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ACUSADO DE “CUSPIR NO PRATO” QUE COMEU, HOSTINS JÚNIOR DÁ UMA DURA RESPOSTA NA CÂMARA AO LÍDER DO GOVERNO QUE NO PASSADO FEZ ESCOLHAS DE OPORTUNIDADES PARA ESTAR NA ONDA DO PODER. ANHAIA, SAIU ANTES PARA NÃO “OUVIR” A LINHA DO SEU TEMPO.

Faz três semanas. Na imprensa local e regional, como é de praxe, nada. Normal. Nas redes sociais burburinhos contidos. Eles mostram os poderosos no poder de plantão se não nus, desprotegidos depois de tanta lambança.

Nos aplicativos de mensagens, comemorações e indignações neste fla-flu que se tornou o lamentável e incontrolável fim de governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, PP. 

Qual o babado resumidamente? Traído ou se dando conta – tardiamente, salienta-se para que nenhuma dúvida paire sobre isto – de que estava num ambiente político-administrativo altamente tóxico, o vereador Francisco Hostins Júnior – que já foi líder do MDB, líder do governo de Kleber na Câmara, que ajudou a enterrar CPIs contra o primeiro escalão de Kleber ( como livrar José Hilário Melato, PP, presidente do Samae) e Jean Alexandre dos Santos, então secretário de Obras e Serviços Urbanos no caso da drenagem da Rua Frei Solano, no Gasparinho, que até bem pouco tempo atrás secretário de Saúde do governo Kleber ( já tinha sido também secretário da Saúde no governo do petista de Pedro Celso Zuchi) – e rifado na cara dura por Kleber na pretensão que tinha de ser um dos pré-candidatos a prefeito da coligação que está no poder de plantão, indignado e para realçar esta insatisfação na comunidade, o vereador saiu do MDB. E foi parar o PL.

Mais do que isso. 

Pontualmente, Júnior Hostins que não é de briga, que diz usar a cruz franciscana como simbolismo do seu desapego material e de poder, está desnudando as fantasias marqueteiras, as fragilidades e as incoerências do governo de Kleber e Marcelo ao qual serviu como uma fidelidade de poucos.

UM PRATO INDIGESTO

Foi na sessão do dia 25 de junho quando veio a debate o pedido descabido e chantagista do secretário tampão da secretaria de Obras e Serviços Urbanos, Douglas Francisco Muller, MDB, para a Câmara punir por falta de decoro parlamentar o vereador Alexsandro Burnier, PL, por ele, simplesmente ter exercido uma prorrogativa essencial e natural de um vereador, a de fiscalizar o Executivo, Júnior Hostins, na tribuna da Câmara, indignou-se. 

Afirmou que votaria a favor do pedido do secretário, se a Câmara ao mesmo tempo, arrumasse cinco assinaturas e criasse uma CPI para esclarecer este assunto das compras de mais de R$2 milhões de floreiras e bocas de lobos inteligentes, entregues em desacordo com o pedido, com itens incompleto e pior, material estocado e se deteriorando por quase dois anos na secretaria de Obras e Serviços Urbanos.

Este pedido de retaliação e punição a Burnier não foi obra do secretário. Ele apenas foi o mensageiro de um grupo de valentes vingatores que vivem dando tapas e escondendo a mão. Gaspar inteira sabe. Entretanto, o consenso dos “çábios” que tocam este governo desastrado há oito anos, enquanto a imprensa de Gaspar fingia que nada acontecia, como antecipei lá no dia 23 de junho de que seria mais um tiro no próprio pé lá em O MDB, O GOVERVO KLEBER E MARCELO BLEFAM E SE TORNAM O MELHOR CABO ELEITORAL NA REELEIÇÃO DE BURNIER – O QUE NÃO OS INCOMODOU, VERDADEIRAMENTE, O PODER DE PLANTÃO ATÉ AQUI

Retomando.

Ebulição. Todos nervosos. Era mais fácil um cavalo voar do que se criar esta CPI. Por quê? A Bancada do Amém hoje com dez (era onze) dos 13 vereadores da Câmara tinha votos para brincar de punir Burnier, mas, vejam só, não teria dois votos para inteirar os cinco para criar esta CPI desafiada por um ex-membro da Bancada do Amém. Restou o reativo líder do governo, que se diz amigo pessoal de Júnior Hostins, Francisco Solano Anhaia, MDB, o espetáculo e dobrar a aposta. Acusou Hostins Júnior de estar “cuspindo no prato que comeu”.

O vídeo está aí para não deixar nenhuma margem de dúvidas e encurtar o meu textão.

Também não precisaria escrever mais nada para desmoralizar mais este discurso de Anhaia entre tantos que teve que engolir. 

