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COM OITO ANOS DE ATRASO, POLÍTICOS DE GASPAR E BLUMENAU FAZEM ESPETÁCULO AOS ELEITORES E ELEITORAS ESTASIAREM COM OS TRUQUES DO ILUSIONISMO PRÉ-CAMPANHA

Sexta-feira passada. 2024 ano de eleições municipais. O prefeito de Blumenau, Mário Hildebrandt, PL, o de Gaspar, Kleber Edson Wan Dall, MDB, o vice Marcelo de Souza Brick, PP – em campanha para sucedê-lo e com apoio do poder de plantão -, bem como os vereadores daqui, Giovano Borges, PSD, representando o bairro Bela Vista, beneficiado pela “novidade de barbas brancas”, bem como o Ciro André Quintino, MDB, em atávica campanha midiática para se reeleger vereador, tomaram o ônibus da linha 507 no terminal em Blumenau e finalmente desembarcaram no Instituto Federal de Santa Catarina, no Bela Vista.

Patético. Uma cena com oito anos de atraso. E emoldurada por gente que não usa os ônibus coletivos. Simples assim! Os políticos, do mesmo espectro político, repentinamente, “resolveram” o crônico problema de mobilidade urbanos para os alunos de Blumenau, principalmente, em educandário gasparense, coincidente e exatamente em ano de eleições nas duas aldeias. Parte dos moradores do bairro que trabalham em Blumenau podem ser beneficiados.

No ônibus, tomado de políticos e principalmente, de assessores deles para filma-los, fotografá-los e “entrevistá-los”, para depois entupir as redes sociais, aplicativos de mensagens e até imprensa de imagens, textos, registros e discursos das conquistas de seus chefes. E foi. Mas, esta “conquista” também foi, exageradamente, tardia demais. E no fundo quem mais ganhou com ela, foi Blumenau. É de lá que vem – e vai – a maioria dos estudantes do IFSC. Ela estava pagando duas passagens (a Verde Vale em horários e condições precárias e ao Consórcio Blumob para se integrar no sistema blumenauense). Por enquanto, só ganham o subsídio da meia gratuidade os estudantes que provarem que morarem lá.

Vamos à primeira parte espetáculo dos políticos.

O trecho onde estão entrando os ônibus urbanos de Gaspar para irem a Blumenau ou vindo de lá é concessão interestadual. E quem a detém é a gasparense Viação Verde Vale. Ela vai mal das pernas e exigia, o direito pleno desta concessão estadual. Afundou-se os caminhos de Florianópolis para tirar o direito dela. A precariedade dos serviços da Verde Vale sempre era a questão de fundo e a acusação dos comunitários, dos políticos daqui. E e a Blumob alegando as suas questiúnculas para não se meter neste vespeiro.

O que mudou, então e tão de repente? Ninguém explica à mágica solução “encontrada” de uma hora para a outra. Quem cedeu, o porquê disso, quanto custou isso e quem está arcando com estes custos? Ou se a quebrada Verde Vale, vai perder mais receita naquilo que está ávida para se salvar econômica e operacionalmente.

Oito anos de diz que me disse, para só às vésperas das eleições municipais os políticos, em desespero com seus eleitores e eleitoras encontrarem a solução que não conseguiram durante esse tempo todo? Estranho. Muito estranho. Tão estranho que esta entrada dos ônibus do sistema urbano de Blumenau já era permitida ao tempo em que havia o falido Consórcio Siga por lá. Nele, por exemplo, a Verde Vale era parte dele com as blumenauenses Glória e Rodovel.

E agora, a segunda parte desse espetáculo de ilusionismo para analfabetos, ignorantes, fanáticos e os obrigados a adorar políticos no poder de plantão.

Ele mostra à ausência de líderes que possam enxergar as ações comuns de uma teórica região metropolitana. Nela, a mobilidade urbana integrada entre os municípios é parte essencial, assim como a Saúde, a destinação do lixo, a implantação e operação do saneamento básico, a captação, produção, distribuição e contingência de água tratada, a educação para suprir demandas e afastar as crianças das ruas e o ócio criminoso da internet, a assistência social, a Defesa Civil em tempos de severidade climática e piorando cada vez mais, o ordenamento da ocupação do solo e até Segurança Pública, que é, neste caso, de competência estadual.

Nem vou longe no exemplo de mobilidade urbana. Mas lembro o que moveu Balneário Camboriú, Camboriú, Itajaí e Navegantes na preservação da sua conurbanidade. Para isso, com projeto aprovado, como se metropolitana a região da foz do Itajaí fosse, estes municípios, com aval dos governos estadual e federal, estão acessando um bilionário empréstimo internacional para resolver seus problemas em eixos integrados. Em Gaspar, nem capacidade econômica para tomar empréstimo a prefeitura tem, mesmo com a aprovação da Câmara para isso.

Aqui em Gaspar, estamos fazendo espetáculo e estardalhaço com uma linha de ônibus de Blumenau que avança 400 metros num bairro de Gaspar e por ela se integra ao sistema de Blumenau, para atender os estudantes de Blumenau, prioritariamente. Oito anos, para algo necessário e que agora os próprios políticos mostram que poderia ter sido resolvido num tempo bem mais curto, sem ser em ano eleitoral.

