Meu comentário de hoje já estava pronto e foi substituído. Já começou ao fato do momento. Antes, porém, um registro: a foto acima, mostra a visita formal do prefeito de Gaspar, Paulo Norberto Koerich ( ao centro), do vice Rodrigo Boeing Althoff (à direita) à Câmara, representado por seu presidente, Alexsandro Burnier (à esquerda), todos do PL.
A comunicação do “novo” governo gasparense de Paulo Norberto Koerich e Rodrigo Boeing Althoff, ambos do PL, se tornou um problema para os que estão obrigados a serem percebidos como agentes de mudanças, origem dos votos vencedores em outubro do ano passado. Era para ser a redenção. Virou exatamente a antítese, da sempre lembrada e prometida nos discursos, entrevistas e declarações por Paulo, de que, o governo dele se pautaria pela transparência e comunicação. Nem uma, nem outra, por enquanto.
A comunicação está centralizada e censurada. Vou repetir o que já escrevi esta semana: a prefeitura (bicho político) não é delegacia de polícia (bicho matreiro). Voltando. Há recomendações de que os secretários – e outros – não se comuniquem com a cidade, cidadãos e cidadãs por suas redes sociais em coisas relativas as suas funções. Aceitável. E não polemizo.
Mas, por outro lado, no site da prefeitura, só bobagens e coisas bem miúdas. Nesta quinta-feira um pequeno e muito cuidadoso ensaio. Trato no TRAPICHE. Não há pautas sobre para ao menos, aplacar minimamente, as expectativas criadas. Só frustações. E quem está na prefeitura sabe que a cobra fumando, mas sem cheiro e fumaça, por enquanto.
Como eu sei disso? Por antigas fontes – algumas de décadas – dos que ficaram lá e pertenceram a vários governos. O que eu não sei, até agora, de onde o prefeito Paulo e os seus “çábios”, chegaram à conclusão, em pelo ano 2025 da era cristã do século 21, com a Inteligência Artificial já dominando as nossas vidas, de que vão calar a boca de todos, ao jeito deles e ao Mito da Caverna, de Platão, num ambiente onde os aplicativos de mensagens são instantâneos, tanto para o bem e o mal. Acabou-se o tempo de ser amigo do dono da rádio, tevê ou jornal. Hoje, quase todos os munícipes tem uma ponta desse monopólio. E a maioria que ver isso circulando. E dependendo da confiança mútua, eu me torno também um canal crível.
OPORTUNIDADES PELO RALO
Estão jogado fora o crédito que ganharam nas urnas. E não foi pouco. O ouro logo, mas muito logo, desse jeito, vai virar pó. Quem mesmo orienta, na estratégia e na tática, esta comunicação manca do prefeito Paulo?
Reuniões – e perda de tempo neste caso – são feitas para adiar a divulgação e esconder o que vai se descobrindo. E não é pouca coisa. No meio desse desastre, vi apenas a vereadora Alyne Karla Serafim Nicoletti, PL, furar o bloqueio, mostrando que a incompetência do comunicador e marqueteiro de si próprio, que está percorrendo o estado vendendo lições de administrador vencedor a outros prefeitos, Kleber Edson Wan Dall, MDB, fez Gaspar e os gasparenses, por consequência, perderem quase R$600 mil em verbas federais vindas de emenda parlamentar de Júlia Zanatta, PL.
Alyne repetiu o que escrevi na quarta-feira. Alyne apenas laou a minha alma mais uma vez. Alyne mostrou que não cuidaram da simples papelada do Hospital. E apesar da montanha de dinheiro que se colocou lá, o Hospital está cada vez mais doente. Mas, quase todos que levaram a este quadro de desastre estão mantido pelo atual governo, o de Alyne. E depois eu sou o bocudo.
E o que ainda, e coloco ainda, na esperança de que o quadro mude, se esconde é um arsenal. Entretanto, por enquanto está vencendo gente que está palpitando sugerindo que deverá vir reações terríveis. Credo. Não me digam que querem ou estão todos na mesma balaia, apesar de muitas vezes se ver no atual governo a continuidade do antigo. Para não ir longe nesta divagação, quando perceberem que o silêncio é a aceitação do caótico, não terão mais chances e créditos para indignar a cidade com os erros, neste momente, que não são do atual governo. Contudo, se continuarem nesta batida, serão coniventes e parceiros. Nem mais, nem menos.
