Não vou falar de manuais, mas nada na vida, produz-se resultados se você tiver objetivos claros, uma liderança inspiradora – e confiável – para incentivar, orientar e perseguir, pelos exemplos ou capacidade, estes objetivos; bem como uma equipe capaz e motivada para chegar a esses alvos. E mesmo que você tenha tudo isso, pouco adiantará, ou valerá, se você não tiver uma comunicação interna para amarrar bem esse conjunto de metas, valores e prioridades entre os seus, além da comunicação externa – que muitos erradamente a chamam de marketing – para tranquilizar quem será beneficiado com os resultados desejados, ou comprometidos, numa linha de tempo – as vezes mais alongada do que as expectativas criadas – e disponibilidades possíveis.
E é parte disso tudo que não está bem alinhado até aqui com os vencedores das eleições de seis de outubro em Gaspar.
Paulo Norberto Koerich e Rodrigo Boeing Althoff, ambos do PL, venceram, mas ainda não levaram. Hoje uma reunião deles com os vereadores vencedores, equipe de transição, poucos influenciadores (e alguns patrocinadores) da campanha, os já escolhidos para o time operacional, bem como com os dirigentes partidários do PL, União Brasil e o PRD, tenta colocar uma bússola e um comandante nesta nau ancorada em porto desprotegido, mas com data marcada para partir aos objetivos ainda pouco claros, apesar do Plano de Governo de clarado a Justiça Eleitoral, discursos e conversas feitas durante a campanha. Esta é a reclamação.
Paulo e Rodrigo estavam perdendo a hora desse alinhamento. É a tal acomodação das melancias no caminhão de mudanças já em movimento. Isto sem contar que os vencedores precisam olhar para a Câmara, onde em tese, não possuem a maioria, mas dependendo dos movimentos que fizerem, a terão sem muito trabalho, ou ficarão reféns dentro do próprio ambiente minoritário – e pior: a maioria dos eleitos não possuem a experiência da manha legislativa.
AS ESCOLHAS NÃO SÃO TESTES DE POPULARIDADE
Paulo precisa dar sinais claros de que está no comando do processo das escolhas. E bancá-las. Ninguém está pedindo para anular o vice – e nem deve. Mas, uma das queixas é que ele terceirizou esse processo ao vice e aos luas pretas da heterogênia equipe de campanha e transição sob o comando do vice. Ao menos, agora, Paulo está sendo fotografado com os escolhidos. É um avanço do aprendizado.
A outra superação necessária neste momento de escolhas é a de encontrar inimigos ou adversários ocultos no próprio ninho vencedor. Há, sim, como há também a criação gratuita de fantasmas nos embates para qualificar e desqualificar nomes no processo de procura, escolhas, descarte ou confirmação. É outro aprendizado.
Também é preciso levar em conta os múltiplos interesses em jogo e de que não há escolhas que possam ser unânime. Elas não podem apenas refletir uma suposta popularidade do futuro governo logo de cara. Estas escolhas, nesate primeiro momento, além de técnicas e confiança, devem ser inspiradora à população que vai ser beneficiária. Foi ela, que majoratariamente, pediu e sufragou amplamente por mudanças em seis de outubro passado. É éste o ponto central que deve orientar as escolhas.
E todas as escolhas feitas até agora, pode-se questionar os ajustes vindos de Blumenau – onde o PL venceu e lá também é um delegado de polícia -, Gaspar, Florianópolis, partidos da coligação, patrocinadores e até coisas que gravitam no atual governo do MDB, PP e PSD de Kleber Edson Wan Dall, MDB e Marcelo de Souza Brick, PP – onde algumas delas se confundem entre o que sai e o que entra -, mas, do ponto de vista de possíveis resultados diferentes, ao menos, sem espetáculos, estão todos, aparentemente, bem encaminhados.
Se essas escolhas vão dar certo ou não, só o tempo poderá afirmar isso. E sempre há tempo para se corrigir. Espera-se, todavia, não com a mesma volúpia do que fez por oito anos o atual governo ou a acomodação em cargos importantes, de gente com qualificação questionada. No atual governo, o valor de algumas indicações estava relacionada a quantidade de votos que vereadores não conseguiram nas urnas. Uma barbaridade. E por isso, então, estarei aqui sempre olhando a maré, apesar dos apelos para que eu deixe meu ponto de vigia de décadas. Voltando: teoria nas escolhas é uma coisa; à prática é outra.
Até agora, arrisco-me a afirmar que as escolhas técnicas – ou políticas – já conhecidas são insuperavelmente melhores do que as do atual governo, o qual, é visível, está um trapo ancorado em marquetagem de promoção pessoal. Mais. As escolhas para compor a equiupe do futuro governo são bem mais adequadas do que as do primeiro mandato de Kleber e Luiz Carlos Spengler Filho, PP, quando tentou exibir uma qualificação técnica mínima dos seus escolhidos. Talvez, eu queime a minha língua quando vier a divulgação do secretário equivalente ao do que é hoje o titular da secretaria do Planejamento Territorial, ao da secretaria de Obras e Serviços Urbanos, bem como a caixa de pandora chamada de Samae. Há nós e receios.
A DIFERENÇA ENTRE INFORMANTE E FONTE
Retomando para encerrar.
Quem tem informante é bandido e polícia. Não sou nem um, nem outro. Eu tenho fontes, que as preservo (há décadas e o próprio prefeito eleito é testemunha) e respeito até ao ponto delas não me usarem para os interesses delas. Na semana passada, em assunto já ultrapassado, o vereador campeão de votos, Alexsandro Burnier, PL, padrinho da indicação do enfermeiro concursado, Arnaldo Gonçalvez Munhoz Júnior para a titularidade da secretaria da Saúde, garantiu-me que “o cara é bom”. Para ele, plantado verde para colher maduro, o único que supostamente estaria contra a indicação seria o ex-prefeito Adilson Luiz Schmitt, PL, qualificado por Alexsandro, como meu informante.
Primeiro não discuto indicação se ela é boa ou ruim. Já escrevi sobre a escolha. Não sou eu que tenho que responder pelos resultados, mas não os tendo para a comunidade, passa ser do meu interesse. E Arnaldo não assumiu.
Segundo: o que apenas salientei em observações anteriores, ouvindo fontes – e gente que esteve na secretaria da Saúde em várias áreas dela por anos afio –de que o indicado já teve a oportunidade de fazer o que vai fazer e não conseguiu “virar o troço”. O prefeito eleito, já escrevi aqui, afirmou-me que, quanto a isto, Arnaldo teve o cargo, mas não a oportunidade. Como isto é muito comum no governo de Kleber, esta dúvida é razoável. Então, Arnaldo terá nova chance e que seja bem sucedido desta vez, para alívio da cidade e principalmente, do novo governo. Então, Arnaldo está obrigado a “virar o troço”. No fundo, nalalisada, é uma peça operacional – e não carimbada – bem encaixada. Se vai dar certo, só dependerá dele. Arnaldo não poderá mais alegar que não o deixaram trabalhar da maneira que sabe e pode fazer “funcionar” a Saúde pública de Gaspar do ponto de vista do seu conhecimento.
