Alterado às 10h16mim de 01.11.2024 para a inclusão da foto dos indicados; feita correção às 12h19min de 01.11.24. O governo de Paulo Norberto Koerich e Rodrigo Boeing Althoff, ambos do PL, anunciou nesta manhã de sexta-feira mais um secretário da nova equipe de governo para a partir de primeiro de janeiro do ano que vem: Arnaldo Gonçalvez Munhoz Júnior (primeiro a esqueda na foto abaixo), será o titular da pasta da Saúde. Já Charles Roberto Petry (o segundo da foto abaixo), foi anunciado como diretor-presidente da Fundação Municipal de Esporte e Lazer. Ambos são servidores efetivos da prefeitura de Gaspar (quem disse que não temos competência em casa? Ao menos para ser testada na oportunidade criada?). Charles vem do Distrito do Belchior, já esteve vereador, é formado em educação física, pós graduado e técnico de voleibol nível 3 pela Confederação da modalidade.
Na mesma lista está Bruna Mota Moter Pereira, pedagoga com especialização em neuropedagogia, para ser diretora de Bem Estar Animal (a que segura um pet na foto). É ativista. É dedicada a Causa, relegada por décadas em Gaspar. Já experimentou este descaso quando esteve na Agapa – Associação Gasparense de Amparo aos Animais. Ela foi candidata a vereadora pelo União Brasil. Teve 305 votos e na legenda ficou com a segunda suplência. Com a escolhas dos titulares da Saúde, Educação, Finanças e Gestão, Procuradoria Geral e Chefia de Gabinete, o time da primeira linha de combate de Paulo e Rodrigo está praticamente montado. Nele faltam o de Planejamento, para quem disse que vai rever o Plano Diretor, e o presidente do Samae.
Retomando.
Arnaldo é graduado em enfermagem pela Federal de Santa Catarina e especialista em Gestão Pública. A escolha que Paulo e Rodrigo fizeram para a Saúde, sabem eles, que é de alto risco. Ela é crucial para o futuro governo e impropriamente, na minha avaliação, mas este é o jogo, começará a ser cobrada pela população -e adversários -, como já escrevi várias vezes anteriormente, no dia Primeiro de Janeiro, o da posse.
Paulo e Rodrigo, pela exposição que tomaram com esta indicação – a qual não tenho base para questionamentos e então é preciso dar tempo para se avaliar o acerto ou equívoco -, não poderão sequer errar, não poderão fazer concessões políticas, não poderão trocar de titulares (ou até provisórios, ou curiosos) tantas vezes como trocou – 13 em oito anos – o governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, Luiz Carlos Spengler Filho e Marcelo de Souza Brick, ambos do PP, fatores determinantes para deterioração em setor essencial e daí a má avaliação e consequente derrota deles em seis de outubro.
DOENÇA INCURÁVEL OU PROBLEMÃO SUPERÁVEL A VÁRIAS MÃOS?
Esta secretaria da Saúde é ampla e altamente problemática – e não é de hoje. Eu lido com as histórias dela desde 1983. O prefeito eleito desde 1989 quando foi chefe de gabinete no ex-prefeito Francisco Hostins, PDC. Naqueles tempos era fichinha, mas sempre problemática. Não é apenas um baita de um nó para o governo no poder de plantão, mas para a grande maioria dos municípios. Aqui, todavia, passou de todos dos limites aceitáveis. A sociedade, como um todo, mesmo aquela que não precisa do atendimento público no Hospital, Policlínica ou postinhos não aguenta mais.
Para tornar tudo pior, soma-se a este quadro quase esquizofrênico, o emblemático do Hospital de Gaspar, sob marota intervenção municipal criada pelo ex-prefeito Pedro Celso Zuchi, PT, com a esfarrapada desculpa da época, de pegar os ladrões da miséria que mandava para lá. O negócio do PT sempre foi aparelhamento e empreguismo dos seus ou cooptados. Com Kleber o Hospital se tornou um poço sem fundo de recursos públicos, sem o devido retorno para os que precisam dele para a cura, tratamento e esperanças, além de ser uma entidade da qual não se sabe quem é o verdadeiro dono dele.
Ninguém do futuro governo falou nada até agora o que se pensa concretamente sobre transições, soluções, cortes e mitigações contra os problemas crônicos que esta área vem produzindo contra a cidade, cidadãos e cidadãs.
HOSPITAL NÃO É LUGAR DE LUCRO, MUITO MENOS DE DESPERDÍCIOS CONTRA A VIDA
Arnaldo terá uma tarefa das mais duras, expostas e que só produzirão resultados a médio e longo prazos se o novo governo estiver disposto a bancá-lo (Arnaldo contra as guildas). As pressões de fornecedores, as pressões de sempre corporativas vindas do corpo clínico seduzidas de milagres e principalmente, dos prestadores de serviços continuarão. E com os argumentos de sempre e tão antigos quanto a medicina – apesar de ela ter evoluído esplendorosamente no conhecimento e tecnologia. Os argumentos antigos e de sempre serão apenas para salvar os interesses corporativos e, particulares, contra os interesses públicos e comuns se não houver a mão firme do novo governo nas negociações e decisões estratégicas para os curtos e longos prazos.
O caso do Hospital não é tão grave do ponto de vista de gestão clínica, tanto quanto o é do ponto de vista da gestão administrativa, da falta de foco e da escolha da sua vocação, bem como na incompreensível resistência à integração regional – e que já foi desenhada pelo ex-secretário da Saúde, Francisco Hostins Júnior, ex-MDB, hoje no PL, ainda, vereador e advogado. Ele já tinha a experiência de ter sido secretário da Saúde ao tempo de Zuchi. A ideia amadurecida com Júnior Hostins – sem explicações públicas – foi sumariamente rejeitada por Kleber.
Esta integração deveria se dar num ambiente de complementariedade da demanda regional, numa área quase metropolitana e com uma faculdade de Medicina (Furb) e que é referência regional. De verdade? O Hospital de Gaspar precisa antes de tudo, transparência e recuperação da imagem para ser confiável para seus clientes preferenciais: os doentes, na maioria pobres e sem outra alternativa de socorro.
Aprendi, com Antônio Ermírio de Moraes (Votoratin) patrono administrador do hospital paulistano da Beneficênça Portuguesa duas coisas bem claras: um Hospital não pode ser um lugar de lucro as custas de doentes, mas não pode ser um local de prejuízo a ponto de colocar as vidas frágeis – em busca de cura e recuperação – em risco. E o equilíbrio disso se chama gestão. E gestão especializada, atualizada, controlada e cobrada.
O Hospital de Gaspar necessita de suporte forte na área contábil, administrativo (incluindo renegociação de contratos e parcerias), precisa de controles e neste momento, um pente fino em todo as dúvidas jurídicas que possa fragilizá-lo como ente vital para a cidade, via a Procuradoria. É neste momento, o tratamento emergencial que a área da Saúde como um todo mais precisa. Esta sustetabilidade econômica, jurídica, clínica-vocativa, é funbdamental para atrair parcerias no ambiente privado.
SAÚDE NÃO É SÓ HOSPITAL, O SUGADOR DE RECURSOS PÚBLICOS
E por que esta área é complexa e precisa de uma intervenção multidisciplinar de médio e longo prazos? Porque o crítico estado do Hospital e a decisão que se tomará contra ou a favor dele, não pode, de maneira alguma, desviar o foco da prioridade que precisam estar nos postos de saúde, os quais se mal geridos, ou não atendendo adequadamente nas pontas às demandas ambulatoriais – e até de ordem meramente emocional -, acaba complicando ainda mais a vida do Pronto Atendimento do Hospital. E esta má imagem, quer queira ou não, bate diretamente no gabinete do prefeito, se não nele.
