O que você vê ou lê aqui, normalmente, você não consegue ver e ler em outro lugar.
É uma atrás da outra. Impressionante. Como o governo do ‘”delegado prefeito” Paulo Norberto Koerich, PL, nestes quase primeiros 30 dias de gestão foi atropelado pelas circunstâncias, por equívocos, fogo amigo, falta de foco e transparência, comunicação errática e antiga, bem como pela perda de oportunidades em se posicionar como líder do processo de mudanças em Gaspar, razão da maioria dos votos que recebeu nas urnas em seis de outubro do ano passado. Nem mais, nem menos.
Vou pinçar um simples exemplo desta semana e de mesmo dia. É algo que retrata, mais uma vez, este cachorro, como diz o dito popular, caído no chocoalho da mudança e está tentando, pelo faro, achar o rastro do caminhão, que supostamente deveria ir ao novo destino com ele.
A deputada Federal por Blumenau, Ana Paula Lima, PT, esteve em Ilhota e Gaspar.
Em Ilhota, o prefeito Joel Soares, MDB (foto ao lado), que ganhou as eleições com 66,77% contra um único adversário, abriu as portas da prefeitura e agradeceu as emendas que podem, repito, podem dar a Ilhota, via o desgastado PAC, uma escola de tempo integral, uma creche e um Caps. Aproveitou para pedir um ginásio de esportes e uma ambulância para os bombeiros. A deputada está no papel dela. E o prefeito também.
Não importa da onde vem o dinheiro – porque tudo que vem de Brasília, não são bondades do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, PT, ou das tais bilionárias emendas parlamentares, sem rastros e identificação. São na verdade, nossos pesados, on line e cada vez mais altos impostos. Aliás, governo Lula comemorou ontem que bateu recorde de aumento de impostos contra os nossos bolsos.
E mesmo com esse aumento extraordinário, a dívida do Brasil está aumentando por falta de gestão; as despesas com altos salários para a elite do funcionalismo dos três poderes, todos criados como penduricalhos para ficarem livres de Imposto de Renda, coisa impossível a um comum, continuam subindo e sem controle, gerando mais inflação e insegurança aos investidores.
E vai continuar a aumentar. E, ao mesmo tempo, Lula, o PT e a esquerda do atraso, dizem não saber a queda de popularidade e a condenação da sua gestão na pesquisa nacional crível que saiu esta semana. Acham que marquetagem vai ludibriar o povo e daí a tentativa de criminalizar as críticas nas redes sociais. A revolata, o esclarecimento e a má-fé já estão entranhados. É a marca do governo de Lula, Janja, Gleisi, Amorim, PT…
Voltando.
Joel, na verdade, inverteu o jogo. Transferiu o compromisso de palanque para a deputada, o governo federal seja ele de Lula, ou de quem lá estiver lá se fizer ela, como intermediária, colocar os projetos na burocracia estatal. É do jogo jogado.
E em Gaspar. Tudo escondidinho. No site da prefeitura – até esta manhhã quando publiquei este artigo – nenhuma linha. Nas redes sociais dos gestores e políticos no poder de plantão em Gaspar, nada. Mas, na entrevista que a deputada Ana Paula Lima, PT, deu do lado de fora, ao jornal Metas, ela repetiu algumas coisas que a cidade inteira já sabia há muito tempo, que eu toco nelas há anos e sou condenado por isso, incluindo não só pelo antigo governo do MDB, PP, do próprio PT. O então delegado e o então candidato a prefeito Paulo já sabiam e que outros em outras cidades sabem, mas que o atual o atual “delegado prefeito” ainda não se coçou para mudar o que prometeu que faria, se eleito.
Paulo está eleito com 52,98% contra outros quatro candidatos com o mote da mudança – que outros tinham -; teve dois meses para se preparar na transição e há quase um mês está com a caneta na mão e a boca para colocá-la no trombone. Parece que lhe falta ambos.
MULETAS
A deputada Ana Paula disse que Gaspar perdeu R$2 milhões do governo Federal para as obras de uma escola em tempo integral, porque o governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, PP, não licitaram as obras. Outros R$2,4 milhões, pela mesma inanição se deu em relação a um posto de Saúde, bem como outro tanto, para a melhoria e expansão do sistema de tratamento de água. Uau!
O “delegado prefeito” Paulo aproveitou para pedir socorro em maquinários e dinheiro para a implantação do sistema de coleta e tratamento de esgotos de Gaspar, atrasado em 12 anos, mesmo estando este vergonhoso atraso, contra a saúda dos gasparenses e sob a suposta vigilância de um TAC do Ministério Público. O vereador Dionísio Luiz Bertoldi, PT, puxou brasa para a sua sardinha: a enrolada por oito ano por Kleber da pavimentação da estrada da Vila D’Itália.
Primeiro. O “delegado prefeito” está terceirizando o que é prerrogativa dele, tem autoridade sufragada nas urnas para isso, naquilo que um dia prendia e arrebentava, a de mostrar a caótica situação deixada por Kleber. A cidade não o reconhece ele como “delegado prefeito” neste papel. Está espantada.
Como já escrevi várias vezes aqui, e todos ficam atordoados, esta sucata, inclusive caminhões, utilitários e máquinas de todos os tipos, consideradas novas, deviam desde o dia dois de janeiro – porque a posse só foi a noite do dia primeiro de janeiro -, estarem em exposição na Praça Getúlio Vargas – onde a deputada concedeu a entrevista – para a população testemunhar com os próprios olhos a forma como quase tudo se tornou imprestável, além de fixar um cartaz com as horas máquinas e caminhões contratados, bem como mostrar como dados e comparações o que fizeram e como deixaram dezenas de operadores e motoristas próprios da prefeitura por meses e anos ociosos.
Ontem a assessoria de imprensa estimulou apresentador Alexandre José, de Blumenau, da Ric Record, onde a assessoria daqui, por ser de lá, por isso tem melhor domínio, dizer no programa dele, de que “esteve” por aqui, viu esta esbórnia toda. Encenou uma indignação contra Kleber a quem já foi parceiro. Salvou a pele do atual. O grupo político que está atualmente no poder de plantão – mas que governa a cidade direta e indiretamente por quase 40 anos – em Gaspar, estimulou, em meme, e circulou nas redes sociais e especialmente nos aplicativos de mensagens pela cidade, além da sua bolha a fala de Alexandre José. Ufa! Até que enfim. Mas, é espuma. É preciso pegar o sabão. E ele está escorregando. E Paulo é um experiente em pegar ensaboados. Então…
O que não pega bem, por outro lado, são os mesmos estimuladores do apresentador de Blumenau não responderem as raras, conveniente, necessárias e óbvias perguntas nos esclarecimentos pedidos pela imprensa local. Isto não vai dar certo, também.
