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PESQUISA FEITA EM GASPAR DIZ QUE TUDO QUE ESTÁ NO GOVERNO KLEBER E NA BANCADA DO AMÉM É TÓXICO. OS ELEITORES PREFEREM O VELHO OU APOSTAM NUM AZARÃO LIVRE DE VÍCIOS POLÍTICOS

Tive acesso a uma pesquisa partidária interna de intenções de votos. Foi por vias transversas a partir de Florianópolis. Ela foi realizada por um partido do Centrão e em ascensão em Santa Catarina para olhar os seus ex-, os seus atuais e futuros parceiros. A coleta da amostragem em Gaspar foi na semana passada. Apesar do calor e da correria de Natal, foram dias bons para este tipo pesquisa. Ela reuniu todos os nomes que estão na praça e declarados como pré-candidatos. Penso – como quem vive de pesquisas – ser ruim pelo lado técnico e bom, ao mesmo tempo. Explico. Pelo menos, evita o falso chororô de alguns. 

Entretanto, este número de candidatos vai afunilar a três, competitivos,no máximo, entre cinco candidaturas aceitáveis. E afunilando, tudo muda. A pesquisa foi feita, infelizmente, em meio a divulgação de mais um áudio com conversas cabulosas de agentes públicos do poder de plantão. E isto, de alguma forma influencia para o bem de uns e o mal de outros.

Escrito isso, para referenciar e contextualizar os meus leitores e leitoras, qual a minha conclusão ao olhar os números se a dinâmica estiver toda adequada, pois o que tenho é informações e não controle dela? É o mais do mesmo daquilo que já olhei em outras fontes nos últimos três meses. Está se criando um consenso. É algo parecido que se ouve no escurinho em conversas confiáveis que tenho tido por aí. E é muito diferente daquilo que o poder de plantão planta, com uma voracidade incrível, nas redes sociais para se safar da má imagem que possui apesar de toda a marquetagem cara, errática e transgressora.

Resumindo. Nada mudou a não se o surgimento a toda hora de nomes das cartolas dos inconformados. Há menos de dez meses da eleição de outubro do ano que vem, o número de indecisos continua alto demais. E isto, ao menos, dá esperança para todos os lados. O ex-prefeito, de três mandatos em quatro tentativas, Pedro Celso Zuchi, PT, – só perdeu para Adilson Luiz Schmitt, MDB, em 2004 -, lidera a corrida nesta pesquisa ( e outras também). (Zuchi está na foto ao lado. Na sequência, abaixo, Rodrigo, Oberdan e Marcelo assinando a ficha no PP, de Gaspar. Na abertura do artigo, Rodrigo recebendo a “benção” de Kleber. Fato que lhe pode estar enfraquecendo na disputa eleitoral como suspeitam os analistas de pesquisas)

E empatados tecnicamente, estão Rodrigo Boeing Althoff, PL. Ele foi derrotado na última eleição para Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, então PSD e hoje no PP, depois de passar pelo Patriotas e PL, bem como o entrante, o empresário Oberdan Barni, do Republicanos. Rodrigo já foi vereador pelo PV, secretário do petista Zuchi e se expôs em 2020 como candidato a prefeito pelo PL e sem coligação alguma.

Oberdan, faz a sua primeira tentativa, num partido pequeno, recém criado por aqui e de cara com uma cartada alta. E por enquanto, vai se saindo melhor que a encomenda. E a pesquisa foi feita antes dos out-doors e páginas de jornais que plantou para desejar Feliz Natal como presidente local do Republicanos. Ou seja, não houve suposta influência.

O que significam os números desta nova pesquisa a prefeito em 2024 em Gaspar? 

Vergonhosa derrota, até aqui, pois não se deve desprezar a poderosa máquina pública, de pressão, intimidação e propaganda que esta gente possui com mão de ferro a favor dos planos de Kleber, Luiz Carlos Spengler Filho, Marcelo, MDB, PP, PSD, PDT e PSDB. É a punição por uma gestão fraca, temerária. Ela trabalhou mais para punir os que pediram transparência e os que se queixaram por mais atenção como cidadãos e cidadãs do que devolver avanços à cidade e à sociedade. É um governo de dois mandatos sem marca de realizações, mas cheio de dúvidas. Incrível. Avança, capim!

O que significam os números desta nova pesquisa a prefeito em 2024 em Gaspar? 

A indignação coletiva da cidade a um grupo de empoderados que vive à sombra do poder. Ele fez gato e sapato contra o necessário, simples e óbvio, para benefício dele próprio. Este grupo controlador da vida pública e das pessoas, errou ao não moderar os seus quando os escândalos e relações “incestuosas” se tornaram públicas, para, ao menos, disfarçar e salvar os seus apadrinhados. E quase todos deste grupo está na rua de novo na rua inventando candidatos que possam ser manobrados, mais uma vez, por eles próprios.

O que significam os números desta nova pesquisa a prefeito em 2024 em Gaspar? 

A tal lei do retorno, como sempre me explica a leitora Odete Fantoni. O que adiantou enterrar duas CPI, fazer acertos para esconder áudios de conversas cabulosas explicitando chantagens e negociatas entre o público e o privado? O que adiantou trabalhar nas instituições para ter o “corpo fechado”, tentando punir e calar vozes, como este espaço, na marra, só porque não depende das migalhas e não foi ao acordo naquilo que chantageiam com o uso daquilo que é dever do poder público explicitar paritariamente? O preço de tudo isso? E está chegando. E naquilo que é mais caro para toda essa gente: a falta de reconhecimento da sociedade. Só ela pode premiá-los com a continuidade. E está difícil!

O que significam os números desta nova pesquisa a prefeito em 2024 em Gaspar? 

Que a miragem de Marcelo de imbatível nas urnas caiu. Afinal, ele foi eleito uma só vez na vida. E a vereador. Virou mito. E este afundamento nas pesquisas são decorrentes de erros sucessivos dele próprio. Se Marcelo tivesse ficado no canto dele, como vítima do processo de expurgo que Kleber, com o novo prefeito de fato o deputado Federal, Ismael dos Santos, PSD, de Blumenau, lhe impingiu, hoje Marcelo estaria melhor na foto. Era a vítima de um jogo de escolhas e traições. Está cada vez mais claro que falta a Marcelo coerência, discurso e principalmente e confiabilidade para ser o que quer ser: prefeito de Gaspar.

O que significam os números desta nova pesquisa a prefeito em 2024 em Gaspar? 

Que o espaçoso e marqueteiro, vereador e ainda presidente da Câmara até o final do ano, Ciro André Quintino, MDB, não empolga. Primeiro por ele próprio, o campeão de diárias, do discurso vazio e da marquetagem do nada. Segundo, porque, tudo que está associado a Kleber, Marcelo, prefeitura, poder de plantão, Bancada do Amém na Câmara e até mesmo à ligação política das igrejas neopentecostais, é tóxico para a continuidade no poder de plantão. Esta relação compromete qualquer armação que se tente. E quem lançou Ciro a pré-candidato a prefeito? Foi Kleber para o MDB em ladeira abaixo por aqui. Simples assim!

O que significam os números desta nova pesquisa a prefeito em 2024 em Gaspar? 

Que outros nomes, novos ou de fora da política tradicional, alguns deles, inventados por este grupo que “criou” Kleber porque viu nas igrejas uma máquina de votos e não exatamente à luz própria Kleber como político, carismático, líder ou administrador; que uniu Kleber a Marcelo para não tê-lo como adversário e assim não perder a mão no poder; que inventou Kleber candidato a deputado estadual e vê-lo correr para não cumprir o que grupo prometeu a Marcelo, por enquanto, estes nomes, não decolaram, mesmo admitindo-se que nesta ponte ainda vai passar muito água até junho do ano que vem quando vai se separar as crianças dos adultos.

O que significam os números desta nova pesquisa a prefeito em 2024 em Gaspar? 

Entre todos os com chances, numa eleição retratada hoje, o único que permanece como novidade, sem máquina, sem marquetagem, num partido pequeno e ainda sem apoios significativos, é Oberdan. É uma sinalização clara de mudanças de parcela significativa da sociedade. E esta cristalizado – como é cristalizado parte do eleitorado de Zuchi. E no caso de Oberdan, pelo que que nota nas pesquisas, até aqui, está na base do eleitorado, não exatamente no topo onde estão estes grupos de manobras, ou dependentes de empregos públicos. A maioria dos eleitores e eleitoras de Oberdan não lê este espaço de textões analíticos.

E os números Herculano? São de quem patrocinou e fez a pesquisa, para exatamente saber onde todos do partido estão pisando e se vale a pena a aposta e correr riscos. A pesquisa, não é, por enquanto, peça de propaganda. E nem eu estou a serviço desse pessoal. Mas, agradeço à consideração em compartilhar os números. E eles parecem ter créditos. Acorda, Gaspar!

TRAPICHE

Na boca do lobo I. O prefeito de Gaspar, Kleber Edson Wan Dall, MDB, ensaia querer bater chapa para presidir a Federação Catarinense de Municípios – a Fecam. O padrinho dele é o presidente do MDB catarinense e deputado Carlos Chiodini, de Jaraguá do Sul. O prefeito foi até a Assembleia Legislativa pedir a benção à bancada emedebista, incluindo o deputado Egídio Maciel Ferrari, PTB, mas de muda para o MDB de Blumenau, diante do desaparecimento do PTB.

Na boca do lobo II. É uma forma de reter o prefeito Kleber Edson Wan Dall no MDB – onde balança diante dos laços que possui com a Assembleia de Deus e o novo prefeito de fato de Gaspar, o deputado Federal, Ismael dos Santos, PSD -, mas, por outro lado, é uma perigosa exposição se os escândalos dos áudios, com conversas cabulosas de seus ex e atuais secretários prosperarem. Como presidente da Fecam, ele é notícia estadual. Simples assim!