Por que os políticos e gestores públicos, via os competentes técnicos e consórcios da pomposa no nome, Associação dos Municípios do Vale Europeu, não avançam neste e outros assuntos que nos isola e nos faz fracos, quando juntos, teríamos mais resultados para os cidadãos, cidadãs, qualidade de vida e desenvolvimento social e econômico? 

Porque eles só pensam em votos dos que eles mais fragilizam e isolam – os moradores, eleitores e eleitoras com suas políticas que não conseguem chegar no século 21. São essas pessoas que queremos elegê-los mais uma vez, só por que elas dominem o atraso, o espetáculo midiático que sempre armam, com seus assessores especializados as vésperas das eleições? Acorda, Gaspar!

TRAPICHE

Rui na parada I. O ex-funcionário público municipal aposentado, ex-vereador pelo PT – com passagens MDB e PSDB – e líder comunitário do Distrito do Belchior, Rui Carlos Deschamps, 62 anos (foto ao lado), quer ser candidato a prefeito de Gaspar pelo PSB, o de Geraldo Alckmin. Ele pode embolar a disputa nos que buscam alternativas de mudanças. 

Rui na parada II. Dependendo das negociações, Rui Carlos Deschamps pode atrapalhar ou então até ajudar o ex-prefeito Pedro Celso Zuchi, PT. Zuchi e os petistas procuravam uma aproximação com o PSB. E já registrei aqui. Esta aproximação era para se ter uma vice mulher. Zuchi nos três mandatos sempre teve vice mulher com ele. Rui está tentando chancelar esta pretensão com a comissão provisória do PSB de Gaspar e o diretório estadual. É lá que o nó vai se amarrar ou desatar em favor de Rui.

Rui na parada III. Rui Carlos Deschamps, foi funcionário público desde 1979. Fez quase de tudo no Samae onde foi entre 1991/1992 seu diretor geral, que hoje é titulado de presidente, ao tempo do prefeito Francisco Hostins, PDC, por indicação do vice da época, o empresário e vice-prefeito Mário Siementcosky, oriundo da localidade de Belchior Central. Rui também com Odir Barni – pai do outro candidato a prefeito, Oberdan Barni, Republicanos – fundou o Sindicato dos Servidores, o Sintraspug. Foi superintendente logo depois de criado o Distrito do Belchior. Na sua formação está a de técnico em Saneamento Ambiental.

Rui na parada IV. Diante desta novidade: Gaspar ensaia com cinco a seis candidaturas: Marcelo de Souza Brick, PP, na continuação do governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, isto se o próprio PP não o estrangular antes e ele tiver que correr para outro partido, mais uma vez; Pedro Celso Zuchi, PT; Oberdan Barni, Republicanos; Rodrigo Boeing Althoff ou Paulo Norberto Koerich, pelo PL, Ciro André Quintino, pelo MDB e agora, Rui Carlos Deschamps, pelo PSB. A pergunta crucial é: haverá espaços para tantos candidatos? 

Ontem à noite, o grupo de empresários que a eleição de Kleber Wan Dall, MDB e Luiz Carlos Spengler Filho, PP, que uniu Marcelo de Souza Brick com Kleber na reeleição dele, e que agora quer o delegado Paulo Norberto Koerich, já fichado no PL, como candidato a prefeito, se reuniu numa sala do restaurante Questão de Gosto, no Poço Grande. Por enquanto, o diretório do PL de Gaspar tem sido passageiro desse projeto.

O grupo debateu uma pesquisa – que não tinha o nome de Oberdan Barni, Republicanos – e como fazer garantir a pretensão deles no PL de Gaspar. Agora, vão falar com o diretório do PL de Gaspar, convencer o vestido de candidato do partido, Rodrigo Boeing Althoff, ser o vice e arrumar uma janela de conversa com o governador Jorginho Melo, PL, para mostrar e validar o projeto.

Momentos antes, porém, Ednei de Souza, do partido Novo, acompanhado de representantes do partido de Blumenau se reuniu com Pedro Inácio Bornhausen, PP, um dos coordenadores do movimento, discutiu formas para se integrar ao projeto dos empresários. O encontro era “segredo”. Ednei tentou negar e chegou a pedir para que nada fosse publicado. Sobre o conteúdo, nada falou. Entretanto, na reunião da noite, ficou dito por interlocutores do encontro que o Novo estará no projeto de Paulo Noberto Koerich e não exatamente no do PL.

A vida como ela é. O deputado Ivan Naatz, PL, de Blumenau, depois de ter sido surpreendido com a divulgação da pré-candidatura do delegado Egídio Maciel Ferrari, PRD, a prefeito de Blumenau pelo PL, num acerto de bastidores dele próprio com o governador Jorginho Melo, PL, foi ontem à mídia insinuar que a construção do nome de Egídio como candidato em Blumenau, foi dele, Ivan. Não explicou, todavia, as razões do cavalo de pau tão radical e silencioso do que armava antes e incomodava as articulações de Jorginho.

Mostrei aqui, dias atrás, um pedido em que o ex-prefeito Adilson Luiz Schmitt, PL, médico veterinário, protocolou na Ouvidoria do município, pedindo uma série de informações da secretaria de Agricultura e Aquicultura de Gaspar, hoje tocada pelo vereador Cleverson Ferreira dos Santos, PP. O pedido ainda não respondido se refere aos últimos cinco anos e Cleverson está lá só há um ano. Mas, o clima esquentou.

