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“ELES AINDA PENSAM QUE ESTÃO NUMA DELEGACIA DE POLÍCIA” RECLAMA DIONÍSIO AO SER SUPREENDIDO PELA REJEIÇÃO DO SEU PROJETO. ORA, SE TODOS QUEREM O PLANTÃO DAS CRECHES EM GASPAR, POR QUÊ O GOVERNO DE PAULO E RODRIGO APOSTOU NO DESGASTE E PERDEU POLITICAMENTE UMA PARADA SIMPLES NOS VOTOS? VEJA O JOGO DOS SETE ERROS

Primeiro. Não há santos nesta história que tomou quase 30 minutos da sessão de terça-feira passada da Câmara de Vereadores de Gaspar. 

Segundo. Há aprendizes de espertos e que se deram mal; há mentiras; dissimulações e verdades cruéis.

Terceiro. Há gente que entende do riscado e que mandou recados claros ao governo do “delegado prefeito” Paulo Norberto Koerich e do engenheiro Rodrigo Boeing Althoff, ambos do PL.

Quarto. Há teimosos que estão com a razão, mesmo estando com a razão, ainda não sabem que estão num ambiente político feito de jogos de cena e que eles aceitaram participar e não possuem qualquer chance de mudar o que está aí. Levaram um banho de malandragem política. Estão no baile vestidas de freiras.

Quinto. E há gente incapaz de cumprir a palavra empenhada, isto sim em política é um problema sério. Se não pode honrá-la, não finja, não a empenhe. Falsear tem preço. E cada vez, mais alto. Para quem vem do meio policial, sabe que isso se chama código de conduta. E é isto que vale no mundo paralelo. Se até eles, horam a palavra empenhada, qual a razão para os políticos não fazerem o mesmo?

Por fim. No fundo, quem manda na política de Gaspar há décadas – e alguns deles ajudaram na vitória, ou até estão no governo de Paulo e Rodrigo -, também mandou um recado aos neófitos eleitos: na Câmara, se não houver dissidência entre os do próprio governo, Paulo e Rodrigo só tem CINCO votos. E o que valem nas decisões na Câmara? É de quem possui mais votos. Por enquanto, o governo de Paulo e Rodrigo não os têm. Simples assim!

Nesta quarta-feira de cinzas haverá depois deste feriadão na prefeitura e na Câmara, mais uma sessão e com pauta conhecida. Espera-se que se tenha feito o enterro da presepada, mas sem cinzas. Sem o de cujos presente para lembrá-los de que tudo é real, nada avançará.

FALTAM VOTOS. PAULO E RODRIGO SÃO DEPENDENTES DE ACORDOS. NÃO ADIANTA DISTORCER E AMEAÇAR. ISTO SÓ VAI PIORAR.

A líder do governo do “delegado prefeito”, a policial civil Alyne Karla Serafim Nicoletti, PL, pode até estar certa no que diz e quer, todavia, ela sabe, mais que qualquer outro, que o governo de Paulo e Rodrigo não possui votos na Câmara para cantar de galo como ela e os seus querem.

E se isso não fosse pouco, ainda estão vendo fantasmas, ou seja, não saíram da função policial. Promete por si e terceiros, intimidar os que não querem se alinharem incondicionalmente com eles. Além da falta de transparência prometida e que não chegou ainda ao governo, falta-lhes votos na Câmara. Então é preciso, antes de tudo, reconhecer, humildemente, de que estão em posição desvantajosa. Isto exige paciência, inteligência, diálogo, trocas e acordos. Nem mais, nem menos.

Alyne, às vezes, no radicalismo – ou na utopia (?) – lembra o ex-líder do governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, o ex-vereador Francisco Solano Anhaia, MDB. Aquele radicalismo de Anhaia só era possível naqueles dias porque o governo de Kleber tinha votos para fazer barba, cabelo, bigode, sovaco e espetáculo naquilo que deitava e rolava na Câmara, pois tinha no cabresto, ou unida por acordos, espaços e palavras, a tal Bancada do Amém (MDB, PP, PSD, PDT e PSDB com onze dos três vereadores). Antes porém, teve uma dura lição no primeiro ano do primeiro mandato. Arrogante teve que descer do pedestal.

O governo de Paulo e Rodrigo, só possui cinco (PL e União Brasil) dos 13 votos na Câmara. Precisa de sete para matérias simples, e dez para matérias qualificadas.

E quem construiu esta perigosa minoria e deixou ele refém das ondas políticas? Foi o próprio governo. Não foi a oposição – se bem que ela torceu e até “ajudou” na emboscada. E o campeão de votos Alexsandro Burnier, PL, na sede de poder, se tornou presidente da Casa no primeiro ano do seu segundo mandato. Qual a consequência direta disso? O governo de Paulo e Rodrigo se tornaram, automaticamente, reféns desses sete votos oposicionistas (MDB, PSD, PP e PT).

Foi o PL de Bernardo Leonardo Spengler Filho, parte do PP que está no governo exatamente para deixar o governo mais vulnerável, bem como o próprio Paulo quem avalizaram tudo isso, e principalmente Rodrigo que deixou o barco correr para usufruir da deriva. Não tinha como impedir. Era a vez dele“, disse-me Alyne certo dia quando lhe perguntei como o governo de Paulo, conseguiu, ele próprio, ficar tão enfraquecido com a eleição de Alexsandro para a presidência da Câmara.

O segundo teste será no reajuste e o aumento dos servidores. É uma pauta extensa e exagerada. O terceiro, será Reforma Administrativa que está no forno e que estica daqui e dali, apesar de Paulo e Rodrigo jurarem que estão sem dinheiro, ela vai aumentar em R$150 mil as despesas por mês da prefeitura, sem contar o que será aprovado antes no reajuste e penduricalhos dos servidores. 

Mas, está cheio de embates que podem ser mamão como açúcar ou se transformarem, do nada, em ouriços ouriçados, como aconteceu com o ensaio de Dionísio Luiz Bertoldi, PT. O primeiro teste foi desastroso para o governo, PL e União Brasil e o presidente da Câmara que tinha como evitar tudo isso e não evitou. Espera-se que por inexperiência. Pois, assessoria para isso, está bem cercado. E acaba de contratar mais um para a Câmara.

Nesta segunda-feira de Carnaval, com fantasias distribuídas bem antes da Folia de Momo, vamos aos Sete Erros Capitais deste desfecho de terça-feira passada. Lembrando que esta semana não haverá três, mas, novamente dois artigos inéditos.

O PRIMEIRO ERRO

Como escrevi lá na primeira linha do artigo de hoje, não há santos nesta história. Ouça o áudio do vereador Dionísio Luiz Bertoldi, PT, e depois continue aqui.

No áudio, o vereador de terceiro mandato (que jurou que não seria mais candidato para este mandato), deixa claro: o Projeto de Lei que ele deu entrada na Câmara e só neste governo de Paulo e Rodrigo, foi para provocar uma discussão sobre um assunto que rola há décadas, repito, há décadas, em Gaspar. E desde o governo de Adilson Luiz Schmitt (2005/08), eleito no MDB e hoje no PL, quando o Ministério Público entrou nesta parada para valer contra a reiterada falta de vagas nas creches municipais em Gaspar. 