Na boca do lobo III. O prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, foi presidente da AMMVI – Associação dos Municípios do Médio Vale do Itajaí. Alguém se lembra o que ele fez pela região ou a integração dela, inclusive na mobilidade urbana e que hoje é um problema para os que estudam no Instituto Federal de Educação no bairro Bela Vista?

Na boca do lobo IV. Ah, e o prefeito de Gaspar assinou na sua gestão o documento que transformou a AMMVI que presidia em AMVE – Associação dos Municípios do Vale Europeu. Verdade! Num trabalho de técnicos liderados pelos prefeitos de Blumenau e Brusque que queriam esta mudança, olhando o futuro do turismo e que por aqui, só funciona isoladamente por iniciativas privadas.

A referência e o contraste I. Você leu o meu artigo sobre a pesquisa que rolou na senama passa sobre os possíveis candidatos em Gaspar. Qualquer candidato hoje que está apadrinhao pelo poder de plantão é rejeitado para a continuidade. Agora veja o contrate disso registrado numa pesquisa que saiu ontem em Criciuma. O prefeito reeleito pelo PSDB Clésio Salvaro com 70% dos votos e hoje no PSD, influencia positivamente em mais de 53% quem ele indicar para sucedê-lo.

A referência e o contraste II. Por isso, o vereador Arleu da Silveira, PSDB, entrou na linha de sucessão: é, por enquanto, apoiado por Clésio Salvaro, PSD. O que disse a mesma pesquisa sobre a influência do governador Jorginho Melo, PL, a candidatos em Criciuma. Só 24,3% acreditam que ele terá influ~encia decisiva sobre o candidato que escolher apoiar. O que mostra isso? Que Clésio é o líder político em Criciuma. E por quê? Pelos resultados que produziu como prefeito. Nem mais. Nem menos.

Um retrato I. Esta foto acima percorreu os aplicativos de mensagens e redes sociais. Ela é da festinha de encerramento, nesta semana, da Câmara Municipal de Gaspar. Nela aparecem apenas cinco vereadores, dos 13. É basicamente feita de assessores, estagiários, comissionados, efetivos e alguns convidados. Nem todos vieram. Noves fora, mas ela dá à perfeita dimensão de como a “Casa do Povo inchou”, depois que o futuro presidente dela, o mais longevo dos vereadores, José Hilário Melato, PP, abriu a porteira. Cada ano é uma “invenção” nova e como o “inovador” vai dar as cartas nela outra vez… São 60 pessoas – por enquanto – e R$14 milhões de Orçamento.

Um retrato II. Aliás, José Hilário Melato, PP, convocou uma reunião administrativa da Casa para ontem. Foi para amarrar as pontas ao seu jeito e começou pelo texto da convocação na segunda-feira pela manhã. “Bom dia. Nesta terça-feira, dia 19.12.23, às 16 horas, no plenário da Câmara, vamos ter uma reunião para tratar de assuntos administrativos para o exercício de 2024. Estão convocados assessores, estagiários, comissionados e efetivos. Todos, todos. Muito Obrigado“.  Melato enquadrou, exagerou e confessou que criou a estrutura que já está fora de controle. E prometeu aumentar mais ainda. “Foi papo reto“, como enfatizou várias vezes. Mas tratarei mais tarde disso. Segundo ele: “eu não vou deixar o meu CPF na reta…”. Ai, ai, ai.

Um passo atrás. Emissário disfarçado das igrejas neopentecostais de Gaspar me faz chegar a plantada informação de que “a priori, elas não vão apoiar ninguém na corrida a prefeito do ano que vem”. Hum! Então eu dou a informação e, esclareço. Está na cara. Primeiro não há um nome da turma no páreo. Segundo. Isso é um negócio e o aviso é este: estamos abertos para as negociações. Terceiro, precisam, neste momento, fortalecer os templos. Sem templos fortes, não há indução à cabala.

Um passo a frente. Sem nomes, as igrejas neopentecostais, informa-me uma fonte, acha que o mais esperto para ocupar o espaço de Kleber Edson Wan Dall, MDB, será o de Cleverson Ferreira dos Santos, PP. É que perderam o nome da vez, Jorge Luiz Prucino Pereira, PSDB, o mestre por detrás dos sacramentos políticos. Aliás, a sala 109 já está fechada para férias. Nervosamente, ela voltará abrir em breve.

Outro retrato I. Tudo quase ao mesmo tempo. Num momento, é inaugurada pela prefeitura, a praça comunitária do bairro Figueira e denominada de Orlando Saulo dos Anjos, o “nego lando”, um dos craques do Tupi, quando o “índio” era páreo para os grandes do futebol da região. Entre os presentes, discursos e afagos, o deputado estadual Ivan Naatz, PL, de Blumenau. Ele contribuiu com uma emenda parlamentar. Com Naatz, o único vereador do PL em Gaspar, Alexsandro Burnier. Ausente, o pré-candidato declarado do PL, Rodrigo Boeing Althoff. Poucos comunitários presentes. Sintomático.

Outro retrato II. E aí em outro momento, o suplente de vereador pelo PL, Timoty Deschamps, e pré-candidato do partido, Rodrigo Boeing Althoff, inundam a rede social deles com o encerramento comunitário, na comunidade São Francisco, do mesmo bairro Figueira, onde Timoty é o “dono do pedaço”. Cheio (foto abaixo). Ausentes: Alexsandro Burnier e Ivan Naatz. Sintomático. 

Outro retrato III. Emissários do deputado Ivan Naatz, que quer escolher quem entra e sai do PL em todos os municípios da região, principalmente e quem deve ser candidato a prefeito pelo ou com o PL no ano que vem, dizem que se Rodrigo for confirmado candidato do PL, eles preferem apoiar Marcelo de Souza Brick, o indicado da máquina dominada pelo MDB, PP, PSD, PDT e PSDB e que por enquanto está rateando nas pesquisas. Nada sintomático. E olha que os dois – tanto Ivan como Rodrigo em tempos de PV e até PDT eram os maiores amigos.

Outro retrato IV. O que é controverso nesta história? É como o deputado Ivan Naatz estica a corda e contra o governador Jorginho Melo, PL. Jorginho também disputa estas mesmas composições e indicações. Se é uma tática de Ivan para garantir a benção do nome dele por Jorginho, se o nome de Ivan estiver na lista tríplice para ocupar a vaga de desembargador de Justiça no quinto da OAB, é algo de alto risco. Ele coloca a união dos conservadores e o óbvio fortalecimento do partido em Gaspar e região.

Cacifando com a esquerda I. Por outro lado, o pré-candidato Rodrigo Boeing Althoff, PL, dá sopa para o azar. Ele nunca foi bolsonarista, direitista ou até conservador. Aproveitou uma onda de 2020, surfou e lá ficou. Rodrigo nasceu no PV e por conta disso, integrou o governo do PT de Zuchi. Rodrigo é um letrado. Um teórico. Possui méritos indiscutíveis. Mas, ficou três anos calado, vendo a atual gestão Kleber Edson Wan Dall, MDB, do qual já foi candidato a vice derrotado em 2012, fazer gato e sapato da cidade. Agora Rodrigo reapareceu. e também não disse como vai fazer diferente naquilo que há oportunidade ou que está piorando por aqui.

Cacifando com a esquerda II. E na semana passada Rodrigo fez filiações. De direitistas, bolsonaristas, conservadores? Não! De gente que sempre esteve com ele e se identifica com a esquerda, ou esteve nos governos petistas, como o ex-suplente de vereador e ex-secretário de Agricultura de Pedro Celso Zuchi, PT, Afonso Hostert (foto ao lado). E os adesistas ao PL de Rodrigo com este perfil não pararam aí: Toninho do Pastel, Pedrinho Pintor. Resultado? Questionamentos, desgastes e explicações.

Cacifando com a esquerda III. Qual foi o primeiro resultado neste tipo de lance em falso, se ele não foi pensado? Ednei de Souza, do partido Novo, que integrava a frente conservadora com o próprio PL, Republicanos e União Brasil, para a escolha de um nome entre eles para enfrentar Pedro Celso Zuchi e o PT – com quem Ednei já trabalhou, ressalte-se – pulou fora. Então a foto que produziram de todos unidos e que ainda não publiquei, mas que rodou a cidade, já está velha? Vou usar aquela foto, mas, parece, que para ilustrar outro comentário.

Cacifando com a esquerda IV. É um jogo de alto risco o que faz Rodrigo Boeing Althoff, PL. E por quê? As eleições do ano que vem serão plebiscitárias. Esquerdas contra a direita. Lula contra Bolsonaro e por aí vai. Haverá exceções? Sim! em Gaspar há o senso de mudanças. Nem Pedro Celso Zuchi, PT, nem Rodrigo Boeing Althoff, PL, nem os apoiados por Kleber Edson Van Dall, MDB, José Hilário Melato, PP, Giovano Borges, PSD, Roberto Procópio de Souza, PDT e Jorge Luiz Prucino Pereira, são portadores desta mudança.

Cacifando com a esquerda V. Estas filiações feitas por Rodrigo Boeing Althoff são sinais. Elas trabalham contra ele no campo do conservadorismo. Lançam dúvidas. Favorecem o campo da esquerda, onde ele já esteve e parece se sentir ainda à vontade. Se a intenção é a de atrair os petistas para mudá-los de lado, sabe muito bem Rodrigo, que esta é uma missão hercúlea.

Cacifando com a esquerda VI. E por quê? No caso de Gaspar, como nos casos de Lula e Bolsonaro, por exemplo, os votos de Zuchi não são exatamente do partido dele, o PT, mas são os de Zuchi. Tanto que o PT ensaiou o vereador Dionísio Luiz Bertoldi e ele já entendeu. A única chance do PT vencer por aqui é com Zuchi. Não por Lula, muito menos por Décio Neri e Ana Paula Lima. Isto se chama recall. É a certeza da revanche.