Quem o desmoralizou na sexta-feira passada foi o próprio secretário de Obras e Serviços Urbanos, Douglas Francisco Muller, seu protegido e primo do ex-secretário que se licenciou para concorrer a vereador, o qual podia ter implantado as floreiras e as “bocas de lobo inteligente”, Roni Jean Muller, MDB.

Douglas, mensageiro dos poderosos de plantão, enviou à Câmara um ofício pedindo que fosse retirado o requerimento em que ele próprio pediu anteriormente à formação do Conselho de Ética para punir Burnier. Ou, agora, eu também preciso desenhar? Minha alma foi lavada mais uma vez. É uma atrás da outra.

Expliquei isso tudo nesta segunda-feira, em texto escrito no final de semana quando ainda não sabia do protocolo deste ofício com ares de “secreto” diante de tanta vergonha, em TURMA QUE ENTERROU DUAS CPIs NA CÂMARA A FAVOR DO ATUAL GOVERNO, AGE ORQUESTRADAMENTE PARA ABAFAR ATO DE VINGANÇA INVENTADO POR KLEBER E MARCELO PARA PUNIR BUNIER. ELE EXERCEU APENAS O SEU PAPEL CONSTITUCIONAL DE VEREADOR

Também não foi me alongar neste texto sobre a resposta de Junior Hostins à acusação de Anhaia. Anhaia não ouviu Junior Hostins. Apensar de ser líder do governo de Kleber e Marcelo, Anhaia, pediu para sair mais cedo da sessão de dois de julho exatamente para não ouvir Júnior Hostins. Está aí o vídeo abaixo. Não é invencionice minha como quase todos políticos quando desnudados em Gaspar afirmam para os seus puxa-sacos desinformados ou obrigados – por várias razões – a aplaudi-los.

Para encerrar e não repetir, repetir, repetir o que meus leitores e leitoras sabem há anos e só por aqui.

O que é isso tudo? Um amontoado de erros políticos e administrativos de Kleber, Luiz Carlos e Marcelo por quase oito anos contra o futuro da cidade. Desperdício com futricas, incoerências e incompetência ao invés de resultados diferenciais para a cidade, cidadãos e cidadãs. E por fim, usando religião, família e suposta felicidade, essa gente viveu o tempo todo de perseguir quem não se ajoelhou e os aplaudiu no erro. Agora, estão atolados na própria lambança. Muda, Gaspar!

TRAPICHE

O PL, União Brasil e PRD lançaram na segunda-feira, oficialmente, o delegado Paulo Norberto Koerich e Rodrigo Boeing Althoff a prefeito e a vice, respectivamente. A foto ao lado é do jornal Cruzeiro do Vale. Qual foi o maior comentário que tomou conta das rodas e cochichos: a ausência do ex-prefeito Adilson Luiz Schmitt (2005/08) que estava escalado para voltar a política e como estrela-candidato a vereador. O PL de Gaspar arruma problemas onde há soluções. E se isso se dá antes da campanha, imagina se ele for o vencedor.

Quatro observações: faltou empolgação no ambiente e nos discursos; para quem tem 40 candidatos a vereador (na foto com camisas azuis), precisaria mais de representação no evento; o PP no comando da campanha povoou às desconfianças de que tudo continuará igual ao que está aí; nos discursos, parece que Gaspar está uma maravilha, não precisa mudar nada e que se eleitos aqui, o prefeito vai governar o Brasil e limpando as lambanças do PT. Afinal, quais os erros e as mudanças que precisam ser implentadas em Gaspar? O PL, o União Brasil e o PRD ainda não sabem, pelo jeito.

O que está pegando no caso da retirada do Adilson Luiz Schmitt como candidato vereador pelo PL. Não foi a mão invisível dos empresários, do MDB e do PP rançoso que um dia bateram de frente lá no início do século, mas o silêncio do presidente do partido em Gaspar, Bernardo Leonardo Spengler Filho, e do próprio delegado Paulo Norberto Koerich. É isto que está pegando – e magoando – para quem apoiava e ainda aposta em Adilson.

“A pessoa que fica quieta, concorda com o errado”, ouvi de um indignado cabo eleitoral de Adilson Luiz Schmitt. Mas, que está errado neste caso? O sistema não queria Adilson e o PL concordou com o sistema. Ou seja, foi o sistema que incensou e agora está matando Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, PP. Quem vai conter o atual sistema?

Impressionante. O “Informe Blumenau”, notoriamente um veículo digital de esquerda, plantou, para replicar por aqui, um comentário sobre a autofagia do campo da direita com Paulo Norberto Koerich, PL, Marcelo de Souza Brick, PP, e Ednei de Souza, Novo. E quase esqueceu que no mesmo campo está Oberdan Barni, Republicanos, que a todo custo, o PL daqui tenta anular na pretensão de ser candidato.