O sucessor dele, Pedro Celso Zuchi, PT, no segundo mandato, do mesmo partido de Dionísio, experimentou do próprio veneno que inoculou no governo de Adilson. E foi enrolando nos dois mandatos dele diante da pressão do MP, da cidade e da oposição.

Para encurtar.

O MDB de Kleber Esdson Wan Dall, MDB, quando eleito em 2016, prometendo zerar as filas das creches, agora transformadas pomposamente em CDIs, operou o milagre da creche em meio período para diminuir falsamente as filas. E num acordo com o próprio Ministério Público, intermediado pela secretária de Educação da época, hoje presidente do MDB, e que nem por isso, deixou de ser eleita vereadora, Zilma Mônica Sansão Benevenutti.

O primeiro erro de Paulo e Rodrigo: aceitar que isto fosse parar gratuitamente no colo deles como se fosse algo novo em Gaspar e deles. Era um teste político e de articulação política, como se ouve no áudio. E o governo no poder de plantão, comeu mosca e bem infestada. E dizer que há um chefe de gabinete que se diz experiente e tarimbado neste assunto, Pedro Inácio Bornhausen, mas do PP. Não fez a função dele. Não fará em outras.

Está mais do que explícito que Paulo precisa formar um governo com a cara dele, ou um governo com a cara da coligação vencedora, ou melhor ainda, um governo com uma coalizão estável de governabilidade, capaz de produzir resultados, execução e proteção política. Não gente teimosa, inconveniente, despreparada e radical que o deixa. Quer ser puro por um lado, mas está repetindo os mesmos erros dos governos anteriores O tempo será senhor da razão.

O SEGUNDO ERRO

Vamos admitir que o áudio do Dionísio é uma coisa particular. Mesmo assim ele existe. E se ele não existisse, há pronunciamentos na Câmara do próprio vereador Dionísio, falando isso, claramente, para todos que estavam lá. Ele jura que estava – e parece que ainda está e ninguém quer testar – aberto as negociações com todos, não só do governo. Está gravado. Foi transmitido. Está reproduzido parcialmente acima. Há outros como o mesmo teor e sentido.

O governo de Paulo, Rodrigo e Alyne preferiu blefar, achando que a cadeira de prefeito e vice são iguais as de um delegado e uma escrivã, por mais habilidosos que sejam reconhecidos nas suas antigas funções. São coisas bem diferentes. Não entenderam o recado. Ou fingiram. E se não entenderam e não fingiram, foram engolidos pela realidade: não possuem votos na Câmara e pioraram muito à fragilidade com a eleição de Alexsandro para presidência da Casa. Anularam um voto do governo. Alexsandro só vota em caso de empate. E este empate, está cada vez mais caro. Este foi o segundo erro de cálculo estratégico.

O TERCEIRO ERRO

Impressionantemente, por outro lado, mesmo que não houvesse todas estas evidências, foi ver a vereadora Alyne, como líder de governo entrar na pilha armada pela oposição, experimentada e cheia de manha. Debita-se à sua inexperiência política. Entretanto, jogo de cintura, estar cercada de gente experiente e disposta à negociações, são coisas minimamente óbvias para quem está num governo sem embocadura e sem votos numa Câmara. 

Alguém me falou: “nós não vamos ser pautados e sermos governados pela Câmara“. Lamento informar-lhes, se continuar assim, vão. Este é um filme repetido. Foi assim que Kleber transformou seu maior algoz articulador na Câmara, Roberto Procópio de Souza, PDT, em seu aliado incondicional. Depois disso, não se reelegeu duas vezes, mas usufruiu politicamente o que pode. Ou já esqueceram disso? 

O mais longevo dos vereadores, oito legislaturas e várias presidências, José Hilário Melato, PP, providencialmente, na terça-feira passada, estava on-line. Todos notaram. E comemorava no privado sem que sua imagem aparecesse. Ciro André Quintino, MDB, o segundo mais experiente e que flerta com Paulo, fez de conta de que não era com ele. Na demagogia, ficou com o “povo”. E Dionísio, que poderia parar o processo nada fez. Ao contrário, a sessão nem havia terminado e os memes da votação tomavam conta da cidade. Ainda volto a escrever sobre isso lá no final do artigo Este é o terceiro erro.

O QUARTO ERRO

Este é um dos discursos de Alyne na sessão de terça-feira. Ela está certa. Mas, isto é o que menos importava naquele momento. E por que? Ela não tem votos pra arrotar tecnicidades. Ela precisa descer do pedestal e negociar. O governo de Paulo e Rodrigo precisa dialogar. Foi o governo que se meteu nessa armadilha. Ou Paulo e Alyne, vão levar seus adversários, críticos e observadores para a delegacia como forma de ganhar votos, fama, ou resolverem os problemas políticos administrativos que não conseguem ao modo político que aceitaram ir?

Paulo, Rodrigo e Alyne conseguiram o improvável: o apoio da ACIG – Associação Empresarial de Gaspar – para a causa de Dionísio, que não é a causa do PT, mas da cidade, dos empresários, dos que apoiaram essa gente que se enrola no poder em algo tão essencial e simples. Incrível!

As mães trabalhadoras e seus empregadores, a maioria micro, não querem saber das minudências jurídicas citadas por Alyne: querem creche em tempo integral, e neste caso, especialmente, plantões no meio, final e início do ano. Não adianta apresentar números de suposta reserva de vagas, por vagas efetivamente ocupadas. É preciso haver, antes, disponibilidade. Ninguém quer saber se isso é constitucional ou inconstitucional; ou se é uma obrigação do prefeito apresentar e não do vereador o Projeto de Lei.

Se é do prefeito, ele está devendo explicações, está em processo de fritura, pois está nas suas promessas e plano de governo. E se não cobradas, ficam lá, como ficaram em outros governos que enrolaram a cidade, cidadãos e cidadãs. E ninguém quer mais isso. E Paulo foi eleito para mudar – e foi ele quem prometeu – este tipo de comportamento dos políticos e administradores públicos em Gaspar. Agora, virou um dos que promete e não cumpre?

O QUINTO ERRO

Este quinto erro é mais desse absurdo. Se ele não exibe apenas um amadorismo de vereadores iniciantes cheios de si, mostra uma perigosa arrogância que vai custar caro ao governo de Paulo e Rodrigo. Vou deixar de lado o que já escrevi acima: a incompreensível eleição de Alexsandro para a presidência da Câmara e a ampliação, por conta disso, da falta de votos do governo no Legislativo.

Quem dirige a Câmara fá-la andar ao seu ritmo, ao interesse dele, ou dos vereadores, ou até dos desejos e prioridades do Executivo (prefeito). Este Projeto de Lei colocado por Dionísio de paraquedas foi propositadamente para causar confusão e cumpriu a missão para a qual foi feito. É como peixe que morde a isca fácil no anzol, dele não sai e o pescador se diverte vendo-o se debatendo na água. Preso a este anzol, o Projeto foi para a Comissão de Legislação, Justiça, Cidadania e Redação. Quem a preside? Alyne. Que era o relator? Carlos Eduardo Schmidt, PL. Aparentemente, tudo sob controle, certo? Nada deu mais errado daquilo que poderia dar.

