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O HOSPITAL DE GASPAR VAI PIORAR. NENHUM DOS CANDIDATOS DO SISTEMA E QUE “DESPONTA NAS PESQUISAS OFICIAIS” QUE SE DIVULGARAM ATÉ AGORA, SABE DIREITO O QUE FAZER COM ELE. E SE SABE, ESCONDE. ESTRANHAMENTE, SÓ OS TIDOS AZARÕES SÃO CLAROS NESTE ASSUNTO

Revisado o título em 16h25min, de 21.09.2024. Este não era, mais uma vez, o assunto para o comentário desta quinta-feira. Mas, virou emergência e foi dar do Pronto Socorro. E os especialistas estão todos tontos no atendimento para diagnosticar a salvação desse agonizante paciente. Apesar da doença ser conhecida há muito tempo deles e da cidade.

Mas, vendo e ouvindo as entrevistas que os cinco candidatos deram ao jornal ‘Metas’, disponível apenas nas redes sociais dele, e estranhamente, ausente do site oficial e sem link para acessar estas redes, resolvi meter a colher neste angú. E por que? É que nesta semana, circulou também nas redes sociais, o desabafo, mais uma, entre tantos, de suposto atendimento técnico de resultado errático contra o paciente atendido pelo Hospital de Gaspar.

Está lá em “todos pela vida de Kauã“. Nele, a irmã Lara conta o drama do irmão Kauã,  em www.vakinha.com.br, envolvido num acidente de moto no dia 12 de setembro, no Alto Gasparinho. Ela está pedindo ajuda financeira para apenas suportar as despesas mínimas para visitá-lo no Hospital de Gaspar e que é público. Segundo relato, Kauã foi recebido lá, como se nada fosse grave tivesse, por decisão médica não se quis transferi-lo para Blumenau. E tudo piorou. 

Se Lara não se cuidar com a história, que a tornou pública, vai ser processada pelo Hospital. É assim que ele age. Ao invés de melhorar o serviço e dar explicações, transparência, oculta, intimida e processa. Eu sofro na pele isto e não é de hoje. Por isso, o Hospital não avança naquilo que é essencial na sua missão: a de salvar vidas, e antes disso, ser viável técnico e economicamente, construindo e solidificando a sua credibilidade.

O PT FAZ POLÍTICA E MAIS UMA VEZ OCULTA QUEM FECHOU E REABRIU O HOSPITAL AOS GASPARENSES

Feito este parêntesis, fiquei estupefato ao ouvir a entrevista do ex-prefeito por três mandatos em quatro tentativas e que tenta pela quinta vez, Pedro Celso Zuchi, PT.

Estupefato porque ninguém me contou nada do que ele inverte, da narrativa e na mentira descarada – e pela metade – que conta e repete, como se verdade fosse: os outros fecharam o Hospital e ele reabriu. Nada disso aconteceu. Eu fui vice-presidente da comissão que reconstrução do Hospital – o presidente era o Samir Buathen, presidente da Acig e teve mais gente graúda que podem testemunhar, como o vice-prefeito da época Clarindo Fantoni, PP, o presidente do Conselho e ex-vereador, Celso Oliveira, MDB… e tantos outros, como o gestor e contador do Hospital… aliás, tomar aquele hospital foi sempre uma doentia necessidade do PT, liderado naquela época pelo ideológico e figura de proa do PT de Gaspar, hoje, já falecido Rodrigo Fontes Schramm. Nós dois tivemos várias conversas duras sobre este assunto.

Quem decidiu fechar o Hospital não foi nenhum político – Zuchi e o PT desde sempre, e não mudaram o disco nunca,  culpam o ex-prefeito, Adilson Luiz Schmitt, eleito pelo MDB e agora no PL: foi o próprio Conselho que fechou o Hospital por falta de tudo. Nem fossa séptica aquele abrigo de doentes tinha. E não foi Zuchi e nem o PT quem “abriram,” como arrotam por aí. Foi a errática decisão do grupo de reconstrução, contra a minha vontade expressa, registro e fui vencido, dando um voto de confiança ao Zuchi para criar esta narrativa descabida, que se mostrou depois de anos ter ludibriado o grupo nas promessas e acertos para que não chegasse ao ponto em que o Hospital chegou

Agora, Zuchi foi mais adiante na mentira nesta entrevista: o Hospital só teria sido aberto graças aos recursos da ex-senadora Ideli Salvatti, PT e do ex-governador Luiz Henrique da Silveira, MDB, este já falecido. É verdade. Só conseguiram, merrecas, depois dele praticamente pronto e naquilo que não acreditavam o reerguimento físico do Hospital. Sobre a montanha de dinheiro que a Fundação Bunge e outros doadores, incluindo a comunidade, colocaram lá, nem um pio. Impressionante. PT sendo PT. Torcia para que tudo desse errado. O PT nunca mudará. Em qualquer lugar.

A INTERVENÇÃO MAROTA DE ZUCHI E DO PT ABRIRAM AS PORTAS PARA O DESCONTROLE E ABUSO DE KLEBER NO HOSPITAL

Zuchi, foi, de fato, quem criou esta ferida chamada intervenção para, segundo ele, na época em que fez isso, auditar e pegar os “ladrões” que estariam roubando as verbinhas que a prefeitura repassava para manter o Pronto Atendimento do Hospital – que era obrigação dela sustentar, pois não tinha plan tão nos postinhos depois das três da tarde até as oito horas do dia seguinte.

Agora em campanha eleitoral, está culpando o seu sucessor Kleber Edson Wan Dall, MDB, por não ter dado uma solução em oito anos de governo. Em parte, Zuchi está certo. Mas, ninguém é ingênuo. Zuchi sabe que criou a brecha e o monstro para esse monstro se abrigar e engordar, depois do sucessor dele, o radical Amarildo José Rampelotti, perder a eleição de lavada. Ora, se Zuchi não deu a solução ao tempo em que nele próprio governou e usufruiu do aparelhamento no Hospital, Kleber só ampliou o problema e que agora, consome quase todo o Orçamento do Fundo Municipal da Saúde e inviabiliza os postinhos, farmácias, policlínica, exames especializados etc. A cidade está pagando caro por este erro e atraso.

Pior. Zuchi agora, como candidato, o pai da intervenção no Hospital, com ela no furacão dos questionamentos, sem sustentabilidade no modelo que está aí, está também escondendo o jogo. Diz vai fazer parcerias para tirar o Hospital do estado caótico onde ele está. Mas, quais e de que modo se dará esta parceria? Não explica. E como o PT não é dado a parceria a não ser a estatizante, para enformar nela uma montoeira dos seus, é de se duvidar que haja alguma coisa fora daquilo que já fez e piorou contra a cidade.

COMO DISCUTIR SANEAR E REGUER MAIS UMA VEZ O ANTIGO DÁ TRABALLHO, HÁ QUEM DIGA QUE VAI CONSTRUIR UM NOVO HOSPITAL

No outro lado, está vice Marcelo de Souza Brick, PP. Impressionante. Ele quer abrir pronto-socorro para cães e gatos, se o pronto socorro para humanos não funciona no governo dele com Kleber como atestam as milhares de reclamações que infestam as redes sociais, os meios de comunicações sob controle da prefeitura e até aqui, onde o Hospital foi questionar na Justiça. 

Se isto não fosse pouco, Marcelo pendurou uma melancia no pescoço para desviar a atenção daquilo que está obrigado a se explicar como vice prefeito e criar fato novo para os milhares que passam perrengues não só no Hospital, mas nos postinhos, farmácias e Policlínica. Marcelo está inundando as redes sociais, afirmando que vai construir um novo hospital, pois o que está aí foi feito para uma cidade de dez mil pessoas “Hoje temos 80 mil”.

Como assim? Somos pouco mais de 72 mil almas, segundo o censo do IBGE do ano passado, num exagero repetido e já desmentido várias vezes. Se não consegue fazer funcionar um hospital já estruturado, qual a razão de criar outro hospital? Dar calote nos fornecedores? Em quanto tempo – pois ele não cai do céu da noite para o dia? Onde? Naquele milionário terreno comprado da Furb para fechar o caixa da Furb e da prefeitura de Blumenau e furar o da prefeitura de Gaspar em 14 milhões que vão virar mais de 22 milhões com o financiamento que fizeram para esta operação?  Com recursos de onde? Onde está o projeto que leva anos para ser feito? Basta lembrar que a Unimed também tentou montar um hospital dela aqui para rivalizar com o de Gaspar. Desistiu e vendeu o terreno.

Marcelo diz vai fazer mais cinco postos de saúde, ampliar o horário de atendimento dos postos de saúde e marcação de horários de atendimento por telefone, que ele diz não saber agora a razão pela qual isso foi retirado. Ué! Ele é vice-prefeito e não sabe? E tendo pelo menos quatro anos para debater, lutar, aglutinar forças empresariais – que viveram à custas de facilidades na prefeitura – e fazer o que promete hoje, Marcelo deixou para a campanha eleitoral renovar a promessa do óbvio do óbvio? E por onde anda o marqueteiro “Alô Saúde”? Desapareceu? Não pegou? Ou o sistema de apadrinhamento enfraqueceu a ideia?