Mera coincidência? O comissionado assessor de imprensa da presidência da Câmara de Gaspar (José Hilário Melato, PP), João Vitor da Silva Costa, foi a sua rede fazer uma enquete. Nela excluiu, Oberdan Barni, Republicanos. Questionado, disse que escolheu os quatro mais bem colocados nas pesquisas. Perguntar não ofende: mas qual pesquisa foi registrada no TRE e publicada oficialmente até agora com os candidatos de Gaspar para que ele pudesse ter esta base? Isto não é crime eleitoral?

Bobagem I – O vereador Alexsandro Burnier, PL, depois de ver o secretário de Obras e Serviços Urbanos, Douglas Francisco Muller, pedir à Câmara para retirar o seu enquadramento descabido por suposta falta de decoro parlamentar, gravou um vídeo onde se iguala ao que faz a gestão de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, PP. Diz que vai até o fim na Justiça para punir o secretário. Burnier não está errado. Mas, não é um estadista.

Bobagem II – O vereador Alexsandro Burnier, PL, mostraria maturidade política se esquecesse este assunto de retaliar Douglas Francisco Muller na Justiça. Ele é um mero mensageiro e passageiro. Se Burnier fosse para cima daquilo que pesquisou e encontrou na limpeza urbana de Gaspar ( e nem falo do Hospital legado de Amauri Bornhausen, PDT), cujas dúvidas fizeram a empresa de Curitiba correr daqui e a cidade ficar dentro do mato por quase seis meses, isto daria muito mais “lucro” e estaria no escopo de um vereador fiscal, do que perseguir gente miúda na Justiça.

Bobagem III – Vou repetir. Este é o trabalho de um vereador pela comunidade com a fiscalização do uso adequado dos pesados impostos que ela paga para os administradores e seus contratados. O atual governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, PP, já provou que não gosta de fiscalização – era assim no tempo do falecido Amauri Bornhausen, PDT. Provou mais uma vez, quando mandou intimidar Burnier com punição por suposta quebra der decoro parlamentar.

Bobagem IV -Agora, Alexsandro Burnier, PL, que está com a faca, o queijona mão, bem como a população ao seu lado compreendendo quem é o bandido e o mocinho e o bandido dessa história de horor ele vai desperdiçar esta oportunidade e perder tempo com processos demorados e que o sistema ainda controla os resultados fora do ambiente político e da prefeitura? É hora de fazer valer o que tem na mão. O melhor troco contra o governo é dizer que não negociou a rendição; que dobrou a aposta, que vai completar o serviço e mostrar as mazelas do atual governo. Muda, Gaspar!

Sindrome do Céu Azul. Os eventos climáticos e por aqui ainda não tão severos como no Rio Grande do Sul, estão a sinalizar ao governo do estado que se o governador Jorginho Melo, PL, e sua secretaria de Proteção e Defesa Civil, não pegar esse bicho na unha, as chuvas de setembro e outubro vão aguar as eleições deste ano contra o governo e o PL. O assunto está sendo cozinhado por partidos de esquerda, ONGs e Ministério Publico Federal para nada querem desenrolar e ganhar soluções definitivas como o caso da Barragem Norte. O governo do estado, finge que não é um ator principal neste assunto.

Os números e previsões técnicas sombrias da Fiesc divulgadas esta semana sobre o término e a qualidade do que já está pronto da duplicação da BR-470, volta ao tempo antigo do PT. Foi com o governador Carlos Moisés da Silva, Republicanos, que ele quebrou feitiço de Brasília contra a mobilidade federal em Santa Catarina. Botou dinheiro bom dos catarinenses para esta obra avançar. O governo de Luiz Inácio Lula da Silva, PT, voltou à enrolação costumeira dele e de Dilma Vana Rousseff, PT. Prevista para terminar em 2026, pelo “novo” ritmo, segundo a Fiesc, apesar da propoaganda governista, só em 2030. E olha lá.

Agora em Itajaí, estão comemorando, até uma parada esporádica de um navio de containers. A prefeitura de Itajaí está pagando o preço caro de não ter privatizado o porto e tê-lo como seu, para distribuição de cargos políticos. Deixou expirar a concessão. Burocracia. Quase dois anos o porto de carga geral está parado. E um prejuízo de aproximadamente R$12 milhões por mês diretos nos cofres da prefeitura, fora muitos outros para a cidade, inclusive nos empregros.