Primeiro adiaram o prazo para as respostas, as quais deviam, de verdade, estar disponíveis a todos os gasparenses no site da própria prefeitura. Não está. E parece, pelo zum-zum, que nem há estas informações. Depois, tentaram persuadir o próprio ex-prefeito a desistir das suas intenções. Parecem que os novatos na política não conhecem bem o Adilson Luiz Schmitt, PL. 

Como a tática da enrolação não prosperou, partiram para a retaliação, tática que conhecem como poucos. Começaram a procurar culpados dentro da secretaria pela curiosidade do cidadão Adilson, como se ele não tivesse direito de saber de respostas que estão todas determinadas pela lei que a secretaria devia zelar como os atos administrativos obrigatórios dos servidores, equipamentos, autorizações, pagamentos, guarda, pelos servidores e o secretário. 

E para se prevenir, vão reunir agora, depois de mais de um ano sem reunião deliberativa, o tal Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural – o que deveria autorizar o que foi feito e precisa ser explicado como pede os questionamentos do ex-prefeito Adilson Luiz Schmitt, PL. Só falta fazer atas retroativas, culpar o Conselho que deixaram sem função este tempo todo, ou decidirem que não se deve prestar contas a cidade e aos cidadãos pagadores de pesados impostos. Gente que só pega no tranco.

Ano de eleição é uma maravilha. O prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, foi à sua rede social neste final de semana, posar tocando trompa num culto evangélico do seu templo e à saída dele, posou com a família com uma bíblia na mão e espalhou a foto na sua rede social. Interessante! Neste momento ele não faria a mesma foto com outros irmãos de templo que empregou no primeiro escalão da prefeitura, certamente.

Finalmente. Depois de cinco meses, e quando a coisa começava a ocupar espaços nas tevês regionais, num perigoso desgaste político ainda maior ao que já estava, a prefeitura iniciou a roçada no Cemitério Municipal do bairro Santa Terezinha (foto ao lado), um dos focos de criação de mosquitos da Dengue, mesmo estando lá proibido qualquer colocação de vasos, flores naturais e artificiais, além de se ter desde o ano passado uma taxa alta de manutenção do cemitério a que todos foram obrigados pelo governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, PP, e que vem rejeitando todos os pedidos de reconsideração de parte da população.

Como funciona. Na segunda-feira, no artigo que publiquei antes das 8h, mas que estava praticamente pronto no sábado, informei que o deputado Egídio Maciel Ferrari, PRD, estava desistindo do projeto do MDB de Blumenau, para se filiar e concorrer a prefeito de lá pelo PL. Pela manhã de segunda-feira, o deputado Egídio enrolou numa entrevista gravada ao Informe Blumenau. A tarde, o site SCem Pauta, de Marcelo Lula, saiu com a mesma informação minha da manhã, com o rótulo de exclusividade. Egídio tinha confirmado o entendimento com o governador Jorginho Melo, PL, antes da viagem ao oriente Médio. Uma pena que este blog não é lido por ninguém, mas serve ao menos de pauta para outros.

Antes de viajar para o Oriente Médio, onde foi com o prefeito de Balneário Camboriú, PL, Fabrício de Oliveira, PL, – este atrás de mais investimentos na área de entretenimento, infraestrutura e construção civil, o governador Jorginho Melo -, confirmou em entrevista a Upiara Boschi que vai administrar com mão de ferro o PL em Santa Catarina. Ele sabe onde está metido e quem não controla. A Upiara, o governador desconversou e rechaçou de que este tipo de comportamento seja o de um centralizador. Se Jorginho cuidar da política como diz querer, ele corre um sério risco de descuidar do estado em si com sérios problemas de infraestrutura logística, poluição da orla turística e a proteção de cidades contra os cada vez mais severos eventos climáticos. Jorginho já está surfando na tal “Sindrome do Céu Azul”, cunhada pelo prefeito de Rio do Sul, Jose Thomé, PSD. E aí…

Homem de posturas I – Esses dias, o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, para se livrar de cobranças e “tiroteios” cada vez mais comuns contra os resultados da sua administração de sete anos, foi às redes sociais criar cortinas de fumaça e dizer que, entre outras coisas, ele é um “homem de posturas”, quando não fez carnaval por aqui. Sobre nestes sete anos ser o primeiro ano que faz ponto facultativo, fingiu não ser com ele esta incoerência eleitoreira. Quando os comentários não são fechados, os poucos que interagem com esse tipo de publicação, mesmo provocativa, são os que estão muito próximos dele ou servem a ele na prefeitura. Há medo de perseguição. E não é de hoje. E nem deste governo, diga-se!

Homem de posturas II -Mas, desta vez, ele encontrou quem lhe desafiasse: a leitora deste blog, Odete Fantoni, moradora da região Sul da cidade. “Homem de postura não fecha os postos de saúde durante um feriado pagão; homem de postura não oferece creche meio período às famílias carentes e trabalhadoras da sua cidade; homem de postura não persegue adversários com sangue nos olhos; homem de postura presta conta do hospital e faz de esclarecer os vídeos-audios cabeludos envolvendo o alto escalão do paço municipal. Quem enterra a CPI do ‘desconheço’ como um ato heroico de governo, muito esconde e pouco esclarece”.

