Há dias venho reclamando que estou com dificuldades para entregar os costumeiros três artigos por semana aqui no blog para os leitores e leitoras. Esta dificuldade pode perdurar o mês de junho todo. Ou seja, por mais tempo do que eu suponha. Isto é transparência. E nas minhas anotações, os assuntos acumulam e até envelhecem para serem descartados.
Todavia, o mundo político-administrativo de Gaspar não muda. Ele voa e vazio. Independente de eu estar olhando a maré e registrando publicamente para vocês os altos e baixos dela, este mundo todo particular fervilha em questionamentos em nossa aldeia. Este mundo de meu interesse já está em campanha eleitoral. Oficialmente, ela ainda não começou.
Hoje, por exemplo, os partidos políticos precisam comunicar ao TSE se vão recusar o quinhão deles no bilionário Fundo Especial de Campanha Eleitoral deste ano, feito exclusivamente com dinheiro dos nossos pesados impostos, os quais estão faltando em tantas prioridades e enquanto, sob a nossa complacência e a aprovação dos nossos representantes na Câmara Federal e no Senado, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, PT, cada vez, mais vai criando e atochando mais tributos contra nossos bolsos. A ilustração importada e envelhecida que abre a página de Anotações de Miguel Teixeira desta segunda-feira dá bem a dimensão disso para a compreensão para além das palavras e textões.
Então, pergunto: quem vai rejeitar este fundo?
Esse trem político não espera quem diz não ter tempo para acompanhá-lo. Simples assim.
Retomo.
DISSIMULAÇÃO E MANIPULAÇÃO
Na imprensa, as eleições na nossa aldeia parecem que nem vão acontecer este ano por aqui. A imprensa não quer encrenca com as mesmas forças de pressões de décadas, os anunciantes – incluindo às migalhas governamentais – e com a Justiça, onde todos ameaçam infernizar quem ouse dar um pio sobre este mundo e principalmente, submundo do poder de plantão, ou de quem quer se aboletar do poder pelo voto do povo, mas até agora, não disse a razão disso para o povo.
Ou vocês viram algum plano, ou alguém dizer que vai fazer diferente do que está aí? Há ensaios frontais de Oberdan Barni, Republicanos, e tímidos, de Ednei de Souza, do Novo, por enquanto, outsiders e obrigados a este papel para dizerem, ao menos, que existem.
Paulo Norberto Koerich, PL, estava calado até domingo quando empurrado pelas circunstâncias que estavam engolindo-o, finalmente fez um vídeo para rodas nas redes sociais.
Pedro Celso Zuchi, PT, está surfando numa onda de passado e numa outra, a lulista que ainda vai engoli-lo e dizendo que está mandando dinheiro para o sistema de saúde pública municipal que não presta contas à cidade e o próprio vereador do partido de Zuchi, vive questionando este sistema na Câmara. A contradição faz alimentar, via emendas parlamentares, o que os próprios petistas dizem ser um monstro engolidor de dinheiro dos pesados impostos .
E Marcelo de Souza Brick, PP? Fala muito, entretanto, sem dizer nada. Mudar o que está sob crítica, não pode. É que tendo esta oportunidade como parte do governo Kleber, não fez, não mudou nada. Muito pelo contrário. Nas redes sociais, estão desmoralizando-o pelas próprias declarações que fez no passado contra os seus apoiadores do presente e na associação em que se equilibra para continuar candidato. No fundo, todos estão em suas bolhas. Basta ir a eventos de cada um deles. Para eles, estão eleitos sem se precisar de votos de seis de outubro. E para para uma parcela majoritária, ainda não há concorrentes para eles. Mesmo que para isso, precisem adulterar pesquisas internas e fazê-las, pela mentira, públicas.
Retomando pela segunda vez.
Nas redes sociais, a crítica – depois do oito de janeiro -quase sumiu e os pré-candidatos tomaram conta dessas mesmas redes sociais como salvadores dos problemas de hoje e do amanhã, porque do passado, onde foram atores, e do presente, onde podem interferir com ações, questionamentos e soluções evitam qualquer compromisso.
Bandeira de Gaspar, orações, fiscalização de quem nunca fiscalizou nada, mesmo sendo vereador, mensagens como se fossem coaching de autoajuda, condolências, homenagens, moções, presença e registro em festas públicas nas quais nunca foram antes, cumprimentando – e se fingindo de próximos – para quem nem sabiam existir… Tempo da falsidade.
Por outro lado, nos aplicativos de mensagens – como o whatsapp – a realidade das dificuldades e da rivalidade, nervosamente, circulam nos grupos-bolhas e quando saem delas, é um deus-nos-acuda, isso se não descamba para a baixaria, a vida real dos adversários e dos grupos estruturados. Tudo para ter ou continuar no poder a qualquer custo. Quase todos escondem à razão dessa obsessão, mesmo falsamente reclamando ser ela tão sacrificosa e cara aos seus bolsos. Se é, por que estão metidos nisso?
O bom disso tudo é esta permanente contradição. E quando desnudada, todos ficam possessos, fulos e se armam para amarrar a boca do sapo de quem os desnudam ou questionam.
ASSÉDIO, ERROS E JOGO BRUTO PARA CONFUNDIR O ELEITOR E ELEITORA
Retomando, mais uma vez.
Pega-se o que os pré-candidatos e apoiadores falaram um do outro no passado e se confronta com o discurso de hoje. Pronto, o desastre está estabelecido. É um simples ato que destrói os políticos e candidatos de hoje. Daria páginas e páginas. Textões. Cansativo. Então vou pinçá-los em três exemplos, dentre centenas, tudo no mesmo contexto.
O jornal Cruzeiro do Vale se diferenciou da mesmice, mas, mais uma vez, sem sair dela. Afagou o poder de plantão na principal chamada de capa desta semana com “o cenário que encontramos foi de verdadeira destruição – ajuda humanitária de Gaspar”. Não vou contestar e nem me alongar.
Sinceramente? Esta manchete do jornal não seria exatamente do Rio Grande do Sul. Ela bem que poderia ser de Gaspar e que, pasmem, não sofreu nenhuma catástrofe severa natural nos últimos meses, a não ser uma ameaça de enchente e que foi bem pior em Rio do Sul, por exemplo. Se a manchete do RS fosse sobre a nossa Gaspar, simplesmente, ela seria decorrente de um longo período de governo sem planos, sem transparência e sem ações simples de manutenção da cidade.
E quem estava nas redes sociais se exibindo com o jornal na mão como salvadores de outros? O pré-candidato do governo Kleber. Coincidência? Uso indevido da desgraça alheia, sem que tenha antes arrumado a própria casa? Só de diárias, está se pagando aos que foram lá muito mais de R$100 mil.