DOS TRÊS OUTROS CANDIDATOS: UM ESCONDE O JOGO E OUTROS JOGAM COM AUDÁCIA. A CHANCE É DE NÃO DAR EM NADA.

Paulo Norberto Koerich, PL, vai na mesma linha. Acha que só com transparência, controle, gestão, despolitização o Hospital vai magicamente se transformar na gestão dele. Ou está escondendo o jogo, ou já foi engolido pelos jogadores do jogo que transformou um Hospital em algo indomável. É outro, que vai na mesma linha óbvia de ampliar os horários de atendimento dos postos de saúde, bem como construir novos, coisas que já deveriam ter sido feitas por aqui e há muito tempo.

Os dois candidatos que foram mais criativos e incisivos, cada um a seu modo, por incrível que pareça, foram Ednei de Souza, Novo, e Oberdan Barni, Republicanos, este mais articulado. Ednei diz que a saúde como um todo e o Hospital, especialmente, viraram um cupinzeiro. “Farei uma auditoria implacável. Não com gente daqui [porque não confia e para não contaminar os resultados] e com especialistas [na área médica e de saúde]“. Ednei se diz inconformado que se precisa esperar quatro anos por um exame e que doente só receba “um simples exame de sangue, depois de morto”.

O mais direto neste assunto, sem rodeios, no mesmo estilo de entrevista de água com açúcar no jornal Metas foi Oberdan Barni, Republicanos, talvez por sua experiência de empresário, ter uma esposa em estado vegetativo e ser o seu vice, Aurino Amaral, Republicanos, ex-contador do Hospital de Gaspar.  Ele dividiu, bem claramente, a sua ação na área da saúde pública municipal de Gaspar. 

A básica, ou de baixa complexidade, com os postinhos onde promete ampliar os horários (“não é possível que eles fechem as 15h“) com a implantação de um aplicativo para acabar com as filas filhas de pessoas idosas, doentes, que gastam dinheiro ou precisam de favores para chegar cedo nos postinhos ou policlínica de madrugada de marcação de consultas.

A média complexidade, via uma UPA 24 horas. Diz que para isso, vai ocupar da policlínica (“ela está ociosa, nem sequer a pintam ou conservam; vergonha“). A UPA é um mini hospital, equipado como tal, para aquilo que os postinhos recomendam ou quando eles estão fechados para casos sem gravidade. Isto, em tese, desafoga o Pronto Atendimento do Hospital, onde há relatos, de espera por até 12 horas, em condições precárias.

Já a alta complexidade (maior gravidade, cirurgia complexas e internação prolongada), ficaria com o atual Hospital). Ele dispõe de estrutura mais sofisticada. Entretanto, Oberdan também não dá o pulo do gato. Todavia, em outra entrevista que roda nas suas redes sociais, ele deu pistas – e este é o problema dos políticos em campanha e quando eleitos, a falta de transparência – sobre o assunto. Disse que quer integrar o Hospital de Gaspar na rede de hospitais referência da região (Blumenau, Itajaí e Brusque), estabelecendo a vocação dele, recuperar a credibilidade, para então, retirá-lo da intervenção Municipal. Mas, quando? 

E sobre colocar a nu o que se fez e se faz para ser o hoje o Hospital um ralo milionário sem fim de dinheiro público bom e sem o devido retorno, nada. Aliás, quase todos. Estão com medo do que e de quem?

Incrível, que num ponto essencial para a sociedade, a saúde, numa cidade de migrantes, dormitório e vulneráveis, os mais cotados para serem prefeitos e frutos de grandes esquemas de apoio, não querem cravar a virada de mesa para ter um hospital referência, saudável e confiável. Gaspar parece que só vai avançar mais uma vez, só no slogan. Muda, Gaspar!

TRAPICHE

Neste sábado vai acontecer um debate – e talvez o único e já apelidado de oficial (o que é isso mesmo?) – entre os cinco candidatos a prefeito de Gaspar. Por ser o primeiro, está muito tarde. Segundo, é organizado pela mesma imprensa que escondeu por anos as mazelas do atual governo e quer continuar pelo candidato do legado, ou por um arrumado na marra entre os mesmos do atual governo. Coisas de comadres. A cidade está enxergando. E o esquema abafando.

Qual é mesmo a autoridade – a não ser a de passar o pano ou lavar as mãos – dessa imprensa para organizar e enfrentar os donos da cidade que escolhem e patrocinam governantes, calam, chantageiam esta imprensa e coloca na delegacia para dar sustos e na justiça os que na imprensa não depende dessa gente e não estão de cabeça baixa? Será água com açúcar para os convivas e sal grosso para os entrantes. A imprensa organizadora é tão culpada desse cenário, seja qual for o vencedor que torce, não haverá chances para ela. E os que correm por fora, sem simpatia dessa imprensa, estão despreparados e desestruturados para as mudanças e enfrentamentos urgente e obrigatórios. Muda, Gaspar!

Há candidatos a prefeito de Gaspar achando que o debate de sábado será o ponto de virada da campanha. Duvido. Não há tempo. O debate é feito para ignorar Ednei de Souza, Novo e Oberdan Barni, Republicanos; isolar Pedro Celso Zuchi, PT; proteger Marcelo de Souza Brick, PP e projetar, Paulo Norberto Koerich. Nem mais, nem menos. Aceito opiniões contrárias.

É de matar. O candidato Paulo Norberto Koerich, PL, reportou nas redes sociais de que “começaram as falsas promessas e as fakes news em Gaspar“. Só pode ser mesmo falta de assunto. Primeiro Paulo é policial há 30 anos e tem fama de bom investigador. Segundo este tipo de assunto, mata-se a cobra e se mostra a cabeça dela. Quais são a falsa promessa e a fake news? Onde ela está e quem está propagando? Enquanto não esclarecer isso, a única fake news é o meme do candidato. Muda, Gaspar. Se continuar assim, nada vai mudar.

Jair Messias Bolsonaro, é Jair Messias Bolsonaro. Ele corre um sério risco de ter seu brilho ofuscado pela arrogância e blefes. Em São Paulo, para enquadrar e enfraquecer o poder político e liderança do governador Tarcísio Gomes de Freitas, Republicanos, e não o deixar com luz própria, fez biquinho para apoiar o prefeito Ricardo Nunes, MDB, e ensaiou, estar com Pablo Marçal, PRTB, e só quando Marçal já estava em “meteórica” ascendência. 

Tarcísio Gomes de Freitas, Republicanos, quando viu que um maluco, ou desiquilibrado, com ampla ficha corrida, como Pablo Marçal, PRTB, poderia ser o prefeito da maior capital brasileira, posicionou-se por Ricardo Nunes, MDB. Este gesto não só estancou a queda de Nunes, como fez Marçal parar de crescer e até recuar. Os bolsonaros, incluindo Jair Messias Bolsonaro ficou numa sinuca de bico. No Rio de Janeiro já está fora do jogo. Em outros grandes centros também. Em Santa Catarina, seu reduto, está balançando. O mito ainda está num pedestal, mas seu instinto político já foi melhor.

Jair Messias Bolsonaro vem a Santa Catarina. Os bolsonaristas gasparenses vão parar a campanha aqui para ir a Navegantes recepcioná-lo. E com sorte, obter a foto que lhes falta para exibir na propaganda eleitoral. Por enquanto, só montagens. Mais, do que isso, estão aguardando uma voz de apoio a campanha de Paulo Norberto Koerich e Rodrigo Boeing Althoff.

Em Gaspar, na campanha, os candidatos falam e prometem mobilidade. O vereador Dionísio Luiz Bertoldi, PT, em campanha de reeleição – tinha prometido de que não iria este ano – está pedindo a prefeitura e a Ditran  que um trecho de uma ciclovia seja transformado oficialmente em estacionamento de rua para atender as demandas de pais e professores. Credo! Avança, Gaspar!

Por nove a três, os vereadores aprovaram mais um projeto que anula e suplementa dotações do Orçamento ficcional de Gaspar. Ele mexeu em mais de R$1 milhão em investimento de obras que o governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, PP, prometeram no tal “Avança Gaspar” e a Câmara aprovou no ano passado acreditando de que isso seria feito. O relator foi o governista Roberto Procópio de Souza, MDB, a favor dessa mudança que coloca esse dinheiro para o dia-a-dia administrativo da prefeitura e tira dos investimentos para a cidade. Ou seja, o caixa está zerado para o mínimo.

Votaram contra: Dionísio Luiz Bertoldi, PT, Alexsandro Burnier e Francisco Hostins Júnior, ambos do PL. Foi preciso uma sessão extraordinária numa quinta-feira, num Projeto de Lei que deu entrada a toque de caixa, por falta de caixa, numa terça-feira da mesma semana. Está feia, a coisa. Este é um péssimo sinal do que acontecerá depois de seis de outubro.

