O brutal ato do monstro de Blumenau que assassinou quatro crianças numa creche particular em Blumenau na semana passada, agora está servindo de escudo para que a administração de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e de seu vice Marcelo de Souza Brick, talvez no PL, esconder e proteger o que vinham fazendo mal, e para aquilo que precisam dar explicações: as denúncias nos tais três vídeo-áudios que circulam por aí com conversas cabulosas do irmão de templo e ex-faz tudo de Kleber, o que correu dos holofotes sem dar explicações, Jorge Luiz Prucino Pereira, PSDB.
Estão criando cortinas de fumaças para continuar tudo como está: mal explicado. Por outro lado, a ideologia que acha que polícia resolve tudo, inclusive na educação, ajuda os dois nesta missão de nada se esclarecer o que não se fez e o que se faz mal na gestão de Kleber e Marcelo
De forma propositada, os políticos de Gaspar, disfarçado de jovens, mas antiquíssimos nas práticas, estão desviando à atenção de seus erros e incapacidades gerencias e de resultados inovadores e, indiretamente, vibrando na mesma onda da mesmice, fomentam e aplaudem a substituição nas escolas e CDIs a pedagogia do acolhimento e do saber pela polícia armada para o enfrentamento de um inimigo invisível e que eles próprios alimentam com estas ideias vagas. A foto que abre o artigo não deixa margem a nenhum retoque daquilo que se fez até aqui pelos nossos políticos e “çábios” em todos os cantos.
Pirotecnia pura dos políticos que não sabem mais o que fazer para não serem cobrados naquilo que falharam – e estão falhando aos olhos de todos, outra vez – exaustivamente durante longos anos. Até passeata vai haver para ter mais polícia nas escolas e não exatamente na cidade. Passeata para ter polícia e armas, mas não professores, aulas, contraturno, período integral, e inclusão por atividades de inblusão. É o rabo abanando o cachorro. Então tudo ainda vai piorar ainda mais. Saiu o saber, os técnicos, entram os políticos e suas jogadas para empregar os seus e emburrecer as pessoas para tê-las ao seu modo.
E a resposta deste erro também brutal – e monstruoso – veio já imediatamente nesta segunda-feira. Ele mostrou que o problema além de não ser só brasileiro e de país sub ou em desenvolvimento, não está apenas do lado de fora do muro das escolas como esta gente metida a “çabida” quer fazer crer aos analfabetos, ignorantes, desinformados e pais sob aflição. Parte deste problema, vem claramente da inércia dos nossos políticos e gestores públicos que rechaçam seus técnicos ou pela mordaça ou falta de contratação deles.
E a imprensa comendo bola dos políticos que a sustenta com migalhas enquanto os áudios que nesta porteira está se passando uma boiada de milhões, e daí o esforço para esconder tudo e parte da população sendo a fumaça que esses políticos ardilosamente estão criando
Qual era mesmo a manchete desta terça-feira e estranhamente, sem a mesma comoção da que ocorreu em Blumenau? Adolescente esfaqueia três colegas dentro da escola em Rio Quente de Goiás, em Goiás. E agora, “çábios”? Vocês que torceram o nariz para as notas do Trapiche desta segunda-feira que colou no artigo ENQUANTO A PREFEITURA DE GASPAR ARMA NA CÂMARA A CPI DO NADA, ELA CONTINUA PRODUZINDO CORTINAS DE FUMAÇAS PARA ESCONDER A INÉRCIA E A “CURA” DA DOENÇA CRÔNICA DO HOSPITAL
Sabem quantas interações do artigo de segunda-feira recebi no meu e.mail, dos que conhecem o meu whatsapp ou na área de opiniões deste blog? Sessenta e sete. Digo-lhes que é muito, pois opinar em público em Gaspar significa perseguição, vingança e até perda de emprego próprio e de seus no ambiente público – e que não é pouco.
Quantos concordaram comigo? Todos. Quantos pediram para deletar – depois da minha particular leitura -, ou esconder o comentário do público, ou o nome do autor no comentário – alguns deles contendo outras denúncias gravíssimas na área da educação de Gaspar? Todos.
E por ser expressivamente a maioria feita de gente que está em sala de aula, ou milita na política partidária que sustenta o atual governo de Kleber e Marcelo, ou até é mãe de aluno e não concorda com este espetáculo deprimente, mas com o que escrevi, tudo não só vai continuar não do jeito que está, mas piorar. Principalmente, em Gaspar!