Agora, por outro lado politicamente e para destampar a chaleira neste ambiente, escolha de Arnaldo não deixa de ser boa. É que o seu arco de apoio começa no próprio PT – para quem serviu e ouvi defesa do vereador reeleito Dionísio Luiz Bertoldi, outra fonte minha – e perpassa todos do atual governo. Ou seja, está bem amparado. Tecnicamente, segundo muitas das fontes, é um solucionador de problemas, como me disse o prefeito eleito e o vereador Alexsandro. Se o Hospital – onde Arnaldo já foi conselheiro – ganhar autonomia e sair da obrigação foco da secretaria, Arnaldo volta-se para os postinhos, onde ele conhece como poucos é o dono deste pedaço atualmente, mas que não está funcionando como deveria.
Como escrevi lá no início: nada na vida produz resultados se você não tiver objetivos claros, uma liderança inspiradora – e confiável – para incentivar, orientar e perseguir, pelos exemplos, estes alvos; além de uma equipe capaz e motivada para chegar aos resultados da equipe de governo em uma área muito exposta, como a Saúde, e desde o dia primeiro de janeiro do ano que vem, dia da posse de Paulo e Rodrigo.
E a reunião de hoje pode ser o alinhamento que o futuro governo precisa para se expressar e conter o fogo amigo que, no meu entender, ainda não entendeu a importância dos votos que recebeu nas eleições passadas. Primeiro, deixa a oposição vir para cima. Esta da situação ser a própria oposição eu conheço. E não é uma boa ideia. Muda, Gaspar!
TRAPICHE
Enquanto o governo eleito em Gaspar vai ajeitando as suas melancias no caminhão da possível mudança pedida nas urnas, o atual de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, PP, vai deixando a cidade as traças, e ao mesmo tempo, abrindo caminhos para futuros empregos públicos e políticos deles. Marcelo, finalmente, recolheu-se, caiu parcialmente a ficha e virou surfista de ideias, planos e palavras. Se olhar bem, não foi enganado como murmura por aí. Preferiu atalhos. E estes o levaram ao precipício.
Kleber Edson Wan Dall, MDB, por outro lado, suspira vendendo aos demais prefeitos o que ele não conseguiu fazer aqui durante quase oito anos. Enquanto jura que este espaço não é lido por ninguém, pela marquetagem e desta vez usando a estrutura da Fecam – Federação de Consórcio e de Municípios Catarinense -, para desmentir as manchetes daqui como a de quinta-feira: KLEBER MONTA ESPETÁCULO PARA SE ESTADUALIZAR COMO EXEMPLAR ADMINISTRADOR E SER CANDIDATO A DEPUTADO ESTADUAL EM 2026. MAS, EM GASPAR ONDE NÃO CONSEGUIU FAZER SUCESSOR, AS DÚVIDAS SOBRE SUA GESTÃO SÓ AUMENTAM. AGORA ATÉ A RECOLHA DO LIXO – ENTRE OUTROS SERVIÇOS – SE TORNAM PROBLEMAS.
Eu não inventei nada. O número de 200 participantes do convescote que armou com os prefeitos e convidados de todos os lados, foi tirado do próprio press release que está estampando onde? No site da Fecam. Veja a reprodução ao lado. Na própria quinta-feira e repetido na sexta-feira, este número foi inflado magicamente nas postagens de Kleber Edson Wan Dall, MDB, para em torno de 2.500 participantes, bem como nas manchetes que fez e nos contatos que ele teve com a imprensa via a estrutura da Fecam. Eu não fui lá contar. Confiei na própria Fecam. Então… É um vício recorrente de Kleber. Tão recorrente, que desta vez, não foi suficiente para se traduzir em votos para reconhecê-lo na continuidade da sua administração.
Por outro lado, o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, aproveitou o último suspiro não como prefeito de Gaspar, mas como presidente da Fecam para contatos e nas fotos que espalhou nas suas redes sociais e na imprensa. São recados de uma rede de relacionamentos institucionais que arrumou a última hora. Na verdade, reforçou os recados públicos de que continua com o corpo fechado naquilo que poderá lhe trazer problemas quando deixar a prefeitura no dia 31 dezembro.
E nem tudo foi festa na semana passada. As aparências enganam. Longe da imprensa, noticiei aqui, que dois comissionados da secretaria de Educação de Gaspar, estavam virando pretendentes a diretores de escolas municipais, numa escolha da comunidade, que é obrigada a acontecer ainda este ano e não obtido sucesso nos critérios da escolha popular, o próprio prefeito vai nomear os novos diretores e aparelhar estas escolas para o governo de Paulo Norberto Koerich e Rodrigo Boeing Althoff, ambos do PL, se virar. É do jogo jogado. Não há nenhum truque nisso, ressaslte-se.
Mas, deu problemas. E dos graves. E Kleber Edson Wan Dall, MDB, teve que interromper o seu convescote da Fecam e com o secretário da educação, um curioso na área, vindo de Blumenau, o jornalista, irmão de templo e aparentado do deputado Federal, Ismael dos Santos, PSD, Emerson Antunes, PSD, entraram em ação para abafar o caso e abrir entendimentos, com o comissionado, para que nada fosse parar no Ministério Público e na Justiça – com o ainda se ameaça – e então, virar mais um outro escândalo em fim de mandato.
É que um dos comissionados que se habilitou para ser diretor de escola municipal foi rifado por uma “Comissão” – é entre aspas mesmo e vocês entenderão mais adiante. Ela foi “criada” para cuidar na prefeitura e na secretaria de Educação de Gaspar com o objetivo de ver se os pretendentes estavam regularres na pretensão deles. E o rifado, inconformado, foi procurar os seus “direitos” para simplesmente saber razão da sua exclusão.
E por quê? Viu que estava sendo enrolado, como se não conhecesse o governo a que está servindo há quatro anos e num ambiente político que milita para estar sempre bem posicionado a cargos. Um requerimento dele à “Comissão” matou todos de susto no paço municipal, incluindo seu superior, o secretário e até o prefeito. Kleber Edson Wan Dall, MDB, sentiu cheiro de enxofre e entrou na parada.
Uma sub-procuradora correu do páreo quando viu o rolo onde estava sendo inserida e que a rondava, exatamente por falta de sustentação legal na decisão tomada. Triste foi ver, mais uma vez, o presidente do Sindicado dos Trabalhadores Públicos Municipais validando o que deveria ser por ele, o primeiro a tentar colocar tudo às claras a favor da isonomia entre os servidores.
