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A CPI DO NADA MONTADA AS PRESSAS NA CÂMARA DE GASPAR, PROCURA UM SABOR EXÓTICO PARA SURPREENDER QUEM JÁ SABE QUE ELA CHEIRA A CARVÃO POR DESCUIDO DOS APRENDIZES PIZZAIOLOS

Vocês ainda estão “desacostumados” aos meus textões. E hoje vou atendê-los, excepcionalmente. Não se acostumem. Vou encurtar o artigo. O vídeo, com fonte e personagens autênticos, diz mais que meus textões que os políticos de Gaspar tanto odeiam, tentam desacreditar e até juram que nem são lidos por ninguém, a não ser por mim mesmo. E só volto ao tema porque a mídia está bem caladinha neste assunto

Eu sou uma andorinha. E faz tempo que faço verões, porque quem devia dar um calor neste tipo de atrocidade, está escondido, amedrontado ou dependente de migalhas de quem lida com milhões que se fala na cidade inteira há muito tempo e que se confirmou em parte nos tais vídeos-áudios. Aliás, o título deste artigo deveria ser outro e tem muito a ver com fedor.

Editei o melhor da sessão da Câmara de terça-feira passada. Uma das melhores dos últimos tempos. Tudo graças a patacoada montada pelo governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, o vice, Marcelo de Souza Brick, Patriota – ou seria PL? – e a Bancada do Amém, revigorada – e mais divertida e incoerente – com a volta do suplente Roberto Procópio de Souza, PDT, depois da morte do autêntico Amauri Bornhausen. Ele armou o circo e por duas sessões seguidas, com público vigiando as sessões, resolveu ficar num silêncio sepulcral. Revelador.

O vídeo acima de três minutos e meio resume bem de um lado o erro e esperteza – aquela que come o dono – da situação, e de outro, de forma inteligente, da mínima oposição – para desespero de Kleber, Marcelo e Bancada do Amém – que são onze dos 13 vereadores. Dionísio Luiz Bertoldi, PT e Alexsandro Burnier, PL, mesmo antagônicos ideologicamente entre si não caíram na armadilha. Ao mesmo tempo, com a atitude, deixaram expostos os políticos no poder de plantão que fazem de tudo para se livrar da craca que anda grudada no que estão no poder de plantão.

Agradeço aos vereadores Dionísio, Alexsandro e principalmente ao líder de governo, vereador Francisco Solano Anhaia, MDB. Eles são os verdadeiros autores deste artigo. Eles repetiram, o que sempre escrevi aqui. Nada como um dia após o outro. Afinal, o tempo é o senhor da razão. E estou de alma lavada, mais uma vez. Dionísio foi curto, grosso e didático. Aprendeu com a sova que levou na CPI da Frei Solano. Lá, ele e o ex-vereador Cícero Giovane Amaro foram usados. O governo de Kleber, Luiz Carlos Spengler Filho, PP, e do mais longevo dos vereadores José Hilário Melato, PP, na presidência do Samae, manobrou eficaz e regimentalmente. Desacreditaram uma apuração séria e a enterraram com apenas dois votos. E sabem de quem? Do próprio Roberto Procópio de Souza – o inventor da nova CPI e de Francisco Hostins Júnior, MDB, que deixou neste mandato a Câmara, para ser secretário da Saúde de Kleber.

Já Anhaia, que já foi do PT, como porta-voz do governo Kleber, Marcelo e Bancada do Amém, ao invés de defender o governo das graves acusações que pesam sobre a administração que representa, resolveu, mais uma vez, investir contra a população. Ela quer respostas. Ela sabe que se trata de circo onde tudo está sendo feito para terminar em pizza mal feita e mal servida. Afinal, uma Câmara não é a representação da cidade? Sem discurso, Anhaia sabe muito bem onde está metido e está praticando aquilo que sempre os poderosos de plantão fizeram aos que ousam questioná-los: desmoraliza, diminui, cala, intimida e ameaça os que pedem transparência e respostas críveis. I-na-cre-di-tá-vel! Só ouvindo Anhaia para se ter certeza daquilo que escrevo aqui é recorrentemente. E eu sei disso na própria pele.