Não resolvido isso, tudo continuará na fábula de quem veio primeiro: o ovo ou a galinha. Não será fácil diante de tantos erros, interesses e mazelas presentes, ou em jogo que serão testados, de propósito, no novo governo para ficar tudo como está ou piorar.
Já na FMEL há escolhas também cruciais. Antes da competição de alto rendimento, para onde vão enormes verbas para poucos devido à complexa estrutura de mínima competitividade, mesmo quando há patrocínios robustos para suporte de manutenção principal, o foco, penso, inicialmente, deveria estar na criação de uma rede de inclusão ou inserção de crianças e jovens aos esportes e competições, talvez casados com o contraturno enquanto ele não for o nosso cotidiano prático nas escolas municipais.
Cria-se relacionamentos, educa-se nos comportamentos adversos, mesmo sob competição, amplia o senso de trabalho em equipe, promove-se atos saudáveis ou de saúde (física e emocional) e faz a cidade se conhecer nas suas diferenças e complexas realidades. Faz-se inicialmente o básico. Muda, Gaspar!
O REENCONTRO QUE MOSTRA O QUANTO SE ATRASOU EM GASPAR
O artigo de hoje está um pouco atrasado no horário. Desculpe-me, os que me cobravam no particular, e com razão – apesar dos que estão no poder de plantão jurarem que não sou lido por ninguém, igualmente aos que vão se instalar nele. Entretanto, havia expectativas para o anúncio de mais nomes do primeiro escalão do futuro governo. E preferi apostar na possível novidade. E como você leu, já pitaquei acima como prioridade.
Feito este registro preferencial, retorno ao artigo que teria sido o inicial e principal desta sexta-feira.
Não existe foto mais simbólica da transição de governo em Gaspar do que a feita nesta semana – e que abre este artigo. Nela está a que já foi a número dois do caixa e administração, ou seja, a poderosa secretaria de Fazenda e Gestão Administrativa do governo Kleber e Luiz Carlos, Ana Karina Schramm Matuchaki Cunha ao tempo do prefeito de fato e criador da era Kleber e do MDB eterno, Carlos Roberto Pereira. Ana Karina, sem medo de ser feliz, foi ao gabinete de Kleber e profissionalmente, com a autoridade de nomeada por Paulo e Rodrigo, sentou, frente a frente com seu ex-chefe para quebrar o gelo e discutir a transição.
Notem a foto: ela é a única mulher entre tantos homens.
Voltando.
Kleber a demitiu, sumariamente, atendendo a um apelo familiar e não exatamente por falha, ou incompetência técnica da moça. Aliás, ela, demitida, foi fazer igual trabalho em Blumenau, município várias vezes maior e mais complexo do que aqui. Ana Karina, como reportei no artigo desta semana, está em Indaial – município semelhante a Gaspar -, onde é a número um na área a qual voltará a Gaspar, desta vez, como titular. Terá que provar que o tempo é o senhor da razão. Não porque é mulher, mas porque saiu daqui com voto de desconfiança e de quem não tinha qualquer competência técnica ou domínio profissional para fazê-lo. Muda, Gaspar!
TRAPICHE
Eu sou daqueles que não diferencio ninguém por gênero, opções sexuais, raças, origens, religiões, ideologia, cotas, acometidos de restrições de qualquer tipo, ou minorias. Comungo, sob protestos dos mais radicais, de que cada atividade, precisa de conhecimentos específicos diante do resultado que se quer ter ou entregar para a sociedade. E isto envolvem habilidade, competência, bem como capacidade para ser parte de times, atualização e aberto as novidades (ou inovação, num mundo que gira numa velocidade cada vez mais incontrolável nas exigências diferenciais).
Mas, apenas para registro – e nada além disso -, a primeira foto dos nomeados por Paulo Norberto Koerich e Rodrigo Boeing Althoff, ambos PL, trouxe um bom equilíbrio na questão gênero, sem que isso fosse o fator determinante da escolha: dos seis anunciados, três são mulheres.
Fazendo o dever de casa. A vereadora de Gaspar eleita em seis de outubro, portanto ainda sem mandato formal, Eli Amorim Antunes, PL ( 1.013 votos) foi primeira, nesta semana, a ir na Assembleia Legislativa, criar vínculos políticos para futuro mandato dela e as eleições de 2026. Entre eles, o agradecimento ao deputado palhocense Camilo Martins, Podemos (foto). Eli teve direito até a assessoria de imprensa. Hum!
Nesta visita, a vereadora eleita Eli Amorim Antunes, PL, teve a companhia do ex-prefeito Adilson Luiz Schmitt, PL, levado a desistir da candidatura a vereador e devido a isso se tornou apoiador de Eli. Ela estava ainda acompanhada dos empresários gasparenses, Vilmar e Ricardo Alves, além de Alcides de Oliveira. E a Capital Nacional da Moda Infantil continua oferecendo como seu melhor produto nos encontros políticos e de amigos, a premiada achaça daqui. E depois sou em que exagero.
Registro I – Morreu ontem, após longa enfermidade degenerativa, Lorena Arnold Barni, 57 anos, a segunda esposa de Oberdan Barni. Oberdan foi candidato a prefeito de Gaspar nas eleições de seis de outubro pelo Republicanos.
Registro II – O prefeito eleito de Gaspar, Paulo Noberto Koerich, PL, foi entrevistado esta semana na mais antiga rádio de Santa Catarina, a antiga PRC-4, Rádio Clube, de Blumenau, pelo misto de radialista, apresentador, empresário e ex-político de Blumenau, Alexandre José, em dobradinha com a dublê de jornalista e política, a vereadora Franciele Daiane Back, MDB. Resultado? Miçangas.
Registro III – Com atraso. Sempre faço. Espero que não seja o último (o temor é por mim mesmo). Pedro João de Souza, lúcido, sem comprometimento de autonomia, por isso, ele ainda pode ser visto pela cidade acompanhado do filho Élcio. Pedro é o morador mais idoso de Gaspar. Ele fez 106 anos. Cobrinha como é conhecido foi sapateiro e um exímio no cavaquinho nas rodas de serestas dos amigos.
Registro IV – Só depois de ser bombardeado nas redes sociais por todos os lados, é que o governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, PP, resolveram dar um “tapa” para deixar acessível com ares de limpeza os dois lotados cemitérios municipais de Gaspar: o do Santa Terezinha e o do Barracão. Apesar da alta taxa que cobram para deixar tudo um brinco o ano inteiro.
Registro V – O guarda-rail de concreto da Ponte do Vale teve a sua pintura reiniciada só esta semana depois do registro aqui para o lado faltante. Uma parte tinha sido realizada antes das eleições de seis de outubro. Também, alguns trevos estão sendo roçados diante da possibilidade do mato crescer até a entrega da cidade do futuro governo. E o suplente de vereador Norberto dos Santos, MDB, estava em uma das roçadeiras.
Registro VI – Depois de pego fazendo política como se fosse governador dos municípios catarinenses – via a Fecam, Federação Catarinense dos Municípios, na qual ocupa a presidência -, o prefeito de Gaspar, Kleber Edson Wan Dall, MDB, voltou massivamente às suas redes sociais mostrando “despachos” com o seu minguado secretariado de despedida. Mesmo assim esteve com a Google em São Paulo para comemorações e foi a Udesc mostrar a “maravilha” que levou oito anos para ficar pronta e ainda não está plenamente usada pelos estudantes da rede municipal, a tal “Fábrica” montada no Ginásio Gilberto Sabel.