É, no fundo, tudo isso é resultado do empreguismo desenfreado e escolhas políticas desqualificadas. Então, por isso, Kleber e Marcelo, e antes com Luiz Carlos Spengler Filho, PP, não tiveram capacidade no planejamento, controle, execução e entrega à cidade como governantes eleitos daquilo que juraram e prometeram nas campanhas de 2012 (perdida), 2016 e 2020 (vencidas). Por isso, agora, e só porque se está à beira de uma eleição difícil e que vai julgá-lo, Kleber, aos domingos, diz que vai prestar contas à cidade, coisa que se esqueceu de fazer em quase oito anos de mandato. O simples anúncio nas redes já lhe rendeu questionamentos desfavoráveis em algo que deveria ser muito bom.
De verdade o que aconteceu até aqui? Quando cobrado, o ente político exposto – por si e por seus prepostos – virou perseguidor de quem lhe cobrou transparência e soluções. Agora, em fim de governo e enfraquecido, é mais cobrado e confrontado com os governos passados que dizia faria esquecê-los por ser diferenciado e mais competente. Diferenciado até foi, mas na decepção daquilo que prometeu.
Aliás, uma gravação do prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, nos seus primeiros dias de governo, há sete anos, para desespero dele hoje, é repetida de tempos em tempos à cidade. Corre os aplicativos de mensagens, as ameaças que fez pelo whatsapp para comissionados e cargos em confiança dar likes e comentários favoráveis às suas ações, “caso contrário, ao controle que fazia, todos iriam se ver com ele no dia seguinte“. Isto sem falar, nas converssas cabulosas do seu irmão de templo e faz tudo, o então presidente da Comissão Interventora do Hospital, o manda chuva na secretaria de Planejamento Territorial e titular na secretaria de Fazenda e Gestão Administrativa, presidente do PSDB de Gaspar, Jorge Luiz Prucino Pereira. Até uma CPI para livrá-lo foi montada nas tramas que teve nesses diálogos com o ainda presidente do Samae, Jean Alexandre dos Santos, PSD.
O PALANQUE DE BARRO
A foto que abre comentário de hoje foi feita no sábado passado no Belchior Baixo. Era uma ilha de políticos. Sem povo. Estavam lá o prefeito eleito Kleber; o novo prefeito de fato de Gaspar e irmão de denominação neopentecostal, deputado Federal por Blumenau, Ismael dos Santos, PSD; o vice-prefeito, morador do Distrito, vestido de pré-candidato a suceder a Kleber, Marcelo, PP, além de minguados vereadores – há onze da Bancada do Amém – e pré-candidatos a vereadores. Um velório.
O que estavam fazendo lá? “Fiscalizando” o asfaltamento de um trechinho da Rua Vidal Flávio Dias que vai ligar o Distrito Industrial particular até a BR-470, no Marocas, prometido há mais de oito anos – repito, há mais de oito anos, por Kleber ao povo e empresários de lá – que até queriam contribuir com a obra. Até financiamento a Câmara aprovou para tal.
Esses políticos não possuem desconfiômetro? Podem agora, até fazer uma obra inteira, e não pela metade como está nos planos deles, e até pintá-la de ouro e tudo ainda será contra estes políticos. O está escrito neles? A marca da imobilidade, incapacidade, dúvidas, enrolação… Diante disso, qual a disposição dos eleitores, eleitoras, apoiadores e até financiadores, apostarem fichas em quem lhes fez tamanha desfeita e prejuízos por tanto tempo? E este não é o único, ou algo fora da curva como poderia se pensar para alimentar os discursos de adversários.
E para encerrar.
Coloco este vídeo remixado por seus adversários aproveitando o cochilo ou o deboche intencional do ator Kleber e que a cara máquina de marketing desses oito anos o enfraqueceu. Kleber uma pessoa tão jovem, tão religiosa, tão justa com os seus, pecou mais uma vez.
E por que? Na gravação – que não é ideia de nenhum crítico dele que e o grupo dele querem calados, mesmo depois de muitos anos de perseguição – Kleber deu mais uma mostra do que será o vale tudo para ludibriar à memória curta dos outros, principalmente dos eleitores e eleitoras cativos. Kleber mentiu ou foi traído na sua própria memória ou na aposta que a cidade é feita de desmoriados.
E os adversários não perdoaram, usando o próprio material de Kleber, esclareceram-no. Está patente, que no mundo instantâneo e digital das redes sociais, Kleber – e Marcelo – terá dificuldades para a tal prestação de contas que ele prometeu, muito tardiamente, neste domingo aos gasparenses. Kleber, diferente do que afirma, já decretou ponto facultativo no seu governo que tinha até então esta marca de não ter pontos facultativos.
Os adversários, nas bolhas deles, minutos depois, reforço, minutos depois, lembraram que Kleber está com problemas de memória e estão desacreditando-o, por tabela quem ele apoia para sucede-lo. Este vídeo é de uma dessas bolhas usando o próprio erro de Kleber. E não são poucos. Este blog é testemunha de muitos deles. Então… perguntar, não ofende: quem são estes “çábios” que orientaram Kleber durante esse tempo todo? Muda, Gaspar!
TRAPICHE
Acuado e sendo ocupado no discurso que é seu, finalmente, o delegado Paulo Norberto Koerich, pré-candidato a prefeito de Gaspar pelo PL, União Brasil e PRD gravou um vídeo para dizer a que veio. E espalhou. Diz nele, que está acostumado pôr criminosos na cadeia. Ultimamente, pelo jeito, não tem feito muito isso. Se sair do discurso e fazer, que diz que é o que costuma fazer, ganha a eleição fácil.
Triste vida essa do PP de Gaspar que já foi a fortaleza conservadora política da cidade e adiou a morte do MDB. aliando-se a ele para usufruir da teta. Uma parte do PP diz que está com o candidato que foi parar lá para continuar o governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, o vice Marcelo de Souza Brick. Uma outra, por meio dos empresários, é o esteio de Paulo Norberto Koerich, no PL. E a que sobrou, sob as rédeas do mais longevo dos vereadores, José Hilário Melato, trabalha por debaixo dos panos para Pedro Celso Zuchi, PT, com quem o vereador possui longa relação de apoio.