Quais os principais pontos que desabaram e que atestaram uma suposta armação ou uma falha no embasamento legal tanto do “processo de qualificação” dos candidatos que se inscreveram para concorrer a diretor de escolas, CDI e do Eja de Gaspar, bem como na decisão de excluir dois pretendentes? Vícios.
Primeiro, foi o indeferimento do pretendente por suposto empate de quatro (uma comissão de oito onde não há voto de desempate ou regra qualificada para isso?). Pediu-se a ata da reunião que produziu às exclusões e abençou os demais para entender melhor o processo. Não tinha. E se ela existe – ainda pode aparecer -, este empate que tira um da corrida, não foi esclarecido até esta segunda-feira.
Quer mais? Pediu-se o decreto que constituiu, escolheu os membros formou a tal “Comissão”. Nem existe, ou pelo menos não foi apresentado a publicação. Talvez esteja pregado na porta da prefeitura como antigamente. Mais: não se sabe o regime e o funcionamento desta “Comissão” e não houve nenhuma reunião formal presencial, e sim, virtual pelo WhatsApp, sem prazo e sem a presença simultânea dos seus oito membros. Ou seja, tudo ao avesso. Nada anormal. É a cara de um governo que se vai.
Este sim, deveria ser um “case de inovação” que o presidente da Fecam, Kleber Edson Wan Dall, deveria ter apresentado no seu convescote, no qual teve a participação do Tribunal de Contas. O servidor, agora comissionado na secretaria de Educação, que quer concorrer a uma diretoria de escola, diante de tantas aberrações formais, pediu para ser anulado todo o processo e ser reconsiderado o seu caso específico que o tirou do jogo. Tem mais uma outra concorrente que foi retirada do certame de pré-qualificação. Ela está quieta esperando a fruta cair de madura do pé.
O caso promete se resolver, ou então, ferver, a partir de hoje. O certo é que o certame está, no mínimo, viciado e comprometido, por tudo que se descobriu ou não se explica, principalmente. Virá a alquimia jurídica, política e administrativa para tudo se ajeitar e se aquietar.
Na sexta-feira passada, o governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, PP, caminhava para uma solução “amigável”. O servidor esquecia a implicância dele, não levava o caso ao Ministério Público e a Justiça, e o governo dava sinais de que ele, na sobra de vagas, o prejudicado, poderia ser um dos escolhidos, uma prerrogativa prevista na legislação, o prefeito o escolheria, como já fez em caso concreto há dois anos em outras situações e que geraram inúteis debates na Câmara.
Entretanto, novas exigências do paço para fazer provas de desistência da vontade de ser diretor de alguma escola em Gaspar, fizeram o servidor ficar com a pulga atrás da orelha. Ele diz que não entendeu onde está a vantagem. O novo governo que abra o olho com o aparelhamento em curso e de com vícios formais na área da Educação.
Para encerrar o artigo de hoje. Esta foto ao lado é de quinta-feira, e feita depois que publiquei a seguinte nota aqui. “O empresário Oberdan Barni, Republicanos (551, ou 1,49% dos votos válidos), garantiu que não ficará no partido. ‘É uma filial [o Republicanos em Santa Catarina] do PL e esta filial fez de tudo para me boicotar em Gaspar. Serei oposição. Espera só esse pessoal tomar posse para ver o tamanho do erro’, alertou. ‘Vou apenas focar na minha empresa diante da ausência para a campanha e retomar a minha vida depois da morte da minha mulher [Lorena]'”.
Na foto – que mostra a razão pela qual este espaço é de credibilidade – está explicita a sinuca de bico em que se meteu Oberdan Barni, quanto apostou as suas fichas no Republicanos. Foi engolido sem dó e piedade. E está pagando as contas da aventura. Jorginho Melo, presidente do PL, tirou o deputado Federal por Rio do Sul, Jorge Goetten de Lima, do PL e botou ele a comandar o Republicanos. Foi o caixão para a cova sem alça e cordas feitas para dar uma descida suave e respeitosa no jazigo ao de cujos.
Jorge Goetten de Lima, rifado pelos bolsonaristas do PL catarinense, refugiou-se no arco de aliança dos mesmos montado pelo governador Jorginho Melo, PL. É este incômodo que está afligindo também o vice-prefeito eleito de Gaspar, Rodrigo Boeing Althoff, PL. Ele nunca foi de direita, muito menos bolsonarista. Já foi vereador pelo PV e por ele, secretário do petista Pedro Celso Zuchi. Aqui, Rodrigo foi cabo eleitoral de Jorge. E o Republicanos é a primeira escolha dele para deixar o PL. A segunda, é o União Brasil, que está na coligação com Paulo Norberto Koerich, PL.
O mais longevo dos vereadores de Gaspar e atual presidente da Câmara, José Hilário Melato é o “novo” presidente do PP. Ele substitui ao agente municipal de trânsito licenciado, Luiz Carlos Spengler Filho, que já foi vice-prefeito, secretário de Obras e Serviços Urbanos, Chefe de Gabinete, inventou a candidatura de Marcelo de Souza Brick, e suspendeu o gozo da licença prêmio pra ficar num cargo comissionado até o fim do mandato de Kleber Edson Wan Dall. Melato apenas está pondo ordem na casa e dizendo ao futuro governo com quem devem conversar no PP, se quiserem conversar. Muda, Gaspar!
Segundo uma pesquisa divulgada com apuração de textos, pronunciamentos e depoimentos, pela recém Inteligência Artificial, as três palavras mais usadas pelos mentirosos são: nunca, realmente e honestamente. Honestamente?
Os políticos sumiram. Neste final de semana aconteceu a primeira festa de comunidade católica em Gaspar depois eleições de seis de outubro: foi da capela Santa Catarina de Alexandria, no Óleo Grande (tem outra com o mesmo nome no Belchior Baixo, no Distrito do Belchior). Diferente das demais festas, nela não estavam mais os políticos. E depois eles não sabem a razão pela qual não possuem crédito. Tratam todos como tolos. E depois reclamam da falta de votos…
Um convite que revela a importância onde o jovem advogado gasparense especializado na área eleitoral, João Pedro Sansão está inserido. Ele foi convidado para ser um observador das eleições presidenciais do Uruguai no dia 24 de novembro. Convite feito. Convite aceito. João Pedro teve intensa atividade profissional durante o último pleito brasileiro. Ele hoje, ele é membro da Academia Brasileira de Direito Eleitoral.
O governador Jorginho Melo, PL, ao invés de governar está fazendo apenas política e armações ilimitadas. Isto o deixa exposto. E nacionalmente. Está se explicando como estava prestes a contratar uma empresa do Piaui, sem experiência, para ser milionariamente o suporte em telemedicina em Santa Catarina.
