Para um espaço que os donos do poder juram que ele não acessado e lido por ninguém, estranho mesmo foram as cobranças do atraso de oito horas do artigo desta segunda-feira. Aos que não não acessam e leem, minhas sinceras desculpas…
Para não justificar e “choramingar” mais, vou resgatar parcialmente um dos textos programado para o dia primeiro de janeiro. Ele estava engavetado. Só não foi publicado, porque, além dos atropelos circunstâncias da dinâmica política, o governo do “delegado prefeito” Paulo Norberto Koerich e do engenheiro e outros multi títulos acadêmicos, Rodrigo Boeing Althoff, ambos do PL, não tinha escolhido a nova secretária do que ele mesmo qualificou, vejam só, vital secretaria de Planejamento Territorial. Agora está nomeada: a desconhecida Ana Paula Lapolli Insense.
Por quê é vital esta secretaria? Diante da bagunça dessa área, que transforma o município numa “colcha de retalhos” exatamente para servir aos interesse da vingança política e até pessoal; à necessidade de interesse negociais e do freguês da vez, alimentado desculpas tortas e esfarrapadas – tudo com a cumplicidade política, disfarçada de técnica, da Câmara e do Conselho Municipal Urbano. E assim único Plano Diretor de Gaspar continua defasado por décadas servindo a microinteresses passageiros e não ao ordenamento para o desenvolvimento da ocupação do solo, comercial, industrial, residencial, logística e da mobilidade.
Ana Paula vem de Blumenau, e é, dizem, especializada em drenagens. Hum! Como tudo por aqui ou é tomado pela turfa, ou é pantanoso – no sentido lato e figurativo -, vira e mexe alguém está no atoleiro. A escolha de Ana Paula com esta “especialização”, faz, a princípio, todo sentido. Mesmo sendo prioritário, segundo os eleitos e não eu, passaram-se meses que os candidatos, os eleitos, a equipe de transição e empossados tivessem tempo para mapeá-la. E mesmo assim, isso só aconteceu, 20 dias depois da posse. Esta escolha, foi uma disputa política intensa nos bastidores. Foi feita a lá Salomão, não exatamente técnica, como deveria ser, entre a turma do prefeito e do vice.
Turma do prefeito e do vice? Hum! Pincelo outro dia, o que se disfarça. Tenho um artigo pronto sobre isso. Hoje, este não é o foco deste texto. Ele tende ser curto. Mas, nem tanto.
NOVO GOVERNO, RETRATO ANTIGO
Se você leitor e leitora desavisada lê e analisa à lista do primeiro escalão do governo de Paulo e Rodrigo, ambos do PL, você fica com a nítida impressão, que é a continuidade de Kleber Edson Wan Dall, MDB, Luiz Carlos Spengler Filho e Marcelo de Souza Brick, ambos do PP.
Se você vai para o segundo e terceiro escalões já conhecidos, vê-se até os que já foram – ou são – fieis aos do PT e do ex-prefeito Pedro Celso Zuchi.
O chefe de gabinete do “delegado prefeito” é Pedro Inácio Bornhausen, PP. Ele dá o tom dessa nostalgia, do atraso e do erro. Foi ele, por exemplo, quem coordenou as primeiras campanhas de Kleber a prefeito e até chegou ser chefe de gabinete nos dois anos do primeiro mandato (2017/19), até então o prefeito de fato e ex-presidente do MDB de Gaspar, Carlos Roberto Pereira tomar conta do governo.
É Pedro Inácio, gasparense da gema, ex-gerente regional da Celesc de Blumenau, relatam os participantes de reuniões coletivas e individuais, o que tenta, sob todos os aspectos, colocar panos quentes para não “revirar” o túmulo do governo de Kleber que a campanha inteira do “delegado prefeito” Paulo prometida ser revirado.
Antes de prosseguir, vamos as manchetes mundiais com republicano Donald Trump, nos Estados Unidos. Ele fez campanha dizendo o que faria, não adaptou o discurso. Por isso, fez barba, cabelo, bigode e sovado. Não enganou ninguém. Eleito, está fazendo o que disee que faria, mesmo que contenha incertos e altos riscos. Em Gaspar, se Trump fosse eleito prefeito com o discurso de mudanças, como foi o “delegado prefeito”, a cidade já estaria virada num alho só. Mas, ao contrário de Trumpl, aqui nada pode ser tirado do lugar. Ninguém sabe de nada. E pior, parece não há ninguém fora do ambiente secular de confiança para renovar…
Mudanças, só discurso, palanque, debate mambembe e as costumeiras entrevistas sem perguntas de uma imprensa que depende de migalhas do setor público e o privado atrelado a ele durante a campanha eleitoral. Tudo, para animar os eleitores e eleitoras. Depois dela…
Os empresários, investidores, lideranças associativas, que gravitaram no poder de plantão de Gaspar por 40 anos, depois de incensarem à campanha de Paulo e Rodrigo, estão todos de volta à ribalta e juram que foram eles que venceram mais uma vez, e os vencedores reverenciando em agradecimento.
E se não der certo, esses patrocinadores de ontem e hoje vão lavar a mãos outra vez, sairem de fininho, arrumarem outros nomes, como fizeram quando sentiram cheiro de enxofre nos governos de Bernardo Leonardo Spengler, MDB (o único que não completou o mandato); Pedro Celso Zuchi, PT; Kleber Edson Wan Dall, MDB; e crucificaram sem dó e piedade Adilson Luiz Schmitt, então no MDB, que tinha o empresário Clarindo Fantoni, PP de vice e não teve nenhuma dúvida em usar repelentes contra Adilson para ficar de bem com os seus. Onde, hoje, Clarindo está mesmo hoje?