“Os bolsonaristas são rudes. Não entenderam que por mais barbaridades que Lula cometa, isso não redime Bolsonaro. São dois populistas. São dois iliberais. São dois inconvertidos à democracia. Cada um, porém, a seu modo. Por isso não são iguais. Mas ambos são nocivos à democracia“. Do escritor Augusto Franco, no X, respondendo a um tuiteiro seu identificado como Alex e que escreveu o seguinte no dia primeiro de junho:
“Cresce no Brasil a ideia de que que o lulismo e o bolsonarismo são dois populismos que se retroalimentam numa polarização que impede um maior e mais respeitoso pluralismo essencial a uma real democracia. Ambos devem ser combatidos. Livres da polarização estão por aí e a cidadania brasileira já escuta os seus sinais…” Volto. Se Bolsonaro continuar inelegível, qualquer terceira via terá, obrigatoriamente, que ter aval do bolsonarismo para vencer o lulismo, como Geraldo Alckmin, PSB, fez de forma direta para Lula.
Lei que pega. E lei para inglês ver. Em Gaspar temos várias dessas. A proibição de fogos com estampidos; a que proíbe ruído alto de motos e outros veículos; a que proíbe à venda e consumo de bebidas alcóolicas em locais públicos e agora, a que proíbe comercializar e consumir drogas ilícitas em ambientes públicos como praças e ruas. Esta, aprovada na semana passada na Câmara.
Todas já estão em leis federais ou código penal, até porque são de competência federal ou crimes tipificados. Quem em Gaspar, com falta de policiamento – o efetivo está abaixo do mínimo -, sem guardas na Ditran, sem regulamentação dessas “leis” aprovadas em duplicidade na Câmara, vai atrás de tudo isso e colocar ordem na cidade? Só discurso e papelório para consulta em arquivos. Talvez saia até do arquivo, mas para perseguir algum adversário político ou crítico de plantão. Valha-me Deus.
O governador Jorginho Melo, PL, já levou uma rasteira do PL bolsonarista radical e não aprendeu. Com a inércia do ex-secretário de “Proteção” e Defesa Civil, Coronel Armando Schroeder, PL, de Joinville, o Vale do Itajaí quase ficou debaixo d’água por não querer enfrentar os entraves operacionais das barragens, principalmente, a Norte, em José Boiteux. Sem saída, o próprio governador tomou à frente do imbroglio, antes de ser ele próprio ser inundado pela tragédia.
Agora, numa proporção menor, mais um aviso de que esta área política de radicais do PL em Santa Catarina continua problemática. O Parajasc realizado na semana passada em Blumenau sob a organização da Fesporte, teve provas de atletismo paralisadas e a de bocha não computadas oficialmente, por desajustes com a arbitragens das federações dessas modalidades. A Fesporte é tocada pelo ex-coronel do exército, Freibergue Rubem do Nascimento, ex- número dois da secretaria de Segurança Pública e uma indicação da deputada Federal Daniela Cristina Reinehr, PL.
Esquecido. Reiteradamente, o vereador Alexandro Burnier, PL, “esquece” de dizer que quem votou contra a compra daquele milionário terreno da Furb pela prefeitura de Gaspar, além dele e do vereador Dionísio Luiz Bertoldi, PT, foi também o finado vereador Amauri Bornhausen, PDT. Amauri com mais propriedade. Pois além da crítica aberta que fazia a este negócio, com mais contundência do que os demais, era, vejam só, em tese, da Bancada do Amém, ajoelhada incondicionalmente para os erros do governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, PP.
Pior mesmo, foi a tentativa de Alexsandro Burnier, PL, de livrar de alguma culpa nessa compra, o relator da matéria que tornou esse negócio possível, ex-líder do governo, do líder do MDB na Câmara, o ex-secretário de Saúde, Francisco Hostins Júnior, recém convertido ao PL de Gaspar. Ao final, percebendo o enrosco da corda no seu pescoço, livrou-se dela.
A conta da água em Gaspar vai sair mais cara a partir deste mês.
O caro sistema de transmissão das sessões da Cãmara de Gaspar não guarda os vídeos de sessões no seu site e nas duas últimas, coincidentemente diante de denúncias de imagens de desleixos e denúncias, na trucagem, elas não apareceram ao vivo e nem nas gravações. Reclamação de dois vereadores de oposição. O presidente da Casa, o mais longevo delss, José Hilário Melato, PP, prometeu, mais uma vez, “restabelecer” o palanque que desafia e enfraquece o governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, PP.
O cego e surdo. “Sinceramente, estive lá e ninguém me cobrou nada no Gasparinho“, afirmou o líder do governo Francisco Solano Anhaia, MDB, respondendo às duras cobranças do vereador Dionísio Luiz Bertoldi, PT, pela falta de manutenção nas ruas e estradas do Gasparinho. O prefeito, convidado na Caminata, foi lá num pé e voltou no outro, como relatou o próprio Dionísio. Assim fica difícil reclamar de alguma coisa ao vivo ao prefeito e seu entorno.
Zomba. Na relação de obras de qualidade que o líder de governo, Francisco Solano Anhaia, MDB, desfilou na última sessão da Câmara, ele nominou a ligação do pasto do Jacaré, entre as avenidas Frei Godofredo e a Francisco Mastella, a que custou mais de R$12 milhões, há três anos, para apenas um quilômetro. Já foi refeito um trecho. Mas, está lá, outras áreas comprometidas, bem como uma corcova de camelo na qual já entalou um caminhão cegonha. Sobra qualidade.
Falta marqueteiro I – O candidato a prefeito pelo Republicanos em Gaspar, Oberdan Barni, escreveu um artigo na sexta-feira no jornal Cruzeiro do Vale e que deu o que falar na cidade. Se esta era a intenção, deu certo. Se a intenção era colocar o povo no centro das decisões do seu possível futuro governo, escolheu um programa enganador, que foi criado e é marca do PT, que o atual governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, desmoralizou ainda mais.
Falta marqueteiro II – “Sou a favor do Orçamento Participativo” era o título do artigo. “Orçamento Participativo”? Esta é uma marca do PT no Brasil e foi largamente usado pelo ex-prefeito Pedro Celso Zuchi, PT, nos seus três mandatos. Só por isso, deveria ser descartado no nome. Gera confusão e associação indevida.
Falta marqueteiro III – Segundo. O tal “Orçamento Participativo” foi uma jogada do PT, para enfraquecer as então fortes nossas associações de bairros infestadas de seus adversários políticos. O PT quando não as desmanchou, aparelhou-as ou as enfraqueceu por método. E todas via o assembleísmo do “Orçamento Participativo”. Diga-me, qual associação de bairro em Gaspar que tem voz ativa na cidade e empareda os poderosos de plantão? O governo Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, PP, ainda possuem um arremedo desacreditado que chamaram-no de “Gestão Compartilhada” que só emprega e quase nada compartilha ou realiza com as comunidades.