Segundo. O “delegado prefeito” está obrigado a vir a público dizer a razão pela qual mandou parar as milionárias obras do esgotamento sanitário e ao mesmo tempo, com ela parada, está pedindo recursos federais a deputada Ana Paula, num país sem dinheiro e diante de um Marco do Saneamento em vigor e que abre portas para a privatização regional deste tipo de serviço.
Se parou há razões para isso. Se parou há planos para suprir o que está condenado ou não concorda. Aliás, a primeira parte que deve está comprometida neste projeto tão antigo é a técnica, pois algo que foi elaborado para uma cidade de 20 anos atrás, com as tecnologias da época. Ou seja, não pode dar certo no resultado técnico e pode ser um desperdício de dinheiro público, e que repito, não são dos políticos, são dos pagadores de pesados impostos, ou seja, todos nós.
Terceiro. Não fica bem ao “delegado prefeito” para atender a sua xucra galera ideológica, imitar a esquerda do atraso, e esconder que esteve com a deputada amiga de Lula, com o ex-prefeito Pedro Celso Zuchi, com o vereador Dionísio – que parece vai lhe ser mais fiel do que alguns eleitos na sua base que não dá maioria na contagem final de votos para aprovar qualquer matéria, ainda mais quando o presidente do partido, Bernardo Leonardo Spengler Filho, PL, permitiu o campeão de votos, Alexsandro Burnier, PL, se tornasse presidente da Câmara. Estavam ainda o presidente do PT de Gaspar, Doraci Vans, bem como o militante, o advogado João Pedro Sansão. Na mesma reunião, estava o vice-prefeito, Rodrigo Boeing Althoff, PL, que já foi secretário de Planejamento do governo petista de Zuchi – e hoje quer mandar na área por todos os meios – e candidato a vice-prefeito com Kleber em 2012.
Resumindo. O primeiro deputado federal que o “delegado prefeito” Paulo Norberto Koerich, PL, recebeu em seu gabinete no seu mandato para ser ponte com o governo Federal foi do PT, que está no poder e tem, penso tinta na caneta atualmente. E fez disso quase um segredo, com medo de apanhar dos seus ideológicos que não lhes deixam governar.
Já o governador Jorginho Melo, PL, por exemplo, que o criou politicamente o delegado como candidato a prefeito, só foi encontrá-lo esta semana em Blumenau. Nada de pedidos e muito menos de comprometimento com algo com Gaspar. Estranho. Se fez, a assessoria de comunicação contaminada pelos vícios e velharia, nada falou. Sem ser Jerry Comper, MDB, que é deputado estadual por Ibirama e está secretário de Infraestrutura e Mobilidade, e veio nesta condição para ver os estragos da enxurradas, só Camilo Martins, Podemos, veio ao gabinete de Paulo até agora, a pedido da novata vereadora Elisete Amorim Antunes, PL.
Concluindo. Não importa se a porta para o desenvolvimento de Gaspar seja aberta por um político do PT ou do PL. O que importa, a um estadista, o que olha a cidade como um todo, é que ela seja aberta para que todos possam usufruir dos benefícios que passarem por esta porta aberta. O prefeito Joel, de Ilhota, pode até não ser um estadista, mas agiu como tal em favor de um bem comum: a sua cidade, à sua biografia e à sua proteção política como realizador. Já em Gaspar…
Um estadista, tem luz própria tanto para pedir, quanto para ser generoso e agradecido em nome da população a quem ajuda a sua cidade e ao mesmo tempo, para ser reconhecido como um administrador de resultados comuns. O resto é conversa mole para boi dormir, coisas de espertos da velha política, a que atrasa Gaspar, onde só os grandes ganham – e por enquanto os mesmos – e aos pequenos, iludidos, só contribuem com votos e pesados impostos.
Recursos federais demandam bons e tecnicamente bem feitos projetos para terem prioridade e velocidade nos órgãos deliberativos de recursos em Florianópolis e Brasília. Mais do diariaque isso, precisam de padrinhos de todos os matizes ideológicos. Até porque, papelório – agora é tudo digital – não possui pernas. É preciso que alguém caminhe com eles nas entranhas burocráticas digitais e on line. E mesmo assim, nunca amadurecem antes de dois anos na liberação. E aí, outro tanto para a execução.
Falta de transparência com a cidade parece também ser uma herança do governo anterior e que grudou no atual antes mesmo dele completar um mês . Muda, Gaspar!
TRAPICHE
Canetada. No apagar das luzes e sob o silêncio de todos, qual foi o último ato do ex-presidente da Câmara, o mais longevo dos vereadores, José Hilário Melato, PP, reeleito? Aumentou as diárias e o reembolso de refeições. A diária mais cara saiu de R$ R$346, 00 para R$476,00 dentro do estado; de R$380,00 para R$540,00 fora do estado; e de R$426,00 para R$606,00 em Brasília.
Como se vê a inflação de alimentação fora do domicílio, foi bem alta para os políticos que mandaram a conta para o povo numa só canetada. Tudo baseado em pesquisa, argumentam. A diária mais barata, um lanche saiu de R$58,00 para R$87,00 dentro de Santa Catarina, fora dela e em Brasília. Como a maioria dos vereadores só viaja intensamente para Florianópolis, faz sentido este aumento exagerado.
Um pernoite aqui no estado saiu de R$461,00 para R$551,00; fora do estado de 519,00 para 627,00; e na Capital Federal de R$807,00 para R$973,00. Como se vê, os políticos criticam tanto, mas eles próprios contribuem para a inflação. Os reajustes, pelos cálculos, não a consideraram a inflação doi período que não chegou a 5%, mas a realidade de mercado, segundo eles. Já os trabalhadores, seus eleitores estão sujeitos apenas aos reajustes inflacionários, quando conseguem isso.
