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O ENCONTRO DA TRANSIÇÃO EM GASPAR FOI REVELADOR. NELE OS ELEITOS PERDERAM A OPORTUNIDADE DE SINALIZAREM À SOCIEDADE A QUE VIERAM. SOBREVEIO O ANTIGO. FALTOU AUDÁCIA. O FUTURO PREFEITO DIZ QUE ESTÁ REAVALIANDO ESTE PRIMEIRO PASSO

Antes de começar, um esclarecimento aos meus leitores e leitoras para a minha obrigatória e unilateral transparência. Tudo o que vou tratar aqui questionei ao prefeito eleito Paulo Norberto Koerich, PL. E ele me respondeu de forma rápida e bem genérica. Então o primeiro ponto que desune o antigo derrotadíssimo governo nas urnas em seis de outubro e o novo eleito, por ampla maioria dos gasparenses no mesmo dia, é que Paulo parece estar mais atento. Se a bolha não o engolir… A foto que abre o artigo, foi feita no sábado na Comunidade São Cristovão, no Gaspar Grande, região de origem de Paulo, para a confraternização e comemoração dos vencedores PL, união Brasil e PRD. No Trapiche, faço uma observação sobre ela.

Entretanto, se está tão cauteloso ainda, pois informações do seu entorno dizem que Paulo continua pisando – e testando – em ovos dos seus apoiadores e que agora, mais do que antes, pleiteiam amplos espaços – mesmo sabendo que não há, ou não possuem força política, ou competência para tal – Paulo dá sinais que pode enveredar no temerário campo da falta de transparência. É cedo para esta constatação definitiva. Todavia, há evidências e fica à temporária observação. Por enquanto, debito isto ao cacoete da profissão de policial, investigador, inquiridor e não, a algo orquestrado deliberado e permanente como faz o atual governo que ele venceu nas urnas, exatamente por ser um dos defeitos do governo que se vai, a falta de transparência. 

Mas, há outros dois maus sinais que precisam ser dissipados, antes deles serem confirmados como uma prática: a arrogância e a sede de vingança que aflige o seu entorno, o que quer continuar dono da cidade e do governo como até aqui fez com o atual. Como não deu certo no resultado até então, a chance de se cair na mesma armadilha, exatamente por esse passado dos que o rodeiam, continua sendo muito alta.

E antes de prosseguir naquilo que é o ponto focal do meu comentário de hoje, reproduzo uma fala do atual líder do governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, PP, na Câmara. Ele não estará nela na próxima legislatura, pois não se arriscou a concorrer. O sem papas na língua, Francisco Solano Anhaia, MDB, ao ser acossado, novamente, por cobranças de uma cidade cheias de problemas – inclusive agora, e muito tardiamente, feita pela sua própria desbancada “Bancada do Amém”, sem medo de ser infeliz, disse e está gravado: 

no próximo governo [Paulo e Rodrigo] vai dar tudo certo aqui nesta cidade. Não vai mais chover; ninguém vai ficar doente; não vai ter buracos nas ruas; os asfaltos vão ficar tudo certinhos; na educação não será preciso contratar professores; não vai mais nascer crianças em Gaspar; não vai ter filas nos CDIs e nas escolas e tudo vai se resolver nesta cidade“. 

Sinalizador de como facilmente se arma a oposição a desmoralizada situação. É que podendo fazer o que vai cobrar, não fez à cidade. E quem ironicamente sorriu durante e depois desta fala de Anhaia? O que vai ser o fiel da governabilidade do próximo governo – e há anos foi fiel dessa balança para outros governos – o atual presidente da Casa, o mais longevo dos vereadores, José Hilário Melato, PP, que se empossará em primeiro de janeiro. Só para lembrar: do Samae, Melato experimentou uma CPI contra si e a viu ir para debaixo do tapete, bem como tornou uma outra, a dos áudios cabulosos secreta e arquivada. Sintomático.

RESPOSTA AOS VOTOS RECEBIDOS

Já escrevi sobre o elogiável gesto do perdedor Kleber em se prontificar à transição. 

Espera-se, todavia, por falta de ocupação imediata dos devidos espaços dos eleitos, de que não seja esta mais uma falsa jogada no xadrez político da nossa maltratada aldeia. E isto só dependerá de como se movimentarem, daqui por diante, as peças nesse tabuleiro. Kleber se saiu bem. Por que? Paulo e Rodrigo deixaram Kleber ficar com as peças brancas (as que dão a saída). O efeito psicológico é muito grande sobre peças as pretas quando se é obrigado escolher a segunda movimentação. As pretas normalmente perdem, ou quando muito, forçam o empate. É estatístico. Na propaganda do “bom mocinho”, mais uma vez Kleber saiu na frente.

Sabe-se muito bem na cidade à razão pela qual Kleber e Marcelo perderam as eleições em Gaspar. Não só para Paulo e Rodrigo, mas também para o PT, a esquerda do atraso, Pedro Celso Zuchi de três mandatos e sua “ilustre” vice desconhecida, até da militância, Elisabete Ortiquir, em chapa pura. E se Kleber abafou esta derrota com um gesto cidadão aos vencedores como no jogo de xadrez, mas obrigando às peças pretas aos vencedores do pleito de três domingos atrás, os eleitos não souberam fazer a jogada seguinte para ao menos para forçar o empate, tão centenariamente discutida entre os mestres enxadristas de ponta.

Paulo e Rodrigo foram ao gabinete de Kleber, aparentemente, para a foto oficial e pronunciamentos cuidadosos. E sóJá a “equipe” de transição anunciada pelos eleitos, não se pode chamar de equipe, mas de uma de cabeça-de-ponte. Ela é reconhecidamente política ou do que influenciou Paulo e Rodrigo na campanha. Por outro lado, há de se concordar que ela é desprovida de técnicos e inovadora. E era isso que o momento exigia: técnicos com amparo dos políticos eleitos. Foi isso, que estava estampada na escolha dos vencedores pelos eleitores e eleitoras gasparenses no dia seis de outubro. Bem mais, nem o menos que se anunciou.

Resumindo: mais, cedo do que se esperava, e ainda em meio as comemorações, Paulo e Rodrigo ignoraram à clara procuração que receberam da maior parte dos votos nas urnas para conduzir a um novo porto o destino da cidade.

Paulo não é nenhum neófito neste assunto e poderia ter avançado muito mais. Nem falo sobre a longa a experiência de delegado de delegacia local, regional e geral de Santa Catarina, ou titular da equivalente que é hoje a secretaria de Segurança estadual.

Paulo já foi, sob o meu testemunho, o chefe de gabinete de um  prefeito em ambiente de crise tão séria como agora (Francisco Hostins 1989/92). E o engenheiro Rodrigo, que vai liderar o processo de transição, segundo o próprio Paulo anunciou no dia do encontro com Kleber, é outro experimentado nesta área político-administrativa. Rodrigo é um contumaz frequentador de gabinetes da prefeitura. Exibe um longo e interessante currículo acadêmico. É doutorando. Entre as várias especialidades está a de “gerência de cidades”. Além disso, já foi também vereador (PV) e no governo do petista Zuchi, o equivalente ao que hoje é ser secretário de Planejamento Territorial.