10 comentários em “AOS POUCOS O GOVERNO DE PAULO E RODRIGO VAI TENDO UMA CARA. NADA SURPREENDENTE, MAS QUASE TUDO RAZOAVELMENTE ENCAIXADO PARA SAIR DO ENROSCO DO ATUAL GOVERNO. HOJE, UMA REUNIÃO TENTA CONTROLAR FOCOS DO FOGO AMIGO QUE PERMEIAM OS BASTIDORES NA GUERRA DE VALIDAÇÃO OU CONTRA AS INDICAÇÕES”
A PAROLAGEM DO CAPITÃO DERRITE, por Elio Gaspari nos jornais O Globo e Folha de S.Paulo
Em menos de uma semana, o aparelho de segurança de São Paulo mostrou seu rosto violento e poderoso para baixo, inepto e sonolento para cima.
Aos fatos.
Na terça-feira da semana passada, o menino Ryan da Silva Andrade Santos, de 4 anos, foi baleado no Morro São Bento, em Santos. Segundo a Polícia Militar, o tiro “provavelmente” partiu de um PM. Leonel, pai de Ryan, havia sido um dos 56 mortos deixados pela Operação Verão há alguns meses.
Ryan morreu na quarta-feira. Na quinta, um pelotão de PMs fardados e armados para um combate apareceu no cemitério onde a criança era velada.
Na sexta-feira, Antônio Vinícius Lopes Gritzbach — um operador da caixa do Primeiro Comando da Capital (PCC) que vinha colaborando com o Ministério Público — foi fuzilado na área de desembarque do aeroporto de Guarulhos. Uma gravação informa que o PCC havia colocado sua cabeça a prêmio (R$ 3 milhões). Os assassinos dispararam dezenas de tiros de fuzil, ferindo duas pessoas e matando um motorista que trabalhava no aeroporto.
Nas palavras do secretário de Segurança, Guilherme Derrite, Gritzbach era um criminoso. Havia recusado a proteção oferecida pelo Ministério Público, pois contava com sua própria segurança. Ela era formada por quatro PMs. E cadê a escolta (privada) do “criminoso”? Escoltavam um automóvel parado, que, segundo eles, tinha defeito. Derrite revelou que os policiais vinham sendo investigados havia um mês. O tempo poderá esclarecer por que se precisa de mais de 48 horas para concluir que um PM trabalha na escolta de um “criminoso”.
Ao chegar ao aeroporto, Gritzbach caiu numa armadilha montada por outras pessoas. Quem não se lembra da execução de Sonny Corleone (James Caan no filme da trama emotiva de Mario Puzo)? Os assassinos são coadjuvantes. Gritzbach denunciava a hierarquia do PCC e suas conexões com policiais corruptos.
O PCC é uma das maiores organizações criminosas em atividade no país. Segundo o Ministério da Justiça, elas são pelo menos 88. É talvez a maior, com âmbito nacional e braços em atividades legítimas. Gritzbach operava no mercado imobiliário.
Os doutores discutiram se e como a Polícia Federal entraria no caso. Na segunda-feira, triunfante, o capitão Derrite anunciou que foi criada uma força-tarefa. Com a PF, para chegar aos bandidos. Maldita expressão, designa o truque pelo qual se exibe força e não se conclui a tarefa.
Como os mordomos, o PCC é o primeiro suspeito, mas há ainda o segundo e o terceiro, todos parceiros. São os incomodados pelas delações. Gritzbach havia denunciado policiais de dois departamentos e de duas delegacias. Está tudo registrado, em depoimentos e em áudios. Basta puxar os fios.
Pelo espetáculo, ao gosto das quadrilhas, o fuzilamento de Gritzbach demarcou autoridade e sinalizou o poder sobre a vida de quem pensa em falar. Para os cabeças dessas organizações, a ciranda de doutores faz parte de um teatro.
É uma polícia que mata em bairros pobres e, para que ninguém ouse reclamar, constrange velórios. Às vezes investiga ilustres conexões, mas, quando alguém fala (quase sempre, o que se sabe), elas vão lá, matam e assistem à criação de uma força-tarefa.
6X1 DÁ DE 7X1 NA POLÍTICA CONVENCIONAL, por Vinicius Torres Freire, no jornal Folha de S. Paulo
O projeto de diminuir a jornada de trabalho é iniciativa de um partido pequeno, o PSOL, o mais à esquerda da reduzida esquerda, ainda mais diminuída na eleição municipal. Faz sensação nas ruas das redes sociais, tal como um meme ou uma treta de influenciadores; é assunto como um “coach” ou como um crime.
Mas o “6×1” não é nada disso ou muito mais do que isso. Difícil saber até onde vão a onda de interesse pelo assunto e seus desdobramentos políticos —isto é, além do mundo da política politiqueira, de parlamentos, partidos e governos. Sem mobilização, organização coletiva, tais assuntos tendem a morrer. No entanto, a ideia de redução da jornada entrou na contramão da conversa do “establishment”, atrapalhando o tráfego.
Mudanças em leis do trabalho ou da Previdência mexem na medula das relações socioeconômicas: nos termos em que se dão a distribuição e a redistribuição (via impostos e transferências estatais) da renda e, também, no balanço de poderes que afetam a divisão do produto da economia.
Se uma tal discussão se impusesse por causa de apelo reverberado pelas temidas redes sociais, poderia balançar também os termos em que se dá a discussão política.
O projeto de limitar a jornada de trabalho é uma das mais antigas reivindicações esquerdistas. A ideia, porém, tem estado fora da pauta de uma esquerda na retranca. Por outro lado, confronta conservadores de quase qualquer espécie, direitas, liberalismos e suas variadas alianças. Em um mundo em que as direitas comemoram votações e a adesão popular a suas teses, o coro do “6×1” dá um tiro no concerto.
Tal barulho aparece em um momento em que muito se discutia o apelo popular do “empreendedorismo”. Até a esquerda, em uma compreensão simplista de queixas populares, passou a tratar de modo demagógico ou improvisado da questão —apesar de todos os pesares, a maioria dos trabalhadores do país tem contratos, sob CLT ou de serviço público. Não quer dizer que o Estado não seja tido, por muita gente, como um empecilho caro e de fato revoltante para quem queira ter um negócio, por menor e simples que seja. Quer dizer apenas que o assunto é multifacetado. Uma prova é o grande interesse pela rejeição do “6×1”.
Reformas das leis trabalhistas e da Previdência (de 2017 a 2019) foram aprovadas quase sem protesto popular relevante. Ou bem mudou o interesse das pessoas por assuntos similares ou trabalhadores pensam o assunto de modo diferente daquele da política convencional, de esquerda inclusive. As pessoas quereriam proteções para o trabalho ou direitos conexos, mas em outros termos.