Alexsandro, Carlos Eduardo e Alyne poderiam ter segurado a matéria. Ela não tinha tanta urgência. Plantão de novo nas creches, só em julho ou final do ano. E se tinha discurso do próprio autor, o vereador Dionísio, para entrar no modo negociação.

Mas, não. Alexsandro, Carlos Eduardo e Alyne, marinheiros de primeira viagem, quando viram o parecer contrários dos técnicos da Casa, juvenilmente, resolveram dar lições ao Dionísio e ao PT. E aí Comissão rejeitou o Projeto por vício de origem e a consequentemente o declarou inconstitucional para levá-lo ao arquivo. Nada combinado com os russos que não era exatamente Dionísio ou o PT, mas os que são maioria na Câmara (PP, MDB, PSD e PT). E na sessão seguinte mandaram para a pauta anunciando o enterro do Projeto.

Dionísio, inconformado, conhecedor do Regimento Interno, bem assessorado, requereu que o seu Projeto voltasse à estaca zero. E voltou. Porque quem assinou o parecer da inconstitucionalidade na Comissão, também assinou, contraditoriamente, para ele voltar e fazer o banzé de terça-feira passada: Carlos Francisco Bornhausen, MDB, e Mara Lucia Xavier da Costa dos Santos, PP. Sintomático, não é? Ou alguém acredita em Papai Noel?

O SEXTO ERRO

O governo de Paulo e Rodrigo diz que quer os plantões de creche e isto está no seu Plano de Governo. A secretária de Educação, Andreia Simone Zimmermann Nagel, uma educadora de primeira, mente aberta, que trabalha especialmente com esta faixa dos CDIs, diz que nunca se opôs a isso, ao contrário. Os vereadores da base igualmente. Os da oposição, que quando governo nunca resolveram esta questão, fazem o mesmo pedido. Ou seja, incrivelmente, há uma unanimidade pelos plantões dos CDIs em Gaspar.

O que falta? Dinheiro (Orçamento que pode ser remanejado) e gente para colocar a ideia e necessidade em prática, mesmo numa secretaria que tem que consumir 25% do Orçamento Municipal. Mas, mais do que isso: havia tempo para esta ideia amadurecer. Este plantão só vai ser requerido em julho, ou com mais vigor no final de dezembro deste ano, ou início de janeiro do ano que vem.

É impossível acreditar que em algo tão unânime, tenha tanta polêmica e erros. Que gente, bem instruída, como o chefe de gabinete que já foi chefe de gabinete de Kleber, tenha caído em armadilhas tão ingenuamente. Por que antecipar este desgaste para o governo diante de tantas outras prioridades? Está aí o presente de grego que os da base do governo deram ao próprio governo. Impressionante.

O SÉTIMO ERRO

Espera-se, com quem conversei dentro do próprio governo e que me pediram off pois tem medo das perseguições, que tenha sido este o preço do batismo dos neófitos e aprendizes de políticos no poder de plantão, incluindo a sua líder de Governo, Alyne, ao rebater uma fala de outro experimentado vereador. Ele, inclusive, saiu cedo para não ouvi-la ao rechaçar na provocação que fez. Giovano Borges, PSD, disse com todas as letras, de que o que foi combinado, sai mais barato e não custa ser cumprido, dando a entender que terá um preço este descumprimento. É verdade. Escrevi sobre isto lá bem no início.

Alyne, com Giovano ausente, desmentiu. “Não fiz acordo“, contrariando todas as falas e provas sobre este assunto já expostas aqui. Ela teima e luta contra fatos. Gente resistente nas narrativas que cria contra si própria.

Ora, se ela não fez acordo, alguém fez. E se não fez acordo, está mais do que na hora de Alyne liderar este diálogo e salvar o governo dela, do Paulo e do vice, exatamente com acordos. “Giovano deve estar acostumado às tretas na calada da noite“, sugeriu ela. E é aí o sétimo erro da bancada sem votos do governo de Paulo e Rodrigo na Câmara. Não sabe separar o joio do trigo e não exerce à essência da política onde quiseram entrar por decisão deles mesmos. Política é a negociação, são acordos não a favor de si próprio, mas da cidade.

Política, vereadora Alyne, é o exercício do poder. E ao se negar negociar e acordar, a vereadora nega-se à busca desse poder, tão essencial para concretizar o que prometeram em palanque ser diferente para a cidade.

Alyne confunde acordo como sendo uma coisa só possível na política entre bandidos da política. E será assim, se não houver transparência, publicidade, impessoalidade, razoabilidade e vencedores: a sociedade. 

E para finalizar, não este assunto, mas este artigo.

Se realmente o vereador Dionísio diz que quer o diálogo, botou mais gasolina na fogueira quando fez circular nas redes sociais, antes mesmo da sessão de terça-feira terminar. `Postou um meme de duplo sentido (que abre este post), com cinco vereadores do governo que votaram contra o seu requerimento, como se eles tivessem votado contra o Projeto da criação do plantão das creches. Também não foi isso.

Resumindo e encerrando: foi tudo armado e não há santos nesta história e no que aconteceu na sessão de terça-feira passada. Estão misturados neste recado ao governo, o PT, PP (que parte está no governo de Paulo), MDB (que pelo vereador Ciro está no governo de Paulo) e PSD. Será que o “delegado prefeito” e o seu vice vão entender o tamanho do buraco onde estão metidos quando deixaram Alexsandro ser presidente da Câmara? Muda, Gaspar!

TRAPICHE

Exemplo I. Por emenda intermediada em 2022 ainda ao tempo em que Ângela Amim, PP (segunda à esquerda), era deputada Federal, a Apae de Gaspar foi contemplada como um micro ônibus para ajudar no transporte de seus alunos. É um micro-ônibus adaptado da Volare, com 22 assentos, sendo três espaços para cadeirantes, no valor de quase R$600 mil, recursos repassados a secretaria de Assistência Social. A deputada esteve em Gaspar para a entrega e foi recepcionada pelo presidente da Apae de Gaspar, o empresário Clarindo Fantoni ( o primeiro à direita na foto) bem diretoria da entidade, prefeito Paulo Norberto Koerich, PL (segundo à direita) entre outros.

Exemplo II. A Apae é um exemplo de entidade filantrópica em Gaspar que consegue se expandir, equilibrar-se e superar os desafios de forma suprapartidária. Nada é fácil por lá. É acreditada na causa perante a comunidade. É transparente perante a sociedade local. Atende 1.260 pessoas, sendo 380 em salas de aula, envolvendo 84 profissionais de suporte e especialistas.