Ou seja, para ambos, não faltam nem qualificação, nem quilometragem em incapacidade – gerencial e política – para avaliar à real situação onde estão metidos, o conflito que terão que arbitrar internamente e o resultados diferenciais que estão obrigados a entregar por expectativas. E até domingo não tinham produzido este efeito tão aguardado pela cidade.

FOCO EM SAÚDE, EDUCAÇÃO, FINANÇAS E CONTRATOS

Quais são os pontos nevrálgicos do governo de Kleber e Marcelo contra a cidade, os cidadãos e cidadãs e que contribuíram sumamente para a sua derrocada? Educação, Saúde – respectivamente os dois maiores orçamentos municipais-, a caixa preta dos contratos e as finanças, a qual para 2025, a princípio, já está amarrada num Orçamento – que nem contemplou a variação inflacionária do período. O Orçamento está na Câmara sem a cara, as prioridades e as promessas do futuro governo. E ele vai ficar um ano dependendo dos humores da Câmara para reordená-lo e suplementá-lo?

Para deixar claro: o Orçamento do ano que vem é prerrogativa exclusiva de Kleber e Marcelo, neste momento. Todavia, se houver disposição de Kleber e se tecnicamente houver base para uma negociação bem sucedida pelos políticos do gabinete de transição pelo futuro de Gaspar e dos gasparenses, sob escudo, fundamentos e responsabilidade de uma equipe técnica e que vai mexer com esse Orçamento no ano que vem,  boa vontade – se é que Kleber vai honrar a demonstrada no encontro da semana passada no gabinete dele com os vencedores das eleições – e entendimento dos governos que sai e do que entra, ainda é possível, Este Projeto de Lei ser minimamente emendado na tramitação em curso para a aprovação. Ele está nas comissões do Legislativo (a LOA e aí, talvez, vai se precisar alterar o PPA para os próximos dois anos).

Saúde no dia primeiro de janeiro, dia de posse e de festa, pode se transformar em uma enxaqueca, pois dor de cabeça já tem hoje nesta rumorosa área. Por que?

Se o Pronto Atendimento do Hospital de Gaspar não estiver funcionando a mil naquela quarta-feira de ressacas, a culpa não será mais de Kleber. Ele e os seus, na mágoa de maus perdedores e na coragem cara-de-pau peculiares, cobrarão “soluções” prometidas dos recém-empossados nas redes sociais. E com razão. Afinal, tiveram mais de dois meses de preparação para isso não haver um vácuo no Dia Primeiro de Janeiro, no dia dois e subsequentes. 

E a agonia aumentará se prolongará por duas semanas nas férias coletivas que afetarão os postinhos, a Policlínica, bem como na falta de coordenação na passagem de um governo para outro, no boicote intencional, ou a oportunidade ímpar, diante do caos instalado dos fornecedores e prestadores de serviços iniciarem a chantagem pela liquidação das dívidas do município para com eles, sejam que tudo isso, antes seja auditado.

Alguém não entendeu, ou precisa desenhar?

Educação será a mesma coisa. Não será dia primeiro de janeiro, mas logo na primeira semana com filas nas creches, cobranças por tempo integral nelas, férias dos cuidadores e provavelmente alimentação insuficiente para as crianças, a qual poderá sofrer descontinuidade.

E o embroglio na área educacional só se ampliará logo em seguida quando se verá que as escolhas de vagas para professores temporários se darão sucessivamente vazias, e mais do que isso, muitas escolas já estarão aparelhadas com o edital que está na praça para a escolha das lideranças delas, como exige a legislação, saliente-se. Isto sem contar que os efetivos, majoritariamente, nesta área nunca se alinharam com o conservadorismo que venceu mais uma vez nas urnas. Kleber que testemunhe a favor disso.

FALTOU A LIÇÃO DE CASA DE QUEM DISSE QUE PODERIA MUDAR, MESMO COM OS MESMOS PADRINHOS POLÍTICOS

Então qual o medo? Onde está a resistência para não anunciar pelo menos quatro secretários fundamentais nesta transição e incorporá-los à equipe de transição governo? Qual a razão desse leva e traz – entre uma equipe de transição que se disse não seráa titular de pastas neste quatro campos e os que efetivamente vão gerir as pastas para os eleitos e os gasparenses – em algo tão emergencial, num estado de crise que vive o município e sendo esta crise, exatamente a que deu a vitória para Paulo e Rodrigo? Por que prolongá-la? Por que ficar exposto na passividade e não exatamente pela antecipação de debelar os problemas, inclusive os internos dos vencedores que verão frustradas as suas expectativas em ocupar espaços na máquina pública?

Não foi o eleito Paulo Norberto Koerich, PL, que cunhou a frase de que a prefeitura não é um lugar de emprego, mas de trabalho? Então está exatamente na hora de começpar a trabalhar.E isso dá um trabalho danado.

Se mudança realmente for a legítima bandeira dos vencedores, qual a dificuldade de no dia primeiro de janeiro não estar verdadeiramente governando, ter domínio mínimo da máquina, já sabendo onde e como controlar os incêndios, as resistências – incluindo a dos seus – e as vulnerabilidades? 

Além disso, a nominação de gente para a Saúde, Educação, Finanças (contabilidade, controladoria e orçamento) e Procuradoria (pente fino em contratos) já diminuiria a fervura contra as especulações não só na cidade, mas no seio dos que vão ser poder. Provocaria reações e consequentemente a percepção de onde poderiam vir as pedras daquilo que se tornou vidraça, invejado e até dos que se sentirão rejeitados, ou como falou um adesista, traído. Quanto mais cedo acomodar as melancias do principal no caminhão de mudanças, melhor. Falta de nomes para indica-los não é. E agradar a todos será impossível. Então está mais do que na hora de lidar com as realidades.

E estas são áreas vitais, técnicas, são, a priori, escolhas exclusivas do prefeito e não podem ser apenas de arranjos políticos para quem diz querer governar de forma diferente ao que está aí e que por isso, foi rejeitado fortemente nas urnas. Ou seja, não se pode protelar. Deve-se assumir riscos. Obrigação de qualquer gestor, seja ele em estado de crise e da graça [da vitória].

A cidade – e nem eu – não está pedindo para a transição de governo virar um espetáculo de caça as bruxas e uma crucificação antecipada do que se esconde nos oito anos do (des)governo de Kleber, Marcelo, MDB, PP, PSD, PSDB e PDT. Mas que os sinais da falta de transparência, da arrogância e da vingança também não sejam os elos comuns dessa transição. E tem tudo para ser porque os apoiadores são os mesmos. E os cacoetes, tão cedo, parecem iguais. Então está mais do que na hora de serem desfeitos de forma prática e com resultados diferenciais. Muda, Gaspar!

TRAPICHE

Parece que o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, já desistiu de Gaspar. Como recém empossado presidente da Fecam – Federação Catarinense dos Municípios -, com o auxílio primoroso do seu braço direito, Jorge Luiz Prucino Pereira, PSDB. Ele saiu daqui depois das revelações dos áudios cabulosos e que deverão retornar às paradas de sucesso em breve.  Kleber virou uma espécie de governador sem pasta. Viagens a Brasília, encontro com prefeitos que tiveram sucesso nas urnas e de grande colégios eleitorais, convescotes e portas abertas nas instituições de fiscallização e transparência.

