Alterado e atualizado as 17h25min deste 06.06.2024. Há dias, o controlador geral do município, o comissionado Ernesto Hostin, que já foi o assessor na Câmara do então vereador e hoje prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, voltou à Câmara para cumprir um ritual obrigatório pela legislação: prestar contas aos vereadores, fiscais do povo ao Executivo, das contas do primeiro quadrimestre deste 2024. Era a tal Audiência Pública de Demonstração e Avaliação do Comportamento das Metas e que muito recentemente nem gravada e disponibilizada foi. No lugar dela, uma ata furreca. Desta vez, por enquanto, esta audiência ainda está disponível no Youtube, mas não no site da Câmara ou num linke que levaria ao Youtube, como seria de se esperar.
Vapt, Vupt. Uma audiência quase sem perguntas. E quando se fez alguma superficial – sem qualquer caráter técnico -, timidamente, nada de respostas. A Controladoria cria um ambiente de que não entendeu o que se perguntou e tudo fica por isso mesmo. Se não é desconhecimento do assunto, é, no fundo, um método manjado dos que governam a cidade ou lhes dão proteção há anos.
A primeira ilusão são os parâmetros usados pelo governo de Kleber e Marcelo de Souza Brick, PP.
Na exposição, em alguns momentos, eles não ficam claros. Há confusões comparativas misturando o exercício de 2024 e os números desejáveis ou realizados no quadrimestre de 2024 É método para gerar dúvida, incompreensões, confusão e nenhuma explicação. Quem deveria pedir explicações fica quase que envergonhado, temendo ser desmoralizado. E para não passar vergonha, maioria não pergunta, mesmo entendendo o que está se passando, até porque é do time que está ali para não perguntar nada e embraçar o governo que apoia na Bancada do Amém (dez dos 13 vereadores espalhados pelo MDB, PSD e PP).
A segunda ilusão, fica clara à medida que o Orçamento de R$508 milhões aprovados pela Câmara no ano passado para ser executado no exercício deste 2024 é, e continua sendo uma peça de ficção. Cumpre um papel. E quem dá este papel é a Lei. Se ela não pedisse isso, nem Orçamento existiria em Gaspar.
A terceira – não chega ser ilusão, mas é uma preocupação antiga.
É que os vereadores da dita frágil oposição, tanto Alexsandro Burnier, PL, quanto Dionísio Luiz Bertoldi, PT, cujos partidos poderão herdar este emaranhado de desastres contábeis-financeiros, porque os da situação não fariam este papel, não se prepararam para questionar, tirar as dúvidas – algumas delas, frutos de requerimentos deles próprios que mofam na prefeitura para serem respondidos, mesmo quando eles recorrem à Justiça aos tais mandados de segurança.
Resumindo. Quietos ou sem argumentos para questionar, no fundo, validam à ficção contábil e a ilusão do jogo de números que se escondeu na apresentação superficial da audiência pública
Isto grave, tanto dos vereadores, como do corpo de assessores deles. Estavam na frente da fonte que lhes dá uma coça na tarefa de esconder os números da prefeitura o ano inteiro, e quando possuem a oportunidade para lhe pedir explicações e dizer com todas as letras que estão sendo enganados, ficam de mimimi para não ofender quem os ofende ao não lhes revelar o que a apresentação verdadeiramente esconde.
OS NÚMEROS REVELAM O DESLEIXO COM A EDUCAÇÃO
São muitos os indícios de que as contas não fecham na prefeitura do governo de Kleber e Marcelo. E continuaram sendo inícios com o aval dos vereadores e da Comissão de Finanças da Câmara.
O primeiro ponto que salta aos olhos é a obrigatoriedade de se colocar 25% do Orçamento na Educação municipal (das creches ao ensino fundamental). Pela apresentação, sabe-se que foram apenas 16,25%, sendo que o que se recebe de Brasília pelo Fundeb, no mínimo 70% deveriam ser para quitar as obrigações com pessoal, mas isso só chegou a 61,26%.
Ou seja, aconteceram duas coisas. Nestes quatro primeiros meses de 2024, o governo de Kleber e Marcelo “economizou” ,mais uma vez, em Educação para tapar outros buracos em outras secretarias.