NEM DELEGADO, NEM PREFEITO
Voltando.
O “delegado prefeito” não fala diretamente à sociedade – até porque tem uma assessoria de comunicação manca – sobre este assunto. Ele é tabu, antes de ser delicado. Paulo ainda está com o cacoete de polícia e de delegacia, onde a transparência se joga no lixo com a surrada desculpa de que se faz isso para não “atrapalhar” as investigações e na birra, antiga que se tinha quando a imprensa era investigativa e chegava antes da própria polícia. Agora quem chega antes da polícia são as redes sociais oferecendo imagens e provas às narrativas de algumas investigações.
Outra vez. Este não é meu foco e nem deste artigo.
Para enfraquecer o governante de plantão, a oficial assessoria de imprensa, importada da prefeitura de Blumenau ao tempo de Mário Hildebrandt, PL, ainda não mostrou a que veio. Ela é antiga e preferiu equivocadamente se subordinar a leigos, pasmem, em plena era da Inteligência Artificial que acionada pode esclarecer melhor a comunidade. Ela está sendo engolida, na simplicidade e óbvio, por uma assessoria de uma agência de locais – que maneja bem as redes sociais, entende a cidade e seus manhosos políticos e poderosos -, instalada num prédio da Margem Esquerda, na cabeceira da velha ponte Hercílio Deecke.
É de lá que ela faz a festa do governo paralelo do vice, Rodrigo. Impressionante, até porque tudo isso tem custos e alguém está bancando, se não for o próprio poder público comandado pelo “delegado prefeito”. Faltam faro e apurações. Então está faltando comando num barco onde estão pregando pregos sem estopas. E por isso, há vazamentos. Nem mais; nem menos.
Retomando pela segunda vez
A TÁTICA É PEGAR O PEIXE NA TOCA DELE. SERÁ?
Se Paulo não fala diretamente com a imprensa e principalmente com este escriba – que não é nenhum tolo – sobre este assunto, faz queixas por aí – em vários círculos, inclusive grupo de aplicativos de mensagens.
E essas queixas chegam transversalmente por aqui. A internet deixou a aldeia num realty com multi olhos, ouvidos e línguas. Todos expostos. E parecem que desconhecemm isso.
Antes, estas queixas vinham por causa das frustações dos que não apareciam nas listas de nomeados (normal), depois contra as escolhas dos nomeados (também normal), fatos que estavam no artigo original engavetado e lembrado na primeira linha deste artigo. Agora, as queixas, advertências e relatórios vêm, exatamente, porque, testados, por anos em postos de liderança do serviço público de Gaspar, os nomeados de hoje não produziram os resultados necessários, esperados ou extraordinários no passado. As dúvidas e as perguntas de hoje são: serão diferentes do passado?
As escolhas, tinham um propósito, mas a esperteza está engolindo os “espertos” e “çábios” de hoje, pelo jeito.
A nomeação de um secretariado majoritariamente fraco ou antigo – e a única exceção parece ser a titular de Educação, Andreia Simone Zimmermann Nagel, PL, – além da que promete pela experiência em Blumenau, a da Assistência Social, Neuza Pasta Felizetti, PL, e agora a incógnita, a Ana Paula, no Planejamento Territorial, as três sem ligações com o governo de Kleber ou anteriores – na verdade, está ligada a um modo investigativo planejado pelo policial experiente Paulo e que virou prefeito. O desejo dele com isso, é a de passar Gaspar que recebeu de Kleber a limpo.
Paulo, na sua tática, não quer assustar. Quer “comer” internamente pelas beiradas. Quer testar fidelidades nos efetivos e nos de confiança de ontem e os mesmos de hoje. Quer entender o jogo errático, falhas, burcacos e vícios para corrigir e punir. Quer “colher” provas robustas e irrefutáveis naquilo que se pode tipificar como crime. Quer enquadrar os superiores dos tempos passados, encurtando caminhos com os que indicou para a mesma máquina pública. Pensa que este é o caminho para decodificar este cofre de segredos.
A tática não é de toda ruim. Só que precisa combinar com os russos – e já falei com vários deles que entenderam e “desenharam” à jogada do “delegado prefeito”, orientados que foram por seus ex-chefes a que serviram.
Teoria é uma coisa. A realidade é outra. Todos estão, de uma forma ou de outra, comprometidos em esquemas que se tentam desvendar e torná-los escândalos. Todos os indicados de pisando em ovos do passado. E se a maioria está servindo a dois senhores, há solidariedade ou traição. E se há solidariedade, orientados, ninguém vai cair na tática do “delegado prefeito”, até porque se não houver delação premiada que os proteja, todos estão neste mesmo barco furado.
OU O GOVERNO GOVERNA PELA MUDANÇA OU É ENGOLIDO PELO SISTEMA
Resumindo para encerrar.
Então se não vem uma coisa, não vem outra. Ao contrário: tem vazamentos. Ora, os de ontem também hoje não vão entregar à cidade, aos cidadãos e cidadãs, o serviço, as mudanças, os resultados deles que estão obrigados a entregar. Simples: não estão acostumados a isso. E ao mesmo tempo, não vão entregar as provas, ao menos as principais, ao “delegado prefeito” para esclarecer e até, incriminar os ex-governantes. Simples assim!