Cacifando com a esquerda VII. Ou Rodrigo Boeing Althoff e seu grupo, incluindo ativistas bolsonaristas – o que por si só é estranho – acham que Afonso Hostert, sabendo que Pedro Celso Zuchi, PT, tendo chances, vai enfrentá-lo, e logo a partir do PL? Que vai rachá-lo e enfraquecê-lo sabendo de como funciona a forma de cooptação da esquerda do atraso? Há mais “çábios” em Gaspar do que se supunha.

Cacifando com a esquerda VIII. Se é para se autodestruir e facilitar o caminho para Pedro Celso Zuchi, PT, Rodrigo Boeing Althoff, PL, está no caminho certo. E onde está o risco? De que isso não foi combinado com os russos. E os quando ele perceber – e o próprio Ivan Naatz, PL -, os votos dele no campo conservador, estarão irreversivelmente com Oberdan Barni, Republicanos, que há meses, vem mantendo entre 15 e 18 por cento dos que já escolheram seus votos. E isto não é pouco para quem começou ontem. É um aviso claro de que todos estão errando para sustentar, em primeiro lugar, as suas vaidades, o manda quem pode e dane-se as pessoas e sua cidade, mais uma vez. Acorda, Gaspar!

Este blog NÃO ESTÁ de férias. E por quê? Simples. O mundo não pára. Os políticos não param, mesmo em férias. É um perigo. E no lazer, ninguém deixa de ler. E se até o NATAL eu não intervir aqui, desejo aos meus leitores e leitoras, um Feliz Natal, aquele da essência cristã, não os das festas patrocinadas em busca de votos fáceis no ano que vem.

Agradeço as fontes, aos que me corrigiram, à audiência fiel e de certa forma surpreendente no volume. Meu agradecimento especial vai também ao parceiro Miguel José Teixeira. Ele compartilha as leituras dele com vocês e espirituosidades comigo e com os leitores e leitoras por todo esse tempo. Amém!

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24 comentários em “PESQUISA FEITA EM GASPAR DIZ QUE TUDO QUE ESTÁ NO GOVERNO KLEBER E NA BANCADA DO AMÉM É TÓXICO. OS ELEITORES PREFEREM O VELHO OU APOSTAM NUM AZARÃO LIVRE DE VÍCIOS POLÍTICOS”

  1. Pingback: VADE RETRO 2023. E LOGO. CINCO RETRATOS DA CONFUSÃO ONDE ESTÃO METIDOS OS NOSSOS POLÍTICOS, "ÇÁBIOS", MARQUETEIROS, GESTORES E OS "DONOS" DE GASPAR - Olhando a Maré

  2. SEM FÉRIAS. NOVO ARTIGO AMANHÃ

    O blog não está de férias, como sempre escrevi aqui. Aliás não me lembro de ter estado de férias. Talvez, não esteja eu, naquele ritmo de normalidade. mas, tenho aqui estocados vários ativos. Gaspar é uma fonte inesgotável. Amanhã dia 26 de dezembro terá mais uma

  3. FELIZ NATAL

    Aos que me acessam pelos meios privados que lhes permito por escolhas próprias eu já agradeci e retribui o Feliz Natal que me desejaram.

    Aos que não me acessaram, mas são leitores e leitoras deste espaço por deleite, obrigação e até negação e repulsa, também desejo um Feliz Natal, aquele do senso cristão, da novidade, da mudança, da perseverança e da transformação, sem que nada disso tenha conotação política ou ideológica, mas a pragmática teologia onde se insere o perdão, a compreensão e a dialética com os divergentes.

    Esperamos o Natal do ano que vem pela renovação desses votos. Obrigado a todos.

  4. GONET E A HIDRA DESCONTROLADA, por Demétrio Magnoli, no jornal O Globo

    A sombra da Lava-Jato pairou sobre a cerimônia de posse de Paulo Gonet. O Ministério Público (MP) “não pode achar que todo político é corrupto”, advertiu Lula, pedindo-lhe que seja “o mais honesto possível, o mais duro possível, mas ao mesmo tempo o mais justo possível”. O novo procurador-geral (PGR) respondeu que “no nosso agir técnico, não buscamos palco, nem holofotes”. Tudo isso faz sentido — mas passa longe da reforma indispensável.

    Conduzidos por um impulso de idealismo ingênuo, os constituintes de 1988 desenharam os contornos de uma hidra, criando um Quarto Poder sem controle e atribuindo-lhe as mais amplas, genéricas e vagas funções. O MP ganhou, entre outras, a prerrogativa de proteção “de outros interesses difusos e coletivos” — o que significa tudo e qualquer coisa. Daí, bastou um passo para que jovens procuradores entusiasmados, institucionalmente livres de amarras legais, vestissem a fantasia de justiceiros reformadores da sociedade.

    A politização do MP iniciou-se pela esquerda. Já em 1991, nasceu um “partido de procuradores”, o Ministério Público Democrático (MPD), associação criada dentro do MP “com o intuito de promover o maior compromisso da justiça com o povo”. O MPD interpretou, mais ou menos em linha com o PT, o conteúdo dos tais “interesses difusos e coletivos”. Demorou, mas, em 2018, na pulsão da campanha eleitoral bolsonarista, nasceu o segundo “partido de procuradores”, o Ministério Público Pró-Sociedade, fiel ao “conservadorismo” e devotado a impedir “que as coisas boas e belas sejam destruídas”.

    Só em 2005 instalou-se o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), formalmente destinado a fiscalizar o único Poder sem controle externo. Sua composição, porém, evidencia a captura corporativa do órgão de controle pelo Poder descontrolado: dos 14 integrantes, sete são designados pelo próprio MP. O ferrolho atingiu um ápice com a submissão do Executivo, nos mandatos de Lula e Dilma Rousseff, às listas tríplices eleitas no interior do MP para o cargo de PGR.

    Dessas listas, na avalanche da Lava-Jato, emergiu Rodrigo Janot, PGR entre 2013 e 2017, que decidiu travar combate contra “o estado de putrefação de nosso sistema de representação política”. O MP convertia-se, explicitamente, em partido reformador das instituições, engajando-se numa cruzada cujos alvos eram os principais partidos políticos (PT, PSDB e PMDB). Valia tudo, inclusive o escandaloso acordo judicial de impunidade absoluta firmado com Joesley Batista (inicialmente validado por um STF de cócoras).

    Janot e a força-tarefa de Curitiba ajudaram a implodir a já frágil estabilidade da Nova República, desbravando o atalho que levaria Bolsonaro ao Planalto. Num conluio ilegal, o juiz Sergio Moro e os procuradores da força-tarefa perverteram — com a ajuda providencial do STF — a maior investigação de corrupção política da História brasileira. No fim, quando a farsa judicial veio à luz, as provas legítimas de crimes bilionários contra o patrimônio público foram atiradas às lixeiras. O golpe frustrado do 8 de Janeiro e o Congresso do Centrão formam as heranças da hidra descontrolada.

    Bolsonaro, principal beneficiário da politização do MP, comandou uma reação sem reforma institucional, desvencilhando-se da lista tríplice corporativa para entronizar Augusto Aras. A Procuradoria-Geral da República foi, então, rebaixada à condição de guarda pretoriana de um Executivo golpista e, de modo geral, de uma elite política assustada. Diante disso, o STF ocupou a trincheira abandonada por Aras e, extrapolando suas funções constitucionais, abriu o “inquérito de ofício” destinado à repressão das articulações golpistas.

    Lula também, corretamente, ignorou a lista tríplice para indicar Gonet. O presidente e o novo PGR falaram coisas certas, mas fugiram ao tema de fundo. A mera vontade das autoridades não será suficiente para sanar a anarquia institucional provocada pela politização do MP. O Quarto Poder “honesto”, “duro” e “justo” depende de reformas nas leis que definem suas funções e configuram os mecanismos de controle externo. Sem isso, a hidra voltará a assombrar a democracia.

  5. A ERUDIÇÃO DE TOFFOLI, por Elio Gaspari, nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo

    Na decisão que aliviou as multas impostas à J&F dos irmãos Batista de R$ 10,3 bilhões para R$ 3,5 bilhões, o ministro José Antonio Dias Toffoli deu-se a uma reflexão literária. Açoitou a Operação Lava- Jato comparando-a à desdita de Jean Valjean, o personagem de “Os Miseráveis”, de Victor Hugo, e a Edmond Dantès, o “Conde de Monte Cristo”, de Alexandre Dumas. São dois romances magistrais.

    Na visão de Toffoli, os irmãos Joesley e Wesley Batista, como Valjean e Dantès, foram heróis vitimados por penas abusivas e violentas.

    Nas suas palavras:

    “Na literatura, Dantès supera seu amargo destino transformando-se no Conde de Monte Cristo, enquanto Valjean passa a reconstruir sua vida quando se vê livre, estabelecendo inesperadas relações entre diferentes tipos de miseráveis na Paris do século XIX.

    A vingança iminente e nunca satisfeita em plenitude une os heróis e nos separa da literatura romântica, afinal, quando se trata de uma injustiça verídica no Brasil da Lava-Jato, é o STF quem tem cumprido a função do narrador que nos deixa a par do quão abusivo e injusto fora o processo e mitiga, na medida do que é processualmente possível, os danos desta que pode ser considerada a Operação mais abusiva de que se tem notícia sob a égide da Constituição de 1988.”

    Bateu duro, mas não precisava recorrer a Dantés e Valjean. Dantès era inocente e foi vítima de uma trama. Encarcerado, conhece o abade Faria que lhe dá o mapa de um tesouro. Ele foge e vive como um nababo, assumindo várias identidades. É uma história magnífica, mas o negócio de Dantès, transformado em Conde de Monte Cristo é a vingança. Nada a ver com justiça.

    O caso de Jean Valjean foi outro. Ele foi preso por roubar um pão e ralou nos trabalhos forçados. Mais tarde, furtou uns castiçais. Valjean mudou de identidade, ficou rico e só fez o bem na vida, sempre protegendo a menina Cosette. Atrás dele está sempre o policial Javert, um obcecado. A certa altura Valjean pode matar Javert e poupa-o. Humilhado, o policial se suicida.

