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COM O TERCEIRO TURNO SE ENCERRANDO, OS NÚMEROS MOSTRAM QUE FALTARAM VOTOS E SOBRARAM ESPERNEIOS. SÓ ISTO!

    As eleições para presidente da República no Brasil tiveram três turnos, por enquanto. Poderão haver outros. O primeiro deles foi no dia dois de outubro, o segundo quatro semanas depois e o terceiro, nesta semana. Chororô, protestos dos bolsonaristas iguaizinhos aos que se via no tempo do PT e dos sindicatos comandando pela esquerda do atraso. E olha que foi o próprio presidente Jair Messias Bolsonaro, PL, que assim classificou, no brevíssimo pronunciamento no Palácio do Alvorada.

Ao invés de infernizar a vida dos que eles dizem e classificam como corruptos e incompetentes gestores, sobrou, mais uma vez, para a sociedade pagar a pesada conta. O Brasil andou para trás, exatamente por quem diz que defende ele avançando no desenvolvimento.

Na verdade, os bolsonaristas estão punindo os pagadores de pesados impostos naquilo que falharam: a busca de votos. Vejam os exemplos ao nosso redor. Gaspar fez 17,50% dos votos para Fernando Haddad, PT e 82,50% para Bolsonaro, então no PSL. Neste segundo turno, com um colégio maior, num reduto escrachadamente bolsonarista e historicamente conservador, Luiz Inácio Lula da Silva, PT levou 25,05% dos votos contra o encolhimento de 74,95% para Bolsonaro.

E assim foi com todos os nossos vizinhos. 

llhota, por exemplo, em 2018 essa proporção foi de 15,77% contra 84,23% dos votos válidos. No domingo passado: 22,82% contra 77,18%, Ou seja, de grão em grão naquilo que é reduto e voto caixão Bolsonaro perdeu espaço. E perdeu, porque não cuidou de Santa Catarina – e por birra contra o governador com que brigou logo no início de 2019. Agora Santa Catarina está rotulada como bolsonarista e radical diante dos fatos que permearam as redes sociais, os bloqueios – as vezes com violências – e cenas explicitas que podem lembrar o nazismo diante do exagero da oposição, dos donos das opiniões nas redes sociais e das redações que não conhece exatamente Santa Catarina e se a conhecem, fazem isso com propósitos. 

A pergunta que todos fazem é o que Bolsonaro fez aqui, além dos passeios de moto aquáticas e motociatas? Nem as rodovias federais, vitais para o nosso desenvolvimento foi capaz de cuidá-las ou disponibilizar verbas para terminá-las. Impressionante!

E quando o governador Carlos Moisés da Silva, Republicanos, eleito na primeira onda bolsonarista e Bolsonaro o benzeu como “traidor” por não ser um boneco ventríloquo incondicional, destinou os impostos dos catarinenses para uma solução de décadas e que vinha desde o temnpo de Luiz Inácio Lula da Silva e principalmente Dilma Vana Roussef, ambos do PT, inconformado e contra Santa Catarina, Bolsonaro tentou melar, escalando o ex-ministro Tarcísio Gomes de Freitas, Republicanos, o senador Jorginho Mello, PL, para o serviço sujo. A bancada catarinense Federal é que resolveu o assunto porque era algo assustador.

Se Bolsonaro não tivesse sido um encrenqueiro contumaz e diário, se tivesse ficado quieto principalmente neste segundo turno quando passou arrumar fantasmas, ele teria sido reeleito. Fez apostas errada e perdeu. 

Nem a mais bolsonarista de todas as cidades no Médio Vale do Itajaí, Timbó, repetiu os 10,38% que deu a Haddad e 89,62% a Bolsonaro. Desta vez foi 17,67% a 83,33%. E assim foi em Blumenau, Brusque, Indaial, Itajaí, Pomerode e Massaranduba. Até na capital que nunca foi bolsonarista, este fenômeno ficou expresso perto do empate: de 35,14% para Haddad a 64,86% para Bolsonaro dos votos válidos no segundo turno de 2018, neste foi de 46,67% e 53,33% para Bolsonaro.