Como escrevi, a lista de descoberta é enorme. Tudo abafado, até aqui. Até textos, anunciando essas “descobertas” chegaram a ser feitos. Mas, repousam na burocracia e nos bombeiros do antigo governo que estão entranhados no novo. E fingem mexer em vírgulas prá cá e prá lá para não melindrar quem deveria estar exposto e dando explicações. Kleber, diante disso, está saboreando a bateção de cabeça no governo de Paulo para por tudo às claras.
OS PREFEITOS DE FATO E SEM VOTOS
Temos dois prefeitos de fato. E sem votos, naturalmente. Por isso, não possuem a titularidade do cargo e da função.
Numa ponta está o chefe de gabinete, Pedro Inácio Bornhausen, PP, – que já foi o chefe de gabinete de Kleber e o chefe de campanha de Paulo. Ele vive colocando panos quentes em tudo e possui à firme convicção de que não se deve expor o ex-governo de Kleber, Luiz Calos Spengler Filho e Marcelo de Souza Brick, PP, para não entrar numa guerra de versões. Então, sobra para Paulo – que ele não tinha até então – a fama de que vai botar tudo para debaixo do tapete, e exatamente naquilo que como policial, dizia que não competência fazer por estar fora da sua alçada jurisdicional. Agora, ele possui. E orientado, reluta.
Na outra ponta está a situação mais delicada, mas que precisa ser enfrentada: o vice Rodrigo. Ele arma um governo paralelo e faz disso, uma campanha para ser o secretário de Planejamento Territorial – cargo ainda não nomeado mesmo passando-se dez dias de novo governo. Ou, ao menos, na contenção de danos, ter um dos seus de confiança indicado numa área onde esteve por duas vezes nos governos de Adilson Luiz Schmitt, quando era MDB e hoje está filiado no PL, bem como no PT de Pedro Celso Zuchi. Aliás, na “bolsa de apostas” diária, ontem se especulava o nome Roberto Marcolino Graciano, diretor-geral de Planejamento e Desenvolvimento ao tempo do segundo mandato de Zuchi.
Vamos adiante.
E para complicar, ou mostrar de que tudo é feito para complicar e não para mudar, como sugeriu a maioria esmagadora dos votos de outubro para Paulo, na quarta-feira, à tarde, o vice Rodrigo – que está mapeado para ser o presidente do Republicanos em Gaspar, o apêndice do PL – espalhou o número do seu “whatsapp” especial com a seguinte chamada “O meu whatsapp à sua disposição“. Imediatamente um rebu na própria equipe e no partido, revelando, sem meias palavras o que se passa no seio do governo.
Perguntei ao prefeito Paulo qual teria sido a decisão estratégica que motivou o governo ao lançamento deste canal institucional de comunicação com a sociedade e se a Ouvidoria estaria sendo abolida. Paulo foi seco: “trata-se de um número de uso pessoal, que não tem vinculação coma comunicação da Prefeitura, servido como meio de aproximação do vice-prefeito com a população. O Município segue tendo a Ouvidoria e demais canais oficiais de comunicação“.
Excelente. Das duas uma: ou Rodrigo está em campanha a deputado estadual em 2026 e aí já entrou em conflito com o campeão de votos Alexsandro Burnier, PL, que se sente dono desta vaga, ou está num governo paralelo.
Querem me dizer que sem função Executiva, o vice-prefeito de Gaspar resolveu criar um canal paralelo ao governo que mal consegue se comunicar com a cidade e por isso está se desgastando? Incrível. O que mostra isso, também? Que a comunicação está refém de quem não entende do riscado, ou se entende, está permitindo que o novo governo fique exposto e vulnerável, as inúmeras interpretações do seu entorno. Muitos dos que votaram, estão enxergando a continuidade do pior do que já era ruim. Muda, Gaspar!
TRAPICHE
A secretária de Educação, a educadora Andreia Simone Zimmermann Nagel, PL, emplacou o primeiro press release do governo de Paulo Norberto Koerich, PL, mostrando o descaso como os caros materiais da secretaria. Eles estavam mal armazenados num depósito no bairro Coloninha, isto sem falar, por exemplo, em produtos de limpeza e higiene com datas vencidas ou prestes a vencer.
