Primeiro, só para reforçar, estamos caminhando para um desastre e velório. É domingo que vem. Segundo: eu não vou mudar o mundo. Vou continuar nele. Então também vou ajudar a reconstrui-lo, mais uma vez, com os cacos que sobrarem dos pós segundo turno. É assim que se constrói exemplos e diferenciações. Não sou carpideira. É preciso viver com os que escaparam da morte, a inevitável. Até tiros, os políticos estão dando nos agentes que cumprem mandado judicial. Não é o tal novo Brasil paralelo. É o novo Brasil. O de verdade. Ou seja, é desesperador. Mas, não é sobre isto que vou escrever. Escrevi ontem. E antes do atentado à legalidade.
Retomo. A campanha e os votos de dois de outubro já estão no passado da nossa cidade. Escrevi vários artigos até aqui. Neles venho mostrando como aos poucos, estamos nos autodestruindo como sociedade e involuindo como agentes de mudanças e melhorias. Os números não deixaram nenhuma dúvida. A comunidade saiu enfraquecida mais uma vez desta eleição municipal aqui em Gaspar. Os políticos também, pudera, não possuem liderança altruística. E vai piorar.
E por que tudo tende a piorar? Está se escondendo, mais uma vez, e rapidamente, o que se escancarou na última campanha: a ausência do governo Kleber Edson Wan Dall, MDB e do seu vice, Marcelo de Souza Brick, Patriota nos últimos seis anos naquilo que é obrigação mínima deles para com sua cidade. Por onde eles foram pedir votos, receberam recados. Mas, já estão se fingindo de surdos.
Sabe o que Kleber está comemorando ao invés de rever o que fez até aqui diante do desastre eleitoral? Um título de comendador arrumado na Assembleia pelo novo prefeito de fato, Ismael dos Santos: “comendador”. Coisa do coronelismo, do atraso.
Retomo pela segunda vez. Conversei com alguns agentes políticos que estavam na linha de frente pedindo votos pelos cantos da cidade. Por mais que disfarçam, eles não conseguiram esconder as dificuldades, bem como as queixas que receberam aos montes nos becos, reuniões e panfletagem. Tudo contra o governo. E de coisa simples. Mínima. Óbvia. Antiga. Quase tudo, da obrigatória manutenção da oferta aos que sofrem na Saúde, dos que possuem sede de saber e cuidados na Educação…
Vamos a um fato. Ingênua, pura, ainda não iniciada devidamente na política, e aí se entende à razão pela qual não a deixaram falar na tribuna da Câmara durante a campanha e nas entrevistas após o encerramento das eleições e que ensaiou para “agradecer” os votos que recebeu por aqui para deputada estadual, a vereadora Mara Lúcia Xavier da Costa dos Santos, PP, uma técnica na área da saúde.
“Querido. Eu preciso falar contigo. Você não sabe como estou cheio de pedidos”, disse Mara na tribuna da Câmara, em tom de súplica, ao vereador e agora secretário da Saúde, Francisco Hostins Júnior, MDB, que conseguiu naquela sessão, tirar R$900 mil da rubrica fake para a construção do prédio sede da Câmara, para a realização de exames na área atrasados da Saúde em Gaspar. Detalhe, numa prefeitura onde o prefeito arrota por aí que está com os cofres cheios porque está arrecadando mais do que previa, não tem dinheiro para isso. Incrível discurso enganador!
Mara, perdeu quase a audição nas suas caminhadas pelo município em busca de votos de tantas eram as queixas contra o governo onde ela é parte da Bancada do Amém (MDB, PSD, PP, PDT e PSDB). É natural, em tempo de campanha se ouvir pedidos e até queixas, mas neste ano, todos os candidatos e principalmente os cabos eleitorais confessaram que elas foram além da conta. Não é à toa que Kleber correu do pau logo no início quando o grupo de riquinhos e do Conselho fake da cidade o indicou para ser o candidato a deputado estadual. Pressentiu. Sabia onde estava metido. Preservou os ouvidos.
E quem é o culpado disso tudo? Do grupo que criou Kleber só para ter o poder efêmero, não possui plano de governo e que perdeu o controle do escolhido sem antes ter resultados concretos para eles próprios, os cidadãos, cidadãos e à cidade. Ora, um governo que em seis anos só piorou o atendimento nos postinhos de Saúde e no Hospital de Gaspar, sob intervenção municipal, área que se tornou um ralo sem fundo de dinheiro público sem a devida transparência, perdeu no fundo, a noção das prioridades básicas para uma população sofrida e pobre.
O resultado está aí nas urnas. Uma parte deles, eu desnudei. Na imprensa tradicional, dependente de migalhas do dinheiro dos pesados de todos nós, um silêncio comparsa. Então tudo vai piorar, vereadora Mara. Acorda, Gaspar!
