Como o mundo dos valores mudaram. E os políticos sabem disso, direitinho. Quer uma prova?
Desde sexta-feira passada começou uma mentira que os próprios políticos criaram para nos iludir: a propaganda eleitoral gratuita no velho rádio e na decadente televisão. Não é gratuita como o próprio TSE mostra na chamada gráfica que publico na abertura deste artigo. Ela é todinha paga. Os veículos recebem uma compensação nos impostos que devem pagar ao governo por suas concessões – que é pública. Ou seja, mais uma vez, quem paga o espaço ocupado pelos candidatos no rádio e na televisão somos todos nós. Com os nossos pesados impostos. Nem mais. Nem menos.
Esclarecido, vamos adiante, porque tudo deste circo sai dos nossos bolsos.
E mesmo a que se admite ser paga pelos partidos – e para uma boa parte dos políticos e esclareço adiante -, a que você vê por aí em santinhos, banners, perfurardes ou em tudo que é permitido pela legislação, como o impulsionamento nas redes sociais, a maior parte vem do indecente e multibilionário Fundo Eleitoral (R$4,962 bilhões, em 2020 eram de R$2 bilhões) e Fundo Partidário com mais outra montanha de dinheiro público (impostos).
Apesar desses bilhões e bilhões de Reais somados, há candidatos que não recebem nenhum tostão na campanha eleitoral, é bom que se registre isso. Não porque eles não querem ou não precisem dessa grana dos nossos pesados impostos. É porque são discriminados dentro dos seus próprios partidos. Se não possuem padrinhos em Florianópolis e Brasília e vão morrer pagãos.
Até nisso, há politicagem e precisa estar na patota. Porque se não é do esquema nos partidos – que escolhe os premiados e já possuem os seus preferidos, mesmo sendo eles mancos ou mulas sem cabeça – não terá grana bilionária dos nossos pesados impostos. Terá que bancar do próprio bolso, se virar com vaquinhas ou então, algo fora da regra do jogo, onde a bandidagem do crime organizado está tomando cada vez mais espaço, por exemplo.
COMO PECADORES, OS CANDIDATOS ESTÃO SE JUSTIFICANDO PERANTE O REBANHO
Mas, não é disso que vou escrever hoje, a distribuição, ou da não distribuição igualitária da nossa grana entre os políticos. Isto é um problema urgente da sociedade para se rediscutir esta maracutaia toda, mas também, dos candidatos patinhos feios, pois quase todos ficam quietos e se fazem isso, é porque aceitam o jogo e suas regras descompensadas.
Qual é o babado?
Escutando, ou vendo os programas eleitorais deste ano em Gaspar – e que parte deles são replicados nas redes sociais, pois aqui não temos televisão e a mídia social e os aplicativos de mensagens são, realmente, os veículos da moda – percebi que quase todos os candidatos estão se apresentando como honestos, gente de fé que honra a Deus e que respeitam a família tradicional.
Sobre o que vão fazer de diferente, que conhecem o caótico orçamento e que elegeram determinadas prioridades se eleitos, nada, quase nadinha de nada.
Perguntar não ofende: a votação deste ano é para ser padre, pastor, cursilhista, catequista, santo, concurso de fidelidade conjugal ou coisa parecida? Ou é para ser prefeito, vice e vereador, o que deve representar e fazer pelo povo de todos os pecados e principalmente, fiscalizar o que está errado numa administração municipal?
Com esta propaganda que está escondendo mais um desastre que está por vir, no fundo também está justificado a razão pela qual seus “Planos de Governo” que os candidatos mandaram publicar na Justiça Eleitoral são tão parecidos entre eles e descomprometidos com a cidade, cidadãos, cidadãs e principalmente com transformações e o futuro.
Quatro desses “Planos de Governo” eu já abordei aqui e todos – sem exceção – quando leram e souberam da repercussão, ficaram muito putos comigo, segundo os recados que mandaram chegar até aos meus ouvidos, ao invés de reler o copia e cola mequetrefe que fizeram daquilo que já não deveria mais aparecer em planos de alguns dos candidatos, pois tendo a oportunidade de virar a página em favor da cidade e das pessoas, por décadas, vêm enrolando com as mesmas coisas. E elas aparecem, mais uma vez, sem qualquer disfarce, como promessas neste ano eleitoral.
AO DISCURSO VAZIO DIZ MUITO MAIS SOBRE O CANDIDATO E O QUE NOS ESPERA
Um político se apresentar como honesto diz duas coisas à cidade, aos eleitores e eleitoras: a primeira é de que o político e a política estão manchados entre, contra nós e o nosso futuro; a segunda, que há dúvidas sobre o candidato que ele quer se desfazer com saliva.
Afinal, isto não deveria ser uma virtude, mas parte do caráter, não apenas do candidato, mas inerente a qualquer pessoa de bem. Ainda mais, quando se apresenta para representar uma comunidade. O candidato está expiando um pecado que os eleitores e eleitoras o associam de alguma forma. É a pior forma de se apresentar. Isto também mostra que há um problema latente entre nós e não solucionado: a desonestidade. Sobre a capacidade administrativa, transformadora ou fiscalizadora, praticamente zero nos discursos de todos.
Aliás, estas fotos de braços cruzados dos candidatos dizem muita coisa que insistimos não enxergar por quem exatamente promete arregaçar a mangas e trabalhar por nós como políticos e nossos representantes nos nossos destinos.
Ser religioso é algo muito particular e diz respeito a fé de cada um. Ela não acrescenta nada na capacidade naquilo que se quer como solução num mundo muito profano. Aliás, diz-se que, a política é coisa do diabo e não de Deus.
E sobre ser família. É muito relativo. Como pode um político dizer ser família se não consegue enxergar e gerenciar priorizar no seu “Plano de Governo” os conflitos da própria sociedade onde está inserido? O capeta está nos detalhes, pois como lembrava Jean Jacques Roussous, “quem quer agradar a todos, não agrada ninguém”. Desconfie dos santos que se mudaram para o altar na última hora como uma artimanha para ludibriar os pecadores, pois assim somos. E se assim não fôssemos, qual a razão de a todo momento pedir perdão a Deus que acreditamos para aliviar o nosso senso de culpa? Muda, Gaspar!