Agora, Kleber e Marcelo vão correr no restante do ano – como fizeram no ano passado – atrás para fechar estes números e quando fechar, mais uma vez, estará escrito que a Educação foi o pior que se teve neste governo por quase oito anos. Na semana passada, abordei isso pela enésima vez em O RETRATO PINTADO E ACABADO DE OITO ANOS DE GOVERNO KLEBER, LUIZ CARLOS E MARCELO: A IMPLANTAÇÃO DO PRIMEIRO CONTRATURNO EM ESCOLA MUNICIPAL EM GASPAR. E COM COMEMORAÇÃO
O BURACO SEM FUNDO E SEM TRANSPARÊNCIA
Por outro lado, na área da Saúde, magicamente, ela continua sendo a pior avaliada em qualquer pesquisa que se faça em Gaspar por pré-candidatos e pelo próprio governo. Estranhamente, é a que mais consome dinheiro próprio dos impostos dos gasparenses, das emendas parlamentares que viram propaganda de deputados e senadores às vésperas de eleições municipais, as quais chagam à cântaros. Isto sem falar do repasse do próprio Sistema Único de Saúde.
A obrigação constitucional do município é de colocar na Saúde 15%, mas nos primeiros quatro meses do ano, seguindo uma rotina antiga do governo de Kleber e Marcelo, botou-se lá quase o dobro. Ou seja, 29,11% do Orçamento de Gaspar foi parar nesta área. Gastou-se R$32,3 milhões, sendo R$27 milhões em recursos próprios e R$5,3 milhões do SUS.
E aí você pensa: maravilha. Mas, não. Contraditoriamente, é na área da Saúde onde estão os piores momentos de todos os gasparenses que precisam de assistência do básico ao complexo. Dessa forma, as queixas nos postinhos, na policlínica, no Hospital sob a intervenção municipal, bem como os que aguardam por consultas especializadas e exames, continuam. Ou seja, não há retorno e só desgastes contra os gestores públicos e políticos agarrados no atual governo. Muito dinheiro e o quadro não muda. Desespera, martiriza, faz sofrer, amplia as dores, principalmente contra pobres doentes que não tem alternativas.
E a ficção contábil onde entra nisso tudo, senhor blogueiro?
A demonstração do controlador geral na Câmara, para a Comissão de Finanças e os vereadores na Câmara, mostrou que se previa arrecadar R$124,7 milhões, mas conseguiu-se muito mais do que isso: R$149,6 milhões. No outro lado, provou-se que efetivamente saíram da boca do caixa da prefeitura R$125,2 milhões, ou seja, R$24,4 milhões a menos do que o arrecadado.
E é ai que começa o jogo dos números para quem não entende deles e de contabilidade que nas empresas, os números delas, são sinais sérios para providências e correções de rumos da gestão. Como o dinheiro não é nem dos gestores e nem dos políticos que estão na prefeitura…
A contabilidade da prefeitura de Gaspar não é uma peça de gestão. Ela, simplesmente, é um depósito burocrático de números para atender a legislação e proteger o gestor, os que estão agarrados neles e políticos que também, pelo jeito, não devem conhecer desse riscado para ter leituras para a sua prioridade política e de planejamento e com elas, produzir resultados práticos para sua cidade e a partir disso, produzir resultados políticos-eleitorais. Não é à toa que estão mendigando votos e se estabelecendo na esperteza, associando-se na última hora a gente que tem votos ou é referência para suas bolhas. Alguém viu, até agora, os candidatos do governo se estabelecerem na competência administrativa?
NÚMEROS QUE NÃO FECHAM E QUE SE ESCONDEM DO ESCLARECIMENTO
Por quê este suposto superavit nas contas de Gaspar não é uma boa notícia? É que tirando a capa bonita, descobre-se a camisa está rasgada.
Seria uma notícia boa se houvesse transparência e o próprio controlador geral se dispusesse a esclarecer à razão pela qual preferiu construir uma capa bonita, mais uma vez, na sua apresentação à cidade e aos fiscais do povo, que ficaram, praticamente mudos, outra vez.
Vejam. Entre o efetivamente pago e o que está empenhado (que a prefeitura está obrigada a liquidar e não liquidou ainda), há uma brutal diferença. E isto não aparece na apresentação da Controladoria, do Ernesto e de sua assistente.