Pergunta necessária. Como um político que quer governar Gaspar não saiba diferenciar uma UPA – Unidade de Pronto Atendimento – de um ESF – Estratégia da Saúde da Família e que é o postinho do bairro Santa Terezinha em Gaspar? Isto mostra o quanto a Saúde Pública está longe dessa gente. Não fica bem, saindo por aqui, ocupando as redes sociais para propagar feitos dos outros em desgraça alheia, e ao mesmo tempo, demonstrando desconhecimento técnico-administrativo. Este vale-tudo para aparecer está enterrando, e faz tempo, qualquer credibilidade de alguns políticos para se candidatar e governar, naquilo que já está um caos e tende a piorar.

Perguntar não ofende. A presidente do MDB e vereadora Zilma Mônica Sansão Benevenutti retornou à função de secretária de Educação de Gaspar? Acorda, Gaspar!

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8 comentários em “COM OITO ANOS DE ATRASO, POLÍTICOS DE GASPAR E BLUMENAU FAZEM ESPETÁCULO AOS ELEITORES E ELEITORAS ESTASIAREM COM OS TRUQUES DO ILUSIONISMO PRÉ-CAMPANHA”

  1. QUANDO LULA CHUTA O BALDE, por Vinicius Torres Freire, no jornal Folha de S. Paulo

    O tumulto causado pelas besteiras que Luiz Inácio Lula da Silva disse sobre a guerra de Israel vai resultar em nada ou quase isso. Não deve mudar a política doméstica, a diplomacia, a economia ou alterar qualquer assunto público de relevância. Isso é mau.

    Entenda-se o sentido de “não mudar nada”: uma situação ruim e problemas difíceis ficam na mesma, como na política doméstica. Em outros casos, a tolice ideológica temperada de ignorância e megalomania não basta nem mesmo para piorar relações condicionadas por forças muito maiores, como as relações diplomáticas com os EUA de Joe Biden.

    É a inércia na lama.

    A ultradireita no Congresso se aproveitou, claro, das declarações de Lula. Juntou 133 deputados para pedir impeachment. Não vai dar em nada. Já se sabia também que um quarto da Câmara é zona morta para o governo.

    Por uns dias, a zorra ideológica e a guerra nas redes vão abafar o som das novas informações sobre o golpe. Também isso passará; o destino do processo de Jair Bolsonaro e turma depende de outros fatores.

    O rebuliço dificulta o progresso das relações do governo com os parlamentares de fato evangélicos, que em parte têm apreço especial por Israel. Mas tal progresso, mínimo, muito se baseava no interesse do Republicanos (partido da igreja Universal) de eleger o presidente da Câmara em 2025.

    Esse enrosco é maior. Por exemplo, bolsonaristas ou ultradireita em geral querem vender apoio em troca de distanciamento de Lula e de ataques ao Supremo (de alívio do risco de cadeia).

    A vida no Congresso e, em parte, na economia permanecerá difícil por vários motivos, pois. Parte do apoio político pode ser adquirida, a muito custo, com emendas e cargos. Outra parte, nem assim, dados o entrincheiramento conservador e o sucesso de público do programa reacionário.

    Para lembrar apenas de fatos recentes, vide o plano entre irracional e selvagem de endurecer penas e a vida na cadeia. Ou a Câmara de Florianópolis votando a internação obrigatória de dependentes químicos e pessoas com problemas mentais. Vide as dificuldades cada vez maiores de fazer aborto legal. Há mais na pauta.

    Extremismos patrocinados pela tolice governamental não vão ajudar a limitar a onda reacionária —ao contrário.

    Não se sabe o quanto da falação de Lula era ignara e o quanto intencional, talvez um plano de fazer graça para o “Sul Global”. Entendidos em diplomacia podem vir a dizer se Lula assim fez algum sucesso de posar de líder do novo terceiro-mundismo (e daí?). No mais, o que muda?

    Sem poder e recursos, o Brasil já não tinha força nem mesmo para mediar de crises que afetam o centro do mundo. De resto, nos falta tradição de neutralidade impoluta, imagem que tem sido manchada, vide o governo das trevas e os desaforos parciais de Lula (Ucrânia, Gaza).

    No mais, países do centro do mundo não vão mudar a relação com o Brasil por causa do “affair” Israel. Os EUA acabam de reafirmar que não querem ver o Brasil desgarrado ou arrebanhado pelo “eixo do mal”, China, Rússia. EUA e União Europeia vão continuar a querer de nós o que queriam antes.

    Sim, fica a mancha do vexame inepto e provinciano, que se pode lavar, com esperteza e ênfase na linha de política externa que interessa (ter influência e dinheiro no caso ambiental, por exemplo).

    É improvável que a massa do eleitorado se importe decisivamente com o caso Israel, mas dependemos de pesquisa para saber. Na margem, há risco. Lula ganhou a eleição por 2,1 milhões de votos migrados do “centro”, que queria algum apaziguamento político-social e se livrar de Bolsonaro. A cada vez que Lula chuta o balde, morrem anjos do eleitorado centrista.

    Em suma, a barbeiragem ignara não muda grande coisa, se alguma. Como estamos na lama, isto é ruim.

  2. O SALDO DA DOUTRINA AMORIM, por Malu Gaspar, no jornal O Globo

    Lula errou feio ao comparar a tragédia da guerra em Gaza com o Holocausto. A situação na Palestina se insere na lista de grandes atrocidades presenciadas pela humanidade, mas não chega perto do genocídio promovido por Adolf Hitler contra os judeus, como o presidente brasileiro sugeriu.