Se faltaram votos, restou trancar as estradas, criar narrativas, provocar prejuízos provocando o terceiro turno. Também deu errado. Inclusive no método, como bem disse o presidente nas redes sociais, são os da esquerda. Qual é mesmo o método da direita, conservadora, liberal e neopentecostal? Afinal, já começou o exercício da oposição e ele não pode ser irresponsável e pueril, porque se for assim, não haverá fiscalização responsável e se estar posicionado para o combate nas urnas em 2026.

Numa democracia só há uma forma de ser poder: votos. Ah, mas as urnas são viciadas! Tudo bem. Teve-se tempo e inteligência, inclusive das Forças Armadas, Polícia Federal e SNI para provar isto, e nada se provou. Ah, as pesquisas influenciaram! Nada se provou. Ah, mais o Supremo Tribunal de Justiça extrapolou. Pode ser. E o que fez o parlamento para os limites dos poderes Judiciário? Quem reclama do STF não sabe o que se passa nas Comarcas contra os direitos dos adversários, dos que exercem a livre expressão, dos que não possuem relacionamento e dinheiro.

Então, agora, espera-se que os bolsonaristas estejam preparados para 2026 melhor do que estavam neste ano. Que tenham aprendido a lição. QAue tenham métodos e inteligência. Isto se o Centrão deixar. E de Centrão, Bolsonaro conhece bem. Como ele próprio afirmou, ter sido sempre um do Centrão. E o Centrão tem cheiro de poder. Não consegue ficar longe dele. Esteve com FHC, Lula, Dilma, Temer e Bolsonaro, inclusive nas dúvidas. O Centrão vai de Lula mais umna vez? Sinais já deu! Wake up, Brasil!

TRAPICHE

Como funciona. Aqui – em Gaspar, não neste espaço – um silêncio total. Faz quase dois anos que rola uma interdição no Loteamento das Torres, no bairro Santa Terezinha. É um empreendimento de Grande porte e modelo. Ele nasceu numa parceria que o ex-prefeito e empresário Osvaldo Schneider – que era o dono do terreno -, com a AC Terraplanagem que executou a obra. 

Reportei há tempos. Fui cancelado. Os empresários estão atrás de punições por esta transparência. Na imprensa daqui a que enxerga tudo, mas não compartilha e reporta a sociedade e seus clientes leitores e ouvintes, por motivos óbvios, por isso é fraca, zero sobre o assunto. Agora, veio o acordo para liberar este loteamento. 

Os donos dele vão indenizar os estragos colocando a metade dos R$2,6 milhões em multas no Parque Municipal dos Bugios, no Bela Vista, e a outra metade para o Fundo de Bens Lesados de Santa Catarina, além de custos adicionais e perder lotes – no empreendimento. O problema afeta 76 dos 315 lotes do empreendimento.

Tudo está numa reportagem da ND Mais, do Grupo Record. As obras do loteamento causaram o desvio do curso natural de um córrego, foi feita a canalização de um curso d’água e a degradação de parte área verde que não poderia ser tocada. Isto tudo tinha sido apontado por um fiscal da Superintendência do Meio Ambiente, da secretaria de Planejamento Territorial, que agora está sendo desqualificado pelos empreendedores e empresários do ramo. E a vida dele não está fácil.

Não é à toa que se demorou décadas para se constituir uma estrutura de meio ambiente em Gaspar como determina a Legislação Federal. Isso tinha método e objetivo. E não é deste governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB. É que a corda apertou de tal forma diante da afronta e expiração do prazo no governo dele. Agora, anda meio que desconfiado. É que este é um dos problemas que ganhou solução. Há mais. E em semelhante situação.

Quem tocou este assunto do Loteamento da Torres, foi a titular da terceira Promotoria da Comarca, Lara Zapellini de Souza. Mas, pergunta quer não quer calar é: por que só os proprietários estão sendo punidos? Eles tinham juram que tinham documentação que os protegiam naquilo que executavam. Então por que estão livres quem concedeu essas autorizações? 

Em Gaspar onde não se faz a obrigatória revisão – pelo Estatuto das Cidades -, do Plano Diretor, fato que deveria ter acontecido em 2016 – até a Câmara de Vereadores – com ajuda de seus técnicos – aprova legislação nesta área e frontalmente contrária à Constituição. E, marotamente, só depois que todos usufruem dela, revoga a referida lei que aprovou a pedido da prefeitura.

