Quando em outubro do ano passado escrevi aqui que estávamos fazendo de tudo para bater a meta de 200 mortos por Covid-19 de residentes em Gaspar, os “çábios” e o poder de plantão torceram o nariz e me acharam um coveiro.
Pois bem, batemos isto na sexta-feira passada e a imprensa local – como sempre e para não desagradar os poderosos – não deu praticamente nada sobre o assunto. Nem o boletim oficial da prefeitura fez esta menção explicitamente. Sintomático.
Naquele outubro, com os números vertiginosamente em queda no país e em Santa Catarina, por aqui, onde temos uma das maiores taxas municipais de óbito por Covid no estado, tivemos seis mortos, o último no dia 31 daquele mês.
Era o reflexo da “abertura”, da falta de regramento, fiscalização comunicação e um comportamento de liberdade que se espalhava não só em ambientes privados, mas também no serviço público, como, pasmem, na própria secretaria de Saúde, conforme vários registros que se espalharam nas redes sociais e aplicativos de mensagens.
Desastre anunciado. E como tal, aconteceu
Bastou a variante Ômicron aparecer neste final de ano – e com a porteira aberta pelo comportamento sem os cuidados – que o problema se tornou mais evidente.
Foram cinco mortes em janeiro e uma agora em fevereiro, um homem de 51 anos, sem comorbidades. Pá-pum. Ele sentiu os sintomas do dia dois e no dia quatro estava morto. Aliás, o boletim oficial da prefeitura de Gaspar da sexta-feira não menciona esta morte.
Ela aparece como mero número na arte ilustrativa da notícia, ou seja, para não chamar a atenção e alarmar a cidade e tudo continuar como está, perigoso Ou seja, mais uma vez cumpriu o papel de esconder um fato relevante para a sociedade.
A prefeitura de Gaspar nos seus frios boletins recomendam cuidados. Na prática, ela própria e seus líderes e políticos não os dão. Então…
Na UTI do Hospital de Gaspar com dez leitos provisórios para Covid estão cinco internados, sendo quatro daqui, segundo o boletim de sexta-feira. Na enfermaria, só uma pessoa. Números relativamente baixos e que contrastam com a letalidade. Acorda, Gaspar!
Em Ilhota, o total de 39 mortos permanece desde o dia quatro de outubro. A morte anterior mais recente tinha acontecido 17 de agosto.