Já do outro lado do Rio Itajaí Açú, a Portonave, privado, não dá conta do serviço. Ele gera muitos impostos para a prefeitura de Navegantes, sem que ela seja dona dele, isto sem falar em empregos diretos, indiretos e uma dinâmica criada para a cidade de resultados econômicos financeiros. Políticos é realmente um bicho estranho. Quer ser dono de tudo, inclusive do que dá prejuízo e sacrifica o seu próprio povo.

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12 comentários em “ACUSADO DE “CUSPIR NO PRATO” QUE COMEU, HOSTINS JÚNIOR DÁ UMA DURA RESPOSTA NA CÂMARA AO LÍDER DO GOVERNO QUE NO PASSADO FEZ ESCOLHAS DE OPORTUNIDADES PARA ESTAR NA ONDA DO PODER. ANHAIA, SAIU ANTES PARA NÃO “OUVIR” A LINHA DO SEU TEMPO.”

    1. odete.fantoni@gmail.com

      Bom dia.
      Observando bem de pertinho esse barulho das floreiras, quase passa despercebido o RALO da Câmara, onde nos primeiros QUATRO MESES de 2.024, foram TORRADOS pelos TREZE vereadores QUATRO MILHÕES, DUZENTOS E CINQUENTA MIL REAIS.
      Mas o baile foi ainda mais ROBUSTO nas DESPESAS do executivo no mesmo período:
      NOVE MILHÕES, TREZENTOS E NOVENTA E SEIS MIL REAIS.
      Nós primeiros QUATRO MESES de 2.024 executivo e legislativo Municipal DEVORARAM um superfaturado terreno da FURB com o DINHEIRO que FALTA muitas vezes pra COMPRAR PARACETAMOL e AMOXICILINA 👀

  1. MAIS UM CALOTE DOS ESTADOS RICOS, por Vinicius Torres Freire, no jornal Folha de S. Paulo

    Imagine a leitora que o governo federal vá doar R$ 30 bilhões por ano aos estados. Esse dinheiro inexiste. Agora mesmo, o ministério da Fazenda pensa em mágicas e milagres para tapar parte do rombo das contas, que calcula em R$ 26 bilhões neste ano. A fim de doar, teria de tomar emprestado, a taxas de juros horríveis.

    Em resumo, é o que propõe projeto de lei de Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado. Por falar em grandes ideias, Pacheco também é autor da proposta de que seja crime, previsto na Constituição, a posse de qualquer droguinha, um plano de incentivo ao encarceramento em massa, entre outras degradações.

    Pacheco quer que a dívida dos estados com a União seja refinanciada em 30 anos e que a taxa de juros, ora em 4% ao ano, possa ser zerada.

    Se um estado entregar ao governo federal ativos no valor de 10% da dívida, fica livre de 1 ponto percentual da taxa de juros. Se entregar 20%, 2 pontos. Deixa de pagar outro ponto percentual se investir esse dinheiro em educação, infraestrutura e segurança. Por fim, 1 ponto percentual de juros iria para um fundo a ser distribuído entre todos os estados.

    A taxa de juros pode ir a zero, pois. Essa conta não desaparece. Apenas é passada adiante. Se não receber os juros dos estados, a União perderia uns R$ 30 bilhões de receita financeira por ano, o equivalente a uns 40% do investimento federal em 2023 (sem contar o custo de financiar esse rombo).

    O que são esses “ativos” que estados podem repassar à União? Estatais, como Cemig e Copasa, que o governador liberal de Minas, Romeu Zema (Novo), não vendeu. Estados poderiam se livrar do fardo da privatização; quem sabe tentem superfaturar as empresas. Porém, teria de haver lei federal e estadual para autorizar tal negócio. Um rolo.

    Além disso, também são ativos, dívidas e créditos quaisquer a receber. A União seria responsável por cobrar os papagaios, sabe-se lá quantos deles recuperáveis e a qual preço, débitos que até agora os estados não venderam no mercado. Por quê?

    Os estados que entrarem no programa poderiam usar aquele 1% de juros sobre a dívida em investimento, mas não em gasto como pessoal, por exemplo. Como verificar? O estado seria obrigado a somar esse 1% de juros perdoados ao que já investe hoje? De outro modo, pode burlar a regra.

    Investimento novo até poderia ser útil, se bem feito, o que é duvidoso em estados com finanças escabrosas. O governo federal também quer investir mais. Não pode. Não tem dinheiro.

    Entre 1997 e 1999, A União assumiu as dívidas de estados quebrados por endividamento excessivo, má gestão ou bandalheira. Ficou com uma conta cara em troca de os estados pagarem seus débitos refinanciados, em prestações. Desde então, já houve outros perdões.