E depois, esses mesmos políticos, acuados pelos empresários, os únicos que estão pagando caro na imagem e no bolso, que apoiam esses políticos em tempos de campanha, ficam fazendo discursos fajutas de se criar segurança jurídica, inventando leis asem consistências. Resumindo. Estão vendendo ouro em pó. E o pó é de verdade, mico. Por que os agentes públicos e políticos não estão sendo punidos? Porque houve um acordo. Ou seja, os empresários, a princípio, e mais uma vez, livraram a cara deles. Porque se fosse esperar a Justiça, o assunto rolaria por décadas…

“Quem continua obstruindo estradas é esquerdista disfarçado de direita para prejudicar a nossa imagem”, escreveu na conta do twitter o deputado estadual reeleito, Ivan Naatz, PL. Pronto: virou alvo da esquerda e da direita. 

Alguns iluminados do PT de Gaspar não engoliram bem a informação do vereador Dionísio Luiz Bertoldi de que o nome dele está à disposição para concorrer a prefeito em 2024.

Duas boas ideias. O problema é que elas tiram empregos de indicados de políticos nas repartições públicas municipais em Gaspar. O vereador Amauri Bornhausen, PDT, quer que o município agende, avise e confirme as consultas nos postinhos e policlínica pelo whattsapp, para evitar deslocamentos e esperas nas madrugadas adentro como se vê rotineiramente.

A técnica em enfermagem, a vereadora Mara Lúcia Xavier da Costa dos Santos, PP, quer que as receitas sejam renovadas digitalmente na rede pública de saúde e por motivos idênticos aos alegados por Amauri.

Será que tem? O vereador Ciro André Quintino, MDB, protocolou um requerimento para pedir explicações e informações que vão desde o funcionamento, regularidade e fiscalização do transporte coletivo e da empresa Presidente, que opera o sistema em Gaspar. Quando este assunto foi pacífico por aqui desde que ele foi criado em 2002 no primeiro mandato de Pedro Celso Zuchi, PT?

Só confusão. E este assunto estava tão quieto. E é estranho que Ciro tenha se interessado sobre este assunto. Ele é bem conhecido por não colocar a mão em cumbuca. Agora, Gaspar!

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6 comentários em “COM O TERCEIRO TURNO SE ENCERRANDO, OS NÚMEROS MOSTRAM QUE FALTARAM VOTOS E SOBRARAM ESPERNEIOS. SÓ ISTO!”

  1. EU VOTEI NO BOLSONARO

    Eu acredito em Deus, na pátria e na família.

    Na semana passada precisei ir para Itajaí a rodovia Jorge Lacerda estava fechada, pedi para um bolsonarista que até dia 29/11 carregava a mesma bandeira comigo, me deixa passar eu preciso ir.

    Essa semana estou com problemas de abastecimento e perdi muitas vendas por falta de mercadoria, minha sorte é minha mini empresa praticamente de família, tenho poucos funcionários, então meu natal será mais humilde para conseguir ficar aberto, mas terei problemas..

    Vi hoje ao reabrir que meus vizinho do PT está com problemas parecido com os meus, ia ficando até feliz com situação, ai me ocorreu de olhar na rua e ver, para saber quantos lojinhas ou pequenas empresas eram do PT, percorri por 3 ruas e contei entre o lado direito e o esquerdo tinham mais de 30 mini comércio ou comercio familiar 21 bolsonarista 6 não se manifestaram por nenhum 01 só esse um era PT.

    1. Olha. Sinceramente? Esse negócio de fechar e abrir em protesto político, cada um é dono do seu próprio nariz e faz o que quer. É privado. Não é repartição pública. O prejuízo é de quem abraça essas causas malucas. Aliás, os concorrentes agradecem. Eu só não entendo uma coisa: na pandemia, esse mesmo pessoal lutava para abrir mesmo que morresse gente porque iria quebrar e ficar pobre, agora, que a doença foi embora, que é hora de ganhar dinheiro, essa gente quer ficar com seus negócios fechados? A economia não vai quebrar desta vez? Esta gente está tão rica assim? Espero que não venha pedir ajuda financeira para o governo solapando ainda mais os nossos pesados impostos para um “lockdown – greve de patrões – política dessa gente. No final do mês tem empregado para pagar, tem o 13º…

  2. CENAS DE UMA CRISE NATIMORTA, por Elio Gaspari, nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo

    Na terça-feira, quando Jair Bolsonaro reuniu-se com ministros e colaboradores no Alvorada, tinha um texto no qual mencionava o resultado das urnas e anunciava o início dos trabalhos da transição.