    O governo Benjamin Netanyahu também errou ao tentar encurralar a diplomacia brasileira com uma emboscada diplomática e ataques destrambelhados — que podem até ter atraído algum dividendo político interno, mas não alteram o status de Israel no mundo.

    Dois erros não produzem um acerto, mas parece ser isso o que pretende fazer o assessor especial do Palácio do Planalto para questões internacionais, Celso Amorim. Na última terça-feira, ele declarou que a fala de Lula “sacudiu o mundo e desencadeou um movimento de emoções” que pode ajudar a solucionar o conflito em Gaza.

    Os fatos demonstram que ela sacudiu no máximo os dois países envolvidos — no Brasil, serviu para aliviar a pressão sobre Jair Bolsonaro e piorar a imagem de Lula junto aos evangélicos.

    Nenhum líder mundial relevante veio em auxílio de Lula, assim como nenhum presidente de potência aliada de Israel — nem Joe Biden — apoiou a ofensiva virtual e diplomática de Netanyahu.

    Ainda assim, vale a pena analisar com lupa a declaração de Amorim, hoje a pessoa mais influente na política externa do governo. Ela reflete a visão de mundo segundo a qual o Brasil deve usar sua posição de liderança no eixo dos países em desenvolvimento para conquistar um lugar na geopolítica das grandes potências.

    Essa foi a tônica da atuação de Amorim quando chefiou o Itamaraty sob Lula 1 e 2, que vem expressando em entrevistas e declarações aqui e ali.

    No final de janeiro, o “chanceler informal” de Lula afirmou ao Valor que o Brics (bloco capitaneado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, de que ele é o principal articulador) foi “a transformação mais importante nas relações internacionais nos últimos tempos”.

    Para Amorim, a consolidação do Brics “alertou os próprios ocidentais para a necessidade de voltar a fortalecer o G20, que é o órgão principal”. “O polo pode estar se deslocando um pouco”, sugeriu, para dizer mais adiante que “todos percebem que no Brics está o futuro”, já que “o PIB do Brics é maior que o do G7”.

    O professor de relações internacionais da FGV Matias Spektor, autor de estudos fundamentais sobre nossa política externa, tem uma análise interessante a respeito de como essa filosofia influencia as falas de Lula sobre a guerra em Gaza ou sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia.

    Para Spektor, elas obedecem a um padrão que pode ser assim traduzido: “Se o Brics é a melhor coisa que aconteceu nos últimos 20 anos, nada mais natural que usar essas alianças para esticar a corda e ser duro com o Ocidente, obrigá-lo a fazer concessões aos países em desenvolvimento. Porque, se o Ocidente não se sente pressionado, mantém o status quo, esse sistema internacional super-hierárquico onde o Norte manda e o Sul obedece.

    É como se não houvesse outra forma de “sacudir” as potências ocidentais a não ser criando impasses que afetem não propriamente as emoções, como disse Amorim, mas a economia e a geopolítica.

    Dessa constatação decorrem dois problemas e uma dúvida.

    O primeiro problema é que, em nome de usar as alianças antiocidentais para sacudir o Ocidente, a “doutrina Amorim” admite dar aval tácito a Vladimir Putin, Nicolás Maduro e outros autocratas para perseguir e matar opositores, censurar a imprensa e invadir territórios vizinhos, desprezando o valor da democracia e da própria autonomia dos povos.

    O segundo é que, ao usar sua posição no cenário internacional para defender aliados econômicos e ideológicos, e não princípios universais, Lula aprofunda uma linha desastrosa já traçada por Bolsonaro e vai aos poucos dilapidando o grande patrimônio de política externa do Brasil — ser um mediador equilibrado respeitável para disputas e conflitos.

    Por fim, mas não menos importante, a dúvida: qual o custo real dessa estratégia? O que temos a ganhar? O Brasil tem uma agenda ampla e ambiciosa a cumprir na economia, na saúde e no meio ambiente globais, expressa na pauta da reunião de cúpula do G20 que começou ontem no Rio de Janeiro.

    Entre os objetivos estão obter financiamento para a transição climática em países pobres e intermediários, conseguir doações para um fundo global contra a fome, incluir a África no G20 e, fora do G20, aprovar a reforma do Conselho de Segurança da ONU.

    Pode até ser que a “doutrina Amorim” ainda venha a produzir o efeito desejado e arranque concessões das potências globais. Por ora, tudo o que temos como saldo é um constrangimento diplomático e uma chuva de memes.

  3. INFRAESTRUTURA DEPENDE CADA VEZ MAIS DO SETOR PRIVADO, editorial do jornal Valor Econômico

    Apesar de o governo Lula defender um Estado empresarial, indutor do crescimento, os investimentos públicos em infraestrutura diminuíram no ano passado, mesmo após o anúncio do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Além disso, as emendas parlamentares, das quais pouco ou nenhum controle se tem, abocanharam parte dos recursos destinados a investimentos federais, somando quase um terço do total, e prejudicando a qualidade dos gastos. Neste ano, os recursos públicos destinados a investimentos devem crescer um pouco, mas é a iniciativa privada que vai fazer a diferença mais uma vez.