Se era para mudar, o “delegado prefeito” teria estar vestido de prefeito, construíndo uma equipe sua total confiança, jovem, aparentemente livres dos vícios dos velhos, para quebrar esquemas e paradigmas, ser percebido como inovador, gestor com nova visão para resultados, e só aí, com o tempo, ir conhecendo o pântano que se meteu, desenhando este novo mapa da cidade para os da cidade. Mas, não, está lidando com cobras sem saber quais as que picam e até matam. Paulo e Rodrigo não foram eleitos para serem policiais – e até podem -, mas para serem administradores.
Rodrigo – que já foi candidato a vice com Kleber, que já foi vereador e servidor com Zuchi e Adilson – aposta no quanto pior melhor para sair por cima desse cesto de cobras. Num vídeo abaixo, ele se apresentou como engenheiro. E no caso da interdição da Estrada Geral da Lagoa, como engenheiro e muitos outros diplomas, inclusive de gestão pública, vai fazer o mesmo improviso de décadas que outros governantes leigos fizeram para não resolver o problema, levar de barriga, mesmo que parte da galeria, já tenha uma solução definitiva sinalizadora. Vão esperar por outra enxurrada, mais desgastes, custos e socorro de outros municípios.
Perguntar não ofende: onde está o secretário de Obras e Serviços Urbanos, Vanderley Schmitz, o que possui autoridade delegada para falar sobre este assunto? Não deveria ser ele o porta-voz técnico de confiança nesta matéria, além do prefeito, como autoridade política máxima, com a sociedade? Por que escondê-lo? Assim, é com todos do primeiro escalão. Por que os escondem? Escolheram mal? Não confiam? São decorativos?
E o governo de Paulo e Rodrigo ainda acha que vai encontrar provas para incriminar ou culpar o antigo governo com gente que vive escondida e outras colocando panos quentes em tudo para não atiçar o contraponto de quem está devendo explicações. Definitivamente, a comunicação do “novo” governo de Gaspar é um espanto.
Um mês e nada. Tudo antigo. A cidade nervosa. E para complicar, veio uma enxurrada (de água). Ficou provado que a prefeitura de Gaspar está sucateada, mas tudo se esconde. Pior, diante do desalinho, da emergência, da falta de recursos em caixa e equipamentos disponíveis para o mínimo, faltou um líder e divisão de tarefas. Todos batendo cabeça. O governo ficou exposto não só na penúria, mas na divisão que há no seu seio. Impressionante.
Está mais do que na hora de rever tudo isso. Nem se achou os culpados do passado por tudo isso. Nem se consertou o que não funciona. Nem quer se mexer nesta cumbica cheia de sapos e cobras como se isso vai permitir a sobrevivência dos sapos. Muda, Gaspar!
TRAPICHE
Coisa de doido. Um mês de gestão, falando-se em candidato a deputado e já se arma a primeira “greve” do governo de Paulo Norberto Koerich e Rodrigo Boeing Althoff, ambos do PL. Se ela acontecer, a manchete só aumentará o tom da barbeiragem. E a insatisfação não é porque mudou, mas porque tudo ficou igual nos privilégios dos antigos em escalões inferiores sobre quem apoiou o governo de mudanças. Incrível!
Do Orçamento de R$510 milhões (para o ano todo), até sexta-feira, dia 24 de janeiro e a prefeitura começou a funcionar no dia 13, havia sido empenhados R$95,6 milhões. Credo. Vai faltar dinheiro, neste ritmo. Desse total, R$46,9 milhões estavam empenhados na secretaria da Fazenda e Gestão Administrativa e R$22,3 milhões no Fundo de Saúde da secretaria de Saúde, para apenas ficar nestas duas maiores rubricas. O total que saiu efetivamente do caixa da prefeitura até sexta-feira foi R$4,5 milhões, sendo que R$ 4,4 milhões, na Saúde. O resto está pendurado e na fila de pagamentos. Ulalá!
O ponto de partida da solução. O prefeito Henrique Menegazzo, União Brasil, do pequeno município catarinense de Anita Garibaldi, onde ele ganhou com 62,12% dos votos válidos, decretou “estado de calamidade pública financeira“, depois de descobrir que tinha uma dívida, quase impagável, mas que quer honrá-la. Antes, porém quer auditá-la: de R$20 milhões (e que ainda pode ser maior).
Já escrevi. O “delegado prefeito” de Gaspar deveria, Paulo Norberto Koerich deveria fechar a prefeitura para balanço, apurar as dívidas e tratar o assunto com cada fornecedor. Ganharia mais caixa, conhecimento, domínio e reconhecimento. Mas, ouvindo os “çábios” que já roentaram o velho governo, o novo foi levado à enrolação via uma suposta apuração enviesada. Ela tende dar em quase nada.
Esta será a última semana do ex-prefeito de Gaspar, Kleber Edson Wan Dall, MDB (a direita), como presidente da Fecam – Federação Consórcios e de Municípios Catarinenses. Na semana passada, esteve na Associação dos Municípios da Região do Contestado, foto, e fez questão de posar com o seu braço direito na gestão da Fecam, o irmão de templo, Jorge Luiz Prucino Pereira, PSDB (a esquerda), ex-faz tudo por aqui e que já foi chefe de Gabinete, secretário de Planejamento Territorial, secretário de Fazenda e Gestão Administrativa, bem como presidente do Conselho Interventor do Hospital de Gaspar, mas que pediu para sair depois que áudios cabulosos editados, com o ex-secretário de Obras e Serviços Urbanos, Planejamento Territorial e presidente do Samae, Jean Alexandre dos Santos, então no MDB, e hoje PSD, circularam freneticamente nos aplicativos de mensagens.