Registro VII – Na imprensa de Gaspar e regional, um silêncio só. Um pai foi a rede social denunciar que no mais novo e mais seguro CDI de Gaspar, Nelson Alexandre Bornhausen, na rua Luiz de Franzoi, Margem Esquerda, uma criança de apenas três anos saiu da creche, com a mochila dela e perambulou pelas redondezas sem que os responsáveis do CDI pudessem notar esta “fuga”. Em outras circunstâncias isso seria escândalo nacional.
Registro VIII – Na mesma toada. Os pais estão reclamando que a alimentação nas creches está escassa e repetitiva. O mamão tem sido, basicamente, o lanche da manhã de algumas. Por conta disso, há mais evacuação e mais trabalho de higiene. Em outra, a reclamação é a falta de local para a limpeza de pratos e talheres. Usam o mesmo local em que se limpam os panos com vômitos. A possibilidade de contaminação é real e alta.
MDB “casado” com o governo de Jorginho Melo, PL, tudo para impedir o crescimento do PSD e o fantasma de um adversário de centro em 2026. A regra do parceiro é clara e de décadas. O MDB é um sugador. E até chegar 2026 ele vai sugar o que pode e ver como se constrói o novo cenário nacional da sucessão de Luiz Inácio Lula da Silva, PT.
Este cenário virá com o desempenho da economia, da esquerda do atraso com mais atraso e quem vai liderar o centro com parte da direita que não é bolsonarista. Dependendo da situação, o MDB catarinense pede o divórcio e deixa Jorginho na mão. Ou lava as mãos como fez no caso de Carlos Moisés da Silva, Republicanos. Então Jorginho, experiente, não desconhece com que está “casando” em Santa Catarina.
Jorginho Melo, PL, é vingativo, individual um bicho político estranho. Veja o que ele fez ontem quando o governo do PT sob a desculpa de fortalecer a Segurança Pública – que vai mal, com a bandidagem tomando conta de tudo e parte dela já dentro da política partidária – apresentou um plano ainda mais centralizador. Ou seja, mais um ambiente burocrático, gastador e emperrador em Brasília.
Jorginho Melo, PL não foi. Ele é ou não governador de todos os catarinenses? Por que não ir e se posicionar. Estadista é isso. Jorginho é a antítese, por exemplo de Tarcísio Gomes de Freitas, Republicanos, que já disse que não se filiará ao PL.
Tarcísio Gomes de Freitas, Republicanos, governa e se expõe e com propósitos. Tarcísio estava em Brasília ontem. Se não foi ouvido, disse o que um estadista deve dizer para promover consensos em favor da sua população, eleitores e eleitoras. Não concorda com a proposta e quer contribui para melhorar para todos.
Jorginho Melo, PL faz firulas, não é ouvido. Este estudo que mandou fazer para ver se é viável ou não, bem como estimar custos, que depois se quintuplicam e não se viabilizam na tal BR-101 paralela, a Rodovia Via Mar até aqui, cheira propaganda. Execução zero. Uma ferrovia com a Rodovia do Mar, para interligar os portos, nem pensar. Fotos, discursos, papelinhos assinados e espaços na mídia. Esta semana, o governador fez aparições para atrais alguma paternidade no bilionário sistema de mobilidade Navegantes, Itajaí e Balneário Camboriú. Se sair do papel, – ao menos o Banco Mundial está interessado e não jogada – Jorginho terá pouco a ver com este túnel por debaixo do Rio Itajaí Açú.
O governador Jorginho Melo, PL, se diz direita, liberal e até bolsonarista, mas é por outro lado, estatizante, mantém empresas mal gerida, mal capitalizadas, mal comprometidas e que não respondem com resultados aos catarinenses, como a Casan. Um estado uma das maiores riquezas é a balneabilidade está sendo tomada pelo esgoto comprometendo não só vidas, mas futuro de um setor – turismo – e de cidades. Há outras empresas públicas ou mistas para o empreguismo estatal ou político, como a Celesc. Aliás, Jorginho já trabalhou numa delas que faliu de tanto ser usada pelos políticos no poder de plantão desviando das finalidades para as quais foram criadas: o BESC.
Na propaganda política, uma boa notícia contra a exposição do Vale do Itajaí ao eventos climáticos severos, tão comuns por aqui e relegados pelos governantes. As obras de recuperação da Barragem de Ituporanga, finalmente vão recomeçar. E em José Boiteaux, o governo do estado jura que já tem autorização para entrar na terra indígina para consertar uma das comportas emperradas há quase dois anos, quando a Defesa Civil e Proteção do estado já tinha decidido deixar Blumenau, Gaspar, Indaial, Timbó entre outras debaixo d’água. Se não fosse o vereador Carlos Cézar Wagner, PSD, o Alemão da Alumetal, de Blumenau…
Atrasados no tempo. A Câmara de Gaspar, presidida pelo mais longevo dos vereadores, José Hilário Melato, PP, foi as redes sociais para dizer que na terça-feira passada, realizou o seu primeiro pregão na modalidade eletrônica (foto ao lado). A lei que obrigou a Câmara a isto é 14.133 de 2021. Estamos em 2024. Então… Os marmanjos compraram passagens para os vereadores mirins irem a Brasília.
Equipe de transição não é lugar para vingança do vencedor contra o derrotado. Tem gente sem voto algum achando-se dono da vitória. É cedo demais para mostrar as mesmas armas usadas pelos que perderam.
É certo o Conselho Tutelar exigir vacinação das crianças nas matrículas escolares. É lei. É controle. Mas, o Ministério Público, para onde vão as queixas para gerarem puniões, deveria antes olhar se esta regra vale também para os conselheiros.
Um pai de um estudante matriculado na rede municipal me chama atenção para uma manchete dizendo que o arroz vemelho colhido em Gaspar agora faz parfte da merenda escolar. Nada errado. Mas, se feitas as contas se chegaria a conclusão que os 200 quilos de arroz colhidos dariam uma minguada uma colher de 22 gramas para cada um dos nove mil alunos citados na reportagem. Credo! A propaganda é alma do negócio. E essa gente não sabe a razão pela qual perderam a eleição.
Esta semana me deparo com esta manchete num artigo de Josmar Jozino, no portal Uol (Folha de S. Paulo), com o seguinte título: “Vinho e charuto: a negociação de propina com o PCC em uma delegacia de SP“.
O texto abre dessa forma “Um vinho italiano da Calábria [centro da máfia italiana e tudo a ver simbolicamente com o convescote] e um charuto cubano [ditadura, onde os pobres estão condenados como trapos humanos num ambiente em acelerada degradação ampla] selaram, na sala de uma delegacia de Polícia do Arujá (SP), as negociações de pagamento de propinas de agiotas do PCC (Primeiro Comando da Capital) para policiais civis, segundo o MP-SP”. Afinal, quem é o bandido e o mocinho hoje em dia?
Em “Carta Capital”, uma revista claramente socialista e sem influência, Daniel Camargos, faz este título “Nem Centrão, Nem Bolsonaro: o Verdadeiro vencedor das eleições é um bilionário“. Ele se referia a Rubem Ometto (com uma fortuna de R$9 bilhões segundo a Forbes). Com R$18,6 milhões, ele patrocinou 72 candidatos a prefeito e 115 vereadores. Fez também 26 doações para diretórios municipais e nacionais de dez partidos políticos. Resultado? 36 prefeitos e 40 vereadores eleitos, ou seja, uma taxa de sucesso de 41%.