Finalmente, não há qualquer possibilidade de haver mais voto secreto na Câmara de Gaspar. Falta ainda uma votação, mas está encaminhado. O primeiro voto secreto derrubado foi para a eleição da presidência e membros da mesa diretora, depois duas sucessivas traições. Agora, é para a cassação de prefeito, vereador ou aplicação do código de ética. Também só veio, depois que um deles teve as penas do rabo arrancadas numa armação política de vingança pelos que estão no poder de plantão e vetam qualquer fiscalização ao atual governo.

O cachimbo torto. A sessão do dia três de setembro teve apenas 25 minutos. Pois não é que o ex-presidente Ciro André Quintino, MDB, não aguentou ficar esse tempo todo. Faltando cinco minutos para terminar a sessão, pediu para sair, como fez em quase todas as sessões deste ano.

Uma empresa veio para Gaspar. Contratada pelo Samae para em 90 dias dar conta dos pequenos reparos de calçadas ao valor total de R$1,2 milhão. Bastou um requerimento da Câmara pedindo informações sobre os serviços executados, para ela ir embora e só ter recebido R$800 mil. Só para lembrar. O caso da roçada e varrição da Ecosystem começou bem assim. Depois que se pediu a documentação e se viu que ela era contraditória, a empresa se mandou e a polícia veio aqui no início do mês.

Em todas as reuniões que o prefeito de Gaspar,  Kleber Edson Wan Dall, MDB, faz como presidente da Fecam, o ex-braço direito dele aqui Jorge Luiz Prucino Pereira, PSDB,- mas que pediu para sair depois que estourou o caso das conversas cabulosas dele com Jean Alexandre dos Santos, PSD, também recém apeado da presidência do Samae, Jorge está presente como braço direito de Kleber na Fecam.

O advogado gasparense, João Pedro Sansão, especializado em direito eleitoral, depois de estagiar no escritório brasiliense do ex-ministro da Justiça, o paulistano José Eduardo Martins Cardozo, de 17 recursos nesta eleição, só perdeu um no Tribunal Regional Eleitoral. O candidato de Celso Ramos, confessou que pedia votos de casa-em-casa antes mesmo de ser oficialmente candidato..

A promotoria eleitoral já está analisando a denúncia de que um subprocurador do município de Gaspar, em horário de trabalho, protocolou defesa de candidato embrulhado em problemas na Justiça Eleitoral. Se o assunto for adiante há quatro hipóteses: não dar nada, o subprocurador ser penalizado pela Justiça eleitoral, ter recomendação para um PAD – que em tese também não vai dar em nada, e a pior de todas, e quase improvável situação, o político ter anulado a sua defesa e estar em situação de inelegibilidade.

Aos candidatos a prefeito de Gaspar: a estimativa oficial de receitas no ano que vem é de R$510 milhões. Onde mesmo vão caber todas as promessas que fazem? ao menos sabem a origem dessas receitas? Ou sabem que elas são em alguns casos inatingíveis. E olha que o Orçamento é menor do que a inflação prevista para o período.

Depois ninguém me lê. Desaparecido por aqui por longo período, o novo prefeito de fato de Gaspar, deputado federal por Blumenau, Ismael dos Santos, PSD, deu o ar da graça na campanha de Marcelo de Souza Brick, PP, ex-PSD. Faltou entusiasmo. Muda, Gaspar!

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15 comentários em “O HOSPITAL DE GASPAR VAI PIORAR. NENHUM DOS CANDIDATOS DO SISTEMA E QUE “DESPONTA NAS PESQUISAS OFICIAIS” QUE SE DIVULGARAM ATÉ AGORA, SABE DIREITO O QUE FAZER COM ELE. E SE SABE, ESCONDE. ESTRANHAMENTE, SÓ OS TIDOS AZARÕES SÃO CLAROS NESTE ASSUNTO”

  1. TEATRO CONTRA OS INCÊNDIOS, por Elio Gaspari, nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo

    Nas últimas duas semanas, Lula mostrou como o governo está mobilizado para enfrentar os incêndios e as queimadas. Em Manaus, anunciou a criação de uma Autoridade Climática. Em Brasília, reuniu-se com o presidente do Supremo Tribunal, do STJ, do TCU, do Senado e da Câmara e disse que “a gente não estava 100% preparado para cuidar dessas coisas”.

    Tudo teatro. A Autoridade Climática, detonada nos primeiros meses do seu mandato, continua no mundo das promessas. A reunião de Brasília produziu apenas uma procissão de carros oficiais. No dia seguinte, Lula não teve agenda para se reunir com os governadores, pessoas que têm caneta para tomar medidas.

    O governo não estava “100% preparado” porque vive no mundo da fantasia. Produz reuniões, eventos e anuncia a criação de conselhos, naquilo que o repórter Bruno Boghossian chamou de “ciranda da alta burocracia”.

    “Ciranda, cirandinha,

    vamos todos cirandar.”

    Boghossian mostrou que, cirandando, o governo criou em junho uma sala de situação para enfrentar a seca e os incêndios. Depois da segunda reunião nessa sala de Brasília, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, informou:

    “Já estamos operando em plenas condições de ações. Já estamos com a sala de crise montada.”

    “O anel que tu me destes

    Era de vidro e se quebrou.”

    Durante três anos, o Brasil passou por uma pandemia com um presidente negacionista. Agora, diante da emergência climática, o presidente tem outro estilo, o da ciranda.

    Melhorou-se, mas a raiz do problema continua no mesmo lugar, com o mesmo tamanho: a burocracia acredita que seu palavrório e eventos produzem ações. Num caso, louvava-se a cloroquina e negava-se o problema. No outro, reconhecendo-o, acredita-se que ciranda resolve. Alguém acha que evento lustrado com a presença de presidentes de tribunais resolve o problema dos incêndios?

    “Por isso, dona Rosa

    Entre dentro desta roda

    Diga um verso bem bonito

    Diga adeus e vá se embora.”

    O gosto pelo palavrório vem de longe. Em 2018, o país ralou uma greve de caminhoneiros que desabasteceu cidades e quebrou uma perna do governo. Dois empresários foram filmados incitando os caminhoneiros. No meio da crise, um ministro anunciou que estavam abertos 37 inquéritos em 25 estados para apurar a participação de empresas na paralisação. Deram em nada. Cirandou-se.

    Agora a Polícia Federal informa que há 85 inquéritos abertos para apurar a origem criminosa de alguns incêndios. A ver.

    O BODE DISPENSADO

    O Banco Central subiu os juros para 10,75%, e Roberto Campos Neto passou incólume. Lula dispensou-o dos ataques com que o honrava desde o ano passado, quando o Copom baixava a Selic.

    A decisão pela alta, unânime, teve o voto de Gabriel Galípolo, próximo presidente do Banco.

    Os ataques a Campos Neto eram pura fumaça, espalhada no picadeiro para enganar a plateia. Como ensinava Tancredo Neves, esperteza quando é muita, come o dono.

    O NOVO ESTILO DE ISRAEL

    Os serviços de inteligência de Israel falharam miseravelmente em outubro do ano passado, quando o Hamas atacou o país. Daí a subestimá-los, é mau negócio.

    O Hezbollah do Líbano comprou pagers e walkie-talkies que começaram a explodir, matando e ferindo centenas de pessoas.

    A operação teve uma essência terrorista. Morreram pessoas que não sabiam da origem dos aparelhos e também outras que estavam apenas por perto.

    Durante a ditadura, quando o Brasil teve um programa nuclear secreto (e mambembe), com a ditadura de Saddam Hussein no Iraque, os israelenses teriam sido finíssimos. Segundo um ministro contou à época, caixas de equipamentos fabricados na França chegaram a Bagdá contendo também exemplares do Velho Testamento.

    O programa era tão mambembe que Saddam Hussein, falando de um empresário paulista a um embaixador brasileiro, disse-lhe:

    Por favor, diga a ele para não vir aqui oferecer o que vocês não têm. (Era o projeto de uma bomba atômica) Essa operação resultou na morte de um jornalista brasileiro, assassinado em 1982 por brasileiros, junto com a mulher e um barqueiro. O casal passeava no mar do Rio.

    Alexandre von Baumgarten escrevia um livro sobre a transação nuclear com o Iraque. Chamava-se “Yellow Cake”, nome de um pó de urânio natural.

    Como havia um toque de trapalhada nas operações secretas da ditadura, sua mulher, o barqueiro e até o barco sumiram, mas o cadáver de Baumgarten acabou batendo numa praia. Ele estava sentado na borda da lancha quando foi baleado e caiu no mar. Afundou e apareceu dias depois, com duas balas no corpo.