Exemplo III. A Apae de Gaspar consegue ser dessa forma além do respeito, ser à antítese da agonia que ronda o Hospital de Gaspar, um pedinte, cercado de dúvidas, fonte de problemas, apesar dele ser essencial para a cidade, cidadãos e cidadãs, principalmente, os mais vulneráveis. Muda governo e os problemas por lá continuam os mesmos. Passado mais de dois meses do “novo” governo, e até agora, nenhuma prestação de contas sobre o passado e o presente. Então… Muda, Gaspar!

Os loteadores, investidores e empresários da área de terraplanagem de Gaspar se deram conta, e muito tardiamente, que o que vai lhes dar segurança nos investimentos é a atualização do Plano Diretor de Gaspar. As escaramuças contra a Superintendência do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, bem como a autonomia dos fiscais – que só cumprem a legislação – vão atrasar ainda mais o que já está atolado, custar mais caro e pode se embargar mais ainda no Ministério Público. Erram, todavia, achando que isso se dará pela Câmara. A Iniciativa é do prefeito. Os votos são da oposição. O mesmo caso do Projeto de Lei que quer dar plantões às creches e descrito acima.

Sabe aquela outra treta, a da barragem comporta do Sertão Verde, na Margem Esquerda, anunciada pelo então prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, só depois de oito anos de governo, que se arrasta desde 2008 e quando ele já sabia que não teria sucessor na prefeitura de Gaspar? Pois é. Não há projeto. Só um croqui. E a tal autorização de emergência na Defesa Civil, não há uma, mas duas. Com teores diferentes. E o pedido de licenciamento, o município que é o autor do croqui, nem assinou. É pracabá!

A vereadora Elisete Amorim Antunes, PL, acusada de açodada neste assunto pelo próprio governo a que serve com lealdade, foi atrás disso e enfrentou o ex-secretário de Obras e Serviços Urbanos, hoje vereador, Roni Jean Muller, MDB. “Não tenho medo de cara feia e ameaças. Estou aqui para trabalhar pela comunidade. E não para o que as pessoas querem que eu faça“. A vereadora precisa dizer quem a ameaçou. Roni lhe retrucou que ela devia ir a polícia e representar contra quem a ameaçou. Também penso assim.

Está difícil I. O presidente da Câmara de Gaspar, Alexsandro Burnier, PL, reportou que está muito difícil dele conseguir da Progresso Engenharia, de Blumenau, a reparação da avenida do pasto do Jacaré, onde está o quilômetro mais caro urbano de Santa Catarina: R$12 milhões. Segundo ele, a empresa teria, informalmente, reportado a ele, que ela teria advertido a prefeitura dos erros do projeto executivo e que só fez o que lhe autorizaram, mesmo contrário às boas técnicas de engenharia. É pracabá! No mínimo há solidariedade nesta insistência.

Está difícil II. Quando Alexsandro Burnier, PL, era oposição, ele culpava o governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB pelo desastre anunciado. Agora, está eximindo, indiretamente, à obrigação do atual governo de buscar esta reparação aos bolsos dos gasparenses com essas desculpas esfarrapadas? 

Está difícil III. Como bem lembrou o vereador Dionísio Luiz Bertoldi, PT, na mesma sessão, por esta obra passaram vários engenheiros fiscais da prefeitura, inclusive a Sotepa, de Florianópolis, contratada por R$700 mil, para exatamente obrigar a Progresso à execução correta. “Eu tenho tudo fotografado. Estava errado desde o início. E todos sabiam“.

Está difícil IV. Fariam bem os vereadores e quem quiser ir atrás de alguma solução, conhecer melhor quem são os sócios da Progresso Engenharia, de Blumenau.

O que faz um servidor em função gratificada – contratado numa secretaria e servindo em outra – cujo expediente dele no novo local de serviço só começa às 7h30min, bater o ponto as 6h da manhã? Insônia que vira horas extras a compensar?

Depois da Pitaia, Gaspar se prepara para ser produtor referência em flores comestíveis, hortaliças (faz sentido diante de um consumidor potencial como Blumenau), cogumelos, hortas escolares, arroz vermelho e abelhas sem ferrão. Hum!

O governador Jorginho Melo, PL, por enquanto, não tem bandeira, marca e resultados para a reeleição de 2026. Está sendo “comido” pela ventania chamada João rodrigues, PSD, prefeito de Chapecó. Para complicar, sua articulação política é confusa. Mas, ele acaba de arrumar um cabo eleitoral de peso: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, PT, que promete vir aqui, dar migalhas e quer que Jorginho e nós fiquemos de joelhos, agradecidos.

Neste vídeo abaixo, Jorginho Melo, PL, rápido, orientado e solto (normalmente é bem confusa e truncada a comunicação espontânea dele), mandou bem. Fazia tempo que ninguém levantava a bola não bem arredondada para ele marcar um gol de placa. 

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8 comentários em ““ELES AINDA PENSAM QUE ESTÃO NUMA DELEGACIA DE POLÍCIA” RECLAMA DIONÍSIO AO SER SUPREENDIDO PELA REJEIÇÃO DO SEU PROJETO. ORA, SE TODOS QUEREM O PLANTÃO DAS CRECHES EM GASPAR, POR QUÊ O GOVERNO DE PAULO E RODRIGO APOSTOU NO DESGASTE E PERDEU POLITICAMENTE UMA PARADA SIMPLES NOS VOTOS? VEJA O JOGO DOS SETE ERROS”

  1. RUBENS PAIVA CONTINUA AQUI, por Elio Gaspari, nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo

    Os oficiais que, em janeiro de 1971, prenderam, espancaram e mataram Rubens Paiva podiam tudo. Tanto podiam que empulharam o país por décadas, impingindo-lhe uma patranha, segundo a qual ele havia sido resgatado por parceiros. Perderam. Nos últimos minutos do domingo, “Ainda estou aqui” levou o Oscar de Melhor Filme Internacional.

    Perderam para a memória de Eunice Paiva, sua viúva, para o livro escrito por seu filho, Marcelo, para a arte de Walter Salles, para Fernanda Torres e a equipe do filme. Perderam para a memória dos povos, num momento em que o Brasil se uniu numa torcida semelhante à das vitórias da seleção brasileira de futebol. Podiam tudo — e perderam.

    Rubens Paiva estava na cerimônia do Oscar, num momento em que os Estados Unidos vivem um mau momento, mas a memória dos povos prevalece, muitas vezes com a arte. Nessa hora, vale lembrar o comportamento de dois diplomatas americanos naqueles dias: John Mowinckel e Richard Bloomfield, ambos lotados na embaixada, no Rio.

    Mowinckel era expansivo e tinha um passado incrível. Em 1944, desembarcou na Normandia e, em junho, num jipe com o escritor Ernest Hemingway, entrou em Paris. Horas depois, ele libertou o hotel Crillon, e o outro tomou o bar do Ritz. No Rio, Mowinckel era figura fácil em boas festas e servia consomê gelado com uísque na sua barraca na praia de Ipanema, em frente ao Country Club.

