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O QUE ESTÁ MAIS DOENTE EM GASPAR? O SISTEMA DE SAÚDE PÚBLICO, OU OS POLÍTICOS EM BUSCA DE CULPADOS?

Um press release feito pela prefeitura de Gaspar para livrar a secretaria de Saúde de culpa e da má imagem que possui perante a população, fato que afeta diretamente a imagem do prefeito candidato Kleber Edson Wan Dall, MDB, revelou à gravidade de um problema antigo e que se esconde entre nós.

Numa população de menos de 73 mil habitantes, segundo as estimativas do IBGE, 25,6 mil pessoas, supostamente doentes, faltaram às consultas e exames médicos em apenas três meses. Impressionante? Eu não acho e explico o porquê.

O press release dá conta que este levantamento foi feito entre os meses de setembro do ano passado e fevereiro deste ano, e que ainda nem estava na metade do mês quando foram elaborada tais informações. Considerando que parte dos meses de dezembro e janeiro há férias na prefeitura, postinhos, policlínica, para muitos médicos e laboratórios, noves fora, sobram três meses de trabalho de segunda a sexta-feira e olha lá.

Feitas novas contas, com a pegadinha da prefeitura, estima-se que vão faltar no período de um ano às consultas e exames em Gaspar, em torno de 100 mil pessoas, ou seja, muito, mas muito mais do que a nossa própria população.

Retomo.

Só este dado de faltas de pacientes ao que foi agendado, por si só, é alarmante e em qualquer lugar sério. E por isso, ele seria motivo de estudo mais aprofundado para se conhecer as causas, comparação, solução, ou mitigação a favor dos doentes, dos mais pobres e dos mais vulneráveis para quem o Serviço Público de Saúde existe, apesar da sua universalidade.

Entretanto, nada!

A secretaria tocada por uma curiosa no assunto, especializada em motivação e recitais bíblicos, como registram as redes sociais, Silvania Jonoelo dos Santos, preferiu culpar os doentes e dar repercussão a esses números alarmantes na imprensa.

E a imprensa para não perder as migalhas das verbas públicas, só os republicou na desculpa do amarelo que dorme descoberto e não levou a debate um assunto tão relevante para a comunidade, porque se tivesse pesquisado e feita a discussão no âmbito técnico, teria se surpreendido. Explico mais adiante.

Uma leitora assídua deste espaço, Odete Fantoni, levantou a lebre: “PERGUNTAR NÃO OFENDE: SECRETÁRIA, SOBROU ALGUM ENFERMO NA FILA OU ELA ESTÁ ZERADA?”

Mas, é no site do jornal Cruzeiro do Vale, o que fez manchete e publicou o press release, onde pode estar a pista do problema que a prefeitura tenta esconder e onde também pode estar caminhos para a solução dele. Aliás, esse espanto não é de hoje, até porque isto já foi motivo de debate político – e não técnico – na Câmara e até, de comentários aqui daquilo que se debateu sem conhecimento do assunto.

Sim, sim, faltaram. Deve de ser eu fiquei esperando três meses, tive que ir atrás. Chegando no posto do Bairro Sete tinham perdido os papéis do médico, queriam que eu fosse consultar de novo. Isso sim é falta de respeito, falta de responsabilidade, muito falta“, escreveu indignada Alicéia Valter.

Se colocar os números de lado e que foram usados pela prefeitura propositadamente para alarmar, chamar a atenção e tirar dela a culpa, o absenteísmo entre nós é de 15,64% (percentual do press release) sobre aproximadamente 164 mil consultas ou exames.

É alto para os padrões de eficácia e retorno dos investimentos.

Entretanto, olhando-se os estudos disponíveis sobre o tema, é tido que o “absenteísmo em consulta ambulatorial é uma ocorrência comum no Brasil e em outros países, variando de 10% até 41,3% e 20% até 36,4%, respectivamente“. Basta dar um Google e se encontra vários deles. Não precisa ser um especialista no assunto. Outros, com conhecimento, metodologia e cientificidade, já fizeram para nós.

Ou seja, diante desses estudos com fundamentos científicos, Gaspar estaria dentro de uma “mediana aceitável”, mesmo que isso represente um repugnante desperdício do dinheiro público, ou seja, dos nossos escassos e pesados impostos.