Nos bastidores, Kleber Edson Wan Dall, MDB, tenta emplacar Jorge Luiz Prucino Pereira, PSDB, como funcionário da Fecam na possível gestão do prefeito de Florianópolis, Topazio Neto, PSD. Está difícil. Nas publicações das redes sociais dos visitados em Lages (ex-vereador Jair da Costa Teixeria Júnior, Podemos), descobriu-se que Kleber está abrindo as portas, como presidente da Fecam em ambientes das prefeituras e Câmaras, para Jorge atuar como representante de uma empresa chamada Fischer. Ela quer investir no Planalto Serrano. Já em Gaspar…
A coisa está tão ruim politica e administrativamente em Gaspar, que o PL, ao invés de buscar os culpados pelos erros da finada administração e mostrar como está se virando para sair do enrosco deixado pelo governo passado, resolveu ocupar as redes sociais para promover uma enquete sobre os futuros candidatos a deputado estadual em 2026. Os mesmos que combatiam, estão oferecendo ao povo circo mambenbe e pão amanhecido. Credo!
Este é um prenuncio de que já jogaram a toalha? Se já jogaram a toalha sem tomar o banho, como querem estar cheirosos em 2026? Muda, Gaspar!
Quem olhou na semana passada o Diário Oficial dos Municípios de Santa Catarina, viu o “delegado prefeito” Paulo Norberto Koerich, PL, encerrar uma série de PADs – Processo Administrativo Disciplinar – movidos pela administração municipal anterior contra servidores, supostamente pegos em erros, culpabilização, ou necessidade de esclarecimentos administrativos. Quase todos os PADs, bem antigos. Ou seja, devidamente cozinhados
Em nome da proteção de dados, não há nomes, nem a razão dos PADs e muito menos, porque eles foram dar em nada na canetada do “delegado prefeito” Paulo Norberto Koerich, PL. Envolvidos, dizem era coisa antiga, mal resolvida, tinha sintomas de ranços e vinganças partidárias, ou até eram usados como chantagem. Como não há transparência, não é possível conferir as versões de ambos os lados. Uma pena. Perde, a sociedade que paga tudo isso com seus pesados impostos.
Um aviso. Quem não é visto não é lembrado. Quem é lembrado fazendo bobagens ou coisa bem menores do que prometeu e se espera, é esquecido. Cresce a candidatura a governador em 2026 do prefeito de Chapecó, João Rodrigues, PSD. E só cresce, porque Jorginho Melo, PL, está enrolado nas próprias pernas, não inspira confiança, faz política pequena e vingativa, ao invés de estadista e de governo realizador, ignorando o que Santa Catarina como estado diferencialo pede. Qual é mesmo a marca do governo de Jorginho depois de dois anos no trono e uma turma do barulho atuando na sua sombra?
Pergunar não ofende, as escolhas dos secretários municipais e do Samae de Gaspar obedecem a critérios identitários ou qualificação para a função? Credo. Parece um governo da extrema esquerda na comunicação. A quem quer agradar? Ao PT, ao Psol, aos ativistas? Não há problemas demais para serem resolvidos, por que arrumar outros onde não existem? Muda, Gaspar
O ministro Alexandre de Morais, do STF, liberou a primeira delação premiada do ajudante de ordens do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, PL, o tenente coronel Mauro Cid. O delator colocou o carioca senador por Santa Catarina, Jorge Seif Júnior, PL, como um da linha de frente – a mais radical – na trama golpista para não deixar o eleito Luiz Inácio Lula da Silva, PT, assumir. Seif que acaba de emplacar sua mulher secretária de Turismo na reforma administrativa de Jorginho Melo, PL, reagiu. E forte.
De verdade. Santa Catarina há dois anos, praticamente, tem um só senador, Esperidião Amim Helou Filho, PP. Jorge Seif Júnior, PL, cuida dos interesses da família Bolsonaro e Ivete Apel da Silveira, MDB (mulher do falecido governador Luiz Henrique da Silveria, MDB), que ficou no lugar de Jorginho Melo, PL, é uma sombra. Uma pena. O conserto poderá acontecer com a renovação de três, e não dois senadores em 2026.
Prefeitura de Gaspar sucateada. A ideia agora, é aprovar a toque de caixa, quando a Câmara voltar aos trabalhos deliberativos, um convênio com a secretaria de Segurança e superintendência de administração prisional, para trazer apenados para fazer o trabalho de roçação e limpeza das ruas e bueiros. É um tapa buraco. Faltam iniciativa estratégicas. E de impacto.
A novela voltou. Gaspar está sem dinheiro para fazer a Expo-feira. Ou seja, nada mudou. Muda, Gaspar!
8 comentários em “AO MONTAR O GOVERNO, O NOVO PREFEITO DE GASPAR COMETEU UM ERRO TÁTICO. ARRISCA-SE COM ELE. APOSTA NA SORTE. E TERÁ QUE ESPERAR POR ELA. ENQUANTO ISSO, FAZ CONCESSÕES PARA MOSTRAR QUE ESTÁ ADMINISTRANDO A QUATRO MÃOS. SE NÃO SE CUIDAR, O TITULAR PERDERÁ AS DELE.”