    Bloomfield, calvo e reservado, cuidava dos assuntos econômicos da embaixada. Uma das filhas de Rubens Paiva telefonou-lhe, contando que o pai havia sido preso. Em 2005, ele recordaria sua reação: “Eu respondi que era um diplomata e não podia fazer nada. Até hoje lembro a decepção dela. Eu não podia fazer outra coisa”.

    Mas fez. No dia seguinte, procurou o chefe da estação da CIA no Rio e contou-lhe o caso. “É tarde”, ouviu. A CIA sabia que Rubens Paiva estava morto. No dia 8 de fevereiro, quando o Exército sustentava que Rubens Paiva havia fugido, ele encontrou-se com Eunice Paiva e relatou a conversa num memorando ao embaixador William Rountree.

    Três dias depois do encontro de Bloomfield com Eunice, Mowinckel escreveu a Rountree dizendo que “algo deve ser feito para punir ao menos alguns desses responsáveis — punir por julgamento público”. Pelo lado americano, depois da eleição de Jimmy Carter, em 1976, o jogo virou.

    Pelo lado brasileiro, até hoje, nada, salvo o constrangimento imposto ao general reformado José Antônio Belham. Como major, ele comandava o DOI do Rio, onde Rubens Paiva foi assassinado. Há uma semana, militantes do Levante Popular da Juventude foram para a porta de sua casa com a palavra de ordem “Ainda Estamos Aqui”.

    Bloomfield e Mowinckel nada podiam fazer porque Rubens Paiva estava morto e também porque a embaixada americana tinha relações fraternais com a tigrada, valendo-se de seu braço militar. Tão fraternais que, em dezembro de 1971, ao visitar os Estados Unidos, o presidente Emílio Médici fez um único pedido ao colega Richard Nixon: a promoção a general do adido militar, coronel Arthur Moura, um americano de ascendentes açorianos. Foi atendido.

    Com Walter Salles empunhando o Oscar, ouve-se Guimarães Rosa: “As pessoas não morrem, ficam encantadas (…) O mundo é mágico”.

  2. ACORDO ENTRE PCC E CV REQUER RESPOSTA UNIFICADA DO ESTADO, editorial do jornal O Globo

    Se o poder público precisava de argumento mais forte para articular a integração entre os governos federal, estadual e municipal no combate ao crime, não precisa mais. O acordo entre o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV), depois de quase dez anos de guerra, é razão suficiente para que a Federação se articule para enfrentar a ação coordenada das duas maiores facções criminosas do país.

    Segundo mensagens interceptadas pelas forças de segurança, o motivo alegado para que as duas facções passem a atuar em conjunto — prova do acordo entre as quadrilhas — é a tentativa de flexibilizar o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) a que estão submetidos seus chefes nas prisões federais de segurança máxima. Eles ficam em celas individuais monitoradas, têm direito a duas horas por dia de banho de sol, sem acesso a jornais, revistas, televisão, rádio ou telefone celular. Também não podem manter contato físico nas visitas de familiares. Mas evidentemente há um interesse muito maior: coordenar as atividades do crime organizado em todo o país.

    Os efeitos da aliança entre PCC e CV são um desafio ao Estado, com implicações sobre as próprias instituições democráticas, no entender de David Marques, coordenador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Estima-se que haja no Brasil mais de 70 organizações criminosas, com seus entendimentos e desavenças a desgastá-las. A unificação da assistência jurídica aos integrantes do PCC e do CV chegará às ruas. O armistício entre os grupos poderá aumentar o tráfico de cocaína e de armas para o Brasil, levar ao compartilhamento de rotas e “sobretudo ao fortalecimento ainda maior dessas organizações criminosas”, na descrição do promotor Lincoln Gakiya, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo, que investiga o PCC há 20 anos.

    Por isso governadores, prefeitos e autoridades federais precisam superar suas divergências para fazer frente à sofisticação da criminalidade, a cada dia mais profissional e violenta. A melhor decisão, neste momento, é apressar a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública, elaborada no Ministério da Justiça, base para a ação integrada das diversas forças policiais. O ministro Ricardo Lewandowski fez ajustes no texto, enviado à Casa Civil, para contornar resistências de governadores e prefeitos. Ainda incluiu na proposta as Guardas Municipais, que poderão atuar no policiamento ostensivo e comunitário, de forma integrada com as polícias Militar e Civil.

    Guardadas as proporções, o Brasil está no estágio dos Estados Unidos no início do século passado, quando criaram sua polícia federal, o FBI, para combater o crime organizado de alcance nacional. No caso brasileiro, o desafio é dar lógica à atuação da Justiça e das diversas forças policiais para que operem de maneira cooperativa, preenchendo espaços que as polícias estaduais isoladamente não têm condições de cobrir. O dispositivo constitucional que estabelece a segurança pública como atribuição exclusiva dos estados foi superado pela realidade.

  3. No passado, os partidos que integravam o governo, entregavam mínima fidelidade e votos no Congresso. Hoje, nem isso.

    O PT E O NÚCLEO PALACIANO DE LULA, por Ranier Bragon, no jornal Folha de S. Paulo

    A escolha de Gleisi Hoffmann para ser a nova articuladora política segue um histórico de manutenção do PT no núcleo do governo, comandando postos-chave. Mas a evolução dos feudos partidários nas três gestões de Lula (2003-2006, 2007-2010 e 2023 em diante) mostra que vários deles, até o hoje oposicionista PL, têm ou já tiveram seus espaços.

    Em uma escalada ascendente, hoje os ministros de outras legendas e sem vinculação partidária somam mais da metade dos filiados ao PT, em um placar de 26 a 11.

    Por ora, a reforma ministerial de Lula tem se concentrado em trocas “caseiras”, em peças do próprio PT ou ligadas ao partido.

    Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação), do PT, cedeu a vaga ao marqueteiro Sidônio Palmeira em janeiro. Nísia Trindade (Saúde), sem filiação, mas ligada ao partido, foi trocada por Alexandre Padilha (PT), até então o responsável pela articulação política. Na sua vaga, entra agora a presidente do PT.

    Em seu primeiro mandato, Lula iniciou o governo só com o PT e partidos de esquerda, além de alguns ministros e figuras importantes sem vinculação partidária, entre eles o banqueiro e ex-tucano Henrique Meirelles no Banco Central (o BC à época não tinha status de ministério).

    Só no início do segundo ano, em 2004, foi que Lula fez uma primeira reforma em seu ministério para ingresso de um partido que seguiria até Dilma Rousseff (2011-2016), além de estar aliado atualmente, o PMDB (hoje MDB).

    Apesar da relação muitas vezes conturbada, o MDB foi nos dois primeiros governos Lula o aliado preferencial, só havendo um rompimento completo no período do impeachment de Dilma, que foi liderado por duas figuras centrais do partido, o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e o então vice-presidente, Michel Temer.

    A aliança se explica pelo fato de o MDB ter sido a sigla de oposição ao regime militar e de, no início da gestão Lula 1, ser uma das maiores do Congresso. As outras duas potências da época, PSDB e PFL, eram arquirrivais do PT.

    A evolução do feudo do MDB nas gestões Lula, porém, foi pontuada por algumas crises.