    Dantès, um inocente, e Valjean, um culpado, foram personagens construídos por Dumas e Victor Hugo. Ambos eram bons homens.

    A Lava-Jato fez de tudo, mas não incriminou inocentes como Dantès nem ladrões de pão como Valjean.

    EREMILDO, O IDIOTA

    Eremildo é um idiota e enquanto todo mundo prepara a lembrança do 8 de janeiro dos bolsonaristas, ele só pensa no 11 de janeiro, dia do aniversário da quebra da rede varejista Americanas.

    A Comissão de Valores Mobiliários investiga o caso, mas ainda não revelou o que achou. Uma Comissão Parlamentar de Inquérito saiu em campo e nada achou. Dela resultou apenas um parlamentar acusando o presidente da CPI de ter comprado um cavalo milionário.

    O cretino acha que os doutores fizeram o certo. Ele só tem uma dúvida:

    Está entendido que o CEO da empresa, Sérgio Rial, foi avisado no dia 2 de janeiro que havia gato na tuba. No dia 4 surgiu a expressão “inconsistências” e Rial percebeu o rombo de dezenas de bilhões de reais. Era o maior da história corporativa nacional.

    Rial comunicou o espeto ao acionista Carlos Alberto Sicupira no dia 5, deixando-o chocado.

    Entendendo que essas informações foram divulgadas pelos poderosos personagens ao longo do ano que está terminando, Eremildo só tem uma pergunta:

    Qual foi o processo decisório que levou a Americanas a tentar sacar R$ 800 milhões da sua conta no BTG Pactual no dia 11 de janeiro? (Para um buraco estimado em R$ 20 bilhões, esse ervanário seria um simples petisco.)

    Horas depois, a Americanas tornou público aquilo que ela chamava de “inconsistências contábeis”.

    Eremildo sabe que esses processos são complexos. Ele lembra que o último caso de quebra fraudulenta nos Estados Unidos foi o da empresa de energia Enron. Ela foi à garra no final de 2001 e, no primeiro aniversário da ruína, o gênio financeiro da empresa tornou-se réu. Tomou uma cana de dez anos em 2004.

    A Enron e a empresa de auditoria que acompanhava suas contas não existem mais.

    FIOS DESENCAPADOS

    O governo começará o ano com vários fios desencapados na coordenação política e nas relações com o Congresso. São muitos os petistas jogando no ataque e poucos trabalhando no meio de campo.

    Em dois casos exemplares, percebe-se que criam encrencas inúteis. Petistas soprando que Flávio Dino seria rejeitado pelos senadores servia apenas para inflar os egos daqueles que trabalhavam por Jorge Messias. Afinal, Dino havia sido indicado por Lula e ocupava o Ministério da Justiça. Ventos do Planalto intrigando o ministro Fernando Haddad com o presidente da Câmara servem apenas para tentar enfraquecer Haddad, que tem mais adversários no partido do que na Faria Lima.

    A artilharia petista tem um defeito: acha que vai ganhar todas e só percebe o tamanho dos erros quando não consegue mais ganhar nada.

    Em 2015 os çábios do Planalto achavam que poderiam eleger Arlindo Chinaglia para a presidência da Câmara. Eduardo Cunha elegeu-se e deu no que deu.

    PAPAI NOEL NA FILA DO INSS

    No início do ano que está acabando, Lula anunciou:

    “”Estejam certos de que vamos acabar, mais uma vez, com a vergonhosa fila do INSS, outra injustiça restabelecida nestes tempos de destruição.”

    Um mês depois, o ministro da Previdência, Carlos Lupi, acrescentou:

    “Estamos buscando o aprimoramento das rotinas administrativas para viabilizar, até o final do ano, a análise das requisições em até 45 dias.”

    Em abril a fila havia crescido e tinha mais de 1 milhão de vítimas.

    Em agosto ela foi reduzida de 1,42 milhão para 1,2 milhão, mas tudo não passava de uma manipulação metodológica.

    Em novembro, a fila tinha mais de 1,65 milhão de segurados e Lula sancionou um projeto de lei que permite a realização de perícias por telemedicina e facilita os procedimentos.

    A turma da telemedicina foi atendida e o ano termina sem redução da fila em comparação com o dia em que Lula prometeu acabar com ela. Lupi voltou a atacar e prometeu que em 2024 o tempo de espera pelas perícias será de trinta dias.

    Pede-se a Papai Noel que os doutores não prometam o que não podem cumprir e, se possível, deixem de empulhar o público.

    CENA CARIOCA

    No domingo passado uma senhora passeava com seu cachorro no Jardim de Alah quando apareceu um galalau tentando tomar-lhe o bicho.

    Furtar cães já seria novidade, mas a senhora foi defendida por um grupo de pessoas que acampam no Jardim de Alah para fumar o que não se deve.

    CLÁUDIO CASTRO NA FRIGIDEIRA

    O governador do Rio, Cláudio Castro, precisa de bons advogados. A Polícia Federal saiu atrás de seu irmão e o Superior Tribunal de Justiça autorizou a quebra de seus sigilos. Em nota, ele reagiu dizendo que “não há nada contra ele”.

    Quando um magano diz que não há provas para incriminá-lo, adota uma linha de defesa que não traz sorte. O que a investigação busca são as provas.

  6. O ELEITOR ENCASTELADO, por Bruno Boghossian, no jornal O Folha de S. Paulo

    Se um eleitor de Jair Bolsonaro resolver falar de economia durante a ceia de Natal, é muito provável que ele diga que o governo faz um trabalho ruim ou péssimo. Nesse grupo, duas em cada três pessoas têm uma avaliação negativa da gestão de Lula na área, segundo o Datafolha. O mesmo vale se o tema for combate à miséria ou ao desemprego.

    O voto na eleição anterior é o marcador mais tradicional das opiniões sobre um governo. Em grande parte dos casos, um brasileiro de baixa renda que votou no candidato derrotado terá uma avaliação pior sobre a economia do que o brasileiro de baixa renda que ajudou a eleger o presidente, mesmo que as experiências dos dois sejam idênticas.

    As divisões do ciclo político atual deram um peso extra ao fator voto nos julgamentos sobre o desempenho de um governo. Uma larga fatia de eleitores se encastelou em identidades determinadas por essas escolhas, se aferrou às plataformas defendidas por seus candidatos e se tornou menos permeável a avaliações baseadas em resultados.

    Em alguma medida, essa filiação afeta até mesmo considerações que o eleitor faz sobre sua própria sensação de bem-estar. Só 16% dos bolsonaristas dizem que sua situação econômica melhorou nos últimos seis meses, e 43% dizem que piorou. Entre lulistas, 55% veem uma situação mais favorável, e apenas 10% apontam para um quadro pior.

    A distorção aparece de forma acentuada entre oposicionistas, mas o cenário de polarização também tem efeito sobre eleitores de Lula. Neste segmento, algumas das áreas com melhor avaliação positiva são aquelas em que o governo representa uma virada em relação a Bolsonaro: cultura (64%), ciência e tecnologia (59%) e relações exteriores (58%).

    A diferença é que eleitores que votaram em Lula parecem menos generosos em temas considerados sensíveis (e aí está um perigo para o governo). Um em cada três deles acha que o governo vai mal na saúde (32%), na segurança pública (31%) e no combate à corrupção (34%).

  7. GENTE, NÃO PODE! por Carlos Alberto Sardenberg, no jornal O Globo

    Há algum tempo, tive uma conversa telefônica com o ministro Gilmar Mendes, a respeito da “Corte brasiliense”, assunto de que tratara numa coluna no GLOBO. O ministro ligou para questionar vários pontos, um em especial — o julgamento de políticos importantes no Supremo Tribunal Federal. Argumentava Gilmar: o fato de ser amigo de um político não impede que ele, ministro, julgue com isenção um caso que envolva aquele político.

    Se bem me lembro — e lembro —, o ministro ainda levantou questão de caráter pessoal: por acaso se estava duvidando da sua imparcialidade? Meu argumento era e continua sendo: não pode julgar. Ponto. Não se trata de ética pessoal. Se o juiz é amigo do réu, convive com ele em jantares, festas e até viagens — e ainda participa de articulações políticas —, não pode julgá-lo.

    Isso me parece tão óbvio que é difícil argumentar.

    Mas vamos lá, porque tem mais. Se o juiz é amigo, convive festivamente com um advogado, também não pode julgar casos do referido causídico. Mais: se o cônjuge do magistrado é sócio do escritório de advocacia, o magistrado não pode julgar casos dessa banca.

    Dirão: se for assim, no limite das Cortes brasilienses, ninguém pode julgar, ninguém importante pode ser julgado, nenhum advogado pode advogar. Juízes, advogados, políticos, empresários, lobistas — com exceções para todos os casos — convivem abertamente. Dirão que sempre foi assim. Aí o problema: como tudo se passou como se normal fora, a Corte passou dos limites.

    O ministro Alexandre de Moraes era o presidente do Tribunal Superior Eleitoral na última eleição presidencial. Ele mesmo proclamou o resultado. Depois foi à festa de comemoração de Lula, na mansão do advogado Kakay, figura frequente dentro e fora dos tribunais.

    Não pode, ministro.

    Moraes deveria ter telefonado para Lula — cumprimentos formais e boa sorte. Também deveria ter ligado para Bolsonaro, que obviamente não atenderia, mas Moraes teria cumprido o rito formal.

    Kakay é conhecido pelos dons de anfitrião, além de pela capacidade de encontrar saídas para casos complexos no STF, cujo prédio frequenta como se fosse da casa. Faz seu trabalho. Ministros tomarem seus vinhos “Grand Cru” — aí não estão fazendo seu trabalho. Não pode. Aliás, Kakay, pelo critério que sugerimos, não poderia defender nenhuma causa. Não raro, ele é advogado de um réu que é amigo do juiz, este também do convívio com Kakay.