    Na lembrança de um dos presentes, ao longo da reunião decidiu-se dividir a fala do presidente, deixando a parte da transição para ser dita pelo chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira. Desde o dia anterior ele defendia a normalidade.

    A certa altura, o deputado Eduardo Bolsonaro disse ao pai que ele não deveria reconhecer publicamente o resultado da eleição. Foi interrompido pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, condenando explicitamente o “golpe” embutido na proposta. Numa constatação factual e, ao mesmo tempo, irônica, acrescentou: “Cadê os generais?”

    A conversa prosseguiu e, chegando-se à parte que seria anunciada pelo ministro Ciro Nogueira, partiu um palpite de um personagem secundário e paisano. Ele queria que, em vez de “transição”, se falasse em “eventual transição”. Não foi ouvido, até porque, pelo andar da carruagem, essas palavras não sairiam da boca de Ciro.

    Terminada a reunião, encerrava-se um silêncio que durou dois dias. Nos Estados Unidos, o negacionismo persiste e deverá custar caro ao presidente Biden na eleição desta semana.

    BOLSONARO E TRUMP
    O 6 de janeiro de Donald Trump e os dias de novembro de Jair Bolsonaro tiveram diferenças essenciais.

    A saber:

    1 – Trump tinha um objetivo pontual, melar a proclamação do resultado eleitoral no Senado. Bolsonaro não tinha objetivo, salvo a convulsão social com que sonhou desde a pandemia. Trump chegou a anunciar que iria à marcha sobre o Capitólio. Bolsonaro manteve-se em relativo silêncio no Planalto e no Alvorada.

    2 – Por ter um objetivo pontual, Trump colocou suas cartas na invasão do Capitólio. Nisso, teve o apoio de senadores e deputados. Bolsonaro não mandou parlamentares (nem eles foram) para o bloqueio de estradas ou para a frente de quartéis.

    3 – Trump tinha uma esperança, ainda que delirante. Achava que o vice-presidente Mike Pence, presidindo a reunião do Senado, colaboraria com o golpe. Estava enganado.

    Bolsonaro estava preso num alicate. Entre a noite de domingo e a terça-feira, o resultado eleitoral havia sido reconhecido pela presidente do Supremo Tribunal Federal e pelos presidentes do TSE, da Câmara e do Senado, além de seu próprio vice-presidente.

    Se alguém sonhou com o modelo americano, o que teve à mão foi uma sedição boliviana.

    SABEDORIA

    No ano passado, Jair Bolsonaro chamou Tarcísio de Freitas, seu ministro da Infraestrutura, e disse-lhe que deveria disputar o governo de São Paulo.

    Carioca, sem nunca ter disputado uma eleição, o ministro resolveu sentir o terreno e pediu a um amigo que organizasse conversas em São Paulo. Foram ouvidas umas dez pessoas, nove achando que a sugestão ia da inutilidade à maluquice.

    Só um achou a ideia boa para São Paulo e para o país. Era o professor Antonio Delfim Netto, com mais de meio século de sabedoria política.

    AS CONTAS DE MORO

    Se o senador Sergio Moro tiver tempo, seria bom que examinasse com lupa as contas que apresentou à Justiça Eleitoral.

    Do jeito que estão, é provável que ele venha a ter problemas.

    O ISOLAMENTO DE BOLSONARO

    Na noite de domingo passado, diversos hierarcas asseguravam ao ministro Alexandre de Moraes que, no Alvorada, Jair Bolsonaro não estava atendendo ninguém.

    Ele fez a elementar, e ligou para seu telefone. Bolsonaro atendeu.

