação das redes sociais. No caso da reforma, o governo conversou. No segundo, prevaleceu a onipotência, dando aos adversários do projeto o argumento de que embutia uma forma de censura. Pudera, pois apareceu até agência do Estado oferecendo-se para gerenciar os conteúdos que circulam na rede. Se em um caso a Câmara mostrou que está blindada contra tratoraços, no outro, mostrou como se pode aprovar até emenda constitucional mexendo com impostos.

    CONSELHO FEDERATIVO

    Pelo andar da carruagem, o Conselho Federativo a ser criado pela Reforma Tributária terá a maior sala de espera de Brasília.

    Esse conselho terá poderes coloniais sobre a partilha de impostos e a concessão de benefícios.

    LULA 2026

    Por enquanto, Lula deixou aberta a possibilidade de vir a disputar a reeleição para livrar seu governo do desgaste provocado pelas rivalidades internas.

    Esse bloqueio será eficaz por mais um ano.

    BOLSONARO E TARCÍSIO

    Inelegível, Bolsonaro pode sorrir quando seus seguidores hostilizam o governador Tarcísio de Freitas.

    A partir desta semana, ajudará a apagar o fogo que ajudou a atear. Afinal, 20 deputados do PL votaram a favor da reforma.

    O PERIGO AMERICANO

    Quem passa pela esquina da Park Avenue com a rua 68 pode não notar aquele casarão branco. Lá dentro está o Council on Foreign Relations, um dos pilares da elite americana. Numa sala da entrada, há um exemplar da Foreign Policy, a revista que ele publica, anotada pelo bolchevique Lênin.

    Ele não é mais o que foi, mas ainda é muita coisa. Depois de 20 anos no comando da instituição, Richard Haass deixou-a e deu uma entrevista na qual disse que com a guerra da Ucrânia, o aquecimento global, a ameaça chinesa e o risco de uma nova pandemia, o que lhe tira o sono é a situação interna dos Estados Unidos.

    Haass passou pelas tramas de Washington e pelo serviço diplomático, o que ele diz hoje pode parecer uma profecia precipitada, mas no ano que vem os americanos elegerão um novo presidente.

    Se o jogo não mudar, a escolha ficará entre um retorno de Donald Trump ou a reeleição de Joe Biden, que outro dia falou que a Rússia vai mal na sua guerra com o Iraque. Quis dizer Ucrânia.

    Daqui a um ano vai-se ver a importância da profecia de Haass.

    AS CONVICÇÕES DE SABINO

    Em 2016 o futuro ministro do Turismo, Celso Sabino, escreveu no Facebook que a presidente Dilma nomeou Lula para a chefia de sua Casa Civil, numa “manobra” para “garantir o foro privilegiado ao homem que poderia ser preso por crimes como lavagem de dinheiro para não citar outros”.

    Em 2022 muita gente que pensava assim em 2016 votou em Lula.

    Sabino, contudo, apagou a mensagem na semana passada, depois que se tornou pública. Ele ganha um fim de semana no Hilton Princess de Manágua se conseguir explicar a utilidade desse cancelamento.

    ZANIN NO STF

    Cristiano Zanin é um homem de poucas palavras, mas no Supremo Tribunal Federal (STF) continuará seguindo hábitos de sua vida de advogado.

    Não há registro de que tenha feito palestras remuneradas.

    AMERICANAS

    Os três grandes acionistas da rede varejista Americanas dificilmente escapam de depoimentos na Comissão Parlamentar de Inquérito que trata da quebra da rede e da fraude que havia na sua gestão.

    É provável que sejam tratados com cortesia, mas devem se preparar para responder à seguinte pergunta de um deputado:

    Os senhores não estavam na direção da Americanas e eu acredito nisso. Sendo um empresário bem-sucedido, o senhor não viu a fraude de dezenas de bilhões de reais. Se o senhor me diz que não sabia das malfeitorias do gerente da loja da Praça Marechal Deodoro, na minha cidade, eu entenderia. O que o senhor quer que eu entenda?

    O repórter Lauro Jardim revelou que os diretores da rede (nada a ver com os grandes acionistas) venderam R$ 244 milhões de ações da empresa no segundo semestre de 2022, quando ela emborcou. Um ano antes, um deles (Márcio Cruz) comprou uma casa no Jardim Pernambuco, no Leblon, por R$ 32,6 milhões, pagos à vista.