Em Gaspar, a candidatura vencedora de Paulo Norberto Koerich, PL, “Gaspar em boas mãos“, recebeu de Rubens Ometto Silveira Mello, R$10 mil em doações, ou seja, 4,54% das receitas contabilizadas e que chegaram, segundo o site oficial do Tribunal Superior Eleitoral, a R$ 220.051,28. Os extratos de todos os candidatos não estão fechados. Eles possuem prazo para a isso até semana que vem.
Paulo Norberto Koerich foi o que teve a maior fatia de doação dos fundos eleitorais e partidários: R$179.311, 28, seguido dos candidatos Marcelo de Souza Brick, PP, R$115.000,00; Pedro Celso Zuchi, PP, R$93.525,00; Ednei de Souza, Novo, com R$40.653,15 e Oberdan Barni, Republicanos, R$30.000,00, aliás a sua única doação recebida entre a partidária e particular. Está se virando nos 30 para pagar o que gastou.
O limite legal de gastos da campanha para Gaspar segundo o TSE, é de R$199.234,75. Então, pelas demonstrações de Paulo Norberto Koerich e que podem ser vistas em https://divulgacandcontas.tse.jus.br/divulga, ultrapassou este limite. Segundo o especialista nesta área, o advogado João Pedro Sansão, não necessariamente. “Há várias despesas, entre elas advogados e contadores que estão fora “destes limites”. Então está acima de R$199.234,75 não significa que infringiu o limite ou que precisa devolver dinheiro ao diretório.
10 comentários em “PAULO E RODRIGO ANUNCIAM SECRETÁRIO DA SAÚDE E O PRESIDENTE FMEL. COM A SAÚDE, NOVO GOVERNO COMEÇA A GANHAR SOLIDEZ PARA O ARRANQUE. NO OUTRO LADO, OS JÁ ANUNCIADOS INICIAM OS PRIMEIROS CONTATOS DA TRANSIÇÃO CONSENTIDA. APROXIMAM-SE DO ATUAL GOVERNO PARA NÃO SEREM TOTALMENTE SURPREENDIDOS NO PRIMEIRO ANO DE GOVERNO”
HOJE É DIA DE ARTIGO INÉDITO
LULA FEZ UMA REUNIÃO INÚTIL, por Elio Gaspari, nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo
Lula organizou na quinta-feira uma reunião com governadores para encaminhar seu projeto de reforma da política nacional de segurança pública. Para seu gosto, foi um êxito, pois adora reuniões, e todos os presidentes que gostam de eventos, sonham com pactos. Foi uma solene inutilidade.
A proposta do ministro Lewandowski tem um lado positivo em tese, e outro discutível na prática. Em tese, a unificação dos sistemas de informação é uma boa ideia. Vale lembrar que outra boa ideia, a do cartão nacional de saúde do SUS, com os dados pessoais e médicos das pessoas, veio do século passado e só agora ficou de pé. No caminho, aconteceu de tudo em outros governos, inclusive a compra de equipamentos que não saíram das caixas.
Os sistemas de informação não se comunicam porque os fornecedores querem ter exclusividade, e os operadores, por algum motivo, não querem compartilhar informações. Um juiz plantonista que liberta um traficante de drogas quer que sua decisão fique no escurinho do tribunal. Se Deus é brasileiro, o Sistema Único de Segurança funcionará nesta década. Afinal, o Lula 3.0 completará dois anos e o sistema da Polícia Rodoviária não está inteiramente integrado com o da Polícia Federal.
Já a transformação da Polícia Rodoviária numa POF, ou Polícia Ostensiva Federal, tem ingredientes tóxicos. No governo passado, a PRF era conhecida como Polícia Rodoviária do Flávio (Bolsonaro). Nos primeiros dias de governo, havia companheiros querendo recriar uma Guarda Nacional para Brasília.
O pacote da segurança aumentará num tiquinho o campo de atuação do governo federal. Os governadores que reclamam por isso evitam expor seus verdadeiros motivos.
Como a situação chegou a um grau alarmante, Brasília poderá trabalhar à vontade (ou não), valendo-se da Polícia Federal. O caso do assassinato da vereadora Marielle Franco é uma prova disso. O crime havia sido cometido sem um só bandido profissionalmente exclusivo. Na base, estavam dois ex-policiais. Na cúpula, irão a julgamento um deputado, um conselheiro do Tribunal de Contas do Estado e um poderoso delegado. Isto posto, percebe-se porque a investigação patinou no Rio.
A segurança pública desandou porque um conjunto de interesses trava a repressão ao crime. Aí entram interesses políticos, conexões y otras cositas más. Federalizando-se alguns crimes e dando-se poder à Polícia Federal, joga-se contra as organizações criminosas o melhor aparelho de que o Estado dispõe. É o melhor aparelho levando-se em conta seus competidores, mas também não há ali um mar de rosas. Basta dizer que a PF batalha para que seu diretor tenha mandato de dois anos.
O ministro da Justiça que tiver que tratar desse pleito deveria dizer que também quer mandato.
LEWANDOWSKI É UM CAVALHEIRO
No evento de Lula com os governadores, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, disse o seguinte, tratando do assassinato da vereadora Marielle Franco:
“Por cinco anos, me desculpe, governador Cláudio Castro… o Rio de Janeiro demorou cinco anos para elucidar o caso e não esclareceu. A valorosa Polícia Federal entrou com sete homens e desvendou esse lamentável crime”.
Seria bom se tivesse sido assim. Policiais do Rio elucidaram o caso em poucas semanas. Outros policiais embaralharam a investigação, para proteger os criminosos de cima e de baixo.
A PF foi valorosa porque a turma do crime não teve cacife para atrapalhar seu trabalho.
UM RETRADO DO CRIME ORGANIZADO
A Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), do Ministério da Justiça, mapeou a extensão do crime organizado no país e sua penetração nas prisões. O retrato assusta.
Existem pelo menos 88 organizações criminosas, e elas têm delinquentes detidos em 1.760 pavilhões do sistema prisional. Duas delas, o Comando Vermelho, com predomínio no Rio, e o Primeiro Comando da Capital, predominante em São Paulo, têm alcance nacional. As demais são regionais ou locais. Em três estados, operam 46 organizações: Bahia (20), Minas Gerais (13) e Rio Grande do Sul (13).
Como essas quadrilhas se aliam ou combatem entre si, sete das dez cidades mais violentas do país estão na Bahia. Lá existe uma verdadeira guerra de bandidos, na qual vários grupos se enfrentam e combatem a expansão do Comando Vermelho e dos aliados do PCC.
Em Minas Gerais, pela sua posição geográfica, o PCC e o CV disputam áreas.
O trabalho da Senappen mostra que as rivalidades entre essas quadrilhas é um fator relevante na produção de altas taxas de criminalidade em algumas regiões do país.
UM RETRATO DA JUSTIÇA
A Corregedoria Nacional de Justiça produziu um retrato do trabalho do Judiciário brasileiro. Assusta pela sobrecarga derivada do estímulo aos litígios. Todos os números são gordos. Os processos passaram dos 82 milhões, os magistrados são 18 mil e os servidores são 272 mil.
No guichê de entrega de resultados, uma sentença demora em média dois anos e sua execução, quatro.
A sobrecarga pode ser avaliada pelos números do funil do Superior Tribunal de Justiça. Ele é composto por 33 magistrados, e a Corte recebe 462 mil processos por ano.
Isso dá uma carga média de 40 processos por dia para cada ministro do STJ.
