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CARLOS MOISÉS MOSTRA QUE TIROU O ESTADO DO BURACO. JORGINHO ENSAIA RETROCESSOS E TENTA “ACALMAR” INVESTIDORES

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Começo., então. Este artigo tem o seguinte resumo: enquanto o governador Carlos Moisés da Silva, Republicanos, diminui dívida e deixa gordo caixa, o eleito Jorginho Mello dos Santos, PL, volta ao velho esquema da gastança e do endividamento.

A admissão pelo governador eleito Jorginho, de que deverá “recriar” pelo menos cinco coordenadorias regionais, supostamente administrativas e aos moldes das famigeradas Secretarias de Desenvolvimento Regionais, SDRs, inventadas pelo ex-governador (2003/08 e 2009/10), o blumenauense e que se fez politicamente em Joinville, Luiz Henrique da Silveira (1940/2015), MDB, trouxe preocupações à parte produtiva de Santa Catarina, a que paga pesados impostos para sustentar toda esta farra dos políticos no poder de plantão.

Sabe-se como começa. E não se sabe como isso termina. Foi assim, com o advogado e ex-deputado estadual, federal, senador, ministro das comunicações e presidente nacional do MDB, Luiz Henrique. Com a ideia, onde só olhou o poder, ele conseguiu bocas no seu governo para políticos sem votos e seus cabos eleitorais espalhados por toda a Santa Catarina, com polpudos salários, para gente incapaz de se empregar no mercado de trabalho exatamente por falta de prática, competência e resultados. Com esta manobra, a custa da sociedade, o ex-governador construiu a governabilidade e sucessão das oligarquias de sempre.

A perdurar a intenção de Jorginho, retrocedemos aos tempos dos carimbos e dos carimbadores, estruturas, aluguéis de todos os tipos, mais uma vez. E nem vou escrever sobre o emprego que Jorginho já avisou que dará no primeiro escalão ao filho Felipe. Um desatino para os padrões catarinenses. E o governo do inchaço, despesas e dívidas de Luiz Henrique está mais claro quando Jorginho escolheu para ser seu secretário da Fazenda, o joinvilense Cleverson Siewert, que reinou naquilo que se apelidou de “Menudos” e que incluía Alexandre Fernandes e Antônio Gavazoni

Carlos Moisés eleito pelo finado PSL, foi o único que acabou com festa dessas secretarias regionais. Eram 30. O ex-governador Raimundo Colombo, PSD, sucessor no compadrio político de Luiz Henrique, até ensaiou no discurso para obter votos fáceis da galera emputecida com este tipo de desperdício e empreguismo dos mesmo privilegiados de sempre. Entretanto, enrolou. E no segundo mandato ainda existiam 16, sob o disfarce patético de Agência de Desenvolvimento Regional. Criativos. E contra a sociedade.

Carlos Moisés está entregando ao eleito Jorginho, um estado com saúde financeira como nunca se viu antes.

Em 2019, Santa Catarina era um dos cinco mais endividados e com um passivo de R$21 bilhões. Pagou mais de R$8 bilhões em dívidas, além de deixar mais de R$2 bilhões em caixa como comprovou na semana passada, detalhadamente, o seu secretário da Fazenda Paulo Eli, ele um funcionário técnico de carreira daquela pasta

E isto tudo, apesar de Jorginho, como senador, ter votado para se baixar o ICMS nos combustíveis e telecomunicações – cerca de R$300 milhões por mês -, mas que agora, o eleito, admite que fará falta. E se complica quando promete baixar ainda mais os impostos em outras áreas. Entretanto, não diz o milagre, como se estivesse em campanha. E Siewert já provou que não é economizar, mas de atender os políticos. Aliás, que se diga, também, a decisão de cortar as alíquotas do ICMS de combustíveis e comunicações, teve o voto favorável do outro candidato a governador – para ficar nesta área -, Esperidião Amim Helou Filho, PP.

Jorginho e Esperidião estavam lanhando a própria carne. Jorginho ficou com a carne lanhada. Esperidião, o maior derrotado desta eleição – pois na conta se inclui a mulher Ângela e o filho João -, ficará mais quatro anos no Senado estabelecendo-se nas suas rotineiras incoerências.

E por que o setor produtivo está desconfiado de Jorginho? Primeiro, porque o discurso dele não se sustenta. Segundo, porque ele tem passado concreto contra o desenvolvimento de Santa Catarina. Como “dono” do Dnit no estado, e desde o tempo que o PL Valdemar da Costa Neto era um aliado de carteirinha de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Vana Rousseff, detonou ou andou a passados de tartaruga na infraestrutura rodoviária federal por aqui.