O prefeito compareceu burocraticamente naquilo que foi dar na imprensa. Todo esse cuidado deveria ser traduzido com a seguinte exclamação e afirmação: “vergonha! No meu governo esse tipo de descaso com o dinheiro dos gasparenses não irá acontecer. E vou atrás dos responsáveis de ontem e os que tentarem isso, mesmo por descuido, hoje“. Seria entendido bem melhor interna e externamente, do que aquelas palavras bem postas e cuidadas, apenas para passar a mão na cabeça de gente que brincou de governar com o dinheiro dos outros. Comunicação boa é aquela que não precisa de interprete. Todos entendem.
Entra ano, sai ano; entra governo, sai governo e a pinguela maltratada aqui do Centro se torna manchete de vereadores e da própria prefeitura. A simples reparação dela – por falta de responsável manutenção de gestores públicos e por anos – vai ser capaz, pasmem, mais uma vez, de se tornar uma grande obra e com muitos pais e padrinhos, Não me digam que este é o sinal de grandes mudanças que se quer passar à cidade, cidadãos e cidadãs. Credo!
A primeira obra registrada pelo prefeito Paulo Norberto Koerich, PL, no marketing de realizações nas suas redes sociais: a manutenção da placa indicativa da rotatória nas ruas Fernando Krauss e Frei Solano. Hum!
Uma reclamação que percorreu a cidade nos últimos dias foi a falta de recolha do lixo pela Saays Ambiental. Mas, este não é o problema real, prometido para se resolvido. Esta foto (ao lado) é aqui Centro da Capital Nacional da Moda Infantil – e no nos bairros, a situação está pior. Constata-se, por ela, como esses containers estão estropiados. E faz tempo. Além da regularização da coleta, é preciso que a nova administração exija a troca deles.
Alô Samae. Alô Cícero Giovani Amaro, PL, atual diretor-presidente da autarquia, ex-vereador e tão cioso nestas questões. Containers abertos aceleram a deterioração do lixo orgânico, aumenta-se o fedor, bem como a proliferação de insetos, inclusive os da dengue. Além disso, estão quase todos sem rodados, o que dificulta a manobra do coletor e provoca-se a sobra de lixo nos locais de armazenamento.
Vereador mostrando serviço, quer, demagogicamente, à volta das flores [plásticas] nos cemitérios de Gaspar. Sobre a alta taxa cobrada dos vivos para manterem seus mortos lá, que tanto combateu ao tempo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, nada. O vereador devia pedir apenas à aplicação da nota técnica da Dive – Vigilância Sanitária – de Santa Catarina 013/201/DIVE/SES e o Decreto 18.024 de 26 de outubro de 2020. Está tudo lá. Não precisa inventar moda. Bota os assessores do gabinete e da Câmara, bem pagos, trabalharem.
Incrível. Vereadores reeleitos da base do ex-governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, PP, fingem que nem de longe um era a calça (prefeito) e o outro (vereador) a cueca. Estão espalhando vídeos por aí mostrando as mazelas do passado, como se eles não fossem parte delas. E mais, dizem que pularam de lado e por isso, o novo governo já lhes deu carta branca nas soluções. Cruzes!
O governo de Gaspar está sem dinheiro no minguado Orçamento de R$510 milhões que nem se corrigiu pela inflação para este ano de 2025. Então esperem o que aguarda para ele quando a Câmara voltar a trabalhar em fevereiro.
A Agapa – Associação Gasparense de Amparo e Proteção ao Animais – anunciou que deixou a parceria de sete anos na campanha que fazia com o Rotary no projeto “Mãos para o futuro”. Consistia no recolhimento de tampinhas de garrafas PET. Ela alega que eram seus voluntários que arrecadavam a maior parte do material e na divisão dos lucros, ficava apenas com 30%. O Rotary, por sua vez, diz que o projeto vai continuar, mas com foco em causas humanitárias.
A revolução. Mas, não em Gaspar. Menos, Paulo Flores. O comunicador da rádio 90 FM, repercutiu o fim da Área Azul para estacionamento público em Gaspar ainda na base do papelinho, apontador (mão-de-obra cara e escassa) e caneta. No vídeo que fez, Paulo sugeriu uma revolução neste assunto por aqui. Revolução? O estacionamento por aplicativo? Afinal estamos no mundo digital.