    Estados continuam a se queixar de juros excessivos, em especial Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, os casos mais teratológicos de irresponsabilidade, além de São Paulo e Goiás. Estados maiores e mais ricos querem passar a conta para o país inteiro.

    A dívida do Rio equivalia em 2023 a 188% da receita corrente líquida do estado. A do Rio Grande do Sul, a 185%. Minas, 168%. São Paulo, que paga as contas, 128%. Dois terços dos estados tinham dívida inferior a 30% da receita.

    No projeto de Pacheco, prevê-se que os estados que aderirem à renegociação ficariam sujeitos a regras parecidas com as do arcabouço fiscal: o aumento da despesa poderia ser igual a, no máximo, 70% do aumento real da receita. Mesmo que tal regra sobreviva no Congresso, é pouco restritiva para governos teratológicos.

    O sentido geral do projeto de Pacheco é de aumento de gasto e de privilégio para irresponsáveis. Tem grande chance de passar, pois.

  2. A VOLTA À NORMALIDADE, por Willian Waack, no jornal O Estado de S. Paulo

    Há um ar de modorrenta normalidade nos debates sobre a regulamentação da reforma tributária. Ela segue exatamente o caminho “lógico”: quem é mais organizado garante para si o que acha ser seu direito. Não há uma discernível noção de conjunto e o grosso volume da conta será pago no final com pesada carta tributária.

    O Congresso brasileiro é um fiel retrato dessa normalidade. Fora uma ou outra explosão de temas como aborto e saidinhas, trata-se de tocar os negócios como sempre foram tocados. Ou seja, é a representação de interesses regionais, setoriais ou corporativistas sem que se registre uma “força condutora” por parte de lideranças ou partidos nacionais.

    Faz parte dessa modorrenta normalidade também a instituição de um sistema tricameral. Temos Câmara, Senado e STF — como sempre, acionado pelos mesmos partidos que se queixam de sua excessiva intromissão. Esse ativismo não tem volta para um ponto qualquer no passado que se poderia chamar de “adequado”.

    O sistema todo evoluiu para ter o STF como ele hoje é. Com a “normalização” de decisões individuais e a condução de inquéritos, como o das milícias digitais, sem data para terminar. Virou paisagem à qual o sistema político se acomodou.

    A modorrenta normalidade significa admitir que a Lava Jato foi um “erro” que deixou como consequências empreiteiras falidas e reputações destruídas. Tudo isso está sendo corrigido com notável rapidez, e as mesmas figuras envolvidas nos escândalos de corrupção recuperaram capital político e social — tão relevante no “networking” que foi, como sempre, fator preponderante no crescimento e prosperidade de grupos privados associados à máquina do Estado ou dela dependente para seus negócios.

    Admita-se também como volta à normalidade constatar que a influência e loteamento políticos de grandes estatais, com destaque para a Petrobras, voltaram a ser tratados como assunto corriqueiro. Sempre foi assim, incluindo políticas públicas fracassadas e a impressão de que podemos comprar pipoca para ver a reprise do filme.

    O que foi “novo” nas últimas eleições, o surgimento de bolhas até aqui bastante herméticas, já se traduziu em normalidade. Na qual as correntes políticas antagônicas parecem ter direito a “fatos” próprios, sequer reconhecidos como tais pelo outro lado.

    Há uma patente mediocridade no debate político, na capacidade dos sistemas político e de governo de entregar as respostas que a sociedade brasileira demanda para os severos desafios — os mesmos de sempre. É a nossa modorrenta normalidade.

  3. JULGUEM VOCÊS

    “Enquanto Lula for o ator central do processo eleitoral brasileiro, o brasil não tem chance. Por que? Porque ele é o câncer, e Bolsonaro a metástase. São umbilicalmente ligados. O câncer produz a metástase. O que é pior, o câncer ou a metástase? Julguem vocês”, por Ciro Gomes.

    1. A verdade é que Ciro Gomes é o sujo falando do mal lavado. É farinha do mesmo saco e tão imoral quanto. É mais um da lista que tem potencial mas não tem cabeça. Se acha o mais inteligente e importante, vive da política e entrega pouco retorno quando no poder. Reconheço dele o do irmão uma nova era no estado do Ceará na questão de estrutura e turismo. Porém, hoje é um dos estados mais inseguros do país. Essa dor de cotovelo dele não leva à nada e não traz resultados. Aliás, é um comportamento bem parecido com os 2 que ele ataca.

  4. NO QUE FOI DAR UMA IDEIA MUITO SIMPLES QUANDO LEVADA PARA SER TRATADA PELO POLÍTICOS PARA OS BRASILEIROS PAGAREM A CONTA

    “Este Congresso está fazendo o brasileiro brioso sentir vergonha de si mesmo.