Direto do portal SC em Pauta:
Governo abre mão de licitação para a compra dos uniformes
O Governo do Estado decidiu adquirir uniformes escolares por meio de uma ata de registro de preços do Estado de Goiás, dispensando a realização de uma nova licitação própria e gerando questionamentos sobre a transparência do processo. A medida tem chamado a atenção por se basear em uma legislação revogada e por ignorar fornecedores locais, em um estado reconhecido como polo da indústria têxtil.
A situação começou em 2022, no governo de Carlos Moisés da Silva, quando foi realizada uma licitação para uniformes escolares, cuja validade terminou em junho de 2023. Com um projeto básico já pronto, a gestão atual, de Jorginho Mello (PL), optou por não dar andamento a um novo certame. Em vez disso, realizou em setembro de 2024 o Pregão Eletrônico nº 0521/2024, destinado à compra de calças jeans e jaquetas corta-vento de nylon. Contudo, o processo, estimado em R$ 103,34 milhões, foi impugnado por várias empresas sob suspeita de direcionamento, já que um dos itens propostos não estava disponível no mercado nacional.
Após a suspensão do pregão, o governo decidiu aderir à ata do Pregão Eletrônico nº 0289/2023, realizado pelo Estado de Goiás. A escolha gerou críticas não apenas pelo custo estimado, que ultrapassa R$ 229,84 milhões — R$ 126,5 milhões a mais do que o pregão suspenso —, mas também porque a ata foi elaborada com base na antiga Lei nº 8.666/93, revogada em 31 de dezembro de 2023. A decisão vai contra a nova Lei de Licitações (nº 14.133/2021), que exige maior transparência e competitividade nos processos. Vale lembrar que a adesão a atas de outros estados só pode ser feita se houver uma base de preços que justifique a decisão como forma de economia. Acontece que, como o governo Jorginho não realizou nenhum pregão que pudesse servir de parâmetro, não possui preços que justifiquem ou comprovem a economia no uso da ata de Goiás.
Além do custo elevado, os itens adquiridos diferem do padrão histórico de uniformes escolares catarinenses. Entre os gastos previstos, camisetas e calças de malha helanca somam R$ 83,86 milhões para 840 mil unidades, agasalhos unissex chegam a R$ 47,84 milhões, enquanto regatas e shorts-saia estão avaliados em R$ 10,22 milhões para 252 mil peças. Especialistas destacam que os preços poderiam ser reduzidos em um pregão próprio, e a escolha de itens não tradicionais levanta dúvidas sobre sua adequação ao clima e à realidade dos estudantes do estado.
Indústria têxtil
A decisão também gerou críticas por ignorar a força da indústria têxtil de Santa Catarina, uma das maiores do Brasil. Empresários e lideranças do setor apontam que o governo perdeu a oportunidade de estimular a economia local, fortalecer a cadeia produtiva estadual e gerar empregos. A adesão à ata de outro estado é vista como um retrocesso, especialmente diante do potencial competitivo das empresas catarinenses.
Jorginho conseguirá ser o pior governador de todos os tempos. Congratulações aos envolvidos.
Bom dia, você que é sempre bem informado, se possível me esclareça esta questão : O Brasil é um pais de Direita ou Esquerda? Se direita, qual governo e de esquerda a mesma coisa. Lhe pergunto isso, visto que a moda hoje e dizer que é de direita, mesmo não sabendo o que isso significa.
Penso que o Brasil não é nem de esquerda e nem de direta, mas de espertos da hora que sacam a proxima onda e trouxas de sempre que estão sempre se afogando nelas
NO PRINCÍPIO ERA A MÁQUINA, por João Pereira Coutinho, escritor e sociólogo português, no jornal Folha de S. Paulo
Casos de longevidade são casos de curiosidade. Falo do que conheço. Gente com 80, 90, cem anos? Não foi apenas a dieta, o jogging ou a medicina que prolongaram a vida. Foi a curiosidade: a ambição constante de saberem um pouco mais do que sabiam no dia anterior. Se isso é válido para os meus conhecidos, é válido para Henry Kissinger, morto aos cem, que continuou pensando, escrevendo e publicando até o fim. Um tema, em particular, ocupou os neurônios do cavalheiro na fase crepuscular: a inteligência artificial.
Nas palavras do seu biógrafo, o historiador Niall Ferguson, faz sentido: se o poder destrutivo das armas nucleares ocupou grande parte da sua vida, era inevitável que os desafios da inteligência artificial também aparecessem no radar. O resultado dessa curiosidade pode ser lido no seu último livro, “Genesis”, que escreveu em coautoria com Craig Mundie e Eric Schmidt.
É a existência humana que está em causa, argumentam eles. Não apenas no sentido mais básico da expressão. Há dimensões dessa existência que podem mudar de forma mais sutil. A história da humanidade é a história do seu desenvolvimento tecnológico, de como a espécie saiu da caverna, inventou a agricultura, criou cidades, melhorou os transportes, combateu doenças, pisou a Lua.
Mas, em todas essas etapas, o conhecimento andou de mãos dadas com o entendimento. Os humanos eram, ao mesmo tempo, criadores e beneficiários de uma tecnologia que dominavam.
Não com a inteligência artificial. Nosso conhecimento, em todas as áreas, será aumentado exponencialmente. Mas isso se dará por processos que não entendemos. Teremos informação sem explicação.