    A aliança com o PT chegou a ser negociada ainda na transição de 2002, por José Dirceu (PT), que viria a ser o todo-poderoso ministro da Casa Civil.

    Por divergências internas nas duas siglas, Lula acabou desautorizando a aliança. Só em 2004 o MDB ingressou no governo, mesmo assim de forma tímida, com dois ministérios mas periféricos: Previdência, com o senador Amir Lando, e Comunicações, com o deputado federal Eunício Oliveira.

    A primeira encorpada do MDB nas gestões Lula ocorreu em meados de 2005, no auge do mensalão, escândalo que abalou o governo na época e chegou a levar aliados a sugerir a Lula que abandonasse a ideia de tentar a reeleição.

    Na ocasião, o MDB trocou Previdência pelos bem mais robustos Saúde (com o deputado federal Saraiva Felipe) e Minas e Energia, com Silas Rondeau. Comunicações permaneceu na cota do partido, mas o senador Helio Costa assumiu o lugar de Eunício.

    Com Lula superando a crise e sendo reeleito em 2006, na sua segunda gestão o MDB assumiu um maior protagonismo. O partido de Temer pulou de terceira maior bancada eleita na Câmara em 2002 para a primeira bancada, em 2006, com 89 das 513 cadeiras.

    Com isso, o partido manteve Saúde, Comunicações e Minas e Energia e incluiu em seu naco Integração Nacional e Agricultura. Em 2007 acrescentaria Defesa ao leque.

    A alta popularidade de Lula em seu segundo mandato e a ausência de solavancos maiores consolidaram a aliança a ponto de Temer ser alçado à vice na chapa de Dilma, que venceria as disputas de 2010 e 2014.

    Após o rompimento durante o impeachment e os governos Temer e Jair Bolsonaro, o MDB voltou a ser parceiro de Lula, em seu terceiro mandato.

    Dos grandes partidos de direita, só o PL de Bolsonaro não compõe, naturalmente, o governo Lula. Mas a sigla esteve nos dois primeiros mandatos, bem antes de Bolsonaro se filiar a ela.

    Em Lula 1 e 2 e durante Dilma, o PL comandou a área de transportes. A sigla foi alvo da chamada “faxina ética” da petista em 2011, com a demissão de Alfredo Nascimento da pasta, mas continuou dando as cartas. Hoje, o ministério dos Transportes está com o MDB (Renan Filho).

    A ampliação da atual coalizão se explica, fundamentalmente, pelo fato de o PT e a esquerda serem minoritários no Congresso (controlam apenas cerca de um quarto das cadeiras), além de Lula e o partido estarem desde pelo menos 2015 sob artilharia cruzada do que viria a se tornar a nova direita, ora reunida em torno de Bolsonaro.

    Apesar do avanço de outras legendas, Lula mantém o PT no comando de postos chave como Fazenda, Casa Civil, Educação, articulação política e, agora, Saúde.

    Já o histórico dos partidos menores de esquerda, PSB, PDT, PC do B, PV e Rede estiveram ou estão nos governos Lula, mas quase sempre ocupando ministérios considerados periféricos.

    O PSOL, que foi criado por dissidentes do PT, aderiu só em Lula 3 e comanda o ministério dos Povos Indígenas, com Sônia Guajajara.

  4. O ILIBERAL, por Pedro Dória, no jornal O Globo

    A gente vem tratando as ideologias políticas como caricaturas faz tanto tempo que muita compreensão se perdeu. Este segundo governo de Donald Trump é bastante diferente do primeiro. Se o Trump de 2017 era essencialmente confuso e caótico, para este de 2025 podemos lançar mão de muitas palavras, mas uma é mais importante do que todas as outras. É um governo iliberal. Esse “i”, que denota o oposto do liberalismo, representa uma ruptura brusca a respeito do que os Estados Unidos foram, pelo menos nos últimos cem anos. Em essência, estamos entrando em terreno desconhecido e potencialmente perigoso.

    Esqueçam, pois, a caricatura que a esquerda latino-americana faz dos Estados Unidos e do liberalismo. Uma crença fundamental move a ideia americana: que um mundo com mais democracias liberais operando com economias de mercado é ideal para os Estados Unidos. As razões são algumas. Democracias são mais estáveis que ditaduras, e democracias, quando têm problemas entre si, resolvem à mesa, talvez com mecanismos multilaterais. Além disso, democracias com economias de mercado são particularmente abertas ao comércio. Essa dinâmica enriquece a todos.

    Claro: os Estados Unidos promoveram ditaduras, organizaram golpes, se meteram em guerras. É porque, entre o discurso e a prática, há um vácuo tão grande que é fácil transformar o país e suas ações numa caricatura. Pois é. O mundo é complicado.

    A cada momento da História, a visão americana é adaptada por um grupo de pensadores ao mundo que enxergam. No período da Guerra Fria, duas crenças moldaram esse olhar. Primeira, que a ameaça soviética era tamanha que o ideal democrático precisava ser adiado em prol de conter o avanço comunista. A segunda era a Teoria do Efeito Dominó. Quando um país se torna comunista, os vizinhos seguem. As crenças tornaram os Estados Unidos um país paranoico e predatório. Mas, assim, nacionalistas estatistas de esquerda, como Mohammad Mosaddegh, no Irã, ou João Goulart, aqui no Brasil, pareceram ameaças que precisavam ser encaradas. O golpe da CIA em Teerã, nossas ditaduras militares e o Vietnã se explicam assim.

    De formas diferentes, Jimmy Carter e Ronald Reagan mudaram isso. Carter porque resgatou os ideais mais profundos das democracias liberais; Reagan porque, diferentemente dos antecessores, enxergou a fragilidade da União Soviética pelo que era.

    Nos anos 1990, duas novas visões se apresentaram. A neoconservadora defendia que era possível impor regimes democráticos à força. Tentaram no Iraque, foi um desastre. No rastro do fracasso, o Partido Republicano ficou sem novas ideias. Mas os liberais, embasados pelo cientista político Francis Fukuyama, apostavam que democracias nascem de baixo para cima. É a sociedade civil de cada país que impõe democracias.

    A partir do governo de Bill Clinton, com Madeleine Albright na secretaria de Estado, muito dinheiro foi distribuído para ONGs, sindicatos, iniciativas jornalísticas, universidades. O dinheiro veio direto de Washington ou por entidades como Open Society e fundações como Ford ou Gates. Tudo, sempre, na crença de que aumentar a educação, melhorar a saúde, ampliar acesso a informação e estimular conversas faz brotar democracias.

    Paranoicos à esquerda, em lugares como a Ucrânia, e à direita, na Hungria, viram nesse tipo de iniciativa algum plano malévolo de domínio. Não era. Esse tipo de estímulo, que começou engatinhando com Jimmy Carter, que ganhou consistência teórica com Fukuyama e que foi mantido por Clinton e Obama, fortaleceu uma aliança de democracias pelo mundo.

