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COMEÇOU A ELEIÇÃO DE 2024 EM GASPAR. ENTÃO COM ELA A DISSIMULAÇÃO, A TRAIRAGEM E A ESPERTEZA QUE VEM ENFRAQUECENDO OS NOVOS PODEROSOS E POLÍTICOS PROFISSIONAIS

Hoje deveria estar escrevendo sobre os resultados das eleições de ontem? Deveria! Penso, todavia, seria mais um num mar de mesmices e controvérsias. É preciso deixar sentar esse pó no fundo desta xicara de café, como dizia meu falecido pai de quem herdei o nome. Até vou dar pinceladas, mas com mais vagar e naquilo que os afoitos, fanáticos, cegos e radicais que ganharam e perderam não conseguem enxergar e refletir. Hoje é dia de olhar a aldeia. Ela está envolta numa briga intestinal, a qual se escondia no alvoroço das eleições de dois de outubro e da que aconteceu ontem.

Então, vamos em frente. Porque talvez o tapete seja movido ou será sacodido para ver o que se esconde debaixo dele.

Finalmente, na sexta-feira passada, saiu nas redes sociais do próprio secretário de Planejamento Territorial, Jean Alexandre dos Santos, MDB, que ele não é mais secretário. Notícia velha. A imprensa até registrou, e tardiamente. E só depois que o gabinete do prefeito disse que era permitido publicar tal informação. Esta mesma imprensa, por enquanto e talvez para sempre, não deu uma pio sequer deste bastidor. E não poderá dá-lo, sob pena de perder as verbinhas da barrosa. Meus leitores e leitoras já sabiam deste desfecho há pelo menos 70 dias. Era a notícia oficial mais esperada, há meses, como parte de uma suposta reestruturação administrativa e política no paço municipal de Gaspar. 

Estou de alma lavada. O que se negava sucessiva e oficialmente, mais uma vez se confirmou. Gente amadora. Só é profissional e maldosa para tapar a boca da minha livre expressão. E ainda se finge de próximo e vive com a mão do arbítrio escondida, como se eu fosse algum ingênuo.

Retomando. Na verdade, como escrevi no início do artigo, de que não se trata de uma reestruturação, e sim de uma reacomodação de poder e que na verdade se move, sorrateiramente, desde que o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, foi reeleito. Há rupturas. Há mágoas. Há disputas. Há ameaças. É um jogo pesado, incluindo vaidades de quem não é político e nem está efetivamente no governo.

Finalmente, na queda de braço entre o prefeito e o seu atual vice que Kleber e seu grupo de “çábios” arrumou para não ter problemas de votos em 2020, Marcelo de Souza Brick, então no PSD e agora provisoriamente num tal de Patriotas, estão, ambos, claramente em lados opostos. Marcelo vai agora fingir que não faz parte dos problemas da gestão em que ele é parte. Só para ter discurso, palanques e aliados para 2024. Kleber vai fingir que terá uma suposta independência política, pois a dependência a esquemas de poder até então mostrou que 16 anos de militância política não o permitiu sequer viabilizar como candidato a deputado estadual.

Esta mudança vai obrigar o novo prefeito de fato de Gaspar, o deputado estadual e eleito Federal, Ismael dos Santos, PSD, a agir e preencher espaços daquilo que não deu certo, ou está se enfraquecendo por diversas razões mal calculadas e trairagem, tão comuns neste ambiente toxico da política partidária e do poder em si, contaminado pela religião e a família. Tanto que Kleber já anunciou que cumulativamente, que o cargo de Alexandre estará nas mãos do secretário da Fazenda e Gestão Administrativa, Jorge Luiz Prucinio Pereira, todos irmãos de mesmo templo de denominação neopentecostal. Esta pasta foi criada na cara reforma administrativa de 2017 aprovada pela Câmara para satisfazer o então prefeito de fato, Carlos Roberto Pereira, ainda hoje, presidente do MDB e que vê o partido por aqui, se tornar algo inexpressivo como é o de Blumenau, para o qual diz se espelhar. 