Agora mesmo, o governo está para divulgar um plano de contenção de despesas. A depender do que sair, Lula 3 pode se encrencar seriamente, ainda mais em tempos de possível convulsão trumpiana: ter de enfrentar mais inflação ou mais juros. Decerto o reajuste do salário mínimo e dos benefícios do INSS interessa diretamente a talvez mais de metade do país. No entanto, não se vê reação organizada, ruidosa, “de base”, a mudanças no mínimo, assunto do qual se encarregam o PT e associados.
O resumo desta ópera é que há muito mais debate e questão social dando sopa na praça das redes, uma discussão fora do foco da vista cansada da esquerda e longe da ilusão de supremacia das direitas.
INFLAÇÃO ALTA NÃO ACEITA DESAFORO, por Zeina Latif, no jornal O Globo
Chega a ser frustrante voltar ao tema da macroeconomia de curto prazo. Mas há novos elementos que demandam atenção: a inflação ganha rigidez e a Fazenda prepara uma reação, no caso, medidas para a contenção de gastos. O reconhecimento do problema tem muito valor, mas a resposta poderá ser tímida à luz da grande deterioração da credibilidade do governo.
A primeira barreira é enfrentar o fogo amigo, em um contexto de conflito interno no partido e com a tensão pré-eleitoral já dando as caras. A divergência não se resume à ideologia quanto ao papel do Estado na economia e à disciplina fiscal. Trata-se também de disputa política.
Além disso, para alguns ministros faz mais sentido lutar por suas pastas, para se preservarem politicamente, do que aceitar os cortes que visam conter a inflação.
Em um cenário eleitoral muito incerto para 2026 — o que foi acentuado pelo resultado das eleições municipais —, cada um busca defender sua viabilidade política individualmente. Já a inflação alta é problema que cai em outro colo, no caso, do ministro Haddad e do presidente.
Lula, por sua vez, não terá como colocar a culpa da inflação no Banco Central, mesmo este sendo independente. Esse é um tema pouco acessível ao eleitor mediano. De quebra, ao criticar a atual gestão, o presidente passa a imagem de que o próximo BC será seu parceiro na gestão da economia.
O presidente precisará arbitrar o conflito. Não se trata de apoiar um ou outro lado do partido, mas de fazer seu cálculo político para chegar em 2026 com elevada aprovação. Isso independentemente de ser ou não candidato à reeleição. Afinal, provavelmente ele valoriza o objetivo de resgatar sua biografia.
Já discuti neste espaço que a estratégia de expansionismo fiscal do governo — gasta-se mais agora, colhe-se os frutos eleitorais e, depois da eleição, lida-se com as consequências dos excessos cometidos — envolve muitos riscos. Ainda que, por vezes, as consequências do desequilíbrio fiscal tardem a se manifestar, há ingredientes a antecipar a fatura, complicando a vida do presidente em 2026.
Primeiro, como já amplamente apontado, Lula inverteu a lógica usual de iniciar mandato de forma conservadora e gastar munição ao final, visando à competitividade eleitoral. Ele começou seu governo inflando gastos. O taxímetro da inflação já está rodando.
Segundo, as muitas falas ruidosas do presidente não cessam. Atacar o “mercado” provavelmente não traz ganhos políticos que compensem as consequências sobre os preços de ativos, especialmente depois do desastre econômico no governo Dilma. Vale o ditado “gato escaldado tem medo de água fria”.
Um exemplo foi ameaçar mudar a meta de inflação, o que não ocorreu, mas alimentou a crença de que o próximo presidente do BC, Gabriel Galípolo, não perseguirá a meta de 3%.
Enquanto o mercado procura âncoras — ou sinais de que o governo teme a aceleração da inflação — em um mar revolto, Lula queima ancoradouros. Como apontou Marcos Lisboa, aqueles que acreditaram na responsabilidade fiscal do governo e apostaram na inflação na meta e na queda dos juros ficaram na mão, sofrendo perdas em seus investimentos. Recuperar a confiança dos players machucados vai custar mais.
Terceiro, as leituras de inflação recente acenderam luzes vermelhas. Não é apenas por estar acima da meta (inclusive do intervalo superior de 4,5%), mas por ter se espalhado na cesta de consumo e por apresentar maior rigidez.
Pior, há ainda combustível para queimar, a julgar pelo ritmo de aumento dos salários e pelo comportamento da inflação de bens finais no atacado, que costuma ser repassada ao varejo.
A inflação no atacado, que já foi aliada, está escorregando para cima. Com pressão de custos, ainda que modesta em comparação a momentos passados, a inflação ao consumidor — inclusive de serviços — ganha força.
A inflação teimosa também se torna mais sensível a choques, não aceita desaforo.
O risco inflacionário virou certeza inflacionária, ainda que não caiba falar em descontrole.
O reconhecimento tardio da necessidade de conter gastos, a demora na sua evolução, os muitos ruídos e o desafio político poderão resultar em um esforço longe do necessário para aliviar o trabalho do BC no controle da inflação.
A inflação alta precisa entrar para valer, com o devido peso, no cálculo político de Lula.
REFORMAR A PREVIDÊNCIA SOCIAL É INSUFICIENTE, MAS CRUCIAL, editorial do jornal Folha de S. Paulo
O que não falta no Estado brasileiro são órgãos, atividades e programas nos quais é possível e desejável cortar gastos indevidos.
Temos o Poder Judiciário mais caro de que se tem notícia no mundo; parlamentares dispõem de fatia exorbitante do Orçamento para emendas de baixa qualidade; setores e corporações influentes recebem benesses estatais que agravam a vergonhosa concentração da renda.
Nesses e em muitos outros casos, o difícil não é identificar os excessos, mas reunir condições políticas para enfrentá-los.
Noticia-se agora que o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em meio a intermináveis debates internos sobre medidas para reduzir o astronômico déficit do Tesouro Nacional, cogita reformar o sistema previdenciário das Forças Armadas. A empreitada é árdua, mas qualquer avanço nessa seara será bem-vindo.
Dadas as peculiaridades da carreira, é comum no mundo que militares disponham de regras especiais de aposentadoria. Aqui, porém, os privilégios injustificáveis para um país pacífico chegam ao ponto de prejudicar os investimentos em Defesa.
No ano passado, o contribuinte brasileiro desembolsou R$ 49,7 bilhões com fardados reformados ou colocados na reserva —as contribuições da própria corporação para tal finalidade não passaram de R$ 8,9 bilhões.
Dito de outra maneira, cada militar inativo recebeu do conjunto da sociedade, em média, R$ 158,8 mil. Trata-se do equivalente a quase 17 vezes o gasto médio por aposentado do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que atende a ampla maioria dos trabalhadores do país.
Sob Jair Bolsonaro (PL), capitão reformado do Exército, as Forças passaram quase ilesas pela reforma da Previdência de 2019. Alguns ajustes, como o aumento da alíquota de contribuição de 7,5% para 10,5%, foram compensados por vantagens salariais que incluem até uma absurda paridade entre ativos e inativos.