O problema não é de polícia e a repressão fora e dentro da escola. O problema nste assunto particular e que se alastra para além de Blumenau, São Paulo, Rio Quente, Palmitos… é compreender e se inserir neste novo mundo para atacar o “vírus” que se estabeleceu neste corpo social inerte, de forma silenciosa, mas que nos mostra muito sintomas de uma doença mental grave. Há um tipo de Covid nos matando.
E os nossos políticos e gestores públicos são os negacionistas. Eles não querem a vacina minimamente protetiva. Querem que todos se contaminem, pois com todos contaminados, alguém vai sobrar vivo desta doença insana e previamente diagnosticada.
Precisamos de mais professores qualificados, atualizados aos novos tempos das mentes – inclusive doentias para diagnosticá-las, compreendê-las e encaminhar para tratamento -, mais auxiliares, mais coordenadores.
Precisamos de mais gente que fala a nova linguagem com cheiro de inteligência artificial, mais psicólogos atualizados, mais psicoterapeutas pacientes, mais convívio com este tal de “novo”, precisamos mais estudos – e conhecimento – para não perder o essencial desta doença emocional, da carência e da falta de perspectivas, mais ação dos entes que estão obrigados ao desafio neste papel e ganham muito por isso: a assistência social.
Assistência Social no mundo de hoje não é cabide de empregos para políticos sem ter o que fazer na vida. Não é um local de burocracia. Assistência Social é o que vai fazer a diferença nesta comunidade adoecida mentalmente. Assistência Social, por incrível que pareça, também não é assistencialismo dando cestas básicas a alguns escolhidos atrás de votos e dependência. Assistência Social é muito, mas muito mais: é inclusão, é transformação, é a recuperação da autodeterminação e da dignidade humana, vulneráveis ou não. Este mal não acomete só pobres materialmente. E conceituar desta forma, é outro tipo de doença e discriminação. Acordem gasparense.
E nada vai mudar, porque Kleber e Marcelo pensam dessa forma. E hoje, antes de mudar e proteger verdadeiramente crianças, a comunidade escolar e por amplitude a sociedade como um todo, eles precisam se proteger das acusações de gestão temerária do governo e dúvidas nos relacionamentos com empresários, fornecedores e investidores, como revelam os áudios. Daí a necessidade de criar espetáculos e espalhar fotos, fotos, fotos nas redes sociais como se estivem atrás de soluções, que na verdade não são soluções. Triste.
Polícia é para bandido. E se nas escolas os polícias são nossos heróis, salvadores e fortalezas no lugar dos professores e dos técnicos especialistas em prevenção emocional, estamos, ao mesmo tempo, atestando à nossa ignorância. Ou então, estamos falhamos, clamorosamente. Além de criarmos traumas emocionais, estamos deixando as crianças precocemente, se tornarem bandidas, definindo que a sociedade se salvará por si só no tal, infeliz e desgraçadamente, no dente por dente, olho por olho privilegiando os mais fortes, ou os encalacrados nas suas gangues, guetos, crenças e mundos muitos particulares.
Estamos estabelecendo o fim do senso de coletividade.
Há cavalos de troias destruindo as escolas, os estudantes, a sociedade e que nenhuma polícia, guarda armada ou segurança privada vai deter.
E os políticos por burrice ou por espertezas bem conhecidas e já relatadas aqui, teimam em não os enxergar. Ao contrário, com estas medidas paliativas, populistas, ineficazes, cheias de marketing glamouroso da enganação, os alimentam.
A polícia e até a segurança privada, possuem um papel relevante na comunidade na prevenção com a inteligência que é fator fundamental na sua modernização e até na coerção e privação de liberdade quando há exigências extremas. É lá que elas deviam estar sendo reforçadas.
Entretanto, ela nuca poderá meter medo aos alunos sob o disfarce de proteção, ou então substituir professores, pais cada vez mais ausentes na educação de seus filhos, famílias desestruturadas que desastradamente influenciam na formação moral, educacional e estabilidade emocional de seus filhos ou tutelados, isto sem falar nos conteúdos e jogos de internet que fazem a cabeça de mentes vazias ou “mal monitoradas”. eles continuarão, cada vez mais agressivos e são incontidos. Então, tudo tende a piorar se a receita for só polícia e arma.