    A banalidade com que se encara isso tem levado a extremos frequentes. O exemplo desta semana: em decisão monocrática — outro absurdo normalizado —, o ministro Dias Toffoli suspendeu a multa de R$ 10,3 bilhões que a J&F vinha pagando ao Tesouro. A multa resultara de um acordo de leniência amplamente negociado, com uma bateria de advogados e procuradores.

    Toffoli baixou sua decisão no recesso, não sendo ele plantonista. A coisa só vai a colegiado lá por 2024 e tanto, sabe-se lá. Como várias outras decisões monocráticas que permanecem engavetadas — como a liminar de Lewandowski permitindo a nomeação de políticos para as estatais — em meio a pedidos de vista. Há prazos, mas não se cumprem.

    Outra coisinha: a esposa de Toffoli advoga para a J&F. Noutro caso, certo, mas isso elimina a suspeição? Mais: corporativo, Toffoli derrubou decisão do TCU que cancelava aumentos automáticos a juízes federais. Vai custar perto de R$ 1 bilhão.

    Eis por que, com interpretações das leis que eles mesmos fazem, juízes ganham salários de R$ 200 mil, R$ 300 mil — o que faz do Judiciário brasileiro o mais caro do mundo.

    Ao longo da carreira, conheci juízes, advogados, políticos e promotores de elevado espírito republicano. O Grupo Globo patrocina o Instituto Innovare, dedicado a premiar boas práticas do Poder Judiciário. Todo ano, surgem iniciativas notáveis.

    Ainda bem, temos onde buscar saídas.

    Finalmente: não misturem estes meus comentários com os golpes de Bolsonaro e sua turma. O ex-presidente queria ser dono do STF. Lula, sem golpes, na palavra, também quer controlar o STF. Sabe que lá está o poder único.

    Cabe a perguntinha ao presidente do STF, ministro Barroso: tudo bem?

  8. A FORÇA MORAL DO PERDÃO, por Plabo Ortellado, no jornal O Globo

    Nossas famílias estão dilaceradas por disputas pessoais e divergências políticas. Que tal aproveitar o encontro de Natal e resgatar o espírito cristão?

    Sempre me surpreendo como a mensagem cristã mais basilar, de amor ao próximo e perdão aos inimigos, pode ser soterrada e obliterada no discurso de alguns pregadores por cobranças prepotentes. O cristianismo do nosso dia a dia está muito mais preocupado em policiar e condenar condutas —sobretudo as sexuais —do que em compreender, amar e perdoar.

    Isso, para mim, é o avesso da mensagem cristã. Tendemos a ser duros com quem nos ofende e complacentes com nossos erros. O amor aos inimigos e o perdão às ofensas exigem atuar em sentido contrário: evitar julgar o próximo e ser mais severo com nossos próprios equívocos.

    Jesus não escondeu a essência de sua mensagem. Disse para perdoar não apenas sete vezes, como já não conseguia o impaciente Pedro, mas 70 vezes sete. Disse para fazermos o bem a quem nos odeia e que se alguém nos ferir a face ofereçamos a outra. Disse para não respondermos ao mal com o mal e nem a ofensa com ofensa. A mensagem dos evangelhos é muito clara: devemos perdoar, compreender e não responder o mal com o mal. É uma exigência moral elevada, difícil de sustentar, mas é um norte que deveríamos nos esforçar por perseguir.

    O perdão é uma força moral pujante. Desorganiza e reorienta as relações viciadas. Muitas vezes estamos presos em ciclos de ódio em nossas relações pessoais —e na política também. Vivemos respondendo com cotoveladas às cotoveladas que recebemos, num ciclo longo de ofensa e resposta, cuja origem se perde no tempo. Cada lado acha que há uma ofensa primordial justificando as respostas, assim o ciclo se sustenta envolvendo os dois lados numa espiral crescente que faz mal a todos. Sempre que respondemos ao mal com o mal, aumentamos a quantidade de mal no mundo. O perdão interrompe unilateralmente esse ciclo. Não quer nada em troca, não pede reciprocidade, não exige reparação ou desculpas. É um ato de generosidade, uma grandeza d’alma que, pela força moral, desconcerta e reorganiza a relação entre as partes. O perdão cura. E o perdão transforma.

    Quem já perdoou ou recebeu perdão, o perdão genuíno, sabe como ele desarranja, depois reorganiza, recupera. Quem conhece a história da independência da Índia ou do movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos sabe como o princípio de não responder ao mal com o mal pode ser revolucionário —pode desfazer estruturas que toneladas de bombas seriam incapazes de demolir.

    Quando era mais jovem, não conseguia compreender a mensagem cristã. Acreditava que o cristianismo celebrava a apatia e cultivava a submissão. Esses preceitos me pareciam simplesmente execráveis. Eu odiava aquela mensagem e não conseguia entender seu apelo.

    Só muito tempo depois pude perceber que, onde achava que havia celebração da apatia, havia na verdade um compromisso moral inabalável, uma firmeza de caráter a toda prova. Onde enxergava submissão, opressão e humilhação vergonhosa, havia na verdade grandeza, generosidade e altivez. Às vezes a pressa da juventude nos faz surdos e só com a paciência do tempo aprendemos a escutar.

    Feliz Natal!

  9. LULA, O PT E AS AGÊNCIAS DE RISCO, por Celso Ming, no jornal O Estado de S. Paulo

    O presidente Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, festejaram com alarde a melhora da nota de crédito do País pela agência de classificação de risco Standard & Poors (S&P). Mas o PT-raiz e seus aliados mais à esquerda permaneceram calados. Ou, se aprovaram, fizeram isso com o freio de mão puxado.

    Essa atitude eivada de restrições se deve a dois fatores. O primeiro deles é o de que essa melhora da percepção da qualidade dos títulos de dívida do Brasil se baseou em critérios fiscais. A S&P citou como galvanizador desse avanço do rating a aprovação da reforma tributária, cuja homologação aconteceu nesta quarta-feira. Mas o critério supremo é sempre a condição fiscal, a que garante o pagamento da dívida no seu vencimento. Em 2015, a própria S&P rebaixou a nota do Brasil e retirou o grau de investimento logo depois que a então presidente Dilma Rousseff apresentou proposta orçamentária que previa um rombo de R$ 30,5 bilhões.

    Ou seja, o critério técnico das agências de classificação de risco é tudo o que combatem a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e os mais radicais próceres políticos. Para estes, austeridade fiscal e política de contenção dos gastos são barreiras para o desenvolvimento e para a criação de empregos. Ignoram que o equilíbrio das contas públicas é precondição para o crescimento sustentável da economia e para a definição de políticas sociais sólidas e sustentáveis. Talvez tenham alguma consciência disso, mas o que pretendem é mais gastança que alavanque votos nas eleições municipais o ano que vem para construir as bases para a sucessão em 2026.

    O segundo fator pelo qual os mais radicais da esquerda desdenham os carimbos das agências de classificação de risco é de natureza ideológica. É o de que estas são instituições ligadas à ortodoxia econômica, ao chamado “Consenso de Washington”, enfim, ao pensamento e à administração neoliberal da economia.

    O presidente Lula é um equilibrista. Oscila permanentemente entre os dois mundos. Às vezes, faz o jogo dessas esquerdas e tenta ridicularizar esforços pela responsabilidade fiscal, supostamente para dar prioridade a políticas sociais. E em outras, envereda em direção ao pragmatismo, enaltece o controle dos gastos e dá força ao ministro Fernando Haddad.

    Por sua vez, Haddad é o encarregado de se sentar à boca do caixa e de tentar convencer as bases de que não há futuro sem compromisso com a saúde das contas públicas. E ele está carregado de razão. Há anos o Brasil vive de uma política fiscal errática e frouxa. Em contrapartida, tem de conviver com um crescimento econômico medíocre.

  10. É ASSIM QUE O STF QUER SER RESPEITADO? editorial do jornal O Estado de S. Paulo

    O Congresso tem razão em estudar modos efetivos de limitar o poder individual dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). O que vem ocorrendo no STF não tem paralelo em nenhuma Corte Constitucional, num exercício arbitrário e idiossincrático do poder monocrático por parte de ministros do Supremo. Sem nenhum exagero, é o exato oposto do que deve ser um controle de legalidade e constitucionalidade minimamente sério e responsável.

    Proferida na quarta-feira, justo quando se iniciou o recesso do Poder Judiciário, a decisão do ministro Dias Toffoli suspendendo a multa de R$ 10,3 bilhões do acordo de leniência do Grupo J&F é um deboche com o direito, com a prudência, com a moralidade e com a própria Corte. É, com todo o rigor da palavra, um escândalo, por diversos motivos.

    Em setembro, Dias Toffoli deu uma liminar anulando todas as provas obtidas por meio do acordo de leniência que a Odebrecht celebrou no âmbito da Operação Lava Jato. Foi uma decisão exagerada e desequilibrada que, numa só canetada, colocou abaixo o trabalho de anos de várias instituições estatais. Numa espécie de ato imperial, o ministro Toffoli decretou “terra arrasada” em todo o trabalho da Lava Jato envolvendo a Odebrecht.

    Como se seu objetivo fosse dificultar – ou mesmo impedir – que a população enxergasse algum caráter jurídico na decisão, Dias Toffoli usou a liminar para fazer revisionismo histórico. Entre outras preciosidades, afirmou que a prisão de Lula da Silva havia sido “um dos maiores erros judiciários do País”.

    Pois bem, sem que o colegiado do STF sequer tenha apreciado sua liminar de setembro envolvendo a Odebrecht, Dias Toffoli dobrou a aposta no erro, agora em relação à J&F, suspendendo a multa acertada entre as partes em um acordo de leniência. Segundo o ministro Toffoli, haveria uma “dúvida razoável” a respeito da voluntariedade com a qual o acordo foi celebrado.

    É tudo inteiramente absurdo, mas foi o que ocorreu. Nas vésperas do fim de 2023, Dias Toffoli entendeu que um acordo celebrado em 2017 deveria ser liminarmente suspenso em razão de haver dúvidas sobre se as partes o celebraram voluntariamente. Ao longo de todos esses anos, ninguém teria notado a falha que despertou, agora, a excepcional prontidão do ministro Toffoli.