Como argumentam os autores, viveremos um futuro que será muito semelhante a um tempo pré-científico e pré-moderno, em que os seres humanos aceitavam uma autoridade inexplicável. Qual o problema? Ninguém falou em problema. Repito: os avanços serão exponenciais. Mas quem pensa que a perda de estatuto intelectual dos humanos face às máquinas é um mero detalhe está enganado.
Tradicionalmente, só Deus estava acima dos humanos. Mas, aqui na Terra, os humanos estavam acima de todas as restantes espécies. Essa hierarquia vai acabar no século 21. Seremos destronados como modelos de inteligência. Estaremos preparados para o fim da nossa singularidade? Para o fim do nosso narcisismo? O mesmo em termos políticos. Não é preciso pintar cenários de catástrofe para esse mundo dominado pela inteligência artificial. As coisas podem ser mais sutis.
Durante milênios, as nossas sociedades foram sendo organizadas por princípios ou instituições que variaram menos do que imaginamos. Não interessa se falamos de democracias ou autocracias. Nossos regimes políticos seriam reconhecíveis por um grego do século 5º a.C.
Como seriam reconhecíveis os vícios e as virtudes dos nossos governantes. O que existe neles de racional ou irracional, pragmático ou irascível, louvável ou abominável. Um grego antigo, fascinado pela ideia platônica de rei-filósofo, saberia reconhecer que as nossas sociedades, tal como a dele, não conseguiram realizar esse ideal. Por quê?
Porque somos limitados. Não conseguimos processar toda informação que existe; não conhecemos as leis da natureza humana; não temos a sabedoria necessária para fazer as escolhas mais sábias. Como lembrava o príncipe da Dinamarca, temos tanto de nobreza como de pó.
A promessa da inteligência artificial é a promessa de um rei-filósofo, uma entidade capaz de fornecer respostas perfeitas, suprindo as paixões humanas. Qual é o problema? Mais uma vez, ninguém falou em problema. Mas como negar que existem dimensões da nossa existência que podem ser tão importantes ou até mais importantes do que esse utilitarismo digital? “Amo a justiça, mas amo também a minha mãe”, dizia Camus sobre a luta pela libertação da Argélia e seus métodos mais radicais.
Como lembram os autores, conservar a nossa humanidade perante a contingência pode ser a única forma de conservamos também o nosso livre-arbítrio. De não sermos, enfim, meros escravos de um algoritmo. Nas obras sobre a inteligência artificial, normalmente encontramos dois extremos: um otimismo delirante e um pessimismo delirante, sem espaço para as questões fundamentais.
“Genesis” é um livro raro porque prefere as perguntas às respostas. Questiona se no futuro seremos nós a alinhar-nos às máquinas —uma simbiose neuronal, como defendem os transumanistas— ou se devem ser elas a alinharem-se aos nossos melhores valores humanos. Isso implica saber que valores são esses e quem somos nós. A vida será longa para quem procurar essas respostas.
LULA IMPOPULAR É UM PERIGO, editorial do jornal O Estado de S. Paulo
Uma pesquisa da Genial/Quaest divulgada ontem trouxe más notícias para o governo do presidente Lula da Silva. Na comparação com o último levantamento, realizado em dezembro, a aprovação ao petista caiu 5 pontos porcentuais, de 52% para 47%, e pela primeira vez ficou atrás do porcentual dos que reprovam a atual gestão, com evidente viés de baixa para o governo.
Trata-se da mais significativa desaprovação ao trabalho de Lula desde o início do terceiro mandato, resultado até natural ante a corrosão constante de sua popularidade, que os petistas invariavelmente creditam aos culpados habituais – a alegada desordem deixada pelo antecessor, Jair Bolsonaro, as fake news e as big techs, a comunicação do governo e uma suposta incapacidade da população de perceber as virtudes do atual governo.
A notícia mais dura para o presidente Lula, porém, vem dos grupos em que a deterioração da popularidade apareceu com mais força: no Nordeste, tradicional reduto do presidente, onde o governo perdeu quase 10 pontos porcentuais de aprovação, e na população de baixa renda (-7 pontos) e renda média (-5 pontos). Mais: metade acredita que o País está na direção errada, e 65% acham que Lula não conseguiu cumprir suas promessas de campanha.
Ou seja, há uma fratura naquela que é a maior base social do presidente e, para piorar, o atual governo está produzindo frustração nos brasileiros em vez de incutir-lhes esperança de melhorar de vida. Um desalento que emerge não de alguma perversa conspiração da mídia ou do mercado financeiro, tampouco de uma eventual máquina de desinformação da extrema direita. É, isso sim, o retrato da vida real, cuja raiz é uma só: a inépcia de Lula e sua incapacidade de entender as aflições do Brasil que governa.
Não se gastaria tempo e esforço neste espaço se a revelação dos números servisse apenas para perturbar o humor presidencial, habituado aos aplausos frequentes que recebe dos sabujos palacianos. O problema vai além de Lula e dos morubixabas petistas, que até hoje têm a mais plena convicção de que as dificuldades com a popularidade decorrem de mentiras e desinformações que impedem que as ações do governo cheguem à população. Ocorre que ninguém que torce pelo Brasil pode sentir-se bem diante do fato de que apenas 25% dos brasileiros reconhecem que a economia melhorou no último ano e que, portanto, a percepção popular sobre a situação econômica continua majoritariamente negativa. Ou que apenas 39% acreditam que o País esteja na direção certa, que o aumento dos preços dos alimentos passou a ser uma tormenta e que a economia, mesmo malvista pela população, foi ultrapassada pela violência na lista de temas que inquietam os eleitores.