Nesta sexta-feira termina o mandato marqueteiro como presidente da Fecam – Federação Catarinense de Consórcios e de Municípios -, do ex-prefeito de Gaspar, Kleber Edson Wan Dall, MDB. Topazio Neto, PSD, prefeito de Florianópolis, irá substitui-lo. Está tudo combinado. É uma diferença e tanto. E Kleber nem saiu da Fecam e ele começa a sentir a falta que faz um cargo público para protegê-lo na imprensa. Já começaram as primeiras notinhas dando conta de que a sua gestão por aqui e na Fecam foram fracas. Deve se contetar com elas. Alguns, em Florianópolis, apostam em manchetes…
Se os vereadores tiveram reajustes bem acima da inflação nas suas diárias, os servidores municipais se preparam para colocar lenha na fogueira no fogo apagado do “delegado prefeito” Paulo Norberto Koerich, PL. Ele postou, oficialmente, que recebeu no seu gabinete a “visita” do presidente do Sintranspug – Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Públicos de Gaspar, Jefferson Deubus, que trabalhou como um par nos governos de Kleber Edson Wan Dall, MDB.
O que Paulo Norberto Koerich, PL, um sindicalista da sua classe policial, ou seja, supostamente traquejado neste assunto, esqueceu de dizer? Que o presidente do Sintraspug iniciou as conversações para o reajuste dos servidores. E não quer nada menos de 7% para uma inflação acumulada em 2024 de 4,83%. Paulo está choramingando sobre falta de caixa na prefeitura. Mas, este não é um problema do Sindicato e sim do prefeito que ainda não colocou a boca no trombone e não fez a auditoria para barrar contratos, estabelecer prioridades, buscar produtividade e botar o caixa sob controle.
O “delegado prefeito” Paulo Norberto Koerich, PL, vai ser comido neste Orçamento do capeta para este 2025 que herdou do governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, PP, que nem a inflação se aplicou nele, na própria Câmara e na má armação que seu partido fez para eleger Alexsandro Burnier, PL, presidente. Está em curso, um projeto de lei parlamentar para dar uma parte do Orçamento para os vereadores em emendas, tal qual á bagunça que se vê no Congresso Nacional, onde tudo começou com milhares de Réis e hoje está em R$50 milhões, sem rastreabilidade.
E quem começou este assunto na última legislatura e não prosperou porque a turma de Kleber Edson Wan Dall, MDB, orientado por ele não deixou? Alexsandro Burnier, PL. Gastou dinheiro em curso e diárias para ir a Florianópolis. Foi aprender a fazer isso. Está gravado em discurso. Vai agora barrar a iniciativa? Muda, Gaspar!
Falta de foco I. Quer ver como falta um chefe de gabinete, uma diretriz ou uma política de prioridades para o governo do “delegado prefeito” Paulo Norberto Koerich, PL? Qual a manchete de ontem de um press release da própria prefeitura de Gaspar? “Secretário de Saúde de Gaspar é o novo presidente da Comissão de Intergestores Regional”. E os veículos daqui reproduziram isso como algo fantástico.
Falta de foco II. Isto beira deboche, não desmerecendo a capacidade do secretário – um funcionário de carreira – Arnaldo Gonçalvez Munhos Júnior. Qual a prioridade de uma saúde pública em caos, sob sérias dúvidas e obrigada a respostas aos gasparenses. Anunciar soluções por aqui. Mas, não, o governo permitiu que o seu secretário em área tão sensivel para o governo, fosse ter tarefa além de Gaspar. E ainda, fez festa e comunicação. Credo. Muda, Gaspar!
21 comentários em “MULETAS EXPÕEM AS FERIDAS DO ANTIGO GOVERNO BEM COMO A CUMPLICIDADE DO ATUAL, ELEITO PARA MUDAR. UM MÊS DA POSSE O QUÊ MUDOU, REALMENTE?”
CENÁRIO É PREOCUPANTE, por Willian Waack, no jornal O Estado de S. Paulo
É até com certa fleuma que Lula parece caminhar para um cenário dominado por componentes preocupantes. Ou então é a calma dos que ignoram o que pode acontecer, pois até aqui nada é galopante.
A tendência da inflação – o pior inimigo da popularidade de qualquer governo – é de subida. Os gráficos apontando para cima já vêm desde a metade do ano passado. Não causaram pânico, mas seu efeito corrosivo é palpável.
O mesmo ocorre com as taxas de crescimento de um PIB muito dependente do expansionismo fiscal e, portanto, do consumo das famílias. As previsões de que a economia vai esfriar são unânimes, o que parece se confirmar diante do sufoco causado por juros elevadíssimos.
Antecipa-se que seus efeitos serão igualmente corrosivos, embora seja muito difícil afirmar em que prazo. Não se acredita em danos de grande monta ainda no mercado de trabalho.
São constantes e repetitivas as derrotas do Lula 3 nos embates em redes sociais. Elas acompanham as enormes dificuldades políticas no confronto com o Legislativo que deixaram somente o Judiciário como grande aliado do Planalto. O governo cambaleia, mas não é iminente um nocaute.
O problema é a combinação de inflação subindo, popularidade descendo, economia esfriando, dificuldades políticas aumentando e capacidade de tocar uma agenda política diminuindo. Evitar que essa mescla se converta em “massa crítica” implica diagnóstico preciso da situação.
O único que Lula 3 forneceu até aqui é o de “problema de comunicação”. O Planalto não vê a sinuca de bico fiscal, considera que o PIB sempre será melhor do que se previa, que a relação entre os Poderes pode ser controlada pela concessão de ministérios e que desconfiança é mero resultado de fake news criadas pela oposição.
Parte dos fatores negativos está fora do controle, como o delicado cenário internacional. Mas o que está encolhendo são as ferramentas para dar conta de deterioração política e econômica doméstica, até aqui razoavelmente ao alcance do Planalto.
Do lado econômico, as escolhas por uma política fiscal expansionista ajudaram a acelerar a inflação e reduziram espaço de manobra se as coisas continuam como estão – ou seja, pisar no acelerador significa impulsionar a crise de desconfiança.
Do lado político, o pecado original na montagem da coligação governista e na incapacidade do PT de realmente dividir o poder restringiu a margem de manobra e foi totalmente incapaz de impedir que o Legislativo deixasse de avançar sobre as prerrogativas do Executivo. Em outras palavras, Lula manda menos hoje do que há dois anos.