Falta marqueteiro IV – Perguntei ao próprio Oberdan sobre o artigo. Ingenuamente, ele me disse que acredita nesse mecanismo. Ingenuamente, ele me disse que isso nada tem a ver com o PT e que o seu artigo não o associaria ao PT. Ingenuamente, Oberdan não entendeu que o papel dele não é de ressuscitar coisas que não deram certo até aqui e calaram a voz da comunidade, que ele jura que vai restabelecer depois de anos de governos petistas, do MDB e PP.
Falta marqueteiro V – Quer dar voz e parte do Orçamento do município às decisões dos próprios moradores nos seus bairros e comunidades? A primeira coisa que Oberdan deveria explícitar é á recriação e fortalecimento das Associações de Bairros, com a proibição de filiação a partidos de suas diretorias e livres do mando de vereadores. Criar regras para elas serem autônomas, verdadeiras, autênticas assembleias populares em que elas discutam e definam as suas prioridades junto a prefeitura, aos políticos na Câmara e em outros canais institucionais, incluindo o Ministério Público e o Tribunal de Contas do Estado.
Falta marqueteiro VI – Isto é mudar. Se vai dar certo, são outros quinhentos. O resto, é voltar atrás. E pior do que já foi e está. Muda, Gaspar!
11 comentários em “AS BOLHAS, O ASSÉDIO, OS ERROS, A CONFUSÃO, A DISSIMULAÇÃO, A MANIPULAÇÃO E O JOGO BRUTO”
Este comentário abaixo, e o editorial do jornal Folha de S. Paulo, podem responder à razão pela qual, a campanha de Pedro Celso Zuchi, baseada no papai Lula (ninguém quer ser tratado com o um dependente de político), poderá ser um desastre para quem largou com cabeças à frente dos seus concorrentes. Ninguém mais suporta à arrogância, das dissimulações – como o do imposto das blusinhas e de livrar André Janones do julgamento pelas rachadinhas – erros e vinganças continuadas da esquerda do atraso contra quem não se ajoelha a eles. E o recado das urnas em seis de outubro não será exatamente contra Zuchi, mas contra Lula, Ana Paula, Décio, o PT rançoso do século 20, este que está no poder, sem apoio, e mesmo assim não se deu conta que está em meados do século 21
CENÁRIO ABERTO, por Willian Waack, no jornal O Estado de S. Paulo
Lula 3 é uma permanente confusão política. Que impossibilita ao presidente cumprir a promessa feita logo que foi eleito: trazer previsibilidade, estabilidade e credibilidade.
Mexer via MP como o governo fez esta semana (mais uma vez) no sistema tributário, causando severo impacto financeiro nas empresas, liquida a previsibilidade. A estabilidade fica comprometida pela incessante bagunça na articulação política, que amplia a já distorcida relação entre Executivo e Legislativo.
Quanto à credibilidade, seu aspecto mais preocupante é a percepção negativa que agentes econômicos manifestam sobre política fiscal, taxa de juros, inflação e dívida. Até aqui a “fórmula” lulista – expansão dos gastos públicos gera consumo que gera crescimento da economia – teima em não se materializar em ganhos político-eleitorais.
O que existe ainda de “velha guarda” atuante do PT manifesta preocupação com as perspectivas de 2026. O partido cresceu como agremiação dirigida por uma elite de quadros profissionais e experimentados na política, boa parte deles vinda de estruturas sindicais sólidas, atrelada ao carisma, personalismo e ao que se possa chamar de sabedoria política de Lula.
São exatamente esses dois aspectos – o profissionalismo no topo e a liderança de Lula – que estão se esvaindo. A “velha-guarda” se ressente abertamente do fato de a mulher do presidente ter ocupado funções anteriormente a cargo dos profissionais da política, condição que eles não reconhecem nela. E de Lula não mais ouvi-los, ou não como fazia antes.
A ausência de um plano além da expansão de gastos sociais e das fórmulas fracassadas é um dos fatores que comprometem as oportunidades que se abrem para o País. Outro está na enorme lentidão para fazer reformas infraconstitucionais e melhorar o ambiente de negócios – o que inclui as “lições de casa” regulatórias sem as quais vamos ver passar o bonde, por exemplo, da transição energética.
É óbvio que num país ainda tão miserável e desigual como o Brasil políticas assistencialistas mantêm relevante peso eleitoral. Mas as transformações sociais das últimas duas décadas colocaram outros temas no processo de formação do voto – segurança pública e conjuntos de valores – e nenhum deles se resolve facilmente, mesmo abrindo os cofres públicos.
Lula 3 perdeu tempo em fazer a economia crescer vigorosamente e em ampliar a reduzida margem de votos que lhe deu a vitória em 2022. Frente a um adversário inelegível tropeçando em si mesmo, neste momento o caminho para 2026 deveria surgir bem delineado. Ao contrário, o cenário nunca esteve tão aberto.
DESARTICULAÇÃO DE LULA REFLETE PLANBOS PRECÁRIOS, editorial do jornal Folha de S. Paulo
São sensatas as recomendações do líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), para que a administração petista reduza os riscos de novas derrotas no Legislativo.
Em entrevista à Folha, o parlamentar defende que o Planalto e sua base de sustentação deem prioridade à agenda econômica, distanciando-se da chamada pauta de costumes —que tem fortalecido a oposição mais reacionária.
Faz sentido: propostas capazes de dar alento ao crescimento da produção, do emprego e da renda têm o potencial de aglutinar interesses de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e da heterogênea relação de partidos representados no ministério. Tendem ainda, em tese ao menos, a enfrentar menor resistência das demais forças políticas.
O que Randolfe não pode dizer, dadas as suas funções, é que falta ao governo um projeto econômico coerente, realista e não limitado à expansão do Orçamento e à ressurreição de marcas petistas como o PAC —e que falta ao PT disposição para compartilhar poder com os parceiros da “frente ampla” da qual se valeu nas eleições.
Um exemplo quase prosaico da precariedade dos planos brasilienses se dá com a proposta de eliminar a isenção tributária para compras pequenas no exterior.
Tratava-se, no início, de uma das providências previstas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para elevar a arrecadação e conter o déficit galopante do Tesouro Nacional. Bastou Lula perceber que a taxação seria impopular, porém, para a retirada de seu endosso.
Já no Congresso a pressão de empresários brasileiros pela medida encontrou eco, e agora resta ao Planalto a tentativa de minimizar o desgaste com uma eventual sanção envergonhada ao texto.