Também nenhum vereador se interessou, até por curiosidade, em ver isso esclarecido. No Portal Transparência do site oficial da prefeitura de Gaspar, tudo está sem números. Botaram um marqueteiro “portal” que apelidaram de “Projeta Gaspar”. Ele não projeta nada. Nem hacker habilidoso – que em Gaspar é premiado com cargos em comissão – é capaz de extrair estes números do “Portal da Transparência”.
Todos esses números e dados deveriam estar acessíveis à qualquer gasparense sob navegação intuitiva e simples. Todos os links levam a números 0,00 ou então, estão com a sua acessibilidade prejudicada ou quebrada. Vergonha. Nada disso, está sob a cobrança da própria Câmara, dos vereadores, das entidades que dizem representar a tal sociedade organizada de Gaspar, muito menos pelo Ministério Público Estadual e o Tribunal de Contas. Espantoso.
MILIONÁRIO RESTOS A PAGAR, DÍVIDAS E INVESTIMENTOS QUASE ZERADOS
Entretanto, há pistas deste desastre e o rastro foi deixado pelo controlador geral, qua saiu de lá como herói por não ter dado nenhuma explicação além da pobre apresentação burocrática que fez aos vereadores, a comissão de finanças da Câmara e a cidade para cumprir uma exigência da Lei. Se ela não obrigasse, não faria. A primeira delas é que o tal “restos a pagar”. Ele é R$104,4 milhões, confessados pelo próprio Controlador Geral. Ulalá.
Ou seja, são 70% de despesas que estão “escondidas” ou postergadas e que o município terá que arrumar dinheiro para pagá-las aos credores ainda em 2024 e na troca de governo neste ano, muitas delas não podem mais ser embarrigadas. Simples assim.
E por que esta peça orçamentária é de ficção contábil, ou seja, ajeita os números às exigências legais, mas deixa destampadas as manobras que se faz para isso?
Para não ficar mais endividada e entregar o governo ao próximo prefeito dentro daquilo que preconiza a Lei de Responsabilidade Fiscal, colocaram no Orçamento um “colchão”: o de que a prefeitura de Gaspar faria investimentos de 139,7 milhões neste ano de 2024. Sabe quanto ela fez nestes quatro primeiros meses nesta rubrica? Algo em torno de 2%, ou seja, R$3 milhões.
Ri-dí-cu-lo!
Esta é a razão dos desleixos e maquiagens na simples manutenção que tomaram conta nos primeiros quatro meses deste ano em Gaspar.
Ah, diria algum “çábio”, marqueteiro ou contabilista: mas pode ser uma estratégia suicida de campanha eleitoral, ou seja, a de concentrar todos os investimentos às vésperas dela, ou então, para produzir “milagres” e resultados, seduzindo os eleitores e eleitoras na última hora. Até pode. Mas, não com este quadro financeiro apresentado do primeiro quadrimestre há, com a obrigação de entregar a prefeitura minimamente administrável para o próximo prefeito dentro daquilo que exige a LRF, sobra pouca, ou quase nenhuma, margem de manobra para isso.
O que vai prevalecer? É o freio de arrumação, quando tudo deveria estar mais solto e se colhendo os frutos de uma administração planejada de oito anos. Os “çábios”, os caros marqueteiros importados do século 20 e as escolhas não habilitadas em ambientes de alta exigência técnica e negocial, por Kleber, Luiz Carlos Spengler Filho, PP, e Marcelo, levaram eles para alguns becos sem saídas, quando deveriam estar numa avenida sem qualquer entrave aos desejos políticos-eleitorais de poder deles.
Falta de aviso não foi. Inclusive deste espaço que quer o bem da cidade e das pessoas dela. É só pegar a coleção de centenas de artigos neste sentido. Estou de alma lavada mais uma vez, pois nada como um dia após o outro.
E a dívida – mesmo ela sendo de médio e longo prazos – e que se deve se somar aos restos a pagar? R$91,8 milhões. O próximo prefeito eleito em Gaspar que se cuide. Mas, você meu leitor e leitora desse espaço já viu algum desses candidatos a prefeito reclamarem dessa balburdia econômico-financeira e contábil de Gaspar? Talvez a exceção seja o Oberdan Barni, Republicanos? Então todos se merecem. Menos a cidade, os cidadãos e cidadãs que vã pagar esta conta de uma gestão maltratou como poucos a contabilidade pública. Muda, Gaspar!