TRAPICHE
Gaspar registrou mais uma morte por Covid-19. Na imprensa, outra vez, nada, nadinha de nada. É assim que vive a Gaspar oficial: alheia aos seus problemas e acontecimentos reais. A campanha eleitoral em curso retrata muito esta ilusão. E na política e principalmente entre os bolsonaristas – e – até os governistas de plantão atrás de votos fáceis do que é moda -, há uma campanha de descrédito contra o Conselho Tutelar, o Ministério Público e a Justiça – os quais notificam os pais e cobram deles – como responsáveis dos vulneráveis -, à obrigação legal da vacinação das crianças em idade escolar.
Esta é a terceira morte registrada oficialmente este ano por Covid-19 de moradores de Gaspar contra duas acontecidas no ano passado. Agora, temos 225 de moradores de Gaspar mortos pela Covid-19, num dos maiores índices municipais proporcionais em Santa Catarina. Repito: terceira morte este ano. Repito, assustadoramente 225 mortes por Covid-19 em Gaspar.
O óbito foi de uma mulher de 75 anos no dia 23 de agosto e que deu entrada no hospital apenas um dia antes. As outras mortes, todas mulheres neste ano aconteceram em nove de março (81 anos) e no dia 18 de junho (88 anos). As mortes do ano passado, também mulheres, foram registradas no dia nove de janeiro (85 anos) e 29 de outubro (83 anos).
Quem transmite a doença, normalmente em casa, às pessoas idosas, enfraquecidas naturalmente na imunidade e associada às comorbidades próprias da idade avançada? As pessoas mais jovens e até crianças, incluindo as assintomáticas, e quase sempre, não estão vacinadas por desleixo ou convicção política-ideológica. Isto não é ilação. São estudos científicos que os negacionistas contestam nas suas bolhas de convívio pessoal e virtual sem qualquer base científica.
A Covid-19 foi estigmatizada entre nós como uma doença de cunho ideológico-político e liderada pelas ideias malucas do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, PL. O mesmo questionamento – prevenção, medicamentação e vacinação -, por exemplo, não se dá a Dengue. Há uma mobilização no ambiente da saúde pública muito grande e com ampla divulgação na mídia. O que é correto para se evitar mortes e altos custos – com o dinheiro de todos nós – na contenção da doença pela prevenção – sempre mais barata.
Até agora, diante do trabalho profilático, educação e conscientização que vem fazendo as autoridades nacionais, estaduais e municipais, bem como a própria mídia – incluindo à espontânea nas redes sociais – apenas uma moradora do bairro Bela Vista, em Gaspar, foi a óbito por conta da Dengue. Já a Covid-19, repito, pela terceira vez este ano, até agora, assustadoramente, 225. E em algo que se diz ultrapassado como epidemia.
Em Ilhota, por exemplo, apenas 42 pessoas moradoras de lá morreram até hoje por Covid-19. A população de Ilhota é bem menor se comparada a Gaspar. Noves fora, feitas a contas, mesmo assim, a proporção de óbitos por Covid-19 lá é bem menor com os daqui. O penúltimo óbito em Ilhota, foi de uma mulher e ocorreu no dia três de julho de 2022, repito, 2022, e a último, no dia 22 de novembro do ano passado, ou seja, há dez meses.
A vítima. Tem candidato à reeleição a vereador em Gaspar que na propaganda nas mídias sociais está posando de vítima e de perseguido. Mas, não diz a razão disso: que não deu eu nada o que denunciou, muito menos, onde ficaram travadas denúncias que fez. Das três uma: ou o que ele denunciou eram fantasias; ou estavam incompletas e não ajudaram os órgãos de investigação; ou está encobrindo os responsáveis que estão passando o pano nas coisas erradas, e que podem estar politicamente bem debaixo do nariz dele. E o candidato sabe disso.
Sobre a “censura” ao X, ex-Twitter. Primeiro, Elon Musk, o empresário, descumpre uma lei a que todos que querem empresariar no Brasil estão sujeitos: ter um representante legal. É lei. É muito antiga. Não é invenção de Alexandre de Moraes e nem do STF. Então não se trata de censura à liberdade de expressão, mas, sim, cumprir legislação aprovada pelo Congresso Nacional para quem vende, relaciona-se e lucra com clientes ou negócios no Brasil. Sejam eles de comunicação ou não.
Segundo. Escrito isso, impedir e punir com multa de R$50 mil o acesso dos brasileiros ao conteúdo do X via VPN – que pessoas e corporações, principalmente, usam para a proteção de seus dados -, é censura não à liberdade de expressão, mas contra as nossas escolhas num país democrata e livre. É grave. É gravíssimo. É o mesmo que impedir de sair de casa para ir a uma banca ver capas de revistas.
Terceiro. Pior mesmo, no âmbito empresarial, foi a decisão monocrática para constranger e punir uma outra empresa – a Starlink -, com o único intuito de atingir o objetivo judicial contra o X. Isto sim, fere as leis da liberdade de empreender vigentes no Brasil e mostra o quanto de insegurança jurídica estamos submetidos no judiciário. O ato em si é um inibidor de investimento. É o mesmo do punir, preventivamente, um parente seu até encontrar o verdadeiro culpado da família que tenha praticado o suposto crime. Incrível!
Então. Não devemos juntar tudo numa mesma balaia e achar que se trata de ferir a liberdade de expressão própria de uma democracia. A decisão do ministro Alexandre de Moraes e do STF, neste caso, fere muito mais a liberdade de empreender e as nossas escolhas individuais. Se acerta ao fechar o X no Brasil por descumprir a lei empresarial existente no país, erra, de forma autoritária e unilateral ao punir quem não tem nada a ver com a briga de cachorros grandes. Trágico é ver que o próprio judiciário (TSE) continuava publicando informações no X. Só pode ser por uso de VPN.
O secretário de Educação de Gaspar, jornalista Emerson Antunes, PSD, não é mais o maior contribuinte (R$12 mil) da campanha de Marcelo de Souza Brick, PP, segundo o site do Superior Tribunal de Justiça, mas o diretório nacional do PP, que aportou esta semana R$55 mil dos bilionários fundos partidários e eleitorais.