Tudo em contradição ao que como prefeito não fez e o levou à derrota quando quis estabelecer o seu sucessor. A penúltima e na semana passada, foi o encontro com subprocurador-geral de Justiça para Assuntos Institucionais do Ministério Público de Santa Catarina, Paulo Antônio Locatelli, e o promotor de justiça André Teixeira Milioli, coordenador do Centro de Apoio Operacional da Moralidade Administrativa (CMA).

Qual o motivo desta conversa protocolar? Debater o acesso do MPSC ao sistema informatizado DOM (Diário Oficial dos Municípios), uma ferramenta da Fecam. Ela, segundo os interolcutores de Kleber Edson Wan Dall, MDB, naquele encontro, concentra informações de todos os municípios catarinenses. Excelente iniciativa do MPSC. Mas, será que o sub-procurador e o promotor estavam informados de que, durante os quase oito anos de governo de Kleber transparência por aqui foi opaca? Os requerimentos de vereadores pedindo informações – e só havia dois da dita oposição entre os 13 -, por exemplo, dormitaram no Executivo, extrapolando por meses o prazo legal e mesmo quando, por mandado de segurança da Justiça se obrigou a atendê-los, foram protelados e enviados incompletos à Câmara?

Há inúmeras dúvidas, sem desfecho por aqui e algumas delas, deviam estar obrigatoriamente sendo acompanhadas pelo MP naquilo que foi levado a ele, ou que se tornou público. Uma delas é a intervenção municipal no Hospital de Gaspar. Da enorme lista, a mais contundente e cheia de provas, fornecidas pela própria prefeitura de Gaspar, foi a da roçagem antes da cidade ser tomada pelo capim e a empresa curitibana Ecosystem que fazia isso – e media muito mais do que os locais roçados, bater em retirada. 

Na sessão passada, algo semelhante foi apresentado pelo vereador Alexsandro Burnier, PL, relativo a Atos, de Ilhota, a segunda vencedora de uma licitação onde a diferença é de R$300 mil (de R$1,6 milhão para R$1,9 milhão) num contrato der seis meses. A contratada pelo Samae, que até bem pouco tempo era presidida por Jean Alexandre dos Santos, PSD, par nas conversas cabulosas com Jorge Luiz Prucino Pereira, PSDB, tinha a obrigação de consertar as vias públicas esburacadas pela autarquia. 

Como no caso da roçagem, segundo o vereador Alexsandro Burnier, PL, baseando-se igualmente em documentação oferecida a ele pela própria prefeitura, a medição do serviço, estaria, escandalosamente, superdimensionada. O que chamou a atenção do vereador? Algumas das notas empenhadas, mesmo sendo obrigação da liquidação delas acontecer no quinto dia útil do mês seguinte ao empenho, teve, estranhamente, pagamentos feitos de um dia para o outro da emissão pelo Samae.

Ressaca I – Estas duas fotos mostram um mesmo problema e duas consequências semelhantes devido à má conservação das nossas estradas gasparenses do interior. No Óleo Grande, um utilitário distribuidor de gás tombou e atravessou a estrada (Rua Amádio Beduschi). O motorista culpou o mau estado de conservação da estrada. Avisada, a prefeitura de Gaspar não fez a parte dela: a simples manutenção da estrada. Logo em seguida, como praga, o acidente se repetiu com um automóvel de passeio quase no mesmo local. Só danos materiais.

Ressaca II – Na Câmara, o vereador reeleito pelas beiradas Ciro André Quintino, MDB, cabo eleitoral do deputado estadual de Ibirama e ainda secretário de Infraestrutura e Mobilidade de Jorginho Melo, PL, Jerry Comper, MDB, elogiou o “chefe político” por ter dado recapeamento e implantado trevos alemães em pontos de intersecção de maior movimento no caminho da roça, mas chamado de rodovia Ivo Silveira, ou na parte gasparense, de Avenida Frei Godofredo. Serviço feito antes das eleições, parece que não surtiu os efeitos nas urnas esperados pelo vereador.

Ressaca III – Na mesma sessão, o vereador de oposição Dionísio Luiz Bertoldi, PT, também reeleito e com mais folga desta vez, observou que o trevo alemão da entrada para o Fazzenda Park, nesta mesma Avenida Frei Godofredo é curto na baía de espera do canteiro central. Ou seja, possui deficiências técnicas que, segundo o vereador, diante da realidade e queixas, vão gerar acidentes no futuro. O projeto técnico desse trevo, saliente-se é prefeitura. Mas, quem foi no local gravar um vídeo se elogiando e não viu este defeito? O deputado e secretário Jerry Comper. Credo!

Ressaca IV – Quem foi a tribuna choramingar pelo término do tal “Alô Saúde Gaspar” determinado pelo próprio governo que ela sempre defendeu e tinha candidato a prefeito para continuar como estava, incluindo o “Alô Saúde”? A vereadora Mara Lúcia Xavier da Costa dos Santos, PP. Sem alternativa e arrumando um pé para futuros discursos contra o próximo governo, a Mara da Saúde, pediu para o “Alô Saúde” voltar a atender os gasparenses a partir de primeiro de janeiro do ano que vem. E se dirigiu ao ex-secretário de Saúde de atual governo, mas que migrou para o PL depois da rasteira que levou, e não concorreu a reeleição, Francisco Hostins Júnior, para ajudá-la neste pedido. Rir é pouco. 

Ressaca V – Se era tão bom, eficiente e necessário o “Alô Saúde Gaspar”, qual a razão de ele ter sido interrompido por Kleber Edson Wan Dall, MDB e Marcelo de Souza Brick, PP. E, “coincidentemente” logo após a abertura das urnas que lhes ofereceu uma humilhante derrota eleitoral exatamente porque falharam como gestores cidade e no diálogo com os cidadãos e cidadãs? Nem disfarçar essa gente da Bancada do Amém na Câmara consegue mais. E depois não sabe à razão pela qual a maior perdeu a eleição ou correu dela. 

Ressaca VI – Se o tal “Alô Saúde Gaspar” não era uma propaganda eleitoral inventada e bancada com recursos públicos na última hora para mitigar o que presencialmente não funcionava, a decisão de encerrá-lo, abruptamente, agora, deixa dúvidas quanto a sua intenção. Além disso, exige do futuro governo explicações se não resolver adotá-lo. Nem mais, nem menos. “Quando a esperteza é demais, come o dono”, dizia o ex-primeiro ministro do Brasil, Tancredo de Almeida Neves. E aqui, mais uma vez, a esperteza comeu os políticos.