Este modo papelinho e jeitinho de Gaspar só mostra o atraso em que a administração de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, PP, nos meteu. Não precisamos de revolução, apenas de atualização. Lá em 2006 o ex-prefeito Adilson Luiz Schmitt, PL, já queria o parquímitro. Foi vencido primeiro pela burocracia, segundo porque estava em defesa do seu mandato que a oposição lhe queria e finalmente, porque quando passou o governo para Pedro Celso Zuchi, ao atraso peculiar do PT, voltou o papelinho. E 20 anos depois estamos falando de “revolução” para derrubar o papelinho na volta, e quando voltar, a Área Azul. Muda, Gaspar!
O governador Jorginho Melo, PL, vira e mexe está sendo vaiado em público. E se virar moda… Sempre escrevi: vai ser o pior governador de Santa Catarina. Se não for, dois anos já se foram. Então, Perguntar não ofende: qual é mesmo o legado que ele já construiu ou está prestes a ser conhecido e reconhecido para enfrentar as eleições de 2026? As vaias dizem muito sobre isso. Seus filhos, os que vivem na sombra, estão desmentindo que o pai está sendo vaiado como governador e político que é. Terão trabalho.
Santa Catarina ganhou quatro UBS – Unidade Básica de Saúde. Duas para o Vale do Itajaí: Blumenau e Indaial. É claro que isso não nasce do dia poara a noite. Antes é preciso projetos. O que faltou a Gaspar tão carente nesta área? Projeto. E quem devia ter lutado por isso? Os oito anos de Kleber Edson Wan Dall, MDB, Luiz Carlos Spengler Filho e Marcelo de Souza Brick, mabos do PP. Muda, Gaspar!
3 comentários em “A COMUNICAÇÃO DO NOVO GOVERNO DE GASPAR É UMA BIRUTA AO SABOR DOS VELHOS E NOVOS “ÇÁBIOS”. CENTRALIZADA, ELA TRABALHA CONTRA A PROMETIDA TRANSPARÊNCIA À CIDADE PARA ESCONDER O BATE-CABEÇAS DOS QUE TOMARAM O PODER DE PLANTÃO. PARECE TUDO VELHO, POR ENQUANTO”
Alô Paulo Norberto Koerich e seus novos “çábios” importados de um velho tempo ultrapassado na comunicação e imagem de administrador público
SIDÔNIO JÁ SABE QUE O POVO “NÃO COME PIB”, por Andrea Jubé, no jornal Valor Econômico
O novo ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Sidônio Palmeira, admitiu a interlocutores que, para além de sua área, o governo tem mais e maiores problemas a serem enfrentados na longa jornada até as urnas em 2026. Ele sabe, por exemplo, que um dos principais entraves para turbinar a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é a alta dos preços dos alimentos.
Nos últimos dias, o publicitário observou, em conversas com interlocutores, que a população “quer menos índices, e mais de carrinho de supermercado”. O próprio Lula e vários ministros têm reiterado declarações comemorando dados positivos da economia, como a expansão do Produto Interno Bruto (PIB), que deve alcançar 3,5% em relação a 2024, ou o índice recorde de desemprego, que atingiu 6,1% no ano passado.
No mundo real, entretanto, tem prevalecido a máxima preconizada pela economista Maria da Conceição Tavares, um dos ícones do PT, que faleceu no ano passado. A ex-professora da Unicamp e uma das principais referências de Lula já ensinou no passado que “o povo não come PIB, come alimentos”.
Tratando-se de Maria da Conceição Tavares, nem Lula nem o titular da Fazenda, Fernando Haddad, podem alegar que faltaram a essa aula. Na prática, de nada adianta o otimismo dos números se eles não traduzem a realidade. O crescimento do PIB não tem ajudado a encher o carrinho de supermercado dos brasileiros porque a escalada dos preços dos alimentos extrapolou o índice geral da inflação.
De acordo com o IBGE, a inflação acumulada nos últimos 12 meses, até novembro, foi de 4,87%. Contudo, segundo o mesmo instituto, somente a inflação da carne, no mesmo período, atingiu 15,43% – quase quatro vezes a mais. Uma explicação para isso seria o maior volume de exportações, que reduziu a oferta do produto no mercado doméstico.
