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SEM ASSUNTO RELEVANTE, O “DELEGADO PREFEITO” PAULO FEZ DA TENTATIVA DE DEPREDAÇÃO DO EQUIPAMENTO DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA DO SAMAE EM GASPAR, ESPETÁCULO E MANCHETE ESTADUAL COMO SE FOSSE A MELHOR REALIZAÇÃO DO SEU GOVERNO ATÉ AQUI

Esta é a Gaspar que ainda não mudou e que maciçamente os eleitores e eleitoras pediram nas urnas em seis de outubro do ano passado para ser diferente. Muda, Gaspar! 

Enquanto na mesma semana em Blumenau o ex-subordinado de “delegado-prefeito” de Gaspar,  o prefeito de lá, delegado e ex-deputado estadual Egídio Maciel Ferrari, PL (que já atuou aqui como delegado), anunciava a compra do prédio da Unimed, na Ponta Aguda, para livrar o município de pesados alugueis – como possivelmente fará a Câmara de lá, Paulo Norberto Koerich, ainda vestido de delegado, denunciava à tentativa de vandalismo, bem no centro da cidade, por um grupo de jovens e adolescentes (de 13 a 20 anos) contra a única bomba de captação de água do Rio Itajaí Açú para a principal estação de tratamento de água da cidade e que fica aqui no Centro (a imagem é do press release da prefeitura de Gaspar).

Antes de ir adiante e no ambiente de comparações ou do “livre arbítrio”, a nova palavra do poder de plantão. 

Ao mesmo tempo em que fazia estardalhaço sobre a má conduta dos jovens em ambiente público, o “delegado prefeito” silenciava-se sobre o grave incidente acontecido na escola municipal Mário Pederneiras, na Lagoa, com crianças. Interessante. E mesmo assim, parte ponderável da cidade ficou sabendo do evento, com suas nuances e fantasias por falta de um relato oficial, via os aplicativos de mensagens. De quem? Dos próprios pais de alunos da escola. E por que? Por ordem do “delegado prefeito”, tudo foi para debaixo do tapete ao invés da transparência e de como isso, implicaria no aumento da segurança não só da segurança daquela escola interiorana, mas demais escolas, num processo preventivo, protetivo e de aprendizado.

Já sobre sair do aluguel, isto é um caso sério que ninguém por aqui quer tocar neste assunto. Há muitos interesses envolvidos.

A administração Kleber Edson Wan Dall, MDB, por exemplo, comprou da Furb, praticamente a vista, numa prefeitura com problemas de caixa, um milionário terreno que o próprio setor imobiliário dizia que não valia o que pagaram. Para que? Construir a prefeitura! Até agora, o atual mandatário que condenava o negócio, está obsequiosamente, silencioso

E na Câmara de vereadores? Há décadas, existe no Orçamento dela, uma rubrica fake para a “construção” da sua sede própria. Mas, quem tentou fazer isso, ou seja, construi-la, foi enterrado como político. Em Blumenau, os novos políticos de lá, também estão resolvendo este assunto e adaptando um prédio para ser a sede própria do Legislativo. Perceberam a diferença de discursos e atitudes entre os políticos vizinhos e os nossos? Eles são diferentes porque há mecanismos institucionais sobre eles. Simples assim!

“ESSES MOÇOS, POBRES MOÇOS/AH, SE SOUBESSEM O QUE EU SEI”

O intertítulo acima é cópia dos dois primeiros versos da canção do gaúcho Lupicínio Rodrigues sobre um amor frustrado. Nada a ver com a política, mas se encaixa naquilo que se esteve no nosso imaginário como um sonho de solução comunitária.

Não vou defender os juvenis que sempre foram assim como nós, meio rebeldes. É da natureza da experimentação, libertação e amadurecimento. Aconteceu comigo. Com o delegado. E quase todos vocês. São épocas. A impetuosidade se repete. Já a forma devido a multifatores ambientais são diferentes. 

Aliás, para tentar entendê-los – os jovens e adolescentes – nos dias de hoje, recomendo para quem possui acesso a Netflix, “Adolescência”. É curto. Quatro capítulos de mais ou menos uma hora cada um. Agora, uma pergunta que não quer calar: o que fazia essa gente as três horas da manhã. Onde estavam os pais? Mais, adiante chego neste ponto, pois não se trata de um caso de polícia como quer fazer crer falsamente o delegado a todos nós.

O que o “delegado prefeito” Paulo mostrou com a atitude reativa dele, repito, reativa, ao fazer um espetáculo midiático para dizer que está fazendo alguma coisa em Gaspar, lembrando que escondeu outro que daria tanta projeção quanto e ele sabia disso tanto que abortou?

Primeiro de que está sem assunto mais sério para mostrar à cidade, mas principalmente aos seus eleitores e eleitoras, os quais vão ficando desconfiados da sua capacidade de reverter o quadro caótico que ele diz – e até agora não provou -, que pegou de Kleber, e Marcelo de Souza Brick, ainda vagando no PP. Já registrei: o “delegado prefeito” sabia de tudo, ao menos nos discursos para não invocar as nossas conversas antes, lá na campanha. Então… 

Tanto que esta semana, depois de muito desgaste e de ser cobrado diante de tantas queixas, o “delegado prefeito” se dedicou a chamar ao seu gabinete lideranças, para se justificar, pedir apoio, pedir tempo e choramingar lágrimas de crocodilo. 

Sobre o que vai fazer para reverter, a maioria dos seus interlocutores saiu de lá todos frustrados e pior, sem peninha do queixoso. Afinal, quem queria ser prefeito foi ele. Quem disse que tinha condições de reverter o que reclama estar difícil de reverter, foi ele. Quem montou a equipe que o frusta neste intento de reversão, foi ele. Quem protege gente que clama por vingança usando o poder, sem estar nele, é ele. Nem mais. Nem menos.

Retomando.

Segundo. “O prefeito delegado” provou de que esta captação de água aqui no Centro continua mal protegida. Hoje foram vândalos. Mas, num futuro poderá haver até sabotagem diante de tanta vulnerabilidade que as imagens mostraram e que ilustraram o choramingo e a indigação do “delegado prefeito” no espetáculo mediático.

SEM FUTURO, AO QUE PARECE

Terceiro. De que não há contingências para o vandalismo, sabotagem e até mesmo as falhas eletro-mecânicas como já aconteceu no passado. Então o que mudou? 

E o “delegado prefeito” não aproveitou a oportunidade de ouro que se apresentou para, com os seus técnicos, “çábios”, bruxos e o próprio inerte Samae anunciar uma melhor proteção ao equipamento e livrá-la de fatos tão fortuitos. Aliás, Gaspar está praticamente dependente desta captação e tratamento de água desta estação para abastecer quase toda a cidade, inclusive a Margem Esquerda. O que se esconde de verdade? De que se está asfixiando à expansão imobiliária, logística e industrial. Os investidores estão cientes disso como um problema muito sério.

Resumindo: o que é o vandalismo de jovens e adolescentes diante dessa ameaça concreta de colapso dos que pensam em investir e ficar na cidade? E neste assunto, o “delegado prefeito” não deu uma só palavrinha.