Por fim, a boa surpresa: o vereador Alexsandro Burnier. Mas, sabe-se o quanto foi difícil para ele tomar esta decisão. Com coceiras, devido ser ainda um iniciante, por muito pouco ele não engoliu a isca apetitosa colocada por gente esperta e experiente a serviço do governo Kleber, Marcelo e da Bancada do Amém. Ao final, foi o melhor ato da noite. Lavou a minha alma, mais uma vez. E os pizzaiolos de araque ficaram nus no ensaio de mais um produto sem sabor e mal elaborado. Obrigado. E Acorda, Gaspar!

TRAPICHE

Você sabe qual o novo vencimento do prefeito de Gaspar, Kleber Edson Wan Dall, MDB? R$33.752,86. É um dos mais altos de Santa Catarina. Ele supera prefeitos de muitos municípios maiores e mais complexos na gestão, como por exemplo, Blumenau, de Mário Hildebrandt, Podemos. Apenas para comparar: você sabe qual a remuneração bruta do governador Jorginho dos Santos Mello, PL? R$25.322,25.

O vice de Gaspar, Marcelo de Souza Brick, Patriota ou PL, sei lá, recebe na decorativa função, R$15.578,25. Os secretários municipais, R$15.587.56, competentes ou não, conhecedores do riscado ou não, produtivos ou não. Um vereador em Gaspar recebe de subsídio na representação parlamentar, R$7.554,52 e mais R$1.000,00 quando se é presidente. Ah, em tudo isso, desde o governador até o vereador tem o “engordamento” das tais diárias. E há gente campeã nisso.

Já escrevi sobre isto e vou repetir. Políticos além de ingratos, esquecidos e vingativos, são capazes de tudo para se salvarem quando se sentem acuados. Não tenho procuração e não vou defender a Pacopedra – até porque a minha relação com ela tanto hoje como no passado é, praticamente, zero. Genuinamente gasparense ela é uma quebra-tigela que deu certo. E isto é um problema.

Mas, se a Pacopedra não se cuidar e achar que está protegida nas suas relações com os poderosos da hora, ela será o bode expiatório para o governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, Patriota – ou PL, sei lá – Jorge Luiz Prucino Pereira, PSDB, e muitos outros que tentam se esconder destas dúvidas, saírem-se por cima da carne seca nas dúvidas e coisas que deveriam ser minimamente esclarecidas à população.

Os espertos do governo Kleber e da Bancada do Amém, foram pinçar uma conversa, numa obra que a Pacopedra fez e nela, vejam só, não se tem dinheiro público. E para quê? Para a CPI não dar em nada e lhes absolver de tudo. Sobre quem veio de fora e fez, por exemplo, o quilometro mais caro do Brasil – R$12 milhões – a do pasto do Jacaré e de qualidade de espantar qualquer um que passa por lá, nem um pio.

Como nem um pio será dado sobre o Hospital de Gaspar, um poço sem fundo de dinheiro público sem o proporcional devido retorno para a sociedade. E o “dono” do Hospital era o mesmo Kleber Esson Wan Dall, MDB, com o faz tudo Jorge Luiz Prucino Pereira, PSDB, na boleia. Ele é o presidente da Comissão Interventora. É dele, por exemplo, a escolha do diretor Alan Vieira.

Estranho é o silêncio do novo prefeito de fato de Gaspar, o deputado Federal Ismael dos Santos, PSD. Está em oração pelos irmãos. Estranho também, é que nenhum outro vídeo-áudio apareceu como se prometia. Os três primeiros foram a senha da chantagem? É isso? Mais estranho foi a volta do vice-prefeito Marcelo de Souza Brick, Patriota ou PL, não sabe ao certo – as redes sociais ao lado de Kleber como tudo isso não fosse com ele.

Brincando com lama. Os políticos e vereadores do MDB, PP, PDT, PSD e PSDB sabem que esta craca dos vídeos-áudios pegou neles, mesmo que a CPI diga que tudo é mentira ou que é montagem como ensaiam e querem. Aliás, todos já foram avisados dos danos. E por isso, a ordem é não usar os 120 dias que uma CPI pode durar. Não se quer agonia. Há quem fale em 30 dias de velório e enterro. As pizzas já foram encomendadas para engasgarem todos da cidade.