Um agravante é que o preço salgado da carne, além de deixar o gosto amargo para o consumidor, oferece artilharia pesada para a oposição. Na campanha de 2022 – coordenada pelo próprio Sidônio – Lula prometeu que o povo teria novamente churrasco, com “picanha e cerveja”, nos fins de semana. De fato, o preço da carne caiu entre 2023 e meados de 2024, mas a alegria do pobre durou pouco.
Outra agrura da gestão Lula 3, na visão de lideranças do PT, a ser enfrentada pelo publicitário é a falta de um “projeto de país”. Nos bastidores, o próprio Sidônio observou a interlocutores que o governo não tem uma marca, enquanto os mandatos anteriores do petista acumulam símbolos, como o Bolsa Família, o Minha Casa, Minha Vida (MCMV) e o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
“Nossas marcas até agora são um arcabouço fiscal e o Pé de Meia”, queixou-se um petista influente em conversa com a coluna. Uma reclamação corrente entre vários petistas recai sobre Fernando Haddad, que na visão desses críticos só vai a público defender ajuste fiscal e corte de gastos. “Ele raramente fala em desenvolvimento econômico”, acrescentou a fonte. Para complicar o cenário, num momento em que um dos principais desafios é lidar com a alta dos preços dos alimentos, o governo anuncia um reajuste menor do salário mínimo.
Nesse contexto, Sidônio tem sido um dos mais entusiasmados defensores da aprovação, o quanto antes, do projeto de lei que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) para quem recebe até R$ 5 mil. A avaliação é que o gesto pode se consolidar como uma das marcas da gestão Lula 3, ao mesmo tempo em que alcançaria uma fatia da população com maiores índices de desaprovação do governo.
Nos bastidores, o publicitário tem cobrado agilidade no envio do projeto ao Legislativo, a fim de dar largada, paralelamente, nas peças de propaganda sobre a proposta. Lideranças do Congresso já declararam que o projeto enfrentará obstáculos se o governo não comprovar a “neutralidade fiscal” da expansão da faixa de isenção.
Ainda assim, a ala política do governo acredita que a pressão da opinião pública a favor da matéria constrangerá os parlamentares que se arriscarem a fazer oposição à proposta, que pode beneficiar, pelo menos, 28 milhões de brasileiros.
Simultaneamente, caberá ao novo titular da Secom tourear a onda crescente de “fake news” tendo como alvo principal a economia. As mais recentes, disseminadas nas redes sociais, diziam que Haddad iria taxar os Pix acima de R$ 5 mil e limitar os saques a R$ 1,5 mil.
O desafio mais sensível de Sidônio, contudo, talvez seja o próprio Lula, que tem se revelado incapaz de conter os improvisos, que na maioria das vezes, transformam-se em gafes. Por exemplo, o ex-presidente Jair Bolsonaro já provocou, em seus perfis, que um presidente que defende as amantes não pode se investir no papel de chefe da família brasileira. Na cerimônia de 8 de janeiro, Lula afirmou que, em geral, “os maridos são mais apaixonados pela amante do que pelas mulheres”.
Lula tem acumulado gafes em relação às mulheres. Em julho do ano passado, citou uma pesquisa segundo a qual, após os jogos de futebol, aumentava a violência contra mulheres. Na sequência, afirmou: “Se o cara é corintiano, tudo bem, mas eu não fico nervoso quando perco”. Para falar em pescaria, hobby de Lula, Sidônio terá de cuidar para o peixe não morrer pela boca.
LULA QUER SE APROPRIAR DO 8 DE JANEIRO, editorial do jornal O Estado de S. Paulo
Aconteceu exatamente como todos esperavam: o presidente Lula da Silva politizou de vez o 8 de Janeiro. A exemplo do que fez seu antecessor e antípoda, Jair Bolsonaro, que tentou transformar o 7 de Setembro em feriado comemorativo do bolsonarismo, o petista quer fazer da data de lembrança do ataque à sede dos Três Poderes um dia de louvação a si mesmo e ao PT, como esteios da democracia.
