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“SE ENCONTRO NA RUA, SOCO ATÉ SER PRESO”, RETUITOU JOSÉ DE ABREU

Antes do inteligente e elucidativo artigo da jovem deputada Federal Tabata Amaral, PSB-SP, cientista política, astrofísica, formada em Harvard, criadora do Mapa Educação e cofundadora do Movimento e publicado neste sábado no jornal Folha de S. Paulo, uma minha observação: intolerância chegou a um grau desesperador entre nós. Não só contra as mulheres, mas contra todos que não convergem para as verdades circunscritas a guetos políticos, religiosos, classes sociais, racistas, preferências sexuais e uma amplitude de ignorantes vestidos de suas verdades imutáveis.

O artigo: quem você quer provocar com esse batom vermelho? Linda, não precisava nem abrir a boca. Mocinha, se inscreve no Big Brother, põe um silicone e tenta algo na TV ou na indústria pornô! Foi para Harvard, mas com certeza foi uma aluna medíocre lá. Adiantou pouco ter estudado em Harvard, informou-se até em astronomia, mas não se educou nem aprendeu a pensar. Você é muito burra, meu Deus, como pode. Meu anjo, cala a boca.

Pega o absorvente e manda para as tuas primas. Isso é carência. Anuncia filiação no mesmo partido do namorado. O amor é lindo e o prefeito fisga ela outra vez. Precisa de homem. Vai lavar a louça. Você é louca, filha?

Seu pai deve ter fugido ao ver a bosta de filha que se tornaria. Com uma filha desse tipo, entendo ele ter se matado. A pessoa sai do lixo, mas o lixo não sai dela. Volta pro esgoto!

Ninguém pode servir a dois senhores. Mocinha bancada por bilionários. Marionete de globalistas. Quem é o sugar daddy dela? Eu comia. Ela é a sugar girl daquele banqueiro lá. Ela gosta de ver outra coisa entrando. Puta, vadia, vagabunda, imbecil. Puta. Puta. Puta.

Depois desses votos contra o trabalhador essa puta ainda vem reclamar. Se eu encontro na rua, soco até ser preso. Se eu vejo essa mocreia na rua, não teria feminista para me segurar de quebrar a cara dela.

Daria uma surra nessa puta ordinária. Quando você vai sair na rua de novo? Horário lugar etc… queria fazer uma visita com meu canivete. Se eu encontro na rua eu dou dez facadas nessa cara de sonsa sua arrombada. Temos que dar a ela o tratamento de beleza mais efetivo do mundo, o taco de baseball na cara, tão eficiente que nem a mãe dela vai reconhecer depois!

Pois é, também não é fácil para mim ter que ouvir e ler tudo isso. E esses são apenas alguns exemplos, transcritos aqui sem modificações, das agressões que recebo diariamente. E não, esses ataques não vieram apenas de milicianos bolsonaristas. Vieram também de militantes de esquerda, filósofos, jornalistas, atores de novela, parlamentares e ministros.

Sei que essas ofensas e ameaças não estão restritas a mim. Todas as mulheres que ousaram se posicionar politicamente já sofreram alguma forma de violência política de gênero. Simone Tebet, Dilma Rousseff, Joice Hasselmann, Manuela D’Avilla, Marina Silva e Talíria Petrone. Marielle Franco.

Jamais seremos um país realmente democrático enquanto a política não for um espaço seguro, física e psicologicamente, para as mulheres. E isso só acontecerá quando tivermos tolerância zero com a intolerância, independentemente de quem seja o alvo ou o agressor. Porque respeito não é reverência, é regra mínima de convivência.

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