Em ambiente institucionais, a abertura dos trabalhados dos legislativos é um ato simbólico, político, solene e de respeito mútuo entre os poderes. Normalmente, o Executivo vai até lá para mostrar o que fará de necessário, relevante e inovador pelo povo e à sociedade em si naquele e nos outros anos de governo e pede apoio.
Em Gaspar, na terça-feira da semana passada, o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB faltou.
Como pegou mal, Kleber foi nesta terça-feira, mas de mãos abanando. Perdeu, mais uma vez, a oportunidade para se mostrar como um líder e que está preparado para dar um passo adiante na sua carreira política, que a fez como profissão desde jovem.
Tudo porque Kleber, seus “çabios” e os “donos da campanha” dele não queriam estragar o espetáculo do marketing político que o domina nestes dias derradeiros de prefeito – que está deixando o mandato dele 15 meses depois de ter sido reeleito – e já trabalhando como pré candidato a deputado estadual com apoio e pela Igreja Assembleia de Deus.
Acompanhado pelo vice Marcelo de Souza Brick, PSD, e uma entourage, Kleber agradeceu como a Câmara aprovou tudo o que ele mandou para lá no ano passado. Agradeceu ao ex-líder de governo José Hilário Melato, PP – que não pedirá votos para ele -, e o novo escolhido, Giovano Borges, PSD.
Sobre as carências de Gaspar nas áreas essenciais como Educação, Saúde, Assistência Social e obras estruturantes, nem um pio. Como não deverá mais voltar na Câmara na condição de prefeito, nem um balanço do que fez de relevantes para a cidade, os cidadãos e as cidadãs, foi capaz. Impressionante. Foi protocolar, chocho e sem emoção.
Kleber pediu a Deus que este ano seja melhor do que o ano passado – não esclareceu em que sentido – e convidou os vereadores para na segunda-feira da semana que vem irem no comício que ele patrocinará – entre muitos que virão no governo e fora dele – na Sociedade Alvorada. Lá, prometeu mostrar o que fará este ano por Gaspar, os gasparenses e pela busca de votos, com ajuda da montanha de empréstimos aprovados pela própria Câmara, como ele mesmo mencionou na sua fala.
Resumo da história. Kleber esnobou a Câmara duas vezes no espaço de uma semana, e a esnobará pela terceira vez, num espaço de duas semanas. Agora, está refém do marketing.
O que ele vai apresentar na segunda-feira no comício do Alvorada é o que ele deveria ter apresentado à Câmara na terça-feira da semana passada quando faltou, é o que deveria ter apresentado na terça-feira desta semana, mas que só fará, se fizer, na segunda-feira que vem.
E todos bateram palmas e foram só elogios. Vão bater de novo na segunda-feira. Acorda, Gaspar!
TRAPICHE
O “cavalo de pau” que o candidato Kleber Edson Wan Dall, MDB, deu emergencialmente ontem, desmentiu o próprio prefeito Kleber a respeito da duplicação da rodovia Ivo Silveira, que liga Gaspar a Brusque.
Se não for mais um truque de esperteza, esse “cavalo de pau” mostra apenas ele quanto errou, lava a minha alma mais uma vez, permitiu que o deputado Ivan Naatz, PL, viesse aqui desmoralizar Kleber e o suplente de deputado Pedro Celso Zuchi, PT.
Eles estavam juntinhos no mesmo atraso na defesa de interesses de meia dúzia de empresários e parentes apoiadores. Ainda vou comentar sobre este assunto. Quem mesmo orienta Kleber e Zuchi nessas bobagens?
A desistência do senador Dário Berger de concorrer as prévias que definirão quem será o candidato do MBD soa como uma vitória falsa do entrante, empresário e prefeito de Jaraguá do Sul, Antídio Aleixo Lunelli. Ele corre um sério risco de ser o que não foi.
O vereador Amauri Bornhausen, PDT, em tese um dos onze da Bancada do Amém, de 13 que fazem a Câmara, não estava presente. Alegou estar doente. Mas, na sessão de terça-feira apareceu um Projeto de Lei dele e que recebeu o número de 4/2022. O relator será Francisco Solano Anhaia, MDB.