Quarto. Na verdade, o “delegado prefeito” Paulo Norberto Koerich, PL, ensaiou uma justificativa, usando um caso isolado, sem potencial que alardeou, e do qual o poder público tem significativa parcela de culpa, para alimentar uma outra sua ideia, como policial que é: a de criar a cara e não prioritária “secretaria de segurança para Gaspar” na Reforma Administrativa, que a contratou para estudá-la, sem licitação por R$250 mil reais, e que ao invés de reduzir, vai aumentar o número de secretarias, bem como ampliar as despesas da máquina pública, exatamente, vejam só, de quem choraminga por aí dizendo estar sem caixa. Impressionante. Essa gente não prega prego sem estopa.

Então a manchete que armou não foi nada ingênua. Ingênuos são os que acreditam de que aqueles jovens e adolescentes são “elementos” perigosos para a cidade e precisam de uma correção exemplar. É só ver como e quando estão depredadas as praças e áreas de lazer por jovens e adultos e ninguém até agora foi identificado, malhado, mancheteado nas mídias e punido. Então…

COMO MITIGAR, CONSCIENTIZAR E INCLUIR OS JOVENS E ADOLESCENTES À CIDADANIA

Quinto. Por que aqueles jovens e adolescentes promoveram aquele vandalismo, sabendo ou não do resultado desastroso que poderiam ter causado à população e à cidade? E independente daquele equipamento estar ou não desprotegido? Porque os governantes de Gaspar até aqui não olharam para o verdadeiro problema. E parece que o novo governo do “delegado prefeito” caminha também para o mesmo defeito e destino, desde que se tenha mais polícia, prisão e punição.

Somos uma cidade dormitório. Somos uma cidade problemática e para quem acha que eu exagero, é só ficar um tempo no Conselho Tutelar e acompanhar os trabalhos tanto do Ministério Público como o da Vara que cuida da Infância, Juventude, Adolescência e Família, no Fórum da Comarca. É pauleira. Por detrás de uma cidade de luzes coloridas, há trevas. E das brabas.

Então há dois campos de atuação: um reativo, profilaxia e encaminhamento para recuperação que é a secretaria da Assistência Social, até então usada para cabides de empregos (seu custo é maior do que os programas que executa) e o outro, é mitigador, conscientizador e inclusivo: a educação e o esporte, que ocupam o tempo dos jovens, socializam eles e permite-se, ao mesmo tempo, que se detectem, mais fácil e prematuramente, com diversos vieses técnicos, os problemas de ordem sócio-emocionais, afetivos, inclusivos e familiares.

Na Educação é preciso os turnos integrais nas nossas escolas (e até creches). É preciso o contraturno. É preciso especialistas dentro das salas de aulas, é preciso rodas de conversas, para perceberem melhores os jovens e sua inserção familiar, social e comunitária. Eles são feitos der sonhos e frustações. É a nossa experiência revisitada. Agora, querem por a polícia para resolver os problemas de adolescentes e jovens, como regra, naquilo que deveria ser exceção? Ai, ai, ai

Neste ambiente, o governo do “delegado-prefeito” está bem cercado de uma profissional, Andreia Simone Zimmermann Nagel, PL, se não boicotá-la, como fez precocemente com Charles Roberto Petry, PL, na Fundação Municipal de Esportes e Lazer, que em menos de três meses, o titular pediu as contas por falta de recursos, muita fofoca e pressão para diminuí-lo na capacidade técnica que toda a cidade o reconhece. Trocaram um técnico por um boleiro e por influência daquilo que não vai levar o governo do “delegado prefeito” a lugar nenhum. Então…

Encerrando. 

Só um tempo maior dentro da escola, num ambiente sem ou com menores toxidades, com cuidados preventivos à sinais de desvios sócio-emocionais, atrelada à complementariedade com muita atividade esportiva, amadora e de formação – não a de alto rendimento, feita de estrangeiros a Gaspar e que comem significativa soma de recursos da formação de base e contraturno – é que se pode impedir, diminuir ou conscientizar jovens e adolescentes de que depredar o que não é deles, o que é público, de todos nós é algo que os destrói na perspectiva de que precisam estar inseridos em desafios.

O mundo de hoje é bem outro (ainda bem) dos tempos da minha adolescência ou juventude, bem como do “delegado prefeito” e principalmente dos que o rodeiam com ideias primitivas. Charles Darwin nos ensina: não serão os mais fortes que sobreviverão, mas os mais adaptáveis. O novo governo além de práticas antigas, acha que possui a capacidade de mudar o novo ambiente onde estes jovens estão inseridos. Incrível.

E por isso,  que os seus bruxos, “çábios”, a equipe de comunicação do “delegado prefeito” com a sua aprovação, preferiram o espetáculo, à exposição, a cortina de fumaça àquilo que prometeu fazer e ainda não fez para e pela cidade. Ela acha que colocando uma guarda armada, cara aos gasparenses que tem outras prioridades não satisfeitas, como a simples roçação das nossas vias e praças, ao redor do equipamento que se tentou vandalizar, vai resolver o problema. Muda, Gaspar!

TRAPICHE

Então fica combinado assim: o Anel de Contorno da Grande Florianópolis da BR-101, foi uma obra do governo Luiz Inácio Lula da Silva, PT, como quer o presidente da sigla em Santa Catarina e presidente do Sebrae, ex-prefeito de Blumenau e deputado Federal, Décio Nery de Lima, no teaser que está mandado ver na mídia, como se todos nós fôssemos beócios.

E os trouxas, que por quase duas décadas sustentaram esta obra com os pedágios recolhidos no trecho norte da rodovia duplicada BR-101, foram solenemente excluídos. É por isso, que a Pesquisa Quest sobre Luiz Inácio Lula da Silva, PT,  e o governo, foi um atestado de óbito.

Uma parte disso se deve a arrogância influenciadora de Rosângela da Silva e outra está intimamente ligada como o STF livrou Lula e os implicados na Lava Jato e como persegue os implicados na depredação do oito de janeiro.

O que impressiona mesmo? Que 62% dos brasileiros consultados na mesma pesquisa não quer Luiz Inácio Lula da Silva, PT como candidato. E uma outra expressiva massa de brasileiros, Jair Messias Bolsonaro, PL, como candidatos. Uau! Os daqui, estão avisados. O mundo, mudou. O Brasil, mudou. Gaspar, mudou.

Explica aí I . A leitora Odete Fantoni postou isto: “A diferença entre Brasília e o nosso quintal? O CEP. Na terça passada, os nobres representantes do POVO acharam por bem ARQUIVAR TODAS AS IRREGULARIDADES DO GUVERNO KREBIS. Segundo o “senso comum”, Kleber não é mais um “agente político” e a Câmara, segundo suas “atribuições” se limitam a cassação do mandato do chefe do executivo municipal. Como ele já não ocupa mais o cargo, se encerram as prerrogativas da Câmara de Vereadores de GAXXPÁ. Mas não foram essas mesmas DENÚNCIAS que fizeram ELEITOS os políticos daqui? Não foi esse o DISCURSO em cima dos palanques eleitorais? Será que para os representantes do POVO os REPRESENTADOS são só os BOBALHÕES que acreditaram NELES?

Explica aí II. E eu retruquei. Pois é… Não é a toa que a cidade começa a descobrir que as farinhas são do mesmo engenho que continua no mesmo lugar, com as mesmas práticas.