Estes discursos dos políticos de Gaspar, principalmente dos vereadores, que dizem terem eles as mãos limpas – supostamente de ilícitos, pois no literal, é uma questão higiene pessoal -, trabalha contra eles próprios. Pergunte a qualquer marqueteiro mequetrefe sobre o efeito contrário desse tipo de discurso a Odorico Paraguaçu, o impagável político da ficção de Dias Gomes. É lição básica. Mãos limpas antes de ser um comportamento, é a percepção dos outros e não de quem se acha ter as sua mãos limpas de coisas cabulosas.

Por exemplo. Votar não para um simples requerimento que tentava trazer um membro do governo para dar explicações ao fiscalizador Legislativo – e ainda numa reunião quase privada – é um tipo de comportamento. Montar, assinar e protocolar em minutos um ofício para se criar uma CPI, num movimento coletivo, deliberado, exatamente de quem anteriormente sonegou à mesma transparência em igual assunto, e ainda por cima excluindo a minoritária oposição, é outro tipo de comportamento. E revelador. Então…

Mudando de assunto. Quase duas semanas depois do apavorante ataque de um delinquente mental contra crianças de creche particular em Blumenau, o que prático o governo de |Kleber Edson Wan Dall, MDB e Marcelo de Souza Brick, Patriota ou PL, sei lá, fez para a prevenção dos escolares daqui? Mandou para a Câmara, em regime de urgência, um Projeto de Lei que institui um tal Comitê de Segurança Escolar. Para que? Para discursos, esconder-se da CPI e todos saírem bem na foto.

Em Blumenau, por exemplo, o prefeito Mário Hildebrandt, Podemos, com ou sem comitê de segurança, já contratou – e treinou no final de semana – segurança armada privada. E por que desta diferença? Lá tem sociedade organizada, imprensa plural, fiscalização e gente fungando no cangote dos seus políticos e administradores. Aqui, o secretário de Educação é emprestado, veio de Blumenau, é um curioso da área e ocupa uma vaga de indicação política.

Enquadrado. Depois de uma “geladeira”, o deputado estadual Ivan Naatz, PL, discretamente, ele próprio anunciou nas redes sociais e blogs de Blumenau de que está sendo reconduzido à coordenação do partido na região do Vale Europeu, incluindo Gaspar. E fez questão de ressaltar que isto se deu sob as bençãos dos presidente estadual, o governador Jorginho Mello.

“Terei a missão de construir, coordenar, organizar e fortalecer as candidaturas do PL em 2024 nos municípios. O primeiro desafio será Gaspar, onde o jeito impositivo de ser do deputado fez estragos que estão expostos. Ele tem dito que vai mexer na Comissão Provisória. É aguardar para conferir. Outra. Se Naatz se desperdiçar no foco e coordenar regionalmente o PL, é um sinal claro que em Blumenau talvez se confirme que não seja ele o candidato do PL a prefeito no ano que vem.

De herói a vilã. Segundo um reportagem do UOL, a Polícia Militar de Blumenau facilitou à vida do monstro da creche ao não registrar como grave, as agressões a faca que ele fez contra o padrasto. O fato nem chegou à Justiça por ter sido classificada de lesão leve. Por conta disso, as ameaças continuaram, incluindo, o esfaqueamento de um cachorro e quem teve que se mudar de Blumenau, foi o ameaçado.

Supondo que este fato chegasse à Justiça e fosse qualificado como tentativa de homicídio, qual seria a pena seria aplicada? Quase nada! Mas, este não é o problema. Vamos tirar do centro desta discussão polícia, segurança armada com policiais que se aposentam cedo e querem mais um troco, leis e aplicação delas pela Justiça, que mesmo quando aplica penas altas, elas se abrandam rapidamente. 

Pelas reiteradas ações, o monstro se mostrou uma pessoa doente, potencialmente perigosa, que precisava de tratamento, acompanhamento e até, isolamento temporário da sociedade. O que é feito para estes casos? Quase zero de diagnósticos. E cada vez é mais frequente este tipo de sintoma e de inércia no ambiente policial, judiciário e de saúde mental.