    A FALTA DE SORTE DO REITOR

    Mexer com estudantes não traz sorte. Em 2007 o diretor da Faculdade de Direito da USP, João Grandino Rodas, chamou a tropa de choque da PM para desalojar alunos que ocupavam parte do prédio. Afrontou a lição do reitor Pedro Calmon (UFRJ), que disse ao comandante da tropa da PM do Rio que pretendia desocupar a faculdade de Direito: “Aqui só se entra com vestibular.”

    Na semana passada, Grandino Rodas foi condenado a pagar uma indenização por ter celebrado um acordo com um banqueiro e um advogado. Os dois pagariam a reforma de um auditório, banheiros e uma sala de aulas. Em troca, ganhariam placas homenageando-os.

    Grandino foi condenado por não cumprir os trâmites da faculdade. Tudo bem, mas penalizar diretores que aceitam doações e prestam as devidas contas é um desestímulo para quem pensa em dar dinheiro para as combalidas universidades públicas.

  3. ENCOLHIMENTO DE MUNICÍPIOS NÃO JUSTIFICA CRÍTICAS AO CENSO, editorial do jornal O Globo

    Em dezembro, centenas de prefeitos estrilaram quando o IBGE divulgou a prévia do Censo 2022 mostrando queda na população brasileira. Em muitas cidades, a redução significava perdas no bolo de R$ 188 bilhões do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), pois um dos critérios usados na distribuição dos recursos é a população. Os inconformados correram ao Supremo Tribunal Federal (STF) e obtiveram uma liminar do então ministro Ricardo Lewandowski sustando mudanças no fundo até que a pesquisa fosse concluída.

    Mal sabiam os prefeitos que a redução apontada na época, quando a população foi estimada em 207.750.291 habitantes, era até otimista em comparação com o resultado final divulgado no mês passado. A população apurada no Censo é de 203.062.512 brasileiros. Nunca, desde que a pesquisa começou a ser feita, em 1872, o crescimento populacional foi tão baixo: 0,52% ao ano nos últimos 12 anos.

    O encolhimento das cidades é uma realidade. Dos 5.570 municípios, 2.399, ou quatro em cada dez, perderam habitantes entre 2010 e 2022. Isso aconteceu em todas as regiões. Um terço das capitais, incluindo Rio e Belo Horizonte, está nessa situação. Apenas duas das 27 unidades da Federação — Distrito Federal e Roraima — seguiram na contramão e registraram crescimento populacional em todos os municípios.

    Diante desses dados, não surpreende o novo levante dos prefeitos, que ameaçam ir à Justiça pedir revisão do Censo. De acordo com a Confederação Nacional dos Municípios, 770 cidades deverão receber menos recursos. As perdas são estimadas em R$ 3 bilhões e se concentram nas regiões Norte e Nordeste. O FPM é a principal fonte de receita para cerca de 70% dos municípios brasileiros.

    Compreende-se a insatisfação dos prefeitos, que têm contas a pagar e menos dinheiro, mas de nada adianta mirar o Censo. É verdade que ele enfrentou uma série de contratempos. Primeiro, foi a pandemia, que impediu os recenseadores de ir às ruas. Depois, faltaram orçamento e vontade política. A pesquisa só começou depois de determinação do STF. Iniciado o trabalho de campo no ano passado, houve sucessivos atrasos, devidos à escassez de recenseadores, a problemas logísticos e à alta taxa de recusa para responder aos questionários. Mas nada disso é motivo para pôr em dúvida o resultado.

    A perda de população — e, consequentemente, de verbas do FPM — apenas expõe um problema crônico. Municípios que já não têm condições de bancar suas despesas e vivem basicamente de repasses dos governos agora passam a ter menos ainda. Na grande maioria dos casos, a arrecadação não justifica a existência de toda a estrutura administrativa associada às municipalidades. Desmembrar municípios se tornou um negócio no Brasil após a Constituição de 1988, e só depois os critérios foram ajustados para evitar abusos. A conta até hoje vai para a sociedade. O Censo não tem nada a ver com isso.