Há muito a alterar, pois, nesse regime de pensões, não apenas por necessidade fiscal mas para tornar o gasto público mais justo.
Dadas as tensões políticas e institucionais em torno do tema, é improvável que o governo petista leve adiante uma proposta muito ambiciosa. Em qualquer hipótese, medidas pontuais serão insuficientes para tornar sustentável a trajetória das contas do Tesouro.
Continuará sendo necessário rever normas que impõem o aumento contínuo de grandes despesas obrigatórias —em áreas sensíveis como benefícios sociais, saúde e educação— em ritmo igual ou superior ao das receitas.
Sem isso, não será matematicamente possível reequilibrar o Orçamento de modo a conter a escalada da dívida pública.
Dada a resistência de Lula e auxiliares em reconheceram tal fato, restam paliativos de eficácia duvidosa contra o risco de crise econômica e financeira. A administração petista estará, quando muito, comprando tempo.
CONGRESSO NÃO LARGA O OSSO DAS EMENDAS, por Dora Kramer, no jornal Folha de S. Paulo
De poder conquistado não se abre mão, a menos que um grave e intransponível impedimento obrigue a isso. É uma constatação baseada em fatos semelhantes ao fato de que o Legislativo resistirá o quanto puder a largar o osso do uso avançado das emendas parlamentares sobre o Orçamento da União.
Os congressistas têm pela frente um daqueles duros de roer na figura do ministro Flávio Dino, cujos atributos para além da atividade jurídica o tornam um antagonista difícil de ser ludibriado. Próximo ao Planalto, experiente no Executivo e traquejado no ofício de parlamentar, Dino sabe por onde as pedras rolas e as cobras andam.
Na posse dessa expertise, o ministro não se deixará convencer facilmente pelas manobras diversionistas da Câmara e do Senado com as quais pretendem convencer o Supremo Tribunal Federal de que serão atendidas as mudanças exigidas para adequar o manejo das emendas aos ditames da Constituição.
Na afobação que caracteriza o trâmite de interesse corporativista —com relator nomeado na véspera e zero discussão de mérito—, os deputados aprovaram na semana passada um projeto de lei supostamente moralizador.
Agora os senadores estão prontos para chancelar a matéria, igualmente sem exame detido sobre o que atende ou não ao artigo 37 da Carta nos princípios de publicidade, impessoalidade, eficiência e moralidade impostos à administração pública.
O Congresso tem pressa porque precisa liberar recursos interditados desde agosto. Já Flavio Dino segue numa toada mais pausada, de olho vivo e faro fino para diferenciar mudanças substantivas de mera maquiagem.
O projeto em tela oferece alguns parcos avanços, cujos defeitos, no entanto, são de fácil detecção: as emendas de comissão seguem a regra da obscuridade das de relator (proibidas pelo STF em 2020 sob indiferença do Parlamento), não há recuo no volume de recursos e as concessões no quesito transparência não implicam punições se não forem cumpridas.
O Congresso tenta tapear o Supremo. Se conseguir, terá fechado mais uma transação (tenebrosa) em causa própria.
QUEM TEM MEDO DA POLÍCIA FEDERAL, por Eliane Cantanhede, no jornal O Estado de S. Paulo
O assassinato audacioso de um delator do PCC, à luz do dia, no aeroporto internacional do principal Estado do País, confirma brutalmente o quanto o crime organizado está ganhando a guerra, faz o que quer e está infiltrado nas instâncias de poder e nas polícias. Logo, é fundamental acelerar o pacote antiviolência do Ministério da Justiça e, finalmente, com absurdo atraso, conferir mais poder de atuação da Polícia Federal – obviamente, com os correspondentes recursos financeiros e humanos.
O delator morto, Antônio Vinícius Gritzbach, que vem sendo equivocadamente chamado de “empresário”, era parte do esquema criminoso, foi preso sob acusação de assassinato e, só então, com patrimônio milionário, decidiu fazer delação premiada para amenizar sua pena. Ele estava dentro do esquema, sabia muito, era uma testemunha-chave, um troféu para a investigação.
Não dava para brincar com sua segurança, mas brincaram. Um dos alvos da delação de Gritzbach era o aparato policial de São Paulo, mas não é que delegaram sua segurança justamente a policiais paulistas? Na hora H, com o delator vulnerável, no aeroporto de Guarulhos, três dos quatro seguranças estavam num posto de gasolina. O carro deles “não pegou”. Brincadeira de mau gosto. Nem quem acha que vacina causa aids acredita numa coisa dessas.
Portanto, a PF é fundamental contra crime organizado, tráfico, milícias e corrupção nas polícias estaduais. É assim no caso do delator do PCC em São Paulo como foi no dos mandantes do assassinato de Marielle Franco no Rio. A então PGR, Raquel Dodge, insistia na federalização, mas autoridades do Rio resistiram. Claro! Os mandantes eram o próprio chefe da Polícia Civil, um conselheiro do TCE-RJ e um deputado federal. Como Dodge previra, o crime só foi solucionado e essa turma presa com a entrada da PF.
O pacote antiviolência do ministro Ricardo Lewandowski pode ser aperfeiçoado por governadores e especialistas. O que não pode é ficar trancado na Casa Civil, empoeirando, por falta de consenso e por conveniência política. Todos sabemos do grau de contaminação do crime nos Estados e que governadores correm para Brasília quando a coisa aperta. Como rejeitar atualização das leis para nacionalizar e ampliar a ação da PF e da PRF no enfrentamento dessa crise, hoje federal, até transnacional?
Não se trata de “interferência federal”, nem “quebra da autonomia dos Estados”, como gritam certos governadores mais preocupados com ideologia e política do que com a segurança. Se estivessem vencendo a guerra, vá lá. Mas, definitivamente, não é o que acontece.
Essa gente ainda não percebeu que o mundo em que estão é um que já morreu e que ninguém é mais tão tolo assim como supõe a extrema esquerda e a esquerda do atraso no Brasil
ESCALA 6 X1 EVITA QUE PAUTA SEJA DOMINADA PELOS CORTES, por Maria Cristina Fernandes, no jornal Valor Econômico
Depois de perder a única prefeitura que comandava, Belém (PA), onde o prefeito e candidato à reeleição, Edmilson Rodrigues, não chegou a 10% dos votos, ver sua bancada de vereadores se reduzir para aquém de partidos como o PRTB, e registrar, em São Paulo, o mesmo percentual de votos a despeito de ter gasto 16 vezes mais, o Psol resolveu bombar a proposta que acaba com a semana de seis dias trabalhados por um de folga.