TRAPICHE
O viajante. Dia sim, outro também, o prefeito de Gaspar, Kleber Edson Wan Dall, MDB, entra na sua rede social para dizer que estava viajando para representar a Fecam – Federação Catarinense dos Municípios, lá em Belo Horizonte, Minas Gerais. Gaspar, definitivamente, ficou em segundo plano neste fim-de-mandato.
Qual a justificativa do prefeito de Gaspar, segundo o vídeo que ele próprio espalhou nas redes sociais? “Fou trocar experiências e conhecer novos projetos e ideias no Congresso Nacional de Municípios”, a maioria deles, cheio de problemas tão graves quanto os daqui. Um convescote com dinheiro público em fim de mandato deles.
Kleber Edson Wan Dall, MDB deveria ter ido lá 2011 e 2016 quando candidato. E para aprender. Ou em 2017 para colocar em prática as “novas” ideias e construir cadeias de relacionamentos nos ambientes de decisões de Brasília. Preferiu as velhas práticas e o isolamento. Quem deveria estar lá agora neste convescote, no máximo, às custas dos bolsos deles, deveriam ser os pré-candidatos que vão sucedê-lo em outubro deste ano.
E lá de Belo Horizonte, mais uma vez Kleber Edson Wan Dall, MDB, aproveitou para afagar o eleitorado conservador e anular os concorrentes. Posou e distribuiu foto com o governador Romeu Zema, Novo, supostamente exemplo administrativo (foto acima).O partido tem candidato solo por aqui. Dias atrás, fez o mesmo com Jair Messias Bolsonaro, PL. Como tem pouco a mostrar, usa ícones de outros partido para trazer a luz própria que lhe falta.
Enquanto isso, o presidente da Fecam, o prefeito Fabrício de Oliveira, PL, trocou a viagem-desperdício, para estar na sua Balneário Camboriú, inaugurando uma UPA – Unidade de Pronto Atendimento em Saúde – na Barra (foto ao lado), com o governador Jorginho Melo, PL. Perceberam a diferença reiterada? Muda, Gaspar!
Dois registros. O ex-vereador gasparense Carlos Alberto Schmitt, o Caqui, PP (2001/04), foi a Campo Grande MS, visitar parentes. Lá passou mal e morreu na quarta-feira. Foi cremado ontem, quinta-feira, lá. Aqui, nesta sexta-feira quem faz 57 anos é o médico veterinário e ex-prefeito Adilson Luiz Schmitt, PL (2005/08). E a partir das 19h30min, reúne os amigos na Soverteria do Shampoo, no bairro Santa Terezinha, para comemorar.
Oberdan Barni, Republicanos, está sendo cercado. Como o PL não conseguiu fazê-lo desistir para apoiar o PL de Gaspar, na terça-feira à noite surgiu a notícia de que o governador Jorginho Melo, PL, resolveu tomar o Republicanos, via o seu irmão Juca Melo e o deputado Federal, por Rio do Sul, também do PL, Jorge Goetten.
A notícia a notícia da troca de comando do Republicanos em Santa Catarina foi confirmada pelo próprio Oberdan Barni, no contado que a Executiva fez com ele nesta quinta-feira.
Esta ação tática do articulador Jorginho Melo por ter mais prefeitos e em cidades chaves, visa anular politicamente o ex-governador Carlos Moisés da Silva, Republicanos; enfraquecer o prefeito de Chapecó, João Rodrigues, PSD, como estrela bolsonarista; impedir, ao menos nesta eleição de outubro, a influência do governador do estado de São Paulo, Tarciso Gomes de Freitas, Republicanos ao menos este ano, e ao mesmo tempo, anular o projeto solo do Republicanos e nun segundo passo, atrelá-lo, ao projeto do PL de Santa Catarina, onde em alguns municípios, mesmo com a chancela bolsonaristas, está com dificuldades, como Gaspar e até, Blumenau.
Só para lembrar, Jorge Goetten, de Rio do Sul, e que vive às turras com a ala mais radical do PL catarinense, é padrinho da candidatura do vice-prefeito de Gaspar, Rodrigo Boeing Althoff, PL. Este descompasso dele com a ala bolsonarista é antigo e não há como diminuí-lo. Isto faz o governador Jorginho Melo, “navegar”, com mais folga nos dois lados do PL catarinense.