  4. REACOMODAÇÃO, editorial do jornal Folha de S. Paulo

    Observou-se nos últimos dias uma reacomodação de forças na política brasileira. Abandonaram-se, ao menos por ora, o radicalismo estridente, a ideologia rasteira e o sectarismo infértil em favor de uma agenda promissora para o futuro.

    Foram gestos pequenos, não grandiloquentes; indicam retorno à média, não transformação profunda; decorrem de cálculo pragmático, não da busca de um ideal. Talvez seria pouco alhures, mas não num Brasil após quatros anos de Jair Bolsonaro (PL).

    Partiram, esses gestos, de dois nomes que, no atual cenário, despontam como possíveis antagonistas na eleição de 2026: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo.

    Derivou de Tarcísio a iniciativa mais inusitada. A princípio contrário ao projeto de reforma tributária que tramita no Congresso, mudou de posição após uma conversa republicana com o petista Fernando Haddad, ministro da Fazenda.

    O governador de São Paulo foi além. Durante reunião do PL, defendeu o texto da reforma diante do inelegível Bolsonaro, com quem teve um desentendimento público.

    Tarcísio entendeu que o país tem muito a ganhar com um novo marco tributário, a ponto de essa discussão ultrapassar as fronteiras estreitas da disputa partidária. O ex-presidente assumiu uma posição sectária contra a proposta, baseado em argumentos primários.

    Já Lula deu a Haddad o respaldo necessário para fazer avançar a pauta econômica, baseada, ademais da reforma tributária, na nova regra fiscal. Foram mais do que boas conversas e muitos rapapés, dos quais políticos não abrem mão; o apoio incluiu esforços concretos para montar, no Congresso, uma base capaz de aprovar as propostas.

    O governo de esquerda precisa acostumar-se a lidar com um Legislativo de outra vertente. A aproximação demanda, por exemplo, ceder em certas ideias para conquistar um acordo em algum ponto entre os extremos —nada mais que uma negociação, que Lula conhece bem, mas o PT, nem tanto.

    O pragmatismo também reúne aspectos problemáticos. Envolve uma liberação recorde de emendas às vésperas das votações importantes, que ameaça a qualidade do gasto público, e um rearranjo nos ministérios, a fim de assegurar a fidelidade de legendas estratégicas —caso da União Brasil e seu pleito pela pasta do Turismo.

    Há, sem dúvida, algo a lamentar nessas barganhas e um tanto a comemorar nas negociações. Salvo pela possibilidade de a reforma tributária andar, nada disso é novidade na política brasileira. Pouco importa. Se superada a polarização estéril, a normalidade tem o peso de uma revolução.

  5. Para os bolsonaristas de Gaspar ler e entender; o radicalismo está lhe levando a serem cabos eleitorais daquilo que é o mecanismo de dúvidas dentro da própria direita e do conservadorismo que está exposto e quer continuar para ampliar os defeitos todos bem aparentes.

    JAIR FAZ UM FAVOR A TARCÍSIO, por Dora Kramer, no jornal Folha de S. Paulo

    Sutileza, inteligência fina e senso tático, sabemos, não são características de Jair Bolsonaro. Ele mesmo confirmou isso na recente reunião do PL em que tentou crescer para cima do governador Tarcísio de Freitas chamando-o de inexperiente na política.

    Só que neste campo nem sempre antiguidade é posto, pois na eleição de 2022 o novato deu um banho no veterano. Tarcísio ganhou o governo de São Paulo falando ao centro sem perder a referência à direita e Bolsonaro perdeu a Presidência por insistir na manutenção do pisca-pisca ligado exclusivamente na direção da bolha extremada.

    Está claro quem foi o mais esperto. De novo isso ficou evidente no embate em torno da reforma tributária. Ao hostilizar o governador, o ex-presidente agarrou-se ao lado perdedor, isolou-se no radicalismo sem resultados e deu a Tarcísio a chance de mostrar-se capaz de recuos quando estão em jogo interesses maiores que o eleitoral.

    Nada melhor para quem está em processo de construção de perfil mais adequado ao gosto do eleitorado farto da armadilha da polarização. O governador saiu maior do episódio e o ex-presidente aproximou-se mais da irrelevância que lhe reserva a condição de inelegível e enrolado na Justiça.