    LALO DE ALMEIDA

    A crise climática, com suas queimadas, serviram para confirmar que Lalo de Almeida é um dos grandes fotógrafos da atualidade. Assim como os garimpeiros de Serra Pelada projetaram Sebastião Salgado, há alguns anos, o olhar de Lalo mostra a crise com um toque de poesia dramática, indo do animal carbonizado aos caminhantes solitários pelo leito de um rio seco da Amazônia.

    A GRANDE PAMELA

    Saiu nos Estados Unidos mais uma biografia de Pamela Harriman. Chama-se “Kingmaker” e conta a vida dessa grande mulher. Ela morreu em 1997, aos 76 anos, depois de sofrer um AVC enquanto nadava (sem molhar o cabelo) na piscina coberta do hotel Ritz de Paris.

    Pamela era embaixadora dos Estados Unidos na França, nomeada pelo presidente Bill Clinton. Anos antes, quando ele era um gorducho provinciano do Arkansas, e havia perdido a reeleição para governar seu Estado, sentia-se um caco. Ela o apresentou às pessoas certas de Washington, Clinton ganhou a eleição seguinte no Arkansas e acabou na Casa Branca.

    Ela havia montado um fundo de arrecadações apelidado de PamPac que refrescou campanhas Democratas país afora, inclusive de outro que estava na pior e chamava-se Joe Biden.

    A autora, Sonia Purnell, tentou sair do estereótipo da cortesã. Os homens passavam por sua vida e saíam maiores. O grande exemplo foi o Gianni (Fiat) Agnelli, que entrou como um playboy italiano e saiu como o grão-senhor internacional que era.

    Pamela nasceu em Digby, filha de um baronete inglês. Casou-se com o filho (chato e bêbado) de Winston Churchill. Num século em que homens colecionavam namoradas, ela colecionou namorados. Purnell calcula-os na casa da centena. Um dos últimos pode ter sido o guarda-vidas da piscina do Ritz.

    Purnell mostra que Pamela era uma mulher forte, sabia o que queria e gostava do andar de cima, onde vivia. Tomou chá com Adolf Hitler e foi amiga de Mikhail Gorbachev.

    Pamela foi Churchill, mas morreu como Pamela Harriman, viúva do ícone americano Averell Harriman. Apelidado de Crocodilo, ele nasceu milionário, foi o homem do presidente Franklin Roosevelt em Londres nos primeiros anos da Segunda Guerra (quando começou a namorar Pamela, nora do primeiro-ministro). Reencontraram-se em 1971 e casaram-se meses depois.

  2. PROTAGONISMO DO STF, por Eliane Cantanhêde, no jornal O Estado de S. Paulo

    Flávio Dino está para o combate às queimadas como Alexandre de Moraes esteve, e está, para a resistência a um golpe de Estado. Ambos são criticados por excessos, atacados nas redes e acusados inclusive de antidemocráticos, mas os fatos são claros: assim como Xandão freou manifestações golpistas de rua, investigou as articulações via internet e agiu rápida e duramente contra executores, mandantes e financiadores do 8 de janeiro, Dino está alerta e sacode os governos federal e estaduais contra o que Marina Silva chama de “terrorismo ambiental”. Ao chegar ao Supremo pelas mãos do presidente Lula e com um empurrão de Moraes e Gilmar Mendes, Dino formou o trio do barulho na alta corte, pronto para enfrentar os grandes problemas e aguentar firme os ataques — o que é bom — e disposto a fazer ouvidos moucos para ponderações, advertências e críticas — o que é ruim, um traço de arrogância.

    Dino vem cobrando sistematicamente planos e ações efetivas do Planalto e dos ministérios contra a tragédia da seca, determinando aumento de verbas e de contingente policial para combater os incêndios e coordenação essencial entre Brasília e os estados que abarcam Amazônia, Cerrado e Pantanal. Age contra a pasmaceira. Acusado de “não desencarnar do Ministério da Justiça”, ele só assumiu a linha de frente porque havia um vácuo. Por que não houve prevenção? Nem articulação entre ministérios e entre governo federal e Estados já com as labaredas nas alturas?

    Agora, com nossos biomas esturricados, todos jogam a culpa em todos. E reclamam de Dino. Assim, Moraes não está mais sozinho no alvo e, apesar da audácia de enfrentar Elon Musk e suspender o X no Brasil, recebeu o aval do Supremo e da PGR e o apoio da PF, da Anatel e de 50 intelectuais de Brasil, América Latina, EUA e Europa. E a Austrália comprou a mesma briga com o X, reforçando a reação brasileira e a atenção do mundo para o perigo das redes para a soberania dos países. A primavera começa na terça-feira, trazendo expectativa de chuva, fim das queimadas e melhores ares, mas ficam a fumaça e um rastro de leniência do Estado e de ações dolosas de cidadãos e setores ainda não identificados. Muito trabalho para a PF e muitas frentes de briga para Dino e o Supremo, ameaçado por uma anistia para os criminosos de 8/1 e projetos contra sua autonomia. Sem contar que os inquéritos contra o golpe e os agitadores de internet continuam trancados no gabinete e na vontade de Moraes. Até o Supremo cobra um desfecho. Que o ar em 2025 seja mais respirável.

  3. Este editorial precisa ser lido, relido, refletido e replicado.

    Ele explica muito, à razão pela qual, candidatos petistas estão em baixa nesta corrida eleitoral municipal em qualquer canto que se vá deste Brasil – inclusive no Nordeste feito de coronés usufrutuários de ‘merendas milionárias’ do pesado impostos gerados em outras partes do país e que dizem que é para dar aos pobres que precisam para serem sobreviventes políticos -, e pior do que isso, como se vê em Blumenau e Gaspar, onde o PT já foi a estrela brilhante de outros tempo, os seus velhos caciques e candidatos, escondendo a estrela, o vermelho, o PT em si e o painho Lula, o qual parece estar com sérios problemas de cognição, devido, supostamente, à avançada idade que não acompanhou o avanço do mundo, e por isso, alimentou a direita, cansada de um estado paquidérmico, corrupto, do início do século 20, quando já estamos quase nos anos 30 do século 21, base do discurso e práticas petistas, dos seus satélite Psol, PCO, PDT, PSTU…

    A IMPLICÂNCIA DE LULA CONTRA A INICIATIVA PRIVADA, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

    O presidente Lula da Silva recentemente “inaugurou” o Comperj – o complexo petroquímico no Rio de Janeiro que teve sua pedra fundamental lançada pelo próprio Lula em outra encarnação, no seu segundo mandato, e que levará no total 21 anos para finalmente entrar em operação plena, em 2029, tudo o mais constante. Como é do seu feitio, o demiurgo transformou o que deveria ser uma vergonha em um “ato de reparação”, segundo suas palavras.

    O Comperj é um dos símbolos mais vistosos da trevosa era lulopetista que arruinou o País com sua gastança e sua corrupção. O complexo, que deveria custar US$ 6,2 bilhões, consumiu quase 5 vezes mais e ainda não funciona como planejado. Por outro lado, a obra foi uma das protagonistas do petrolão, o esquema de corrupção na Petrobras que abasteceu os cofres petistas e dos partidos comparsas.

    Pois é dessa “reparação” que Lula fala: para o chefão petista, a Lava Jato, que flagrou o petrolão, foi uma operação destinada a “desmoralizar a Petrobras” para forçar sua venda. Atribuindo essa conspiração a “eles”, pronome que Lula usa para designar genericamente aqueles que, em sua definição, seriam os inimigos do Brasil e dos brasileiros pobres, o presidente chamou de “bando de imbecil” (sic) os que defendem a privatização da Petrobras.

    E assim chegamos ao cerne do discurso de Lula, que deveria ser tomado como exemplar do que o petista deseja para seu terceiro e talvez último mandato: mais do que em qualquer outro momento desde que começou a exercer o poder, Lula parece determinado a ressuscitar o raivoso líder sindical dos anos 80, que ele nunca deixou de ser, mas que as necessidades políticas o haviam obrigado a domesticar.

    Aquele personagem investia toda a sua energia na ideia de que os empresários são inimigos da “classe trabalhadora”. Aquele Lula não escondia sua repulsa à iniciativa privada, em qualquer de suas expressões. Aquele Lula mandou o PT votar contra a Constituição de 1988 porque, segundo o partido, o texto “eleva a propriedade privada a direito fundamental da pessoa humana”.

    Desde o nascimento do personagem “Lulinha Paz & Amor”, que os marqueteiros petistas inventaram em 2002 para finalmente ganhar uma eleição presidencial, Lula vem tentando se passar por moderado e pragmático. Na mais recente disputa, em 2022, conseguiu os votos de eleitores de centro ao se identificar como o líder da “luta pela democracia”, malgrado seja incapaz de condenar as ditaduras de companheiros como Maduro e Ortega.

    Agora, talvez por ter se dado conta de sua finitude, Lula parece ter se cansado de fingir ser o que nunca foi. Seu discurso no Comperj poderia ter sido feito em Vila Euclides. Numa saraivada de ataques, desqualificou os empresários do País, que em sua definição seriam simplesmente incapazes de melhorar a vida dos brasileiros. A julgar por suas palavras, todo o setor produtivo deveria ser do Estado, que seria um administrador mais sensível às reais necessidades do povo.