A ficha ainda não caiu.
O MAIOR RISCO PARA O IBGE, por Malu Gaspar, no jornal O Globo
Quem reclama que o governo Lula não produziu grandes novidades se esquece de olhar para as crises. Nesse quesito, Lula 3.0 tem inovado. Depois da crise do Pix, que machucou seriamente a popularidade do presidente da República, o foco é o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo Censo populacional e pelos dados de inflação e PIB, entre outras estatísticas relevantes.
O caso ainda não viralizou como o anterior, mas a semente está plantada. Já começaram a surgir fake news sugerindo que esteja havendo manipulação de dados de inflação ou de emprego, e até um pedido de CPI já foi anunciado pelo deputado Nikolas Ferreira (PL-MG).
Não se conhece nenhum indício de manipulação, mas isso não quer dizer que a crise no IBGE não seja grave. Seu presidente, o economista Marcio Pochmann, conseguiu a proeza de unir contra si 289 coordenadores e gerentes do instituto — gente que nunca se manifestou publicamente contra nenhum outro dirigente da instituição, nem no governo Bolsonaro. Eles subscreveram uma carta em solidariedade a duas diretoras que pediram demissão por divergências e falta de interlocução com o chefe.
O principal foco de insatisfação é a Fundação IBGE+, entidade de direito privado sem fins lucrativos conhecida internamente como “IBGE paralelo”. Foi criada por Pochmann em julho passado para fazer convênios e parcerias público-privadas, mas os funcionários só descobriram que ela existia em setembro.
Depois disso instalou-se a revolta, não só pela falta de transparência e diálogo, mas também pelo que os servidores chamam de risco para a soberania estatística do instituto. Fundações como a IBGE+ não são novidade. A Fiocruz tem a Fiotec, e não consta que tenha sido privatizada. Mas o caso do instituto é, sim, delicado e tem riscos.
Assim como a Receita Federal, o IBGE guarda informações de todos os brasileiros, que franqueiam acesso às suas casas, confiando que serão usados na produção de estatísticas para a elaboração de políticas públicas. Permitir que empresas, entidades e até governos estrangeiros tenham acesso a esses mesmos dados não é trivial.
Outro problema é o conflito de interesses. O IBGE segue um planejamento anual, quase sempre executado com dificuldade em razão da falta de recursos. Quem garante que um projeto com dinheiro privado não passará à frente de outros de dentro do instituto?
Nada disso, porém, foi discutido às claras nem com a sociedade nem com os técnicos e analistas, que discordam do formato da fundação. Ao assumir o cargo, Pochmann criou o projeto Diálogos, encontros da direção com os servidores para discutir “o futuro do IBGE”. Quem participou desses eventos, porém, diz que mais pareciam assembleias estudantis em que os dirigentes já chegam com uma lista de assuntos para ser ratificada. A IBGE+ nunca entrou na pauta.
Especialista em assuntos sindicais, Pochmann foi apoiado pelos sindicalistas do IBGE ao assumir a presidência. Mas, depois que o sindicato se opôs à fundação, ele enviou ao Ministério Público uma denúncia em que acusa um grupo de funcionários de prestar consultoria para o setor privado, sugerindo que eles possam estar ganhando dinheiro por fora à custa dos dados e da expertise do IBGE. Embora não seja vedado aos servidores prestar consultoria fora do horário de trabalho, claro que o caso precisa ser investigado.
Não há como não associar o que acontece no IBGE ao que se passou quando Pochmann presidia o Ipea, entre 2009 e 2012, nos governos Lula e Dilma Rousseff. Foi um período igualmente marcado por demissões de quem se opunha a seus projetos, além de acusações de interferência na equipe técnica para favorecer índices econômicos das gestões petistas.
Por isso mesmo, sua escolha para o IBGE preocupou muita gente no governo — incluindo a ministra do Planejamento, Simone Tebet, a quem o instituto está subordinado. Lula, porém, reivindicou para si a escolha e assumiu a responsabilidade.
Ontem, depois de uma reunião entre Pochmann e Tebet em Brasília, o Ministério do Planejamento anunciou ter suspendido a fundação para que sejam mapeados “modelos alternativos”. O líder da oposição no Senado Federal, Rogério Marinho (PL-RN), pediu o afastamento de Pochmann ao Tribunal de Contas da União (TCU), que já analisa o caso da fundação.
Nada disso diz respeito à confiabilidade dos dados do Censo, da inflação ou do emprego. Mas esse caso mostra que a instituição, que já lutou até contra um presidente da República que não queria fazer o censo, permanece unida. O grande risco para o IBGE, hoje, é seu próprio presidente.
Esse vem do Portal Makingof (https://portalmakingof.com.br/prefeito-de-blumenau-expoe-deficit-recorde-nas-contas-do-municipio-pelo-excesso-de-gasto/):
Prefeito de Blumenau expõe déficit recorde nas contas do município pelo excesso de gasto
Na tarde de quarta-feira, 29, o prefeito de Blumenau, Egídio Ferrari (PL), assinou um decreto para reduzir os gastos e manter o equilíbrio financeiro do município.
O decreto 15.933/2025, publicado no Diário Oficial, estabelece regras para cortar custos e despesas e também institui o Comitê Gestor do Governo, que é formado pela Chefia de Gabinete do Prefeito, pela Procuradoria Geral do Município, pelas secretarias de Gestão Governamental, Administração, Fazenda e pelo Samae.
De acordo com a Secretaria da Gestão Governamental, o orçamento da Prefeitura em 2025 tem um déficit estimado de R$ 372 milhões. “Se nada for feito, teremos um cenário muito preocupante. Por isso, determinei que todas as secretarias revisem todos os contratos em atividade e façam as adequações necessárias para diminuir consideravelmente os gastos”, afirmou o prefeito Egídio Ferrari.
“Essa medida é fundamental para garantir a prestação do serviço público e manter as contas do governo em dia”, concluiu o prefeito. A Prefeitura vai reduzir gastos e qualificar a arrecadação, buscando negociar as dívidas com os credores.
Os secretários municipais serão responsáveis pelas ações e serão cobrados pelo Comitê Gestor. O prefeito comenta que o seu decreto não irá afetar a Furb, o Issblu, que é o Instituto de Seguridade do servidor municipal, e o Samae, que já sofre muitas críticas pela falta de água desde 2024.