Desde que aconteceu o acidente em Blumenau., Kleber, Marcelo e o curioso em educação, que toca a área por aqui a mando do prefeito de fato de Gaspar, o deputado Federal dos Ismael dos Santos via o jornalista Emerson Antunes, de Blumenau, nada, repito, nada falaram em dar um basta na falta de professores depois de quase três meses das aulas terem iniciado. Isto sim, leva a ociosidade dos alunos. Isto é flertar com o perigo. É alimentar uma ação fora do eixo da normalidade. Estes são os nossos políticos que nos enganam com disfarces calculados pela marquetagem, pelas fotos, pela mídia social, a mesma que anima mentes doentes e que querem combater com polícia e armas.
Kleber, Marcelo, Emerson e Salézio Antônio da Conceição, PP, – o secretário de Assistência Social que não sabe bem o que é isso – não falaram nada em criar – aquilo que já devia ser um exemplo por aqui há anos – escolas em tempo integral, implantação do contraturno e criar programas de inclusão na área cultura e social? Falta vontade. As vezes falam que falta dinheiro. I-na-cre-di-tá-vel…. Quantos vereadores da base de Kleber, Marcelo, Emerson e Salésio falam sobre isto?
E nele temos um exemplo de como as coisas na área de educação e vulnerabilidade caminha para trás e é premiada pelos políticos e a sociedade. Uma ex-secretária de educação, Zilma Sansão Benevenutti, MDB, botou o Ideb, bem antes da pandemia para trás em Gaspar. E a cidade do atraso ao invés de dar um recado duro, a elegeu uma amorfa vereadora, e agora a quer liderando o diretório do MDB, em decadência e com a articulação do prefeito Kleber. Tudo a ver. Entenderam onde estamos metidos neste túnel do atraso.
Estes mesmo que não conseguem avançar em ocupar o tempo das nossas crianças e jovens, que falam que não há dinheiro para o básico nessa aposta competitiva e humana, estão falando de polícias, muros altos, cadeados – que custa muito dinheiro também – e não de professores e especialistas em comportamento antissocial, em verificação das carências dos lares desses alunos que poderão ser a bomba armada no dia a dia das escolas. É a escolha do desperdício.
Precisamos de mais polícias, mas não nas escolas. Se polícias e câmara contra agressões e vandalismo resolvessem, porque não se acabou com o vandalismo diário do recém-inaugurado Mirante que se tem na Rua Aristiliano Ramos, bem defronte aom prédio da prefeitura?
Nas escolas precisamos de mais professores e especialistas em comportamentos de crianças e adolescente para fazer com eles algo que gere pertencimento e futuro. Precisamos que despolitização na Educação e na Assistência Social. Precisamos da profissionalização Assistência Social, cujo titular não resiste a uma pergunta técnica e primária da área. Acorda, Gaspar!
TRAPICHE
Não apareceu mais vídeo-áudios depois dos três que circularam entre nós, revelando conversas de relações cabulosas entre e com políticos locais. Ninguém está esclarecendo dúvidas. E tudo se faz para abafar. Nem os autores que prometiam mais 15, repito, 15, sumiram. A conversa é que se tratava de uma chantagem para o acerto do grupo que tinha se dividido.
Tudo para nenhum deles ficar com a maior fatia e todos perder muito, mas muito desde a reputação até milhões. Vergonha.
A suposta ida do vice-prefeito de Gaspar, Marcelo de Souza Brick, para o PL, não foi do agrado do governador Jorginho Mello, PL. quem ficou ainda mais mal na fita com o governador, foi o deputado Ivan Naatz, PL, de Blumenau.
Jorginho queria o PL na cabeça com Rodrigo Boeing Althoff, PL, até então amigo de longa data de Ivan, e um do MDB de vice,. Este fato por si só, mostra à decadência do MDB por aqui, o que imita Blumenau, o desaparecido há anos, sem candidato a nada e sem vereador.
Se a eleição a prefeito fosse hoje, Ivan não seria o candidato do PL em Blumenau. E se a eleição fosse hoje, a dupla sonhada pelo governador em Gaspar – onde também não devia se meter – teria dificuldades de se eleger por aqui, diante do desgaste do governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e ao mesmo tempo, provaria que Rodrigo se esforçou para não enfrentar de verdade Kleber na eleição de 2020, como quase todos do seu entorno próximo suspeitavam, bem como se escondeu até agora em apontar a governança errática de Kleber e Marcelo contra a cidade e seu futuro
Patéticas. Estes são os resumos das supostas prestações de contas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, PT, e do governador Jorginho Mello, PL, dos 100 dias de governo. No caso de Lula ele requentou o velho. No caso de Jorginho, nem isso. O que ficou claro para ambos? A falta de futuro, inovação e transformação. São políticos velhos e discursando como se todos nós fôssemos analfabetos, ignorantes e desinformados. Acorda, Gaspar!