Aliás, Carlos Roberto foi o primeiro a ser tirado da barca que ele próprio criou como plano de poder lá em 2012 para uns 20 anos com o próprio Kleber e o viu se concretizar em 2016 com a eleição de Kleber a prefeito, unido mais uma vez, o então arquirrival PP e que deu o fiel – e calado – vice Luiz Carlos Spengler Filho. A fórmula do poder a qualquer preço, todavia, está custando caro hoje ao próprio MDB de Gaspar. Afinal, a fidelidade de Kleber nunca foi ao partido em si, mas a igreja, à família e um punhado de aproveitadores que em qualquer político eleito, sente o cheiro do mel e grudam nele até acabar com ele (o político e o mel).

A foto da despedida de Jean Alexandre não deixa nenhuma dúvida. Ele – um aparentado do presidente do MDB e que esteve por detrás desta ideia de Marcelo candidato pelo Patriota – foi o coordenador da campanha mal-arranjada e sucedida de Marcelo a deputado estadual. Jean (de camisa verde, está ao lado de Marcelo, o de camisa branca e o primeiro a esquerda da foto) paga o preço do enfrentamento arquitetado por uma parte do MDB de Gaspar a Kleber e seu grupo, que no fundo, como prova-se nesta eleição, nunca foram identificados com a raiz do MDB de Gaspar.

A aventura e aposta – da candidatura de Marcelo – tinha um preço. E Jean já tinha sido cobrado. Agora veio a fatura. E na foto, Marcelo está todo pimpão se despedindo do secretário lá na secretaria e avisando: “estamos junto nesta”. Entretanto, esta saída, não é tão pacífica como se aparenta e até porque estou esclarecendo aquilo que nos bastidores é assunto predileto. Se não se cuidar com os próximos lances e continuar a dar ouvidos para os que cuidam da vaidade do entorno familiar, Kleber terá que lidar com escândalos. Este é o recado que também há neste embate ou nesta sinuca de bico. Como são do ramo, vão encontrar um acerto. E todos ficarão felizes. Acorda, Gaspar!

TRAPICHE

Há quase um ano o Gaeco em Florianópolis analisa, analisa, analisa denúncias de supostas irregularidades na gestão de Gaspar. Até agora nada. Devia esclarecer que nada encontrou e dar por encerrada a análise. Ficaria melhor.

A demissão de Jean Alexandre dos Santos, MDB, era faca no pescoço do prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, dos investidores e empreiteiros na área imobiliária. Eles confiaram em soluções criadas fora do ambiente legal constitucional, com aval inclusive da Câmara, e que foram abortadas pelo Ministério Público Estadual. E não toleravam os prejuízos que só eles estão bancando.

O ex-vereador, o ainda líder comunitário do Barracão, em Gaspar, o octogenário Moacir Barbieri, enfrentou cara a cara – e como poucos – o secretário de Obras e serviços Urbanos, o agente de trânsito concursado, ex-vereador e ex-vice-prefeito, Luiz Carlos Spengler Filho, PP. “Seu pai podia não entender, mas sabia ouvir”, referindo-se ao falecido Luiz Carlos Spengler, que também já foi vereador e também vice-prefeito de Gaspar, ao tempo de Tarcísio Deschamps, o que é hoje PP e presidente do Samae, ao tempo de Adilson Luiz Schmitt, sem partido.

É que a prefeitura entregou bem recentemente a drenagem e a pavimentação da Rua Vicente Lino Alberici. Lá, até então, não havia cheias decorrentes de enxurradas. Agora, com a obra que era para facilitar ainda mais o escoamento, entrou água até meio metro em casas e comércio. Luiz Carlos acha que isto é normal. Moacir subiu nas tamancas por si e pelos da região.

A eleição de ontem mostrou que o bolsonarismo veio para ficar. Mas se quiser continuar uma opção dos conservadores – e que são maioria no Brasil – não poderá ser com as doideiras e radicalismo sem causa do presidente Jair Messias Bolsonaro, PL. Dependendo do que fará em São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas, será o nome da vez dentro do bolsonarismo.

Se não se atentar para o pragmatismo, o bolsonarismo flertará com a derrota para Geraldo Alckmin, PSB, Eduardo leite, PSDB e até Romeu Zema, Novo.