Marcelo de Souza Brick é o candidato de Gaspar, que mais recebeu dinheiro público para a campanha, segundo de Ednei de Souza, Novo, com R$20.653,15 e de Pedro Celso Zuchi, PT, com R$2 mil. Dos três, Marcelo é o único que não registrou nenhuma despesa. Já Oberdan Barni, Republicanos, ainda hoje era o único que não tinha prestações de contas no site, apesar do seu vice, o contador Aurino Amaral, ter informado ao blog na sexta-feira de que isto já tinha ido para a Justiça Eleitoral para a devida publicação.
Para que se fazem pesquisas ouvindo as pessoas? Para se ter ideia e atualização do comportamento, percepção e pensamento da sociedade. E talvez, com as indicações, dar soluções e respostas a esta mesma sociedade. O PT no Brasil está realmente metido num poço seco e profundo.
Veja este parágrafo do editorial do jornal O Estado de S. Paulo, “É isto a esquerda brasileira?” que extraí do que republiquei no domingo aqui na área de comentários. Tem muito a ver com a candidatura de Pedro Celso Zuchi, PT, três vezes prefeito. Segundo as pesquisas publicadas, ela patina, mesmo que ele esconda o PT e o padrinho Luiz Inácio Lula da Silva.
“O negacionismo é tal que o PT ignora suas próprias pesquisas. Eleitores de classes médias e baixas ouvidos pela sua fundação, a Perseu Abramo, declararam que os principais conflitos na sociedade não são entre ricos e pobres, capital e trabalho (para não falar em homens e mulheres, héteros e LGBTs), mas entre o Estado e seus cidadãos, entre a sociedade e seus governantes”.
“A maioria é favorável a um Estado mais enxuto e amigável à iniciativa privada, valoriza a meritocracia e entende que as crises éticas da sociedade resultam menos de vícios “estruturais” do que de desvios individuais, a serem sanados, antes de tudo, pela família”. Entenderam o atraso de Lula, do PT e da esquerda no Brasil? Não é a toa, que Pedro Celso Zuchi, PT, patina por aqui, mesmo ele já tendo retirada a estrela e escondido o seu padrinho. É reflexo do atraso inspirador do governo Lula.
O ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, PL, já gravou para o primeiro dia de propaganda eleitoral na tevê e rádio, um vídeo de apoio ao delegado Egídio Maciel Ferrari, candidato do partido dele em Blumenau. Já em Gaspar…
Depois de quatro anos de mandato, vereador conseguiu ver que a Feira Livre do Bela Vista estava suja e com exíguo estacionamento. Em campanha, colocou a mão na massa para mitigar os problemas e cascatear atrás de votos na comunidade.
Quem é culpado: o eleitor e eleitora ou o candidato? Quer um exemplo entre muitos repetidos deste tipo nas múltiplas reuniões comunitárias e familiares que estão acontecendo em Gaspar? Um candidato, repetido em reeleição a vereador em Gaspar, reúne mulheres no Alto Gasparinho. Qual o discurso dele? Finalmente, drenar e pavimentar a estrada da Santinha nos próximos quatro anos, se ele for reeleito.
Primeiro, esta promessa é velha e tem prá lá de dez anos e foi e está sendo feito por vários candidatos. Segundo: esta promessa só pode ser feita por candidato a prefeito, que é quem, verdadeiramente, executa a obra.
Onde está reiterado o problema que nos remete a memória curta dos eleitores e eleitoras. Ninguém disse na cara do candidato que o que ele promete agora, como sendo um da base do governo atual, que já podia ter feito esta obra, pois até autorização de financiamento foi aprovado na Câmara para tal.
Que isto mesmo sendo antiga aspiração, o candidato tendo oportunidade de influir no governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB e Marcelo de Souza Brick, PP, não ajudou na realização da necessidade prioritária daquela comunidade. Ao final, todos saíram de lá, acreditando que, finalmente, o candidato mudou e mais uma vez virou o salvador da pátria da Santinha. Muda, Gaspar!
Para encerrar em que parte dos gasparenses trabalhadores em Blumenau fazem feriado prolongado por aqui. Depois de duas pesquisas de intenções de votos publicadas em Gaspar, em dois veículos diferentes da cidade, uma um dia antes do início oficial da campanha e outra na semana passada, com números muitos semelhantes, perguntei aos dois candidatos que seguram a rabeira delas, Ednei de Souza, Novo, e Oberdan Barni, Republicanos, se eles iriam desistir. Ambos negaram.
Mais, eles dizem não acreditar nos números publicados e não provam os defeitos delas. Acham que elas são parte da propaganda eleitoral de um dos candidatos. É do choro e da dúvida. O choro é livre, mas a dúvida não. A dúvida se desfaz fazendo e publicando a pesquisa que, supostamente, dizem ser mais confiável. Não publicam. Se não publicam a mais “confiável”, na avaliação deles, continuarão chorando até seis de outubro. Simples assim!
14 comentários em “COMEÇOU A PROPAGANDA POLÍTICA GRATUÍTA OBRIGATÓRIA TODA ELA PAGA POR NÓS, COM OS NOSSOS PESADOS IMPOSTOS CRIADOS OU APRROVADOS PELOS POLÍTICOS QUE ELEGEMOS. E NELA, OS CANDIDATOS ESTÃO SE JUSTIFICANDO. JURAM QUE SÃO HONESTOS, RELIGIOSOS E GENTE DE FAMÍLIA”
A IMPRENSA DE GASPAR COMO ELA É: MUDA, CEGA E SURDA. E DEPOIS RECLAMA QUE NÃO TEM AUDIÊNCIA. ATÉ ESTA POSTAGEM AQUI, NESTA ÁREA DE COMENTÁRIOS, NADA NADINHA DE NADA
A POLÍCIA ESTÁ NA CASA DOS PODEROSOS DE PLANTÃO. E QUEM QUER SABER DE ALGUMA COISA, PRECISA ACESSAR OS VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO DE OUTRAS CIDADES E ATÉ ESSTADOS. OU ENTÃO RECEBER AS MENSAGENS EM APLICATIVOS DE MENSAGENS OU ACESSSAR REDES SOCIAIS QUE SOMOAM NESTE MOMENTO GRANDE AUDIÊNCIA
Este texto é da franquia brusquense do jornal “O Município”, de Blumenau. Esta denúncia foi feita pelo vereador Alexandre Burnier, PL. Finalmente, a pólícia e os órgãos de investigações se coçaram num mar de dúvidas que se tem em Gaspar. E de há muitos anos.