Um estado seguro I – Sábado, dia de show internacional de Paul McCartney, em Florianópolis, a Ilha da Magia. E tudo caminhava bem até que a bandidagem tomou conta da cidade e de outras ao redor da Capital. Suador. Final e rapidamente, saliente-se, tudo controlado. O governador Jorginho Melo, PL, saiu imediatamente do conforto e foi para as redes sociais dizer que Santa Catarina é o estado mais seguro do Brasil e que bandido aqui não se cria. Legal, mas…

Um estado seguro II – O estado mais seguro, certamente, não é, porque a audácia dos bandidos teve propósito e claro de mostrar esta vulnerabilidade: o de instalar o caos o de mandar um “salve” para os irmãos brasileiros de bandidagem, em meio aos olhos de um show internacional releante. Tanto que inicialmente, os bandidos quase conseguiram o intento deles. É que as autoridades ensaiaram pedir para que ninguém saísse de casa – em dia de show referência -, quando o normal, como aconteceu mais tarde, seria o de encurralar os bandidos e garantir o ir e vir dos cidadãos e cidadãs que sustentam o estado formal seguro com seus pesados impostos.

Um estado seguro IIIOutra, se é um estado seguro, qual a razão para emergencialmente instalar um “gabinete de crise”? Parece Israel sendo surpreendido e reagindo tardiamente ao Hammas, quando sabia sua inteligência, quem eram os “inimigos”, o quanto os dentes deles sempre estiveram afiados, como são os métodos terroristas deles de surpreender e atingir alvos civis e militares. Que “tranquilidade” é esta que o governador Jorginho Melo, PL, que nos vender? Ela só é utopicamente possível quando houver permanente vigilância e os bandidos souberem disso, claramente. É só conversar com o pessoal da segurança pública referência de qualquer lugar do mundo. Ora, se há lei, justiça e aparelho de segurança, armas e inteligência, é porque existe bandidos e não apenas tranquilidade.

Um estado seguro IV – Antes de prosseguir, porém, um parêntesis. É como nos eventos climáticos severos e que o governo Jorginho Melo, PL, vem, sistematicamente, neglegenciando. Não adiantará mais um “gabinete de crise”, se antes não houver uma Defesa Civil de de Proteção comprometida, ciência, tecnologia, manuteção, planejamento, recursos, prevenção e obras de mitagação. O Vale do Itajaí está refém de políticos – como o governador – que ainda não se deram conta que a bomba está armada contra eles próprios.

Um estado seguro V – Voltando. Sobre a afirmação de que bandido aqui [Santa Catarina] não se cria é outra falácia. Se eles não se criam, como conseguiram agir às claras e por horas seguidas, de forma coordenada em pelo menos quatro cidades: Tijucas, São José, Palhoça e Florianópolis. A bandidagem está espalhada por todos os cantos e em facções, que se rivalizam para ter domínio, poder, comando e dinheiro. O que o governador precisa, é trabalhar na inteligência e contenção, bem como estar atento se as forças de seguranças estão imunes à fácil contaminação pelo dinheiro fácil e solkto que rola neste ambiente bandido. É por aí que começa a exposição de cidadãos e se instala a fragilidade da segurança nos governos formais perante os governos paralelos. 

Um estado seguro IV. Bandidos e bandidagem são partes do tecido social. O que eles não podem é dominar este tecido via instituições, governo, políticos e empresas de fachada como, por exemplo, acontece no Rio de Janeiro e estados do Norte, estes de forte migração para cá. Portos que escoam drogas e cidades ricas que alimentam o tráfico, são o primeiro passo, antes da bandidagem também tomar o estado pelo poder econômico e um aparelho de segurança ainda tido como exemplar, mas reativo, ou sem inteligência. E isso começa nos municípios, todos pequenos e médios, ou seja, facilitadores para estas ações de segurança em Santa Catarina. Ainda conhecemos os nossos novos vizinhos, importamos-nos com eles e o que eles podem nos comprometer na qualidade de vida, incluindo a nossa segurança.

Os de sempre com pés em várias canoas ao mesmo tempo. Os vencedores das eleições em Gaspar (PL, União Brasil e PRD) fizeram o encontro da vitória no último sábado salão da comunidade São Cristóvão no Gaspar Grande. A foto do convescote abriu o artigo de hoje. O que não mostrei, mas muito testemunharam, é que gente que nem votou nos eleitos, ou até fizeram campanha aberta para outros candidatos, estavam lá, incluindo petistas históricos.

Quer um exemplo do tamanho da campanha desarticulada pela eleição do atual vice-prefeito de Gaspar, Marcelo de Souza Brick, PP, à continuidade de Kleber Edson Wan Dall, MDB? Depois de quase oito anos, por semanas, então resolveram “limpar” a Ponte do  Vale. Até o dia da eleição conseguiram pintar só um lado do guarda-corpo. O outro lado, está lá a espera do pintor e da tinta por mais de três semanas. 

O dinheiro das emendas encalhado no caixa da prefeitura. Na última sessão da Câmara, o vereador Dionísio Luiz Bertoldi, PT, reclamava que o governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, PP, não dava destinação de uma emenda parlamentar de R$100 mil que arrumou para a Associação dos Autistas. Na mesma semana, Demétrius Wolff, União Brasil, e que não é vereador, fazia o mesmo tipo de reclamação para uma emenda de R$300 mil que arrumou com a deputada federal, Daniela Cristina Reinehr, PL, para a mesma entidade gasparense.

Na sessão da Câmara de terça-feira passada, voltou-se ao tempo antigo da duração delas: menos de 50 minutos. Um não reeleito saiu cedo. Um reeleito saiu cedo alegando dor de dente. E Ciro André Quintino, MDB, ficou até o fim da sessão.

Os ajeitamentos.Dez de outubro, semana da ressaca da derrota. O prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, assinou a interrupção da licença prêmio do seu ex-vice prefeito, ex-Secretário de Obras e Serviços Urbanos, e ex-Chefe de Gabinete, presidente do PP de Gaspar, Luiz Carlos Spengler Filho. Ele é um agente de trânsito efetivo. Voltará ao gozo da licença de três meses, em outra oportunidade. Muda, Gaspar!

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11 comentários em “O ENCONTRO DA TRANSIÇÃO EM GASPAR FOI REVELADOR. NELE OS ELEITOS PERDERAM A OPORTUNIDADE DE SINALIZAREM À SOCIEDADE A QUE VIERAM. SOBREVEIO O ANTIGO. FALTOU AUDÁCIA. O FUTURO PREFEITO DIZ QUE ESTÁ REAVALIANDO ESTE PRIMEIRO PASSO”

  1. VOTO DE POBRE NA DIREITA NÃO É FRUTO DE ALIENAÇÃO, por Carlos Pereira, no jornal O Estado de S. Paulo

    Tem sido propagada uma interpretação de que o voto de eleitores pobres em candidatos e partidos de direita seria decorrência de um problema informacional. O sociólogo Jessé Souza, por exemplo, argumenta que a esquerda perdeu as eleições municipais porque o eleitor “pobre e branco do Sul e do Sudeste do Brasil” e “negro evangélico” é desinformado e alienado.

    Para Jessé, esses eleitores não saberiam os “reais motivos” de sua pobreza. Ninguém jamais teria explicado para eles por que se tornaram pobres e por que teriam menos oportunidades. A pobreza e as injustiças sociais adviriam, para essa interpretação, de problemas estruturais… de um longo processo de exploração e de dominação de uma elite econômica e política egoísta e predatória e que agora estaria querendo manipulá-los. A conclusão que se tira dessa linha de argumentação é a de que, uma vez informados dos seus “reais inimigos” e dos “verdadeiros motivos” que os teriam levado e mantido na pobreza, esses eleitores necessariamente votariam em candidatos de esquerda.