LEGADO DE MÁRIO
A medida tomada por Egídio Ferrari escancara não só a atual situação econômica da Prefeitura de Blumenau, mas também como as contas públicas vinham sendo administrada pelo ex-prefeito Mário Hildebrandt (PL).
Muitos vereadores já alertavam que o ex-prefeito havia feito muitos empréstimos para a realização de obras que não andavam e que receberam diversos aditivos.
Em outubro de 2024 a Prefeitura de Blumenau enviou para a Câmara de Vereadores mais um pedido de parcelamento de mais um pagamento que tinha que fazer para o Instituto Municipal de Seguridade Social do Servidor (ISSBLU). Os R$ 22,7 milhões, referentes aos meses de outubro e novembro de 2024, foram parcelados em 60 vezes.
Segundo o Sindicatos dos Servidores Municipais de Blumenau, considerando Prefeitura, Fundo Municipal de Saúde (FMS) e FURB, o valor das dívidas de obrigações previdenciárias patronais parceladas ultrapassa R$ 312 milhões.
Só em 2024, a dívida parcelada da Prefeitura/FMS aumentou 34%, saltando de R$ 166 milhões para R$ 222 milhões.
O sindicato diz também que nos últimos cinco anos o governo de Hildebrandt destinou mais de R$ 170 milhões para entidades sem fins lucrativos. No site do Sintraseb, há um texto que diz que “de um lado ele alega falta de recursos para cumprir com as obrigações previdenciárias patronais ao ISSBLU. De outro, destina recursos a entidades que não estavam previstas no orçamento anual, alegando sobra de recursos (superávit)”.
No início deste ano o sindicato apresentou um questionamento no Ministério Público solicitando sua manifestação sobre os reiterados pedidos de parcelamento e sobre a destinação de recursos a entidades diversas que não estavam previstas no orçamento anual e as contraditórias justificativas alegadas em ambos os casos.
Algumas medidas tomadas pelo prefeito Egídio Ferrari (PL):
– Renegociação das condições de preços nos contratos firmados, mediante acordo entre as partes;
– Redução de aditivos em contratos, convênios, ajustes, acordos administrativos que representem aumento no valor;
– Reavaliação das licitações em curso que ainda não tenham sido homologadas, bem como aquelas ainda a serem instauradas;
– Análise de novos convênios e outros instrumentos parecidos que impliquem em novas despesas para o município;
– Análise e revisão sobre gastos com pessoal, sobretudo hora extra, extensões de jornada de trabalho e preenchimento de cargos;
– Reavaliação de espaços físicos locados, visando à redução de despesas;
– Identificação e busca por novas fontes de receita;
– Análise de gastos com material de consumo, de expediente, informática, de manutenção e conservação, de telefone, energia elétrica, água, impressões e cópias;
– Análise sobre gastos com utilização de veículos oficiais, combustíveis, diárias e passagens aéreas.
E aqui? Oras, está tudo como dantes no quartel d’Abrantes…
Pois é. O que já foi delegado aqui e fez um bom trabalho, o que já foi subordinado do delegado daqui e já tiveram tretas, do mesmo partido do antecessor, botou a boca no mtrombono. O delegado prefeito daqui, que sabia de tudo antes, durante e depois da campanha, está mudinho.Interessante isto. NÃO legitimidade, apesar de ter direito, para reclamar que está sem caixa, até porque ele sucede – em tese, porque neste atual estágio tudo é possível – a um adversário
A MINISTRA DA GUERRILHA, editorial do jornal O Estado de S. Paulo
A repórter Vera Rosa informou neste jornal que a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, ocupará a Secretaria-Geral da Presidência, compondo a equipe do presidente Lula da Silva a partir da reforma ministerial. Oficialmente, entre as atribuições da pasta liderada atualmente pelo ministro Márcio Macêdo, está a interlocução do governo com os movimentos sociais, incluindo centrais sindicais, organizações como o MST, sindicatos e ONGs. Só oficialmente. Na prática, o provável embarque de Gleisi na Secretaria, passando a dar expediente diário no quarto andar do Palácio do Planalto, significa tudo menos a desejável melhora na qualidade da equipe ministerial de Lula. Não há meio-termo em relação a ela: Gleisi será a ministra da cisão enquanto o governo precisa de união, ou a porta-voz do desmonte, quando se requer reconstrução.
Só o convite feito a Gleisi representa mais do que a disposição do presidente em ter no Palácio uma petista radical, dando musculatura adicional a um grupo no qual se inclui o chefe da Casa Civil, Rui Costa, e o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha – isso num momento em que se esperaria de Lula e do PT um maior compartilhamento do poder com outros partidos que formam a coalizão governista. Se ministra for, Gleisi pode tornar-se ainda um símbolo de mais um constrangimento imposto ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Afinal, ela tem sido um ruidoso e virulento contraponto a Haddad e a qualquer premissa de responsabilidade fiscal. Coube a ela liderar o levante petista contra o próprio governo, aprovando um documento do partido que classificou a política fiscal de “austericídio” – uma pressão que, com a chancela do presidente Lula, desmontou qualquer esforço do ministro da Fazenda e da ministra do Planejamento, Simone Tebet, de pôr ordem nas contas do governo.
O arsenal de Gleisi é vasto e vai além dos ataques a Haddad. A ex-ministra da Casa Civil de Dilma Rousseff costuma funcionar como uma espécie de braço retórico armado de Lula da Silva. É nessa condição que frequentemente despeja declarações furiosas contra o Banco Central (pelo menos enquanto a instituição era presidida pelo inimigo preferencial dos petistas, Roberto Campos Neto), o mercado financeiro, o mundo corporativo, o agronegócio, o Congresso, a direita (inclusive a direita que não se enquadra no bolsonarismo fundamentalista), Israel, os evangélicos, a imprensa profissional e, agora, o presidente dos EUA, Donald Trump. Por outro lado, revela-se uma afável defensora de Nicolás Maduro, de Cuba e do Partido Comunista Chinês – aos quais costuma bajular enviando missões do PT ou indo pessoalmente para trocas que decerto geram dividendos políticos à esquerda de linhagem lulopetista e constrangimento ao restante do Brasil.