O acerto para Jorge Goetten não perder o mandato nesta troca partidária, já foi selado em Brasília, entre os presidentes do PL, Valdemar da Costa Neto, e do Republicanos, deputado Marcos Pereira. Esta mudança, enfraquece ainda mais os projetos que os Republicanos tinham com o PSD em vários municípios catarinenses. Oberdan Barni, Republicanos, tomado pela surpresa, está contrariado e chiou: “não vou arredar pé da minha candidatura”. Se vier a formalização da Federação, como deseja Jorginho e seus filhos que estão na articulação da saída de Jorge Goetten, Oberdan não terá espaços para manobras.
As candidaturas do PL estão patinando em Blumenau e Gaspar. Em Blumenau, depois de arrumar o delegado Egídio Maciel Ferrari, o PL, pisa em ovos para escolher a vice. E a escolha está entre a desgastada vice-prefeita Maria Regina Soar, PSDB e a atual subsecretária estadual de Educação, Patrícia Luerdes. Aqui, o vice já está escolhido. Mas, diante dos cenários levantados até aqui, é preciso que que todos desistam em favor de um chapão. Se continuarem Marcelo de Souza Brick, PP e Oberdan Barni na parada conservadora, alguns experimentados em campanhas passadas avaliam que os riscos do PL continuam muito altos com o delegado Paulo Norberto Koerich, PL.
Se em Gaspar o projeto do Novo é o de plantar sementes para o futuro, em Blumenau, o ex-promotor Odair Tramontin, que já plantou estas sementes em eleições passadas, agora é o calo do PL. Depois da desistência de Denise, suplente de senadora, mulher do deputado federal, Ismael dos Santos, o PSD está entre uma mulher para o nicho evangélico do irmão Ismael, como a vereadora Silmara Miguel, ou um empresário e líder comunitário, Carlos Cézar Wagner, o Alemão da Alumetal, PSD. Alemão é aquele que peitou a Defesa Civil de Jorginho Melo, PL, no caso da barragem Norte e com isso, impediu que Blumenau ficasse debaixo das águas na última grande enchente.
Em campanha. O vereador Ciro André Quintino, MDB, começou a entregar jogo de bolas de bochas para as canchas de Gaspar. Quer entregar pelo menos um jogo deles para cada equipe inscritas em torneios regulares até dia seis de outubro deste ano.
Chororô do nada. Uma simples circular desta semana às escolas de Gaspar, provocou comoção. Ela pedia que os professores e funcionários efetivos, ou contratados em caráter temporário, para cumprir uma determinação legal, a 14.811/2024, providenciassem à secretaria de Educação as certidões de antecedentes criminais de cada um. A resistência não encontra amparo lógico. A não ser que a classe quer conviver com o inimigo, oculto, as vezes não tão oculto assim. São raros, mas fazem mal à classe, e principalmente às crianças e adolescentes.
“Em 15 anos de magistério nunca precisei desse tipo de certidão” reclamou uma professora. Mas, de 15 anos para cá, muita coisa mudou. Ou a professora não percebeu isso?
Nada como um dia esquecido. O atual secretário da Educação de Gaspar, um curioso da área, o jornalista vindo de Blumenau, Emerson Antunes, PSD, logo que chegou aqui, da janela da sua sala, filosofou. Na ideia dele, os alunos egressos do nonagenário Colégio Honório Miranda, público, um dia se tornariam peões dos que estudavam no particular Madre Lampel. Comoção. Teve que ir à Câmara pedir desculpas para continuar secretário. Onde estava esta semana Emerson? Sendo fotografado, todo sorridentes, com os alunos do Honório Miranda.
Frase para refletir: “Não é a política que faz o candidato virar ladrão. É o seu voto que faz o ladrão virar político”.
Dois anos depois, timidamente, na imprensa de Gaspar, começa a pipocar, o óbvio. A de que quando o governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, PP, compraram por aquele milionário R$14 milhões o terreno da Furb, no bairro Sete de Setembro, não tinha projeto nenhum para ele. Agora, Kleber e Marcelo pedem socorro à Caixa Econômica Federal para fazer um e assim se livrar das cobranças. Meus leitores e leitoras já sabiam disso deste quando isso tramitou na Câmara.