O constrangedor ato de anteontem no Palácio do Planalto em memória daquela data fatídica, seguido de um encontro com meia dúzia de gatos-pingados reunidos na Praça dos Três Poderes pelo PT e centrais sindicais ligadas ao partido, esteve muito mais próximo de um evento de campanha do que de uma solenidade institucional, impessoal e republicana conduzida pelo chefe de Estado e de governo para lembrar do mais sórdido ataque à ordem constitucional vigente no País há quase 40 anos.
A patacoada já tem lugar na história não pela cerimônia em si, mas por mais uma gafe de Lula – que, ao se declarar “amante da democracia”, enfatizou que “os amantes são mais apaixonados pela amante do que pelas mulheres”.
A ninguém é dado o direito de se surpreender, em se tratando de Lula, que transforma qualquer ocasião de Estado em palanque eleitoral. Afinal, para o chefe de um governo sem cara, vale dizer, sem um projeto de país coerente, responsável e exequível para apresentar ao País, malgrado já ter iniciado a metade final de seu mandato, parece não restar alternativa a não ser posar como o único líder político capaz de “salvar a democracia” de seus inimigos, notadamente os bolsonaristas, o que é uma rematada falácia.
Lula sabe muito bem que politizar o 8 de Janeiro significa manter viva a chama golpista que anima Jair Bolsonaro e seus apoiadores. Os bolsonaristas, que também dependem desse antagonismo, não perderam a oportunidade de usar a efeméride para, mais uma vez, pugnar pela anistia aos golpistas. Trata-se, portanto, de um jogo eleitoral do qual os únicos beneficiários são Lula e Bolsonaro, malgrado este estar inelegível até 2030.
A memória do 8 de Janeiro, é sempre bom lembrar, não pertence a Lula nem muito menos ao PT ou a qualquer outro partido. A insurgência de bolsonaristas contra o resultado da eleição presidencial de 2022 pertence à história do Brasil. E assim, de forma institucional e republicana, haverá de ser lembrada no futuro, insubmissa aos desígnios políticos dos mandatários de turno.
É inegável que Lula teria sido uma das principais vítimas caso a tentativa de golpe prosperasse. Segundo a Polícia Federal, alguns militares da ativa e da reserva são suspeitos até de preparar um plano para assassiná-lo a fim de impedir sua posse. Mas não se pode esquecer que, ao longo de toda a sua vida pública, Bolsonaro sempre esteve imbuído de um espírito golpista, o que significa dizer que, ainda que fosse outro o candidato oposicionista a lhe impor a derrota naquele pleito, o desfecho da irresignação violenta, muito provavelmente, teria sido o mesmo. Por maior que seja, o ódio de Bolsonaro a Lula é menor do que seu desprezo pela Constituição de 1988, o marco jurídico que tirou o País dos grilhões da ditadura militar que ele tanto louva.
A ausência dos chefes dos Poderes Legislativo e Judiciário, além de outras altas autoridades da República, é eloquente por si só a respeito da politização do ato convocado por Lula. Em contraste, recorde-se do evento que marcou o primeiro aniversário do 8 de Janeiro, realizado no Congresso, símbolo maior de nossa democracia representativa, que há um ano dera o tom correto à condenação daquele ataque desabrido e, principalmente, à defesa da democracia.
Mas Lula é irremediável. Nunca esteve em seu horizonte separar os assuntos de Estado e de governo, que dirá o melhor interesse público, de seus interesses particulares ou os de seu partido. Pode-se dar como favas contadas uma nova pajelança em torno do petista em 8 de janeiro de 2026, ano em que, ao que tudo indica, Lula disputará a reeleição, atraindo para si as atenções que deveriam estar voltadas a algo mais nobre do que seu futuro político: a reafirmação do compromisso institucional com a preservação do Estado Democrático de Direito no Brasil.
NEPOTISMO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: UM DESAFIO ÉTICO E DE GESTÃO, por Aurélio Marcos de Souza, advogado, ex-procurador geral de Gaspar (2005/08), graduado em Gestão Pública pela Udesc. Publicado nas redes sociais do autor
Nesta quinta-feira, 9 de janeiro de 2025, o portal UOL Notícias destacou um caso que merece nossa reflexão. O prefeito de Moraújo (CE), Ruan Lima (PSD), nomeou sua noiva, Letícia Luna Osterno Dionízio, uma estudante de medicina, como secretária de Saúde do município. Além disso, colocou seu pai em um cargo estratégico no primeiro escalão da prefeitura. Esses fatos ocorreram logo após a posse de muitos gestores eleitos em 2024 e reacendem uma antiga discussão: até que ponto práticas como o nepotismo comprometem a ética e a eficiência na gestão pública?