    É um povo submisso, que aceita ser feito de gato e sapato pelos marajás políticos.

    Conclamo todos os brasileiros decentes a se levantarem contra essa ditadura parlamentar cuja moeda de troca são as apetitosas emendas, distribuidas como saques e despojos de guerra roubados do cidadadão brasileiro.

    Um governo que precisa de
    Liras e Pachecos para governar não merece um tostão de respeito, apenas o desprezo do cidadão de bem”.

    Este comentário no “X” é de Marcos Cintra, pai do tal imposto único e que foi dar nesta Reforma Tributária aprovada ontem na Câmara, onde vamos pagar 26,5% linearmente.

  5. OS LOBOS EM PELE DE CORDEIROS

    “Falam que a extrema-esquerda é um perigo para a democracia, tal como a extrema-direita. O problema é que a esquerda e a direita não-extremas, desde que sejam populistas, são uma ameaça também. Se não entendermos isso, vamos continuar errando nas análises”, por Augusto Franco, no “X”.

  6. SEGUNDO LULA, NÃO PODE MAIS CRITICAR O LULA, por Madeleine Lacsko, em O Antagonista

    Se ainda faltava alguém para carimbar Lula como populista, ele próprio fez isso com suas últimas declarações. Muita gente confunde populismo com assistencialismo, mas são coisas distintas. O que caracteriza um populista é ele se ver como o único representante legítimo do povo. Para ele, qualquer crítica ao seu governo é uma crítica ao povo que ele diz representar. Isso é democrático? Claro que não.

    Quando alguém se declara o verdadeiro representante do povo, essa pessoa está, na verdade, agindo de forma antidemocrática e suas intenções também não são democráticas. Lula deixou isso claro com a frase: “Quando eu estiver fazendo uma coisa errada, ao invés de vocês falarem ‘o Lula está errando’, vocês têm que falar ‘eu tô errando’, porque o Lula é o povo na Presidência.” Essa é a essência do que ele pensa. E, por uma boa parte da imprensa, ele tem sido tratado com muita condescendência.

    Imagine se o ex-presidente Jair Bolsonaro tivesse dito algo semelhante. A reação seria muito diferente, e com razão. É inadequado que apenas algumas vozes se levantem contra um absurdo antidemocrático dito pelo presidente da república. Lula nunca escondeu que se comportava assim. O que houve foi um estelionato eleitoral por parte de quem tentou vender o lulismo como uma força democrática, capaz de fazer uma frente ampla e abrir espaço para outros atores políticos. Nem dentro do PT existe espaço para outros líderes. A liderança de Lula é como uma árvore que não deixa nada crescer sob sua sombra.

    Muitas vezes se diz que Janja, sua esposa, poderia ser uma sucessora, uma espécie de Evita Perón de Lula. Isso só mostra que Lula não prepara substitutos dentro do PT. Para ele, é ele e somente ele. E o mais triste é ver parte da imprensa se comportando como subordinada a ele. Alguns, na rejeição a Bolsonaro, acabam abraçando Lula. Mas essa é a questão: o populista só se estabelece onde não há jornalismo independente. Para haver jornalismo independente, é necessário que haja apoio popular a um jornalismo que não se rende a nenhum político.

    Temos isso aqui no Brasil? Ou o povo está se acostumando a gostar apenas do jornalismo que abraça seu político de preferência? Se for o caso, Lula, como populista, que está no poder e conta com o apoio tácito de parte da imprensa, só tende a se beneficiar cada vez mais.

  7. MILEI É UM PROVOCADOR, por Elio Gaspari, nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo

    Lula perdeu tempo na segunda-feira ao responder às provocações do presidente argentino, Javier Milei, mesmo sem citá-lo. Foi diplomaticamente elíptico, mas, mesmo assim, era isso que Milei queria. O presidente hermano tornou-se uma ausência relevante na reunião do Mercosul em Assunção. Sua ausência teve peso superior a uma eventual presença. Para um presidente performático, melhor negócio não há.

    As relações do Brasil com a Argentina sempre tiveram altos e baixos mas, pela primeira vez, numa das pontas está um provocador interessado em tirar proveito do tumulto. Caso típico de fanático sem causa.

    O Brasil já se meteu nos assuntos argentinos impedindo que o ex-presidente Juan Perón descesse em Buenos Aires, em 1964. A Argentina, nos anos 1970, dedicou-se à tarefa impossível de barrar a construção da hidrelétrica de Itaipu. (As duas ditaduras só se entenderam quando colaboraram para sequestrar e assassinar brasileiros e argentinos.)

    Lula respondeu a Milei com tintas de cientista político, condenando o que chamou de “nacionalismo arcaico”. Gastou seu latim. Guardadas as proporções, Milei precisa de um Lula, como Lula precisa de um Roberto Campos Neto.