TRAPICHE
Fez-se uma carreata em Gaspar neste final de semana em prol da candidatura de Jair Messias Bolsonaro e Jorginho Mello, ambos do PL. No caminhão de som, uma das alegações é de que o Bolsonaro levou água para o nordeste. Cumuéqueé? Para Santa Catarina, é preciso catar uma agulha neste palheiro para dar como realização. Então estamos emprestando… Afinal foi o nosso dinheiro que não retornou em obras, infraestrutura….
Está mais do que na hora dos bolsonarista pararem com os tiros no seu próprio pé. Foi uma semana de zica. Parece que ela vai continuar. É a semana decisiva. E não entenderam ainda isso.
Quem será o presidente da Câmara de Gaspar? Aproxima-se a escolha. Esta, decididamente, foi uma legislatura pesada, sem liderança e brilho. Estava escrito e há muito de que seria assim. E foi
“O eleitor não perdoa o traidor”, afirmou na tribuna o mais longevo dos vereadores, José Hilário Melato, PP. A mensagem é cifrada e interpretativa para qualquer gosto. Mas, o rabo do macaco é comprido. Melato, por exemplo, trabalhou ostensivamente para um candidato de Gaspar, da longínqua e pequena Sombrio no extremo sul do estado, José Milton Schaffer, PP. Aqui, Mara Lúcia Xavier da Costa dos Santos, cumpria o papel de cotista.
Aliás, na terça-feira, Dia do Médico, quis o destino, que Mara Lúcia Xavier da Costa dos Santos, PP, no Dia do Médico, fizesse em vida, a última homenagem ao Doutor João [Leopoldino Spengler]. Duas horas depois ele foi dado como morto em sua casa devido as complicações de um câncer.
A leitura na tribuna pelo vereador Amauri Bornhausen, PDT, que é funcionário da Secretaria de Obras e Serviços Urbanos, de uma mensagem de um morador do Alto Gasparinho sobre o abandono daquela parte da cidade por parte do governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, Patriota, foi a melhor sessão de terça-feira.
A Justiça Eleitoral perdeu a corrida para a fake news. Ela está no tempo analógico e não percebeu o mundo digital da comunicação. A legislação e a forma de fiscalizar é contra a imprensa tradicional. Ela foi superada – e há muito, mas muito tempo mesmo – pelas redes sociais e principalmente pelos aplicativos de mensagens – algo quase privado em ambiente seleto e fechado, sem muitos meios de contenção e rastreio.
A Justiça Eleitoral ainda está na fase do tal direito de resposta. Enquanto, a Justiça eleitoral não punir os políticos beneficiários da fake news, com cassação dos seus direitos de políticos eleitos – por suposto benefício da notícia fraudulenta em ambiente organizado de difusão -, nada mudará.
Mas, para legitimar isso, vai se precisar de legislação nascida no Congresso. E lá os políticos – mesmo os prejudicados, pois sabem que um dia poderão ser os beneficiados – não darão este instrumento. Então, ficaremos num território minado onde a culpada será sempre a Justiça Eleitoral que terá que agir fora dos parâmetros legais – se e quando agir.
“Há uma escalada de loucura acometendo uma parcela relevante da população. A esquizofrenia se alastra descontroladamente. As pessoas imaginam coisas ruins, acreditam nelas como se fosse realidade de agem de acordo com essa crença. Vai piorar muito antes de melhorar” (Hélio Telho).
E para encerrar. Quando vai haver mudanças ensaiadas e prometidas no primeiro escalão da prefeitura de Gaspar para o dia três de outubro. Os empreiteiros imobiliários mandaram novos recados. Hoje é dia 24 de outubro. E até gente do Conselho fake da cidade, morador quase permanente no exterior, já está puto com a demora e a vingança.
A questão é a seguinte: o “day after”, ou seja, o dia seguinte, as consequências políticas e de imagem para quem quiser continuar nesta seara política. E Kleber sabe disso melhor do que outros. Seu entorno familiar e religioso também. Há um jogo de forças e chantagens entre eles. “Tudo bem. Você vai me demitir? Então não tenho mais compromissos…” Entenderam? Acorda, Gaspar!
1 comentário em “A CAMPANHA QUE O GOVERNO KLEBER E MARCELO PERDEU PARA ELE PRÓPRIO, EM GASPAR”
BRASIL, ENTRE RISCO E OPORTUNIDADE, por Gustavo Loyola, doutor em Economia pela EPGE/FGV, foi presidente do Banco Central e é sócio-diretor da Tendências Consultoria Integrada, em São Paulo, no jornal Valor Econômico.