    Ainda assim, Tarcísio de Freitas e seu entorno seguem firmemente empenhados em afastar a hipótese de candidatura presidencial dele em 2026. Trabalham com dois conceitos aparentemente antagônicos: prudência e precipitação.

    De um lado cuidam para não repetir o mau exemplo dos que tentaram pular a etapa da reeleição. De outro dão tempo de maturação a Lula que, se estiver bem, será candidato imbatível.

    Neste caso não haveria razão para “gastar” Tarcísio numa eleição potencialmente perdida para Lula. Tampouco restaria motivo para queimar uma etapa da construção de uma liderança forte de direita se lá na frente o governo federal não estiver suficientemente competitivo.

  6. DEMOCRACIA RELATIVA, por Demétrio Magnoli, no jornal Folha de S. Paulo

    A “democracia relativa” venezuelana é uma ditadura absoluta –que, como tantas outras, promove periódicas eleições farsescas. María Corina Machado, candidata da oposição nas eleições presidenciais do ano que vem, acaba de ser inabilitada por uma Controladoria sob controle de Maduro. No Brasil, por outro lado, Bolsonaro foi declarado inelegível por um tribunal eleitoral que segue a lei. Não é novidade: a mesma lei tornou Lula inelegível em 2018. Um sistema político que inabilita os dois principais líderes populares precisa ser caracterizado como uma “democracia relativa”.

    Lula teria cometido crimes de corrupção? Bolsonaro deve ser sentenciado por golpismo? Numa democracia plena, as respostas –e as penas– competem à Justiça criminal, não à Eleitoral. Nela, leis como a da Ficha Limpa seriam anuladas por ferirem um princípio fundamental: a soberania popular. Compete aos eleitores, não aos juízes, escolher os representantes do povo. A inelegibilidade de Lula, antes, e a de Bolsonaro, agora, implica a cassação dos direitos de seus eleitores –que, somados, formam a maioria do eleitorado.

    A torcida uniformizada bolsonarista comemorou o veto judicial à candidatura de Lula. A torcida uniformizada lulista celebra o veto à candidatura de Bolsonaro. Mas não são só eles: intelectuais, advogados e jornalistas naturalizam a tutela judicial do eleitorado, moldando uma opinião pública que perdeu o hábito de refletir sobre princípios. A extensão da interferência judicial na representação política que caracteriza o Brasil não tem paralelo entre as democracias consolidadas.

    Você despreza Bolsonaro? Eu ainda nutro a (ingênua) esperança de que a Justiça criminal aplique a lei contra ele. Entretanto, algo entre um quarto e um terço dos brasileiros (que, como você e eu, pagam impostos) querem sufragar o personagem mais nefasto da cena política nacional. Inabilitá-lo pode ser um atalho mais eficaz que derrotá-lo nas urnas. Mas o preço dessa “vitória” é alto demais.

    Os casos Lula e Bolsonaro formam o cume emerso de uma montanha submarina. José Dirceu e José Genoino, dois líderes petistas de inegável apelo eleitoral, jamais puderam voltar ao Congresso. Deltan Dallagnol, o deputado mais votado no Paraná, teve seu mandato cassado pelo TSE. Sergio Moro, eleito senador com quase dois milhões de votos, parece ser o próximo na fila. Eu não votaria em nenhum dos quatro, mas isso é irrelevante. A pergunta certa: como ficam os eleitores dos políticos inabilitados ou cassados?

    Ditaduras provam-se, muitas vezes, mais eficientes que democracias na tomada de decisões. A vantagem insuperável do sistema democrático encontra-se em outro lugar: impedir que as disputas pelo poder degenerem em violência. Para cumprir tal papel, a democracia precisa oferecer a todas as correntes políticas uma oportunidade competitiva justa, envolvendo o conjunto dos cidadãos nos processos eleitorais. Não é isso que acontece quando confere-se a juízes a prerrogativa de configurar o plantel de candidatos.

    “A democracia é uma farsa” –eis a alegação ritual de partidos e líderes autoritários. A noção de que o “Sistema” (um poder oculto, um “Estado profundo”) manipula as eleições infiltrou-se no eleitorado de Lula em 2018, como se disseminará entre os eleitores de Bolsonaro em 2026. “Meu voto não conta” –a interferência sistemática dos juízes na representação popular difunde essa lenda tão cara aos inimigos da democracia.