    Noves fora os aspectos pessoais da dissidência de Milei, o Mercosul tornou-se uma bola de ferro presa ao tornozelo da diplomacia brasileira. O bloco está estiolado a ponto de não conseguir consensos para os comunicados conjuntos da rotina diplomática.

    Desde o século passado, o Planalto persegue o sonho de um acordo do Mercosul com a União Europeia. O profissionalismo do Itamaraty consegue manter viva uma negociação natimorta, mas a França não quer o acordo, e de nada adianta chamá-la de protecionista. (Até porque Lula condena um “nacionalismo arcaico” enquanto seu governo ergue barreiras contra os carros elétricos da China, protegendo montadoras septuagenárias.)

    O Uruguai já disse que pretende assinar um acordo comercial com a China. O Brasil não gosta da ideia, mas ela parece a cada dia mais inevitável. Essa é uma questão teoricamente relevante, mas as birras de Milei em torno do Mercosul são ridículas. Ele bloqueia iniciativas de gênero, metas ambientais e até o funcionamento de dois centros de estudos. Nada disso tem a menor importância, pois os países continuarão funcionando (ou não) à revelia do bloco.

    Há aspectos das relações entre a Argentina e o Brasil que independem dos humores dos governantes. O pior que se pode fazer numa situação dessas é fingir não polemizar, indo para condenações elípticas. Se o Brasil prefere não cair nas provocações de Milei, deve honrá-lo com um respeitoso silêncio. Afinal, se ele acreditava tirar dividendos de uma ida a Balneário Camboriú para se encontrar com Jair Bolsonaro, deu com os burros n’água.

    Lula foi exaustivamente aconselhado a esquecer Milei, mas sua compulsão falou mais alto, e ele acabou aceitando o desafio para ensinar que acha “que quem perde não comparecendo não são os que vieram, é quem não veio”. Essa lógica funciona para chefes de Estado convencionais, coisa que Javier Milei não é. Sendo um provocador, ganhou não indo à reunião do Mercosul e ganhará sempre que conseguir chamar atenção para suas excentricidades.

  8. STF TEM QUE PRESERVAR A REFORMA DA PREVIDÊNCIA, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

    O Supremo Tribunal Federal está perto de invalidar dispositivos importantes da reforma da Previdência Social aprovada em 2019. Interrompido por pedido de vista do ministro Gilmar Mendes, o julgamento deve ser retomado em breve, com riscos graves para os sistemas de seguridade que cobrem os servidores públicos.

    O custo potencial de 15 ações em análise na corte (duas ainda não levadas a julgamento) chega a R$ 497,9 bilhões. Tema particularmente sensível é a contribuição progressiva do funcionalismo, cuja eliminação traria perdas de R$ 300 bilhões em dez anos —no cálculo de Paulo Tafner, citado em reportagem do jornal Valor Econômico.

    Em relação a esse caso, o placar no STF está empatado em 5 a 5, e a conclusão depende do voto do ministro Gilmar Mendes.

    A controvérsia diz respeito ao dispositivo da reforma que instituiu alíquotas crescentes, de 7,5%, para remunerações de um salário mínimo, até 22%, para vencimentos acima de R$ 52 mil.

    A norma, cujo princípio é correto e segue a lógica progressiva do Imposto de Renda, é ainda mais relevante no regime deficitário dos servidores —cujos benefícios, sobretudo os mais elevados, não guardam historicamente consistência com as contribuições.

    Caso a cobrança seja derrubada, volta a valer a contribuição linear de 11%, que é insuficiente para custear as aposentadorias em qualquer análise atuarial séria.

    O custo dos rombos em sistemas privilegiados ante o regime geral do setor privado (RGPS) não pode ser repassado à coletividade. Não há nada juridicamente errado com a cobrança progressiva nem se sustenta a premissa de confisco para quem recebe vultosos montantes, não acessíveis no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS)

    Outro ponto em julgamento é a possibilidade de cobrança de contribuição sobre aposentadorias acima de um salário mínimo no caso de déficit atuarial. Antes da reforma, havia imunidade tributária para aposentadorias até o teto do RGPS, hoje em R$ 7.786 mensais.

    Sobre este tema o STF já tem maioria de 6 a 4 pela inconstitucionalidade, embora os magistrados ainda possam alterar o voto.

    Deveriam fazê-lo, pois o argumento de isonomia com os trabalhadores privados não deveria ser invocado apenas em partes. Considerando cada sistema em sua integralidade, não há duvida de que o do funcionalismo é mais favorável.