POLÍCIA CIVIL, por meio da 4DECOR – 4ª Delegacia Especializada em Combate à Corrupção – deflagrou a Operação Limpeza Urbana, objetivando investigar esquema de superfaturamento no serviço de limpeza urbana, anteriormente subordinado à Secretaria de Obras do Município de Gaspar, que teria ocorrido entre 2017 e 2023.
A Polícia Civil recebeu documentos e informações a respeito dos serviços relacionados à limpeza urbana, tais como varrição (manual e mecanizada), carpina, roçada, entre outros, todos realizados nas vias públicas de Gaspar/SC.
Verificou-se diversos casos de medições superfaturadas, especialmente nas áreas verdes do pertencentes ao Município, em que as medições superavam até mesmo a extensão do terreno, contando com aval de servidores públicos responsáveis pela fiscalização do contrato.
A Polícia Civil verificou ainda que o serviço, que antes era prestado para a Secretaria de Obras (vinculada à Prefeitura), passou a ser prestado para o SAMAE de Gaspar, sendo que a pessoa que ocupava o cargo de Secretário de Obras, hoje é a mesma que está na presidência do SAMAE.
No decorrer da Operação, a Polícia Civil cumpriu buscas nas casas dos fiscais dos contratos e também nas residências dos ex-secretários de obras que fizeram a gestão dos serviços em que foram identificados pagamentos superfaturados.
Participaram da investigação a Coordenadoria Estadual de Combate à Corrupção – CECOR, bem com a 1ª, 2ª e 3ª DECOR, a DECOR/DEIC, bem como policiais da, 1ª DP de Blumenau, DIC Blumenau, além da Delegacia de Timbó, todas coordenadas pela 4ª DECOR.
Vou aguardar. O estrago está feito. O rato tanto foi ao moinho que estava na cara que um dia perderia o focinho, como nos ensina um dito popular.
MUSK É UM GOLPISTA, MAS…
O bilionário Elon Musk definiu-se em 2020, depois que foi acusado de ter colaborado com um golpe na Bolívia e respondeu, por escrito:
— Nós daremos golpes contra quem quisermos. Lidem com isso!
O dono do X desobedece à ordem da Justiça brasileira, debocha do Supremo Tribunal Federal e insulta o ministro Alexandre de Moraes. Faz tudo cobrindo-se na pele de cordeiro de defensor da liberdade de expressão. Não é. É um golpista ao estilo dos americanos que derrubavam governos na América Central no início do século XX.
A liberdade de expressão defendida por Musk é a manutenção da rede de mentiras e difamações. O juiz americano Oliver Wendell Holmes já ensinou que ela não protege quem, falsamente, grita “fogo” num teatro cheio.
Desde que o X foi tirado do ar, o ministro Alexandre de Moraes tomou uma série de outras medidas. Pode-se discordar de todas e de cada uma, mas elas poderão ser revogadas pelo Judiciário que Musk desrespeita.
Multar em R$ 50 mil um brasileiro que recorre à gambiarra da VPN é um exagero. Bloquear as contas do Starlink, um bendito provedor de internet em regiões remotas, porque pertence ao grupo empresarial de Musk, contaminou o debate. Ex-procurador e ex-secretário de Segurança de São Paulo, Moraes nunca foi juiz, nem precisava ser, mas sua formação valoriza reações impetuosas.
Quem conhece o Supremo acha que, se ele precisasse tomar todas essas providências, poderia fazer aos poucos.
A cereja desse bolo queimado foi colocada quando anunciou-se que sua decisão seria submetida ao tribunal.
Imagine-se uma conversa entre um juiz americano e um brasileiro:
— A decisão foi homologada pelo Supremo Tribunal?
— Foi, por unanimidade.
— Votaram os 11 ministros?
— Não. Só quatro.
— Mas eles não são 11?
— A votação deu-se na Primeira Turma do Tribunal.
— As turmas foram criadas pela Constituição?
— Não.
— E quem decidiu mandar o caso para a Primeira Turma?
— O ministro Alexandre de Moraes.
— Quem a preside?
— O ministro Alexandre de Moraes.
Se for bem-educado, o juiz americano muda de assunto, como fazem seus colegas quando os brasileiros explicam que um precatório é uma dívida do governo, reconhecida pelo Judiciário, que não é paga.
Se o litígio fosse levado ao plenário, o mundo não acabaria. Na pior das hipóteses, votariam contra Moraes os ministros Nunes Marques e André Mendonça, nomeados por Bolsonaro. Mesmo que não se queira conhecer a opinião de Nunes Marques, ouvir André Mendonça não é perda de tempo.
A posição de Musk é indefensável por si mesma. A partir do momento em que o ministro Alexandre de Moraes resolveu comandar sua carga da cavalaria ligeira, ele foi ganhando simpatias.
Primeiro, a do sujeito que por algum motivo precisava recorrer à VPN. Depois a do cidadão que só liga seu trator conectando-se pela Starlink. Finalmente, o litígio atingiu o incauto que esperava uma decisão do Supremo e foi obrigado a conformar-se com a da Primeira Turma.
O Judiciário brasileiro já não vive um de seus melhores momentos. Não precisa piorar.
Até na boa notícia, o governo Lula, do PT e da esquerda do atraso traz desconfianças, perigos embutidos e ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sem esconder nada, festeja porque supostamente poderá gastar mais – ao invés de equilibrar as contas e fazer os ajustes fiscais para não gerar inflação alta – e supõe ter mais espaços para criar e aumentar impostos, retirando giro de riquezas da economia. Impressionante a gula e a falta do senso de equilíbrio dessa gente. É isso que domina o noticiário especializado em análise econômica na mídia e o que suporta os investidores.
ALTA DO PIB TRAZ APENAS SATISFAÇÃO FUGAZ, editorial do jornal O Globo
O resultado do PIB do segundo trimestre ficou acima da expectativa dos economistas. Nos 12 meses encerrados no segundo trimestre, a economia cresceu 2,5%. Embora melhor que o esperado, o desempenho não merece muitos festejos. Apesar da melhora na estimativa para 2024, a previsão de crescimento segue uma cadência medíocre. Continuará abaixo das médias do mundo e dos países emergentes.