    Isso não é funcionamento normal de uma Corte Constitucional. Isso não é exercício do poder jurisdicional dentro de um Estado Democrático de Direito. A decisão de quarta-feira é um escancarado voluntarismo, típico de quem se considera acima da lei e livre de qualquer controle. Ora, a lógica do “eu posso, eu faço” não vale no regime constitucional democrático.

    A agravar o quadro, desmoralizando ainda mais a Corte perante a população, a mulher de Dias Toffoli, a advogada Roberta Rangel, presta assessoria jurídica para a J&F em litígio envolvendo a compra da Eldorado Celulose. Meses atrás, o ministro declarou-se impedido de julgar uma ação do grupo. Agora, esse mesmo ministro suspendeu sozinho uma multa de R$ 10,3 bilhões da empresa.

    É de perguntar: em qual modelo de magistratura os ministros do STF se inspiram? Em que regime democrático vale esse tipo de atuação irregular, imprevisível e sem nenhum controle?

    É preciso dar um basta a esse tipo de comportamento. O colegiado do STF não pode ignorar a decisão escandalosa de quarta-feira ou fingir que ela não afeta diretamente a autoridade da Corte perante a sociedade brasileira. Nos últimos anos, o Supremo realizou um trabalho fundamental em defesa da democracia e da cidadania. Mas isso não autoriza devaneios imperiais em favor de quem quer que seja.

    Os exageros da Operação Lava Jato, que existiram e precisam ser corrigidos, não serão sanados com canetadas monocráticas às vésperas do recesso do Judiciário. O controle de legalidade e constitucionalidade é resultado de um trabalho colegiado, realizado de maneira serena, concreta e, principalmente, transparente.

    Que ninguém se engane. Os piores ataques contra o STF não são os de fora, mas os que vêm de dentro. Não cabe conivência com eles.

  11. MAIS DESGASTE NO STF, editorial do jornal Folha de S. Paulo

    Continua a pleno vapor no Supremo Tribunal Federal a implosão do legado das operações anticorrupção da década passada. O ministro Dias Toffoli suspendeu multa de R$ 10,3 bilhões aplicada ao grupo J&F no acordo de leniência, firmado em 2017, entre a organização empresarial e o Ministério Público Federal, com chancela da Justiça.

    O acordo de leniência é uma espécie de delação premiada para o mundo corporativo. Por meio dele, as companhias cujos executivos confessaram crimes e desfalques se submetem ao pagamento de multas reparatórias e se comprometem a corrigir condutas. O bônus é verem-se livres de processos e embaraços administrativos.

    A penada de Toffoli a favor da petição da J&F não causou surpresa. Em setembro, o ministro —ex-advogado do PT indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2009— fulminou para efeitos práticos o acordo de leniência da Odebrecht empregando fraseado mais próximo do manifesto político que da linguagem judicial canônica.

    Se ainda vigorasse a proibição de magistrados julgarem causas de clientes de seus cônjuges, poder-se-ia antepor algum obstáculo ao desfecho, pois a mulher de Dias Toffoli advoga para a J&F num litígio empresarial. Mas o Supremo derrubou em agosto o veto, e assim se foi a cautela ética para estimular a equidistância em juízos como esse.

    A evidenciar estarem mesmo em baixa os pruridos sobre a má repercussão de decisões que expandem os poderes do STF ou atendem a interesses corporativistas, o ministro Toffoli também derrubou uma decisão do Tribunal de Contas da União que impedia o pagamento do obsoleto quinquênio a juízes.

    O erário que se vire para esfolar o contribuinte e pagar R$ 870 milhões —o custo estimado da liberação desse generoso presente de Natal— aos doutos integrantes da elite do funcionalismo, luminares de um dos Judiciários mais dispendiosos do mundo, pelo simples fato de terem completado alguns períodos de cinco anos na carreira.

    Virar as costas para o sentimento médio da sociedade nem sempre é uma atitude condenável quando se trata de quem deve zelar pela distribuição da Justiça. Muitas vezes é uma exigência para que os direitos individuais sejam protegidos.

    O que está se passando com a cúpula do Judiciário brasileiro nesses casos, contudo, não guarda relação com o seu nobre papel contramajoritário. Trata-se de um encastelamento regado a soberba e privilégios e de uma reacomodação explícita com os velhos e corruptos modos de fazer política no Brasil.

    Os exageros cometidos no passado, com o beneplácito da corte, a pretexto de combater os crimes do colarinho branco não justificam nem autorizam esse retrocesso.

  12. CENTRÃO MANDOU RECADO DE QUE FALTAM VOTOS A LULA CONTRA UM IMPEACHMENT, por Tales Farias, no UOL

    O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) apresentou uma emenda estapafúrdia ao projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias. A proposta acabou aprovada nesta terça-feira, 19, com o voto de 305 deputados contra 141.

    O texto é não tem sentido, porque proíbe que o Orçamento de 2024 destine recursos para o que já é proibido, como invasões de terras, cirurgias em crianças para mudança de sexo, abortos não previstos em lei e outras ações que tocam os bolsonaristas

    De qualquer maneira, o governo avisou que vetará esse ponto

    Mas a votação na verdade serviu para o conglomerado de partidos de centro-direita chamado centrão mandar um recado ao Palácio do Planalto.

    O centrão é quem comanda o Congresso. Mostrou que, caso se junte à oposição bolsonarista, faltarão ao governo os votos suficientes até para barrar a abertura de um eventual processo impeachment contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)

    Para a abertura do processo, segundo a Constituição, é necessária a aprovação de dois terços dos 513 deputados. Ou seja 342 votos em plenário. Isso significa que, para barrar a abertura do processo, é preciso pelo menos um voto acima de um terço da Casa.

    O governo Lula precisaria, portanto, garantir o apoio de 172 deputados para evitar a abertura do processo de impeachment. Daí o efeito demonstrativo da votação, na quarta-feira, da emenda bolsonarista à LDO

    Se o governo só consegue juntar 141 votos para barrar uma proposta absolutamente estapafúrdia, dificilmente conseguiria 172 votos contra o impeachment numa situação de conflagração política, como a que ocorreu nos governos dos ex-presidentes Dilma Rousseff e Fernando Collor de Mello. Eles acabaram expulsos do Palácio do Planalto.

    O deputado Lindbergh Farias viveu esses dois momentos. No caso de Collor, como dirigente da União Nacional dos Estudantes, pedindo nas ruas o impeachment. No caso de Dilma, como parlamentar contrário ao processo. Agora, ele aponta:

    “A votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias mostrou que, de fato, não temos votos sequer para barrar o processo de impeachment. Estamos brincando com fogo. O centrão está engessando o Orçamento da União. Na hora que o presidente Lula tentar se libertar, pode ser que não tenhamos mais como resistir”

  13. “CELULAR SEGURO” É O PRIMEIRO PASSO, editorial do jornal Folha de S. Paulo

    Os brasileiros que possuem celular para uso pessoal – um universo de cerca de 160 milhões de indivíduos, segundo o IBGE – estão divididos em dois grupos: os que já tiveram seus aparelhos roubados e os que têm medo de ser a próxima vítima desse tipo de crime, sobretudo nos grandes centros urbanos. Em muitas cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, ter o celular roubado ou furtado é quase uma questão de tempo. O problema é grave e impõe a ação das autoridades.

    Estima-se que haja cerca de 250 milhões de smartphones em uso no Brasil, o que revela, obviamente, que há muitos indivíduos que adquiriram mais de um aparelho nos últimos anos. Uma das motivações para isso, claro, é a falta de segurança. Assustados com o crescimento dessa modalidade criminosa, não é incomum que os cidadãos deixem um celular protegido em casa, reservado para a realização de transações financeiras ou outras operações mais sensíveis, e saiam às ruas com o “celular do bandido”. Um descalabro.

    É lamentável que a sensação de insegurança tenha chegado a esse ponto no País. Mas, como não é possível alterar a realidade, o governo federal fez bem ao criar um mecanismo que ao menos proteja os dados dos cidadãos contidos em seus celulares, especialmente os financeiros. No dia 19 passado, o Ministério da Justiça e da Segurança Pública lançou o aplicativo “Celular Seguro”, que serve como uma espécie de “botão de emergência” em caso de roubo ou furto.

    O grande mérito do “Celular Seguro” é concentrar em uma só plataforma toda a comunicação do dono do aparelho – ou de alguém de sua confiança, que deve ser cadastrado no aplicativo – com as empresas telefônicas e os bancos e administradoras de cartão de crédito a fim de bloquear o aparelho e impedir a realização de transações financeiras pelos criminosos. Esse processo costuma ser um calvário adicional para as vítimas.

    Portanto, agiu bem o governo federal ao mitigar um problema que aflige milhões de brasileiros, das mais variadas formas. Mas, é forçoso dizer, o “Celular Seguro” é apenas um primeiro passo para coibir o roubo de celulares no País, tornando essa prática desinteressante para os criminosos. Hoje, é o exato oposto. O roubo de celulares é um crime bastante atrativo porque envolve riscos relativamente baixos para os bandidos ao mesmo tempo que oferece alto retorno financeiro. O agravamento desse lucrativo tipo de delito se deve justamente ao interesse que despertou em organizações criminosas como o PCC e o Comando Vermelho, entre outras.

    Quando o governo se vê na obrigação de criar um aplicativo para reduzir o prejuízo de quem teve o celular roubado, percebe-se que a segurança pública falha exatamente no que ela deveria ser mais eficiente: a prevenção. É mais fácil atuar depois que o crime é cometido do que impedir que ele aconteça. Cabe ao Estado criar condições para que aplicativos como esse sejam desnecessários no futuro.

  14. MUITA BRIGA POR POUCO, por Willian Waack, no jornal O Estado de S. Paulo

    A política brasileira se concentra na disputa acirrada por migalhas do Orçamento, e o Legislativo acaba de aumentar sua migalha à custa do Executivo. O resultado é inédito na história política do País.