4 comentários em “COMO UMA DESGRAÇA É USADA PELO MARKETING DOS POLÍTICOS E GESTORES PÚBLICOS EM GAPAR PARA DISFARÇAR E ESCONDER ERROS E SUAS INCAPACIDADES EM PROPOR TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS”
A HORA DO TROCO, por Willian Waack, no jornal O Estado de S. Paulo
A vida deu a Lula a oportunidade de dar o troco a quem ele entende que lhe causou algum mal. Com a viagem à China, chegou a vez dos americanos.
O presidente acha que o governo americano estava implicado na Lava Jato, visando destruir a capacidade de concorrência internacional de empreiteiras brasileiras. De qualquer modo, na visão lulista, os “loiros do Norte” sempre se dedicaram a impedir o desenvolvimento das potências do Sul, como o Brasil.
Vem dessa visão de mundo boa parte da postura de passar o pano na brutal agressão russa à Ucrânia. Pois, se os americanos estão apoiando um lado, só pode ser em interesse próprio, e quem se opõe à hegemonia imperialista gringa (como a Rússia) só pode estar do lado certo.
A expansão das relações do Brasil com a China é a bofetada perfeita aplicada onde dói. No lote de documentos confidenciais do Pentágono vazados recentemente está a preocupação americana com acordos secretos entre a China e a Nicarágua – fora a notável ampliação da presença chinesa na Argentina, entre outros.
Nesse conjunto de papéis confidenciais está o registro de como os russos receberam a genialidade de Lula de propor um “clube da paz” de países neutros para mediar a guerra na Ucrânia, em associação com a China: como forma de se quebrar o paradigma ocidental de agressor (Rússia) e vítima (Ucrânia).
O fortalecimento das relações com a China, com a assinatura de mais de 20 acordos, vem embalado como defesa de interesse nacional. De fato, sendo a China do ponto de vista comercial tão relevante para o Brasil, como não se aproximar dela?
Ocorre que a essência da questão internacional colocada hoje é geopolítica, e não simplesmente comercial. É situação substancialmente diferente daquela de 20 anos atrás, quando a China chamava a atenção por crescer muito. Com a Rússia, uma potência que lhe é subordinada, o que a China pretende hoje é quebrar os 70 anos de ordem internacional garantida sobretudo pelos Estados Unidos.
Vem daí o grande problema em manter a tal “equidistância” entre potências gigantescas em pé de guerra (talvez seja um problema insolúvel). Sistemas internacionais sempre dependeram de algum ordenamento, imposto e mantido por uma ou por um conjunto de potências. China e Rússia consideram que o atual ordenamento é prejudicial aos seus interesses. Na prática, o Brasil indica o mesmo.
A atual liderança chinesa quer dar o troco por 150 anos de humilhações impostas por potências ocidentais (na Rússia, ela já conseguiu). O Brasil é uma potência média regional muito vulnerável, mas Lula acha que chegou a vez dele também.
para os “çábios” da prefeitura de Gaspar, os quais estão escondendo às deficiências e mazelas com pirotecnia marqueteira, lerem
COMO PROTEGER ESCOLAS, editorial do jornal Folha de S. Paulo
De 2002 a julho de 2022, aconteceram 13 ataques em escolas do país. A partir de agosto do ano passado, teve início uma escalada: nove ataques até março, e três só em abril.
É natural que a população fique comovida, indignada, com medo. Contudo é papel do poder público agir de modo racional, com base em evidências. A sociedade pode ser passional, o Estado não.
O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), anunciou que pretende colocar uma pessoa armada em cada escola do estado. A ideia é contratar policiais aposentados para cumprir a função.
Os EUA, que convivem há mais tempo com o problema, já testaram esse tipo de combate. Mas há pouca evidência de que ele de fato impeça ou contenha massacres.
Desde a tragédia na Columbine High School (Colorado) em 1999, considerado marco da violência escolar naquele país, foram registrados 377 incidentes do tipo, mesmo com o aumento contínuo de mecanismos de controle.
De 2017 a 2021, o investimento americano em segurança escolar cresceu 14%, chegando U$ 3,1 bilhões. Entre 2017 e 2018, metade das unidades de ensino tinha controle total do acesso a suas dependência, incluindo detectores de metais; hoje, são dois terços. Ademais, em 51% delas há vigilantes munidos com armas de fogo.