O bolsonarismo criador das redes sociais de combate que desmancha reputações e espalham fake news, decisivas na eleição de Jair Messias Bolsonaro, então no PSL, em 2018, teve que conviver com a contraofensiva do deputado Federal mineiro, André (Luiz Gaspar) Janones, Avante. A rede do vereador carioca Carlos Bolsonaro, Republicanos, ao invés de ditar as regras como fazia, passou a ter que se defender das invencionices de Janones. E aí se perdeu.

Jorginho Mello, PL, é governador de Santa Catarina. Ele não é bolsonarista raiz. É só olhar a sua trajetória política. Mesmo não tendo adversário, não conseguiu se estabelecer num discurso de estadista, mas de um desesperado atrás de votos como se estivesse perdendo a corrida. E ganhou de Jair Messias Bolsonaro, PL. Jorginho 70,69% e Bolsonaro 69,27% dos votos válidos. Ainda para comparar e ver como se perdeu votos. Em 2018 Carlos Moisés da Silva teve 71,09% e Bolsonaro, 75,92%, ambos pelo finado PSL, dos votos válidos.

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2 comentários em “COMEÇOU A ELEIÇÃO DE 2024 EM GASPAR. ENTÃO COM ELA A DISSIMULAÇÃO, A TRAIRAGEM E A ESPERTEZA QUE VEM ENFRAQUECENDO OS NOVOS PODEROSOS E POLÍTICOS PROFISSIONAIS”

  1. É HORA DE CONCILIAÇÃO E DE PETISTAS E BOLSONARISTAS VOLTAREM A SEREM APENAS BTRASILEIROS, por Eliane Cantanhêde, no jornal O Estado de S. Paulo

    A eleição foi muito tensa e acabou bem apertada, mas é hora de conciliação, de pacificar o país, acalmar os ânimos e arregaçar as mangas para aquecer a economia, com inclusão social e bem-estar geral, ouvindo o clamor do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva pela união do Brasil.

    “Quero que famílias e vizinhos voltem a conversar. Pode ser bolsonarista e lulista, não pode mexer com nossa relação pessoal, familiar. Meu compromisso é com a harmonia na sociedade brasileira”, disse Lula ao votar, antes de o País saber da ação nefasta da PRF, nitidamente para dificultar o voto de eleitores lulistas.

    A manifestação dele, além de revelar certeza na vitória, é um apelo para a união nacional, com um governo muito além do PT (gostem ou não os petistas radicais) e remete para a minha experiência no primeiro turno. Num bairro e num DF onde Jair Bolsonaro foi majoritário, um bolsonarista, sabendo que eu tinha de correr para o aeroporto e para o Rio, para uma cobertura difícil, até de madrugada, articulou para eu passar na frente. Bolsonaristas e petistas, unidos num gesto de gentileza e fraternidade. Foi emocionante. Esse é nosso Brasil, generoso, miscigenado, acolhedor.

    Vamos deixar mágoas e rancores de lado, respeitando o direito do outro de votar, mesmo que o voto em Lula pareça absurdo para um bolsonarista e o voto em Bolsonaro, para um lulista. Daqui a vinte anos, a história dirá quem tem motivo de orgulho.

    Torcida para dar certo não significa, porém, carta branca para o futuro presidente, qualquer que fosse ele, fazer o que bem entende. É preciso, sim, um compromisso contra a violência, o ódio e a intolerância, como pediu o Papa Francisco aos brasileiros, mas sem abdicar do direito e do dever de acompanhar e vigiar as decisões do presidente, os rumos do governo, o equilíbrio republicano, o respeito à independência dos Poderes, as negociações com o Congresso.

    Eleições e governos vêm e vão, mas as prioridades do País continuam: democracia, igualdade, justiça e dignidade. A vigilância também, e isso vale principalmente para a mídia, que, tão atacada, é fundamental para jogar luzes sobre a realidade e combater as fakenews, uma das mais assustadoras ameaças do nosso tempo.

    Bom terceiro governo para Lula, paz e reflexão para Bolsonaro, juízo e moderação para os dois lados e que os próximos anos sejam de transição, com menos fome e violência e mais saúde e educação. Jamais seremos uma democracia plena com nosso povo na miséria. Vai firme, Lula! E lembre-se do que já admitiu antes: você não tem (mais) o direito de errar.

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