Com tais atributos, resta entender a natureza do convite feito por Lula a um nome que afrontou, desautorizou e deslegitimou seu ministro da Fazenda, mesmo sabendo que inexiste na história um governo forte com um ministro da Fazenda fraco; que Gleisi exibe um modus operandi de guerrilha contra tudo e contra todos que poderiam inspirar o governo a um padrão mínimo de racionalidade e eficiência; e que a presidente do PT tem como único mérito a defesa implacável de Lula, na alegria e na tristeza. Eis aí a natureza da possível escolha: agradar à esquerda do PT e resolver um problema do partido. Instalar Gleisi numa pasta do governo significa tirar dela o comando do processo eleitoral que escolherá, no fim de junho, o novo presidente do partido. O favorito de Lula, o ex-ministro e ex-prefeito de Araraquara Edinho Silva, é visto por Gleisi como um nome indesejável. O defeito de Edinho, na visão de Gleisi, é ser moderado, ter bom trânsito no mercado financeiro e em outros partidos e ser próximo de Haddad. Uma vez ministra, ela deixará o posto que ocupa desde 2017, substituída por um mandato-tampão até a eleição petista.
Eis aí uma artimanha tipicamente lulista – para o bem do PT e a ruína do País.
Bom dia.
Não sei se o meu aparelho celular está ULTRAPASSADO, se a minha internet tá FRACA,
ou se MUDARAM os caminhos pra acessar às páginas da prefeitura de Gaspar e dos jornais Cruzeiro e Metas.
Agora os temas atuais só aparecem se acessarmos no ícone “fotos”.
Talvez uma nova TÁTICA para ESCONDER os comentários, a maioria apontando para o DESCONTENTAMENTO generalizado da população gasparense contra a INÉRCIA do atual governo na área da saúde, e sobre a manutenção intocada das mordomias PALACIANAS IMPOSTAS ao POVO e só em favor dos “$eu$ POLÍTICO$.
São os gestores que NÓS ELEGEMOS nas urnas para nos PROTEGER e AMPARAR que agora, mais uma vez,
nos viram as costas…
E o secretário de Saúde se promovendo com algo regional e fora das suas prioridades. Isto mostra uma falha sistemática do governo, mou então, como uma parte dele, quer enfraquecer a imagem do “delegado prefeito”. Impressionante a quantidade e o nível de barbeiragem para apenas um mês.
E sobre o CANETAÇO do vereador Melato, ele PODE?
O vereador Alex não é mais o presidente da Câmara ou o título é igual ao de capital nacional da moda infantil ?
Podia. Foi a última que ele assinou enquanto presidente no ano passado. Exatamente para valer a partir deste ano.
Parece que o “novo” tá cheio de paranho…
Antes fossem só paranhos. Eles são frágeis e fáceis de serem desmanchados. Parece que o novo caiu foi é na teia, bem tecida e reforçada, de tão velhaque é, e está com dificuldades de sair dela ou já está se acostumando.
Enquanto isso o presidente da câmara Alex preocupado em autorizar 13° salário para os vereadores, inclusão de vale alimentção para os mesmos e também a compra de móveis novos para a câmara.
Ou seja, tão jovem, e um autêntico político da velha guarda. Farra com os impostos de todos para poucos. Masx, como ele próprio diz, como outros polkíticos de Brasília e Florianópolis sempre fizem: tudo dentro da lei. Lei que eles criaram, com o mandato dado pelos eleitores e eleitoras. Na campanha nunca falaram disso ao povo, pois sabiam que não teriam o voto para se elegerem se tivesse sidoi sinceros.
Bom dia.
E isso acontece com o dinheiro do paracetamol e amoxicilina;
com o dinheiro da creche e escola em período integral;
com o dinheiro do nosso presente e futuro…
É uma vergonha pelo tanto q ganham vim falar em vale alimentaçao, tem mts do povo q não faz uma refeiçao decente no dia e aprovam esses aumentos, por isso falo Gaspar com 21 bairros C dividir para participar dessas reuniões desses caras iremos uma vez cada 2 meses ver o q eles estão aprontando com esses progetos d merd….. Onde os beneficiários são somente dles, mas infeliz é qm vota nesse povo achando q vai melhor, mas político é td farinha do mesmo saco , primeiro pensam no próprio bolso depois no partido e C sobrar alguma migalha pensam no povo, prefeito, celebra q 4 anos passam em 1 piscar d olhos faça juz aos votos q recebeu bota pra detonar……
POCHMANN, PEDE PARA SAIR, por Elio Gaspari, nos jornais Folha de S. Paulo e O Globo
Com a credibilidade de Lula em baixa, o melhor que o economista Marcio Pochmann tem a fazer é sair da presidência do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ele é um antigo quadro do PT e, em menos de dois anos, envenenou sua gestão com a proposta de criação de um IBGE +. Em tese, a novidade abriria uma janela para que o instituto firmasse parcerias com empresas privadas.
Quando interesses privados se misturam com a academia, coisas horríveis podem acontecer. Professores de Harvard e da London School of Economics meteram-se com o falecido ditador líbio Muammar Gaddafi. No Brasil, um braço da Fundação Getulio Vargas meteu-se com o então governador Sérgio Cabral.
Servidores e diretores do projeto de Pochmann batizaram-no de “IBGE Paralelo”. Ironia da vida: em 2007, quando o doutor presidiu o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, era acusado de cumprir a tarefa de “estatizar” o Ipea. (Em 2010, o instituto abriu um escritório na Caracas de Hugo Chávez.) Agora, acusam-no de querer privatizar o IBGE.
O estatuto da Fundação IBGE + tem trechos idênticos ao da malfadada similar da saúde do Rio. Até aí, pode ter sido preguiça, mas prever que certas matérias exigiriam a aprovação de dois terços de um conselho curador de cinco membros foi uma demasia para um texto do IBGE. Dois terços de cinco dá 3,333.
Nas últimas semanas, duas diretoras do IBGE pediram demissão, e 134 servidores (125 dos quais em cargos de chefia) assinaram uma carta condenando o IBGE + e o estilo de chefia de Pochmann. Na semana passada, demitiu-se o diretor executivo da Fundação IBGE +. É por causa do estilo que Pochmann deve pedir para sair.