O segundo turno das eleições presidenciais brasileiras coincide com um momento de grandes mudanças no cenário global. Tais mudanças podem se mostrar benignas ou malignas para o Brasil dependendo basicamente das políticas de governo a serem seguidas pelos eleitos no pleito de outubro deste ano.
Na esfera geopolítica, o registro maior é o aumento da tensão entre as duas principais potências econômicas globais e o expansionismo russo no leste da Europa. A disrupção do fornecimento de gás pela Rússia aos países da Europa ocidental e as ameaças crescentes da cada vez mais autoritária China de Xi Jinping a Taiwan tem gerado temores generalizados quanto à excessiva dependência das economias dos países da OCDE em relação à China no que concerne a insumos estratégicos. Como exemplo da disposição das empresas europeias de reduzirem sua dependência da China, vale mencionar artigo divulgado no site do IFO Institute, uma instituição alemã de pesquisa econômica, indicando que cerca de 46% da indústria manufatureira alemã depende de insumos chave provenientes da China, sendo que metade delas pretende diminuir suas compras daquele país, diversificando suas fontes de fornecimento.
Por sua vez, a questão das mudanças climáticas tem adquirido relevância cada vez maior no debate internacional, tendo em vista o aumento dos desastres associados ao clima e a crescente demanda de investidores e consumidores por investimentos financeiros e bens e serviços que estejam alinhados com a agenda do clima e, de maneira mais geral, com o tema da sustentabilidade (ESG). A COP27, a ser realizada no Egito, pode trazer compromissos adicionais em relação ao combate ao aquecimento global, ainda que haja uma preocupação no curto prazo com relação à oferta de petróleo e gás, em razão da invasão da Ucrânia pela Rússia de Putin. Essa dinâmica certamente impacta e vai impactar ainda mais as cadeias globais de produção e os fluxos de investimento, gerando deslocamentos que podem beneficiar ou prejudicar países e setores econômicos.
Tudo isso ocorre no momento seguinte à pior pandemia global desde 1918 e que afetou profundamente não apenas a atividade econômica no curto prazo, como também deixou um legado de problemas, entre os quais o surto inflacionário que hoje aflige praticamente todas as maiores economias do mundo, conjuntura que tem exigido dos bancos centrais um aperto monetário que não se via desde os anos 1980. Esse movimento síncrono dos bancos centrais deve provocar forte desaceleração da economia mundial em 2023, com risco inclusive de recessão nos EUA, Reino Unido e países da zona do Euro.
A percepção pelas empresas globais de que é preciso diversificar as fontes de fornecimento de insumos e matérias primas representa uma grande oportunidade para o Brasil que, além de contar com um mercado interno relevante, dispõe de vantagens competitivas em vários setores, inclusive no que diz respeito à sua fonte diversificada de energia. Porém, para que essas vantagens se materializem, é necessário que sejam aceleradas as reformas, notadamente a substituição do atual ICMS por um IVA de abrangência nacional, nos moldes da PEC 45/2019 que tramita no Congresso Nacional.
Com o mesmo propósito, deve o país perseguir uma política de abertura comercial e de integração nos blocos econômicos, reavivando o acordo Mercosul/ União Europeia e buscando novos acordos comerciais com países da OCDE.
Com relação à questão do clima, a posição do atual governo é insustentável e altamente prejudicial aos interesses brasileiros. Como detentor de um dos maiores ativos ambientais do planeta, o Brasil deveria se beneficiar da crescente sensibilidade global ao tema das mudanças climáticas e de sustentabilidade. A aprovação na COP26 de regras para o mercado de carbono, por exemplo, representa uma oportunidade para captação de recursos que podem ser direcionados para diversos setores de atividade, incrementando o potencial de crescimento econômico sustentado e, numa perspectiva mais ambiciosa, permitindo que o País saia da chamada “armadilha da renda média”.
As mudanças estruturais e conjunturais acima descritas caracterizam um cenário de oportunidades para o Brasil que, se bem aproveitadas, podem elevar o potencial de crescimento do PIB. Infelizmente, contudo, pelo menos até agora, nenhum dos candidatos que remanescem na disputa à presidência da República se mostra à altura dos desafios e oportunidades que o momento atual coloca diante do Brasil. De um lado, temos um candidato ainda apegado a ideias sobre economia que ruíram com o Muro de Berlim. De outro, um político autoritário e antiliberal, praticante de políticas que ignoram totalmente as preocupações ambientais.
E, para piorar, ambos parecem compartilhar uma agenda de cores populistas e pouco preocupada com os impactos futuros do endividamento excessivo do setor público sobre o equilíbrio macroeconômico. O desleixo com a situação das contas públicas pode se provar fatal para qualquer ambição de elevar a taxa de crescimento de longo prazo e reduzir a enorme desigualdade da renda que marca o Brasil.