    Essa abordagem é muito parecida com a linha argumentativa daqueles que acreditavam que eleitores votam em políticos corruptos porque não sabem diferenciá-los dos não corruptos (Ferraz e Finan, 2008). Acreditava-se que, uma vez informados, eleitores sempre prefeririam votar em políticos não corruptos. Sabe-se hoje que o problema não é apenas informacional. Mesmo eleitores informados votam em políticos corruptos, seja por ganhos privados (Manzetti e Wilson, 2007), pelo provimento de políticas públicas (Pereira, Melo e Figueiredo, 2009), por alinhamento político e ideológico ou mesmo por relativizações cognitivas (Barros, Goldszmidt e Pereira, 2020).

    Eleições municipais não são garantia nem bons preditores do que ocorrerá nas eleições gerais subsequentes. Portanto, partidos que tiveram desempenho ruim/bom nas eleições municipais de 2024 não necessariamente irão reproduzir a mesma atuação em 2026 e vice-versa.

    Mas, a partir da fraca performance da esquerda nestas eleições municipais, é possível inferir que ela parece ter perdido a capacidade de falar para o eleitorado de baixa renda que costumava votar no PT no passado recente.

    O eleitor pobre não deve ser entendido de maneira unidimensional, como um miserável faminto que apenas se contenta com políticas de transferência de renda. Ele é complexo. Tende a ser um frequentador de uma igreja, talvez evangélica, que lhe expõe a perspectiva e o sonho de melhoria de vida via trabalho, esforço, mérito e aperfeiçoamento individual.

    A esses eleitores pobres a esquerda tem ofertado um projeto de inclusão via combinação de emprego CLT e de programas de proteção social e de transferência de renda. Há uma espécie de esgotamento da saída social-democrata oferecida pela esquerda que é ancorada em aumento do gasto público em um contexto de restrição fiscal e de intolerância à elevação da carga tributária. Os eleitores pobres de certa forma perceberam que mais carga tributária não trará um futuro melhor para eles nem para seus filhos.

    Essa agenda, portanto, não mais satisfaz o eleitorado pobre, que mudou e a esquerda não viu… Enquanto a esquerda demoniza empreendedores, a direita chama o eleitor pobre para se tornar um deles. Enquanto a esquerda oferece políticas públicas inclusivas, mas de qualidade duvidosa, a direita oferta o sonho de melhora das condições de vida por meio de esforço e iniciativas individuais. Enquanto a esquerda promete proteção e segurança, a direita oferta o prêmio do risco, o direito de querer mais, de melhorar e de mudar seu status social e financeiro.

    Está claro, portanto, que as soluções ofertadas pela esquerda têm sido insuficientes para esses eleitores pobres, que parecem estar cansados e descrentes de suas políticas e experiências de governo. Se quiser se mostrar competitiva em 2026, a esquerda terá de se renovar e incorporar as demandas, os sonhos e os desafios dessa parte da população que, em vez de alienada ou desinformada, é ambiciosa e quer mais aqui e agora.

  2. A ESQUERDA TERÁ QUE REBOLAR, por Mariliz Jorge Pereira, no jornal Folha de S. Paulo

    Houve alguma reação de pessoas de esquerda, revoltadas com a performance da mestranda Tertuliana Lustosa, durante sua participação num seminário da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Mas o barulho foi muito maior por causa de uma série de anúncios da marca Heinz, veiculados no metrô de Londres. Sim, a gritaria chegou até aqui.

    Enquanto Tertuliana rebolava as nádegas com a calcinha aparente dentro de uma universidade, a pauta mais debatida nas bolhas de esquerda era o “racismo” presente na campanha de Halloween, com referência ao personagem Coringa. Num dos anúncios, um homem negro com a boca lambuzada de ketchup provocou debate sobre “blackface”.

    No outro, um casal de noivos é rodeado pelos pais, mas a noiva negra tem apenas a figura da mãe presente. A cena me remeteu à Meghan Markle e a família real. Mas, segundo as críticas, trata-se de “reforçar o estereótipo racial da ausência paterna”. Se a ideia foi fazer referência ao príncipe Harry e sua mulher, trazer a presença do pai também não daria certo porque o progenitor de Meghan é branco. Mais confusão. Deixa para lá.

    A questão é a seguinte: partidos e políticos de esquerda terão que rebolar muito mais do que Tertulianas para controlar o mercúrio retrógrado infinito que virou o identitarismo na órbita progressista. Nos últimos anos, essa vertente dos movimentos sociais ficou caricata ao adotar posturas extremas, muitas vezes com foco em questões individuais e/ou superficiais, em detrimento das pautas que servem genuinamente para promover justiça social.

    Essa radicalização e hiperfocalização só têm desviado a atenção de problemas estruturais e coletivos, enquanto alimenta, inclusive, divisões internas e deslegitima o debate público com polarizações desnecessárias. Se hino em linguagem neutra já deu dor de cabeça, imagine o que a “pornografia com dinheiro público” renderá até 2026. Eu, que já frequentei lugares com mais ousadia, me senti uma tia reaça ao assistir e ouvir trecho do que a mestranda classifica como “pesquisa, educando com o cu”.

    A direita deita, rola, agradece e ganha eleições. Mas, silêncio, a esquerda está ocupada com a propaganda de ketchup.

  3. Escandaloso e impressionante, quando quem incluiu tudo isso no PL são deputados que elegemos para nos representar e em campanha sempre dizem que representam os pobres e a classe média, mas, na prática, são deputados representantes de uma minoria privilegiada da elite de servidores públicos nos três poderes

    SENADORES PRECISAM TIRAR EXCEÇÕES DO PL DOS SUPERSALÁRIOS, editorial do jornal O Globo

    Os supersalários do setor público sempre aparecem como alvo quando há necessidade de conter despesas do governo. Voltaram à tona agora que os ministérios da Fazenda e do Planejamento preparam um programa de controle de gastos públicos. Pela estimativa do governo, a aprovação do Projeto de Lei dos Supersalários traria economia anual de até R$ 5 bilhões, contribuindo para o cumprimento da meta fiscal. A dificuldade, como costuma acontecer, está nos detalhes. Se aprovado pelo Senado na forma atual, o PL corre o risco de agravar o problema que se propõe a resolver.

    É mais que meritório o objetivo de reduzir os penduricalhos que permitem à elite do funcionalismo usufruir privilégios inadmissíveis. Mas a pressão das categorias influentes dos servidores tem conseguido desvirtuar a intenção do projeto. Aprovado pelo Senado, ele foi desfigurado na Câmara dos Deputados, que incluiu no texto 32 exceções permitindo furar o teto salarial — da conversão em dinheiro de férias não gozadas de juízes e procuradores aos adicionais noturnos de funcionários do Congresso; das verbas de representação dos diplomatas a isenções e compensações de militares. O alerta foi dado pelo economista Bruno Carazza, autor do livro “O país dos privilégios — os novos e velhos donos do poder”, em sua coluna no jornal Valor Econômico.