Ele assumiu em agosto de 2023, e seu projeto de um IBGE + foi criticado em setembro de 2024. Em novembro, Pochmann pediu ao Ministério Público que apurasse irregularidades e conflitos de interesse atribuídos a funcionários do órgão. Seriam serviços privados de consultoria prestados a uma instituição parceira do instituto. Só Deus conhece os labirintos das consultorias, mas chamar o MP para investigar, dois meses depois das críticas, cheira a revide.
Pochmann é uma flor do jardim da Unicamp e um petista raiz. Disputou duas vezes a Prefeitura de Campinas e tentou se eleger deputado. Quando sua gestão no Ipea gerou chuvas e trovoadas, ele se defendeu:
— Tenho mais de duas décadas de atividade acadêmica. Sou polemista, gosto da polêmica. Não estou lá [no Ipea] para organizar o consenso, mas para organizar o dissenso.
Desde que começou a crise no IBGE, a presidência do instituto fala por meio de notas, sempre altaneiras. Numa delas, acusou os críticos de mover “uma campanha de desinformação”. Desinformação foi o doutor que estimulou, em outubro de 2020, ao dizer que o Pix do Banco Central era “mais um passo na via neocolonial”.
Pochmann parece ter perdido gosto pela polêmica e, se em algum momento quis organizar o dissenso, só conseguiu ampliá-lo. O sindicato dos servidores do IBGE marcou para a manhã de hoje uma manifestação em frente à sede do instituto.
Pior que comparando o salário dos vereadores de Gaspar com Rio do Sul, Indaial e Timbó não está desproporcional, visto as mesmas terem números de habitantes parecidos. O “problema” é a relação salário x trabalho.
Outra, agora são atores e atrizes, “repórtere” sem soluções nas suas redes sociais, que fecham para comentários, bem como caçadores de likes das suas próprias bolhas. E isso, incrivelmente, também querem que se conte como horas e dias trabalhados. Vergonha dos novos tempos
Para o prefeito de Gaspar e seus “çábios” lerem. Qualquer semelhança, não é mera coincidência. Além da teimosia, é falta do que de metas e clareza delas
DE CRISE EM CRISE NÃO SE CONSTRÓI IMAGEM, por Vera Magalhães, em O Globo
O que falta ao governo Lula 3 é uma cara. Os dois primeiros mandatos do petista tiveram o êxito que se viu, a ponto de sobreviverem a escândalos de corrupção que mobilizaram o país, como o mensalão, e de terminarem com a eleição de alguém que nunca havia disputado eleições, como Dilma Rousseff, porque havia o que mostrar, mas, sobretudo, havia um bom resumo para a posteridade do que aqueles oito anos representaram na História brasileira.
Lula chegara ao poder tão ou mais desacreditado pelos agentes econômicos do que hoje, mas estreou oferecendo austeridade fiscal e diálogo com setores mais amplos da sociedade, proposto desde a campanha, com a Carta ao Povo Brasileiro. Saiu, oito anos depois, tendo mantido o controle da inflação legado pelo Plano Real, mas, sobretudo, tendo promovido a ascensão social de um grande contingente de pessoas, graças não só a programas de renda, como o Bolsa Família, mas a um projeto de acesso à educação superior a famílias nas quais nunca havia existido um universitário.
Esse tipo de indicador supera a narrativa rasa, ainda mais porque foram conquistas logradas num tempo em que as redes sociais apenas engatinhavam, com o pueril Orkut e os primórdios de seus filhos hoje crescidos, como o Facebook.
E agora? O que se tem de semelhante àquele legado em termos de diretriz, de projeto de longo prazo com coerência entre suas partes para um país que, desde então, é completamente diferente? Nada.
O resultado é um Executivo que se move de crise em crise, com respostas sempre insuficientes, analógicas, atrasadas ou completamente alheias à realidade. O episódio da semana é a situação dos deportados dos Estados Unidos — e ainda não se trata de um grupo diretamente atingido pela política de terra arrasada de Donald Trump, que tende a intensificar os envios de brasileiros em situação ilegal.
Dificilmente alguém poderá, em sã consciência, discordar da correta contraposição do governo às condições degradantes e indignas com que os brasileiros foram transportados. Mas, passados três dias, o mais provável é que a administração Lula não consiga obter nada de concessão — nem o Brasil nem os demais países do continente, aliás.
A pronta ação do Ministério da Justiça e da Polícia Federal na acolhida aos brasileiros pode até gerar melhora na imagem do governo, ainda mais em contraste com a babação de ovo da oposição bolsonarista diante dos arreganhos trumpistas. Foi o primeiro tiro n’água da direita em muito tempo, aliás, depois de meses surfando em erros de comunicação ou condução política do presidente e de seus ministros.
Mas isso dificilmente alterará o quadro captado pela pesquisa Quaest. Diferentemente da avaliação ligeira de alguns ministros palacianos, ele nada tem de mau humor momentâneo. O que crises como a do Pix e a da alta de alimentos vão sedimentando é a falta de conexão entre Lula e o eleitor real, aquele que vai ao supermercado, que usa transporte por aplicativo ou trabalha para um aplicativo, que está no corre da economia informal, cujo filho até pode ter se formado graças ao ProUni, mas que já virou essa página e hoje não guarda nostalgia daquele tempo, pelo contrário.
As reuniões de emergência de ministros para atender a cada susto semanal produzem só medidas que, além de claramente desfocadas, evidenciam que Lula está desnorteado, sem saber ao certo como navegar nas novas águas da economia (incluindo o mundo do trabalho), da geopolítica e da vida digital.
No caso dos repatriados de Trump, a entrevista rápida de ministros nervosos comunicou o óbvio: os brasileiros continuarão a viajar algemados e acorrentados, o que fará com a indignação da chegada do voo do fim de semana se dissipe no éter.
É preciso não ser apenas reativo, mas se antecipar aos problemas. Em relação aos Estados Unidos, isso era uma necessidade óbvia. Só essa real mudança, que não se resolve trocando peças, evitará que Lula passe dois anos apagando incêndios.