Explica aí III. E Odete Fantoni me respondeu: E tem gente que acha que eu exagero quando digo que Fernandinho Beira Mar só está na cadeia porque errou de facção. Tanto é verdade que, até ele já percebeu isso: no pleito passado ele patrocinou e elegeu sua filha vereadora no RJ.

Explica aí IV. Esta tortura que está na cabeça dos que eu converso. Eles não entendem como a polícia com tanta falação dos que estão hoje no poder de Gaspar não foi atrás das daquilo que dizia desconfiar, quando está coalhada de operações ao nosso redor, incluindo Blumenau. E quando chegou o momento da polícia que se elegeu para ser governo pegar o que ela dizia ser errado, não pode. Tecnicamente, pode estar certo, mas o povo não entende. Explica aí!

Cedo demais. Sentindo o calor do caldo, o poder de plantão em Gaspar está estimulando enquetes favoráveis em suas redes sociais amigas, e ai das que se atreverem saírem da linha. Correrão o alto risco de terem que passar na delegacia para dar explicações. Perguntar, não ofende: as enquetes das bolhas com resultados marcados servem mesmo pra quê?

Eu tenho uma lista infindável, como normal e até gera queixas, de comentários, para o TRAPICHE. Entretanto, como venho registrando, estou lidando com problemas familiares que estão tomando mais tempo do que o previsto. Por isso, o comentário de amanhã, antecipo, mais, uma vez, para hoje.

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12 comentários em “SEM ASSUNTO RELEVANTE, O “DELEGADO PREFEITO” PAULO FEZ DA TENTATIVA DE DEPREDAÇÃO DO EQUIPAMENTO DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA DO SAMAE EM GASPAR, ESPETÁCULO E MANCHETE ESTADUAL COMO SE FOSSE A MELHOR REALIZAÇÃO DO SEU GOVERNO ATÉ AQUI”

  1. Pingback: COM TRANSPARÊNCIA INCOMUM PARA POUCOS, O "DELEGADO PREFEITO" PAULO REVELA ALGO ASSUSTADOR: O HOSPITAL DE GASPAR ESTÁ NUM MATO SEM CACHORROS, COM ALTA DÍVIDA ACUMULADA POR ANOS AFIO DE ERROS, MÁ GESTÃO E FALTA DE DEBATE CLARO COM A SOCIEDADE

  2. O PESADELO DO BANCO MASTER, por Elio Gaspari nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo

    Depois da crise bancária do final do século passado, o Brasil pareceu ter dado um salto na direção da racionalidade do capitalismo financeiro. Pedro Malan, Gustavo Franco e Armínio Fraga arrumaram o Banco Central e, sob o comando de Fernando Henrique Cardoso, limparam boa parte do mercado. Foram à garra bancos de ex-ministros (Econômico e Bamerindus) e até mesmo o Nacional, pertencente à família da nora de FH.

    Em 1995 criou-se o Fundo Garantidor de Créditos (FGC), uma entidade privada que garantiria investimentos financeiros. Hoje, o FGC garante papéis até o valor de R$ 250 mil.

    Passou o tempo e o pesadelo voltou. Com jeito de quem não queria nada, anunciou-se numa sexta-feira que o Banco Regional de Brasília, BRB, instituição do governo do Distrito Federal, comprará por R$ 2 bilhões uma fatia do Master. O controlador do Master, Daniel Vorcaro, continuará na cadeira e presidirá o conselho de administração da nova instituição.

    Sabia-se há mais de um ano que o Master pagava comissões exorbitantes e oferecia remunerações muito superiores às do mercado. Como contrapartida, o Master patrocinava magníficos ágapes e recrutava conselheiros ilustres e “consultores estratégicos”.

    Os sinais de alerta acenderam-se durante o mandato de Roberto Campos Neto, mas os mecanismos deixados pela trinca Malan-Franco-Fraga estavam desligados e a encrenca acabou na mesa de Gabriel Galípolo.

    Restava a válvula do Fundo Garantidor. Se tudo desse errado, a conta do Master iria para a própria banca. Ilusão democrática. (Vale lembrar que esse fundo não é alimentado pelo patrimônio dos bancos privados. Seu ervanário vem de taxas cobradas aos clientes.)

    A astuciosa engenharia da entrada do BRB no tango tirará as contas do Master do colo do fundo dos banqueiros, levando-o para o colo da Viúva, já que ele é estatal. Triste sina a dos clientes dos bancos. Na ida, sustentam o Fundo Garantidor da banca, na volta, pagam seus impostos à Viúva e, se as contas do Master azedarem, pagarão de novo.

    As operações do esfuziante banco Master já azedaram em pelo menos duas ocasiões. No ano passado ele esteve perto de vender R$ 500 milhões de papéis para a Caixa Econômica. Dois diretores condenaram a operação e foram demitidos. Meses depois, caiu o padrinho do negócio. Quando a operação atolou, o Master levou-a para o fundo de pensão dos servidores do Rio.

    BANQUEIROS AUDACIOSOS GOSTAM DE PINDORAMA

    Banqueiro audacioso faz negócios arriscados. Nos Estados Unidos, Amadeo Giannini tinha um pequeno banco em abril de 1906, quando um terremoto destruiu parte de Los Angeles. Ele foi ao cofre, botou seu dinheiro em carretas e emprestou a quem precisasse. Ele contava que recebeu tudo de volta, mas em cima desse lance, Giannini criou o poderoso Bank of America.

    No Brasil, banqueiros audaciosos fazem negócios com amigos e vendem papéis ora à Viúva, ora a fundos de pensão. O Master parece ter inovado: se os negócios azedarem, a Boa Senhora fica com a conta. Parece maldição.

    Charles Ponzi, criador da célebre pirâmide dos anos 1920 nos Estados Unidos, foi apanhado e a Viúva tomou-lhe até a roupa do corpo. Ele passou 12 anos na cadeia, costurando cuecas. Solto, acabou em Pindorama, em 1939.

    Ponzi morreu aos 67 anos em 1949 num hospital público do Rio. Ele vivia no Engenho Novo, com uma aposentadoria de 700 dólares mensais do fundo de pensão dos comerciários, cerca de R$ 5 mil em dinheiro de hoje.

    Caberá ao Banco Central referendar a compra da fatia do Master pelo BRB. Numa primeira versão, ele teria um ano para decidir. Malan nasceu em Petrópolis e vive no Rio, Gustavo Franco e Armínio Fraga são cariocas. Como a velha guarda, inspiraram-se no enredo de um capitalismo financeiro, com um Banco Central musculoso. Desprezaram o verso do sambista:

    Sonho de rei, de pirata e jardineira

    Pra tudo se acabar na quarta-feira.

    PATRIOTADAS POLÍTICAS

    Sem conhecer os detalhes do tarifaço de Donald Trump, o Senado aprovou, por unanimidade, um projeto que dá ao governo meios para retaliar caso o Brasil seja afetado por medidas protecionistas de outros países.

    Na quarta-feira, Trump anunciou suas novas tarifas e, para o Brasil, o bárbaro chegou com uma intensidade menor que a esperada.

    Nelson Rodrigues avisou que toda unanimidade é burra. Em 1975, durante a ditadura, o Congresso brasileiro aprovou também por unanimidade o Acordo Nuclear assinado com a Alemanha. Ele previa a construção de oito usinas e uma inédita transferência de tecnologia. Deu em nada.