Resumindo. Não precisamos de mais policiamento nas escolas e sim de mais professores, psicólogos, psicoterapeutas, estudiosos do comportamento. Isto devem ser estendidos aos lares, quase sempre destruídos – por muitos novos motivos -, aos conteúdos livres de internet – não apenas para interditá-los, mas para serem abordados em novos contextos na educação de crianças, jovens e adultos. 

E nas polícias – civil e militar, bem como na Justiça -, além dos profissionais normais de hoje, é preciso gente especializada em conhecimento e tratamento de doenças dos nossos tempos: as emocionais. É uma sociedade doente. E, as vezes, radical. E ela precisa encontrar o seu novo eixo. Já experimentamos estas mudanças em outras épocas. E as superamos. É antropologia. É história. Houve trevas. Houve iluminismo. Freud explica.

Santa Catarina possui três assentos no Senado. De verdade, só há um senador representativo: Esperidião Amim Helou Filho, PP. Uma pena. Fomos nós que fizemos esta escolha. Ninguém mais.

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3 comentários em “A CPI DO NADA MONTADA AS PRESSAS NA CÂMARA DE GASPAR, PROCURA UM SABOR EXÓTICO PARA SURPREENDER QUEM JÁ SABE QUE ELA CHEIRA A CARVÃO POR DESCUIDO DOS APRENDIZES PIZZAIOLOS”

  1. COMO ASSIM?
    O moço Chico não sabe ser contrariado, é difícil ser advogado do diabo, até parece que vi e foi ontem o Tonho falar a mesma coisa que o moço querem falar dessa tribuna sejam elitos……
    Olha o povo deve respeito aos vereadores e os vereadores não precisam respeitar o povo.
    PT e MDB não estão no mesmo governo ????

    Acho que chico deu com o mesmo pão em Francisco ou teria cuspido no cocho.

  2. Para os “çádios” gasparenses que fazem da educação um cabide de emprego para gente que não sabe nada do que lidera

    EDUCAÇÃO PELA QUEDA, por Fernando Gabeira, no jornal O Globo

    Quase não escrevo sobre educação. Preciso opinar de vez em quando sobre problemas específicos, como a reforma do ensino médio. Para isso, me valho de referências como Simon Schwartzman, Cristovam Buarque e Ricardo Henriques. Mas o tema é tão fascinante que às vezes me faço algumas perguntas, releio alguns livros como este de George Steiner: “Lições dos mestres”.

    Foi nesse trabalho tão erudito que encontrei um trecho que me fez lembrar o Brasil. Fala da humilhação da França depois da derrota militar de 1870-71. De repente, o país percebeu que a vitória alemã não se explicava apenas em termos bélicos, mas também pela escolaridade sistemática e de ideias tanto científicas como humanísticas. O Gymnasium alemão, as universidades depois das reformas de Humboldt, os padrões de qualidade das pesquisas e publicações eruditas criaram uma situação que deixava exposto o amadorismo descuidado dos costumes franceses.

    O fracasso militar inspirou a França a iniciar um processo diferente, em que a educação tinha um peso primordial. Tão importante que, algumas décadas depois, a França era um país de professores, todo mundo estava estudando ou às vésperas de prestar um exame.

    A guerra é um preço muito alto para essa tomada de consciência nacional. Será que existe outro caminho, um atalho? Modernamente, países como Finlândia, Coreia do Sul e mesmo Hong Kong e Cingapura conseguiram dar um salto.

    Pensava exatamente nessas coisas quando me interessei pela reforma do ensino médio. Sinto que ela é discutida apenas entre os envolvidos diretos. Mas deveria ser um debate nacional. O que tem de bom? Até que ponto é ambiciosa e se enquadra na expectativa de uma educação para o futuro, conforme as expectativas da Unesco?

    O livro de Steiner me ajudou a perguntar. Mas ele é voltado para a relação mestre-discípulo e, por meio dele, aprendemos a compreender a importância do mestre na escola, na religião, na arte, na filosofia. Steiner, além de escrever livros importantes, é um mestre tão vocacionado que acha estranho que seja pago para trabalhar. Depois do despertar da França, alguns dos seus mestres, como Alain (pseudônimo do professor Émile-Auguste Chartier), transformaram-se em orgulho nacional.