E se isso fosse pouco, Jorginho já teve o desplante e a cara de pau de tentar capar, é isso mesmo, capar recursos estaduais nas duplicações de rodovias federais, aprovadas pela Assembleia, como a BR-470 – para ficar naquilo que está próximo de nós -, que o seu guru político, com a caneta na mão, Jair Messias Bolsonaro, PL, não repassou ao estado, e só por birra e vingança política que inventou contra Carlos Moisés.

O catarinense pagou o que o governo federal e o Dnit negligenciaram. Quem produz, igualmente. Jorginho veio aqui ao Vale Europeu e à Foz do Itajaí “negociar” esta barbaridade contra a mobilidade e a competitividade da produção catarinense. Ainda bem que ela foi rechaçada à época pelas lideranças empresariais, mas não nos votos nas urnas.

Jorginho além dessa composição econômica, terá problemas para se integrar com a ala mais radical do bolsonarismo, com quem nunca teve ou terá identificação.

Ela por muito menos, fritou Carlos Moisés e indiretamente, fez o serviço para entregar o comando do estado às velhas oligarquias via as mãos de Jorginho.  Surpreendidas com as derrotas, diante da inércia política do eleito de então, Carlos Moisés, elas inventaram dois impeachments e uma CPI. Não deu em nada, diante de nova barbeiragem dos radicais que “no meio da manobra” ressuscitaram a vice Daniela Cristina Reinehr, PL. E isso, impedia que as velhas oligarquias voltassem ao poder na “mão boba” como planejaram. Então resolveram ao final salvar piedosamente Carlos Moisés, e compor com ele no poder. E o MDB, mais uma vez usufruiu como poucos. E como sempre, ao final, traiu.

Jorginho como candidato, como político experimentado e sem nenhuma vivência administrativa – foi gerente de banco e presidente da Alesc -, prometeu muito, não nominou as fontes para cobrir as suas promessas.

Diante disso, agora vão acontecer duas coisas: ou ele não entrega o que prometeu e culpa o governo central do PT, como é praxe nestes casos, ou faz parcialmente o que prometeu, endivida o estado e desorganiza a economia, retira a competitividade dos produtos catarinenses nos mercados nacional e internacional. Cara-de-pau, para isso, Jorginho possui, tanto que veio aqui tentar impedir o término da duplicação da BR-470 com verbas estaduais. 

No encontro que Jorginho teve com os empresários sob o patrocínio da Fiesc, ele tentou acalmar os desconfiados. Foi vago. Chegou a dizer que os estados estão endividados, mostrando que não conhecia – e se conhecia insistiu na desinformação – a realidade catarinense.

E melhor: fez música aos ouvidos da plateia, que agora diante da afirmação contida no press release da própria assessoria, está autorizada a cobrá-lo: “penso assim: se reduzir a carga tributária, se arrecada mais. Sou minoria neste pensamento, mas estou convencido de que reduzindo a carga conseguiremos incluir quem está fora e arrecadar. Vou ver uma forma justa para termos um secretário da Fazenda que olhe os dois lados: o do governo, mas também o lado de quem produz e precisa ser apoiado. Temos que ser um facilitador“.

Cleverson Siewert, apesar de jovem, é um velho conhecido dessa galera. E nos bastidores, sinaliza-se preocupações, nem tanto no relacionamento com os investidores, mas principalmente com as contas do novo governo. O presidente da Fiesc, Mário Aguiar, está preocupado com a revisão constitucional dos inventivos fiscais no ano que vem. Jorginho, na palavra prometeu inserir o setor produtivo na discussão. Agora, é esperar e conferir o quanto custará esta inserção.

TRAPICHE

Uma boa sacada para terminar o ano. A Associação Empresarial de Gaspar, Acig, trará o analista político Upiara Boschi, para expor e responder questionamentos, num evento aberto à comunidade e que será realizado a partir das 19h, de quinta-feira que vem, dia oito de dezembro. É preciso se inscrever e após haverá um jantar por adesão.

O senador Jorginho Mello, PL, ficou em Brasília, atrás de recursos federais do governo de Jair Messias Bolsonaro, PL, para mitigar os estragos das fortes chuvas. Perguntar mesmo não ofende: que mesmo ele conseguiu?

Tem gente que quer se candidato a qualquer coisa, e vive publicando nas suas redes sociais fotos rezando para santinhas a procura de milagres. Deveria se converter e ir para um templo. Lá, se for aceito, terá a máquina de votos e os votos de cabrestos dos pastores ungidos sobre seus fiéis.