AVISO AMIGO
Suave nas disputas e bem-humorado na vida, o ministro José Múcio, da Defesa, é uma flor rara em Brasília. Ele deu ao Lula 3.0 seu melhor desempenho: tirou as Forças Armadas da agenda conflituosa em que haviam sido atiradas.
Já o Palácio do Planalto de Lula está na tradição ofídica que vem desde o Paço Imperial de D. Pedro I.
José Múcio não faz gestos bruscos, mas se o fogo amigo disparado contra ele não diminuir, um dia o verão foi-se embora.
TIROTEIO PETISTA
Escaldado pelo resultado eleitoral, o PT deu-se a um tiroteio interno com a busca de responsáveis pelas derrotas.
Com a vitória na eleição presidencial de 2022, ele resolveu ir em frente e, sem qualquer autocrítica, cavalgou o desmanche da Operação Lava-Jato mantendo intacta sua agenda. Descobriu que o eleitorado também não fez autocritica.
A origem de todos os padecimentos dos companheiros está numa percepção errada da vitória de 2022: não foi Lula que ganhou, foi Bolsonaro que perdeu.
ELMAR PERDEU O AMIGO
Depois de ser sido abandonado na chuva por Arthur Lira durante a disputa pela presidência da Câmara, o deputado Elmar Nascimento queixou-se: “Perdi meu melhor amigo.”
O doutor vai completar dez anos de Brasília e achava que tinha um amigo.
Alguém deveria ter lhe contado uma lição dada aos novatos que chegam a Washington: se você quer um amigo, arrume um cachorro.
JOGATINA
A turma da sede arrecadatória achava que podia abrir a porteira da jogatina oferecendo custosas outorgas às empresas de apostas interessadas no mercado brasileiro. Produziram um desastre.
Fazendo-se de conta que a jogatina dita responsável não terá ligações com o crime organizado, nem produzirá uma epidemia de viciados, fica a questão da lavagem de dinheiro obtido ilicitamente.
As grandes casas de apostas operam com seus programas numa nuvem, localizada sabe-se lá onde. Quem souber como os algoritmos desse programa poderá ser auditado ganha duas apostas premiadas.
RETROCESSO NA REFORMA DA PREVIDÊNCIA É INSUSTETÁVEL, editorial do jornal Folha de S. Paulo
Aprovada em 2019 após debates que se arrastaram por décadas, a reforma da Previdência Social resultou de um amplo entendimento político para alterar a Constituição e tornar mais sustentável o sistema nacional de aposentadorias. Agora, cinco anos depois, os frutos de todo esse trabalho estão sob ameaça corporativista no Supremo Tribunal Federal.
Está por ser finalizado o julgamento conjunto de 13 ações contra dispositivos da reforma, ajuizadas sobretudo por entidades da elite dos servidores públicos, com perda potencial de astronômicos R$ 497,9 bilhões em dez anos para as já combalidas finanças do Estado brasileiro.
A análise havia sido interrompida em junho por pedido de vista do ministro Gilmar Mendes e será retomada pelo plenário. Já votaram 10 dos 11 magistrados, e há maioria para a derrubada de três pontos fundamentais da reforma —os votos ainda podem ser mudados até o fim do julgamento.
Um dos casos é a previsão de contribuição extraordinária de servidores ativos e inativos, que pode incidir sobre vencimentos acima de um salário mínimo.
Outro é a diferenciação do cálculo do valor das aposentadorias de mulheres entre os regimes público e privado. A reforma previu critério menos vantajoso no caso das servidoras, mas a o principal risco diz respeito à progressividade da alíquota de contribuição do funcionalismo federal. Pela reforma, a cobrança varia de 7,5%, para vencimentos de um salário mínimo, a 22%, para remunerações acima de R$ 52 mil mensais. Nesse tema, há empate de 5 a 5, estando pendente o voto de Gilmar Mendes.
Até 2019, a alíquota era de 11%, patamar insuficiente para custear o sistema público, que é altamente deficitário e ainda oferece condições desiguais ante os trabalhadores do setor privado. A progressividade da cobrança também passou a valer para o regime geral, com taxas diferentes.
O impacto da reversão desse dispositivo nas contas da União pode chegar a R$ 300 bilhões em dez anos, um retrocesso grave que eliminaria quase 40% da economia obtida com a reforma. Espera-se que o STF tenha em mente que a progressividade é um princípio correto, que se assenta na busca por maior equidade social. Não há controvérsia moral ou jurídica, por exemplo, em torno de sua aplicação na cobrança do Imposto de Renda.
É crucial, sobretudo, que os magistrados —eles próprios servidores de elite— mantenham o interesse público acima de afinidades corporativistas.
Mesmo após a reforma, o sistema de aposentadorias continua muito deficitário. Com o envelhecimento populacional, serão necessários ajustes contínuos, a incluir também os militares, e retrocessos só elevarão a necessidade de sacrifícios no futuro
Mais um interessante artigo – ou mais um grito de desespero da esquerda que vê seus sonhos escorrerem pelas mãos – para reflexão – e não é de um conservador, tanto que considera PL, Novo e PP de extrema direita, um exagero extremado, pois como partidos claramente não são extremos, e sim abrigam minorias extremas, da mesma forma como acontece no PT, PSOL, PSB e PDT, PV e Rede na esquerda. O autor enxerga o atraso secular da esquerda que domina o PT, a intelectualidade, o mundo acadêmico e de artistas, os defensores de pobres e minorias, bem como e principalmente, a gestão do país. Mas, diferente da conclusão do autor, se não é a economia o que faz as pessoas felizes, esperançosas, seguras e validadoras de um governo, o desastre econômico – como o que estamos passando – também contribui para a sensação de infelicidade, desesperança, insegurança e por consequência, o alvo nas urnas é o governo de plantão. A economia vai mal, sim. Só mais e mais extorsivos impostos, mais insegurança para se investir e um estado gordo, perdulário e corrupto que mexe no cotidiano das pessoas, o mesmo cotidiano que os sociólogos de esquerda teimam em dourar ou não o enxergar, mas, sem alternativa, já reclamam por mudanças
O QUE DIZEM (E NÃO DIZEM) AS ELEIÇÕES MUNICIPAIS? , por Elimar Nascimento, sociólogo, doutor em sociologia, professor associado II da Universidade de Brasília, ex- diretor do Centro de Desenvolvimento Sustentável/UnB (2007/2011), na revista “Será?”
A ideia de que as eleições municipais indicam o caminho das eleições nacionais é falsa, pelo menos parcialmente. O MDB e o PFL controlaram por muitos anos, principalmente o primeiro, as prefeituras do país sem jamais alçarem-se à presidência. O segundo partido chegou à presidência como resultado do acidente com o presidente eleito Tancredo Neves, em 1985. O primeiro chegou à Presidência graças ao impeachment que sofreu a presidente eleita, Dilma Rousseff, em 2016. Por isso, PSD e MDB, que foram os grandes vencedores eleitorais, se não tiverem uma liderança nacional relevante (e aparentemente não têm), ocuparão lugar de destaque, mas na segunda fila.
A lógica que rege a motivação eleitoral no nível local é muito distinta daquela que caracteriza as eleições estaduais ou nacionais. E, por vezes, o poder ou engajamento dos prefeitos nessas eleições pesa muito pouco.
A vitória da direita e do centro-direita, formada por PSD, MDB, União Brasil, Republicanos, entre outros, é insofismável. A extrema-direita, composta pelo PL, Novo e PP (que se afasta devagarinho de Bolsonaro), cresceu, mas menos do que se esperava. O partido que mais cresceu foi, de longe, o PL, mas ocupa o quinto lugar em municípios e o terceiro em eleitores.