Dos últimos 24 anos, entretanto, aqueles em que registraram mais ataques foram 2022 (47 casos) e 2021 (42) —período no qual a estrutura de segurança, até mesmo a armada, estava consolidada, com recorde de gastos.
Pesquisa publicada em 2019 no Journal of Adolescent Health analisou 179 tiroteios de 1999 a 2018 e concluiu que manter guardas armados não reduziu a letalidade.
Já estudo do Instituto Nacional de Justiça dos EUA, de 2021, cobriu os incidentes entre 1980 e 2019 e verificou que o número de mortes em escolas com agentes armados era quase o triplo do ocorrido naquelas sem esse tipo de proteção.
Especialistas apontam que, apesar de efeitos positivos, como reduzir brigas entre alunos, a presença de guardas armados não é a única medida, nem a mais efetiva, a tomar. Uma opção, por exemplo, é criar canais seguros de denúncias —estima-se que, em 4 de cada 5 casos, alguém conhecia de antemão os planos do criminoso.
Trata-se de um fenômeno nefasto e de difícil combate, dada a complexidade de fatores. Há várias alternativas de resposta, com dados a sustentá-las. Espera-se que o poder público as combine de modo eficiente para proteger a vida de alunos e professores brasileiros.
DESENROLA, LULA, por Elio Gaspari, nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo
Dirigindo-se ao ministro Fernando Haddad, Lula disse:
— Vamos desenrolar, pelo amor de Deus.
Referia-se ao programa destinado a permitir a renegociação das dívidas de 37 milhões de pessoas que, segundo a estimativa oficial, estão com o crédito sujo.
Promessa de campanha, a ideia ganhou um nome, “Desenrola”. A ideia dos marqueteiros não podia ser melhor. Faltava o programa.
Em fevereiro, Haddad informou que ele seria anunciado logo. Há dias, o ministro revelou que “estamos com um problema operacional, que é fazer o software para o credor encontrar o devedor”. À parte o fato de o credor quase sempre saber onde está o devedor, essa explicação parece insuficiente. Certo mesmo é que o simples anúncio da ideia estimulou o calote de quem prefere esperar o alívio.
O professor Delfim Neto já resumiu a essência da arte de administrar:
— Você tem que abrir a quitanda de manhã, colocar as berinjelas no balcão e conferir o caixa para ver se há troco para as freguesas.
O governo promete uma nova âncora fiscal e uma reforma tributária. Na lógica de uma quitanda, quer reformular a lista de fornecedores e refazer o cálculo dos preços que cobra. Berinjelas, nem pensar.
Na segunda-feira, quando Lula pediu a Haddad que desenrole o “Desenrola”, a íntegra de sua fala foi logo distribuída. Como o pedido veio num momento de improviso, um problema operacional deixou de registrá-lo.
Encantado com sua própria voz, Lula repetiu que “o Brasil voltou”. De fato, o país vive novos tempos, mas, por serem novos, não são necessariamente eficientes. É nos improvisos de Lula que estão as surpresas. Ele citou o caso de uma empresa que está se instalando perto do aeroporto de Brasília, podendo vir a congestionar o trânsito de caminhões. Dirigindo-se ao ministro Márcio França, de Portos e Aeroportos, pediu:
— É importante que essa empresa habilmente seja convidada a procurar outro trajeto.
Como? França manda nos aeroportos, quem manda na empresa é o empresário, e na malha de Brasília manda o governador do Distrito Federal.
Lula fica à vontade quando volta a reclamar da taxa de juros. Essa é sua zona de conforto desde os primeiros dias. Afinal, a Selic é fixada pelo Banco Central, e ele é autônomo. Em 2003, durante os seis primeiros meses de seu primeiro governo, o Banco Central não tinha autonomia legal, e a Selic ficou acima dos 25%. Naquele ano, a taxa média do juro real foi de 13%. Bem acima dos 8% de hoje. Só quem reclamava era o vice-presidente José Alencar.
Seria exagero dizer que o governo não tem rumo. Ele tem e, pelas intenções, é bom. Seu problema está no excesso de confiança nas promessas. Lula, em particular, investiu-se de uma autoridade imperial. Dirige-se aos ministros em reuniões públicas como um mestre-escola. Afinal, uma empresa instalando-se perto do aeroporto de Brasília não é assunto para uma reunião com 37 ministros. Essa postura serve para enrolar quem acredita na boa intenção do presidente e se convence de que os problemas estão no funcionamento da máquina.