    DIGITAIS PRECIOSAS

    Nas rápidas felicitações de Joe Biden e Emmanuel Macron a Lula pode-se perceber a ação de diplomatas e assessores, tanto da Casa Branca, como da presidência francesa.

    Na costura dessa rede estão as digitais do ex-chanceler Celso Amorim.

    ORÇAMENTO SECRETO

    Até onde se pode prever decisões de juízes, o orçamento secreto será derrubado pelo Supremo Tribunal Federal antes do recesso de fim de ano.

    A decisão permitirá ao presidente eleito Lula negociar mecanismos republicanos para que os parlamentares tenham seus pleitos atendidos.

    SEM REVANCHE

    Nos limites da lei e da independência dos magistrados, Jair Bolsonaro receberá sinais de que não haverá revanche em cima dele.

    Isso não vale para as blindagens centenárias que foram postas a atos do governo.

    Elas serão analisadas por servidores qualificados que decidirão o que deve ser liberado.

    Pelas leis americanas, quem impõe o sigilo assina seu nome e quem o suspende faz o mesmo.

    Exemplo disso é um depoimento de duas horas do então diretor da CIA, Richard Helms, ao Senado sobre a situação brasileira. Em 1971 era a seguinte sua íntegra:

    “Bom dia, Mr. Helms.

    Bom dia, senador Church.

    (Censurado)

    Boa Tarde, Mr. Helms.

    Boa tarde, senador Church.”

    Em 1987, mais da metade do depoimento foi liberada, com as assinaturas de quem a liberou, mantendo trechos embargados.

    QUIROMANCIA

    É possível que Jair Bolsonaro volte às urnas já em 2024, disputando a Prefeitura do Rio.

    Tem votos na cidade e precedente histórico. Jânio Quadros disputou, e ganhou, a prefeitura de São Paulo em 1985.

    POLO NAVAL

    Entre as promessas bem vindas de Lula está a de recuperar o investimento em obras de infraestrutura.

    A ideia é ótima, mas como o governo ainda não começou, ele deveria convocar quem entende do assunto para evitar um novo desastre.

    A geração de Lula tornou-se campeã mundial de ruínas navais. Pagou três programas para construir polos navais.

    No de Juscelino Kubitschek acabaram falindo os estaleiros.

    No de Ernesto Geisel, enriqueceram aqueles que detinham papéis podres da dívida da Superintendência da Marinha Mercante, a Sunamam.

    No de Lula, ele conhece a história.

    A CONTA DE 2018, 2M 2022

    Nos dias seguintes ao locaute dos caminhoneiros que quebrou a perna do governo de Michel Temer em 2018, hierarcas de Brasília cuspiam fogo. Anunciaram a abertura de 35 inquéritos em 25 estados. (O PIB daquele ano sofreu uma contração estimada em 1,2% por causa do movimento.)

    Os inquéritos foram fechados sem qualquer responsabilização criminal.

    (Bolsonaro assumiu em 2019 dizendo que “vamos botar um ponto final em todos os ativismos do Brasil”.)

    Resta saber para quem irá a conta da baderna golpista dos últimos dias.

    Enquanto não houver conta haverá badernas.

    QUITANDA BRASIL

    Lula está eleito e tomará posse no dia 1º de janeiro.

    Até lá, tudo serão festas, adesões e louvores. Continuará, no entanto, em vigor a Lei de Delfim Netto:

    “No dia seguinte, terá que abrir a quitanda às nove da manhã com berinjelas para vender a preço razoável e troco no caixa para atender a freguesia.

    Pelos próximos quatro anos a rotina essencial será a mesma: abrir a quitanda, com berinjelas e troco.

    Todos os desastres da economia brasileira deram-se quando deixou-se de prestar atenção na economia da loja.”

  3. A PRF COOPTADA PELO BOLSONONARISMO, por Álvaro Costa e Silva, no jornal Folha de S. Paulo

    O período de Bolsonaro em Brasília não poderia terminar sem a revelação de mais uma figura nefasta: o diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, cuja atuação nas eleições e na repressão aos bloqueios de rodovias será investigada pela PF, a pedido do Ministério Público.