Tal situação deveria fazer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reavaliar seu modelo de desenvolvimento preferido, baseado em consumo incentivado por crédito e programas sociais, além de intervenção estatal e endividamento. Por essa rota, o país continuará a crescer em ritmo lento, com taxa de investimento insuficiente para impulsionar qualquer expansão de fôlego. Quebrar esse padrão exige uma agenda voltada para estimular a competição e a produtividade na economia brasileira.
É difícil exagerar a falta de dinamismo do Brasil. Mesmo entre 2006 e 2015, quando a economia cresceu 2,8% ao ano, o desempenho ficou abaixo da América Latina, dos países emergentes e do mundo. De lá para cá, o Brasil cresceu menos que os Estados Unidos em seis dos oito anos e ficou atrás até da Zona do Euro. Em vez de diminuir, a distância que nos separa dos países ricos aumentou. Entre 2010 e 2023, a renda per capita cresceu mero 0,2% ao ano. A maior parte da responsabilidade pelo desempenho sofrível é do PT, que ocupou a Presidência em 15 dos últimos 24 anos.
A reforma tributária proposta pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, à espera de aprovação no Congresso, tem potencial de elevar o patamar de crescimento. Mas o país precisa de mais mudanças. Pela experiência acumulada, é possível identificar os limites do modelo preferido por Lula.
O novo arcabouço fiscal criou uma armadilha ao autorizar mais gastos a qualquer aumento de receita. Mesmo com crescimento, fica mais difícil equilibrar as contas públicas. O planejamento orçamentário para 2025 revela essa armadilha na prática. O governo terá apenas R$ 11,7 bilhões para investimento e custeio da máquina. Mas não pode reclamar. Foi sua a opção de oferecer reajustes salariais a servidores federais, aumentar o salário mínimo acima da inflação e adotar outras medidas que ampliaram os gastos, em vez de estimular a eficiência do setor público.
Embora necessários, não serão programas sociais, como Bolsa Família ou o Benefício de Prestação Continuada, que servirão de alavanca ao crescimento sustentado do PIB, do emprego e da renda. Em uma palavra, o Brasil precisa de mais competição. Na esfera empresarial, companhias ineficientes não podem continuar atuando apenas porque contam com regalias. Elas prejudicam a todos, por absorver mão de obra e capital sem ser produtivas. A concorrência estrangeira também precisa ser estimulada. Barreiras comerciais impostas há décadas já se mostraram contraproducentes. O fato de países ricos terem adotado políticas mais protecionistas em nada muda essa realidade.
Desde 2010, a produtividade no Brasil cresceu apenas 0,3% ao ano. De tão baixa, a média só é melhor que o resultado da década perdida dos anos 1980. Novas estratégias são necessárias para virar o jogo. Que ninguém se iluda. Governos passados já comemoraram resultados de PIB acima das expectativas. Sustentada em bases frágeis, a satisfação costuma ser fugaz.
Para os eleitores e eleitoras de Gaspar lerem. O artigo, óbvio, lava a minha alma. Sempre bati nesta tecla. Os políticos e gestores de Gaspar, por longos anos, complicam o simples, e arrumam culpados para seus erros, fantasias e falta de resultados: seus críticos. E parece que nada vai mudar nestas eleições e nos próximos quatro anos. Os mesmos disputam o atraso e precisam de padrinhos bem distantes daqui, pois esqueceram de atender ou não possuem confiança para atender os gasparenses.
QUERIDOS ZELADORES, por Dora Kramer, no jornal Folha de S. Paulo
A eleição em São Paulo galvaniza atenções porque mobiliza emoções políticas. Fator importante, senão crucial, nas disputas nacionais. Ambiente que a Luiz Inácio da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) interessa atrair para o âmbito municipal.
Ou melhor, interessava ao menos no caso de Lula. Na semana passada, deu um passo atrás em entrevista a uma rádio da Paraíba: disse que pretende reduzir sua participação em campanhas devido à pesada agenda presidencial.
O recuo tático em relação à ideia de que a disputa de 2024 deveria ser vista como uma prévia de 2026 provavelmente se deu em função das pesquisas. Elas indicam baixa adesão do eleitorado aos ditames dos padrinhos de candidatos que também atraem rejeição.
Há muitas cidades em que prefeitos pleiteiam a reeleição e estão com altos índices de intenções de votos. Nelas, a preferência dos eleitores nada tem a ver com a guerra das torcidas de direita e esquerda referidas na luta ideológica, lacrações de internet e provocações de nível rasteiro.
Embora não sejam os únicos —o prefeito de Macapá, Antônio Furlan, do Cidadania, tem 91% das preferências—, há dois de maior destaque em capitais política, econômica e socialmente relevantes: João Campos (PSB), com 76% da intenções de voto, e Eduardo Paes (PSD), com 60% das preferências.
Qual o segredo do sucesso? Capacidade de agregar, habilidade de conquistar potenciais adversários, desapego a dogmas e, sobretudo, ligação direta com as demandas da população local.
Campos e Paes falam ao eleitorado respeitando a seguinte evidência: o presidente e seu antecessor não serão os responsáveis diretos pelo atendimento das necessidades e da administração do dia a dia das cidades. Com isso, ganham votos.
A ponto de ambos terem se dado ao luxo de ignorar os apelos do PT para ceder a vaga de vice em suas chapas e, ao mesmo tempo, contar com o apoio do partido.
Por uma simples razão: o cidadão que se considera bem atendido tem maior chance de ir às urnas com boa vontade em relação ao bom zelador.
Esclarecedor. Se um ministro faz isso, o que faz o judiciário como um todo? O que pode fazer um juiz na primeira instâncias e turmas nos Tribunais de Justiça, sempre longe do olho de observadores externos e sujeitos a interesses paroquiais e bem estranhos como mostram várias apurações do CNJ?
O SUPREMO MINA A SUA LEGITIMIDADE, por Joel Pinheiro da Fonsêca, no jornal Folha de S. Paulo
Aconteceu. Desde a meia-noite de domingo eu e milhões de brasileiros perdemos acesso à rede X. Não havia lugar melhor para sentir o pulso instantâneo do debate público e ver as reações imediatas de todos os lados. O povo pagou a conta de um cabo de guerra entre um bilionário megalomaníaco que se julga acima da lei brasileira e um ministro do Supremo que julga ser a própria lei.