    Em maio, uma nota técnica elaborada pelo economista Daniel Duque para o Centro de Liderança Pública (CLP) estimou que, em razão de inúmeros penduricalhos e verbas indenizatórias, uma elite de 17 mil servidores tem renda média acima do teto constitucional, hoje fixado em em R$ 44.008,52 mensais (salário dos ministros do Supremo Tribunal Federal). Desses, dizia a nota, 7 mil recebem todo mês mais que o teto, e quase 170 mil já o furaram em pelo menos um mês. A maioria, de acordo com a análise, está concentrada no Judiciário, no Ministério Público e no Legislativo. Vem daí a projeção do governo de economizar até R$ 5 bilhões com a aprovação do PL.

    Carazza, mesmo reconhecendo o mérito da nota ao apresentar um cálculo aproximado do custo dos supersalários, considera as estimativas de redução de gastos do CLP “um retrato apenas parcial da realidade”. Duque fez suas contas com base na Relação Anual de Indicadores Sociais (Rais) e na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE. “Por serem levantamentos declaratórios ou amostrais, não retratam fielmente a realidade das folhas de pagamento de cada órgão público”, diz Carazza. Para isso, segundo ele, é preciso ter acesso às informações dos contracheques, disponíveis nos portais de transparência — mais acessíveis na esfera federal que na estadual ou na municipal.

    Para seu livro, Carazza usou dados das folhas de pagamento de todos os tribunais do país, levantados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Calculou que, no ano passado, 93% dos magistrados brasileiros receberam mais que os ministros do Supremo, uma despesa adicional que ultrapassou R$ 8 bilhões. Pelo menos 1.002 juízes ganharam, líquido, mais de R$ 1 milhão por ano (mais de R$ 83 mil por mês). Entre os procuradores, segundo seus cálculos, 91,5% ganharam acima do teto. Ao todo, ele avalia em mais de R$ 20 bilhões a despesa de todas as esferas de governo com estouros do teto.

    O PL voltou para apreciação dos senadores. Eles devem, no mínimo, restabelecer a versão original da proposta.

  4. O ABANDONO DAS VIAS DE GADSPAR: UMA RETALIAÇÃO POLÍTICA OU FALTA DE GESTÃO? por Aurélio Marcos de Souza, advogado, ex-procurador geral do município de Gaspar (2005/08), graduado em Gestão Pública, pela Udesc, de Florianópolis.

    Algumas vias pavimentadas centrais do município de Gaspar estão, atualmente, em estado crítico, apresentando um número crescente de buracos. Embora esses problemas possam ser considerados “normais” por diversos fatores técnicos, como o desgaste natural causado pelo tráfego intenso, variações climáticas que afetam o asfalto, falhas na drenagem e o uso de materiais de baixa qualidade em anteriores, uma situação se agrava devido à mudança no ritmo de manutenção após as eleições municipais.

    Antes das eleições, a prática de reparos era rotineira, com os buracos sendo tampados assim que apareciam. Contudo, após o pleito, no qual o atual prefeito não conseguiu eleger seu sucessor, essa manutenção parece ter diminuído consideravelmente. O resultado é o aumento significativo de problemas nas vias públicas, especialmente no maior fluxo de trânsito, que são utilizados não apenas pelos Gasparenses, mas também pelos motoristas que atravessam a cidade em deslocamento para outros destinos.

    Esse fato levanta uma questão importante: estamos diante de uma falta real de recursos ou de uma retaliação política disfarçada de crise financeira? Durante seus 8 anos de mandato, o atual prefeito sempre destacou que o município dispunha de recursos suficientes para atender suas demandas. Se isso era verdade, por que agora, após uma derrota eleitoral, os recursos parecem ter desaparecido?

    O impacto dessa omissão vai muito além da aparência das ruas. O aumento dos buracos compromete a segurança no trânsito, eleva os custos de manutenção dos veículos e prejudica a qualidade de vida tanto dos Gasparenses quanto dos que utilizam essas vias para suas deslocações diárias. Ao deixar de realizar os reparos necessários, o prefeito está falhando em sua principal responsabilidade: garantir que os serviços públicos sejam prestados de forma contínua até o último dia de seu mandato. Essa interrupção não só prejudica a população no presente, como também impõe um fardo pesado ao próximo gestor, que assumirá a carga em janeiro de 2025.

    É preocupante que, num momento de transição política, a população seja a maior afetada. Se a manutenção das vias já está comprometida agora, a tendência é que a situação se agrave nos próximos meses, resultando em um cenário ainda mais desafiador para a próxima administração. Isso gera a impressão de que o atual prefeito, ao não conseguir eleger seu sucessor, introduziu uma postura de abandono, como se a cidade estivesse sendo punida por sua escolha eleitoral.

    Independentemente de se tratar de falta de recursos ou de uma retaliação política, a realidade é clara: a abrangência das vias de Gaspar reflete uma administração que, em seus momentos finais, parece ter se afastado de suas obrigações. A população, que confiou em seu prefeito durante dois mandatos, agora enfrenta as consequências de uma gestão que parece ter abandonado o compromisso com o bem-estar da cidade.

    O futuro prefeito terá pela frente uma tarefa que exige não apenas reparar os buracos nas ruas, mas também restaurar a confiança dos Gasparenses na política como ferramenta de serviço público. Até lá, espera-se que o atual prefeito possa rever sua postura e honrar seus compromissos até o fim, garantindo que sua saída não seja marcada por um legado de descaso, mas sim por um esforço em atender às necessidades da população até o último dia de sua gestão.

    1. Manchete torta

      A correta seria: Prefeito eleito de Gaspar diz que vai anunciar os primeiros nomes do seu governo nesta semana. Vice virou porta-voz ou tomou o lugar do prefeito? Não será surpresa, se daqui a pouco, a manchete será: “fulano de tal”, apoiador dos candidatos vencedores, anunciará quem ele quer que mande em tral pasta do governo eleito. Muda, Gaspar!

  5. VOTE EM ARNALDINHO DO PCC, por Helio Schwartsman, no jornal Folha de S. Paulo

    Vote em Arnaldinho do PCC. Não sei se algum dos milhares de candidatos a prefeito ou vereador usou um slogan parecido na campanha deste ano, mas não me surpreenderia se tivesse. São crescentes os sinais de infiltração do crime organizado em estruturas do Estado brasileiro, notadamente em nível local.

    Precisamos fazer algo a respeito, mas não penso que a resposta dada pela Justiça Eleitoral fluminense seja a solução. Este ano, contrariando entendimento do próprio TSE, desembargadores do Rio vetaram candidaturas de suspeitos de ligação com organizações criminosas, mesmo que não tenham sofrido condenação por isso.

    A Justiça, isto é, o Estado, precisa operar com um nível maior de formalidade. Quem não foi condenado não pode ter o registro de candidatura negado. Controles prévios sem limites objetivamente definidos podem ser profundamente autoritários.

    O Irã é uma ditadura, mas faz eleições competitivas. Como? O TSE deles, o Conselho de Guardiães, um órgão composto por 12 clérigos e juristas nomeados pelo aiatolá, se encarrega de excluir candidatos que o chefe considere indesejáveis. Neste ano, 80 pessoas se apresentaram para o pleito presidencial. Só seis foram autorizadas a concorrer.