    Em 1920, o líder socialista Eugene Debs concorreu à Presidência dos EUA da cela de uma penitenciária, um direito que Lula não teve. Nas democracias consolidadas, políticos condenados criminalmente ainda podem disputar eleições. No Brasil, inabilitamos ou cassamos políticos sem condenação criminal, transferindo a pena que merecem para seus eleitores. A “democracia relativa” é aqui.

  7. A ANTUREZA DO PARTIDO DE VALDEMAR, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

    Enquanto Jair Bolsonaro digere sua inédita condição de inelegível e claudica para encontrar alguma forma de parecer uma liderança política digna de ser ouvida mesmo do porão da irrelevância, seu partido, o PL, já bate às portas do governo Lula da Silva para negociar cargos em áreas estratégicas da administração federal. Se ninguém é tolo em Brasília, menos ainda o chefão do PL, o notório Valdemar Costa Neto, e o presidente da República. A aproximação interessa aos dois.

    Como o Estadão revelou há poucos dias, Valdemar, nem bem o Tribunal Superior Eleitoral declarou Bolsonaro inelegível por oito anos, liberou os parlamentares da bancada do PL – composta por 99 deputados e 14 senadores – para negociar com o Palácio do Planalto a indicação de cargos e liberação de emendas em troca do apoio de ao menos parte do partido ao governo no Congresso, particularmente na Câmara dos Deputados.

    Nesse esforço de aproximação com Lula, o PL conseguiu emplacar o engenheiro Fábio Pessoa da Silva Nunes como diretor de Infraestrutura Rodoviária do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Não é uma conquista trivial. Em primeiro lugar, porque se trata de uma das mais cobiçadas diretorias da autarquia federal, por ser responsável pela manutenção de rodovias País afora e, consequentemente, por administrar um pomposo orçamento.

    Além disso, a posse de Fábio Nunes – aliado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ao qual serviu como diretor de Planejamento e Projetos Especiais do Ministério da Infraestrutura no governo Bolsonaro – marca a volta de Valdemar Costa Neto ao controle de áreas vitais do Dnit, espécie de “feudo” histórico do PL nos últimos governos.

    Essa relação entre PL e Palácio do Planalto é de aparente ganha-ganha. Ao PL, cuja imagem está hoje fortemente associada a Bolsonaro, interessa negociar com o governo Lula, por um lado, e deixar a cargo de seus parlamentares mais radicais, ainda ligados ao expresidente, o discurso raivoso de oposição. A Lula, por sua vez, interessa rachar o PL, a maior bancada da Câmara e uma das maiores do Senado, e ampliar tanto quanto conseguir o número de votos de parlamentares do partido em projetos de interesse do governo no Congresso.

    Até aí, jogo jogado. É a política seguindo seu curso natural após Bolsonaro virá-la do avesso ao longo de quatro longos e tenebrosos anos. A formação de coalizões de governo implica, necessariamente, compartilhamento de poder entre as forças políticas com representação na sociedade e, consequentemente, no Congresso. E partilha de poder se materializa, na prática, com essas indicações para cargos públicos e liberações de verbas. O busílis é em que base são feitos esses arranjos.

    Dada a névoa de suspeitas de corrupção no Dnit que pairam sobre as gestões do PL, não seria prudente reabrir uma fresta que seja da autarquia à influência do sr. Valdemar Costa Neto sem clareza. Lula decerto conhece bem os termos de suas alianças políticas. Mas quem também precisa conhecê-los é a sociedade.

  8. HADDAD E TARCÍSIO, CARA A CARA, por Eliane Cantanhêde, no jornal O Estado de S. Paulo

    A reforma tributária pôs cara a cara o ministro Fernando Haddad (Fazenda) e o governador Tarcísio Gomes de Freitas (SP). Um é do PT, nome forte do presidente Lula e chegou ao segundo turno da eleição à Presidência em 2018. O outro é do Republicanos e estreou na política já como candidato vencedor ao governo do principal Estado do País, graças ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Adversários em 2022 em São Paulo, são virtuais herdeiros do espólio de Lula e Bolsonaro e podem se enfrentar de novo em 2026.