    A horas tantas, perguntou: “A Vale está melhor agora que foi privatizada ou ela era melhor quando ela era uma empresa do Estado brasileiro?”. Se o critério fosse o valor de mercado, a Vale passou de R$ 39,5 bilhões em 1997, ano da privatização, para R$ 250 bilhões hoje. Mas o critério de Lula não é esse: para o petista, falta “bondade” à Vale privatizada.

    Ele acha um horror que o CEO da Vale ganhe R$ 55 milhões por ano, e não R$ 55 mil, como se isso fosse uma ofensa aos pobres, e não a remuneração arbitrada pelo mercado para recompensar a expertise necessária para administrar uma empresa do porte da Vale. Pouco importa que a empresa recolha milhões em impostos e gere milhares de empregos. Para Lula, empresa privada boa é aquela que abre mão do lucro em favor de projetos do Estado e cujos executivos sejam abnegados trabalhadores que renunciam a altos salários em troca do orgulho de fazer parte desses projetos.

    Há muito mais no tal discurso, mas só essa seleta basta para constatar que Lula decidiu fazer campanha aberta contra a iniciativa privada que não se dobra a seus delírios.

  4. IMPRENSA E DEBATE ELEITORAL: O LIMITE ENTRE INFORMAÇÃO E MANIPULAÇÃO, por Aurélio Marcos de Souza, advogado, ex-procurador geral de Gaspar (2005/008), graduado em gestão pública pela Udesc, filiado atualmente ao PL. Originalmente publicado na conta pessoal dele no facebook, sábado dia 21,09.2024, dia do debate entre os candidatos a prefeito de Gaspar

    Hoje, em Gaspar, o debate entre os candidatos à prefeitura deixou uma impressão preocupante. Em vez de proporcionar uma discussão equilibrada, onde os candidatos poderiam apresentar propostas e os eleitores avaliarem seus futuros governantes, alguns jornalistas que representavam a mídia local desempenharam um papel questionável. Ao invés de agir com imparcialidade, favoreceram alguns candidatos enquanto tratavam outros com menos seriedade.

    O papel da imprensa em um debate é fundamental. Os jornalistas deveriam trazer à tona perguntas pertinentes, abordando questões importantes para a comunidade, como saúde, educação e infraestrutura. No entanto, quando esses mediadores se permitem influenciar pelo favoritismo, as perguntas perdem a relevância e se transformam em ferramentas de manipulação. O resultado é que temas cruciais acabam sendo negligenciados, e o debate, em vez de servir ao eleitor, passa a servir a interesses particulares.

    Essa postura parcial da mídia, infelizmente, não é um fenômeno isolado. Em tempos de polarização, o papel da imprensa como guardiã da verdade é cada vez mais desafiado. Quando a mídia escolhe lados, contribui para a desinformação, confundindo os participantes e distorcendo a percepção que eles têm sobre os candidatos. Isso enfraquece a democracia, pois um debate eleitoral justo deveria ser um espaço para o confronto de ideias, e não para favorecer candidatos com base em preferências pessoais.

    A grande questão, então, é sobre a responsabilidade não só dos jornalistas, mas também dos participantes. O público precisa estar atento ao comportamento dos mediadores e questionar a parcialidade quando ela surgir. A busca por diferentes fontes de informação torna-se crucial para que os eleitores consigam formar opiniões embasadas e fazer escolhas conscientes.

    No final, os verdadeiros vilões de um debate político não são apenas os candidatos que falham em apresentar propostas consistentes, mas também aqueles que, na função de mediadores, conduzem o evento de forma tendenciosa, ofuscando questões essenciais. A imparcialidade é uma responsabilidade da imprensa, e a vigilância é um dever do eleitor. Somente assim, com debates justos e cidadãos informados, poderemos fortalecer a democracia.

    Realmente foi um show de truculência e pior, os Candidatos precisam melhorar muito. Pois de propostas apareceram poucas ou quase nenhuma….

    O eleitor perdeu a chance de ter esclarecido questões importantes, porque é neste momento que as perguntas poderiam ter sido feitas para trazer esclarecimentos. Já que na fase de candidato pergunta para candidato, o negócio muda.

  5. SOBRAM OS TRUQUES, FALTA DINHEIRO, por Carlos Alberto Sardenberg, no jornal O Globo

    — Eu nunca vi na História dos povos alguém parar uma guerra por teto fiscal.

    Mas a História já viu muitos países perderem a guerra por causa do teto fiscal, pela falta de dinheiro. Mal comparando, é disto que se trata no caso brasileiro: da falta de dinheiro para investimento e custeio das ações voltadas às questões climáticas.

    O ministro sacou a frase de efeito ao justificar a liberação de R$ 513 milhões para o governo federal gastar no combate aos incêndios. O dinheiro entrou na rubrica de crédito extraordinário. Portanto não será contado no Orçamento como gasto primário, que exigiria a definição de uma receita equivalente.

    Resumindo: no fim do ano, quando fizer a conta de receitas menos despesas, para verificar se a meta de déficit zero foi cumprida, o governo deixa de lado aqueles R$ 513 milhões. Sim, é isto mesmo que você está pensando: o governo gastará, mas isso não entra como gasto na contabilidade oficial.

    Mas como o dinheiro será efetivamente pago, surgem duas questões. Primeira: de onde vem? Segunda: é suficiente? A primeira resposta é fácil. Como você faz quando gasta um dinheiro que não entrou como receita? Entra no cheque especial ou no rotativo do cartão de crédito. Faz dívida, portanto. O mesmo com o governo. Se gasta além da receita, mesmo sem colocar na meta fiscal, tem de tomar dinheiro emprestado para cobrir aquela despesa. E faz isso vendendo títulos da dívida — aqueles que a gente compra no Tesouro Direto — pagando juros elevados.

    Pode chamar de contabilidade criativa. No oficial, o governo poderá dizer que cumpriu a meta de déficit zero. No paralelo, terminará o ano com endividamento maior. O que nos leva à resposta da segunda questão: aquele crédito de R$ 513 milhões é pouco dinheiro, considerando o atraso nas medidas emergenciais e estruturais para lidar com a questão climática. Como admitiu o próprio Lula, o país não está preparado para essa emergência climática. Faltaram recursos.

    Reparem nestes números: de janeiro a julho deste ano, a despesa total da União foi de R$ 1,325 trilhão. Não, não está errado. A conta é mesmo de trilhão. Se é assim, por que precisou um ministro do Supremo liberar um crédito extraordinário de mísero meio bilhão e não contabilizado? Daquela montanha de mais de trilhão de reais, nada menos que R$ 1,2 trilhão são destinados a despesas obrigatórias, basicamente Previdência e pensões, pessoal, benefícios sociais, saúde e educação.

    Em investimentos, no mesmo período de janeiro a julho deste ano, o governo gastou ridículos R$ 32 bilhões. Outros R$ 90 bilhões foram gastos no custeio da máquina pública. Foram, portanto, pouco mais de R$ 120 bi para tocar todo o governo federal. Claro que sobra pouco para as questões climáticas.

    Pela regra do arcabouço fiscal, a despesa total do governo tem um teto. Pode crescer, de um ano para outro, até 2,5% acima da inflação. Ocorre que aquelas despesas obrigatórias crescem mais do que isso, comprimindo os demais gastos, chamados discricionários (investimentos e custeio). Como o governo quer ampliar os gastos discricionários, teria de cortar nos obrigatórios. Como não consegue ou não quer fazer isso, inventa o truque de tirar despesas da contabilidade.

    Dizem: o país está pegando fogo, não é hora de respeitar o teto fiscal. Emergência é emergência. Verdade. Mas o governo se vê diante dessa ameaça quando já está gastando além do que arrecada, tomando mais dívida e pagando mais juros. Para este ano, o déficit previsto não é mais zero, mas cerca de R$ 28 bilhões, também permitido pelo arcabouço. E deixando de fora os créditos extraordinários e outras diversas despesas, como o pagamento de precatórios.

    Contabilizado ou não, o déficit real é bem maior, e isso limita a ação de todo o governo. Aumenta o endividamento e, pois, provoca alta dos juros e atrapalha o combate à inflação. E sobra pouco para a emergência, contabilizada ou não.

  6. UMA SUPREMA CORTE KAFIKIANA, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

    A pedido da Procuradoria-Geral da República, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou à Polícia Federal que investigue perfis que utilizaram a plataforma X após a sua suspensão no Brasil, através de VPN – um dispositivo que oculta a origem do usuário –, a fim de penalizar os que fizeram “uso extremado”.