    Quem poderia fazer uma filtragem de modo legítimo seriam os partidos políticos. Eles não precisam de justificativas legais para explicar a quem dão legenda. É uma decisão baseada em conveniências eleitorais e reputacionais. E é muito razoável que os partidos se valham de critérios éticos para definir quem os representará nas urnas. Pega mal dar legenda a bandidos.

    Muito da atual crise da democracia pode ser descrito como uma crise de curadoria. Até algum tempo atrás, partidos selecionavam bem seus candidatos, veículos de comunicação tentavam garantir que notícias publicadas tivessem base factual e a academia procurava dar cientificidade às propostas e teses que lançava.

    A internet e as redes sociais permitiram que o público dispensasse essa curadoria. Pode ser mais democrático, mas também é mais caótico e mais propenso a erro.

  6. NOBEL DÁ PISTAS SOBRE O ATRASO ECONÔMICO DO BRASIL, editorial do jornal Folha de S. Paulo

    A ideia de que os diversos modos de organização das comunidades políticas afetam seu nível de desenvolvimento econômico sempre foi difundida na academia e na opinião pública. Nas últimas décadas, o melhor instrumental analítico vem corroborando tal intuição e adensando seu entendimento.

    Essa evolução foi mais uma vez reconhecida pelo Prêmio Nobel de Economia. O trio de pesquisadores agraciados em 2024, Daron Acemoglu, Simon Johnson e James Robinson, todos radicados nos Estados Unidos, notabilizou-se por estudar o impacto das instituições na prosperidade das nações ao longo da história.

    Em dois trabalhos publicados no início deste século, os três professores procuraram isolar o fator institucional —as regras explícitas e tácitas que regem o funcionamento de uma sociedade— de outros que poderiam explicar por que um conjunto de povos oriundos do ocidente europeu enriqueceu ao longo dos últimos séculos, enquanto outros, de saída mais ricos, regrediram.

    Mais tarde Acemoglu e Robinson se tornaram conhecidos fora dos círculos universitários pelo best seller “Por que as Nações Fracassam” (2012), em que tentam generalizar achados investigativos seus e de outros pesquisadores do mesmo campo. O livro popularizou a dicotomia entre instituições inclusivas, de um lado, e extrativistas, de outro.

    As primeiras, que favorecem o desenvolvimento, associam-se às garantias intertemporais de que os frutos do trabalho e do empreendedorismo não serão expropriados pelo Estado, de que todos terão tratamento igualitário perante a lei e de que perdedores da disputa eleitoral respeitarão os resultados das urnas.

    As segundas se assentam com a finalidade de canalizar uma parcela volumosa da renda da sociedade para uma minoria encastelada em posições de poder ou influência. Enquanto alguns enriquecem à custa da maioria, a economia como um todo tende à estagnação secular ou ao declínio.

    Ainda que a realidade se mostre por vezes mais complicada do que dão a entender as generalizações dos laureados em sua obra mais conhecida, o acúmulo de evidências mais reforça do que enfraquece a sua argumentação.

    O Brasil, aliás, é caso clássico de sufocação por instituições extrativistas, associado a uma economia que há mais de 40 anos padece de baixo crescimento.

    Para ficar em variações recentes de um tema ubíquo e recorrente, o Supremo Tribunal Federal cobrou multa de uma empresa de propriedade diversa da que desafiava a lei brasileira. A reforma tributária ensejou batalhas, muitas delas vitoriosas, de lobbies para proteger setores poderosos contra a taxação universal.

    Legisladores federais, por meio de regimes de emendas e fundos partidários, erigiram com dinheiro do contribuinte oligarquias bilionárias que dificultam a alternância e a oxigenação na política.

    É assim, segundo os Nobéis de 2024, que as nações fracassam.

  7. PT, O FIM? por Miguel de Almeida, no jornal O Globo

    Talvez a frase inspirada em Gore Vidal — o PT é como uma velha senhora: tem muito passado e nenhum futuro — possa causar arrepios num ou noutro militante renitente. Mas não é injusta. Basta a patacoada do partido em apoio à vitória forjada de Nicolás Maduro, até em oposição à reticência diplomática abraçada por Lula da Silva, para entender como a velhice traz bico de papagaio.

    Criado em São Paulo, em 1980, quando ainda não havia caixa eletrônico, numa exótica reunião de sindicalistas, religiosos de esquerda e professores universitários, o PT no recente primeiro turno abocanhou apenas três prefeituras no interior do estado — Santa Lúcia (candidato único); Lucianópolis (2.255 habitantes); e Matão (79.033 almas). Foi o mesmo número alcançado pelo risível Novo.

    Existem esperanças em mais três cidades no segundo turno. Entre elas, Diadema, a primeira cidade tomada pelo partido na eleição de 1982, então com 228.663 habitantes, com 23 mil votos para Gílson Menezes. Aquela vitória lendária deu emprego a muita gente — começava então o estilo de administração petista. Esqueça o mérito, vale a filiação e, agora, o conceito sempre ampliado de cotas — fala-se no momento na inclusão de indígenas cadeirantes com TDAH.

    Lamente o polo do ABC — lá o PT perdeu de cara já no primeiro turno. Envelheceu o partido, e os trabalhadores já não são mais os mesmos. Talvez ali pela região esteja um dos motivos da cautela dos eleitores. A robotização da produção é um fato, enquanto os líderes ainda falam de CLT e contribuição sindical. Uau.

    Em meados da década de 1970, sob a severa ditadura de Ernesto Geisel, as greves nas montadoras e nas fábricas de autopeças desafiavam o regime em torno da reivindicação por melhores salários. As multinacionais vendiam aquelas latas ultrapassadas e apoiavam-se num falso índice inflacionário desmascarado pelo Dieese de Walter Barelli, cujo número era bem superior. Era hora de dividir os lucros.

    À frente de uma massa de trabalhadores com maior formação profissional — em geral técnica —, Lula da Silva, ele mesmo torneiro mecânico, comandava paralisações históricas. Em dias, foi incensado por deputados da oposição, professores universitários e religiosos ligados a Dom Paulo Evaristo Arns, arcebispo de São Paulo. Deu cana para todos os dirigentes sindicais, mas o Brasil passava a enxergar o final da ditadura. Logo vieram as greves e passeatas estudantis, o que não ocorria desde o fim da década de 1960. Foi o embrião do PT.

    Na eleição para o governo paulista em 1982, Lula da Silva ficou em quarto lugar, com quase 11% dos votos. O professor Franco Montoro elegeu-se com mais de 49%. Não era uma decepção eleitoral, porque Lula escandiu ao país sua imagem de operário engajado, barbudo, com propostas radicais. O mito de trabalhador foi alterado apenas na eleição de 2002, quando ele suavizou seu discurso, aparou a barba, incorporou o empresário José Alencar à Vice-Presidência e ganhou a Presidência da República.

    Começou ali a desconexão entre Lula da Silva e o PT. Para ele, sobraria a função de ser pragmático, aprender a formar maiorias políticas ao entregar alguns anéis e adoçar propostas de esquerda, além de nomear Henrique Meirelles para o Banco Central, enquanto o partido permaneceu sempre sectário e imune a mudanças sociais e econômicas vindas com o final da ditadura militar. Lula é de centro.