Caso mais grave é o dos estudos para a contenção de despesas públicas conduzidos pela equipe da ministra do Planejamento, Simone Tebet, e desautorizados, sem muita sutileza, pelo comando petista —numa evidência do papel secundário reservado às forças de centro na Esplanada.
Lula prefere insistir em velhas teses de seu partido, como demonstrou mais uma vez ao intervir no comando da Petrobras, e deixar para o sucessor a tarefa de consertar os estragos nas contas públicas. São escolhas que encarecem tanto a gestão da economia quanto a de sua coalizão partidária.
A manter-se tal panorama, muita saliva ainda será gasta em Brasília com debates bizantinos sobre a articulação política e a comunicação de um governo com poucas ideias e não muitos votos no Congresso.
O problema que mesmo o governo petista fosse bem, e não está, tivesse bons resultados e não os têm de forma consistente e estruturada, faltaria o essencial, credibilidade. Quem é o investidor que confia no PT, no Lula e seu entorno de jurássicos e a esquerda do atraso, que trata terroristas como estadistas?
Quem move o país não confia nessa gente, simples assim.
GOVERNO FRACO VAI AO SABOR DO VENTO, por Vera Magalhães, no jornal O Globo
Lula tem como uma de suas características mais essenciais o fato de, em público, nunca reconhecer que as coisas vão mal em casa. No máximo, distribui uns puxões de orelha, reconhece um tropeço ou outro, mas falhas estruturais em seus governos ou nos do PT, aí não.
A semana começou com o presidente tardiamente reunindo seus líderes para colocar uma fechadura na porta arrombada do Congresso. Escalados para relatar o tom do encontro, o ministro Alexandre Padilha, deputados e senadores presentes trataram de minimizar as últimas derrotas, creditando-as somente ao fato de o governo não ter maioria no Parlamento para temas da “pauta de costumes” — uma redução grosseira do tamanho do problema.
Mas nem bem raiou o dia seguinte, e o resultado do PIB levemente mais gordinho no primeiro trimestre já transformou a (leve) cautela da véspera em euforia, com Lula cravando nas redes sociais que os dados seriam a “prova” dos acertos do governo.
O exagero foi tão óbvio que a nota do Ministério da Fazenda e, depois, a fala do próprio Fernando Haddad foram num tom bem mais cauteloso, enumerando os motivos específicos que levaram o resultado dos primeiros três meses a ser levemente maior que as estimativas, mas alertando sobre a possibilidade concreta de a tragédia no Rio Grande do Sul impactar o desempenho da economia nos trimestres seguintes. O óbvio.
Mas os eufemismos futebolísticos de Padilha, sobre a dificuldade de um time se sagrar campeão sem perder nenhuma partida (mas sem considerar a possibilidade de perder um campeonato ganho se perder muitas em seguida, como o Botafogo em 2023), e a bateção de bumbo de Lula com o PIB não escondem o grau de improviso e dificuldade de liderança da atuação do governo no Legislativo — reflexo ao mesmo tempo do mau humor com Lula nas pesquisas e da desconfiança dos agentes econômicos com o andamento da pauta deste ano, e não mero choque ideológico em questões de costumes.
Ao reunir os mesmos de sempre para prometer que receberá mais políticos, o presidente mostra ao mesmo tempo repertório limitado, atuação tardia e falta de ímpeto para ir ao cerne da treta: vários partidos ocupam endereços vistosos na Esplanada e não entregam os votos na Câmara e no Senado. Têm, portanto, todos os bônus de ser governo e nenhum ônus.
Essa falta absoluta de coragem de arcar com desgastes inerentes a qualquer gestão também se mostra na maneira errática como o governo se comporta em relação aos assuntos tratados no Parlamento e gestados na sua cozinha, seja Casa Civil ou Fazenda.
O vaivém na taxação das compras importadas de até US$ 50 e a desistência da cobrança de imposto de herança sobre planos de previdência privada mostram de forma bastante explícita quanto as derrotas recentes e as pesquisas deixaram o couro de Lula e de sua administração bem mais fino para novas fricções — naturais quando se tem de construir uma política econômica coesa que demonstre preocupação de justiça tributária e responsabilidade fiscal genuínas, e não apenas de ocasião.
Medidas impopulares deveriam ser bancadas desde que houvesse coerência com o programa de campanha e com o arcabouço fiscal enunciado por Haddad e validado pelo Congresso nos bons tempos de 2023, quando a relação fluía melhor. Mas o próprio ministro parece ter perdido um pouco o ímpeto de ajudar na costura com as duas Casas, uma vez que não está clara a diretriz do Planalto.
No caso da “guerra das blusinhas”, o que se tem hoje é o governo morrendo de vontade de que a taxação passe, mas sem coragem de colocar a cara e arregaçar a manga para viabilizá-la. Atitudes assim, deixando temas importantes correrem ao sabor do vento, são típicas de governos fracos.
HÁ FUMAÇA NO ACORDO COM OS PLANOS, por Elio Gaspari, nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo
Sente-se forte cheiro de queimado no acordo verbal fechado há duas semanas pelas operadoras de saúde com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira. À primeira vista, foi um alívio. Depois de cancelarem os planos de dezenas de milhares de pessoas, inclusive de uma senhora de 102 anos, freguesa da Unimed desde 2009, com mensalidade de R$ 9.300, as empresas comprometeram-se a suspender o massacre.
À segunda vista, o negócio não é bem assim. Pelo menos 30 mil vítimas ficarão sem contrato, e a Pax Liresca durará enquanto tramitar, nas palavras do doutor Lira, “uma proposta legislativa que tenha a possibilidade de inovar”.
Tradução: o problema foi remetido ao escurinho de Brasília. Todas as malfeitorias das operadoras baseiam-se em leis ou normas produzidas naquele mundo de sombras. É só lembrar que, em 2020, as operadoras relutaram em cobrir o pagamento dos testes de laboratório para detecção da Covid-19. Afinal, o rol de procedimentos da Agência Nacional de Saúde não falava de testes para uma doença que havia acabado de aparecer. A negociação com Lira teria impedido a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito. Depois da CPI da Americanas, impedi-las tornou-se um serviço público.
O acordo de cavalheiros produzido por Lira é uma vaga girafa. Ficaram fora dele todos os órgãos do Executivo, a começar pela ANS.
O setor das operadoras de saúde está em crise. No conjunto, fechou o ano com prejuízo operacional de R$ 4,53 bilhões, mas isso quer dizer pouca coisa, porque muitas operadoras tiveram lucro.