    Ainda que, tomada isoladamente, a decisão de bloquear o X após reiterados descumprimentos de ordens judiciais possa ser justificada, ela é um dos frutos das árvores envenenadas que são os inquéritos intermináveis, inacessíveis e indefiníveis conduzidos por Moraes. Movido pela tara punitivista e revanchista do ministro, o bloqueio foi acompanhado de diversas providências eivadas de irregularidades, incoerências e amadorismo, a começar pela citação feita pelo perfil do STF no próprio X. Bloqueios de bens e multas vêm sendo aplicados à Starlink, uma empresa distinta, com acionistas distintos. Na petição que determinou o bloqueio, Moraes ainda ordenou a plataformas que inviabilizassem a disponibilidade de VPNs. No mesmo dia, numa confissão tácita de sua ignorância a respeito de um dispositivo perfeitamente legal usado no mundo inteiro para fins os mais diversos, Moraes revogou a própria decisão. Mas a mais teratológica e francamente sinistra das decisões foi a previsão de uma multa de R$ 50 mil a quem acessasse a rede. Todas essas medidas foram referendadas pela 1.ª Turma da Corte.

    Mesmo a Ordem dos Advogados do Brasil, que no geral tem sido complacente com o festival de abusos perpetrados nos inquéritos do STF, se viu obrigada a sair de seu torpor e entrar com uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental contra as multas. A peça denuncia não uma, mas várias violações a preceitos fundamentais: princípio da legalidade, da reserva legal, da separação dos Poderes, do devido processo legal, do contraditório e da proporcionalidade das sanções.

    Nulla poena sine lege é um princípio básico do direito consagrado pela Constituição: “Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal” (art. 5.º, XXXIX). Mas ao determinar, no âmbito de um inquérito (!), uma punição genérica e abstrata que pode alcançar todos os brasileiros, Moraes, não contente em concentrar as funções de investigador, acusador e juiz, usurpou o papel de legislador. Sanções processuais só podem ser aplicadas às partes diretamente envolvidas no processo. Mas, aberto o precedente, deve-se assumir que juízes podem exarar sanções genéricas em seus processos e aplicá-las a quaisquer terceiros não intimados a tomar parte neles.

    Para piorar, o valor da multa é completamente desproporcional. Para piorar ainda mais, a conduta passível de punição é fluida: que diabos é um “uso extremado”? Trata-se de mais um tipo penal fabricado sob medida por Moraes (como “desinformação” ou “discursos de ódio”) para punir quem ele bem entender.

    Em seu voluntarismo, o STF ensejou a surreal situação em que não só os 20 milhões de usuários do X, mas qualquer um dos mais de 210 milhões de brasileiros pode ser draconianamente punido no âmbito de inquéritos secretos do qual não fazem parte por condutas indetermináveis, e a constrangedora perspectiva de a Corte (através de seu colegiado) declarar inconstitucional uma decisão da própria Corte (através da 1.ª Turma), ou, o que é pior, não declarar, instaurando de vez um tribunal de exceção.

    Seria tentador parafrasear, a propósito de todo cidadão brasileiro agora passível de ser alvejado pelos delírios persecutórios de Moraes, a célebre abertura de O Processo de Franz Kafka: “Alguém deve ter dito mentiras sobre Joseph K., pois sem ter feito nada errado recebeu uma multa de R$ 50 mil numa bela manhã”. Mas há outro trecho que, no caso, se aplica ipsis litteris a Moraes e outros colegas e autoridades – incluindo o procurador-geral da República – intoxicados pela fumaça do mau direito: “Eles estão falando de coisas sobre as quais não têm a menor noção. É só por causa da sua estupidez que podem ser tão seguros de si mesmos”.

  7. FUTEBOL, APOSTAS E A SOCIEDADE EM QUE QUEREMOS VIVER, por Milly Lacombe, no portal UOL

    As apostas chegaram para ficar. Não há mais como imaginar um Brasil que seja capaz de proibi-las. Nesse contexto que tenta deixar de lado a ingenuidade para lidar com a realidade seria preciso que a gente se perguntasse em que mundo queremos viver.

    O que temos hoje é um cenário dentro do qual crianças de seis anos estão sendo estimuladas a apostar – e estão apostando. Temos quase 30 milhões de brasileiros que declararam já terem jogado. Os jornalistas Thais Bilenky e José Roberto Toledo lembraram no Podcast “A Hora” desse 20 de setembro que as apostas são o paraíso do crime organizado: “Paraíso fiscal, onde muitas dessas empresas têm suas sedes; e paraíso criminal, porque o jogo do bicho, por exemplo, lava o dinheiro sujo por meio de apostas falsas e mulas da jogatina das apostas online”.

    Não apenas isso: 55% dos apostadores dizem que o dinheiro que usam para jogar faz falta no fim do mês. Os defensores desses jogos de azar dizem que, com a devida taxação, a sociedade pode sair ganhando. Eu argumentaria que esse é um horizonte de ficção. Não se ganha jogando. Nunca. Em hipótese alguma. Você pode ter a ilusão de ter ganho. Vai ganhar um dia depois de ter perdido em muitos outros. E vai gastar o que ganhou apostando mais. A banca sempre ganha. Estimativa feita pelo Itaú BBA em abril calculou que as “bets” ganharam até aqui 20 bi e que os apostadores perderam até aqui R$23 bi no Brasil.

    As consequências dessa perda são terríveis. Numa sociedade exausta, sem trabalho ou com trabalho precarizado, as apostas aparecem como via de escape para o sistema econômico que faliu. Desesperadas, pessoas lançam sua sorte acreditando na palavra de ídolos que dizem através das propagandas: joga que é bom.

    Não estou nem sequer falando de manipulação de resultados e de como fatiar o jogo para que possamos apostar em cartões amarelos e laterais vai mudar a essência do futebol. Eu diria que esses são problemas até menores diante da deterioração social que pode estar a caminho.

    A partir desses dados, o que podemos fazer? De imediato acho que regular a publicidade seria boa solução. Aumentar a alíquota sobre empresas de apostas também. Mas o que mais?

    Um problema social precisa ser resolvido pela sociedade. Teríamos que falar abertamente sobre os perigos, as perversões, os riscos. Não me parece que estejamos fazendo isso. Pelo contrário. Sou impactada a todo instante por um mundo no qual apostas são alegria, música, magia, gente feliz e bonita reunida. O que faz com que o apostador que quebrou e quebrou a família se sinta como o único a passar pelo desespero e pela tristeza. Sou filha de um homem viciado em corrida de cavalo. Posso garantir, de dentro para fora, que essa história não vai acabar bem

  8. BOLSONARO, O TELHADO E O GATO

    A passagem do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, PL, por Santa Catarina, está sendo marcada por confusões, poucas pessoas e uma arrogância dele, influenciado por gente que não possui liderança política, principalmente o governador Jorginho Melo, PL, o que arrumou candidatos ao seu modo e está ele próprio prejudicando à corrida na reeleição dele próprio em 2026, onde o PSD arma o bote. O gato subiu no telhado para alguns candidatos casados e que dependem desse casamento de fachada. Nem miando estão mais. Inclusive, em Gaspar

  9. CAMPANHA DE GASPAR ESQUENTA

    Paulo Norberto Koerich, PL, na coligação com União Brasil e PDR, parecia estar sentado na cadeira de prefeito e até terceirizou a campanha. As redes sociais desde sexta-feira à noite, e casualmente às vésperas do único debate arranjado, começaram a tirá-lo do conforto. É que os adversários perceberam que ele está muito longe de ser aquele delegado atuante de antigamente. E entrou no modo daquilo que o gasparense não quer ver mais continuado. Se é para continuar, que fique como está ou se escolha outro.

  10. A FORÇA DO CARGO NA RETA FINAL, por Vera Magalhães, no jornal O Globo

    Depois de representar uma das maiores rupturas em pleitos municipais nos últimos anos, com o incêndio Pablo Marçal tendo virado assunto e modelo para candidatos em todo o país, a eleição vai chegando à reta final com a onda aparentemente contida e os incumbentes, prefeitos que disputam a reeleição, demonstrando a força do cargo e dos meios tradicionais da política.

    Quando se faz um sobrevoo nas capitais do país, mesmo mandatários que enfrentaram problemas graves e não se saíram tão bem, como Sebastião Melo (MDB), da devastada Porto Alegre, se mostram competitivos a menos de 20 dias do primeiro turno.

    O tira-teima da eleição de 2022, que, se imaginava, seria uma das tônicas da campanha, vai se mostrando um pouco mais complexo. Nem Lula nem Bolsonaro brilham como indutores de votos, com seus candidatos mais próximos tendo dificuldade de herdar a maioria do eleitorado que ambos reuniram há menos de dois anos.

    Não que as questões ideológicas estejam fora dos palanques, muito pelo contrário. Nas principais cidades, como a capital paulista, a divisão que tem pautado a política nacional está presente nos debates e nas sabatinas, muitas vezes deixando em segundo plano a discussão mais urgente dos temas que dizem respeito ao dia a dia dos cidadãos.