As três perguntas básicas que devem ser feitas são: o que Gaspar está fazendo para diminuir este percentual, ou seja, quem ela está usando como benchmark para melhorar essa performance, qualidade, custo e retorno para seus administradores e os cidadãos? O por quê deste assunto chegar desta forma agora ao público? E por quê culpar o doente, o cidadão, a cidadã e não quem tem por obrigação dar solução para eles?

Uma das causas desse absenteísmo está na natureza de medo – inclusive o emocional – e sobrevivência do ser humano. Quando ele vai a um posto de Saúde acontecem duas coisas. A primeira delas ele espera lá para ser atendido, e a segunda, quando atendido, descobre que terá que fazer exames, para ser diagnosticado melhor – o que é correto – do mal que relata ter ou sentir.

E os exames demoram a serem feitos. São semanas e até meses de espera. E aí que tudo começa a ficar contra o sistema, contra o doente.

E por quê? Pois se ele seguir tudo à risca como quer o sistema – até por controle e equidade -, ao voltar com o exame ao posto, terá que marcar nova consulta, a qual demorará outra vez. E quando atendido, corre o sério risco de que seu problema ser para um especialista verificar. E aí se marca nova consulta e nova espera, a qual pode durar, acreditem, até anos.

Quem é que verdadeiramente doente, vai ficar numa fila para sofrer, piorar ou morrer numa agonia de semanas, meses e até anos? Eu não!

Então acontecem duas coisas certas: a primeira delas é que a aparente doença passa e ele se desinteressa pelo exame, ou a dor aperta, como relatei anteriormente, seu temor também, e o doente passa a mão no bolso, dos familiares, dos empréstimos, e vai fazer o exame de forma particular e de lá já leva a um médico, que receita o remédio, resolve o assunto, ou o encaminha com o problema para um solução mais adequada – e razoavelmente rápida para controlar ou salvá-lo do mal que o acomete.

Ou seja, quem está falhando é o Sistema Público de Saúde, não o paciente, mas quando o doente, tentando salvar a sua pele e vida não comparece, ou encurta o caminho por outras alternativas, ajuda o Sistema de Saúde Público a se tornar ainda mais lento, pois havia reserva de consulta, de exame no laboratório, ou um especialista para ele.

É o cachorro correndo atrás do próprio rabo. E não tem jeito naquilo que já está diagnosticado e que precisa de solução.

Encerrando. O sistema Público de Saúde falha no básico: a comunicação. Olhando os estudos científicos disponíveis, o absenteísmo é menor naqueles países, regiões ou municípios – inclusive no Brasil – onde há uma comunicação mais eficiente com o paciente.

É com a comunicação e interação – e hoje há ferramentas ágeis, de custos baixos e eficazes para isso – , que se descobre que o doente desistiu de ser tratado pelo Sistema Público de Saúde, ou porque ficou “bom”, ou porque preferiu não correr riscos de tanta espera e incertezas e foi atrás de alternativas mais rápidas para o seu problema.

E sabe onde muitos desses em Gaspar encurtam o caminho?

A noite ou finais de semana no Pronto Socorro do próprio Hospital, que é a marca da ineficiência deste problema crônico entre nós e um poço sem fundo que devora os recursos públicos dos pesados impostos de todos nós. Acorda, Gaspar!

TRAPICHE

Hoje tem espetáculo, sim senhor! Começou o circo da campanha política. E várias amostras aconteceram na sessão de terça-feira passada na volta da Câmara, depois de quase 60 dias parada, o chamado recesso legislativo. Já reportei aqui alguns casos, ontem. Vamos a outro.

“O senhor não faz nada por Gaspar. O senhor só quer o poder. O senhor nunca foi MDB. O senhor já foi PP e PT. E só saiu do PT porque queria a presidência do PT e não conseguiu”, desferiu da tribuna o vereador Dionísio Luiz Bertoldi, PT, contra Francisco Solano Anhaia, líder do MDB na Câmara, para rebater o ataque que Anhaia fez ao suplente de deputado e ex-prefeito Pedro Celso Zuchi, PT.

Entre outras, na condição de vítima e transferindo culpas, e ao mesmo tempo criando heróis como o atual prefeito e pré-candidato a deputado Kleber Edson Wan Dall, MDB, bem como defendendo o padrinho laico, pois Kleber é candidato de uma igreja – e não de todas – evangélica neopentecostal, Anhaia, acusou Zuchi de ter expulsado o ex-executivo da Bunge, Sérgio Roberto Waldrich, do Hospital de Gaspar.

Bem! Penso que há um certo exagero e tons de dramaticidade naquilo que acusou Anhaia contra Zuchi.