    PAIS E FILHOS

    Uma medida do tamanho do problema da segurança pública.

    Em novembro do ano passado o menino Ryan da Silva Andrade, de 4 anos, foi baleado e morreu durante uma operação da Polícia Militar em Santos. Meses antes seu pai havia sido um dos 56 mortos durante a Operação Verão, no litoral do estado.

    Na última terça-feira , o arquiteto Jefferson Dias Aguiar, de 43 anos, foi morto por um assaltante no Butantã, em São Paulo. Quando Jefferson tinha 7 anos, seu pai foi assassinado numa briga de bar.

    A ONIPOTÊNCIA DO MP

    Durante o apogeu da Lava-Jato, procuradores de Curitiba tiveram seus bons momentos de fama e onipotência. Deu no que deu.

    Em 2023, o promotor Walber Luís do Nascimento comparou a advogada Catharina Estrella a uma cadela durante uma sessão do Tribunal do Júri em Manaus.

    Nas suas palavras, explicando-se: “Eu disse que os cachorros eram fiéis, leais. E levando em consideração a lealdade, eu não poderia fazer essa comparação (da advogada) com uma cadela, porque senão estaria ofendendo a cadela.”

    A advogada moveu uma ação contra o doutor que, 16 dias depois, aposentou-se por tempo de serviço, com R$ 42,3 mil mensais.

    O juiz que presidiu a sessão foi censurado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), mas a ação da advogada Estrella está parada porque dez ilustres membros do Ministério Público declararam-se impedidos. Até aí, seria o jogo jogado, mas o pulo do gato está num detalhe: a denúncia pode prescrever neste ano.

    Pelo andar da carruagem, o promotor Walber Luís do Nascimento pode se safar, jogando na frigideira a imagem do Ministério Público, com a ajuda de colegas onipotentes.

    RECAÍDA DINÁSTICA

    A República tem mais de um século, e o Brasil teve uma recaída dinástica.

    De um lado, Eduardo Bolsonaro pode sair como candidato a presidente caso seu pai continue inelegível.

    Na outra ponta, a caminho do 80º aniversário e com a boca do jacaré aberta, Lula poderia desistir da disputa pela reeleição.

    Neste cenário, surgiu uma especulação delirante. Para ganhar perdendo, ele lança a candidatura de sua mulher.

    Coisa parecida, quem fez foi Juan Perón na Argentina de 1973. Ele ia mal de saúde e elegeu-se com Izabelita na vice. Morreu no ano seguinte e ela assumiu.

    Parece delírio, e é, mas Lula já está falando do peso da idade.

  3. EXEMPLOS DE BOA POLÍTICA, por Eliane Cantanhêde, no jornal O Estado de S. Paulo

    Enquanto Donald Trump desmorona o sistema internacional de comércio e implode os princípios e interesses mais basilares dos Estados Unidos, aqui no Brasil o Supremo mais uma vez preenche lacunas dos dois outros Poderes e o Congresso confirma que, apesar de todos os gritantes pesares, não ultrapassa limites em questões cruciais. Nos dois casos, por decisões solidamente debatidas.

    Ao aprovar a chamada “ADPF das favelas”, o STF modulou o voto do relator Edson Fachin e fez o que o seu ex-presidente Ricardo Lewandowski, agora ministro da Justiça, tenta e é barrado tanto por governadores de oposição quanto pelo presidente Lula e seus “personal influencers”: atribuiu à Polícia Federal investigações de crimes de repercussão interestadual e internacional cometidos no Rio.

    Fachin teve o mérito de dar um basta nos abusos de policiais do Rio nas comunidades, onde pretos e pobres são vítimas do crime e das próprias polícias. Seus colegas de toga, porém, concordaram com a crítica do “outro lado” de que ele, em nome dos sempre fundamentais direitos humanos e individuais, tirou instrumentos indispensáveis das forças de segurança.

    Assim, houve uma “intervenção” no seu parecer para prever, por exemplo, uso de helicópteros, flexibilização das restrições em perímetros de escolas, hospitais e creches, que poderiam se tornar bunkers de criminosos, e limites para comunicação prévia de operações a agentes da comunidade, reduzindo vazamentos. E a entrada da PF joga luzes sobre o pacote de Lewandowski – que, aliás, já vinha sendo desenhado por seu antecessor Flávio Dino – para a entrada de forças federais, à frente PF e PRF, no combate ao crime organizado, hoje nacional e transnacional, não mais estadual.

    Governadores de oposição atacam o pacote, alegando “ingerência política nos Estados”, e o próprio Lula é orientado a “não atrair para si” o maior problema do País, a violência e a infiltração do crime nas instituições. Erro grave dos dois lados. De Samira Bueno, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, à Rádio Eldorado: “Não é uma questão se o Lula vai abraçar ou não esse tema porque isso vai virar um problema para ele; já virou um problema”.

    E o Congresso, instituição mais mal avaliada nas pesquisas, deu dois exemplos de boa política: aprovou rapidamente e por unanimidade o projeto da Reciprocidade, dando instrumentos ao governo para negociar com os EUA, e empurrou com a barriga o de anistia para o 8/1 e, previamente, para Jair Bolsonaro. Não é a pauta da sociedade, do governo, do País. Ponto para Hugo Motta no seu primeiro desafio na presidência da Câmara.

  4. LULA É ISSO AÍ, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

    Convictos de que a comunicação vai redimir o governo do mau desempenho nas pesquisas de popularidade, o presidente Lula da Silva e seus exegetas recorreram nesta semana a uma patranha tipicamente lulopetista: a organização de um grande ato público, planejado sob o pretexto de “prestar contas” e celebrar bons resultados, mas convertido em peça marqueteira para difundir a ideia de que o governo é bem melhor do que aparenta. De quebra, atribuiu falhas a terceiros e tentou convencer o público de que, a despeito de sua impopularidade, o demiurgo petista é a melhor opção para conquistar o voto do eleitor em 2026. Foi essa a natureza do evento “Brasil dando a volta por cima”, realizado na quinta-feira passada no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília.

    O método é conhecido, mas ainda assim causa perplexidade a naturalidade com que a solenidade festiva, organizada pelo ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), Sidônio Palmeira, misturou atos de governo com a lógica de comitê eleitoral. Para tanto, recorreu-se a duas obsessões do lulopetismo: a comparação com o seu inimigo preferencial, o ex-presidente Jair Bolsonaro, e a convicção de que Lula reinventou o Brasil, reconstruindo o que o antecessor supostamente destruiu. Com a marotagem marqueteira, Sidônio Palmeira tenta também mostrar que a comunicação – durante muito tempo apontada como a principal responsável pela crescente impopularidade de Lula – enfim melhorou.

    Cumprindo o manual do novo ministro, Lula ampliou consideravelmente o número de aparições e discursos públicos; programas considerados estratégicos foram reafirmados e empacotados em peças publicitárias triunfantes; anúncios já feitos passaram a ser reeditados como novidade; por fim, diariamente difundem-se números e feitos como “marcas” da atual gestão – como se viu, por exemplo, na longa lista de realizações divulgada pela equipe de Sidônio Palmeira.