    Além das considerações de equidade, os três níveis de governo têm as finanças combalidas, e ampliar o deficit previdenciário traria empecilhos óbvios para a prestação de serviços públicos essenciais. Que o STF, sem prejuízos para a legalidade, preserve a coletividade.

  9. AS DIFERENTES RESPOSTAS DA POLÍTICA, por Zeina Latif, no jornal O Globo

    O embate entre esquerda e direita não parece ser a melhor forma de analisar o cenário político no mundo – e tampouco no Brasil, onde a diferença programática entre os partidos é opaca e as classes populares desconfiam das elites.

    Nas últimas eleições parlamentares na Europa, prevaleceu o desejo de mudança por conta da decepção de eleitores com os governantes, acrescido do sentimento de vulnerabilidade diante de temas diversos, como questões ambientais, geopolíticas e de empregabilidade dos trabalhadores pelo uso de novas tecnologias.

    Há muita inquietação, inclusive com apelo para o populismo, e não exatamente simpatia pela esquerda.

    No Reino Unido, os Trabalhistas derrotaram o Partido Conservador de forma esmagadora, após 14 anos de governo. Não sem razão. Ficou claro para a sociedade o alto custo econômico do Brexit, quadro agravado pela inflação alta e pela insatisfação com a saúde pública na Inglaterra.

    O discurso de Rishi Sunak, ao deixar o cargo de primeiro-ministro, por sua vez, foi sensato por não negar os problemas e evitar maior polarização. Ele disse: “Os britânicos demonstraram que o governo do Reino Unido tem de mudar e o seu julgamento é o único que importa. Ouvi a raiva de vocês, a sua desilusão e assumo a responsabilidade por esta derrota”.

    Já na França, o quadro é bem difícil. A frente de esquerda ganhou, mas a votação bastante pulverizada entre os partidos traz muitas incertezas e dificulta a vida do presidente Emmanuel Macron. Ele ficou ainda mais enfraquecido, sendo que muitos o acusam de isolamento e de cometer erro estratégico ao antecipar o pleito, que seria mais um sinal de distância do eleitorado. Sua resposta foi o silêncio.

    Em que pese o aumento do apoio ao partido de extrema-direita Reform UK, do Reino Unido, o terreno fértil para o populismo é maior na França, e revelou-se com o crescimento da ultradireita de Marine Le Pen, apesar da derrota de seu partido, o Reunião Nacional, enquanto a vitoriosa Nova Frente Popular incluiu a extrema-esquerda.

    O crescimento do populismo não necessariamente irá se traduzir em ameaça à democracia – nessa direção, Le Pen busca atenuar seu discurso extremista, visando à maior competitividade eleitoral adiante –, mas esse tampouco seria um bom caminho.

    Alguns acreditam que o populismo não é necessariamente algo ruim, como Thomás Zicman de Barros e Miguel Lago. Os autores distinguem o que chamam de populismo inclusivo e o reacionário. O primeiro pode transformar positivamente as instituições, tendo característica emancipadora para aqueles “subalternizados” que sofrem com as desigualdades, sendo sua inclusão na agenda política um fator a reforçar a democracia liberal. Já o segundo se utiliza de discursos de intolerância e ameaça a democracia liberal.

    Para os autores, diante das incertezas e percepções de vulnerabilidade, as pessoas podem ser seduzidas por discursos que prometem certezas e segurança; é o que oferece o populismo reacionário, que aponta culpados e inimigos. O emancipador questiona estruturas de dominação e busca maior inclusão, apontando “pontos cegos” que demandam ampliação de direitos.

    Sem entrar na discussão sobre os perfis do populismo de Lula e de Bolsonaro, que é o objetivo central do livro, entendo que líderes populistas podem até cumprir importante papel de questionar o status quo no debate político. Resolver os problemas de forma efetiva é outra conversa.

    No Brasil, país marcado pelo patrimonialismo e muitas desigualdades de oportunidade, o questionamento das instituições extrativistas se faz ainda mais necessário, mas poucos líderes o fazem. E alguma dose de antagonismo, apontando segmentos privilegiados, é compreensível como parte do jogo democrático, onde precisa haver o espaço para o conflito de ideias.

    Tratar, porém, a divergência como embate entre inimigos, alimentando a cisão da sociedade, pode inviabilizar a busca de soluções majoritárias. É falsa a promessa de que a eliminação dos “culpados” resolverá os problemas. Além disso, se encarece a barganha política no parlamento. Entre essas e outras é que o Centrão aumenta seu poder e o enfrentamento dos dilemas é procrastinado.

    O populismo não entregou o prometido, vida digna a todos e prosperidade. Melhor buscar o caminho da maior concorrência e renovação da política. Há bons exemplos no mundo.

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