    Mas nuances inesperadas apareceram para mostrar que nem Lula nem Bolsonaro têm assegurada a primazia de ditar os rumos do eleitorado de esquerda e de direita e que circunstâncias específicas da disputa em cada cidade e as características pessoais de seus ungidos também pesam, afinal.

    O caso de Ricardo Nunes é um exemplo tanto da força do instituto da reeleição, conjugado a ferramentas da velha política como a grande coalizão capaz de levar ao domínio da propaganda de rádio e TV, quanto da relativização do peso de Bolsonaro. A hesitação do ex-presidente levou o apadrinhamento a mudar de mãos para Tarcísio de Freitas.

    Daí por que seja lamentável que, quando já se recupera da debandada de apoios e de votos a que foi submetido justamente pela hesitação de Bolsonaro, Nunes tenha resolvido se curvar no altar da radicalização e renegar a condução correta da pandemia que seu antecessor Bruno Covas fez, com uma declaração negacionista a um extremista bolsonarista investigado pelo STF. Faz isso no momento em que o favoritismo dos incumbentes cujas gestões têm avaliação regular ou positiva começa a ficar claro em todo o país. Um contrassenso.

    É um tipo de erro que o prefeito do Rio, Eduardo Paes, tem conseguido evitar de forma inteligente. O candidato do PSD apresenta rejeição surpreendentemente baixa depois de três mandatos e tantas eleições, inclusive algumas derrotas duras, como a que sofreu ao governo, em 2018, ou a da própria sucessão na Prefeitura, em 2016.

    Um desavisado que não saiba que Lula apoia Paes não ficará sabendo. O presidente aparece apenas em leves pinceladas na campanha de um prefeito que faz questão de se apresentar como “síndico”, como diria Tim Maia. Com isso, e a bordo de uma coligação ampla, Paes se mostra à vontade como receptor de boa parcela dos votos de Bolsonaro em 2022, sem precisar pagar o tipo de pedágio vexaminoso a que Nunes se dispôs, justamente por entender a vantagem enorme que representa ser candidato no cargo, tendo o que mostrar.

    O mesmo caminho de hackear a polarização a partir do foco na gestão é seguido pelo prefeito do Recife, João Campos (PSB), que emerge como principal nova liderança do país com potencial de representar, enfim, uma alternativa de centro para a política nacional num futuro não tão distante.

  11. O PT prova que é um hospício autoritário. Passamos quatro anos sob o governo de Bolsonaro onde se provou que o “horário de verão” não fazia falta. Pois, o PT, quer a sua marca de voltas e arruma pés técnicos para a volta desta anomalia entre nós outra vez e assim esconder a incapacidade de avançar e permanecer no atraso de sempre.

    A POLÍTICA DO HORÁRIO DE VERÃO, por Vinicius Torres Freire, no jornal Folha de S. Paulo

    Assessores políticos de Luiz Inácio Lula da Silva não estão animados com a ideia de decretar horário de verão para este ano. Para eles, o assunto subiu no telhado, tem inconveniências políticas e técnicas e não seria tão urgente, embora digam não ter ideia do que o presidente pretende decidir, até o fim do mês.

    O ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) recomendou oficialmente que se adiante o relógio em uma hora, ainda neste ano, em reunião da cúpula da gestão do setor elétrico, nesta quinta-feira (19). O ONS é uma espécie de diretor nacional de tráfego da eletricidade: diz de onde sai a energia e para onde vai.

    Na estimativa dos técnicos, a economia seria de R$ 400 milhões durante um horário de verão inteiro (outubro a fevereiro). Mas a poupança maior se dá em outubro (2,9% do consumo bruto total), caindo em novembro (2,5%), dezembro (1,4%) etc.

    É quase impossível que a medida vigore em outubro. Haveria problema no planejamento das eleições e com as urnas eletrônicas. Bancos e empresas aéreas, por exemplo, precisariam fazer ajustes técnicos.

    Isto posto, o horário de verão poderia começar no domingo 3 de novembro. Nos últimos 20 anos, o período começava entre 14 e 21 de outubro, afora em 2004, 2006 e 2018, quando começou em novembro. Quase em geral, terminava na terceira semana de fevereiro.

    O objetivo do horário de verão é aumentar a folga do sistema. Isto é, aumentar a diferença entre oferta possível de eletricidade e o consumo no horário de pico do início da noite. Em decorrência, baixa-se um pouco o custo da eletricidade.

    Atualmente, é preciso recorrer à energia bem mais cara e poluente das usinas termelétricas a fim de fornecer eletricidade com folga, com segurança bastante para não haver apagão acidental.

    A folga possível tem diminuído por causa de mudanças no consumo, que cresceu, pela dependência cada vez maior de energia solar ou eólica e por restrições do uso de hidrelétricas.

    Essa folga pode vir a ser mínima em anos secos, mais frequentes desde 2010. Já assistimos ao desastre climático ao vivo.

    O país passa por uma seca, mas neste 2024 os lagos das usinas estão em níveis razoáveis. No início de setembro, a quantidade de água para se produzir energia nas hidrelétricas do Sudeste/Centro-Oeste era a maior desde 2011, com exceção de 2023, o melhor deste século. Na reunião desta quinta, se disse que há perspectiva de chuva em breve para a amazônia, onde os rios e hidrelétricas estão desidratados.

    Se houver seca de novo em 2025, porém, pode haver estresse, como em 2021, quando estivemos à beira do racionamento. É imprudência já não prever horário de verão para 2025. Melhor mesmo teria sido planejá-lo para este 2024, assunto que zanzava na cúpula do setor elétrico e no governo faz mais de dois meses.

    Horário de verão causa transtornos físicos ou psicológicos para várias pessoas; outras ficam mais inseguras de sair para o trabalho ainda no escuro. Bares e restaurantes gostam da medida, pois tendem a faturar mais. É o sabido.

    No entanto, pelo menos enquanto não se revisar o planejamento e o funcionamento do setor elétrico, inclusive com a adoção de baterias, vamos precisar de horários de verão. A questão de fundo é que planos de aumento de oferta de energia estão atrasados, é necessário reformar o sistema e a crise climática chegou.

  12. COM BC AUTÔNOMO, CUSTO DO CONTROLE DA INFLAÇÃO É MENOR, editorial do jornal Folha de S. Paulo

    Com a decisão de elevar seus juros para 10,75% ao ano, o Banco Central deu prosseguimento à guinada da política monetária que teve início há quatro meses. Não se sabe ainda quais serão seus próximos passos nesse processo, sem dúvida doloroso para a economia, mas ao menos a instituição se fortaleceu no período.

    Temeu-se pelo pior em maio, quando houve um racha perigoso no Comitê de Política Monetária —os quatro diretores indicados pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se opuseram à decisão majoritária de reduzir o ritmo de cortes da taxa Selic devido ao risco de alta da inflação.

    Vislumbrou-se, ali, o temor de que um Copom de maioria indicada pela administração petista —como será o caso a partir de 2025— viesse a ser mais subserviente às conveniências políticas imediatistas e às convicções econômicas arcaicas de Lula.

    De lá para cá, todo o colegiado tratou de dar mostras de compromisso cristalino com a meta de 3% ao ano fixada para o IPCA. A decisão de quarta-feira (18) parece um cala-boca direcionado aos que apostaram num BC “político” e leniente com a inflação.

    O ciclo de queda da Selic foi sustado e, agora, começa um novo ciclo de alta, de duração e intensidade ainda difíceis de projetar a partir das indicações oficiais. O cenário atual, infelizmente, justifica a providência amarga.

    A atividade econômica está em crescimento acima do esperado com impulso da expansão desmesurada dos gastos do governo Lula, o que não é sustentável. Prova disso é que as projeções para a inflação até 2026 estão acima da meta.

    A única boa notícia para o BC foi a decisão de seu congênere americano, o Fed, de reduzir seus juros em 0,5 ponto percentual, para o intervalo entre 4,75% e 5%. Com isso, cai a atratividade das aplicações em dólar, cujas cotações perdem impulso de alta.

    O contraste entre as medidas tomadas no mesmo dia nos Estados Unidos e aqui, ambas com sólido amparo técnico, evidencia o enorme avanço institucional propiciado pela autonomia da autoridade monetária brasileira —cuja medida corajosa deixa para trás as pressões e diatribes do presidente da República.

    Lula insistiu tolamente em ataques bravateiros aos juros e à autonomia, como se fosse capaz de baixar as taxas à base de voluntarismo. Tudo o que conseguiu foi semear desconfiança, alimentar a escalada do dólar e dificultar o combate à inflação.

    Viu-se forçado a recuar, sob pena de criar uma crise econômica antes de chegar à metade de seu terceiro mandato. Com a transição de comando no BC bem encaminhada, prevaleceu o entendimento de que uma gestão imune a ingerências políticas é capaz de zelar pela estabilidade da moeda a um custo mais baixo.

    Resta ao governo entender que sua melhor contribuição para a queda dos juros é indicar, com atos concretos, seu compromisso com o ajuste do Orçamento.