    Esse investimento pesado está baseado na presunção de que os eleitores até agora foram incapazes de perceber as inúmeras virtudes do governo Lula. A chegada à Secom do marqueteiro de Lula serviria, portanto, para mostrar essas virtudes aos desatentos brasileiros. Quase três meses depois, porém, a popularidade caiu ainda mais e se estabilizou em baixa – e, para infortúnio do presidente, sua impopularidade vem crescendo inclusive em regiões e faixas do eleitorado que até pouco tempo pareciam imunes à mediocridade do governo.

    Ao contrário do que pensam os petistas, contudo, a comunicação do governo está funcionando sim, e muito bem – e é exatamente por isso que a popularidade do presidente só faz cair. O eleitorado não é bobo e já entendeu perfeitamente que o governo petista só tem a mostrar as ideias e os projetos de 20 anos atrás. Basta ver os cidadãos escolhidos para falar no evento e mostrar como suas vidas foram transformadas pelo Bolsa Família e o Farmácia Popular, além de serem exibidas supostas façanhas de outras iniciativas que se tornaram célebres em gestões anteriores do PT. Eis aí o busílis: o terceiro mandato de Lula é uma soma rançosa de velhas soluções prescritas para novos problemas.

    Lula e o PT ainda acreditam numa gratidão popular que já não existe mais. Historicamente o voto econômico explicava a popularidade dos governantes. Benefícios sociais e maior renda se traduziam em apoio eleitoral. Mas a sociedade mudou e, com ela, a lógica política. Os eleitores de hoje são mais críticos e menos fiéis. Não só passaram a ver certos programas e benefícios como um direito básico, e não como um favor digno de retribuição, como também têm ambições e expectativas que exigem novas agendas. Não basta, portanto, reciclar ideias antigas e convencer os cidadãos de que há hoje melhores indicadores econômicos do que sob Bolsonaro. É preciso mais.

    A “volta por cima” pregada pela festa governista, portanto, não diz respeito a um recomeço que ilumina a expectativa para o futuro, mas tão somente revive o passado idealizado. A população percebe os “feitos” do terceiro mandato – e decididamente não gosta do que vê. Trata-se do mais grave tipo de frustração popular: aquela que é fruto da constatação de que o presidente e seu governo não têm muito mais a oferecer, porque Lula é isso aí.

  5. TRUMP CONTRA A GLOBALIZAÇÃO, por Carlos Alberto Sardenberg, no jornal O Globo

    Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), definiu assim a situação econômica após o tarifaço de Trump: “Altamente incerta”.

    As possíveis consequências da guerra tarifária confirmam. A coisa toda pode resultar em inflação nos Estados Unidos (e nos países que também elevarem suas tarifas) e desaceleração da economia americana e mundial, dada a queda inevitável no comércio global. Alguns analistas já falam em possível recessão. Daí a incerteza nas expectativas: inflação subindo exige que os bancos centrais aumentem ou mantenham taxas de juros elevadas. Se o problema principal for a recessão, a receita é invertida: juros para baixo. Que fazer se as duas coisas acontecerem juntas?

    O nome é estagflação — e não há remédio fácil à disposição. Por enquanto, esse cenário não é o mais provável. Mas Powell disse que o tarifaço pode gerar ao mesmo tempo inflação e desemprego.

    O risco não é apenas americano. Trump está dinamitando as estruturas econômicas e políticas que garantiram décadas de prosperidade global, com expressiva e inédita redução da pobreza. Claro que o mundo globalizado passou por crises, claro que alguns países tiveram desempenho melhor, claro que alguns ficaram para trás, mas o livre-comércio, com tarifas de importação negociadas e reduzidas, trouxe contínua prosperidade geral. É isso que Trump põe abaixo.

    Só podia partir de um líder que tem visão incrivelmente equivocada de seu país. Para Trump, os Estados Unidos passam por um desastre total, têm sido roubados por todos os outros e estão mais pobres. Os fatos mostram exatamente o contrário. Nas últimas décadas, os Estados Unidos foram, entre os mais ricos, o país que mais cresceu. Subiu o PIB, e subiu a renda per capita. Nasceram lá e lá continuam as empresas do século XXI, aquelas baseadas na tecnologia de alta performance: Apple, Meta, Amazon, Microsoft, Google e, mais recentemente, Nvidia, que produz chips para inteligência artificial.

    As ações de todas essas empresas despencaram depois do tarifaço anunciado por Trump. Justamente porque elas desenvolveram a integração do processo produtivo, dividindo as fases de produção por dezenas, centenas de países, ganhando eficiência nunca vista. O iPhone foi inventado nos Estados Unidos, continua sendo projetado por lá, mas é montado mundo afora, especialmente na China. Com Trump cobrando tarifa de importação de 65% de todo produto originário da China, ficará muito mais caro. Isso é inflação. Com o preço mais alto, certamente haverá menos consumidores em condição de pagar. Isso é desaceleração, desemprego.

    Mesmo a indústria automotiva, de séculos anteriores, está em perigo. Trump levou trabalhadores de Detroit ao anúncio do tarifaço. Garantiu que mais carros seriam fabricados nos Estados Unidos. Um dia depois, as ações da Ford despencaram. A Stellantis (Chrysler, Jeep e Ram) colocou trabalhadores americanos em licença. E parou a produção no Canadá e no México. Eis a confusão: a empresa produz peças nos Estados Unidos, enviadas ao Canadá e México, onde são montados os carros depois exportados para os Estados Unidos. Com tarifas na ida e na volta, como calcular os preços?

    Isso é prejuízo para as empresas.

    A bronca de Trump é com o enorme déficit comercial dos Estados Unidos. A lógica é rasteira: se os americanos compram mais produtos dos estrangeiros que os estrangeiros compram dos americanos, então os Estados Unidos são sendo roubados. Ora, se os americanos gastam mais, é porque poupam menos do que investem. Já são ricos para isso. Os produtos importados facilitam a manufatura local e melhoram a vida dos americanos.

    Sim, a globalização deixou muitos para trás, também nos Estados Unidos. A questão econômica e política destes tempos é como incluir essas pessoas e países. Trump quer quebrar o sistema achando que melhorará a vida dos americanos, danem-se os outros. Mas, por serem os maiores, os Estados Unidos são os que têm mais a perder.

    Por aqui, um ponto interessante. Todo mundo passou a se dizer contra o protecionismo, até Lula, agora o ex-campeão da proteção. Será?

  6. No Artigo de quinta-feira, SEM ASSUNTO RELEVANTE, O “DELEGADO PREFEITO” PAULO FEZ DA TENTATIVA DE DEPREDAÇÃO DO EQUIPAMENTO DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA DO SAMAE EM GASPAR, ESPETÁCULO E MANCHETE ESTADUAL COMO SE FOSSE A MELHOR REALIZAÇÃO DO SEU GOVERNO ATÉ AQUI, cito a mini-série “Adolescência”, como uma expiação ao que o “delegado prefeito” Paulo Norberto Koerich, PL, produziu como cortina de fumaça para atrair os moralistas, bolsonaristas e gente que nunca teve adolescência ao modo do tempo dela, e que agora, não se conforma com o que não consegue compreender. Este artigo abaixo é uma boa interpretação do tema.