    No domingo de votação, Vasques promoveu operações para impedir o transporte de eleitores, sobretudo no Nordeste — o que comprova o uso ilegal da máquina pública na campanha de Bolsonaro. Depois permitiu que bandos de lunáticos, com filhos no colo, fechassem e ateassem fogo nas estradas. O presidente do TSE, Alexandre de Moraes, o intimou a apresentar a lista de veículos e pessoas autuadas durante os bloqueios, mas também deveria pedir os vídeos com declarações de membros da corporação em apoio aos golpistas.

    Próximo ao filho 01, Vasques só foi indicado ao cargo por ser bolsonarista de carteirinha. Sua ficha não o credenciava. O repórter Allan de Abreu revelou que ele havia sido investigado por cobrar propina de uma empresa de guincho que atuava em Joinville (SC). Segundo consta no inquérito, o agente ameaçou matar um dos chantageados “com um tiro na testa”.

    Em 2000, foi processado por espancar um frentista. A vítima ganhou na Justiça uma indenização de R$ 71 mil, valor que até hoje não foi pago. O caso levou a corregedoria da PRF a pedir a expulsão de Vasques, mas a investigação prescreveu. Ao longo da carreira, ele já respondeu a oito sindicâncias internas. Os processos, no entanto, estão protegidos por sigilo de 100 anos, decretado pelo governo federal.

    Alinhada ideologicamente a Bolsonaro, a PRF foi utilizada em operações que resultaram em chacinas dentro de favelas, ampliando sua função para além da fiscalização das estradas. Com Vasques no comando, a instituição conseguiu a maior mancha de sua história: o assassinato de Genivaldo de Jesus, por asfixia, no porta-malas de uma viatura.

  4. A HORA DA VERDADE PARA A DIREITA, Editorial do jornal O Estado de S. Paulo

    Muito se fala de uma nova “onda rosa”, comparável à da primeira década do século na América Latina. A eleição do jovem “socialista libertário” Gabriel Boric no Chile seria seu maior marco, e o retorno de Lula da Silva no Brasil, sua apoteose. Em favor dessa tese, se se pintasse o mapa das Américas, ele seria vermelho. Com exceção de meia dúzia de pequenos países, a esquerda (ou seus equivalentes brandos) governa o Canadá e os EUA, passando por México e Colômbia e chegando à Argentina. Mas há razões para questionar a tese, seja pelas causas desse movimento, seja pela sua identidade, seja por sua força.

    Muitos desses governos foram eleitos menos por aderência à esquerda e mais por sentimentos anti-establishment, que puniram incumbentes de direita desgastados (sobretudo com a pandemia), os quais haviam ascendido pelo desgaste da “onda rosa” original. Depois, entre os esquerdistas há mais diferenças que similaridades. Como argumentou o ex-chanceler mexicano Jorge Castañeda, há ao menos duas esquerdas na região: uma “moderna, aberta, reformista e internacionalista” e outra “nacionalista, estridente e fechada”. Entre ambas há muitas variações e divergências. Além disso, há sinais de que as mesmas mazelas socioeconômicas que desacreditaram incumbentes direitistas estão agora desacreditando os esquerdistas, caracterizando um movimento mais pendular que ondular. Nos EUA, por exemplo, há uma propensão à retomada do Congresso pelos Republicanos nas eleições de novembro. No Chile, a popularidade de Boric está em queda, e a população repudiou uma proposta constitucional ultraprogressista.

    No Brasil, se há que falar em uma onda na última década, é da direita. Ela começa em 2013, com multidões irritadas com os desmandos lulopetistas. A oscilação das duas últimas legislaturas à direita foi consolidada nestas eleições. Se a esquerda conquistou o Executivo federal, eleitores de Estados decisivos como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul optaram por governos à direita. A própria campanha de Lula é sintomática. Por cálculo ou convicção – o futuro dirá –, Lula mobilizou um amplo movimento ao centro, com toques de direita.

    Jair Bolsonaro optou pela radicalização. Se venceu em todas as regiões, exceto o Nordeste, é mais pela rejeição do eleitorado conservador e liberal à agenda de esquerda. Se perdeu a maioria geral, foi menos pela força de uma “onda” progressista e mais pela aversão ao seu extremismo reacionário. Sua concepção da política como uma luta entre amigos e inimigos, seus prismas conspiratórios, seu autoritarismo ou seu culto à personalidade se opõem ao ideário religioso de amor ao próximo e a valores políticos conservadores e liberais, como reformas ao invés de rupturas; a negociação ao invés de eliminação; a separação dos Poderes e sua descentralização ao invés da concentração e do atrito; a independência das instituições ao invés de sua submissão ao governo; ou o livre mercado ao invés do intervencionismo estatal.