    Com a aprovação da LDO de 2024, o Congresso passará a deter ao menos 20% das despesas discricionárias, aquelas sobre as quais o governo tem certa liberdade de decisão. Os números arredondados são eloquentes.

    O Orçamento prevê despesas de uns R$ 2 trilhões, dos quais um pouco mais de 90% tem destinação fixa em lei (gastos obrigatórios). Os discricionários, portanto, ficam em torno de R$ 220 bilhões.

    Deste total, R$ 48 bilhões são emendas parlamentares obrigatórias, ainda por cima com prazo até metade do ano. É possível que o Legislativo brasileiro acabe ficando com até ¼ das “despesas livres” – segundo o economista Marcos Mendes, esse grau de controle parlamentar sobre o Orçamento não tem comparação com países da OCDE.

    Há dois fenômenos políticos envolvidos nesse processo, nenhum de fácil solução. O primeiro, mais evidente, é o fato de que o Legislativo aumentou suas prerrogativas na última década aproveitando-se de uma sucessão de presidentes com grandes fragilidades políticas, sobretudo quanto à capacidade de articulação no Congresso.

    O segundo é “estrutural”: o extraordinário engessamento do Orçamento, com efeito negativo não só sobre a capacidade de qualquer governo de rearranjar prioridades. Uma das suas piores consequências é a limitação do espaço para cortar despesas. É uma espécie de obrigação de gastar muito e mal.

    É inquestionável que as mãos amarradas de Lula 3 frente ao Congresso não guardam comparação com o Lula 1. A aproximação do presidente com o STF, em busca de um contrapeso aos dois primeiros-ministros do atual semipresidencialismo, indica que Lula compreendeu parte dessa profunda alteração da relação de poder entre Legislativo e Executivo.

    Obrigado pelas circunstâncias que não consegue alterar, Lula tem feito largo uso do instrumento político das emendas em votações no Congresso. Acaba aprofundando outro “vício” mais amplo na complicada governabilidade brasileira. Esse dinheiro é pulverizado em redutos eleitorais dos mais diversos – para falar apenas do lícito – sem critérios que obedeçam a prioridades de políticas públicas.

    O presidente é parte do conjunto de forças políticas sem apetite ou capacidade para enfrentar questões de fundo como o mínimo constitucional de saúde e educação, por exemplo. A briga por migalhas produz copioso noticiário político sobre “vitórias” e “derrotas”. Mas estamos perdendo todos.

  15. O governador Jorginho Melo, PL, já levou a politicalha para dentro da área de Segurança. Não aprendeu nada com os reveses. E quer dobrar a aposta. Devia ler este artigo. Ele tem números e apontam para a gestão de cada estado nesta estatística macabra.

    SEGURANÇA PÚBLICO TAMBÉM É ASSUNTO DA ECONOMIA, por Zeina Latif, no jornal O Globo

    Uma visão muito presente, e simplista, no discurso petista é a de que o aumento dos gastos públicos é a saída para o crescimento econômico. Prendem-se aos efeitos parciais e de curto prazo, como no crescimento recente do PIB, impactado pela expansão fiscal. Mas não consideram a dinâmica de médio/longo prazo da economia, quando o efeito da gastança sobre a inflação, os juros e a taxa de poupança do país — além da baixa qualidade do gasto público — machucam o crescimento.

    Enquanto isso, a insatisfação da sociedade está mais associada à baixa qualidade da ação estatal. A preocupação com a violência escalou, estando no topo das preocupações, segundo o Datafolha. O que o governo precisa é gastar melhor, o que envolve governança, gestão e reformas para reduzir a rigidez do orçamento, temas negligenciados.

    Pouco sabemos do quanto a criminalidade prejudica nossa economia. Talvez seja um dos principais fatores amarrando o potencial de crescimento do país. E o Brasil não está nada bem na foto. De 112 países pesquisados pelo Escritório das Nações Unidas para Crimes e Drogas em 2021, o país ocupava a 12ª posição no indicador taxa de homicídio. O Brasil assusta o estrangeiro, turistas e empresas.

    A atividade criminosa implica custos diretos e indiretos variados. Além do sacrifício social, como a piora da qualidade de vida e da coesão social, e do custo aos cofres públicos, como nos gastos com saúde e justiça, o crime funciona como um imposto sobre toda a economia: desencoraja o investimento, eleva o custo operacional das empresas e prejudica a alocação de recursos. Ao final, colhe-se menor produtividade e baixo crescimento.

    O crime organizado tem um impacto direto na organização do Estado e em sua capacidade regulatória. Pode-se citar decisões da Justiça que não são cumpridas, licitações públicas viciadas, serviços públicos explorados por organizações criminosas e ocupação e negociação ilegal de terras.

    Os jovens são os mais afetados, como infratores e como maiores vítimas. Em 2021, de cada cem jovens entre 15 e 29 anos que morreram, 49 sofreram violência letal. Dos quase 48 mil homicídios ocorridos, 50,6% vitimaram os jovens. O crime desencoraja o estudo e afeta a formação de mão de obra no país, algo ainda mais grave diante do fim do bônus demográfico.

    O quadro varia bastante entre os estados. A taxa de homicídio do Brasil em 2021 foi de 22,4 por 100 mil habitantes, sendo os dois extremos o Amapá (52,6) e São Paulo (6,6). E não é correto culpar a baixa renda, pois as pesquisas internacionais não corroboram essa hipótese, sendo baixa a correlação entre homicídios e PIB per capita no mundo.

    Essa foi uma importante contribuição do Nobel de Economia de 1992, Gary Becker, que apontou que os indivíduos se tornam criminosos quando os retornos do crime compensam, levando em consideração a probabilidade de punição.

    Vale citar que, no Brasil, apesar de a correlação (negativa) entre homicídios e PIB per capita não ser baixa, ela acaba capturando mais as diferenças entre estados ricos e pobres. Explico: quando se separam os dois grupos e se recalculam as correlações separadamente, elas praticamente desaparecem.

    Tem estado pobre, como o Piauí, com taxa de homicídio (23,2) comparável à de estado rico, como o Mato Grosso (24,8). Entre os mais ricos, São Paulo (6,6) apresenta números significativamente menores do que o Rio de Janeiro (26,8).

    A explicação está em boa medida associada às diferenças nas gestões estaduais da segurança, como ensina Leandro Piquet Carneiro. Caberia, pois, ao governo federal maior protagonismo na política de segurança, inclusive coordenando esforços dos estados. Isso sem perder de vista o papel da educação, sendo elevada a correlação (negativa) entre escolaridade e taxa de homicídio. Como apontado por Naercio Menezes Filho, a melhora da escolaridade reduz a criminalidade.

    Considerando os patamares atingidos e a inércia da atividade criminosa — o criminoso ganha experiência, há reincidência e jovens são recrutados por pessoas próximas —, a segurança pública deveria ser prioridade da classe política, incluindo os recursos de emendas parlamentares, que com frequência são mal alocados. Que o crime seja melhor e mais combatido, com menos brutalidade e mais inteligência.

    Precisamos evitar o ponto de não retorno na segurança pública.

  16. Bom dia.
    Em primeiro lugar, eu gostaria de agradecer pela sua coragem e resiliência. Manter a população gasparense atualizada sobre a vida política e social da nossa cidade é tarefa árdua.
    Sim, contestar as ações daqueles que se julgam acima do bem e do mal não é para os fracos. As formas de perseguição são variadas e sob encomenda dos de plantão.
    Mas nós chegamos ao final de 2023 com o sono tranquilo pq cruzamos os pântanos sem sujar os nossos pés de lama.
    A recompensa é a saúde da família e da alma 🙌

    Então desejo ao senhor e a sua família um Natal com muita saúde, união e paz.
    E que 2024 seja a redenção para todos aqueles que, independente de interesses pessoais ou partidários, lutaram pela manutenção dos direitos básicos dos seus CIDADÃOS.
    Fiquem com Deus 🙌🌈

  17. Aurelio Masrcos de Souza

    Bom dia Herculano e aos leitores.

    Ja é consenso que as Entidades só são lembradas e aclamadas, quando a situaçâo fugiu do controle do homem aqui na terra.
    Lendo sua coluna de hoje tenho plena conficção que o povo com medo e decepcionado, já estam buscando uma entidade.

    At. Aurelio Marcos de Souza.

  18. O APETITE DO PT E A DIETA DO CENTRÃO, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

    Custará caro ao governo a soma de constrangimentos políticos produzidos pela resolução do PT aprovada em recente encontro do diretório nacional do partido. Não satisfeita em despejar sua artilharia contra o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e pregar a gastança com fins eleitorais, a cúpula petista, encabeçada pela presidente da sigla, Gleisi Hoffmann, manteve em seu documento oficial uma dura queixa dirigida ao Centrão. Apesar dos clamores de algumas lideranças do PT no Congresso – temerosas, com razão, das fissuras abertas com o poderoso bloco liderado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PPAL) –, o texto pôs o dedo em riste para o que chamou de “forças conservadoras e fisiológicas do chamado Centrão”.

    Na expectativa de mudanças na equipe ministerial nos próximos meses, boa parte do cacicado petista pressiona o presidente Lula da Silva a frear o apetite do Centrão por mais postos na Esplanada dos Ministérios. Dispensável dizer que tais movimentos não seriam sustentados por Gleisi Hoffmann sem a anuência e a preferência do chefe – a começar porque a iniciativa partiu da ala da qual Lula faz parte e lidera, a Construindo um Novo Brasil (CNB). É também escolha conveniente: usar o partido para dizer aquilo que o presidente e seus articuladores políticos não podem dizer à luz do dia. Para Gleisi, um documento petista teria baixo efeito sobre os humores do Congresso. Engana-se. O estrago pode ser grande.