Levando a questão para uma “proposta legislativa”, corre-se o risco de produzir uma situação em que ferram-se os fregueses e aliviam-se as operadoras mal geridas. Novamente, vale lembrar que, em 2014, um jabuti legislativo aliviava as operadoras no pagamento de multas por não atenderem a freguesia. Pela gracinha, quanto maior fosse o número de infrações, menor seria seu valor unitário. Dilma Rousseff vetou-a.
O governo Lula 3 fez opção preferencial por temas genéricos, passando ao largo de crises específicas. Com as operadoras de saúde, ele não mexe, o que não é novidade, porque a turma da Lava-Jato também não mexeu.
A encrenca das operadoras é do tamanho de duas outras de tempos passados, a dos bancos, que explodiu no colo de Fernando Henrique Cardoso, e a das empreiteiras, que contribuiu para a deposição de Dilma Rousseff.
Não foi à toa que a gigante americana UnitedHealth fugiu do mercado brasileiro. Trata-se de um setor da economia que atende 51 milhões de brasileiros, em que prosperam alguns donos de operadoras e de hospitais. Negam atendimentos, descumprem até decisões judiciais e argumentam que cumprem as leis e as normas. O plano ficou caro? Culpa da inflação médica que foi de 14,1%, ante os 4,8% da vida oficial.
As dificuldades do setor vêm de uma origem simples: nele não há rigor no controle de custos. Na ponta dos planos e dos serviços, fatura-se. Na outra, 51 milhões de vítimas pagam. Quando a conta não fecha, cancela-se o freguês idoso ou doente. Havendo grita, arma-se uma acordo de cavalheiros à espera de uma “proposta legislativa”.
Tudo bem, mas o ator mexicano Cantinflas já cuidou desse tipo de acordo. Antes de começar uma partida de dominó, perguntou aos parceiros:
— Senhores, vamos jogar como o que somos?
VIROU DESFORRA, editorial do jornal O Estado de S. Paulo
Em fevereiro, a Polícia Federal (PF) arquivou o inquérito aberto para apurar as agressões que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes alegou ter sofrido, junto com sua família, no aeroporto de Roma. À época, o delegado Hiroshi Sakaki decidiu não indiciar o empresário Roberto Mantovani Filho, sua mulher, Andreia Munarão, e o genro do casal, Alex Zanatta, por entender que as ofensas que o trio teria dirigido a Moraes, além do tapa que Zanatta desferiu contra o filho do ministro, eram crimes de menor potencial ofensivo – o que já era evidente desde que o caso veio a público.
Agindo assim, Sakaki nada mais fez do que cumprir uma norma editada pela própria PF, segundo a qual os crimes de menor potencial ofensivo, como foi aquela lamentável altercação no aeroporto, não ensejam indiciamentos. Ademais, o delegado justificou que, para indiciar os investigados, os crimes dos quais eram suspeitos deveriam ser passíveis de extradição – o que não é o caso da injúria real.
É fato que Mantovani e seus familiares agiram como típicos vândalos bolsonaristas, que vivem de acossar e estigmatizar pessoas e instituições nas redes sociais e, eventualmente, nas ruas. Mas daí a apontar as pesadas baterias penais do Estado contra eles vai uma longa e civilizada distância. Ao que parece, porém, um desfecho anticlimático para o caso não seria bem recebido em Brasília – terra onde ofensas contra autoridades, nestes tempos esquisitos, chegam a ser tratadas como levantes contra o Estado Democrático de Direito.
Um mês após a conclusão do inquérito, o ministro Dias Toffoli, relator do caso no STF, atendeu a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) e determinou que a PF interrogasse Mantovani Filho outra vez. A PGR, segundo consta, queria saber se o empresário teria manipulado o vídeo do entrevero entre as famílias. Para essa nova fase de diligências, foi incumbido o delegado federal Thiago Rezende, haja vista que Sakaki pediu para deixar o caso. As razões de seu afastamento são desconhecidas, mas, de fato, o delegado nada mais tinha a fazer, pois ficou claro que a boa técnica policial adotada por ele não poderia levar a outro desfecho senão o arquivamento sem indiciamentos.
Eis que agora, sem que qualquer fato novo tenha sido trazido aos autos, o novo delegado decidiu mudar a posição da PF e indiciou Mantovani, a mulher e o genro pelas supostas hostilidades contra Moraes. É difícil tirar a razão do advogado da família, Ralph Tórtima, quando ele diz a este jornal que o inquérito contra seus clientes, “lamentavelmente, tem se revelado um verdadeiro vale-tudo”.
Como o próprio delegado Thiago Rezende reconhece, “muito embora as palavras proferidas (pelos investigados) não possam ser ouvidas, nada nas imagens contradiz o que foi dito pelos agressores”. Como se vê, portanto, a nova conclusão, desta feita favorável ao ministro Alexandre de Moraes, ampara-se apenas e tão somente nos interesses do magistrado, não em prova concreta.
Parece haver dois tipos de ritos de persecução criminal no País. Um é destinado aos cidadãos comuns; o outro, aos processos em que o ministro Alexandre de Moraes figura como vítima. Nesse caso, a ordem jurídica é reinterpretada conforme o freguês. Só isso explica as muitas excrescências que têm sido naturalizadas quando o ministro figura num dos polos da ação. O magistrado, por exemplo, acaba de expedir mandados de prisão preventiva contra dois acusados de ameaçar sua família no mesmíssimo feito em que, corretamente, se declarou impedido de relatar. O que justifica essa bagunça?
O redivivo inquérito do aeroporto nem sequer deveria ter sido instaurado. Não fossem as vítimas quem são, é improvável que a rusga tivesse chegado ao conhecimento de uma autoridade policial. E, se tivesse, dificilmente iria mais longe do que uma carraspana do delegado de plantão. Mas, em se tratando de um ministro do STF, em particular de Moraes, tratado como a encarnação do anjo da guarda da democracia brasileira, tudo muda de figura.
SER HUMANO, por Merval Pereira, no jornal O Globo
A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia assume a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com duas missões, uma interferindo na outra. Seu mandato, que se encerra dois meses antes das eleições presidenciais de 2026, terá como objeto principal aprovar normas que protejam os candidatos do uso da inteligência artificial para distorcer informações ou mentir pela boca de adversários com o uso de deepfake.
As medidas tomadas agora terão repercussão não apenas nas próximas eleições municipais. Ao mesmo tempo, porém, ela terá de fazer isso com a moderação que lhe é característica, impedindo que a legislação protetiva termine se transformando em instrumento de polarização política.
