Estou de alma lavada mais uma vez. É uma atrás da outra. Só os políticos conseguem essa proeza a meu favor. Está se tornando chato e repetitivo.
A semana dos vereadores depois do Dia de Finados mostrou que a Bancada do Amém – onde em tese, estão onze dos 13 vereadores vivos e não do Além – quer espantar os fantasmas que sempre tentou ignorá-los na propaganda marqueteira e enganosa da administração de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, PSD.
Ela é feita para esconder falhas, erros, jogos de poder e promoção eleitoral para políticos profissionais se perpetuarem na política.
Vamos a mais um.
O Projeto de Lei 91/2021 entrou no dia 15 de outubro na Câmara. O relator geral sorteado foi o próprio líder do governo Kleber e o mais longevo dos edis, José Hilário Melato, PP. Em duas semanas o PL já estava em votação. E foi o ponto de polêmica daquela sessão.
Ela prometia ser modorrenta na quarta-feira passada, mas os questionamentos e os votos contrários à matéria dos vereadores Dionísio Luiz Bertoldi, PT, e Amauri Bornhausen, PDT – este pertencente à própria Bancada do Amém, “animou” a sessão, que mais uma vez teve gente sem máscara na tribuna da Câmara, mesmo que o protocolo não permita e mais uma vez sob o providencial silêncio do presidente da Casa.
Retomo.
Pronto. Sem argumentos para contrapor, agora ambos vereadores discordantes foram taxados de esquerdistas por seus colegas obrigados ao voto com o governo Kleber e a discursos sem conteúdos para desbancar os discordantes. Impressionante!
Ou seja, o pessoal de Kleber já está em campanha e “do nós contra eles, do quanto pior melhor”… Mais: alimentadas por falsidades ideológicas, tudo para esconder o que deveria ser debatido ou esclarecido. Sempre querem mantar a cobra, todavia, sem mostrar o pau.
Sobre Amauri, comento em post separado – com um vídeo – a inteligente lição que deu ao novato, o evangélico e sempre belicoso, Cleverson Ferreira dos Santos, PP.
Antes de prosseguir, um parêntesis necessário.
Sobre ambos – Dionísio e Amauri – serem esquerdistas, tenho minhas fundadas dúvidas, mas são minhas. Eles realmente estão filiados em partidos notórios e se autointitulam como sendo de esquerda. Contudo, daí Dionísio e Amauri serem verdadeiramente de esquerda, até uma conversa superficial com eles mostra que nem socialistas são.
Por outro lado, Dionísio e Amauri, e por causa, desse novo discurso falseado, devem ficar atentos.
Pela toada de rótulos impingidos por seus colegas, se a de esquerdista não pegar neles pois à cidade e os seus eleitores os conhecem melhor do que eu, vão ser taxados logo logo de comunistas, apesar de religiosos e conservadores católicos que são, onde a tal Teologia da Libertação passa bem longe deles.
Falta pouco para serem pintados de vermelhos! E pensar que um dos que orquestrou esse rótulo, foi o presidente da Casa, Francisco Solano Anhaia, MDB, egresso, do mesmo PT de Dionísio. Cada coisa!
Retomo pela segunda vez. Teimo em me dispersar. Mas, as vezes é necessário.
O que é este PL 91? Simplesmente uma corrida contra o tempo para medir e forçar aprendizado perdido e retratado no IDEB de 2017, ampliado na pandemia.
Os vereadores de Kleber lavaram a minha alma nos discursos que fizeram de algo tão simples que julgam como a salvação da lavoura de um desastre retratado por números, exatamente por falta de um planejamento consistente quando se tinha e agora na retomada aulas. Vergonhoso.
A ex-secretária de Educação do desastre do último Ideb, a que fez política, e por isso agora é vereadora, a educadora Zilma Mônica Sansão Benevenutti, MDB, ficou bem quietinha neste assunto. Sabia bem o que estava por detrás deste “Programa” Conexão Educa Gaspar. Só votou. Mas, argumentar o quê mesmo?
De verdade o que demonstra este PL e a atitude emergencial?
Que Kleber e o curioso que ele empregou aqui como secretário da Educação, indicado pelo deputado evangélico Ismael dos Santos, PSD, vindo de Blumenau, para ocupar a vaga do PSD de Gaspar, o jornalista Emerson Antunes, sentiram cheiro de enxofre no ar. E resolveram dissipá-lo.
E por quê?
Como o último Ideb – o de 2017 – veio desastroso, como a pandemia tirou as crianças e adolescentes da sala de aula presencial e se improvisou remotamente; que diante desse quadro tudo pode ter se agravado ainda mais, como o Ideb será referência para a distribuição de verbas federais da educação aos estados e principalmente aos municípios daqui para frente, estaria formada a tempestade perfeita contra os políticos em campanha no ano e contra os cofres da prefeitura no repasse de verbas do ministério da Educação.