O que diz este PL que espantou a maioria dos seus seguidores e dividiu às atenções das redes sociais por aqui? “Fica proibida a exigência de apresentação do cartão de vacinação ou de qualquer outro meio probatório de imunização contra a Covid-19 para acesso a bens, benefícios, serviços ou quaisquer lugares no âmbito do Município de Gaspar”.
Amauri, possui uma personalidade forte. Gaspar a conheceu mais este ano, ao enfrentar os erros do seu próprio governo onde está. É um funcionário público municipal. E é aí que mora o perigo. E isto está explícito logo no artigo segundo deste PL que ele o quer transformar em lei.
“A vedação descrita no caput deste artigo também veda que os servidores públicos vinculados ao Município de Gaspar de forma direta ou com os órgãos da administração pública indireta e fundacional sejam impedidos de ingressar nos locais de desempenho de suas funções.”
Espantosa mesmo, são as argumentações usadas pelo vereador na interpretação da Constituição Federal que se “amparam” naquilo que a Carta assegura o ir e vir das pessoas.
E está lá, mas o direito de não se vacinar e ser portador da doença, de ir e vir e contaminar os outros com uma doença com poderes letais, não confere usar direito de forma pétrea para expor o coletivo, em detrimento de interpretação estritas ou de convicções pessoais, ideológicas ou de ignorância.
Estão cheios de julgados neste sentido que contrariam os argumentos simples e frágeis do vereador para alto tão importante, complexo e marcados por controvérsias que beiram a negação frontal da ciência e do direito da vida de outrem.
E para convencer os vereadores, que no escurinho estão inclinados à aprovação, mas não queriam passar por tal vexame, Amauri cita que “serve como amparo a este projeto de lei a decisão preferida no dia 17 de setembro de 2021 pela meritíssima doutora juíza de direito 2ª. Vara Cível da Comarca de Gaspar SC, nos autos do mandado de segurança n.505078-34.2021.8.24.0025:
“… Com relação a obrigatoriedade da vacinação, esta não pode ser exigida, visto que se trata de vacinas ainda em fases de estudos e que necessitam de aprimoramento e de estudos de segurança amplamente comprovados e divulgados à população, antes de se tomar uso obrigatório. Verificando em fontes oficiais é possível constatar que todas as vacinas covid-19 estão em fase de testes, o que configura caráter experimental”.
Primeiro, que esta argumentação da juíza foi há cinco meses. Segundo, que esta decisão foi um escândalo nacional e contra a ciência. Terceiro, quem assessorou Amauri – se ele não sabia e se sabia errou mais ainda – esta decisão da Comarca de Gaspar foi derrubada rapidamente pelo Tribunal de Justiça e com ampla repercussão, restabelecendo a obrigatoriedade da vacina, a questão daquela época.
Quarto e finalmente, para não me alongar, Amauri um homem esclarecido, sem pernas, com comorbidades, que depende mais que outros da ciência, não pode dizer por aqui – e argumentar isso num projeto de lei em pleno fevereiro de 2022, de que as vacinas contra a Covid-19 que teima se prolongar com suas multi-variantes, estão em fase de testes, são experimentais, quando colou no seu trabalho a argumentação da juíza, já derrubada no tribunal e mais do que isso, comprovada no mundo científico de que se trata de algo eficaz.
Se não fossem as vacinas, estudos com base em dados científicos, mostram que o numero de mortes na atual onda patrocinada pela Ômicron, poderia ser superior a dez mil por dia. O máximo que bateu foi mil, e em 80% dos casos, de gente não vacinada, ou com o ciclo da vacinação incompleta. Isto Amauri ignorou.
Reconheça-se o direito de alguém de não se imunizar pela vacina. Entretanto, esse direito deve ter consequências a quem fez esta opção. Não como punição, mas como proteção aos que se vacinaram e outros que não se imunizaram, para que a doença se elimine entre nós, deixe de ser um custo altíssimo para as pessoas e suas vidas, mas principalmente para o sobrecarregado sistema de Saúde Pública.
Amauri virou negacionista, é isso? Meu Deus. Entendo até que ele possa ter a opinião dele, mas não pode como uma pessoa que demonstrou ao longo do ano passado ter estudado minuciosamente o que relatou na tribuna da Câmara em outros casos, estar agora neste, baseado em convicções e fatos falsos. Acorda, Gaspar!