Tão sério quanto essas evidências é o risco embutido na pressa de Lula para mudar os números de sua popularidade e, sobretudo, garantir a viabilidade de sua reeleição em 2026. Afinal, se já é mau sinal quando as pesquisas de opinião pública ditam os rumos e a ansiedade de um governo e de um presidente, torna-se um perigo para a população ter um Lula obcecado com a popularidade, inconformado com a desaprovação e ansioso pela eleição. Para o presidente, como se sabe, é algo rotineiramente menor avaliar e aperfeiçoar programas, ajustar a gestão, corrigir rotas ou modelos que não mais funcionam. É o que fazem bons governantes. Mas, como bom demagogo, Lula tem a indisfarçável ambição de quem se enxerga um mítico representante dos interesses do povo e, como tal, em situações de crise, recuperar o amor popular significa escolher atalhos populistas, capazes de gerar resultados vistosos no curto prazo e devastadores no longo.
Sempre que precisou escolher entre a responsabilidade e a popularidade, Lula nunca titubeou. Donde se conclui que os números revelados pela Quaest certamente servirão de pretexto para ampliar o arsenal de estultices produzidas pelo governo, desde “intervenção” nos preços até guerra de araque contra as big techs. Serão dois longos anos pela frente.
A ARTE LULISTA DE ILUDIR, editorial do jornal O Estado de S. Paulo
Na mesma reunião ministerial em que anunciou, sem rodeios, que “2026 já começou”, convertendo seu governo num insolente comitê de campanha, o presidente Lula da Silva também recorreu a uma de suas cartadas típicas, sobretudo em períodos pré-eleitorais: a arte de iludir, com a qual invariavelmente sugere sinais opostos a suas reais intenções para obter dividendos políticos no futuro próximo.
Na parte pública da reunião, Lula tratou de invocar mais uma vez a “defesa da democracia”, atribuindo a seu governo (ou melhor, a si próprio) a missão de liderar a resistência nacional contra a “volta ao neofascismo, ao neonazismo e ao autoritarismo”, segundo suas próprias palavras. Já no momento fechado do encontro, o presidente fez chegar aos ministros a ideia de que seu nome poderá não estar nas urnas em 2026. “Deus no comando”, teria dito, segundo relatos, creditando a incerteza a um conjunto de variáveis, entre elas a saúde principalmente. Ao cogitar a hipótese de desistir, Lula teria mencionado ainda recentes episódios que colocaram sua vida em risco, como o problema técnico na aeronave presidencial e a cirurgia na cabeça após uma queda no banheiro.
Noves fora as inevitáveis incertezas do destino, que impedem qualquer ser humano – mesmo aqueles convictos de seus poderes divinos, como Lula – de ter a mais plena segurança sobre o que fará e onde estará daqui a quase dois anos, não há dúvida de que o presidente não pensa em outra coisa senão continuar governando o Brasil e liderando a esquerda tradicional lulopetista. Nesse ponto não lhe falta convicção: para Lula, não só governar é estar no palanque, como ele se sente o único que efetivamente pode salvar o Brasil do “neofascismo” e do “neonazismo”, que é como ele qualifica o bolsonarismo.
A reação de ministros aliados, espontânea ou calculada, foi de “preocupação”. Providencialmente, integrantes da cúpula do PT difundiram a jornalistas as razões para tanto: hoje, segundo petistas, os principais nomes que podem vir a lhe suceder não teriam condições de representar o partido na corrida eleitoral. Seria o caso dos ministros Fernando Haddad, Camilo Santana e Rui Costa. Essa é a costumeira artimanha de lulistas, possivelmente inspirados no próprio Lula: difunde-se uma dúvida sobre a disposição do Grande Líder; faz-se chegar à militância o nome dos eventuais substitutos; conclui-se que nenhum tem condições de conquistar corações e mentes de eleitores; e, por fim, volta-se ao essencial, isto é, Lula precisa ser o candidato.
A prestidigitação lulista já ocorreu em outros tempos, mas rigorosamente nada o impediu até aqui de disputar sete eleições presidenciais, tornando-se o recordista de candidaturas na história de nossa república. Ensaiou desistir – apenas ensaiou, sublinhe-se – em 1998, quando meses antes já parecia certa a sua derrota para um imbatível Fernando Henrique Cardoso pós-Plano Real, e em 2002, quando impôs ao PT carta branca para ele e José Dirceu atraírem alianças para além dos satélites tradicionais da esquerda. Lula não hesitou em ser o candidato nem mesmo quando estava claro que sua candidatura seria barrada. Foi o caso de 2018, ano em que o lulopetismo quis ter o seu nome na urna mesmo com Lula preso. Coube a Haddad então cumprir o papel de boneco de ventríloquo na eleição.
A “vontade de Deus” a que Lula se referiu na reunião, portanto, parece ter muito mais a ver com seu método de fortalecer o próprio nome e manter-se como o único farol a iluminar o espectro da esquerda tradicional liderada pelo PT. É inegável que até aqui o estratagema deu certo para si mesmo. Resta saber se o demiurgo será bem-sucedido novamente. Há quem veja no recado uma forma de galvanizar apoios entre partidos, mas lideranças do Centrão já alertaram publicamente que, ao contrário, isso pode abrir espaço para defecções numa base já ideologicamente frágil. Pode também ser uma forma de colocar à prova uma providencial fragilidade dos seus substitutos, o que só revela o horizonte rarefeito na esquerda – enquanto na direita já existe uma profusão de nomes dispostos a herdar o espólio de Jair Bolsonaro, à sombra da liderança de Lula poucos emergem para valer. Assim caminha o lulopetismo.