    Levantamento da consultoria Inter.B prevê aumento de 11% dos investimentos em infraestrutura neste ano, para R$ 215,8 bilhões, após R$ 194,45 bilhões em 2023, dos quais 65% são privados e 35% públicos, levando em conta os projetos de energia elétrica, saneamento, telecomunicações e transportes. Em relação ao PIB, passarão de 1,79% para 1,87%. O percentual está bem distante dos 4% estimados como necessários para a modernização da infraestrutura do país e que não é atingido desde o fim do século passado. A Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib) tem uma estimativa um pouco maior e projeta gastos de R$ 235 bilhões, também com uma predominância do setor privado.

    As restrições fiscais são a principal causa do reduzido volume de investimento público em infraestrutura, que foi de R$ 68,7 bilhões em 2022, caiu para R$ 64,7 bilhões no ano passado, mesmo com o novo PAC e a PEC da Transição, e pode subir a R$ 74 bilhões neste ano, segundo a Inter.B. A principal preocupação dos analistas é com as emendas parlamentares, que chegaram a representar 40% dos investimentos públicos no início da década e agora recuaram para pouco menos de um terço. As emendas são geralmente destinadas a áreas de influência dos parlamentares. Municípios sem representantes no Congresso ficam sem. São repassadas a empreendimentos pulverizados, desconectados dos projetos federais, que têm um foco mais amplo e visam a um plano nacional.

    O transporte será o principal motor do investimento em infraestrutura neste ano, com R$ 75,3 bilhões, 12,1% acima de 2023, sendo R$ 47 bilhões para rodovias, segundo a Inter.B. O restante será dividido entre hidrovias, ferrovias, aeroportos e mobilidade urbana. Saneamento básico vem a seguir, com R$ 30,47 bilhões, um aumento de 24,16% em relação a 2023.

    O governo conta com as concessões de infraestrutura previstas para sustentar o crescimento do PIB deste ano, já disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O PIB vem sendo revisto e pode crescer 2,5%, de acordo com algumas previsões mais otimistas.

    Levantamento feito por O Globo (22/1) constatou que há pelo menos 56 leilões de concessões e parcerias público-privadas (PPPs) federais e estaduais previstas para este ano, que deverão acarretar investimentos de pelo menos R$ 173 bilhões se for levado em consideração todo o período de execução das obras. Entre os destaques estão projetos nas áreas de saneamento, rodovias, arrendamentos portuários e linhas de transmissão de eletricidade.

    Somente o Ministério dos Transportes prevê 13 leilões de concessões rodoviárias, com R$ 122 bilhões em investimentos estimados na implantação dos projetos. Em energia, a agenda inclui dois leilões para a concessão de 16 lotes de linhas de transmissão, com investimentos avaliados em R$ 24,7 bilhões. Doze projetos que estão sendo estruturados pelo BNDES vão a leilão, dos quais apenas três, do setor de saneamento, vão demandar R$ 18,3 bilhões, referentes às concessões de Porto Alegre (RS), 75 cidades de Sergipe e 48 municípios de Rondônia. Na área de energia, haverá duas licitações neste ano que implicam investimentos totais de R$ 24,7 bilhões.

    O setor público vem agindo do lado do crédito, que teve papel forte nos investimentos em infraestrutura em governos anteriores do PT, mas com repercussões negativas nas contas públicas. Agora, houve redução nas medidas com juro subsidiado, embora a parcela destinada à inovação na nova política industrial se apoie nessa estratégia, algo a ser acompanhado com atenção. O BNDES aprovou R$ 57,4 bilhões em novos financiamentos para a infraestrutura no ano passado, com aumento de 24% em comparação com 2022, e liberou R$ 36,1 bilhões para projetos já aprovados, 27% a mais. Para 2024, a previsão é de expansão de 25% a 30% nos dois indicadores.

    O setor de infraestrutura e o próprio BNDES vêm contando com a emissão das debêntures como fonte de financiamento. Aprovadas em janeiro, as debêntures de infraestrutura gozam de benefício fiscal que a empresa emissora poderá dividir com o investidor, e poderão ter correção cambial. A Abdib estima que devem movimentar R$ 150 bilhões nos próximos quatro anos.

    A expansão do investimento em infraestrutura esbarra também em interferências políticas de setores do governo nas regras de concessões e privatizações, o que pode afastar o interesse do investidor. O marco legal do saneamento, por exemplo, é alvo de críticas desde a transição e já sofreu alterações favoráveis às companhias estaduais. Na área de portos, as privatizações ficaram em segundo plano, mas as concessões estão de pé. Diante das restrições fiscais para o Estado empresário e das demandas sociais, o governo precisa pôr o pé no chão.

  4. POLÍTICA EXTERNA PRECISA MUDAR, por Vera Magalhães, no jornal O Globo

    À medida que baixa a espuma da reação das torcidas nas redes sociais à fala em que o presidente Lula resolveu comparar a guerra empreendida por Israel em Gaza ao Holocausto, percebe-se o tamanho do estrago de algo absolutamente desnecessário.

    O presidente tem sido pessimamente assessorado nesse episódio, ouvindo só aqueles que aplaudem indistintamente o que quer que faça ou os que já têm inclinação ideológica tão clara no conflito israelo-palestino que o aconselham tendo em vista certa “sede de justiça” sem nenhum efeito geopolítico, diplomático ou ganho de imagem no front interno para Lula. Nada.

    Ao pôr de lado o corpo técnico do Itamaraty e deixar de se subsidiar de dados históricos básicos antes de se lançar a uma comparação sob todos os ângulos descabida, Lula não foi sequer alertado sobre as consequências que obviamente adviriam de sua manifestação.