Se no começo da Rua Prefeito Leopoldo Schramm a prefeitura e a Ditran não dão solução, anunciaram uma boa para esta segunda-feira: Para acessar o bairro Sete de Setembro, agora é preciso ir a nova rotatória no pasto do Jacaré. O press release que anunciou isso, disse que agentes de trânsito estariam no local orientando. Vídeos que circulam pelas redes sociais, mostram veículos cruzando a Avenida Francisco Mastella e longe dos olhos da Ditran. Gaspar sendo Gaspar.

Sobre a esbórnia em que se tornou a área de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Gaspar e que relatei no artigo de sábado, o secretário interino de Planejamento Territorial, Jorge Luiz Prucino Pereira, mandou um recado curto e grosso. “O governo não gosta de receber bolo pelas costas. E que antes de levar para fora é para tentar resolver internamente”.

O governo Kleber Edson Wan Dall, MDB, ficou incomodado com o artigo e está atrás de quem teria passado as informações. O significado “de se resolver internamente”, e o de resolver as pendências dos amigos e dar pau nos que não são da confraria que está instalada neste setor há décadas em Gaspar. O governo tenta enquadrar os técnicos concursados recém-empossados.

A divulgação dos primeiros nomes do primeiro escalão do governador eleito, Jorginho Mello, PL, anunciada oficialmente hoje pela manhã (foto abaixo) é antes de mais nada, para medir a temperatura, sentir as reações, comer frio e pelas beiradas. Os nomes são a cara de Jorginho e por enquanto, distante dos bolsonaristas radicais. Carlos Moisés da Silva, no então PSL, fez isso também, quase foi degolado.

Entretanto, com Jorginho isso deverá ser diferente. Ele como um político calejado – e vingativo – não vai deixar as cobras se criarem neste ninho. Mas, vai ter trabalho. O mundo gira. E Jorginho é da roda que gira. Com o PT no governo central, com o guru dele Valdemar da Costa Neto numa suposta neutra oposição, com a composição multipartidária de Luiz Inácio da Silva, PT, que vai incluir o Centrão, Jorginho não será carta fora desse baralho.

O governador eleito de Santa Catarina, Jorginho Mello, PL, anuncia os primeiros nomes para compor administrativamente o seu governo

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5 comentários em “CARLOS MOISÉS MOSTRA QUE TIROU O ESTADO DO BURACO. JORGINHO ENSAIA RETROCESSOS E TENTA “ACALMAR” INVESTIDORES”

  1. OLHO VIVO! por Eliane Cantanhede, no jornal O Estado de S. Paulo

    Enquanto o ainda presidente Jair Bolsonaro deixa as motociatas para lá e se concentra em cerimônias militares, grupos bolsonaristas continuam atacando irresponsavelmente as eleições e cobrando que jornalistas e especialistas sejam “tão implacáveis” com o presidente eleito Lula como foram com Bolsonaro. OK. Isso vale para qualquer presidente. Mas depende de como as coisas caminharem.

    Se vier uma pandemia e Lula tratar como “gripezinha”, criticar quem faz isolamento social como “maricas”, rir das pessoas morrendo sem oxigênio, trabalhar contra vacinas e máscaras e fizer propaganda de remédio inadequado, os bolsonaristas podem ficar tranquilos. Pau nele!

    Se Lula interferir politicamente nos órgãos de fiscalização e controle, atacar o Judiciário o tempo todo e participar de atos golpistas, não tenham a menor dúvida. Pau nele! Se promover um desmanche espantoso no ambiente, na educação, na saúde, na cultura, nem precisa dizer.

    E venha Lula xingar a mulher do presidente francês e a responsável por Direitos Humanos da ONU, bater de frente com os EUA de Joe Biden, China, Alemanha, França, Noruega, Argentina, Chile… Ih! Jornalistas, diplomatas, agropecuaristas, investidores e toda a academia vão… cair de pau!

    Ou seja: vem governo, vai governo e a mídia continua no papel dela, que é divulgar e comentar fatos e reações, independente de ideologias e partidos. Foi assim com o próprio Lula, Dilma Rousseff e Bolsonaro, um prodígio em falas e atos reprováveis. E será novamente com Lula.

    O momento é de acompanhar a transição, a montagem do governo, a construção de maioria no Congresso e de relações republicanas com o Judiciário. E, quando Lula desdenha da responsabilidade fiscal, o mercado, os economistas do País e, claro, a mídia, registram. E cobram.

    Só não dá para tratar presidentes e circunstâncias desiguais de forma igual. A herança, desta vez, é realmente maldita e a grande questão é como conciliar as urgências da miséria, fome, saúde, educação, ambiente, ciência e tecnologia, cultura com a falta de recursos.