    Não sei em que lugar o papel do professor, sua formação e sua importância simbólica são colocados. Ao mencionar a prioridade de investir nessa formação, sinto-me repetindo algo bastante antigo. Ao lançar o Reform Act, de Lord Sherbrooke, em 1867, o projeto britânico foi exatamente popularizado com a expressão: “precisamos educar os educadores”.

    Um longo debate sobre o ensino médio certamente passará também por isso. A educação para os dias de hoje pede renovação de conhecimentos. Mas também, como em todas as épocas, pede respeito por quem gasta seu presente para garantir o futuro dos discípulos, quem tem precisamente o sonho de ser refutado e superado pelas novas gerações de alunos. O bom mestre, segundo Steiner, educa para a divergência, para a autonomia.

    Por falar nos mestres do passado, mencionados por Steiner, imagino que não aceitariam o uso de exemplos de outros países para falar de ensino no Brasil. O rabino Zusya de Hanipol, num tom pré-nietzschiano, costumava dizer:

    — Na outra vida não me perguntarão: “Por que você não foi Moisés?”. Eles perguntarão: “Por que você não foi Zusya?”. Transforme-se no que você é.

    Transformar-se no que é significa explorar as próprias possibilidades, achar seu caminho. O ideal era usar a reforma do ensino médio não para voltar atrás, mas para dar um salto adiante em termos de igualdade social, em sintonia com os novos tempos.

    O grande mestre francês Alain foi convidado e recusou ser professor na Sorbonne, argumentando que o ensino médio era mais importante do que qualquer outro. Merecia ser ouvido no Brasil de hoje.

  3. PESSOAS SÃO AGRADIDAS, IDÉIAS NÃO, por Lygia Maria, no jornal Folha de S. Paulo

    Imputar crime a críticas sobre discursos de movimentos sociais revela fraqueza argumentativa e autoritarismo

    O anúncio de uma série da HBO Max baseada no universo do personagem Harry Potter foi acompanhado de pedidos de boicote por parte da audiência. O motivo? A autora da saga, J.K. Rowling, seria transfóbica.

    Boicotar é recurso válido no livre mercado. Se uma empresa usa trabalho escravo, consumidores podem escolher outra e aconselhar que os demais façam o mesmo.

    Contudo, no caso em tela, é curioso que a ação se deva a uma opinião que não faz parte do conteúdo da série e tampouco é criminosa.

    Desde 2020, Rowling sofre cancelamentos por criticar discursos que menosprezam o aspecto biológico do sexo, como: “Se sexo não é real, a realidade vivida por mulheres ao redor do mundo é apagada. Apagar o conceito de sexo remove a habilidade de muitos discutirem suas vidas de forma significativa. Não é ódio dizer a verdade”.

    Em entrevista, o biólogo Richard Dawkins disse que Rowling sofre “bullying” e que, para a ciência, sexo é binário: “Há apenas dois sexos”. Afirmou ainda que o tema foi capturado por uma minoria que produz discursos sem sentido.

    Jornais, inclusive no Brasil, afirmam que as falas são de fato transfóbicas. Se a acusação vale para a escritora, pode valer para qualquer um.

    Mas, segundo decisão do STF que criminalizou a transfobia enquadrando-a na lei de racismo, impedir acesso a lojas, negar trabalho, ofender ou agredir transexuais, com razão, é crime, mas criticar teses e conceitos do movimento ativista não.

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    A legislação é sensata, já que pessoas são agredidas, ideias não. Caso contrário, seria impossível criticar o catolicismo, o fascismo ou qualquer outra linha de pensamento —o que travaria o livre debate público necessário, nas democracias modernas, para que nos aproximemos da verdade e encontremos soluções para os problemas que nos cercam.

    Não é preciso acusar crime (transfobia) para demonstrar que uma ideia está errada. Na verdade, isso apenas revela fraqueza argumentativa e autoritarismo do acusador.

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