    A votação da reforma consolidou a posição de Haddad como o maior articulador político de Lula e catapultou Tarcísio à política nacional, como líder de uma nova direita mais moderna e pragmática. O risco dele é perder o que já tem, ou tinha – o apoio de Bolsonaro – e não ganhar o que ainda não tem – a simpatia do centro e da maioria da centro-direita.

    Na reunião do PL ontem Bolsonaro assumiu o ciúme do sucessor natural e parte da bancada vaiou o governador. Tarcísio, porém, tinha de aproveitar a reforma para usar seus trunfos: o governo de São Paulo, o conhecimento do Congresso (foi assessor parlamentar) e a capacidade de aprender e se adaptar rapidamente. E, cá entre nós, é bom para o governador ser alvo de Bolsonaro. Mostra força.

    Há duas avaliações sobre suas articulações. Uma é de que ele desembarcou em Brasília disposto a marcar posição contra a reforma, mas teve de recuar para entrar em sintonia com sua base em São Paulo, onde as indústrias, o setor financeiro, a direita liberal e milhões de eleitores são a favor da reforma. A outra é de que ele já chegou ao debate disposto a aprovar a reforma, mas deixando suas digitais, ou seja, negociando mudanças.

    O fato é que Haddad e Tarcísio, apesar das eleições no ano passado, aproximaram-se, conversaram civilizadamente. Um episódio foi decisivo: no primeiro debate de 2022, Tarcísio jogou no ar contra Haddad a versão do “pior prefeito de São Paulo”, mas chegou ao segundo debate pedindo desculpas. Haddad gostou.

    Três outros fatores empurraram a reforma tributária na Câmara: o comando do presidente Arthur Lira, a opinião pública e os R$ 5,1 bilhões em emendas parlamentares, a velha “compra de votos”. Bolsonaro ficou falando sozinho, contra a reforma e tentando levar o debate para o campo do “governo contra oposição”. Venceu o coro de Lula, Haddad, Tarcísio, Lira e o relator, deputado Aguinaldo Ribeiro: revisar o cipoal tributário não é parte da guerra entre Lula e Bolsonaro, esquerda e direita, PT e PL, mas sim uma necessidade do País. E não é de hoje…

  9. O DUELO DE TITÃS AFUNDADOS, por Vinicius Torres Freire, no jornal Folha de S. Paulo

    No jorro de notícias e conversas fiadas sobre a Reforma Tributária, dá-se grande importância à pinimba entre Tarcísio de Freitas e Jair Bolsonaro. Hum.

    O capitão das trevas gostaria de derrubar a mudança dos impostos porque, quando não é um parasita, quer depredar “o sistema” ou espalhar imundície por onde quer que exista vida civilizada. Como Freitas passou a negociar um acordo com os adeptos da reforma, os Bolsonaro convocaram a seita deles para dar uma surra digital no governador de São Paulo, até a semana passada um vassalo nominal do bolsonarismo.

    O assunto tem ainda menos relevância prática do que essas conversas equivocadas e chutes sobre qual bem ou serviço vai custar mais ou menos com a Reforma Tributária, se o “streaming”, o bombom, o remédio, o jet-ski ou sei lá o quê. Não saberemos tão cedo. O assunto central não é esse, é a aprovação do imposto sobre valor agregado com a maior uniformidade possível. O resto vai depender da longa e complicada implementação da reforma, se passar.

    A implicação política mais importante da reforma, caso passe, seria o fortalecimento do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, “tudo mais constante”. Isto é, caso o governo não faça besteira maior ou consiga arrumar dinheiro para reduzir seu déficit; caso a economia mundial não vá para o vinagre ou os juros possam cair no mundo rico. Etc.

    A refrega e os prognósticos exaltados sobre a “divisão da direita” fazem a gente lembrar das peripécias da historinha de Sergio Moro.

    O ex-juiz foi escorraçado com humilhação do ministério de Bolsonaro em abril de 2020. Acusou seu ex-chefete de meter a mão na Polícia Federal. Foi ameaçado de linchamento virtual, tal qual Freitas. Mas, já em outubro de 2022, Moro estava nos debates dos candidatos a presidente, carregando a mala de Bolsonaro, quando foi comparado ao candidato Padre Kelmon.