Esse desfecho era juridicamente inevitável dado o passo imediatamente anterior: a desobediência reiterada de decisões judiciais, o não pagamento das multas e o fim de qualquer representação no país.
O que era evitável foram decisões ligadas a essa: o bloqueio das contas da Starlink, apenas por ter um sócio em comum —o que abala a segurança jurídica empresarial e põe em risco a conexão a centenas de milhares de brasileiros— e a multa a quem acessar o X usando VPN (serviço que mascara a localidade do usuário, permitindo furar bloqueios geográficos).
Mas a suspensão do X não visa justamente a empresa? Então por que motivos seus usuários devem ser multados? A ordem original de Moraes ia até mais longe: proibia lojas online da Apple e do Google de ofertar aplicativos de VPN, que têm uma série de usos em nada relacionados ao X. O fato de o próprio ministro ter, horas depois, recuado quanto a essa proibição de baixar aplicativos é evidência do quão equivocadas podem ser decisões tomadas no calor de um conflito.
Isso para não falar das ordens originais e sigilosas —já publicadas por Musk— que motivaram o conflito. Uma campanha quase obsessiva de Moraes contra o notório produtor de fake news —e hoje irrelevante— Oswaldo Eustáquio. E a decisão de tirar o perfil do senador Marcos do Val. Será que a democracia corria risco com posts desses dois em 2024? Derrubar suas contas valeu prejudicar milhões de cidadãos e empresas?
Quem diferencia críticas legítimas ao Supremo de ameaças a ele? Quem determina quais expressões ferem ou não a democracia? Quando tudo é investigado e julgado por um mesmo ministro, que ainda age sob sigilo, não há como coibir abuso algum.
Cada nova ordem de Alexandre de Moraes para derrubar perfis gera mais revolta contra o Supremo. Desde que a punição a usuários foi anunciada, diversos perfis de aspirantes a mártir começaram a postar nas redes usando o VPN, num desafio aberto. Além do ganho de notoriedade, uma possível punição os cacifará para voos políticos mais altos.
Hoje, os outrora banidos postam livremente no X, um bilionário ri de nossas leis e cria incidentes internacionais, e o povo paga a conta dos inquéritos excepcionais que não têm mais uma ameaça real a combater. Ou o Supremo se autocontém, colocando fim a esses inquéritos, restaurando a normalidade e a transparência, ou o Congresso limita o Supremo ou a população ficará cada vez mais polarizada e revoltada.
Atacar o sistema jurídico já virou um atalho para o sucesso político. E a política, nesta época de redes, é mais do que capaz de entregar candidatos que prometam a ruptura. Hoje, nos municípios; amanhã, em Brasília. Sob a justificativa de proteger a instituição, os ministros —unidos em seu corporativismo— minam sua legitimidade.
PT é sinônimo de mais impostos que empobrece e trava a economia para a farra dos gastos do governo e corrupção entre os políticos
O PT SÓ PENSA NAQUILO, editorial do jornal O Estado de S. Paulo
O poeta grego Arquíloco escreveu no século 7.º antes de Cristo que “a raposa sabe muitas coisas, mas o ouriço sabe uma única grande coisa”. Atualizando o aforismo, o governo de Lula da Silva é como o ouriço: só consegue enxergar as contas públicas pela lente da arrecadação, jamais pelo corte efetivo e estrutural de gastos. Assim, fiel à sua natureza de ouriço, o Executivo manterá a aposta nas receitas para salvar a meta fiscal de 2025. No mesmo dia em que enviou a proposta de Orçamento ao Congresso, o Executivo protocolou também um projeto de lei para elevar a tributação dos Juros sobre Capital Próprio (JCP) e as alíquotas da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) – em 1 ponto porcentual (p.p.) para todos os setores e em 2 p.p. para o setor financeiro.
O projeto, segundo o ministro Fernando Haddad, servirá como uma espécie de garantia a ser acionada caso as propostas aprovadas pelo Senado para compensar a desoneração da folha de pagamento de setores econômicos e dos municípios não sejam suficientes para cobrir a renúncia. Se forem, “tanto melhor para nós”, disse o ministro.
Não é a primeira vez que o governo tenta aumentar a arrecadação desses tributos para arcar com a desoneração. No caso da CSLL, ela foi prontamente rechaçada pelo Senado assim que apresentada pelo Ministério da Fazenda, enquanto a elevação da alíquota de Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) dos Juros sobre Capital Próprio das empresas, de 15% para 20%, foi retirada do parecer da desoneração quando ficou claro que ela seria rejeitada.
Como se ainda restasse alguma dúvida sobre a resistência do Congresso a essas medidas, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), fez questão de expor sua contrariedade à proposta em um evento de que participou no fim de semana. Segundo ele, aprová-la é quase impossível.
Mais uma vez, o pretexto do governo para justificar o envio da medida é a desoneração, embora o problema do desequilíbrio do Orçamento seja estrutural, ou seja, bem mais profundo e antigo. Tanto é verdade que especialistas em contas públicas voltaram a manifestar preocupação sobre o risco da estratégia do governo de contar com receitas incertas para cumprir a meta fiscal. A diretora da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado, Vilma Pinto, disse que a proposta do Orçamento “não está muito realista”.
Com previsões mais otimistas que as do mercado para o crescimento do PIB e para a inflação, o governo consegue projetar receitas maiores e despesas menores no papel. Qualquer mudança nesse cenário gera a necessidade de bloqueios e contingenciamento de gastos para não ultrapassar o limite de despesas e cumprir a meta fiscal, o que impõe dificuldades na execução do Orçamento.
De fato, fica difícil acreditar em um projeto que estima arrecadar R$ 166,2 bilhões em receitas extras no ano que vem, das quais R$ 46,8 bilhões dependem da aprovação do Congresso para entrar em vigor, enquanto prevê um corte de despesas bem menor, da ordem de R$ 25,9 bilhões, boa parte por meio da revisão do cadastro de benefícios sociais e assistenciais.