    As universidades, escolas, a Farmácia Popular, a merenda escolar, o Programa Nacional de Vacinação, tudo está no osso. A demanda reprimida de atendimentos e tratamentos do SUS é assustadora, a Polícia Federal sem dinheiro até para passaporte, as dívidas com organismos internacionais são astronômicas.

    Teremos muito tempo para criticar o governo Lula e os holofotes já estão focados para detectar qualquer indício de mensalão e petrolão, mas não dá para exigir mágica nem cobrar Lula por culpas que não são de Lula. Quando forem, pau nele!

  2. STF TEM O DEVER DE ACABAR COM A EMENDA DE RELATOR, editorial do jornal O Globo

    Depois de meses de suspense, a ministra Rosa Weber, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), pautou enfim para amanhã o julgamento das ações que contestam a constitucionalidade das emendas do relator do Orçamento, conhecidas pela sigla RP9. Apelidado orçamento secreto, trata-se de instrumento fisiológico, opaco, que não leva em conta critérios técnicos e incentiva a corrupção. Espera-se que a maioria do plenário varra para o lixo esse expediente, criado em 2019 pelo governo Bolsonaro para comprar apoio político e blindar o presidente de investigações e pedidos de impeachment.

    É função do STF impedir que o Congresso estabeleça qualquer regra orçamentária contrária aos princípios constitucionais de moralidade, impessoalidade, publicidade, isonomia e equidade. É exatamente o caso do orçamento secreto. O dinheiro distribuído a quem apoia o governo é controlado pelos caciques do Centrão, em particular os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). As verbas são destinadas a projetos de retorno político aos parlamentares governistas, em geral em seus redutos eleitorais, e não onde façam sentido social ou econômico.

    Se o problema se restringisse a isso, já seria um escândalo. São gigantescos os desafios do Brasil. Das periferias das capitais ao interior, é evidente a necessidade de investimento em diversas áreas, da habitação à infraestrutura, da saúde ao combate à miséria. Por isso é inaceitável o critério imoral e personalista do orçamento secreto. Outros defeitos são constitucionalmente imperdoáveis. A distribuição continua opaca mesmo um ano depois que Rosa Weber determinou que o Congresso lhe desse transparência, com divulgação do volume de recursos e dos beneficiários das verbas. Ainda é possível ocultar a identidade deles. Por que o sigilo?

    Na previsão para o ano que vem, o orçamento secreto foi estimado em R$ 19,4 bilhões. Desde 2020, já foi gasta uma fábula por meio desse expediente: ao redor de R$ 55 bilhões. Sem saber o nome dos beneficiados, fica difícil ligar os pontos entre quem decide o investimento e suas conexões com os empresários locais que tocam as obras, nem sempre de maneira republicana. Não faltam fortes indícios de corrupção em vários lugares, a começar pelas maracutaias denunciadas na Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).

    Emendas parlamentares são um mecanismo comum, mas problemático em vários países. Entre 2011 e 2021, o Congresso dos Estados Unidos barrou a prática depois de anos de escândalos, como a construção de “pontes para lugar nenhum” no estado do Alasca. Batizadas de “financiamento de projetos comunitários”, as emendas voltaram neste ano, mas de maneira mais transparente, regrada e igualitária. Preveem verbas também para a oposição, num sistema parecido com as emendas individuais e de bancada do Parlamento brasileiro, cuja distribuição foi disciplinada por emendas constitucionais e outros mecanismos de transparência adotados ao longo do tempo.

    A excrescência do orçamento secreto, criada pelo Congresso com apoio da base governista, é um arbítrio do Legislativo que o STF tem o dever de extinguir. Será tarefa do governo que toma posse em janeiro formar maioria no nosso presidencialismo de coalizão sem apelar a novos esquemas de roubalheira em segredo com o Parlamento.

  3. Miguel José Teixeira

    Pois é. . . Se o eleito não fosse o jorginho, seria o manquinho. E a nossa Bela e Santa Catarina continuaria capengando de mansinho!

  4. ADEUS ÀS CORES MÓRBIDAS, por Miguel de Almeida, no jornal O Globo

    Dois fatos canhestros sintetizam o Brasil atormentado no mimimi do pós-Bolsonaro:

    1) A magistrada que não reconhece Chico Buarque como autor de sua belíssima “Roda viva”. (Acredito não ser uma postura ideológica, o que seria algo altamente sofisticado: parece ignorância burra e simples; o tal axioma -5% + 4% igual a 9% faz escola.)