Para refletir. Indaial, uma cidade com população parecida com Gaspar, com menos problemas de mobilidade, vai inaugurar a sua quarta ponte sobre o Rio Itajaí Açú para ligar os dois lados da cidade e com a BR-470 duplicada. Aqui, mal e mal duas. Muda, Gaspar!
17 comentários em “PORTAL TRANSPARÊNCIA DA PREFEITURA DE GASPAR ESCONDE OS NÚMEROS DA CIDADE E DOS CIDADÃOS. MAS, AUDÊNCIA PÚBLICA NA CÂMARA SEM QUESTIONAMENTOS, REVELA QUE CONTAS E INVESTIMENTOS ESTÃO COMPROMETIDOS”
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A VÁRZEA LULOPETISTA, editorial do jornal O Estado de S. Paulo
A semana em Brasília terminou pior do que como começou, apesar da promessa do presidente Lula da Silva de azeitar a articulação política do governo. Após as fragorosas derrotas durante a análise de vetos no Congresso – sobretudo à chamada pauta de costumes –, que culminaram, entre outros reveses, no fim da chamada “saidinha” de presos do regime semiaberto, a ala responsável pela interlocução com parlamentares naufragou, a princípio, na missão de dinamizar a relação com o Legislativo.
Lula reuniu os aliados de sempre para debater o problema. Começou mal. Sem sinal da tal da frente ampla, participaram do encontro os líderes do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE); no Senado, Jaques Wagner (PT-BA); e no Congresso, Randolfe Rodrigues (sem partido-AP) – que, embora sem legenda, só falta assinar a ficha de filiação ao PT. Estavam presentes também os secretários executivos da Casa Civil, Miriam Belchior, e da Fazenda, Dario Durigan.
Como o lulopetismo crê nunca errar, a conta de seus infortúnios, claro, cai sempre no colo dos outros. Sobrou para ministros do Centrão, por supostamente não entregarem votos; para a comunicação, pela incapacidade de transmitir à sociedade quão geniais são as ideias do governo; e até para o Congresso, representante do povo, que com seu conservadorismo não consegue captar o vanguardismo do governo petista.
Mesmo assim, há quem diga que houve mea culpa. Ficou decidido, então, que Lula da Silva – qualificado pelo ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, como “o Pelé da política” – vestirá a camisa após mais de um terço de mandato para, enfim, dialogar, negociar e governar. É um iniciativa reiteradamente anunciada e não cumprida, o que obviamente suscita ceticismo. Em entrevista ao jornal O Globo, Jacques Wagner reconheceu que político quer é “foto com o presidente”.
Em um lampejo de lucidez, Randolfe, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, recomendou foco na economia. Ao que tudo indica, um conselho vão. Na semana da pretensa concertação, a tensão aumentou e contaminou pautas relevantes, enquanto o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, visitava o papa.
A votação no Senado da “taxação das blusinhas”, que mira compras de até US$ 50 em plataformas asiáticas, foi ameaçada por uma disputa paroquial em Alagoas e estremeceu ainda mais a já abalada relação do governo Lula da Silva com Arthur Lira, que foi surpreendido pela retirada “do jabuti” do projeto do Mover. Lira chegou a colocar em dúvida a aprovação do programa de estímulo à indústria automotiva. Ao fim, a taxação foi aprovada e voltou para a Câmara – agora, aguardam-se os próximos capítulos.
A medida provisória (MP) editada para compensar a desoneração da folha de pagamento de empresas de 17 setores da economia e de prefeituras, com a limitação do uso de crédito de PIS/Cofins, já enfrenta resistência. Alguém achou por bem não consultar previamente as lideranças no Legislativo. Deu no que deu. Nada menos do que 27 frentes parlamentares pediram ao presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSDMG), a devolução da MP, o que tornaria evidente o mal-estar entre os Poderes.