    No caso de Gaspar não tem nada a ver com misoginia (aparente tema central da mini-série), mas com rebeldia que é desferida contra um bem comum, como, guardadas as proporções e intenções, são as manifestações de qualquer tipo, por grupos (MST, UNE, Centrais Sindicais, anti e pro aborto, contra aumentos de tarifas de ônibus ou como as invasões aos prédios públicos dos três poderes em Brasília, por exemplo) ou indivíduos.

    “ADOLESCÊNCIA” CRIA PÂNICO MORAL NOS PROGRESSISTAS, por Pablo Ortellado, no jornal O Globo

    A minissérie “Adolescência”, na Netflix, tornou-se um dos assuntos mais comentados nas últimas semanas. Ela conta a história (fictícia) da prisão de um menino inglês de 13 anos, acusado de assassinar uma colega, aparentemente movido por um impulso misógino. A trama investiga como a escola, a família e a cultura da internet podem ter colaborado para a tragédia.

    A minissérie não apenas emocionou espectadores — também disparou um alarme. Mas será que esse alarme está baseado em fatos ou é apenas um pânico moral, alimentado por setores progressistas da sociedade?

    Pânico moral é uma reação desproporcional a grupos sociais percebidos como ameaças graves aos valores e à ordem de uma sociedade. O conceito foi desenvolvido em 1972 pelo sociólogo Stanley Cohen para explicar a reação social aos confrontos violentos entre grupos juvenis — os mods e os rockers — nas cidades costeiras inglesas durante a Páscoa de 1964. Embora os incidentes tenham sido pontuais e de pequena escala, foram retratados pela imprensa como ameaças graves à ordem pública e aos valores morais da sociedade. Jornais sensacionalistas cobriram os confrontos com manchetes alarmistas e relatos distorcidos, gerando um clima de medo.

    Os grupos de jovens viraram inimigos públicos, que Cohen chamou de “demônios do povo”. Especialistas foram chamados a explicar o fenômeno da juventude desviante e autoridades foram pressionadas a agir. A reação das instituições, com prisões em massa e condenações exemplares, foi desproporcional à real gravidade dos fatos.

    Desde os anos 1970, o conceito de pânico moral tem sido mobilizado para explicar reações desproporcionais a grupos percebidos como ameaça à ordem social. Normalmente, esse sentimento é percebido por setores conservadores. Porém, desde que a polarização moralizou o debate político, a esquerda também produz pânico moral quando sente que certos grupos violam gravemente valores que lhe são caros.

    “Adolescência” provocou o que poderia ser descrito como pânico moral progressista. A reação à minissérie segue as etapas descritas pela literatura sobre o tema. Um episódio — no caso, fictício, mas considerado ilustrativo de uma realidade social — é percebido como grave ameaça a valores sociais, à igualdade entre homens e mulheres.

    Em seguida, a ameaça é amplificada pelos meios de comunicação, numa série interminável de debates que produzem “demônios do povo”, os adolescentes misóginos à espreita, nas famílias e nas escolas, para cometer feminicídios. Medo e ansiedade tomam conta da sociedade. Psicólogos, assistentes sociais e sociólogos são chamados a explicá-los. Em seguida, as autoridades são cobradas a apresentar soluções.

    Estamos mesmo diante de uma epidemia de misoginia adolescente? Não há evidência disso. A misoginia juvenil, no sentido estrito — aquela que se organiza em torno de comunidades como os “masculinistas” e os incels (“celibatários involuntários”) —, existe, mas permanece um nicho —pequeno, isolado, com alcance limitado. Não se trata de movimento de massa com potencial de transformar meninos em ameaças generalizadas à segurança das meninas nas escolas.

    É compreensível que pais, professores e autoridades se preocupem com manifestações de misoginia entre adolescentes — especialmente diante de casos reais de violência de gênero. No entanto a preocupação tem de ser ancorada em evidências, e a resposta precisa respeitar o princípio da proporção. É um erro grave tratar pequenos grupos misóginos juvenis como se fossem sinal de uma ameaça social iminente a exigir respostas drásticas — vigilância sistemática nas famílias, medidas punitivas nas escolas ou políticas públicas baseadas no medo.

    Esse tipo de reação desproporcional a ameaças percebidas não é novidade. Tivemos, no Brasil recente, um caso que ilustra os riscos concretos de agir com base no medo. Em abril de 2023, o Brasil mergulhou em pânico moral quando ataques a escolas no começo daquele ano mobilizaram a opinião pública e o Estado de forma desproporcional.

    Nas duas décadas anteriores a 2023, havíamos registrado 36 ataques a escolas — número que, embora preocupante, não justificava a histeria coletiva. Para “prevenir novos ataques”, legitimados pelo medo social, o país deteve em poucos meses mais de 1.600 crianças ou adolescentes e prendeu cerca de 400 jovens. O saldo não foi uma sociedade mais segura, mas sim um sistema educativo traumatizado, jovens criminalizados preventivamente e famílias destruídas pela suspeita. Faremos o mesmo com nossos filhos que se tornaram agora suspeitos de misoginia?

  7. CHORA POR ÚLTIMO, por Demétrio Magnoli, no jornal Folha de S. Paulo

    Big Bang: no “Dia da Libertação” de Trump, os EUA saltaram da condição de economia mais aberta à de uma das mais protegidas do planeta. À nova tarifa universal de 10% somam-se “tarifas recíprocas” definidas por critérios mercantilistas contra seis dezenas de parceiros comerciais. É uma “bomba nuclear no sistema global de comércio”, na definição de Ken Roggoff, ex-FMI.

    No mundo real, baseado na regra de “nação mais favorecida” estabelecida pelo GATT em 1947, cada país fixa tarifas universais por grupos de produtos (as exceções positivas são os acordos de comércio e as negativas, os regimes de sanções comerciais). Contudo, no universo paralelo trumpiano, expresso numa tabelinha de percentuais emanada da Casa Branca, existiriam tarifas aplicadas por cada país “sobre os EUA”. As tais “tarifas recíprocas” são a réplica de Trump não a barreiras tarifárias mas a superávits comerciais de seus parceiros.

    Na prática, em gesto de supremo desprezo ao multilateralismo, os EUA criaram um sistema universal de sanções. China, 54%; União Europeia, 20%; Japão, 24%; Coreia do Sul, 25%; Índia, 26%; Vietnã, 46%; e Taiwan, 32%, são os grandes parceiros mais penalizados. Trump promete, ainda, dobrar a dose tarifária sobre países que ousarem retaliar. Na sua mente, só os EUA, maior importador global, possuem um arsenal devastador numa guerra comercial total.

    De fato, quem chora primeiro são os outros. Canadá e México, que dirigem mais de 75% de suas exportações aos EUA, escaparam das “tarifas recíprocas” mas seguem na alça de mira de tributações especiais sobre automóveis, aço e alumínio. Os EUA são o destino de mais de 15% das exportações chinesas, japonesas, indianas e sul-coreanas e de quase 30% das vietnamitas. As economias asiáticas experimentarão graves hemorragias. A exceção parcial é a União Europeia, maior bloco comercial do planeta, cujo vasto mercado interior propicia o exercício seguro do esporte da retaliação.

    Contudo, quem chora por último são os EUA. Trump enxerga o imenso déficit comercial americano como sinal de fraqueza e prova de que o resto do mundo extorque seu país. A verdade é o oposto dessa crendice mercantilista: o déficit externo, financiado sem dificuldades pela nação que emite a “moeda mundial”, reflete a riqueza da sociedade americana.