O mais interessante neste espaço é o distanciamento, senão confronto, que em alguns municípios ocorreu entre esses partidos e os de centro ou centro-direita. Indícios foram emitidos de que o espaço da direita no Brasil tende a se distanciar da extrema-direita, com certa possibilidade de se apresentar dividida em 2026. Partidos conservadores sinalizaram que não estão dispostos a partilhar do radicalismo dos bolsonaristas, que perderam as eleições mesmo tendo toda a máquina do governo federal em mãos em 2022.
Os partidos com mais vitórias municipais são da direita e centro-direita, como o PSD (885) e o MDB (853), que governarão um terço do território. O primeiro partido de esquerda é o PSB (309), em sétimo lugar. O PT ficou em nono lugar, com 252 prefeituras, atrás do PSDB, com 272.
O PL, em particular, venceu e perdeu ao mesmo tempo. Cresceu, foi o que mais cresceu, mas menos do que se esperava. E, no segundo turno, perdeu em sete das capitais em que tinha candidato próprio. Perdeu para a esquerda (Fortaleza), para o centro (Belém, João Pessoa) e para a direita (Cuiabá, Belo Horizonte, Manaus e Curitiba). Venceu apenas em pequenas capitais, como Rio Branco, Aracaju, Maceió e Cuiabá.
Nas 103 cidades com mais de 200 mil eleitores, o PL foi o partido mais vitorioso, devendo governar, em 2025, 16 prefeituras. O PSD (15) foi o segundo partido, e o União Brasil (14), o terceiro. O PT teve apenas seis. O PSDB recuou de 17 para cinco municípios nesse universo. O MDB recuou de 17 para 12.
Venceram os candidatos à reeleição (com exceção do PSOL em Belém), mostrando que o sentimento de repúdio por quem está no poder, pelo menos no nível municipal, diminuiu. Isso não significa que o mesmo ocorrerá nas eleições nacionais.
A esquerda foi a grande perdedora. O PSB, partido com melhor posição no ranking eleitoral (6º lugar), apesar da acachapante vitória em Recife, tem hoje menos prefeituras. O PDT sofreu um desastre, já anunciado pelas divergências e problemas internos que enfrentou na última década. O PSOL não ganhou em nenhuma capital e teve uma derrota vergonhosa em São Paulo, além de não se reeleger em Belém. O PT cresceu, mas de forma decepcionante para quem detém a presidência da República. E, sobretudo, perdeu nos grandes centros e no Nordeste. Venceu apenas em uma das 26 capitais. No Nordeste, região conhecida como uma das principais responsáveis pela vitória de Lula em 2022, ganhou apenas em Fortaleza. Perdeu em Salvador e Natal, onde tem o controle dos governos estaduais. Em São Paulo, onde já teve o controle de toda a região metropolitana, venceu apenas em três cidades com mais de 200 mil eleitores. Perdeu em Porto Alegre, que já foi o reduto da inovação em gestão municipal. PCdoB (19 prefeituras), Partido Verde (14) e Rede (4) foram inexpressivos, como era de se esperar, obtendo, juntos, vitória em 37 prefeituras.
É precipitado concluir com esses resultados que a esquerda não tem qualquer chance nas eleições de 2026, mas é indispensável sinalizar que as eleições municipais confirmaram o movimento à direita da sociedade brasileira. Movimento nascido no contexto do desastre do governo Dilma Rousseff, que assumiu o país, em 2010, com um PIB de 7,5% e concluiu o primeiro mandato, em 2014, com menos de 1%, e demonstrando total despreparo político em face das manifestações de 2013 e do movimento da Lava Jato, em 2014, além de praticar o maior estelionato eleitoral que este país já viu.
Em cinco anos, de 2013 a 2018, o país sofreu uma profunda mudança em sua cultura política. Até 2012, era politicamente difícil, senão vergonhoso, um político afirmar-se de direita. A esmagadora maioria declarava-se de centro, centro-esquerda e até de esquerda. Entre os jovens, era vexaminoso proclamar-se de direita e motivo de orgulho afirmar-se de esquerda. Na segunda década do século XXI, essa realidade se inverteu. Hoje, pessoas afirmam-se de direita com muito orgulho, defendendo a pátria, os bons costumes, a gestão eficiente e o empreendedorismo. Poucos se afirmam de esquerda com o mesmo sentimento. Antes, a esquerda tinha militantes que, voluntariamente, empunhavam a bandeira vermelha e saíam às ruas. Hoje, é a direita que tem militância. Milhares se enrolam na bandeira nacional, invadem a Praça dos Três Poderes, fazem acampamento em frente aos quartéis e passam horas divulgando suas propagandas, comumente fake news.
A esquerda fenece progressivamente porque não consegue entender as mudanças que o mundo, e o Brasil com ele, está sofrendo. Não entende e não consegue se adaptar. Não compreende o novo sentimento das pessoas, inseguras e ansiosas com a velocidade das mudanças, temerosas e desejosas de segurança. O PT está esclerosado. Sua presidente defende Maduro, e seu líder maior, Putin. Seu intelectual proclama vitória onde o bom senso vê derrota. Sua cúpula divide-se entre as narrativas do passado e o titubeio do presente.
Ninguém, de bom senso, pode duvidar que ter uma esquerda claudicante no poder é sempre melhor do que o populismo de extrema-direita ou governos corruptos e conservadores de direita. Mas a maioria das pessoas no Brasil duvida. O país está em uma situação invejável em relação aos anos anteriores, com baixo desemprego, inflação relativamente baixa e dinamismo econômico ascendente. Porém, as pessoas não veem assim. E mais de 40% reprovam o governo. É preciso que alguém diga: “Não é a economia, estúpido”.
FALTA BASE POLÍTICA PARA AJUSTE, por Carlos Alberto Sardenberg, no jornal O Globo
Considerem o MDB, um dos vencedores nas eleições municipais. Uma ala do partido, pessoal do Norte e Nordeste, acha que o resultado dá o lugar de vice na chapa de Lula em 2026. Outra ala considera uma candidatura de centro. Uma terceira, caminhando pela direita, acaba de derrotar o PT de Lula em capitais importantes como São Paulo e Porto Alegre. Por que não continuar por aí?
Considerem o PSD, mais conhecido como partido do Kassab, outro vencedor nas últimas eleições. Como o MDB, tem três ministérios no governo Lula. E Kassab como um dos principais articuladores do governador paulista, Tarcísio de Freitas. Como no MDB, uma ala do PSD também acha que tem vaga na vice de Lula. Desde já, os dois partidos entendem que merecem ministérios mais robustos, com mais dinheiro para gastar.
Toda essa conversa circulou nos meios políticos nesta semana pós-pleito municipal. Na economia, a semana começou com a expectativa em torno do pacote de corte de gastos a ser anunciado pelo governo Lula. E terminou do mesmo modo, sem pacote e com muita incerteza.
O que aqueles dois partidos, vitoriosos, disseram sobre esse que é, de longe, o tema mais importante do momento? Nada. Mesmo porque, se fossem dizer alguma coisa, seria mais ou menos assim: baita problema do Haddad e do Lula.
É verdade que a economia tem um lado bom. Há crescimento, geração de emprego e de renda. Isso até oferece um álibi aos políticos. Tipo assim: se a economia real vai bem, o resto é especulação do mercado. Cabe também para o PT. Aliás, a bem da verdade, o PT é o único partido que se manifestou sobre o corte de gastos: contra.