    Palavras de um chefe de Estado num contexto tão delicado quanto o conflito israelo-palestino importam e resultam. O uso de termos como nazismo, fascismo, Holocausto e genocídio como muletas pode fazer sucesso com as claques, mas pega muito mal no mundo real, onde as decisões são tomadas.

    O governo brasileiro tentou uma narrativa segundo a qual o “desabafo” de Lula levou até os Estados Unidos a se sensibilizar e mudar de posição sobre Israel. Não durou 12 horas a tentativa, e o governo americano vetou a terceira resolução pedindo cessar-fogo. Não que esteja correta a atitude. Aliás, a postura precisa de Lula seria manter o foco na exigência de cessar-fogo imediato e incondicional, aí sim carreando para a posição brasileira apoios capazes de, talvez, sensibilizar nações europeias e o governo Biden.

    Mas a explosão de retórica improvisada tirou do presidente brasileiro a possibilidade de fazer isso e deu ao governo Netanyahu, contestado internamente, a possibilidade de posar de vítima e passar a praticar fanfarronice travestida de ultraje, com aquela pantomima de convocar o embaixador brasileiro para uma reprimenda, tendo o Museu do Holocausto como palco e as postagens absolutamente sem sobriedade nas famigeradas redes sociais.

    Não bastasse o incidente diplomático, até aqui sem extensão claramente definida nem saída visível, Lula arrumou para si dor de cabeça interna a troco de nada. Isso porque o assunto não ficou restrito ao já costumeiro bate-boca entre lulistas e bolsonaristas, mas chegou ao presidente do Senado, num momento em que o governo tenta se articular para um ano que promete muito mais dificuldade no tráfego legislativo.

    Rodrigo Pacheco, com quem Lula desfilou a tiracolo em Minas há duas semanas e tido, talvez de forma simplista, como bola de segurança para o Planalto diante da dificuldade de relacionamento com Arthur Lira, não dosou as palavras para condenar a fala de Lula e exigir retratação, algo que o entorno de Lula para o assunto, Celso Amorim à frente, vem descartando de forma peremptória desde domingo.

    Se o presidente da Câmara não fala com o titular das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e o do Senado cobra uma retratação a que o presidente se nega, pode-se dizer com clareza que existe uma barreira na relação entre Executivo e Legislativo. Isso quando o ministro da Fazenda tem uma lista de demandas para aumentar a arrecadação dependente, única e exclusivamente, do Parlamento.

    O resultado de atender ao clamor juvenil por uma manifestação improvisada sobre um conflito a respeito do qual o presidente não tinha nem as informações básicas foi um baita tiro no pé.

    Ou Lula muda o rumo da sua política internacional, tirando a ideologia militante do comando e passando a pautar suas falas e decisões pelo interesse do Brasil, ou continuará criando para si problemas graves dentro e fora de casa.

  5. A IRRESPONSABILIDADE DE LULA, por Elio Gaspari, nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo

    Ao mandar Jair Bolsonaro para casa, o Brasil parecia ter se livrado de um encosto. Durante a pandemia, esse espírito duvidava da vacina, sugeria que o vírus da Covid-19 havia sido fabricado na China e exaltava a cloroquina. Lula recolocou o Brasil nos eixos na questão ambiental e atravessou o mundo para resgatar o encosto, escorregando na casca de banana de Gaza.

    Nesta semana, em Adis Abeba, ele disse que “o que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”. Com isso, abriu uma crise e foi declarado persona non grata pelo governo de Israel.

    Lula já havia costeado o alambrado dias antes, no Cairo, com duas frases:

    — O Brasil foi um país que condenou de forma veemente a posição do Hamas no ataque a Israel e o sequestro de centenas de pessoas. Nós condenamos e chamamos o ato de “ato terrorista”.

    Falso. O ataque do Hamas aconteceu no dia 7 de outubro. Cinco dias depois o Itamaraty informou que a classificação do Hamas como organização terrorista competia à ONU. Posteriormente é que falou em terrorismo.

    Lula acrescentou:

    — Não tem nenhuma explicação o comportamento de Israel. A pretexto de derrotar o Hamas, está matando mulheres e crianças, coisa jamais vista em qualquer guerra que eu tenha conhecimento.

    Ressalvada a falta de conhecimento, essa afirmação foi um exercício de retórica amparada na ignorância.

    A fala de Adis Abeba teve a ver com a classificação do comportamento de Israel em Gaza como “genocídio”. Que as tropas de Benjamin Netanyahu cometem crimes de guerra, é certo. Genocídio é outra coisa, é um ato deliberado de exterminar um povo, esteja ele onde estiver.

    Em junho de 1944, com a guerra perdida, os alemães capturaram os 400 judeus que viviam na Ilha de Creta. Naquele mês, o brasileiro Benjamin Levy, a mulher e a filha foram presos em Milão e deportados para o campo de Bergen-Belsen.

    Lula já disse que Napoleão foi à China e que os americanos derrubaram Dilma Rousseff de olho no petróleo do pré-sal:

    — É preciso que [o petróleo] esteja na mão dos americanos porque eles têm que ter o estoque para guerra. A Alemanha perdeu a guerra porque não chegou em Baku, na Rússia, para ter acesso à gasolina.