    À primeira vista, o argumento é considerável: o governo não pode ficar refém, cedendo cargos e aumentando as emendas parlamentares do Centrão, em troca de um apoio habitualmente instável. No entanto, conhecendo a cosmogonia petista, apetite se combate com apetite. Para o PT, nunca foi suficiente ocupar todos os Ministérios lotados no Palácio do Planalto (Casa Civil, Secretaria-Geral da Presidência, Secretaria de Relações Institucionais e Secretaria da Comunicação, além da Advocacia-Geral da União). Ou as pastas da Fazenda, Educação, Desenvolvimento Social, Trabalho e Desenvolvimento Agrário, quase todas meninas dos olhos da agenda do partido. O PT quer mais, seguindo sua gula habitual: aos amigos, tudo; ao restante da coalizão, as sobras.

    Convém reconhecer que o orçamento secreto, deformação das chamadas emendas de relator (que tinham objetivo meramente contábil), criou uma demanda dos parlamentares por liberações mais discricionárias e mais ágeis dos recursos. O orçamento secreto acabou, mas muitas de suas engrenagens se mantiveram. E a busca por recursos e cargos ficou mais exigente, amplificada pelo fato de que partidos médios e pequenos se uniram em grandes blocos, de modo a melhorar o acesso a recursos de poder. Com isso é muito menor a margem de manobra presidencial no manejo da coalizão do governo.

    O problema, e isso os petistas têm dificuldade de entender, é que a coalizão já enfrenta problemas que vão além do Orçamento. Em circunstâncias normais, Lula precisaria de MDB, União Brasil e PSD como fiadores da sua coalizão para levar o governo para o centro – e não para o Centrão. Mas nem o presidente acredita nessa ideia. Ao chegar ao Palácio do Planalto, Lula tinha dois caminhos a seguir: ser um governo petista ou da frente democrática. Disse que seria da frente democrática, mas no fundo governa como petista. E assim partido algum, sozinho ou junto com os demais, é capaz de dar todos os votos de que o governo precisa – nem mesmo quando estão em relativa paz interna. O Centrão sabe disso.

    Com fama de exibir atributos especiais como articulador político, o presidente terá de fazer escolhas. Diante de um Congresso indócil, e na ausência de grandes bancadas partidárias que garantam sustentação parlamentar, a cautela poderá ser a senhora do destino deste mandato. Por necessidade e pragmatismo, Lula precisa do Centrão. E goste-se ou não, na prática, o Centrão é formado por partidos que tanto asseguram a governabilidade e o funcionamento ao Congresso quanto impõem freios à radicalização do governo, à esquerda e à direita. Foi o que impediu, por exemplo, que o governo bolsonarista fosse 100% bolsonarista. E é o que impedirá que o governo petista seja 100% petista.

  19. PARA ONDE NOSSA GASPAR, DESEJA IR?, por Adilson Luiz Schmitt, médico-veterinário, ex-prefeito de Gaspar (2004/08), eleito pelo MDB, mas sem partido atualmente.

    Gaspar, Cidade Coração do Vale, pulsa cada dia mais forte. Forte no empreendedorismo, no crescimento sem grandes preocupações com o futuro, uso indevido do solo, sem respeito as normas gerais de organização legal de seu Plano Diretor, respeitando o Estatuto das Cidades.

    Mas os desrespeitos às lições históricas continuam desafiando as boas normas de exemplos clássicos de aproveitar os erros e acertos dos anos vividos como Norte.

    Hoje gostaria de expor e exemplificar inúmeras situações de mobilidade que ao longo dos anos já tivemos, temos e poderemos vir a ter. Desde o século dezenove com o estabelecimento das colônias de imigrantes usamos os recursos disponíveis. O Caudaloso Rio Itajaí Açú serviu de caminho para a ocupação do nosso Vale a partir de Itajaí, além das inúmeras enchentes que sempre são desafiadoras. Mas por limitações de navegabilidade houve necessidade dos desbravadores implantarem vias carroçáveis para permitir melhor agilidade e rapidez da ocupação. Já no século vinte tivemos a implantação da saudosa Estrada de Ferro Santa Catarina entre Itajaí e Barra do Trombudo, hoje Trombudo Central, no Alto Vale do Itajaí. Infelizmente o Brasil optou por centrar a sua mobilidade na indústria automobilista, resultando no abandono dos meios iniciais implantados. Gaspar, já se disse inúmeras vezes ocupa uma posição geográfica invejável. Rio a cortá-la, Estradas carroçáveis transformadas em opções para a nova modalidade de transporte, vide os exemplos da Rodovia Jorge Lacerda e Ivo Silveira, além de outras que nos unem as cidades deste Vale. Hoje vivemos a saga da implantação da BR 470 na sua já duplicação tão lenta e custosa.

    Vamos parar um pouco para refletir. Vamos olhar Gaspar num tempo em que Gaspar não dispunha de pontes para vencer a travessia no Rio Itajaí. de usarmos e compartilharmos a nossa histórica Rua Coronel Aristiliano Ramos, com todos para servir de passagem entre o Oeste e Leste de Santa Catarina. A transformação das Rodovias Ivo Silveira SC 108 e Jorge Lacerda SC 412, em pistas simples, mas asfaltadas e retificadas.

    Infelizmente ou felizmente as modificações tiveram e deveriam ter a opinião de seus representantes. A população deve ser sempre orientada a opinar nas vantagens e desvantagens de progressos oferecidos. Mas parece que a História não serve de balizamento para decisões necessárias e impactantes. Vamos abordar alguns.

    A implantação da famosa duplicação da BR-470 não está a merecer, exceção a algumas entidades de classe, dos devidos cuidados de planejamento. Não se vê uma discussão séria sobre a ocupação séria dos solos limítrofes, seu uso como atividades econômicas, ocupação por moradias e a própria mobilidade desta nova realidade a ser implantada. Não se vê um Plano de implantação de redes de águas pluviais e de esgoto, captação, tratamento e distribuição de águas para a nova realidade. Hoje, infelizmente só se aborda o tempo interminável da implantação e suas consequências.

    Outro exemplo atual é a discussão da mobilidade de Gaspar entre seus diversos Bairros, cidades do Vale e além de nosso Estado. Graças a visão de alguns Ex-Prefeitos, tivemos a ousadia de começar opções de liberação da referida Rua Coronel Aristiliano Ramos em etapas iniciadas nos longínquos anos setenta. Infelizmente, mais alguns cuidados, não foram tomados, há exceções, com o dimensionamento dos espaços necessários para implantar novos vetores de deslocamento. Hoje existe, graças a visão do Plano Diretor de 2006, feito a luz do Estatuto das Cidades, Lei Municipal 2.803 de 2006, projeto de construção de opções entre

    Bairros e cidades já referidos. O tempo está fluindo, graças a visão de alguns poucos cidadãos estamos vendo a necessidade de sempre iniciar sua consolidação. Mas, sempre o mas, não sensibilizou as autoridades de plantão escolhidas pelo voto e sua Assessoria continuam a pensar o hoje e desconsiderar o amanhã. Implantar um pequeno e caro trecho em solução de pista simples é no mínimo um desrespeito as boas e recomendáveis normas de Planejamento. Se hoje servirá o tempo dirá, mas certamente estamos determinando, com consequências danosas, o enorme custo de corrigirmos as necessidades do amanhã.

    Como uma necessidade puxa e mostra outras começamos a viver e escutar uma nova polemica, que certamente deverá ocupar o tempo de muitos, a chamada e oferecida duplicação da hoje pista simples da Rodovia Ivo Silveira SC 108 (Gaspar a Brusque). Gaspar tem que perder a mania teimosa e burra de querer pagar a conta no mínimo duas vezes. Se pagamos e honramos a carga tributária temos o dever e o direito de reivindicar que o Estado de SC e o governo federal façam e nos devolvam parte do que recolhemos.

    Volto a lembrar a história. Quando Gaspar soube conviver com as autoridades estaduais e federais tivemos ganhos consideráveis. Cito tão somente dois: Ponte Hercílio Deeke com a visão futurista do Prefeito Dorval, inaugurada em 19/06/1960 e a Ponte do Vale Prefeito Dorval Rodolfo Pamplona, inaugurada em dezembro de 2016, preparando Gaspar para usufruir das vantagens da duplicação da BR 470 tão esperada e difícil de termos a entrega definitiva.

    Exemplos teríamos aos montes. Mas alguns saltam aos olhos de todos e por teimosia e ou desconhecimento teimam em desafiar o bom Planejamento. Que São Pedro do alto da colina inspire e aconselhe os de plantão eleitos e pagos pelo Povo. Gaspar continuará com erros e acertos. O amanhã a nós pertence, basta querer e usar o bom senso e o passado histórico de realizações para seguirmos em frente. Os novos Agentes Públicos que serão eleitos, em 06/10/24, terão vida definida pelo mandato, o povo o poder de mudar pelo Voto. Em julho de 2021, tivemos a inauguração do Trecho 02 do Contorno Urbano de Gaspar, com 1 km de extensão, obra importante e necessária. Vai ajudar a melhorar em muito a Mobilidade Urbana de Gaspar e Região. Mas de novo fica um questionamento, uma obra estruturante desta importância, tendo sido implantada em uma Via com duas pistas (simples), a um custo de aproximadamente R$ 12.000.000,00. Não dá para acreditar, pois nos anos setenta o então Prefeito Osvaldo Schneider planejou e executou a atual Avenida das Comunidades, com duas Vias e quatro Pistas (dupla). Assim como podemos entender e aceitar que quase 50 anos depois os Agentes Públicos, insistem em pista simples, lembrando a tempo que os recursos para a execução da referida obra, são recursos do FINISA ou seja financiamento junto à Caixa Econômica Federal. Sem falar que a Ponte do Vale Prefeito Dorval Rodolfo Pamplona também tem duas Vias com quatro Pistas (dupla).

    Chega de Planejamento meia boca, interesses atendidos de alguns poucos protegidos e pensar numa Gaspar global, usando como exemplos os trabalhos coletivos das comunidades. Vamos pensar grande, olhar regionalmente, pensando numa Gaspar, Cidade de Futuro.

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