Mas há muitos sinais de problemas concretos. O dólar, que abriu o ano abaixo dos R$ 5, era negociado a R$ 5,87 ontem à tarde. A bolsa B3, que chegou a passar dos 137 mil pontos em agosto, rodava ontem nos 128 mil, em queda há semanas.
Afetando diretamente o bolso das pessoas, a inflação, que estava em queda na primeira metade do ano, está agora em alta. Se a discussão ontem era saber quando o IPCA chegaria à meta de 3% ao ano, hoje o índice ultrapassa o teto da meta, de 4,5%. O dólar caro é uma causa importante dessa alta.
Afetando diretamente os negócios, os juros, que estavam em queda no começo deste ano, agora estão em alta. Até julho, o Banco Central estava em redução da taxa básica de juros. A especulação era otimista: quando a taxa cairia abaixo de 10%? Hoje, é o contrário. A taxa está em 10,75% ao ano, e a pergunta que ocupa os meios econômicos é saber quando passará dos 13%.
Não seria preciso, mas convém dizer: juros altos limitam investimento e consumo, reduzindo, pois, o ritmo de crescimento. Portanto não estamos falando de especulação, mas da economia real.
O que houve?
Caiu a ficha. Entre os agentes econômicos formou-se a expectativa de que o arcabouço fiscal não produzirá o superávit prometido nas contas públicas. Ao contrário, caminha para déficits em todos os anos do governo Lula. Não conseguindo pagar suas contas com as receitas, o governo precisou tomar dinheiro emprestado. Faz isso vendendo títulos do Tesouro. Problema: a juros cada vez mais caros, o que aumenta o gasto financeiro.
Como têm notado os economistas — e parece que são os únicos preocupados —, o Tesouro tem pagado juros reais (acima da inflação) na casa dos absurdos 7% ao ano. Uma dívida caríssima. E os juros pagos pelo governo contaminam todo o mercado. Logo, é preciso fazer um programa de ajuste de gastos, como sabe muito bem a equipe econômica. Ocorre que não se faz o corte sem afetar programas sociais, coisa que o presidente Lula não quer.
Daí as incertezas. Bem a propósito do que dizia Jean-Claude Juncker, então presidente da Comissão Europeia: sabemos que ajuste devemos fazer; o que não sabemos é como ganhar a eleição depois disso.
Tudo considerado, é praticamente impossível que saia um programa consistente de ajuste das despesas. Faltam condições políticas. O governo empurrará o problema. Gostaria de ficar sem ajuste para ganhar as eleições. Pode acumular déficit e derrotas.
HADDAD VIAJA, por Carlos Andreazza, no jornal O Estado de S. Paulo
Fernando Haddad viaja. O corte de gastos fica. O ministro vai à Europa. O pacote espera. Na hipótese de que (já) exista, talvez – otimismo – decante. O chá revelação maturando.
Haddad já dissera que não haveria prazo para divulgar o conjunto. O chá revelação sem agenda. O mercado reagiu mal. Fazenda e Planejamento puseram influente blitz de comunicação na pista, prometeram o troço com urgência – e nada. Donde o mau humor. O chá revelação azedado.
Veio, então, a conversa de convergência. Para (tentar) aliviar. O papo de harmonia com a Casa Civil – um advento. Rui Costa, a antessala de Lula, de súbito fechado com o programa do – perdão pelo oximoro – fiscalismo petista. Alinhamento de astros que fez (ao menos vendeu) a luz. Havendo concordância, ora, a lista de medidas seria apresentada na semana que vem.
O chá revelação marcado. Seria, pois, sem Haddad. É improvável. O chá revelação no telhado.
Contra informações desencontradas e os estímulos contraditórios, a memória. Botaram a campanha de propaganda na rua – apregoando o pacote consistente de corte de gastos – à espera de acalmar o dólar nervoso ante a até então prioridade do governo para este fim de ano: reformar o Imposto de Renda na porção relativa a isentar os que ganham até R$ 5 mil. Contratava-se a renúncia – o rombo arrecadatório – sem respostas compensatórias críveis.
O mar ficou revolto. Dispararam a promessa de cortar gastos para valer. Que não estava no horizonte. Que foi ignorada. O dólar mordendo como se não houvesse. O governo captando dinheiro a custo altíssimo. Não ignorada a dificuldade para se colocar de pé algo capaz de ao menos enganar.
O governo pente-fino e reativo prometera um corte de gastos estruturais de entre R$ 30 bilhões e R$ 50 bilhões.
Desde o anúncio de que viria um anúncio de medidas para austeridade fiscal, combinaram-se improviso, mistério e blindagem. Haddad e Simone Tebet, formulando o bicho clandestinamente, blindaram o pacote. Contra quem se o blinda?
Esta foi uma semana de reuniões destinadas a convencer Lula – ou lhe preparar o convencimento – sobre a necessidade de cortar despesas. Há versões para todos os gostos. Até agora incerto se o presidente já terá visto o cardápio de ações, sobre o qual poderia exercer o poder de veto, ou se ainda estão lhe amaciando o terreno, fazendo-lhe preliminarmente a cabeça em prol dum conceito – para só então lhe mostrarem a cousa.
Improviso, mistério e blindagem comunicam e fazem preço. Os rapapés todos, a atividade clandestina, a bateção de cabeças – todas essas prevenções e confusões para encontrar hora e forma de falar com Lula fazem comunicação e preço. E ainda nem passaram do Luiz Marinho. •
O título deveria incluir Janja, Gleisi, Dirceu e tantos outros decadentes e dinossauros que impedem a esquerda sequer chegar ao século 21e mal sair do 19 da era industrial, feudal, guildas e sindicatos (e mesmo assim se rotularem como democráticos)
AMORIM E LULA COLHEM FRUTO DE SEUS PRÓPRIOS ERROS DIANTE DE MADURO, editorial do jornal O Globo
Por ironia, é num governo de Luiz Inácio Lula da Silva que a diplomacia brasileira esboça sinais de reação ao regime ditatorial da Venezuela de Nicolás Maduro. A tensão atingiu o ápice nesta semana, quando Maduro convocou para consultas seu embaixador em Brasília, e o chavista Jorge Rodríguez, presidente da Assembleia Nacional, anunciou intenção de tornar o assessor internacional Celso Amorim, classificado como “mensageiro do imperialismo americano”, persona non grata no país. O procurador-geral Tarek William Saab acusou Lula de ser “agente da CIA”.
Nas gestões petistas, influenciado por Amorim, o Brasil se comportava até agora como se os sucessivos desvios do chavismo fossem efeitos colaterais desimportantes de um regime que empunhava bandeiras de esquerda. Ontem, pela primeira vez, o Itamaraty criticou a Venezuela. “O governo brasileiro constata com surpresa o tom ofensivo adotado por manifestações de autoridades venezuelanas em relação ao Brasil e aos seus símbolos nacionais”, afirmou em comunicado. “A opção por ataques pessoais e escaladas retóricas, em substituição aos canais políticos e diplomáticos, não corresponde à forma respeitosa com que o governo brasileiro trata a Venezuela e o seu povo.”
Por trás da ação venezuelana, está não apenas a recusa brasileira em reconhecer a legitimidade do novo governo Maduro, mas também o veto imposto por Lula à entrada da Venezuela no Brics. Foi uma decisão correta. Por mais que o bloco abrigue autocracias, não faria sentido o Brasil apoiar o ingresso de um regime ditatorial de sua área de influência que se mostra agressivo. A política externa precisa ser flexível para acomodar interesses. Não pode, porém, transigir em princípios fundamentais como a democracia.