    Muitos à direita sentem a vitória de Lula como uma derrota. Mas Lula precisará transigir com a direita para governar. A derrota de Bolsonaro pode ser uma vitória da direita civilizada, se for capaz de expurgar da “onda” direitista seus corpos estranhos mais perniciosos, seja o neorreacionarismo – que, de início, em meio à atmosfera sectarista promovida pelos radicais petistas, lhe deu tração, mas depois se provou tão autodestrutivo –, seja o clientelismo das velhas oligarquias – que se travestem com o manto “conservador” apenas para conservar seus privilégios.

    Sem implicar uma rejeição aos objetivos mais valiosos da esquerda, como a justiça social e a inclusão das minorias, há um revigoramento na sociedade de ideais caros ao conservadorismo e ao liberalismo, vistos como meios mais eficazes de atingir esses objetivos, como a rejeição ao Estado patrimonialista e paternalista e a valorização da família, da igualdade de oportunidades, da livre-iniciativa, do mérito pessoal e da produtividade econômica. O que está em falta são lideranças capazes de encarnar esses ideais e materializá-los em ações.

  5. O CORDÃO DOS ADESISTAS, por Bernardo Mello Franco, no jornal O Globo

    O bispo Edir Macedo não tem tempo a perder. A eleição mal terminou e ele já está pronto para abençoar o novo governo. O líder da Igreja Universal havia orientado os fiéis a fazer jejum pela vitória de Jair Bolsonaro. Agora diz que Lula foi escolhido por vontade de Deus.

    “Vamos olhar para a frente”, pediu, em vídeo gravado na Suíça e divulgado pelas redes sociais. “Não podemos ficar com mágoa, porque é isso que o diabo quer”, acrescentou.

    Dono de um império religioso e empresarial, Macedo também dá as ordens no Republicanos, um dos três partidos que integraram a coligação bolsonarista. Sua pressa em saltar do barco mostra que o capitão já começou a ficar só.

    O bispo não foi o único a se converter na primeira semana da transição. Em 2018, Luciano Bivar alugou sua sigla para a candidatura de Bolsonaro. Ontem ele avisou que não tem “nenhuma objeção” a aderir a Lula. “Temos uma dívida com a esquerda”, justificou, em entrevista à repórter Natália Portinari.

    Bivar é presidente do União Brasil, fruto da fusão de dois partidos de direita. Seus motivos para abraçar o PT passam longe das convicções ideológicas — ou da falta delas. O deputado quer continuar perto do poder, que vai se deslocar para a esquerda por decisão do eleitor.

    Poucos políticos são mais hábeis em trocar de galho do que Gilberto Kassab. O dono do PSD conseguiu saltar do ministério de Dilma Rousseff para o gabinete de Michel Temer. Agora se diz pronto a apoiar Lula, “desde que algumas premissas sejam atendidas”. “É uma parceria. Não seremos petistas para sempre”, resumiu à Folha de S.Paulo.

    Os petistas estão animados com a velocidade das adesões. Consideram que o presidente eleito não terá dificuldade para formar maioria na Câmara e no Senado. A recriação de ministérios abrirá mais espaço para acomodar os novos aliados. Resta calcular o preço das “parcerias”, para usar o eufemismo de Kassab.

    Além de garantir a chamada governabilidade, Lula quer isolar a extrema direita. De certa forma, o bolsonarismo já começou a colaborar com a tarefa. O ex-deputado Roberto Jefferson abriu fogo contra a polícia e foi isolado em Bangu 8. A deputada Carla Zambelli sacou o revólver nos Jardins e teve que voar às pressas para os EUA. O ex-presidente em exercício atirou no próprio pé ao incentivar a baderna nas rodovias. Pressionado pelos amigos ruralistas, viu-se obrigado a recuar e pedir o fim dos bloqueios.

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