    A Batalha de Stalingrado terminou em fevereiro de 1943, quando os alemães já haviam sido contidos em Moscou, os Estados Unidos estavam na guerra e haviam quebrado a perna da marinha japonesa. Se os alemães chegassem a Baku, pouca diferença faria. Eles não perderam a guerra por falta de gasolina.

    Vale lembrar que a Segunda Guerra também não acabou porque os americanos tinham mais gasolina. Ela acabou depois das explosões de bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki, que ficaram prontas em 1945.

    De onde Lula tira essa ideias, não se sabe, mas, em seu terceiro mandato, ele se move na cena internacional com uma onipotência aplaudida por áulicos e venenosa para a diplomacia brasileira.

    Durante seu primeiro ano deste mandato, firmou-se como um chefe de Estado excêntrico. A fala de Adis Abeba temperou a ignorância com irresponsabilidade.

  6. Sr. Colunista Herculano. Realmente não posso negar que houve uma conversa com o coordenador Pedro . Ocorre que nada foi definido. O Novo de Gaspar, único partido exemplificamente de direita e oposição continua firme no seu propósito, ou seja, disputar a eleição com pré-candidato a prefeito e vice-prefeito e pré-candidatos hoje, a vereadores. Gaspar precisa de profissionais na política trabalhando pra população. E não políticos profissionais. Simples assim.

  7. A GUERRA DE LULA, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

    O presidente Lula da Silva parece ter declarado guerra ao Ocidente. Uma guerra imaginária, claro, mas nesse delírio o petista pretende posicionar o Brasil na vanguarda da luta contra tudo o que simboliza os valores ocidentais – tendo como companheiros de armas um punhado de notórias ditaduras, como China, Rússia, Irã e Venezuela.

    A irresponsável declaração de Lula sobre Israel, comparando a campanha israelense contra os terroristas do Hamas ao Holocausto, está perfeitamente alinhada a esse empreendimento ideológico. Não foi, portanto, fortuita nem acidental.

    Lula parece empenhado em usar seu terceiro mandato para lançar-se como líder político do tal “Sul Global”, uma espécie de aggiornamento do “Terceiro Mundo” dos tempos da guerra fria. Nessa nova ordem, as características distintivas do Ocidente – democracia, economia de mercado e globalização – são confrontadas por regimes autocráticos que buscam reviver o modelo que põe o Estado e a soberania nacional em primeiro lugar, à custa das liberdades individuais, direitos humanos e valores universais, denunciados como armas retóricas das democracias liberais para perpetuar sua supremacia.

    No confronto Ocidente-Oriente, a geopolítica e a segurança nacional prevalecem sobre a economia e a globalização. A geopolítica multilateral do pós-guerra se fragmenta em arranjos insuficientes para as necessidades de cooperação ante desafios globais, como mudanças climáticas, pandemias, terrorismo e guerras.

    O Brasil não está imune a essas incertezas, mas, comparativamente, tem vantagens. Suas dimensões, sua democracia multiétnica e pacífica e sua economia relativamente industrializada e diversificada o tornam uma potência regional. Seus recursos o colocam numa posição-chave para equacionar o tripé do desenvolvimento sustentável global: segurança alimentar, energética e ambiental.

    Nessas águas turvas e tumultuosas, sem grandes instrumentos de poder, o País precisa, para defender interesses nacionais e promover os globais, de sutileza, inteligência e credibilidade. Felizmente, conta com uma tradição diplomática consagrada nos princípios constitucionais do respeito aos direitos humanos, à democracia e à ordem baseada em regras, e corporificada nos quadros técnicos do Itamaraty.

    Mas esse capital está sendo dilapidado pela diplomacia sectária do presidente Lula da Silva. Lula já disse que a democracia é relativa. Mas sua política externa é definida por um princípio absoluto: a hostilidade ao Ocidente (o “Norte”, os “ricos”) e o alinhamento automático a tudo o que lhe é antagônico.

    Sua passagem pela África foi um microcosmo desse estado de coisas. Interesses econômicos foram tratados de forma ligeira. Em entrevista, ele se evadiu de cobrar a Rússia e a Venezuela por sua truculência autocrática, ao mesmo tempo que insultou judeus de todo o mundo ao atribuir a Israel práticas comparáveis às dos nazistas.

    Seja em conflitos onde o País teria força e autoridade para atuar, como os da América Latina, seja naqueles nos quais não tem força, Lula se alinha ao que há de mais retrógrado e autoritário. Abrindo mão de sua neutralidade, o País se desqualifica como potencial mediador. O Brasil poderia promover seus interesses econômicos e pontos de cooperação com a Eurásia sem prejuízo da defesa de valores civilizacionais comuns ao Ocidente. Mas Lula sacrifica os últimos sem nenhum ganho em relação aos primeiros. Em sua ânsia de se autopromover como líder global dos “pobres” contra os “ricos”, reduziu a máquina do Itamaraty a linha auxiliar de sua ideologia maniqueísta e seu voluntarismo narcisista.

    A “frente ampla democrática” propagandeada na campanha eleitoral deveria ter sido projetada para as relações internacionais. Mas também aqui ela se mostrou uma fantasia eivada de sectarismo ideológico – arrastando consigo o Brasil, obliterando suas oportunidades de integração econômica e prejudicando possibilidades de cooperação pela promoção da paz, da democracia, dos direitos humanos e das liberdades fundamentais que a Constituição traçou como norte da diplomacia nacional.

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