  13. HAKEANDO MARÇAL, por Malu Gaspar, no jornal O Globo

    A principal razão por que Pablo Marçal (PRTB) capturou uma fatia do eleitorado paulistano e se converteu na grande novidade da campanha deste ano foi a transposição, para a política, do método Marçal, que ele mesmo explica ser ancorado na economia da atenção. Nesse método, tudo gira em torno da máxima segundo a qual não importa o que se diz, mas o impacto que se causa. Quanto mais impacto, mais voto.

    O que interessa é conseguir que todos falem de você, seja por bancar o palhaço em debates, por inventar propostas mirabolantes ou por abusar da agressividade e de mentiras. O próprio Marçal já disse que precisava se comportar como idiota porque é disso que o eleitor gosta. A pegada antissistema em que ele se enquadrou é um imperativo algorítmico, e não necessariamente consequência de convicções pessoais. De antissistema, afinal, o ex-coach não tem nada.

    Mas eis que, depois de semanas reinando sobre a desorientação dos adversários, foi Marçal quem se viu desorientado pela cadeirada recebida de José Luiz Datena (PSDB), no debate de domingo realizado pela TV Cultura.

    Agressões são sempre abomináveis, ainda mais quando ocorrem num ambiente onde se deveria dar exemplo à população. O episódio lamentável, porém, ensinou que o aparentemente imbatível método Marçal tem seus limites. Eles começam quando o personagem virtual é obrigado a lidar com uma realidade que escapa a seus cortes para o Instagram.

    Marçal já tinha se preparado para criar uma briga, tanto que na véspera avisara que o debate seria “a maior baixaria da História”. Não previa que Datena fosse hackear seu método usando um gesto de impacto para o qual o ex-coach claramente não tinha um roteiro pronto. Parecia até que o apresentador tinha assistido a um vídeo em que Marçal, ao contar como acabou com o chilique do filho se jogando no chão com ele, diz que “remédio para doido é um doido e meio”.

    Outra lição a tirar do episódio é que o eleitor pode até gostar do entretenimento e se sentir vingado com os “ataques ao sistema”, mas não é esse idiota caricato que Marçal imagina. O manual básico do influencer moderno ensina que seu “personagem” precisa ser autêntico para gerar identificação. Do contrário, cedo ou tarde, o público percebe e rejeita. Pelo jeito, Marçal se considerava imune a essa máxima.

    Os vídeos gravados nos bastidores do debate mostram que ele andava normalmente no estúdio depois da agressão, levantou os braços com vigor, desafiando Datena, e chegou a se posicionar diante do púlpito para voltar ao debate.

    De repente, porém, saiu do local numa ambulância, de onde postou imagens tomando oxigênio numa maca, como se estivesse numa grave emergência. Sua equipe divulgou que ele tinha fraturado uma costela, mas a foto do hospital mostrava uma pulseira de cor verde, usada para indicar casos pouco urgentes.

    O pastelão foi tão flagrante que, pela primeira vez na campanha, a internet se voltou contra Marçal. As análises de consultorias digitais mostraram que a maioria das citações a ele nas redes tinha conteúdo negativo ou de deboche.

    Grupos de pesquisa qualitativa das equipes adversárias mostravam que os eleitores dele estavam envergonhados com a gozação generalizada, especialmente os homens mais jovens, e muitos achavam que não deveria ter abandonado o debate. Como, afinal, o sujeito que ensina nos vídeos a lutar contra tubarão e onça acaba no hospital por uma cadeirada de um idoso?

    Marçal percebeu rapidamente que sua estratégia passara do ponto, tanto que no dia seguinte já saiu do hospital só de tipoia, anunciou que faria campanha de rua e disse que iria para cima dos outros candidatos no debate de terça-feira. Em poucas horas, saiu da pele de ex-coach de costela fraturada para a de lutador antissistema indignado (e muito bem de saúde).

    A pesquisa Quaest divulgada ontem já trouxe alguns reflexos do erro de Marçal, com a forte campanha virtual contra ele movida por Jair Bolsonaro e o pastor Silas Malafaia. Sua intenção de voto caiu pouco no geral (de 23% para 20%) e o manteve em empate técnico com Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL). Mas, nos estratos em que é mais forte — homens, jovens, evangélicos e eleitores de Bolsonaro —, o tombo foi de 5 a 8 pontos percentuais.

    Essa é uma tendência permanente? É cedo para dizer, mas ficou evidente que, ao se perder no personagem, Marçal deu aos adversários pistas sobre como enfrentá-lo. Datena descobriu que a melhor forma de desmascarar Marçal é hackear seu método. Mas, para isso, não é necessário e nem recomendado desmantelar nenhuma cadeira a mais. Só usar a inteligência mesmo já basta.

  14. HORROR NA VENEZUELA QUE LULA FINGE NÃO VER, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

    “O governo da Venezuela intensificou dramaticamente os esforços para esmagar toda oposição pacífica ao seu domínio, mergulhando a nação numa das mais agudas crises humanitárias na história recente”, adverte uma Missão Independente da ONU que examinou a situação dos direitos humanos no país entre setembro de 2023 e agosto de 2024. Não são “atos isolados ou aleatórios”, mas parte de “um plano continuado e coordenado para silenciar, desencorajar e esmagar a oposição”.

    No período que antecedeu à recente campanha eleitoral presidencial, entre dezembro e março, ao menos 48 pessoas foram detidas por “golpismo”, incluindo militares, ativistas de direitos humanos e jornalistas. Em julho, mês das eleições, foram 120. Na primeira semana após as eleições, foram 2.000, incluindo mais de 100 menores de idade, algumas com deficiências, acusadas de “terrorismo” e “incitação ao ódio”. Pelo menos 25 pessoas foram executadas, a maioria jovens pobres, incluindo duas crianças.

    “Todas as detenções ocorrem sem mandato, não se identifica a força que detém as pessoas, não se diz aonde são levadas”, e elas “tampouco podem designar advogados”, diz o relatório. Muitas foram submetidas a estupro e torturas com choques elétricos, espancamentos ou sufocamento com sacos plásticos.

    Os investigadores denunciam um “marco na deterioração do Estado de Direito”. As autoridades públicas “abandonaram toda a aparência de independência”. O Conselho Nacional Eleitoral violou a Constituição ao não publicar as atas das eleições, limitando-se a confirmar a “vitória” do ditador Nicolás Maduro. O Ministério Público expede ordens de prisão em massa com base tão somente em vídeos em redes sociais e acusações vagas de “terrorismo”. O Judiciário valida esses métodos e forja mecanismos de criminalização da oposição. O Legislativo está fabricando uma legislação “antifascista” que permitirá ao governo prender quem quiser.

    Embora o rolo compressor sobre os direitos humanos dos venezuelanos “tenha atingido níveis sem precedentes”, o dossiê deixa claro que essa é apenas uma “continuação de padrões anteriores” exaustivamente documentados.

    Nada disso, portanto, era novidade quando, em maio de 2023, o presidente Lula da Silva estendeu um tapete vermelho a Nicolás Maduro, denunciando que o regime chavista é “vítima de uma narrativa de antidemocracia e autoritarismo” e convidando seu companheiro a construir uma narrativa “infinitamente melhor”, que obrigaria “os nossos adversários” a “ter de pedir desculpas pelo estrago que fizeram”. A alusão era às sanções – aplicadas não só pelos EUA, mas por União Europeia, Canadá e até o México –, que, na lógica de Lula, são culpadas por todos os males da Venezuela. Mesmo quando Lula, em lapsos de improviso, confessa que o regime é “desagradável”, nunca se esquece de falar grosso contra “os nossos adversários”.

    Deve ter sido um alívio para seu chanceler de facto, Celso Amorim, quando Edmundo González, que todas as evidências apontam ter sido eleito presidente da Venezuela com mais de dois terços dos votos, recebeu asilo da Espanha. À época em que foi expedida sua ordem de prisão por “crimes de guerra”, Amorim chegou a dizer que “não aceitamos presos políticos”. Agora ele pode voltar a encenar a farsa e ignorar os milhares de presos nos calabouços chavistas. Com esse cinismo repugnante, o Brasil se negou na semana passada, junto com China, Rússia e companhia bela, a assinar uma resolução da ONU pedindo a “restauração das normas democráticas na Venezuela”.

    Lula usou e abusou da justa fama de Jair Bolsonaro de “pária” internacional, especialmente em relação ao meio ambiente. Mas nunca se viu nada parecido com sua complacência com as ditaduras esquerdistas. O próximo capítulo dessa espiral de degradação da diplomacia brasileira acontecerá logo mais em Nova York, às margens da Assembleia Geral da ONU, quando Lula pretende ser o mestre de cerimônias de uma cúpula intitulada Em defesa da democracia: lutando contra o extremismo. O mundo testemunhará o chefe de Estado brasileiro lutando contra as evidências produzidas pela própria ONU para fingir que “extremismo” só existe na direita, ao mesmo tempo que condescende com as tiranias mais sangrentas da América Latina.

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