    2) O filho Zero Três, depois de fritar hambúrguer nos Estados Unidos, agora no Catar, com pen drives na mão, no papel de camelô da Saara. No tempo da cirurgia à distância, diz usar pen drive! (Depois de perderem a eleição, surge aí uma nova oportunidade de negócio. Não deve dar lucro como lojinha de chocolate, mas já é uma diversificação de portfólio. Alternativa na área gastronômica talvez seja a venda de sopão na porta de quartel.)

    No mundo real, onde celular de mané não pede socorro a extraterrestre, a política surgida com a vitória de Lula desenha a possibilidade do nascimento de uma nova esquerda e de uma nova direita. Na esquerda, um pós-Lula com o Lula-Alckmin da atual frente ampla; na direita, algo civilizado, empático e técnico com Tarcísio de Freitas. Na centro-direita, Eduardo Leite.

    E Bolsonaro? — perguntarão as viúvas Zambelli e Damares, além de Valdemar Costa Neto, o celebrizado “boy” de Mogi. Antes uma erisipela, hoje apenas um miasma desconcertante, após a derrota e a cada revelação trazida pelo governo de transição, do desmonte da máquina pública, o futuro ex-presidente deve passar bom tempo no modo “Veja bem…”.

    Aos poucos os fatos demonstram os truques e desmandos da maléfica figura. Ainda não totalmente delineado, o quadro da saúde e da educação revela não apenas incompetência, mas deixa em aberto a notória suspeita de uma ação deliberada de extermínio. Espécie de vingança contra a vida e o futuro dos brasileiros.

    A equação é emblemática: tirou remédio, escola e deu armas. Com os pastores da rachadinha. Basta enumerar os nomes dos ministros para consumar provável boletim de ocorrência: Pazuello, Queiroga, Milton Ribeiro… Ninguém escalaria um time com tamanha falta de crédito se não desejasse desde antes estar com o jogo vendido.

    Não, sem a máquina pública e diante da abertura da caixa-preta do bolsonarismo, o miasma hoje escondido no Alvorada, assustando cortinas e portas do palácio, dependerá das rezas de Malafaia.

    Em seu mutismo acovardado, Bolsonaro deu munição (aqui vício de linguagem) formal a quem desejasse pular de sua canoa. A contestação do PL às urnas do segundo turno o fez perder apoio de dois partidos aliados, e o veto à liberação de verbas para o pagamento do orçamento secreto por certo conduzirá Arthur Lira à esquerda de Gleisi.

    “Os militares apoiam um golpe de Bolsonaro?”, deixou de ser a pergunta mais importante chorada pelos manés de portas de quartéis, para ser “Em quantos meses Valdemar Costa Neto abandonará Bolsonaro?”. Como um radical da adesão, seu estilo de política precisa de cargos para a manutenção de poder, e palavras de ordem jamais deram cartas a quem aprecia Las Vegas.

    Embora ainda exista a turma que deseja botar abaixo, tijolo por tijolo, a Escola de Frankfurt, sobre os escombros, e na expectativa das prisões dos malfeitores, se vislumbra um rearranjo capaz de forçar a renovação da esquerda e da direita no Brasil.

    Embora o velho PT continue a gritar no governo de transição, Lula sabe que ganhou a eleição pelo antibolsonarismo — e não com o petismo. A aproximação de nomes como Arminio Fraga ou Edmar Bacha, entre outros, esboça a possibilidade de trazer a esquerda petista a uma contemporaneidade já vivida pela esquerda europeia, em especial a alemã. Muitas das ideias e análises petistas em torno do modelo de desenvolvimento fazem eco ao tempo das diligências, das fábricas de chicote, numa renitente ojeriza à chegada do motor a vapor.

    O novo governo, caso se deixe contaminar pelas ideias de Fraga e Bacha, poderia levar o Brasil da condição de exportador de commodities para a de ator nos novos estágios de produção — tendo a revolução digital e as oportunidades da transição climática como ferramentas. Não se pode achar que modernidade é criar uma multinacional do bife, como ocorreu nos governos Lula anteriores, ou crer que o agronegócio que não paga imposto de exportação da soja seja a salvação da lavoura.

    Na outra mão, a expectativa da direita se volta a Tarcísio de Freitas, caso se contamine pela civilidade de Gilberto Kassab. Embora São Paulo já tenha elegido sanguinários como Erasmo Dias, o medievalismo das ideias bolsonaristas só encontra eco no minguado sopão dos manés. Se optar por escutar a pistoleira da Alameda Lorena e o camelô do Catar, Tarcísio será passado.

    E Eduardo Leite? Na centro-direita já sai com vários ombros à frente de Tarcísio. Porque chega sem o peso de defender um padrinho derrotado e enrolado com a Justiça.

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