QUANDO AS ESCOLHAS LEVANTAM DÚVIDAS
Como cidadão e estudioso da gestão pública, não posso deixar de questionar: será que esses familiares eram, de fato, as únicas opções disponíveis para ocupar tais posições? Caso sejam tão qualificados, por que não estavam anteriormente atuando em funções de destaque em outras áreas ou mesmo no setor privado?
A administração pública exige critérios técnicos e impessoais para garantir que as escolhas sejam feitas em prol do coletivo, não de interesses pessoais. Quando um gestor opta por parentes, mesmo que sejam capacitados, ele lança dúvidas sobre suas intenções. Como bem aponta Maria Sylvia Zanella Di Pietro (2020), “a administração pública deve ser pautada pela moralidade, impessoalidade e eficiência”. Nomear familiares, sem abrir espaço para uma seleção mais ampla, compromete esses princípios e afeta a percepção da sociedade sobre a legitimidade da gestão.
POR QUE NÃO O SETOR PRIVADO?
Se os familiares nomeados são tão competentes, o setor privado oferece inúmeras oportunidades para que desenvolvam suas carreiras de forma independente e meritocrática. Lá, o sucesso é determinado por resultados, e não por vínculos de parentesco. No entanto, até mesmo no ambiente privado, trabalhar com parentes requer cautela. Segundo Davis e Tagiuri (1989), empresas familiares enfrentam desafios específicos, como o risco de confundir laços emocionais com interesses profissionais.
No setor público, a questão é ainda mais sensível. A administração pública lida com recursos e interesses coletivos, o que exige uma transparência absoluta nas decisões. Escolher familiares para cargos estratégicos pode transmitir à população uma mensagem de favoritismo e falta de compromisso com o bem comum.
O IMPACTO PARA A SOCIEDADE
Casos como o de Moraújo não são isolados e ocorrem em muitos municípios pelo Brasil. Bobbio (2000) ressalta que a democracia depende da confiança nas instituições, que deve ser construída sobre bases sólidas de justiça e igualdade. Quando gestores escolhem parentes para cargos importantes, deixam de valorizar a pluralidade de ideias e a inovação, prejudicando a eficiência das políticas públicas.
Além disso, essa prática limita as oportunidades para profissionais externos, que poderiam trazer perspectivas diversificadas e soluções mais criativas para os desafios da gestão. O Brasil é um país rico em talentos, e a administração pública precisa ser uma vitrine de excelência, não um espaço de favorecimento.
UM CHAMADO À REFLEXÃO
Não se trata de um ataque pessoal, mas de um chamado à responsabilidade. Gestores públicos devem lembrar que estão à frente de uma missão que exige escolhas técnicas e comprometidas com o bem-estar coletivo. Nomear parentes pode até parecer uma solução fácil, mas enfraquece os pilares da democracia e da gestão eficiente.
Se os nomeados são realmente competentes, nada os impede de construir suas carreiras no setor privado, onde suas habilidades serão testadas de forma independente, longe das sombras do favoritismo. No setor público, as escolhas devem sempre priorizar o interesse público, garantindo que cada decisão seja um reflexo de transparência e compromisso com o coletivo.
CONCLUSÃO
A administração pública não é um espaço para privilégios, mas para servir ao povo. É preciso valorizar o mérito, a pluralidade e a imparcialidade em todas as decisões. Que casos como o de Moraújo sirvam como um alerta para que repensemos nossas práticas e exijamos uma gestão pública mais ética, justa e eficiente.
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REFERÊNCIAS
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 34ª ed. São Paulo: Atlas, 2020.
BOBBIO, Norberto. O Futuro da Democracia. São Paulo: Paz e Terra, 2000.
DAVIS, John A.; TAGIURI, Renato. Family Business Review, 1989.
UOL Notícias. “Prefeito nomeia noiva estudante de medicina e pai como secretários no Ceará.” Publicado em 9 de janeiro de 2025. Disponível em https://noticias.uol.com.br.