O programa Desenrola é uma boa ideia. A enrolação veio do próprio governo, anunciando prazos irreais. Felizmente, até agora ninguém sugeriu que ele está travado por culpa do Banco Central.
Diferente da pirotecnia dos políticos conservadores e manés da aldeia do atraso – e que estão fazendo marketing com a desgraça de inocentes ao invés de usar a ciência para diagnosticar e propor soluções técnicas – , o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, PT, ameaça tomar outro rumo neste assunto que faz de pessoas aparentes normais, mas de cabeça fraca, delinquentes inconsequentes em viagens no mundo do mal
PREVENIR ATAQUES É MISSÃO DE TODOS, por Vera Magalhães, no jornal O Globo
O governo Lula resolveu adotar o que chama de ação emergencial para obrigar as plataformas digitais a agir para moderar ativamente conteúdos que contenham pregação de violência contra crianças e jovens em ambiente escolar e para retirar do ar, quando solicitadas, páginas, perfis e postagens que propaguem apologia a ataques desse tipo.
O que chama a atenção, pela gravidade, é a postura reativa de algumas companhias, notadamente o Twitter, diante da escalada nítida de ameaça e o alastramento do incentivo a esse tipo de crime nas últimas semanas.
Desde que foi comprado pelo bilionário Elon Musk, o Twitter vai caminhando a passos largos para se tornar uma terra de ninguém em termos regulatórios. É claro o objetivo de Musk de promover a redenção da extrema direita norte-americana ligada, na origem, a Donald Trump, mas ramificada em subgrupos ainda mais radicais e violentos, propagadores de ideias supremacistas e apologéticas à violência contra grupos como mulheres, negros, LGBTQIAP+ e outros. Esses grupos vinham sendo banidos ou sua atuação vinha sendo bastante limitada pela empresa antes de ela mudar de mãos.
Com a chegada de Musk, outra investida do Twitter passou a ser na estigmatização, quando não franca perseguição, à imprensa profissional. Os conteúdos de veículos jornalísticos passaram a se perder no fluxo que a rede oferece ao usuário, as verificações de contas autenticadas viraram um selo pago em dólares, e as credenciais de empresas que se recusam a aderir à política são suprimidas, como aconteceu com o The New York Times há algumas semanas.
A isso se somam iniciativas sórdidas, comemoradas com sarcasmo pelo próprio Musk, que demonstra ter no Twitter seu brinquedinho ideológico. É dessa natureza a “trollagem” de responder a questionamentos destinados aos canais para atender a mídia com emoji de fezes, o que ocorreu com todos os que tentaram denunciar a profusão de perfis com apologia a ataques em escolas que invadiu o Twitter.
Diante de tal show de horrores e da franca disposição da empresa em retirar de cena todos os seus postos de compliance e mediação com as autoridades e a imprensa brasileiras, trocando-o os por esses canais-fantasmas, é acertada a iniciativa do Ministério da Justiça de baixar uma portaria instando o Twitter a retirar do ar conteúdos com apologia a crimes violentos em escolas e a promover a verificação ativa das contas que os propagam.
A discussão sobre a responsabilização das empresas de tecnologia e redes sociais pelos conteúdos que propagam crimes, discurso de ódio e ameaças à própria democracia é complexa, está só começando e se desenrolará no Congresso, por meio da discussão de um projeto de lei em tramitação na Câmara, e no Supremo Tribunal Federal, depositário de diversas ações sobre o assunto. O governo participará do debate com sugestões já enviadas ao deputado Orlando Silva (PCdo B-SP), relator do PL 2630.
Mas a portaria atende a uma emergência. Desde os últimos ataques em escolas e numa creche em Blumenau, o efeito contágio se alastrou, com contribuição fundamental das redes sociais, de forma a desencadear uma onda de boatos que levou pânico a comunidades escolares em todo o Brasil. Menções a ataques sangrentos como o de Columbine, nos Estados Unidos, levam à difusão de ameaças da repetição em série no Brasil.
Que empresas de mídia deem de ombros cinicamente a algo de tal gravidade e aleguem o respeito aos termos de uso para se negar a retirar do ar páginas que tratam assassinos de crianças como heróis e mártires justifica plenamente a ação emergencial do governo. Justificaria a de qualquer governo em qualquer país.