    Trump imagina que as tarifas são ferramentas para equilibrar a balança comercial e atrair investimentos capazes de promover uma extensiva reindustrialização dos EUA. Na prática, a muralha tarifária elevará os preços internos, reduzindo o poder de compra dos consumidores americanos e o potencial de crescimento da economia. Além disso, devido a custos de produção maiores e ao efeito de retaliações tarifárias, reduzirá as exportações e, portanto, não eliminará o déficit comercial.

    Os principais sistemas de alianças geopolíticas dos EUA (Otan, Japão, Coreia do Sul, Austrália, Taiwan e, mais recentemente, Índia) são lastreados por intensos intercâmbios de bens, serviços, capitais e tecnologia. China excluída, a guerra tarifária trumpiana representa uma agressão americana contra seus aliados estratégicos. Seu custo estrutural estende-se muito além da esfera econômica: Trump esfarela os pilares sobre os quais se ergue o chamado Ocidente. Xi Jinping e Vladimir Putin riem por último.

  8. Parece Gaspar. O “novo governo” eleito para fazer diferente. Está chorando. E reclama do passado. Mas, quem trouxe para mudar? Os que fizeram tudo errado no passado, como ele próprio classifica. Se não produziram resultados, por que estão no “novo” governo e dando as tintas. Muda, Gaspar!

    ARROGÂNCIA E TEIMOSIA NÃO VIRAM VOTOS, por Vera Magalhães, no jornal O Globo

    O evento de balanço dos dois anos de Lula 3 já estava marcado quando, na véspera, a mais recente rodada da pesquisa Genial/Quest mostrou uma terra arrasada para o presidente. Mas não é possível dissociar a decisão de reembalar o que foi feito desde 2023 da tentativa de convencer o eleitor de que ele está muito enganado quando avalia negativamente o governo. O risco é não convencer ninguém e ainda soar teimoso ou arrogante.

    Quando 80% dos entrevistados em todo o país dizem que Lula precisa fazer diferente do que vem fazendo, o mais prudente parece ser ouvir e entender, e não dizer que o problema é de comunicação — que há algo de maravilhoso que ninguém consegue entender ou valorizar como deveria.

    Basta lembrar que Lula já atingiu níveis de aprovação a seu trabalho superiores a 80%, e isso resultou na eleição de uma completa desconhecida do eleitor, Dilma Rousseff. Pesquisas são precisas em captar se uma gestão funciona, agrada ou entrega o que se espera naquele momento.

    Não necessariamente o que funcionou lá em 2006 ou 2010 é o que os brasileiros esperam em 2025, e é a falta dessa compreensão que tem feito o governo andar em círculos ou para trás, pelo menos desde o começo do ano passado.

    Um petista muito próximo a Lula desafia o coro dos contentes em caráter reservado ao advertir que não só o presidente não conseguiu furar a polarização — ser aceito por quem votou em Jair Bolsonaro em 2022 —, como agora enfrenta uma fissura em sua própria bolha, do eleitorado que é lulopetista há muito tempo.

    O evento de ontem pouco trouxe de respostas a esse público que, segundo a análise dos aliados, está furioso com a inflação, receoso de medidas como a desmentida taxação do Pix (desconfiado) e ressentido de outras como a real taxação do comércio eletrônico de produtos chineses, popularmente associado às blusinhas.

    O que está à mesa para falar ao bolso desse eleitor que está entre desconfiado, desesperançado e muito pistola só surtirá efeito a longo prazo, talvez tarde demais para resolver uma eleição que vai se configurando cada vez mais apertada.

    Ministros palacianos ainda acreditam que, de posse de mais informações sobre o que já foi feito, os eleitores darão valor ao terceiro mandato de Lula. Também se fiam noutra máxima que já foi verdade absoluta, mas hoje está em xeque: a vantagem do incumbente em eleições.

    Estão aí as eleições recentes aqui mesmo, no Brasil, mas também em países como Argentina e Estados Unidos para mostrar que ser incumbente parece hoje ser uma espécie de ônus, dada a dificuldade crescente de apresentar respostas satisfatórias a problemas econômicos, sociais e culturais no curto espaço de um mandato.

    A segunda parte da pesquisa Quaest, mostrando que Lula ainda vence os candidatos a herdeiros do bolsonarismo, pode até parecer uma boa notícia para o presidente, mas só se todo mundo quiser bancar a Poliana. Isso porque essa vantagem vem declinando, e Bolsonaro empata tecnicamente com o petista mesmo vivendo seu pior momento, já inelegível, réu e com uma provável condenação criminal no horizonte. Além disso, os postulantes a seu espólio ainda são largamente desconhecidos no território nacional.

    Dourar a pílula e insistir que o problema de avaliação de Lula decorre ou de falha de comunicação ou de incompreensão profunda do eleitor é culpar o mensageiro ou o receptor por falhas do emissor.

    Um dado deveria ser objeto de profunda autoanálise de Lula e de uma mudança para além da espuma de marketing: 50% acham que, quando o presidente vem a público e fala, as coisas pioram, em vez de melhorar. Para quem já foi chamado de “o cara” e já parou estádios para se fazer ouvir, é preciso uma avaliação realista e humilde do que está errado, e não só colocar um laçarote no que foi entregue e não agradou.

  9. Parece Gaspar. Aqui o marqueteiro é um time de bruxaria e a delegacia para os que teimam em dizer que nada está mudando.

    ATO EXPÕE LULA PERDIDO ANTE IMPOPULARIDADE, por Raphael Di Cunto, no jornal Folha de S. Paulo

    Quando você coloca o marqueteiro da eleição como o responsável pela comunicação do governo, o que acontece? O governo vive em constante campanha eleitoral.

    O presidente Lula alugou o maior auditório de Brasília nesta quinta-feira (3), instalou um enorme telão no palco e reuniu congressistas, militantes, servidores e todos os seus ministros para um “grande evento”: assistir às novas propagandas que serão lançadas para divulgar os feitos do seu terceiro mandato.

    Fosse um balanço de dois anos, estaria atrasado. Sendo a tentativa de retomada da popularidade do presidente, a “grande virada rumo à reeleição”, falhou. No máximo, serviu para que os ministros saibam o que os colegas estão fazendo.

    A aprovação do presidente despencou desde dezembro. Há inúmeras suspeitas sobre os motivos (influência dos algoritmos das redes sociais), alguns diagnósticos (inflação alta e percepção de que o governo se empenha mais em taxar as pessoas do que em cortar despesas) e muitas teses (comunicação ruim, falta de iniciativa do presidente, mudança cultural).

    O evento apresentou poucas soluções para atacar essas causas. Não bastasse o problema no áudio que estragou a sessão de cinema governamental, faltou conteúdo capaz de deixar uma marca, uma novidade a atrair a atenção do eleitor que hoje se entedia com vídeos de mais de 15 segundos.

    A cerimônia, com ações reempacotadas, teve ares de propaganda eleitoral ao vivo. Beneficiários de programas sociais foram entrevistados no palco e vídeos destacaram o papel do agro, das famílias e dos autônomos, além de comparações diretas com o governo Bolsonaro.