    Trump rejeita as premissas liberais. Não é capaz de compreender que economias de mercado, livres de barreiras artificiais, geram enriquecimento para todos. Sua visão é pré-capitalista, é mercantilista. Se um ganha, é porque o outro perde. Para que ele ganhe, é preciso derrotar os outros. Ele não acredita no uso da força econômica americana para estimular sociedades democráticas pelo mundo. O dinheiro da Usaid e todos os outros recursos precisam ser cortados, pois representam algo de sinistro. Ele não acredita em oferecer segurança a aliados. Por isso criará mais nações fortes e armadas. À Alemanha, à França, ao Japão, o recado está dado. Cada país que se garanta por si. Trump não acredita sequer no uso do soft power americano para seduzir. Ao contrário: quer assustar, quer se impor e deseja se isolar.

    Sim, muitos da esquerda não toleram os Estados Unidos pelo que eram. Tudo certo, é seu direito. Mas que ninguém se iluda: a alternativa que começa a se apresentar é um pesadelo em potencial. O mundo pré-moderno quer irromper.

  5. DIREITA, CELEBRE O “AINDA ESTOU AQUI”, por Joel Pinheiro da Fonseca, no jornal folha de S. Paulo

    O primeiro Oscar para um filme brasileiro produziu a catarse nacional. Infelizmente, nem todo mundo entrou na festa. Muita gente da direita brasileira não celebrou. Se falam do filme, é para fazer alguma ironia ou crítica da política atual. Por quê?

    O teor de muitas dessas manifestações é o de comparar a ditadura militar à suposta ditadura atual: a do Supremo. É um paralelo fraco, por mais que os inquéritos do Supremo possam e devam ser criticados. Não há semelhança entre as pessoas presas por tentarem um golpe de Estado que derrubaria a democracia —com penas, sim, excessivamente longas— com a prisão, tortura e assassinato de pessoas que lutavam pela democracia.

    Os golpistas de hoje têm julgamentos públicos e são defendidos por advogados —além de podermos falar livremente deles na imprensa e nas redes. Os democratas dos anos 1970 eram censurados, torturados e mortos.

    E mesmo aceitando o paralelo, o repúdio ao filme não faz sentido. Se o que vivemos é digno de protesto, então a ditadura militar —que foi muito além do que vivemos hoje— o é ainda mais. Celebremos, portanto, “Ainda Estou Aqui”!

    O real motivo para tanta gente torcer o nariz para Walter Salles e Fernanda Torres —e que também é o motivo de defenderem com unhas e dentes os golpistas de 2022 e 23— é outro, e seu nome é Bolsonaro.

    Bolsonaro fez da sua carreira uma luta pela memória do regime militar. Tinha no gabinete de deputado um cartaz com a frase “quem procura osso é cachorro”, sobre os esforços de se investigar os crimes da ditadura. Cuspiu no busto de Rubens Paiva no Congresso. Quando presidente, conspirou e tentou persuadir generais a embarcarem em seu plano de golpe de Estado.

    É por causa de Bolsonaro que governadores como Ratinho Jr, Romeu Zema e Tarcísio de Freitas silenciaram sobre o Oscar brasileiro. Outros governadores de direita ou centro-direita —como Ronaldo Caiado e Eduardo Leite— postaram homenagens. Mostram sua independência. Enquanto Bolsonaro for a grande referência da direita, ela não poderá ter a democracia como um valor inequívoco seu.

    O próprio Walter Salles, é verdade, esticou a corda da polarização ao redor do filme ao dizer, numa entrevista, que “…durante quatro anos, o país virou para a extrema direita e nunca teríamos tido a possibilidade de filmar durante esse período”. Não explicou, contudo, qual ato do governo Bolsonaro inviabilizaria a filmagem.

    A história que Salles contou com maestria é muito maior do que a disputa eleitoral brasileira. Os valores que ele traz deveriam ser universais. De um lado, sequestro, tortura e assassinato extrajudiciais, efetuados por agentes não fardados e sem qualquer registro burocrático. Do outro, Eunice Paiva, enfrentando o regime e buscando a verdade, não com luta armada e atentados, mas por meio da educação e do ativismo. Tudo isso, lembremos, em defesa da família. Tem que se esforçar muito para ver problema.

    Num mundo em que “tudo é política” —e política partidária—, você não pode nem ir ao cinema impunemente. Há alguns anos atrás, havia quem se recusasse a torcer pela Seleção de Neymar. Arte, talento, orgulho nacional e mesmo valores universais são sacrificados no altar da disputa política. Não sejamos assim. Direita, ouse celebrar o bom e o belo onde ele estiver. Aí, sim, você estará ajudando a civilização

  6. AO LEVAR GLEISI PARA O GOVERNO, LULA DÁ SINAIS PREOCUPANTES, editorial do jornal Folha de S. Paulo

    Gleisi Hoffmann deixará a presidência do PT para se tornar ministra das Relações Institucionais, responsável pelas articulações com parlamentares e partidos. É também provável que coordene alianças para as eleições de 2026.

    Aguerrida defensora da linha gastadora petista, Gleisi criticou o moderado projeto de contenção de despesas do ministro Fernando Haddad (Fazenda), que chamava de “austericídio”, e combateu a política monetária.

    É fiel ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e esforçou-se para dar ao PT o maior número de ministérios, mesmo o governo sendo minoritário no Congresso Nacional.

    É duvidoso se Gleisi terá sucesso na transição do posto de general para diplomata. De certo é que, ao nomeá-la, o presidente da República dá sinais inquietantes.

    Passou a mensagem de que é menor a possibilidade de ampliação do diálogo com outros partidos, correntes de pensamento e setores sociais que não aqueles mais fiéis a ele mesmo e ao ideário petista. Reafirmou também que pode não adotar a política de moderação de gastos e tímidas reformas fiscais de Haddad.

    O ministro da Fazenda perdeu, de resto, raro aliado no Planalto, Alexandre Padilha, que deixou o cargo para ser ministro da Saúde.

    É outro indício de que Haddad tem apoio mínimo para seu programa, o que ficou evidente com a mudança da meta de saldo primário em abril de 2024, a desidratação do plano fiscal em novembro, e as afirmações de Lula, em janeiro deste ano, que sinalizam poucas chances de melhoria na gestão das contas públicas.

    Firme, combativa e com histórico de desavenças com figuras e partidos relevantes do Congresso, Gleisi deverá negociar a aprovação de projetos que o Planalto julga vitais para a recuperação de sua popularidade —o maior deles é o da isenção do Imposto de Renda para parte dos assalariados.

    Abrindo mão dessa receita, o governo terá de tributar rendimentos do topo da pirâmide, o que desagrada o Congresso. Quanto maior a proximidade de 2026 e pior a avaliação da atual gestão, será menos provável que Lula conte com a boa vontade de deputados e senadores.

    Para conseguir obter sucesso, Gleisi teria de renegar a defesa obstinada dos interesses do petismo, desfazer a crença de que não vai solapar o que resta de credibilidade da política econômica e conquistar votos para o programa de incremento da posição de Lula nas pesquisas em um ambiente indócil no Legislativo.