    Sim, Moro não tinha alternativa política. Levara rasteiras vexaminosas de políticos profissionais e não conseguira ser candidato a presidente. A Lava Jato fora desmoralizada, em grande parte por obra de Moro, além de espezinhada pelo sistema jurídico-político. Não conseguiu ser candidato a senador por São Paulo. Elegeu-se pelo Paraná, no União Brasil, mas faz parte da turma do fundinho do Senado, isolado. Tarcísio de Freitas é governador de São Paulo.

    Sim, a situação política de Moro e Freitas foi diferente. Mas, em 2024 ou em 2026, sabe-se lá o que será de Bolsonaro e de Freitas, ex-coadjuvante de “lives” infames do presidente das trevas. Sabe-se lá se haverá justiça, se Bolsonaro acabará na cadeia ou banido por mais tempo das eleições.

    Quase impossível prever se Freitas vai conseguir escapar desse triturador de políticos e candidaturas que é o governo paulista. Se conseguir, pode até juntar a direita negocista mais normal, como está se arranjando na política desertificada de São Paulo, dependendo menos de Bolsonaro. Mesmo assim, pode não ter vontade de botar o nariz para fora na eleição de 2026 caso Lula 3 seja sucesso de público e crítica.

    Em resumo, pode ser que o capitão das trevas e o candidato a capitão da direita paulista até venham a se arranjar, a depender do interesse do negócio.

    Por ora, Bolsonaro não tem força política nem mesmo para influenciar o PL a fechar questão contra a Reforma Tributária. Não apita nada.

    O PL o guarda no banco ou quem sabe na geladeira, para ver se o ferrabrás das cavernas ainda será uma marca vendável nas próximas eleições ou um agitador de massas útil no caso de Lula 3 adernar. Por ora, não passa de um investimento que teve rentabilidade no passado, o que não é garantia de rentabilidade futura, como se lê em prospecto de aplicação financeira.

  10. BOLSONARO ESCOLHEU BOLSONARO, por Bruno Boghossian, no jornal Folha de S. Paulo

    Tarcísio de Freitas mostrou aos súditos de Jair Bolsonaro que o rei estava nu. “Eu acho arriscado para a direita abrir mão da reforma tributária”, disse o governador numa reunião do PL, ao lado do ex-presidente.

    Os dois buscaram rotas distintas no debate da reforma tributária. Fiel ao próprio personagem, Bolsonaro escolheu o caminho da oposição sistemática para atravessar os quatro anos de Lula. Tarcísio optou por algum verniz ideológico, até para fabricar uma marca que o diferenciasse, aos poucos, do antigo chefe.

    Se a colisão era inevitável, é revelador que ela tenha ocorrido menos de uma semana depois que Bolsonaro foi declarado inelegível. A celeridade da trombada pública entre padrinho e afilhado expõe um campo político tomado por desconfianças patológicas e ambições particulares.

    Bolsonaro não precisava partir para o ataque contra a reforma tributária, uma proposta que nasceu sem o carimbo da esquerda e que provavelmente seria aprovada com votos de partidos que eram de sua base aliada pouco mais de seis meses antes.

    O ex-presidente, porém, agarrou a primeira oportunidade que surgiu depois da derrota no TSE para tentar exibir algum poder de fogo. O objetivo inicial era demonstrar liderança sobre a direita bolsonarista, evitando um vácuo que poderia ser ocupado por nomes como Tarcísio.

    Bolsonaro também tenta usar o que chama de “reforma do PT” para preservar um certo monopólio do antipetismo. Enquanto parte da direita vota com o governo em algumas pautas (por convicção ou barganha), ele ensaia uma oposição obsessiva, em busca da credencial de única alternativa genuína a Lula.

    Aliados graúdos afirmam que Bolsonaro alimenta uma ilusão de voltar às urnas e vende a tese sebastianista de que os tribunais podem rever sua inelegibilidade caso Lula conduza o país a um desastre. É por isso, dizem esses políticos, que ele quer trabalhar contra o governo, evitar a nomeação de um sucessor e fechar portas para potenciais concorrentes. Bolsonaro escolheu Bolsonaro.

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