Márcio Cézar (à direita) tentou emplacar o Aliança pelo Brasil, mas não deu certo.
Vou fazer este artigo sem citar a fonte que me inspirou. Vale a pintura e não o modelo.
Na semana passada, conversei com um bolsonarista roxo de Gaspar.
Para ele, o ex-ministro da Justiça de Jair Messias Bolsonaro, PL, Sérgio Fernando Moro, Podemos, o que ameaça ocupar espaços na direita, entre os conservadores, mas principalmente naqueles que não toleram à corrupção, além de traidor – talvez porque não tenha pactuado com as rachadinhas da família -, é um tucano: está sempre em cima do muro; “não se posiciona” e por isso, precisa ser sacrificado para não atrapalhar a reeleição de Bolsonaro, acentuou.
Bobagens. Moro está articulando, respondendo, posicionando-se e surpreendendo quem esperava um ex-juiz na política em posição defensiva sob ataque dos lulistas e bolsonaristas, com voz fanha ( o defeito essencial que encontraram nele até agora, além de ser um intruso no ambiente partidário-eleitoral reservado sempre aos mesmos)…
O brasileiro está farto de corrupção: desde Brasília até os grotões. E uma das bandeiras de Bolsonaro foi combatê-la. E para dizer que faria isso, associou-se a Moro. Na hora da verdade, com a Bic na mão, descarto-o. E é ai que o nó começa a ser desatado contra Bolsonaro e os bolsonaristas, não exatamente contra os direitistas, conservadores, liberais na economia.
E todos no bolsonarismo sabem a razão disso. Até porque corrupção – a que permite que poucos roubem os pesados impostos de todos -, a que desemprega, a que gera inflação alta, a que amplia a pobreza, a que restringe acesso à saúde pública, educação e assistência social, não tem partido, lado ou muito menos ideologia. É simplesmente criminosa.
Primeiro: quem verdadeiramente é direita em Gaspar? Só conheço um: Paulo Filippus, de extrema direita, ainda ex-presidente do DEM, em desmanche para ser o tal União Brasil, nos trapos que está juntando com o PSL, aquele que não é mais bolsonarista. Paulo Filippus é extremista nas redes sociais, mas só com temas nacionais, internacionais, de fervor religioso e contra a vacina, passaporte vacinal, proteção… Sobre a terrinha, nada, nadinha de nada. Então…
Segundo. Os demais são na verdade apenas bolsonaristas e todos que não são, são rotulados de comunistas – “o comedor de criancinhas” – e tucanos – os que não batem de frente, negociam, enganam… Eu por exemplo, para eles, sou comunista porque não aderi à pauta incondicionalmente como um robô, ou até tucano. Então…
Terceiro. Há entre eles, os infiltrados, que como direita, nunca os combateram de frente. São os que se aproveitam das ondas. Da bolsonarista no ano passado quem fez isso foi o ex-candidato a prefeito pelo PSL, Sérgio Luiz Batista Almeida. Ficou na rabeira.
Ou o sumido e seletivo presidente do PL de Gaspar, o engenheiro e professor universitário, Rodrigo Boeing Althoff, ex- PV e com passagem pelo PDT, com que parte da direita de Gaspar sem opção própria, flertou no ano passado. Mas perguntar não ofende: pode-se dizer que um dia Rodrigo foi bolsonarista? Então…
Aliás o silêncio dele tem razão de ser: seus negócios precisam do aval da aparelhada máquina da prefeitura – a que não perdoa e tritura adversários. Rodrigo está se protegendo. E ao mesmo tempo, nos bastidores, negociando. E é para não atrapalhar à possível candidatura de Kleber Edson Wan Dall, MDB, no ano que ano. E por que? Ainda alimenta à ilusão de ficar com uma beiradinha dos votos dele em 2024. Então…
O vice de Rodrigo no diretório do PL, este sim é um dos mais fanáticos da direita, do conservadorismo, mas acima de tudo, bolsonarista: Márcio Cézar. E ali estão gente alinhada com ele como Demetrius Wolff, Eder Muller, Andreia Simone Zimmermann Nagel entre tantos outros.
Mas, essa gente não conseguiu fazer sequer um vereador, apesar dos 21,21% válidos dados ao Rodrigo que permitiriam eleger no mínimo dois vereadores. Um parêntesis necessário: eleição do Alexsandro Burnier, pelo PL, todos sabem e ele não esconde isso de ninguém nos pronunciamento que fez na Câmara até agora, que não se pode contar com ele em qualquer ideologia. Então…
Então… onde está verdadeiramente a direita de Gaspar?
Espalhada e talvez até, por incrível que pareça, concentrada em parte do MDB de Kleber, ou qualquer partido para o qual ele migre.
E por quê?
Por causa do esquema das igrejas neopentecostais. Simples assim! De um lado está uma minoria falando e radicalizando numa suposta ideologia puritana e sem concessões para eleger representantes e até chegar ao poder de fato. No outro, está o pragmatismo que transforma tudo em votos e poder naquilo que pensa ou seria o conservadorismo, a direita e até mesmo, o bolsonarismo.
A suposta direita de Gaspar antes de resmungar e chamar os outros de comunistas e tucanos, como se esses fossem os reais problemas da cidade, que supostamente conspiram contra eles direitistas, precisa se reunir, se purificar, inspirar, trabalhar e dizer a que veio, mas com votos e liderança.
Sem votos não há poder. E para buscar votos, antes é preciso gastar sola de sapato e não apenas ficar nas redes sociais propagando doutrina e resmungando.
De verdade? Os direitistas, os conservadores e até bolsonaristas de Gaspar, precisam de um líder, equipe, organização e resultados que animem a galera para uma virada histórica. E se não fizer isso logo, vai ser o vexame que se viu nas urnas no ano passado. Simples assim!
Ah, também! Precisa de bandeiras, fortes. E uma delas acaba de perder: o combate a corrupção. A outra está falida e se rasgando ao vento: a economia com inflação alta contra os pobres, desemprego descontrolado, além do PIB em ré com Paulo Guedes. E assim vai…
Então…Resta resmungar, rotular os outros de comunistas, tucanos, pois com o poder nas mãos, num bafejo de sorte e oportunidade, não conseguiu ensacar seus próprios demônios.
Quem discorda? Por favor opine e tente desmanchar esta tese. Acorda, Gaspar!