    Dado o seu histórico, porém, há risco de converter-se em mais uma má escolha de Lula.

  7. LULA COMO UM BONECO GIGANTE DE OLINDA, por Carlos Pereira, no jornal O Estado de S. Paulo

    Uma das manifestações mais marcantes do carnaval pernambucano são os bonecos gigantes de Olinda. Embora existam registros de que o primeiro boneco, chamado “Zé Pereira”, tenha aparecido em 1919 na cidade sertaneja de Belém do São Francisco, foi nas ladeiras estreitas da cidade alta de Olinda que eles se popularizaram, especialmente a partir do “Homem da Meia-Noite”. Esse boneco icônico abre o carnaval de Olinda à meia-noite de sexta-feira desde 1931.

    Com até quatro metros de altura e cerca de 50 quilos, esses bonecos têm cabeça e corpo fixos. O que encanta o público é a forma como rodopiam seus braços compridos de tecido e balançam mãos mais pesadas nas pontas, parecendo meio perdidos e inebriados pelo som rasgado e entoado pelas orquestras de frevo.

    Tanto o presidente Lula quanto o ex-presidente Bolsonaro já tiveram suas versões gigantes desfilando em Olinda. Porém, desde o carnaval de 2023, esses bonecos foram aposentados em meio à polarização política, que ameaçava o clima de brincadeira e irreverência típico da festa.

    Apesar de não ter mais seu boneco nas ladeiras, Lula continua se comportando de modo “desajeitado”, como um boneco gigante, ao tentar montar e gerenciar sua ampla coalizão de governo. Suas escolhas dão a impressão de que está tão perdido quanto um boneco rodopiando sem prumo e sem rumo pelos corredores do palácio.

    Montou uma coalizão gigante, com 16 agremiações partidárias de ideologias bem diferentes, mas tem concentrado poder e recursos principalmente em seu próprio partido. Com isso, a maioria numérica não se converte em uma atuação coesa e disciplinada por parte dos aliados.

    A reforma ministerial, por enquanto, não passou de uma troca de “seis por meia dúzia”, que não alterou de fato a distribuição de ministérios. Além disso, a escolha da deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR) para a Secretaria de Relações Institucionais revelou a preocupação do governo com a sua crescente fragilidade política.

    Gleisi é conhecida por sua postura combativa e por enfrentar adversários (e até aliados) em disputas intensas. Embora isso mostre garra, ela também carrega a fama de não lidar bem com divergências – algo complicado numa função que exige negociação e diálogo.

    Nomeá-la para esse posto, justamente no momento em que Lula vê sua popularidade cair e a rejeição a seu governo aumentar, é um sinal claro de que o governo se sente vulnerável. Se Lula estivesse seguro, confiante e dormindo tranquilo, não teria colocado o seu “cão de guarda” para cuidar da articulação política na antessala de seu gabinete.

  8. DEUS, AMOR E TARIFAS, por Demétrio Magnoli, no jornal O Globo

    Tarifas. Na campanha eleitoral, Trump definiu-a como sua predileta, “a mais linda palavra”. Depois, na hora do triunfo, rebaixou-a para o terceiro posto, atrás de Deus e amor. A paixão tarifária do presidente tem o poder de mudar o mundo — mas não do modo como ele almeja.

    Sob a lógica de Trump, tarifas cumprem três finalidades diferentes: geopolíticas, comerciais e industriais. Seriam ferramentas de intimidação, de substituição de importações e de reequilíbrio da balança comercial americana.

    Theodore Roosevelt inventou o Big Stick: “Falar suavemente e carregar um Grande Porrete”. A ideia era negociar os interesses imperiais dos Estados Unidos usando a ameaça da ação militar. Deu certo, nos casos do Canal do Panamá e de Cuba. Trump inspira-se no precedente, mas substitui a Grande Frota Branca de 16 navios de guerra pela espada das taxas alfandegárias.

    A intimidação via tarifas dirige-se contra aliados, como a Dinamarca, instada a vender a Groenlândia; o Panamá, chamado a devolver o Canal ao controle dos Estados Unidos; o México e o Canadá, que deveriam reprimir o fluxo real ou quimérico de migrantes e drogas através das fronteiras. Não funcionará, exceto para fabricar encenações midiáticas dos dois vizinhos norte-americanos.

    Tarifas sobre bens industriais importados formaram a espinha dorsal das políticas de substituição de importações deflagradas em 1890 nos Estados Unidos pelo presidente McKinley e, mais tarde, desde a década de 1930, por países em desenvolvimento, inclusive o Brasil. Trump sonha tornar os Estados Unidos “grandes novamente” por meio de um salto radical ao passado, que obrigaria as empresas a relocalizar suas unidades produtivas no território americano. É a receita certa para um fracasso monumental.

    Atualmente, o conceito de “economia nacional americana” só tem sentidos abstratos, expressos nos gráficos do PIB. A fabricação de um iPhone depende de cadeias globais de suprimentos que enlaçam dezenas de países e milhares de produtores. As novas tarifas sobre alumínio e aço não ressuscitarão a agonizante indústria siderúrgica americana, mas resultarão em fortes pressões inflacionárias. A indústria automobilística dos Estados Unidos é, de fato, uma indústria norte-americana, assentada sobre complexas cadeias de suprimentos que atravessam as fronteiras do México e do Canadá. As tarifas prometidas por Trump destruiriam o edifício que propicia a oferta de automóveis baratos aos consumidores americanos.

    Trump enxerga o comércio sob um prisma mercantilista: balança comercial superavitária indicaria sucesso. Dessa noção anacrônica emerge a política de tarifas contra os principais parceiros comerciais, com que os Estados Unidos mantêm intercâmbio altamente deficitário: China, União Europeia, México e Canadá.

    A eliminação dos déficits provocaria um terremoto econômico de magnitude global, com perdas para todos, especialmente os próprios Estados Unidos. Ao contrário do que imagina Trump, a prosperidade dos Estados Unidos deriva em larga medida de seu déficit comercial, sustentado pela função especial do dólar de “moeda do mundo”. Para os Estados Unidos, intercâmbio deficitário significa sucesso: a garantia do elevado poder de compra dos consumidores americanos.

    O movimento que Trump lidera representa uma reação pós-moderna à modernidade. No plano geopolítico, o presidente pretende implodir as instituições multilaterais criadas no Pós-Guerra para restaurar um mundo baseado em esferas de influência das grandes potências. No plano econômico, anseia por implodir a teia da globalização a fim de reinaugurar uma economia nacional protegida da concorrência externa.

    O primeiro objetivo pode ser alcançado, em benefício da China e da Rússia. O segundo é uma utopia regressiva. A globalização não depende exclusivamente do mercado dos Estados Unidos. Se aplicada extensivamente, a política de tarifas de Trump não provocará desglobalização, mas um deslocamento da globalização para fora dos Estados Unidos — e, com isso, uma redução acelerada da influência econômica americana.

    Trump elegeu-se brandindo o espectro do declínio dos Estados Unidos. De fato, sua deificação das tarifas é que pode impulsionar a marcha declinista.

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