Quanto mais o governo arrecada ou aumenta os impostos, sem retorno para a sociedade, mais ele tira do bolso do cidadão para desperdícios, privilégios e corrupção que não controla e combate
RECORDE DE RECEITA NÃO VEM SEM EMBARAÇOS PARA GOVERNO, editorial do jornal Folha de S. Paulo
Fossem outras as circunstâncias, o recorde de arrecadação tributária contabilizado em 2024 seria lido como uma vitória do ministro Fernando Haddad, da Fazenda, e sua equipe, que tiveram sucesso considerável no esforço de buscar mais receitas. No atual contexto, porém, o resultado não vem sem embaraços para o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Os números impressionam. Em valores corrigidos pela inflação, a União coletou R$ 2,709 trilhões em impostos, contribuições, taxas, royalties e outras fontes, um salto de 9,6% —ou R$ 238 bilhões, suficientes para pagar quase um ano e meio de Bolsa Família— em relação ao ano anterior.
Maior da história em termos reais, a arrecadação foi equivalente a 22,46% do Produto Interno Bruto estimado, patamar que só havia sido atingido ou superado em alguns momentos da primeira década do século, quando o país vivia um momento excepcional devido ao boom global de preços de produtos primários.
Parcela importante da melhora pode ser atribuída ao crescimento da economia, que superou as expectativas iniciais e se aproximou dos 3,5%. Mas foram decisivas, de fato, as providências destinadas a reduzir benefícios e elevar a tributação.
Por esse aspecto, o recorde é divulgado em momento politicamente delicado para o governo Lula, ainda às voltas com a péssima repercussão de uma medida para elevar o controle de transações por meio do Pix —que suscitou a informação falsa de que o instrumento seria taxado e a percepção plausível de que o governo federal buscava elevar receitas com fiscalização.
Mais grave, a cifra excepcional escancara o fracasso da estratégia petista de equilibrar o Orçamento exclusivamente com o aumento de receitas, sem conter a alta contínua das despesas.
Afinal, nem a arrecadação histórica bastou para cobrir os gastos com pessoal, custeio administrativo, programas sociais e investimentos. O Tesouro Nacional deve apurar um déficit primário (excluindo encargos com juros da dívida) perto dos R$ 40 bilhões no ano passado.
Daqui para a frente, o cenário deve ser bem mais difícil. Algumas das receitas de 2024 tiveram caráter extraordinário e devem se reduzir; a busca de mais recursos será obstruída pela campanha da oposição à direita contra a sanha arrecadatória de Lula; a disparada dos juros, consequência da gastança, tende a limitar a expansão da economia.
Com a alta das taxas dos títulos públicos, ademais, o governo federal precisará buscar superávits maiores para conter a escalada de sua dívida.
É correta e justa a estratégia de rever privilégios tributários para setores influentes —multiplicados, aliás, em gestões petistas anteriores. É ilusório, porém, imaginar que elevar uma carga já excessiva resolverá o grave desequilíbrio das contas do Tesouro. A arrecadação precisa ser mais bem distribuída, não maior.
O APEGO ÀS IDEOLOGIAS: UMA REFLEXÃO SOBRE A CONDIÇÃO HUMANA, por Aurélio Marcos de Souza, advogado, ex-procurador geral do mun icípio de Gaspar (2005/08), graduado em Gestão Pública pela Udesc. Artigo publicado nas redes sociais do autor.
O ser humano, por natureza, busca pertencimento, segurança e um sentido para a vida. Essas necessidades básicas ajudam a explicar por que muitas pessoas se apegam tão fortemente a ideologias, muitas vezes ignorando argumentos contrários ou evidências que possam questionar suas crenças.
Gustave Le Bon, em seu livro A Psicologia das Multidões, mostra que, ao se juntar a um grupo ou movimento, as pessoas tendem a abrir mão de parte de seu pensamento crítico, aceitando as ideias do grupo como verdades absolutas. Ele diz que “a força da multidão não está na razão, mas na emoção” (LE BON, 2008, p. 23). Isso revela que o apego a ideologias muitas vezes atende a necessidades emocionais e sociais, e não tanto à lógica.
Sigmund Freud, em Psicologia das Massas e Análise do Eu, vai na mesma direção. Ele explica que a identificação com um líder ou uma ideologia não é apenas racional, mas também profundamente emocional. Freud afirma que “o indivíduo, quando faz parte de uma massa, perde parte de sua capacidade crítica em troca de um vínculo afetivo com o grupo” (FREUD, 2011, p. 18). Esse laço oferece uma sensação de segurança em um mundo cheio de incertezas.
Antonio Gramsci, ao falar sobre hegemonia cultural, chama a atenção para como as ideias dominantes são absorvidas pela sociedade como se fossem verdades incontestáveis. Ele diz que essas ideologias muitas vezes não são escolhidas de forma consciente, mas são herdadas e reproduzidas como parte da nossa construção social: “A hegemonia é silenciosa, mas eficaz, moldando nossa visão de mundo” (GRAMSCI, 2001, p. 33).
Erich Fromm, em O Medo à Liberdade, traz outra perspectiva importante. Ele sugere que muitas pessoas se apegam a ideologias como uma forma de escapar da solidão e do peso da liberdade. Fromm observa que “o peso da liberdade pode ser insuportável para alguns, que preferem abrir mão dela em troca de certezas oferecidas por sistemas ideológicos” (FROMM, 2000, p. 65).
Jonathan Haidt, em A Mente Moralista, complementa essa ideia ao mostrar que as ideologias estão profundamente ligadas aos valores morais de cada pessoa. Esses valores não só moldam a forma como enxergamos o mundo, mas também fazem com que os debates ideológicos sejam altamente emocionais. Haidt diz que “as pessoas não escolhem suas opiniões de forma puramente racional; elas se baseiam nos valores morais que mais importam para elas” (HAIDT, 2018, p. 42).
Essa reflexão nos convida a olhar para o apego às ideologias com empatia, entendendo que ele reflete as fragilidades e necessidades humanas de conexão, pertencimento e sentido. Ao mesmo tempo, nos lembra da importância de cultivar o pensamento crítico, para que possamos construir diálogos mais construtivos em um mundo cada vez mais polarizado.
Referências
FREUD, Sigmund. Psicologia das Massas e Análise do Eu. São Paulo: Imago, 2011.
FROMM, Erich. O Medo à Liberdade. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
GRAMSCI, Antonio. Cadernos do Cárcere. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.
HAIDT, Jonathan. A Mente Moralista: Por Que as Pessoas Dividem Política e Religião. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.
LE BON, Gustave. A Psicologia das Multidões. Petrópolis: Vozes, 2008.