Nunca, como nos anos recentes, os ministros do Supremo mostraram-se tão humanos na capacidade de cometer erros em consequência de situações pessoais que influenciam suas decisões, levando quem salvou a democracia a colocá-la em risco. Como errar é humano, e a vaidade nos ataca a todos, à medida que os juízes se afastam da letra da lei para ampliar ou restringir seu entendimento, o resultado é o aumento de seu próprio poder, que embriaga.
Houve momento na nossa triste história recente em que, se não houvesse reação firme do Supremo, nossa democracia poderia ter sido destruída. Mas a concentração de poder nas mãos de um mesmo juiz, escolhido por desejo monocrático de um presidente eventual do Supremo, transformou em todo-poderoso o relator de todos os processos ligados, direta ou indiretamente, à divulgação de fake news.
Foi decisão autoritária que pareceu à época condizente com a gravidade da situação. À medida que a radicalização política prevaleceu, instigada pelo próprio presidente eleito na praça pública, mais poder ganhou o ministro-relator, admirado externa, mas sobretudo internamente, pela coragem de arrostar os perigos inerentes à sua luta contra o autoritarismo. Como os ataques passaram a ser pessoais, a perseguir ministros e aparentados, a questão política ganhou relevo, tendência que já se manifestava anteriormente na disputa contra a Operação Lava-Jato. Um ministro que fazia a defesa veemente da operação, a ponto de dizer que se instalara no país uma “cleptocracia”, passou a ver nela um perigo à democracia quando investigadores começaram a bater em portas conhecidas.
Um outro, ao tomar conhecimento de comentários desairosos sobre seus conhecimentos jurídicos feitos pelos procuradores de Curitiba, mudou de voto para condenar o ex-juiz Sergio Moro. Outro, identificado como “amigo do amigo de meu pai” pelo empreiteiro Marcelo Odebrecht, saiu anulando todas as provas contra o filho do amigo do amigo, desmentindo até os dados e confissões do próprio.
No caminho, foram cometendo os mesmos erros de que acusavam a Lava-Jato: prisões alongadas; conflitos de interesses; acusações sem provas, mas com convicção; uso de instâncias judiciais para vingança. As ameaças pessoais a esposas e filhos de ministros são revoltantes e explicam, até certo ponto, decisões pessoais proibidas por leis, além do próprio bom senso, como a de quem ameaçou a própria família, sem ter o cuidado de se declarar impedido (só o fazendo depois da prisão decretada).
A ministra Cármen Lúcia, única mulher no Supremo no momento, terá a oportunidade de, com a serenidade firme que a define, colocar o trem de volta aos trilhos. Teremos nos próximos anos dois juízes equilibrados e dedicados a fazer avançar a democracia — Luís Roberto Barroso presidindo o Supremo e Cármen Lúcia no TSE — e podemos ter esperanças de que o cenário moderado que começa a se desenhar no ambiente jurídico prevaleça.
Bom dia.
Eu fiz parte da primeira Associação de Moradores do Bateias.
Eu achava que era um canal pra reinvidicações entre a comunidade e o governo municipal.
Logo descobri que ela foi criada justamente pra trampolim eleitoreiro.
Todos os envolvidos na tal associação se lançaram candidatos a qualquer coisa no mesmo ano.
Também fui delegada do Orçamento Participativo do Bateias.
Uma luta…Mas saiu a nova escola e o antigo prédio virou creche pra atender as demandas da comunidade.
Por isso sou favorável, independente do nome do pai da criança, se for de verdade, tá tudo certo.
O bairro Bateias precisa de um posto de saúde pra atender dignamente os moradores da região sul da cidade.
O único fica lá no Barracão e sua estrutura não comporta a demanda.
Faça chuva ou sol, muitos pacientes são obrigados a aguardar pelos procedimentos no pátio.
Desumano e desrespeitoso.
Estamos sozinhos, vulneráveis, sem voz,
nem a quem recorrer…
HADDAD ASSOMBRADO, por Carlos Andreazza, no jornal O Estado de S. Paulo
Fernando Haddad vê fantasminhas. O espírito do arcabouço fiscal o ronda. É a alma penada da regra natimorta que o atormenta. Fantasmão, o da credibilidade perdida. Natural que o chame de ruído.
Antes fosse. Lula é coerente e dá materialidade ao espectro. Obstinado por um Estado como alavanca do crescimento. “Não teria aceitado o novo marco fiscal se isso tivesse mudado substancialmente” – disse o ministro da Fazenda ao Valor.
O governo é Dilma 3 e o presidente não pode ser acusado de estelionato eleitoral. A raia fiscal foi improvisada para corridas à larga. Não há rumor. Há constatação tardia.
Haddad – pai da assombração – vendeu equilíbrio que não poderia entregar. Agora tem de lidar com o presunto do arcabouço exposto, de repente descoberto. Não cheira bem. Foi mexer na meta. (E houve quem celebrasse as maquiagens que apenas adiaram esse encontro com o mundo real.) Fedeu. Sempre foi questão de tempo. Enfim, o corpo morto alterado. Vilipendiado. Para levantar uns bilhões. Qual fantasminha não reagiria ao ultraje de sua matéria?
A banalização da mudança de meta fiscal a se exibir – exibida a irresponsabilidade dos governantes – quando necessário crédito extra para demanda excepcional de verdade; como a do Rio Grande do Sul.
Haddad prometeu equilíbrio fiscal, superávit em 25, enquanto receitava – seus “compromissos iniciais” – reforma tributária, marco fiscal e corte de gastos tributários.
Fez isso à base da anestesia conhecida por PEC da Transição. Foram cerca de R$ 150 bilhões, em 23, para o ministro “surpreender o mercado com seus compromissos fiscais”. A grana acabou. Os fantasmas ora vindo cobrar papai. E ainda estamos em 24. Atualizemos.
A reforma tributária foi levada à sala 171 para que Lira mantenha aquecido o próprio café. Sete os relatores que farão a cama ao “imposto do pecado”. Assombração nenhuma terá coragem de entrar ali.
O marco fiscal, morto que continua morrendo, era inviabilidade grotesca na origem.
Todo mundo fez conta. Houve quem preferisse se fingir de distraído para exercitar a esperteza e armar posições.
Corte de gastos será só o tributário mesmo – com insuficiência expressa na campanha contra o fim da desoneração da folha de pagamentos.
O governo é Dilma 3 e a despesa – a constante do natimorto fiscal – crescerá sempre. Ajuste, somente pela arrecadação. Ferramenta já saturada. E então as engenharias criativas pela fabricação de dinheiros; onde estamos. Haddad assombra Haddad. Pedale-se.