    A ideia de mostrar que Lula “reconstruiu a casa em ruínas” e que o eleitor terá mais benefícios ao mantê-lo como inquilino do Palácio do Planalto que se o antecessor voltar a morar lá falha no formato engessado, que não furará a cada vez mais reduzida bolha simpatizante ao petista, e ao mirar Bolsonaro como o adversário, quando tudo aponta que não será ele o real candidato.

  10. AS EMENDAS PIX TÊM DE ACABAR, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

    O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino tem se destacado por seu esforço para moralizar o dispêndio de bilhões de reais em recursos públicos por meio de emendas parlamentares – uma batalha que muitos antes de sua chegada ao STF julgaram estar perdida. Desde que assumiu a relatoria de ações em trâmite no Supremo que questionam a falta de transparência na indicação e no gasto dessas emendas, Dino tem sido tratado como um desafeto por alas do Congresso Nacional dispostas a tudo para manter o controle sobre cerca de R$ 60 bilhões do Orçamento da União apenas em 2025 ao abrigo de qualquer escrutínio.

    Na terça-feira passada o ministro, corretamente, aumentou um tanto mais o grau de irritação dos cupins da República, tanto com o STF como com ele, em particular. Dino determinou que, no prazo de 90 dias a contar do início de abril, Estados e municípios que receberam recursos públicos por meio de “transferências especiais”, as famigeradas emendas Pix, prestem contas de como gastaram um montante de bilhões de reais entre 2020 e 2023 sob essa rubrica orçamentária. As informações – relativas a nada menos que 6.247 planos de trabalho pendentes de envio, fruto de um acordo institucional que envolveu os Três Poderes – deverão ser prestadas a cada um dos ministérios que autorizaram os repasses aos entes federativos.

    Transcorrido esse novo prazo, ninguém poderá dizer que Dino não tenha sido razoável nem dado tempo suficiente para que patronos e beneficiários das emendas Pix organizassem a documentação necessária à comprovação do uso lícito desses recursos. Quem não cometeu irregularidade ou crimes – comuns ou eleitorais – na execução dessa dinheirama, em tese, não deve ter dificuldade para apresentar suas prestações de contas até o início de julho, como determinou o ministro. Quem não tem como explicar o destino que deu aos recursos públicos que recebeu, que arque com as consequências políticas e, sobretudo, judiciais de sua displicência, para dizer o mínimo.

    Com razão, Dino salientou que, malgrado todas as tentativas de conformar a disposição das emendas parlamentares com os princípios mais elementares da Constituição, o Congresso continua recalcitrante em cumprir “deveres básicos” para garantir transparência e rastreabilidade dos recursos públicos envolvidos. Ademais, o ministro comunicou que o eventual desrespeito ao novo prazo concedido por ele “implicará a configuração de impedimento de ordem técnica para execução de emendas parlamentares, sem prejuízo da necessária apuração da responsabilidade dos agentes omissos”. Ou seja, há um novo bloqueio de emendas à vista – e, consequentemente, uma nova frente de batalha entre Legislativo e Judiciário, com efeitos políticos evidentes sobre os rumos do Executivo e, principalmente, da agenda do País.

    É quase certo que o prazo não será cumprido. E, se for, é muito improvável que as prestações de conta cheguem aos ministérios com um nível de qualidade técnica que, de fato, dê ensejo a uma avaliação criteriosa sobre o destino que foi dado às emendas Pix entre 2020 e 2023. São duas as razões que nos levam a essa conclusão. Em primeiro lugar, está-se falando de emendas Pix que foram destinadas aos Estados e municípios há quase cinco anos, em alguns casos. Não será surpresa se os dados – supondo que eles existiram – tiverem sido perdidos no período. Ademais, houve mudança nos governos subnacionais de 2020 para cá, o que seguramente será apontado por muitos dos “devedores” dos tais planos de trabalho como pendências de seus antecessores impossíveis de serem sanadas agora – um comportamento de gestor público típico do Brasil.

    Em segundo lugar, o que Dino chamou de “desorganização institucional” é a razão de existir das emendas Pix. Fossem rastreáveis, as “transferências especiais”, de livre disposição pelos governos estaduais e municipais e supostamente voltadas ao atendimento de projetos “urgentes”, não despertariam tamanha volúpia entre seus defensores. É ocioso, portanto, esperar transparência nesse tipo de emenda. As emendas Pix simplesmente têm de acabar.

  11. A CORUJA, O LEÃO E AS HIENAS: LIÇÕES SOBRE O PODER, por Aurélio Marcos de Souza, advogado, ex-procurador geral do município de Gaspar (2005/08), e graduado em Gestão Publica, pela Udesc. Extraído das redes sociais do autor.

    No alto de uma acácia solitária, onde o vento sussurra histórias antigas, observo o mundo lá embaixo. Vejo o leão patrulhando suas terras, confiante em sua força. Vejo as hienas à espreita, rindo na escuridão, esperando o momento certo para atacar. E vejo, acima de tudo, o ciclo eterno do poder, onde nenhum domínio dura para sempre.

    O MITO DA SUPREMACIA
    O leão se julga invencível. Com sua juba dourada e seu rugido retumbante, acredita ser dono da savana. Mas do alto, eu enxergo algo que ele não vê: a paciência das hienas. Elas nunca enfrentam sozinhas, nunca atacam sem propósito. Isoladas, são cautelosas. Unidas, desafiam até o rei.

    Entre os humanos, o mesmo se repete. Governantes acreditam que seu poder é inabalável, magnatas julgam seus impérios eternos, generais confiam cegamente em seus exércitos. Mas o tempo, esse caçador silencioso, sempre prova o contrário. Os grandes reis caem quando os pequenos se organizam. Os poderosos sucumbem quando os desprezados se unem.

    A FORÇA DA UNIÃO
    Os fracos raramente são tão fracos quanto parecem. O leão pode vencer uma hiena, pode vencer duas… mas quando a alcateia inteira avança, a balança do poder se inverte.

    Na política, pequenos protestos podem parecer insignificantes, mas quando se transformam em multidões organizadas, derrubam impérios. Nos negócios, empresas gigantes desprezam concorrentes menores, até que eles se unem e rompem seu domínio. Nas guerras, exércitos poderosos subestimam adversários, apenas para serem vencidos por táticas que não compreenderam.

    A LIÇÃO DO PODER
    Todas as noites, enquanto observo o mundo da copa da minha acácia, vejo a mesma história se repetir. O leão, confiante demais, ignora os sinais da ameaça. As hienas, pacientes, aguardam. E quando ele percebe o perigo, muitas vezes já é tarde demais.

    O maior erro dos poderosos é acreditar que a força basta. Mas força sem vigilância é fraqueza. Nenhum trono está seguro quando as hienas da insatisfação começam a se organizar. “Nenhuma coroa pesa mais do que o peso da arrogância”.

    E assim, eu continuo observando. Porque na dança do poder, o rei que não aprende a ver além de si mesmo está sempre a um passo de se tornar presa.

    Este texto não é apenas uma fábula sobre a natureza selvagem. É uma reflexão sobre o cotidiano, sobre o jogo de forças que acontece em todos os lugares – na política, nos negócios, nas relações humanas. “POIS, NO FIM, A SAVANA E O MUNDO DOS HOMENS NÃO SÃO TÃO DIFERENTES ASSIM.”

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