Entenderam?
Então, o que poderia ser feito por decreto, virou um Projeto de Lei, abriu-se uma desnecessária polêmica. Parece proposital, se não for mais um arrobou de amadorismo governamental, impregnado de comissionada que é mais cabo eleitoral do que capacitada para produzir resultados para a sociedade que a sustenta com seus pesados impostos.
E por quê? Exatamente por este “programa” não ter apresentado, debatido e aprovado no Conselho Municipal de Educação, por não ter tido à devida transparência, porque Kleber e o secretário Emersom, mais uma vez, também não quiseram se explicar e mandaram bananas para a Câmara quando alguém ousou fazer perguntas sérias nas dúvidas que tinha.
A revolta de Dionísio e Amauri é exatamente contra o desprezo do governo à função de vereadores que são. Dionísio quando o secretário Emerson foi à Câmara expor o “programa” numa reunião montada pelo pessoal que protege Kleber na Bancada do Amém, foi impedido pelo presidente da Câmara de fazer perguntas. Ai, ai, ai.
E Amauri, que é da própria base do governo? A equipe de Kleber lhe mandou bananas e sonegou a tal ata do Conselho de Educação onde este assunto, obrigatoriamente deveria ter passado e aprovado, para suportar administrativa e pedagogicamente o PL 91. Só falta uma ata aparecer fora de hora. Que coisa, heim!
E por quê Kleber, Emerson, Anhaia e Melato fizeram esse banzé todo?
Porque tinham votos de sobra para tratorar tudo na Câmara e testar fidelidade incondicional da Bancada do Amém, mais uma vez. E assim foi feito. E assim sentiram que Amauri, se fisicamente lhe falta as pernas, sobra-lhe independência e que não se abalou nas pressões do governo para ser mais um do Amém incondicional.
Criaram um concursinho, com avaliação e premiação para sentir antecipadamente os pontos fracos e fortes dos alunos e professores da rede municipal, e com isso, intencionalmente corrigi-los antes da realização do Ideb.
E o que se quer com isso? Não passar mais outro vexame e ter prejuízos na imagem – como vem tendo – e no bolso. Simples assim!
E o que temem os vereadores que pediram explicações e não receberam? Que se crie mais despesas para as APPs que vivem atoladas de rifas e promoções comunitárias para aquilo que deveria ser obrigação do município custear para as escolas.
Pessoalmente, sou favorável a tudo que leve a escola pública – de onde sou egresso – a dar o melhor ensino e transmissão de conhecimento aos seus discentes, para que eles tenham a menor diferença na dura competição da realidade.
Eles precisam lidar com a competitividade, a premiação. Há conceitos e mecanismos pedagógicos para isso.
Pessoalmente, sou contra à politicagem e improvisos, que parecem ser neste caso específico.
Porque se não fosse mais um improviso para apenas reagir no curtíssimo prazo à um pré-diagnóstico de falência do ensino público municipal, tudo isso, estaria inserido numa política pública e que obrigatoriamente incluiria o contraturno, a escola com opções de outras línguas, bem como o turno integral, além da escola inclusiva, com acompanhamentos individuais para casos abaixo da média e para os potenciais acima da média esperada.
E este debate Kleber, Emerson e os vereadores da base governamental não quiseram fazer com a sociedade, nem com os dois vereadores que votaram contra o projeto, exatamente, por não terem essas explicações. Parece proposital. Transparência e diálogo zero.
Quanto à suposta discriminação e constrangimento de alunos – crianças – e professores – adultos – que se levantou na Câmara, é uma bobagem de quem está e quer ficar alienado da realidade.
Eu, por exemplo, sempre fui avaliado na escola, no trabalho e em qualquer coisa que me foi exigido resultados. Este é o mundo de verdade. Nem sempre fui bem sucedido, mesmo me preparando e tendo conhecimento razoável para produzir resultado melhor do que consegui. É o jogo jogado.
E àquela avaliação – nos bons e maus resultados – sempre me serviu para a reflexão, superação, nunca para me excluir, ou criar efeitos psíquicos negativos insuperáveis como teve vereador que aventou para defender a sua posição contrária.
Se esta parte fosse verdadeira, para começar e num exemplo corriqueiro, não haveria competição esporte competitivo. Até em jogo de botão, um ganha, um perde. Um é mais hábil, outro não. É da natureza as diferenças. Precisamos antes de tudo compreendê-las.
Kleber erra neste “programa” pela falta de transparência, à negação da discussão aberta e por não estar o concursinho inserido num espectro pedagógico mais amplo de resultados para a Educação municipal. Erra porque não se trata de um “projeto”, muito menos de uma política pública de educação. Falta-lhe um gestor capacitado para tal. Acorda, Gaspar!