Para sair das cordas, funcionou. A proposta do Psol é a única do campo progressista a pautar o debate público. Enfrentou ainda o estigma de um partido dominado pela pauta identitária ao projetar a deputada trans Erika Hilton (SP), líder do Psol, como autora da PEC. Apresentada em maio, a proposta é uma variação da pauta do movimento “Pela vida além do trabalho”, ambos em torno da redução da jornada de trabalho de 44 horas, lançado na mesma época pelo ex-balconista Rick Azevedo, que acabaria se tornando não apenas o vereador mais votado do Psol como o dono de um mandatos mais baratos do país – R$ 2 por voto (o de Guilherme Boulos custou R$ 38).
A reciclagem do discurso do Psol com uma pauta da vida real, abraçada por um candidato a vereador desdenhado pelo partido, o coloca em linha com a discussão emanada das eleições municipais e da vitória de Donald Trump para o enfrentamento da extrema-direita. Parlamentares do PL, que costumam lacrar em cima das pautas identitárias do Psol, já se mostraram acuados pela PEC contra a semana de seis dias de trabalho.
O sucesso na velocidade com a qual a PEC ultrapassou as 100 assinaturas (são necessárias 171 para ser protocolada) e o abaixo-assinado chegou a 1,4 milhão de assinaturas não guarda relação com a perspectiva de aprovação da proposta, mas o Psol não parece estar preocupado com isso. No balanço que fez da disputa municipal, Boulos disse que para se aliar ao centro a esquerda não precisa abandonar suas próprias pautas. Argumentou que a extrema-direita construiu sua base e tornou-se incontornável defendendo seus próprios valores. Na lição de casa pós-eleição só faltou parabenizar Ricardo Nunes pela vitória.
É bem verdade que para um partido, como o PT, que está dentro do Palácio do Planalto, o descompromisso com a viabilidade das pautas não se aplica. Mas o partido não atentou para a capacidade de a pauta conter a repercussão negativa dos cortes. Ao verbalizar sua oposição à PEC e remeter a redução de jornada para as convenções coletivas, porém, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, mostrou que a resistência ao corte de rubricas de sua pasta lhe minou o prumo. Além de ser incapaz de endereçar propostas aos trabalhadores de aplicativos, também não consegue formatar alternativas para quem está na formalidade mas acumula insatisfações com suas condições de trabalho.
É no descompasso que também se move a guerra interna – e com o governo – que está em curso no PT. É compreensível que o partido se rebele contra cortes no seguro-desemprego ou mesmo contra a desvinculação de benefícios sociais do salário mínimo, como o fez no manifesto desta segunda-feira que abespinhou o governo. Não parece razoável, porém, que o PT se cale ante rubricas que escoam a receita nacional. Não foram citadas no documento subscrito pelo partido, mas brotam às pencas.
O PT foi protagonista do texto que saiu da Câmara dos Deputados preservando, em grande parte, o gigante e obscuro quinhão das emendas. É razoável que o partido resista a apoiar uma nova reforma do Regime Geral da Previdência Social, que abrange a massa de trabalhadores da iniciativa privada, cujo salário médio é de R$ 1,8 mil. O mesmo não se aplica à Previdência do setor público – civil e militar – cujo déficit é proporcionalmente superior àquele do INSS. O partido também terá dificuldade em reencontrar o eco das ruas sem enfrentar o corporativismo de carreiras públicas. O humor antissistema que brota das urnas também é derivado de privilégios que resistem a uma reforma administrativa real e encontram refúgio no Congresso. O PT não é o único partido a lhes dar abrigo, mas é aquele cujo futuro mais pode vir a ser comprometido com a resistência a cortar na carne.
A vitória de Donald Trump parece ter tornado mais improvável a possibilidade de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vir a abrir mão de disputar a reeleição. Esta perspectiva tinha tudo para apaziguar as disputas internas, especialmente os torpedos dirigidos contra o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Só que não. O partido foi derrotado nas urnas de outubro não apenas pelas máquinas dos prefeitos. Foi derrotado pelas suas próprias máquinas – municipal e partidária, vide disputas no Estado de São Paulo como as de Araraquara e Osasco. A partir de agora, e por todo o segundo biênio, é isso que se impõe ao PT: evitar que Lula seja derrotado por seu próprio governo como o foi Jair Bolsonaro.
Culpar a imprensa e o mercado pela cobrança redobrada por ajuste fiscal é dar as costas às pressões exercidas pela eleição de Trump sobre a política monetária dos países emergentes. Não basta reciclar o discurso como fez o Psol com a proposta de acabar com a semana de seis dias de trabalho, é preciso manter as rédeas da economia. A derrota do bom governo de Joe Biden pode ter muitas explicações, mas nenhuma delas pode contornar o preço cobrado pela inflação.
Bom dia.
Sobre o sindicato dos servidores públicos de Gaspar, tenho minhas restrições.
Um fato do passado, quando uma ex-diretora de escola do município, que no final do mandato teve a audácia de entregar o educandário enterrado no SPC, se tornou a “vice presidente” da “instituição”…
Os “nossos representantes” só pensam neles e como se perpetuarem nas sacanagens com os nossos votos avais que damos a eles nas eleições livres. Detestam regras, fiscalização sobre os o uso e destino dos nossos pesados impostos para aplicação em favor da sociedade
DEPUTADOS AMEAÇAM DAR O TROCO NO GOVERNO E NO STF POR INDIFINIÇÃO SOBRE BLOQUEIO DE EMENDAS, por Levy Teles, para o jornal O Estado de S. Paulo, sucursal de Brasília.
BRASÍLIA – Contrariados com a falta de definição sobre o bloqueio das emendas parlamentares, deputados ameaçam dar o troco e não votar a lei que autoriza os gastos do governo no próximo ano, que depende da aprovação do Congresso Nacional. A estratégia de integrantes da Comissão Mista de Orçamento é vista por especialistas como suicida, já que o Orçamento do Brasil ficaria completamente travado.
Parlamentares veem a medida como a principal moeda de troca para assegurar que o Supremo Tribunal Federal (STF) libere os recursos previstos nas emendas, destinando dinheiro público aos municípios do País.
O repasse das emendas está suspenso desde agosto, quando o ministro Flávio Dino determinou que o Congresso e o governo dessem mais transparência e rastreabilidade para o envio das verbas aos municípios.
No entendimento de membros da Comissão Mista de Orçamento (CMO) ouvidos pelo Estadão, governo e STF jogam juntos para frear a liberação de recursos para os deputados. E impedir a votação da lei de diretrizes orçamentárias (LDO) imporia uma “humilhação” ao governo. Eles dizem que trata-se de um “movimento sem cabeça”, fruto da indignação coletiva dos congressistas.
Se o impasse não for resolvido e as emendas não forem liberadas, apontam eles, as emendas remanescentes deste ano e que aguardam destinação não valeriam para 2025. Além disso, relatam, há uma constante pressão de prefeitos para que os recursos voltem a suas cidades.
