Na coluna da edição impressa desta sexta-feira do jornal Cruzeiro do Vale – o mais antigo em circulação em Gaspar e Ilhota – e sob os títulos ” Moro x Bolsonaristas I, II e III” retratei um quadro de fidelidade onde à possível entrada do ex-juiz Federal e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Fernando Moro na corrida presidencial, acirra os ânimos e antes dele ser uma terceira via, é um provocador comum.
Para os bolsonaristas, Moro é tão inimigo quanto o é para os lulistas e petistas, neste caso, compreensível e por motivos óbvios.
Escrevi. Consultei de seis notórios bolsonaristas do cenário político gasparense. E a unanimidade deles é a mesma do enclave bolsonarista raiz nacional: o ex ministro do presidente Jair Messias Bolsonaro, sem partido, Sérgio Fernando Morro, que se filia no Podemos nesta quarta-feira, com a possibilidade de ser candidato à presidência da República na tal terceira via, é um traidor que nem a morte a livraria dos supostos pecados de que lhes acusam. Não há arrego. Não há meio termo. É pau puro até mesmo na falta de, ou na argumentação torta, como a de que foi ele quem permitiu a corrupção e a soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, PT. Incrível!
Esta é a reação de quem não esperava à volta Moro ao cenário político. E por quê? Sabe que o caldo pode entornar. Neste ponto, tanto o PT, os lulistas e bolsonaristas estão juntinhos como estão no Congresso derrubando leis contra a corrupção, aumentando verbas para políticos gastarem a rodo e provocando a inflação que empobrece mais, os mais pobres..
Todos contra Moro. Lulistas e bolsonaristas possuem já o inimigo em comum, o qual não podem ainda chamar de comunista, socialista e ladrão, ou de ser direitista, fascista, homofóbico e uma gama de defeitos para se colar na cabeça do eleitorado fanático, manipulado ou desinformado.
Bolsonaro, espertamente, usou para vencer às eleições e depois o descartou, como faz troça do liberalismo encarnado pelo economista Paulo Guedes, um morto-vivo, um boneco promocional de posto de gasolina, que nos números, levou a situação econômica brasileira ser até pior do que no governo Dilma Vana Rousseff, PT, impichada por causa isso.
Por enquanto, bolsaristas, petistas e lulistas precisam-se mutuamente para jogar a sorte grande em outubro do ano que vem. Qualquer um que cresça como terceira via, é inimigo de morte; terá defeitos insuperáveis.
Lula e o PT querem ganhar sem serem julgados pelo que fizeram. E Bolsonaro precisa de Lula, vestido de satanás, para não ser avaliado pelo que prometeu e não conseguiu entregar até agora, sempre metido num mar de confusões. A terceira via, seja quem a liderar, terá sempre a esquerda e a direita extremada unidas para derrotá-la. Seria divertido, se não fosse tão perigoso esse jogo com o futuro do país e dos brasileiros.
TRAPICHE
“Moro se sucumbiu ao sistema. Infelizmente se mostrou um traidor ao sair do governo. O povo não gosta de traidores. Após, comportou-se de forma omissa, silenciosa, coisa de quem foi calado pelo sistema”. Márcio Cezar, um dos líderes da direita em Gaspar.
“Continuo trabalhando na formação do Aliança pelo Brasil em Gaspar. Quando o presidente fizer a sua opção por um partido para a reeleição, eu e a equipe vamos acompanhar o presidente. Vai ser assim até termos o Aliança formado”, Márcio Cezar.
“Estou no PL aguardando a decisão do presidente”. Márcio Cézar.
“Creio que não afeta nada [a candidatura de Moro]. Bolsonaristas x Lulistas, dois extremos que beira o fanatismo. Agora, que existe uma remota possibilidade para uma terceira via, isto existe, nõ sei se na pessoa do Moro”. Sérgio Luiz Batista de Almeida, sindicalista, candidato a prefeito no ano passado pelo PSL, defendendo Bolsonaro na campanha, e que recentemente disse que estaria se desligando da política.
“Os bolsonaristas, penso eu, ficam com Bolsonaro onde ele estiver. Partido não vai influenciar em nada”, Sérgio Almeida.
“Não passa de um traíra. Jogou fora a oportunidade de deixar preso o maior ladrão que já nos roubou. Pensou que o povo iria acreditar nele. É só mais um enrolador”, Demetrius Wolff.
Ao ser lembrado que quem soltou Lula foi o STF, Demetrius emendou: “depois da cagada de Moro em sair do governo”. Ou seja, continuou ignorando que foi uma ação da Justiça e não de Moro, que aliás já estava fora do judiciário.
“Moro foi um excelente juiz; como político uma desgraça. Quando foi para defender a Lava Jato se acovardou. Eu fico de Bolsonaro. Muito melhor mesmo com aquela agenda liberal toda atrapalhada, do que dar a chance para a esquerda voltar”, Luiz Nagel, empresário e ex-presidente do DEM de Gaspar.
“Na verdade, estão querendo dividir os eleitores de Bolsonaro para a esquerda voltar. Moro deve voltar a ser juiz. Bolsonaro mesmo ruim, é o que tem uma agendinha ainda melhor. Está melhor do que no tempo da Dilma, quando afundei”. Luiz Nagel.
“Se for Lula e Moro, dá Moro. Se for Bolsonaro e Moro, não acredito que dê Moro, apesar do nome dele ser bem conhecido. E vai depender dos partidos que vão se coligar e darem apoio. Bolsonaro, independentemente de partido, onde ele estiver, ele identifica a direita que até então não tinha em quem votar”. Luiz Nagel.
Consultados, Marciano da Silva, que foi o primeiro presidente do PSL em Gaspar, mas escanteado e um fervoroso bolsonarista, independentemente de partido, bem como o candidato a vereador, Eder Muller, PL, preferiram não se manifestarem.
Não custa lembrar que Fernando Collor de Mello e Bolsonaro foram eleitos com bandeiras contra a corrupção e pela estabilidade econômica. Moro é a personificação da luta contra a corrupção. Se montar um time reconhecidamente capaz na área econômica, pode eventualmente, aglutinar, mesmo sendo ele um estreante exposto às víboras da política.