Mantém-se uma confiança digna de fé nos efeitos da retomada do voto de qualidade no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). Para 2025, espera-se arrecadar R$ 28,5 bilhões, bem menos que os R$ 54 bilhões esperados para este ano, mas muito acima dos ínfimos R$ 87 milhões efetivamente gerados pela medida até julho.
São questões amplas, para as quais o governo não tem resposta e que vão muito além da desoneração da folha de pagamento, transformada em bode expiatório a obrigar o Executivo a aumentar a carga tributária para evitar o descumprimento da meta fiscal.
Seria o momento de o governo começar a pensar no acionamento dos gatilhos do arcabouço fiscal que ele mesmo elaborou e se propôs a seguir, especialmente o veto à criação de novas despesas obrigatórias. Mas parece ser melhor investir em um misto de teimosia, otimismo e enfrentamento para entregar o déficit zero em vez de reconhecer e lidar com a dura realidade. Quem não acredita não pode ser acusado de estar torcendo contra.
Uma digital inconfundível
GOVERNO PETISTA APRESENTA MAIS UM ORÇAMENTO FICCIONAL, editorial do jornal Folha de S. Paulo
Desde que promoveu, com apoio do Congresso, uma ampliação inaudita do gasto público antes mesmo da posse presidencial, o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) segue um mesmo padrão em suas promessas de ajuste orçamentário.
Apresentam-se metas aparentemente ambiciosas para o saldo das contas do Tesouro; os objetivos, porém, baseiam-se em estimativas demasiadamente otimistas para a arrecadação de impostos e o avanço das despesas; quando os resultados desmentem as projeções, mudam-se as metas ou anuncia-se algum remendo para evitar o pior.
Essa rotina —que evidentemente corrói cada vez mais a credibilidade da política fiscal— vem sendo seguida à risca no Orçamento deste ano e já dá as caras no projeto para o próximo, recém-enviado ao Congresso.
Recorde-se que, quando se aprovou a nova regra para o controle do gasto federal, fixou-se para 2025 a meta de superávit primário (cálculo que não inclui os encargos com juros) equivalente a 0,5% do PIB, ou cerca de R$ 60 bilhões. Logo ficou claro que o número não seria atingido sem controle de despesa.
Mudou-se, então, o objetivo, para um mero equilíbrio entre receitas e dispêndios. Agora, com o projeto de Orçamento elaborado pelo Executivo para o ano que vem, descobre-se que o prometido déficit zero depende de uma arrecadação extra de R$ 166 bilhões —o que corresponde a um ano inteiro de Bolsa Família.
Essa miragem, como se tornou hábito, é oficialmente esperada como efeito de medidas já tomadas e propostas de aumento de impostos apresentadas pela Fazenda ao Congresso, que somam R$ 46,5 bilhões.
Há méritos, sim, em boa parte das iniciativas do ministro Fernando Haddad para rever o excesso de privilégios tributários no país. Entretanto colocar todas as fichas na elevação de uma carga já excessiva é política e economicamente irrealista.
O governo petista insiste em buscar receita de 19% do PIB, patamar só atingido em 2007, no segundo mandato de Lula —quando se vivia o auge do boom de commodities que impulsionava a atividade econômica e a arrecadação. Mesmo que a cifra seja alcançada, no entanto, a despesa, se nada for feito, cedo ou tarde será ainda maior.
Mais provável é a repetição do que se observa neste ano. Tem havido expressiva expansão das receitas, mas não nas proporções previstas no Orçamento. A estimativa oficial já foi reduzida em R$ 23,7 bilhões, mas os R$ 2,168 trilhões agora esperados ainda estão R$ 30 bilhões acima dos cálculos mais consensuais entre analistas independentes.
A arrecadação não tem como vencer a corrida contra os gastos nas condições e necessidades atuais. A menos que se revejam as regras que impõem alta contínua de desembolsos de caráter obrigatório, os projetos de lei orçamentária continuarão sendo meros exercícios de autoengano.
Com relação ao recurso usado na campanha é declarado no TSE e assim reforçamos nosso compromisso com a transparência . Já outros…
Bom dia.
Sobre as eleições em Gaspar, parece que haverão dois debates entre os cinco candidatos: o primeiro em 21/09 e o segundo no final do mês.
Perguntado se seria aberto ao público ou transmitido ao vivo, a resposta foi seca: NÃO.
Se nós, os REPRESENTADOS, não teremos ACESSO ao que pensa cada candidato, nem as SOLUÇÕES apresentadas pra SANAR os problemas CRÔNICOS da cidade,
PRA QUÊ DEBATE????
Na terra onde coronéis ainda se abancam arrogantes e prepotentes, FALTA O POVO UNIDO EM PROL DE SI MESMO.
É de se perguntar o que mesmo quer se esconder, se não a perspectiva real de mudança ao que está aí
Boa noite senhores, o ÚNICO debate de Gaspar, será no dia 21/09. Com transmissão AO VIVO da Tv Gaspar e Cruzeiro do Vale no Facebook e YouTube. Sobre o questionamento do público até onde sei nenhum debate tem essa “regra” até porque é um debate entre os candidatos debatendo suas próprias propostas. Vamos conferir e torcer para não pegar no sono assistindo.
A cidade está dormindo faz décadas. Pegar no sono? Ou continuar em sono profundo?
A SURPRESA UCRANIANA, por Demétrio Magnoli, no jornal O Globo
Começou, à sombra da noite, nas primeiras horas de 6 de agosto. Ninguém sabia — nem as tropas mecanizadas envolvidas na operação, que receberam o aviso no último minuto, nem os Estados Unidos e os aliados europeus. As forças de elite da Ucrânia, cerca de 10 mil soldados, avançaram sobre a província russa de Kursk e, em duas semanas, ocuparam um saliente de mais de mil quilômetros quadrados e 92 povoados, inclusive a cidade de Sudja.
A ofensiva surpreendente foi descrita por analistas em termos que oscilam entre uma genial manobra tática e uma aventura desesperada. A operação tem uma série de objetivos que podem ser rotulados como propagandísticos, militares e diplomáticos.
Propaganda
Desde o fracasso da ofensiva ucraniana do verão de 2023, o conflito sedimentou-se como guerra de atrito ao longo de um extenso front no leste e no sul ucranianos. O atrito de artilharia pesada, com os incessantes bombardeios de mísseis e drones russos sobre cidades da Ucrânia, configurou uma narrativa de inevitabilidade de triunfo russo no horizonte de longo prazo. A ofensiva em Kursk desfigurou a narrativa predominante.
Pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial, forças militares estrangeiras invadiram território russo. O choque, expresso na evacuação de mais de 100 mil civis, desafia a retórica de Putin. O ditador proibiu o uso da palavra “guerra” na Rússia, substituída pelo eufemismo “operação militar especial”, e, temendo a quebra da coesão social no país, recusa-se até hoje a ordenar uma mobilização geral. A guerra, contudo, chegou a solo russo, expondo a fantasia do Kremlin.
Putin segue manufaturando eufemismos. A invasão ucraniana é descrita como “provocação” ou “atos de terrorismo”. Mas o rei, que ficou nu, foi obrigado a atribuir ao “Ocidente coletivo” a humilhação imposta pela Ucrânia.
Tática militar
São duas as metas militares da ofensiva em Kursk. De um lado, como mínimo, a Ucrânia almeja obrigar a Rússia a desviar suas forças que operam no Donbass para o novo front de Kursk. De outro, como máximo, imagina estabelecer uma zona-tampão dentro da Rússia, que protegeria a região ucraniana de Sumy.
A primeira meta ainda não foi alcançada. A Rússia enviou tropas secundárias para estabilizar o cenário no saliente invadido, sem comprometer suas melhores forças. O Kremlin faz de tudo para não desistir de seu esforço principal, o avanço acelerado na província de Donetsk antes da chegada do inverno.
A segunda meta depende da capacidade ucraniana de implantar linhas de defesa no saliente conquistado. Já existem sinais do estabelecimento de trincheiras e fortificações. A tentativa envolve riscos significativos, expondo as forças ucranianas à retaliação aérea russa. A distância entre manobra tática e aventura desesperada estreita-se com a passagem do tempo.
Desafio diplomático
O presidente ucraniano Zelensky aludiu à ideia de usar o saliente de Kursk como moeda de troca em hipotéticas negociações de paz. É pura especulação, destinada a ocultar uma operação diplomática sofisticada cujo alvo é o governo Biden.
Os Estados Unidos, principal fornecedor de equipamento bélico à Ucrânia, adotam uma política de “administração da guerra”, postergando a entrega de sistemas avançados de artilharia, mísseis antimísseis e aviões de combate. O blefe russo, expresso nas ameaças periódicas de escalada nuclear, definiu a hesitante postura estratégica do governo Biden.
Uma “linha vermelha” imposta por Washington é a proibição do uso de sistemas americanos contra alvos em território russo. O veto foi parcialmente flexibilizado diante da tática russa de usar o território do país como santuário para artilharia de longa distância e bombardeios de mísseis e drones. Hoje Washington permite atingir alvos na Rússia — mas apenas como “contrafogo”.
A invasão do saliente de Kursk, em que foram utilizadas armas americanas, ultrapassou a “linha vermelha” e criou um dilema para Biden. A Ucrânia está dizendo que a ofensiva é parte integral de uma guerra defensiva, algo óbvio para qualquer oficial militar. Como responderá o governo dos Estados Unidos?
CONGRESSO PRECISA DESFAZER MANOBRA PARA TIRAR AUXÍLIO-GÁS DO ORÇAMENTO, editorial do jornal O Globo
O Congresso terá de modificar o Projeto de Lei (PL) enviado pelo Executivo prevendo mudanças no repasse do auxílio-gás aos inscritos no Cadastro Único. A meta é ampliar o universo de famílias beneficiadas dos atuais 5,6 milhões para 20,8 milhões até dezembro de 2025. O governo não apresentou evidências da necessidade de expandir o programa nessa extensão, nem para o salto no gasto, que sairá de R$ 3,4 bilhões este ano para R$ 13,6 bilhões em 2026. Pior: pelo plano, o custo adicional não será registrado como despesa no Orçamento, para evitar que interfira nas metas fiscais.
Pela artimanha contábil elaborada no Executivo, o Tesouro abrirá mão de receitas oriundas da exploração do pré-sal, e o dinheiro será repassado diretamente à Caixa para operar o programa. A renúncia de arrecadação em momento de grave crise nas contas públicas é um subterfúgio para tentar escapar das limitações de gastos criadas pelo próprio governo. Se o Congresso não agir, a credibilidade do arcabouço fiscal sofrerá um golpe duro. Não será o primeiro.
Em janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou o programa Pé-de-Meia, auxílio mensal de R$ 200 para estudantes de baixa renda do ensino médio em escolas públicas mediante o cumprimento de critérios como frequência mínima ou participação em exames de avaliação. A intenção era gastar R$ 6 bilhões neste ano e R$ 20 bilhões até 2026. Tudo fora do limite de despesas do arcabouço fiscal. Em maio, o Congresso aprovou a antecipação de R$ 15,7 bilhões, sem saber se as receitas extraordinárias que permitiriam a despesa se confirmariam. O Planalto preferiu inserir o valor como “jabuti” no projeto que recriou o seguro obrigatório de veículos.
A crise fiscal diante do país é alarmante. Em julho, o resultado primário do setor público (déficit de R$ 21,3 bilhões) ficou muito aquém do esperado (R$ 6,7 bilhões). Nos 12 meses até julho, o déficit chega a 2,29% do PIB, ou R$ 257,7 bilhões. Se nada for feito, a dívida pública seguirá seu ritmo inexorável de alta, pondo em risco a inflação e o crescimento.
Iniciativas como o novo auxílio-gás ou o programa Pé-de Meia podem ser defensáveis, mas, quando houver aumento de despesa, o governo precisa dizer onde fará o corte correspondente para não agravar o desequilíbrio crônico nas contas públicas. Não é o que tem feito. Numa dança esquizofrênica, ora jura compromisso com o equilíbrio das contas públicas, ora tenta burlar as regras. Anúncios de cortes de gastos e operações de pente-fino são seguidos de lançamentos de programas sociais fora do Orçamento. Artimanhas não farão o desequilíbrio fiscal sumir. Apenas erodirão a credibilidade da política fiscal. O Congresso precisa dar sua contribuição, zelando para que o PL sobre o auxílio-gás não tenha impacto nas contas públicas.