A ILUSÃO DAS FÓRMULAS MÁGICAS: UMA REFLEXÃO CONTEMPORÂNEA, por Aurelio Marcos de Souza, advogado, ex-procurador geral do município de Gaspar (2005/08), graduado em Gestão Pública, pela Udesc
Um burro e um tigre discutiram sobre a cor da grama. O burro, teimoso, afirmava que a grama era azul, enquanto o tigre, tranquilo, insistia que era verde. A discussão ficou tão acirrada que os dois decidiram levar o caso ao leão, o rei da selva. Chegando lá, o burro foi direto: “Majestade, a grama não é azul?” O leão, calmamente, respondeu: “Sim, a grama é azul.” Depois, o leão condenou o tigre a quatro anos de silêncio. Perplexo, o tigre perguntou por quê. O leão explicou: “Não é sobre a cor da grama, mas sobre perder seu tempo discutindo com quem não está disposto a ouvir.”
Essa fábula, tão singela quanto profunda, reflete muito do que vivemos atualmente. Estamos cercados por ideias rígidas, promessas fáceis e soluções mágicas que, à primeira vista, são convincentes, mas carecem de qualquer fundamento. Influenciadores vendem fórmulas para enriquecer sem esforço. Gurus prometem felicidade em frases prontas. Soluções para emagrecimento sem disciplina ou sucesso sem trabalho são vendidas como verdades absolutas. E muitos, como o burro da história, acreditam sem questionar.
E nós? Quantas vezes nos tornamos o tigre, nos desgastando em debates com quem não quer aprender, mas apenas reafirmar sua própria “verdade”? Quantas vezes insistimos em discutir que não levam a lugar algum, tentando convencer quem não está aberto a reflexão?
Pense na selva dessa história como o mundo em que vivemos. A cada dia, somos expostos a um barulho incessante: opiniões teimosas, atalhos tentadores, promessas simples. Enquanto isso, o essencial – o esforço genuíno, o aprendizado constante e o trabalho árduo – acaba sendo ofuscado.
Mas a história também nos deixa um alerta importante. Embora existam momentos em que o silêncio seja a melhor escolha, há situações em que ele pode ser perigoso. Se mentiras são repetidas vezes suficientes, tornam-se verdades para muitos. Edmund Burke já dizia: “Para que o mal triunfe, basta que os bons não façam nada.” Saber a hora de se afastar e a hora de levantar a voz é um equilíbrio necessário.
O sucesso, a felicidade e o verdadeiro crescimento não estão em atalhos ou fórmulas prontas. São frutos de dedicação, paciência e construção diária. Que essa história nos lembre de evitar desgastes desnecessários, mas também de não ceder às ilusões que nos afastam do que realmente importa. No fim, a cor da grama não muda por causa de quem se recusa a enxergar. E a nossa verdade? Ela só se fortalece com esforço e propósito.
Se olharmos mais profundamente para a fábula, percebemos que ela também nos convida a refletir sobre nossas próprias escolhas. O tigre, embora tenha sido condenado ao silêncio, nos ensina algo essencial: há batalhas que não precisam ser travadas, porque o custo emocional e o desperdício de energia não valem a pena. Às vezes, o maior sinal de sabedoria é saber quando recuar, preservar-se e direcionar esforços para aquilo que realmente faz a diferença.
Contudo, isso não significa que devemos observar o silêncio como regra absoluta. Viver em sociedade exige discernimento. Há situações em que se calar diante de injustiças ou mentiras podem ser uma forma de cumplicidade. É nesse ponto que a reflexão se aprofunda: como equilibrar a serenidade do tigre com a coragem de agir?
Em nosso cotidiano, somos bombardeados por mensagens que prometem soluções imediatas, mas a vida nos ensina que os melhores resultados vêm da consistência, não da pressa. Queremos o sucesso sem esforço, a felicidade sem desafios, mas esquecemos que o valor das conquistas está no caminho percorrido, nas quedas e nos aprendizados.
Portanto, a fábula nos deixa duas grandes lições. A primeira é sobre a importância de não desperdiçar energia com aquilo que não podemos mudar ou com quem não deseja ouvir. A segunda é sobre consideração quando é nosso dever nos posicionar, para que a verdade prevaleça e para que ideias perigosas não se espalhem.
No fim das contas, a grama continuará verde, independentemente do que digam. Mas as pessoas ao nosso redor podem ser impactadas por aquilo que escolhemos defender ou ignorar. Que esperamos, então, ser mais como o tigre: sábios o suficiente para economizar nossas forças, mas corajosos o bastante para usá-las no momento certo. Afinal, o mundo não precisa de mais barulho, mas de vozes que fazem a diferença.
Boa noite.
Talvez o presidente da Fecam levar o seu “braço direito” pra abrir mercado na serra tenha uma outra razão: credibilidade.
Sobre o Rodrigo, se der RUIM novamente lá no REMENDO, QUEM RESSARCIRÁ O DINHEIRO DO POVO, LITERALMENTE JOGADO NO BURACO???