Com as fartas evidências de fraude nas eleições de 28 de julho, a paciência de Lula parece ter enfim se esgotado. Amorim, que planejava ser o artífice de uma saída negociada para o impasse com Maduro, se tornou pivô da crise entre os dois países. Com dificuldade de chamar o regime chavista pelo nome — ditadura —, ele disse ao GLOBO que o distanciamento em relação à Venezuela “não tem nada a ver com democracia, tem a ver com quebra de confiança. A quebra de confiança foi uma coisa grave. Nos disseram uma coisa, e não foi feita”. Amorim esteve em Caracas para acompanhar as eleições e diz que Maduro prometeu divulgar os boletins de urna, ou atas eleitorais. Elas não foram nem serão divulgadas. Ainda assim, o Brasil relutou em condenar a fraude de modo duro como fizeram outros países, sempre apostando que seria possível convencer Maduro a ceder.
Desde o início, estava evidente que Maduro não quer negociar nada. Infelizmente, a proximidade e a tolerância das gestões petistas com o regime bolivariano impediram Amorim e Lula de enxergar o óbvio. O resultado da iniciativa diplomática é que hoje o Brasil não tem mais condição nenhuma de mediar qualquer coisa que seja com a Venezuela. Amorim e o Itamaraty colhem o fruto de seus próprios erros.
Huuummm. . .
“. . .Rubem Ometto (com uma fortuna de R$ 9 bilhões segundo a Forbes). Com R$18,6 milhões, ele patrocinou 72 candidatos a prefeito e 115 vereadores. Fez
também 26 doações para diretórios municipais e nacionais de dez partidos políticos. Resultado? 36 prefeito e 40 vereadores eleitos, ou seja, uma taxa de sucesso de 41%.”
Alô, Justiça da Democracia!!!
Os pornográficos fundos eleitoral e partidário não eram para coibir esse rompante de bomsamaritanismo?
MADURO, INGRATO E RIDÍCULO, por Eliane Cantanhêde, no jornal O Globo
O presidente Lula virou “agente da CIA”? O assessor internacional Celso Amorim é “mensageiro do imperialismo norte-americano”? Essas acusações, feitas pela ditadura de Nicolás Maduro, demonstram o grau de ridículo e até de loucura do próprio Maduro, que perdeu as eleições, se autodeclarou vitorioso e continua destruindo a Venezuela, corrompendo as instituições e provocando o maior êxodo de venezuelanos da história.
Amorim combina duas posições amplamente conhecidas desde os dois primeiros mandatos de Lula, quando foi chanceler e atuou incisivamente a favor dos Brics, como resistência ao chamado “mundo unipolar”, ou seja, à hegemonia dos Estados Unidos. É (ou era?) não apenas o principal aliado brasileiro da Venezuela, desde Hugo Chávez, como também o maior crítico aos EUA. Mensageiro do imperialismo norteamericano? É patético.
A Venezuela deixou de ser uma questão internacional para ser também um problema de política interna para Lula, que foi imprudente e causou um horror generalizado ao receber Maduro com honras de Estado – exceto no PT, que insiste no erro de defender Maduro, o regime e a legalidade da eleição. Como cereja podre num bolo azedo, Lula ainda justificou que “democracia é relativa”.
Maduro, além de tudo, é ingrato, muito ingrato. Depois de todo o desgaste de Lula pelo apoio a ele, Maduro cospe todo dia no prato que comeu. Ironiza Lula, ataca Amorim, chama o embaixador venezuelano no Brasil “para consultas” e, ontem, seu governo publicou um cartaz infame, com a imagem distorcida de Lula, a bandeira brasileira ao fundo e um grito de guerra: “Quem mexe com a Venezuela se dá mal”.
E agora, PT? A ideologia, muitas vezes, cega a direita e a esquerda, e o partido do presidente enxerga o óbvio: o governo da Venezuela não é de esquerda, é depravado, insolente, corrupto, deteriorado… Ser a favor de Maduro é ser contra a sociedade venezuelana e tão ridículo e perigoso quando a Venezuela chamar Lula de agente da CIA e Amorim de mensageiro do imperialismo.
Jair Bolsonaro errou na outra ponta, ao romper com Caracas no seu mandato e prejudicar os setores privados e os brasileiros com interesses no país, mas está mais fácil justificar o rompimento do que qualquer proximidade com Maduro e Venezuela.
O PT está em pé de guerra pelo péssimo resultado nas eleições municipais, a perda de rumo e de relevância e a falta de perspectiva para o futuro, mas falta o principal: fazer mea-culpa por sucessivos erros, como mensalão, petrolão, gestão Dilma Rousseff e ideologização da política externa… Assim como Maduro se isola no mundo, o PT se isola no Brasil.
SUSPEITAS DE CORRUPÇÃO NO JUDICIÁRIO PRECISA SER INVESTIGADAS COM RAPIDEZ, editorial do jornal O Globo
Na semana passada, o ministro Francisco Falcão, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), autorizou uma operação da Polícia Federal (PF) com 44 mandados de busca e apreensão para investigar denúncias de corrupção, lavagem de dinheiro, formação de organização criminosa, extorsão e falsificação de escrituras públicas no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul. O STJ autorizou o afastamento de cinco desembargadores, e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) instaurou processos administrativos para avaliar a conduta dos suspeitos.
A PF afirma que os desembargadores sob investigação usavam escritórios de filhos advogados para negociar sentenças, com “a intenção de burlar os mecanismos de rastreamento de fluxo de dinheiro”, como o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Há evidências de que até venda de gado foi usada para justificar a movimentação ilegal de recursos.
A PF encontrou R$ 2,7 milhões em dinheiro vivo com o desembargador Júlio Roberto Siqueira Cardoso, aposentado em junho e alvo da operação. Ele é acusado de ter favorecido uma advogada casada com outro juiz em troca de mais de R$ 5 milhões. De acordo com a PF, revogou uma sentença que ele próprio proferira, “sem qualquer fundamentação concreta”. Também é alvo da PF o advogado Felix Jayme Nunes da Cunha, acusado de ser intermediário das negociatas. Em mensagens interceptadas pela PF, ele fala em “leilão” de magistrados.
Noutro processo, a Procuradoria-Geral da República (PGR) investiga a venda de sentenças em pelo menos quatro gabinetes do próprio STJ. A ação tramita sob sigilo no Supremo Tribunal Federal (STF), sob relatoria do ministro Cristiano Zanin. Um antigo funcionário do STJ é suspeito de ter montado um esquema para vender sentenças em dois gabinetes do tribunal. Outro servidor foi afastado depois de instaurado processo administrativo disciplinar. “Espero que em breve nós tenhamos isso definido”, disse ao GLOBO o presidente do STJ, ministro Herman Benjamin.
Legislativo e Executivo costumam ser atingidos por escândalos de corrupção com frequência. No Judiciário, eles são raros, mas têm se tornado mais comuns. Além desses dois casos, a Corregedoria do CNJ afastou em agosto os desembargadores Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho, de Mato Grosso. Antes já afastara os desembargadores Ivo de Almeida em São Paulo e João Rigo Guimarães, ex-presidente do Tribunal de Justiça do Tocantins.
As investigações abertas para apurar suspeitas de venda de sentenças na Justiça de Mato Grosso do Sul e no STJ são necessárias para preservar a legitimidade do Judiciário como instância independente mediadora de conflitos. Mas os incontáveis recursos permitidos pela legislação brasileira dificultam a tramitação dos processos. As instituições responsáveis precisam ser firmes nas punições. Que não fiquem na costumeira aposentadoria compulsória do magistrado, que soa mais como prêmio que penalidade.