Mas, Waldrich, bem sucedido na vida profissional, não só foi avisado de que estava exposto e errando, como é culpado ao acreditar que o PT seria “amiguinho” dele por ter sido um benemérito bem intencionado para a cidade. O PT é ingrato neste quesito. É da sua natureza, não só aqui.

Waldrich errou ao entregar o Hospital refeito fisicamente, quase todo com verbas privadas, a maior parte vindo da Fundação Bunge, depois de anos fechado sob fortes desgastes dos políticos e da comunidade, para a reforma completa dele e que estava em frangalhos física, técnica e financeiramente. O fechamento se deu pelo Conselho. Não foi obra de nenhum político ou empresário.

Eu mesmo o avisei a Waldrich que seria uma temeridade entregar um hospital ao poder público e aos políticos sem as garantias mínimas de sustentabilidade econômicas, técnica e sem uma vocação. Entregava-se paredes, estruturas e NÃO a viabilidade dele. E escrevi isso.

E tenho guardado o que escrevi a Waldrich, na condição de vice-presidente daquela comissão de reconstrução. E é por isso, repito, que me recusei a ir a “festa” de abertura do Hospital, pois estava previsto de que tudo daria no que está exposto hoje. Para mim era um enterro anunciado. Bingo.

E não deu outra. Zuchi e o PT colocaram no saco o sacrifício de todos, viraram os donos da transformação. Mais do que isso, interviram no Hospital para buscar os “ladrões” que nunca apontaram e o Hospital, no ano passado, já sob Kleber, consumiu mais de R$35 milhões, mas sem a devida contrapartida mínima para a população. Está falido e ninguém sabe quem é o dono dele.

Adotado por políticos que “sabem o que fazem”, Waldrich – que tem origem no Distrito do Belchior – virou presidente de um Conselho Fake da Cidade para ajudar Kleber. Pior, não sendo um fiel da Assembleia Deus aceitou o papel de lançar Kleber candidato a deputado estadual, numa inauguração de obra cheia de problemas técnicos, em momento que virou um comício.

Ou seja, Waldrich, com a vida ganha e não precisando mais disso, está exposto mais uma vez e sendo usado pelos políticos. Não precisa estar na boca dos políticos, nem nas linhas deste blog.

Meme do suplente de deputado Pedro Celso Zuchi, PT, nas suas redes sociais: “pensando em projetos para beneficiar a agricultura catarinense”. Como é que é? Pensando? Já não deveria tê-los? Já não deveria tê-los apresentados e protocolados para tramitação e debates na Assembleia? Hum!

O MDB de Gaspar é simplesmente azarado, ou não está antenado, ou é dissimulado. Quando caravana dos três pré-candidatos a governador passou por aqui no ano passado, o prefeito de Jaraguá do Sul, Antídio Aleixo Lunelli, MDB, era o patinho feito do diretório. Ele apostava no senador Dário Berger, MDB.

Ontem, na reunião mensal adiada do partido de Gaspar, quem esteve nela? Antídio e passou a ser o queridinho, justamente quando o MDB estadual está queimando o pré-candidato depois que se ressuscitou marotamente uma história escabrosa do passado pessoal do prefeito de lá.

Quem tirou uma casquinha do suplente de deputado Pedro Celso Zuchi, PT, foi o deputado Ivan Naatz, PL, de Blumenau. Ele está se virando nos trinta para se reeleger e teve um mau sinal disso quando se candidatou no ano passado a prefeito de Blumenau.

“O deputado Celso Zuchi (PT) estreou com o pé esquerdo na Alesc. Como ex-prefeito de Gaspar deveria saber da importância que é a duplicação SC 108 para o desenvolvimento da Região Metropolitana. Se não quiser ajudar, não atrapalha”

Estranho é que Naatz “esqueceu” de dizer que o atual prefeito e pré-candidato a deputado Kleber Edson Wan Dall, MDB, tem a mesma posição do atraso de Zuchi – motivo do comentário de ontem – sobre o mesmo assunto. Estranho “esquecimento”.

Naatz tem razão de se preocupar. Os votos por aqui para ele e com dois candidatos de Gaspar, prometem escassear para ele. E pode piorar mais se, seu partido, à sua revelia dele, teimar em lançar um terceiro candidato para se posicionar contra o que está aí. Agora, no que tange à observação sobre a duplicação da Gaspar Brusque, Naatz está coberto de razão. Acorda, Gaspar!

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