O DELÍRIO SOBRE LIRA, por Dora Kramer, no jornal Folha de S. Paulo
Nada mais falso e danoso para o andamento dos interesses do Planalto no Congresso que a disseminação da ideia de que Arthur Lira seja um pato manco na presidência da Câmara.
Desde a virada do ano isso é sussurrado aos ouvidos de analistas permeáveis a qualquer versão vinda do Palácio. Se a história faz algum sentido, e essa até faria fosse outro o personagem, sapecam-lhe o carimbo de “bastidor”, e a coisa se espalha por Brasília como tradução da realidade.
No caso específico, essa prática é o pano de fundo do rompimento do deputado com o ministro Alexandre Padilha. Justa ou injustamente, Lira julgou ter identificado no gabinete de Padilha a origem dos sussurros sobre a desidratação de seu poder.
Tenha sido ou não o articulador político do governo o autor (mensageiro?), Lira o escolheu para mandar o recado de que havia captado a mensagem. Pelo visto, perfeitamente entendida, pois de lá para cá nunca mais se falou no assunto.
Entre outros motivos porque Arthur Lira vem dando demonstrações de que controla a tropa. Nas votações e nos preparativos da própria sucessão.
Providenciou uma dispersão de poder ao dispensar o relator original (Aguinaldo Ribeiro, do PP da Paraíba) da reforma tributária, nomear 14 relatores para dois projetos de regulamentação e, assim, concentrar nele a interlocução com o Planalto e setores interessados.
No jogo sucessório, vem mantendo (cozinhando em fogo brando?) desde o ano passado quatro candidaturas possíveis sem se definir publicamente por nenhuma delas. Justamente para não antecipar a transferência de poder.
Enquanto isso dá as cartas segundo o critério combinado com o presidente da República: na economia ajuda, na pauta de costumes se abstém e na agenda cara à esquerda fica contra —e o governo que lute para impor suas posições.
Se pato, Lira não é manco. Ao contrário: divide para reinar até o fim e, por ora, nada de braçada.
PENALIZAR NÃO É PANACEIA, por Lygia Maria, no jornal Folha de S. Paulo
Uma nova lei pode ser mais perniciosa do que o crime que se pretende punir, principalmente se criada de modo açodado, sem tipificação clara e sensata estipulação da pena.
Esse é o caso do artigo de um projeto de lei vetado por Jair Bolsonaro (PL) em 2021. Na terça (28), o Congresso manteve o veto sobre “comunicação enganosa em massa”, popularmente conhecida como fake news.
Segundo o diploma, quem “promover ou financiar (…) campanha ou iniciativa para disseminar fatos que sabe inverídicos capazes de comprometer o processo eleitoral” pode ser encarcerado por até cinco anos.
Salta aos olhos que quem propaga inverdades é preso, mas não está claro o que acontece com quem as criou.
Também é temerária a vaguidão. Quais critérios serão usados para atestar as tais inverdades? Como provar que aquele que disseminou os fatos sabia que eram inverídicos?
Basta lembrar que o TSE, durante a campanha eleitoral de 2022, proibiu a circulação de um vídeo com notícias de corrupção durante governos do PT, apesar de todos os ministros da corte concordarem que os fatos noticiados eram verdadeiros.
A justificativa de Ricardo Lewandowski foi puro paternalismo: “O cidadão comum não está preparado para receber esse tipo de desordem informacional”. É o Judiciário se arvorando a interpretar textos pelos cidadãos. Um descalabro que gera dúvidas sobre a capacidade da justiça de proteger o pleito sem infringir direitos individuais.
Apoiadores do artigo, até jornalistas, afirmam que os parlamentares a favor do veto apoiam fake news. Uma ilação que perverte a lógica só para sinalizar virtude e incitar polarização. Usar desinformação contra a desinformação é um disparate.
Ora, opor-se a uma lei não significa necessariamente apoiar o objeto que ela visa combater. Pode-se vetá-la apenas por ser uma lei falha, que precisa de reformulação.
Então, por favor, menos santimônia e mais sensatez; menos punitivismo e mais política pública. O debate público e a democracia agradecem.
A GASTANÇA DE LULA DÁ MAIS GANHO A RENTISTAS, editorial do jornal Folha de S. Paulo
O Banco Central divulgou que, nos 12 meses encerrados em abril, a medida mais ampla do desequilíbrio fiscal do país mostrou um déficit exorbitante de R$ 1,043 trilhão, equivalentes a 9,41% do Produto Interno Bruto. Trata-se da pior marca desde abril de 2021, quando se vivia o impacto da pandemia.
Os números dizem respeito ao chamado déficit nominal, que considera as despesas primárias (pessoal, benefícios sociais, custeio administrativo e investimentos) e o pagamento de juros da dívida nos três níveis de governo. É preciso cuidado, todavia, ao comparar o resultado recente com as cifras atípicas da crise sanitária.
Há pouco mais de três anos, a maior parte do rombo de 10,25% do PIB decorria de gastos emergenciais para o enfrentamento da Covid-19, que levavam o saldo primário negativo a 6,75% do PIB. Naquele momento, o gasto total com juros chegava a 3,5% do produto.
Agora, o deficit primário está em 2,4% do PIB, ao passo que os encargos da dívida saltaram para 7%. Com o endividamento em alta (R$ 8,4 trilhões, ou 76% do PIB) e a taxa Selic em nível elevado para combater a inflação, resultante em parte do ritmo acelerado de crescimento de despesas públicas, o impacto dos custos financeiros subiu.
O fato de o deficit orçamentário ser menor hoje do que durante os piores momentos da pandemia está longe de ser tranquilizador. Ao contrário, a tendência recente é um motivo de alarme.
Com o impulso gastador irresponsável do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), voltou à estaca zero todo o esforço de saneamento das contas depois da calamidade causada por sua correligionária Dilma Rousseff. De fato, o déficit primário federal hoje é comparável ao de 2016.
O Planalto quer fazer crer, conforme a cartilha mistificadora petista, que o culpado pelo desequilíbrio é o Banco Central. O custo dos juros, segundo o credo intervencionista, poderia ser eliminado numa canetada, que só não ocorre porque a instituição não está ainda sob o mando do partido.
É falso. A Selic está em 10,5% ao ano porque Lula insiste em gastar como se não houvesse limites. Se o mandatário não acredita em responsabilidade fiscal, o risco de descontrole da dívida cresce na percepção da sociedade.
A desconfiança eleva as taxas de prazo mais longo, que determinam o custo de financiamento de toda a economia, como tem sido observado nos últimos meses.
Os alertas estão à vista de todos e deveriam suscitar a revisão da postura governista —que favorece o tão atacado rentismo dos credores da dívida pública.