    É quando voltamos ao apoio do PT à eleição fraudada na Venezuela e à disputa do segundo turno em São Paulo com Guilherme Boulos, do PSOL, na cabeça de chapa, e Marta Suplicy, antes secretária internacional do atual prefeito Ricardo Nunes, como vice. Marta voltou ao PT depois de votar pelo impeachment de Dilma Rousseff, a Única. Foi um arranjo eleitoral de última hora, dado que o partido não renovou seus quadros. Os paulistanos notaram a mutreta e quase deixam Boulos e Marta fora do segundo turno. Foram salvos por cerca de 50 mil votos de diferença para Pablo Marçal. Parece que apenas um maremoto provocará a vitória da insólita dupla. Em Porto Alegre — sinta o desespero dos gaúchos —, o prefeito que deixou a cidade inundada por semanas deverá derrotar a candidata petista, a sempre estridente Maria do Rosário! Como em São Paulo, será uma derrota não de Lula, mas do PT.

    O partido agora se refugia no Nordeste, num movimento ocorrido anteriormente com a Arena, partido da ditadura militar, que reinou apenas nos cafundós depois da queda do regime. Sem ser uma rima, soa como um enclave, não uma solução.

  8. SOLIDARIEDADE E RESPONSABILIDADE: O USO CONSCIENTE DO BOLSA FAMÍLIA, por Aurélio Marcos de Souza, advogado, ex-procurador geral do municipio de Gaspar (2005/08), graduado em gestão pública pela Udesc

    Como um eterno estudioso da sociedade brasileira, vejo o Bolsa Família como uma das mais significativas expressões de solidariedade em nossa coletividade. Todo mês, milhões de trabalhadores e empresas contribuem com seus impostos, acreditando na construção de um país mais justo, onde ninguém passe fome e todos tenham acesso ao básico para viver dignamente. Entretanto, é preocupante perceber que alguns beneficiários estão utilizando esses recursos para apostas online e jogos de azar, em vez de empregá-los em suas necessidades essenciais.

    O Bolsa Família foi criado com uma missão clara: combater a extrema pobreza e garantir que famílias em situação de vulnerabilidade tenham acesso a alimentos, saúde e educação. Esses recursos não devem ser encarados como uma “renda extra” para atividades de lazer ou apostas arriscadas, mas como um apoio crucial para que milhões de brasileiros consigam sustentar suas famílias e melhorar suas condições de vida. Cada real desse programa é fruto do esforço coletivo da sociedade e deve ser tratado com responsabilidade.

    Quando o dinheiro público, resultado do trabalho árduo e do sacrifício de cada cidadão que paga impostos e não aposta, é desviado para apostas, algo fundamental se perde. As apostas são, por natureza, arriscadas e oferecem poucas garantias de retorno, sendo um caminho incerto para aqueles que já enfrentam sérias dificuldades financeiras. Para quem depende do Bolsa Família, essa prática não só compromete a subsistência imediata, mas também ameaça suas chances de superação da pobreza a longo prazo.

    Utilizar o dinheiro do Bolsa Família em apostas não é apenas uma escolha pessoal; é também um dilema social e ético. Recursos que poderiam ser investidos em alimentação, educação e saúde estão sendo desperdiçados em atividades que não oferecem segurança ou garantias de melhora. Essa prática, além de colocar em risco a dignidade dos beneficiários, traz descrédito ao programa como um todo, minando a confiança que a sociedade deposita nele.

    É crucial refletir sobre o impacto que esse comportamento pode ter na percepção da sociedade sobre o Bolsa Família. Se o programa for visto como um recurso mal utilizado, corre-se o risco de perder o apoio popular e enfrentar cortes, o que prejudicaria milhões de famílias que realmente dependem desse auxílio. Não podemos permitir que a má utilização do benefício por uma minoria comprometa o futuro de tantos outros que realmente necessitam.

    O que esperamos, enquanto cidadãos que contribuímos para a sociedade, é que esse dinheiro, oriundo do nosso esforço coletivo, seja empregado para transformar vidas. Precisamos que ele seja usado em ações que realmente importam: alimentar, educar e proporcionar uma vida digna às pessoas. O Bolsa Família deve ser um caminho para um futuro melhor, não um recurso desperdiçado em apostas.

    É fundamental promover uma conscientização maior sobre o uso responsável desse benefício, por meio de educação financeira e, se necessário, um controle mais rigoroso sobre a aplicação desses recursos. O dinheiro público deve ser tratado com seriedade, pois representa a esperança de um Brasil mais justo e igualitário. Apostar em jogos de azar com o auxílio do Bolsa Família é, portanto, uma prática que contraria o propósito desse importante programa e enfraquece os esforços coletivos para reduzir a pobreza e promover dignidade para todos.

  9. É PRECISO CONTER A PARTIDARIZAÇÃO DAS FORÇAS DE SEGURANÇA, editorial do jornal Folha de S. Paulo

    No pleito municipal deste 2024, verificou-se aumento no número absoluto de agentes de segurança eleitos, com 856 candidatos que declararam ocupação como policial e membro das Forças Armadas, militar reformado ou que se identificaram na urna com termos como “soldado” ou “delegado”. Em 2020, foram 786.

    Os dados levantados pelo Instituto Sou da Paz foram publicados pelo jornal O Globo. Já o número relativo de candidatos ligados a forças de segurança manteve-se o mesmo desde 2020, com taxa de 1,5% em relação ao total. O estado do Rio de Janeiro lidera as estatísticas, com mais do que o dobro da média nacional (3,48%).

    Entre prefeitos eleitos no país, 52 tinham ligação com as forças de segurança, ante 45 em 2020.
    Trata-se de partidarização preocupante dessas forças, que deveriam servir à população, não a interesses políticos.
    Faltam regras que inibam o fenômeno, como a exigência de um período de quarentena para que agentes possam se candidatar após deixarem os cargos.

    Em agosto deste ano, a Folha destacou o alto número (6.600) de candidatos nesse estrato —cifra provavelmente subestimada, já que alguns policiais indicam a profissão como servidor público.

    Um em cada seis deles era do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, que, ao lado de outras siglas à direita, advoga uma política linha dura para o setor. A agremiação também lidera entre os eleitos, 168 neste ano.

    Como mostram pesquisas, a segurança é uma das maiores preocupações dos eleitores brasileiros, mas a partidarização das forças pode gerar abusos de poder e corroer os princípios da neutralidade e da universalidade que pautam o serviço público.

    Ademais, a abertura para que agentes façam uso de sua associação com as corporações para ganho de capital político presta um desserviço à construção de políticas eficazes para combater a criminalidade, na medida em que há risco de que apelos populistas se sobreponham a evidências e à gestão técnica.

    O Congresso deveria instituir uma regulação objetiva para separar o poder de polícia da política, como a imposição de quinquênio de afastamento do cargo para participar dos pleitos —que também deveria ser exigido a candidatos oriundos do sistema de Justiça, como magistrados e membros do Ministério Público.

    Um projeto de lei complementar nesse sentido está em tramitação no Senado desde 2021. Que os parlamentares agilizem o processo, dado o aumento preocupante de fardas nas urnas.

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