“Existe uma insatisfação grande da base, tanto pelo bloqueio das emendas por decisão judicial e tanto pela falta de entendimento mais claro por parte do governo”, aponta o deputado Cláudio Cajado (PP-BA), integrante da CMO que relata já ter ouvido a indignação de outros colegas. “Enquanto não houver uma decisão que envolva Legislativo, Executivo e Judiciário, existe um pensamento que a Câmara vai ficar no aguardo esperando as decisões saírem para voltar à sua rotina normal.”
O presidente da CMO, deputado Júlio Arcoverde (PP-PI), também confirma a movimentação. “Existe uma movimentação, mas acho que depois que o Senado aprovar (o projeto das emendas), resolve a questão”, diz. Segundo ele, a previsão é votar no final de novembro, se o Supremo liberar as emendas. Do contrário, afirma ele, “fica muito mais difícil”. “Acaba atingindo o orçamento do próprio Supremo.”
Congressistas queixam-se também da ausência do líder do governo no Congresso Nacional, Randolfe Rodrigues (PT-AP). Eles dizem que Randolfe é pouco presente nas negociações por um acordo em torno das matérias analisadas na comissão.
“A reivindicações são justas, adequadas, mas vamos resolver e não acredito que vamos ficar sem votar a LDO”, diz Randolfe, ao Estadão. Segundo ele, o calendário eleitoral acabou apertando os prazos para votar projetos do governo na comissão. A última reunião deliberativa do colegiado foi em agosto.
O projeto de lei que estipula novas regras para as emendas parlamentares foi aprovado na Câmara dos Deputados na terça-feira, 5. Ainda resta a aprovação do Senado Federal e a sanção presidencial. Enquanto isso, faltam seis semanas para o fim do ano legislativo, que se encerra no dia 23 de dezembro. É uma corrida contra o tempo dos dois lados.
Mesmo com os prazos apertados, Randolfe acredita que será possível votar a LDO e o Orçamento de 2025. Segundo ele, já há o acerto com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para votar o projeto das emendas no Senado na próxima terça-feira, 12.
“Apesar do calendário estar apertado, acredito que vamos precisar correr. Vai ser um pouco mais apressado, mas vai ser tudo resolvido”, diz. “Não trabalhamos com a hipótese de não votar as duas propostas.”
Em tese, a LDO é enviada pelo Executivo ao Congresso até o dia 15 de abril. O texto passa pela análise da CMO e, após votação na comissão, Câmara e Senado aprovam o texto ou não conjuntamente em sessão do Congresso Nacional.
O Legislativo deveria já devolver o texto para sanção até o dia 17 de julho do mesmo ano. Essa, inclusive, é a condição para que haja o recesso parlamentar no meio do ano. Mesmo sem a aprovação, Câmara e Senado resolveram dar as férias de duas semanas mesmo assim — isso é o chamado “recesso branco”.
Caso a LDO deixe de ser votada este ano seria um movimento sem precedente na história do Parlamento, que nunca deixou de votar a lei que estabelecer regras para uso do Orçamento federal. “Sim (é uma estratégia suicida)”, analisa Élida Graziane procuradora do Ministério Público de Contas de São Paulo. “Sem a LDO, nenhum gasto pode ser feito a partir de 1⁰ de janeiro. Sem LDO é impossível ficar, porque significaria paralisação completa de todos os gastos, incluídos os subsídios (salários) e as emendas dos próprios parlamentares.”
Especialistas ouvidos pela reportagem e também consultados por parlamentares dizem que, no caso da não aprovação da lei, o governo precisaria editar medida provisória liberando crédito extraordinário.
AVALIAÇÃO DE LULA PODE MASCARAR INSATISFAÇÃO, por Camila Rocha, no jornal Folha de S. Paulo
As últimas pesquisas sobre a popularidade do governo Lula 3 parecem revelar certa estabilidade positiva. Em setembro deste ano, pesquisa realizada pela Quaest registrou que o trabalho de Lula é aprovado por 51% e reprovado por 45%. Em outubro, o desempenho de Lula foi avaliado com 50,7% de aprovação e 45,8% de reprovação em pesquisa da Atlas Intel, praticamente os mesmos números medidos pelo instituto em julho.
A estabilidade é ainda maior tendo em vista um período maior de tempo. De acordo com o Instituto Datafolha, considerando a divisão da avaliação em ótimo/bom, regular e ruim/péssimo, no mês passado, 36% afirmaram que Lula está fazendo um governo ótimo ou bom, 29% avaliaram como regular e 32% como ruim ou péssimo, praticamente os mesmos índices do início do governo, em março de 2023.
Além disso, a popularidade do petista como liderança política é muito maior em comparação com as demais figuras da política brasileira. O atual presidente é, de longe, a liderança política com a melhor avaliação do país hoje. Lula é aprovado por 60% da população, e rejeitado por 39%, de acordo com a mesma pesquisa da Atlas Intel citada acima.
Para efeito de comparação, a primeira-dama, Janja da Silva, que aparece em segundo lugar, é aprovada por 48% e reprovada por 40% da população. Tais índices são similares aos de Marina Silva, ministra do Meio Ambiente, e Simone Tebet, ministra do Planejamento.
À direita do espectro político, Jair Bolsonaro acumula uma das maiores rejeições, 57%, sendo que apenas 42% aprovam o ex-presidente. Michelle Bolsonaro e Tarcísio de Freitas, por sua vez, acumulam, respectivamente, 39% e 32% de aprovação, e 52% e 44% de rejeição. O pior desempenho de todos fica com Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados, com 75% de rejeição e apenas 5% de aprovação.
Ao que tudo indica, Lula e seu governo parecem voar em céu de brigadeiro em termos de popularidade. Sobretudo em comparação com a direita. No entanto, números estáveis e positivos hoje podem mascarar potenciais turbulências futuras.
De acordo com a Atlas Intel, para 47% dos brasileiros a situação da economia é ruim, apenas 33% a consideram boa. No levantamento imediatamente anterior do instituto, 49% dos brasileiros acreditavam que a economia iria melhorar, hoje são 41%, quase o mesmo número que acredita que deve piorar, 39%. Não à toa, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, possui a maior rejeição entre os integrantes do governo Lula: 47%, contra 45% de aprovação.
Em sua coluna na Folha, publicada no dia 8 de novembro, Vinicius Torre Freire aponta que a inflação da comida é a maior desde o início do governo. Produtos básicos como arroz, feijão preto, óleo de soja e café tiveram altas “ruins”, como qualificou o colunista. O café, com 29%, está com o preço mais alto em 13 anos. Além disso, alimentos como leite e carnes também ficaram mais caros.
Entre os motivos listados estão a alta do dólar e os problemas climáticos, cada vez mais frequentes e graves. Como bem adverte Freire, carestia derruba a popularidade de governos. Considerando o resultado de Kamala Harris, apostar apenas em índices econômicos positivos e falar que tudo vai bem não é uma boa estratégia