Diálogo e afagos à parte, fato é que, nos últimos anos, a correlação de forças mudou. O Congresso aumentou o controle sobre o Orçamento, com o avanço sobre as emendas, e há quem tenha anunciado o funeral do presidencialismo de coalizão. O fato, no entanto, é que o presidencialismo de coalizão só funciona se houver vontade e habilidade do presidente para formar uma coalizão, como fez Michel Temer ao governar o País em meio ao tumulto pós-impeachment de Dilma Rousseff. Como bem lembrou o cientista político Carlos Pereira em recente coluna no Estadão, “os insucessos legislativos de presidentes estão, na realidade, relacionados às suas escolhas de como montar e gerenciar sua coalizão”.
Cabe ao presidente o gerenciamento de sua base, a partilha de poder e a abertura ao diálogo. Só discurso não basta. Para isso, porém, seria necessário superar o projeto hegemônico do PT, cuja tradicional predominância nas áreas mais sensíveis do governo é inversamente proporcional à sua capacidade de agregar apoio parlamentar. E isso Lula jamais fará.
ARROZ DE FESTA, por Merval Pereira, no jornal O Globo
A revelação de que vencedores do leilão para compra de arroz no exterior para supostamente equilibrar a oferta do produto no país foram empresas especializadas em comércio de leite e laticínios do Macapá, ou de locação de veículos e máquinas de Brasília, tisnou em parte os esforços do governo federal de apoio ao Rio Grande do Sul na tragédia das enchentes ainda em curso.
A desconfiança de que alguma coisa andou errada no procedimento é reforçada pela denúncia do setor agrícola de que o mercado nacional está em condições de suprir a demanda de arroz. Além do fato de que o governo pretende vender o arroz importado com preço tabelado e selo do governo federal, o que caracterizaria não uma decisão para regular o mercado, mas de cunho político-eleitoral.
Há uma frase famosa, atribuída ao político francês Talleyrand falando sobre os Bourbon, que voltando ao governo depois de 25 anos repetiram os mesmos erros, que poderia ser aplicada ao PT: “Não aprenderam nada, não esqueceram nada”. O governo joga no Rio Grande do Sul uma cartada importante não apenas para se mostrar atento e cuidadoso com os efeitos da tragédia, mas para tentar entrar em uma região, o sul do país, dominado pela oposição, às vésperas das eleições municipais.
Esses movimentos atuais terão repercussão de longo prazo, que alcança até a eleição presidencial de 2026. A aposta do governo de que a economia desenhará o cenário de viabilidade de Lula nas eleições de 2026 tem se mostrado até o momento incompatível com a realidade, e a tragédia do Rio Grande do Sul interfere nessa avaliação, pelos efeitos negativos na economia de um dos estados mais importantes do país, e também no peso da ajuda financeira que precisa ser dada fora do planejamento original.
Os bons resultados atuais na área não têm sido suficientes para que Lula receba, automaticamente, a aprovação esperada do eleitorado. Ainda restam cerca de 65% do mandato atual do presidente Lula, e navegamos em águas desconhecidas, mas as apostas eleitorais começam a ser feitas. O economista Claudio Porto, fundador da Macroplan, consultoria especializada em análise prospectiva e estratégia, traçou três cenários para a próxima sucessão presidencial, em 2026.
Derrota de Lula. Em 2025, Lula dobra a aposta na agenda nostálgica e decide investir no acirramento da polarização, já endereçada em 2022 (e cuja semente foi plantada em 2009, quando, em Recife, declarou que a eleição de 2010 seria uma disputa de “nós contra eles”). A atuação extraordinária do governo Lula no Rio Grande do Sul é percebida muito mais como oportunismo eleitoral do que uma iniciativa necessária e republicana e, dessa vez, Lula perde a eleição.
Vitória de Lula. Após um resultado eleitoral pífio para a esquerda ortodoxa nas eleições de 2024, e com uma razoável atuação e reconhecimento no Rio Grande do Sul, Lula resolve dar “um cavalo de pau” no restante do seu governo e faz uma guinada estratégica em direção ao centro democrático. Decide repetir o Lula 1, muda a agenda e o time de seu governo, ganha tração, boa vontade e faz renascer o otimismo. O Brasil reconquista o grau de investimento, a economia e o emprego crescem de modo expressivo. Lula ganha a eleição de 2026.
Resultado incerto: ambiguidade deliberada. Pelo menos na narrativa, Lula opera com uma ambiguidade deliberada de acordo com seus instintos e hábitos ao longo de 2025. “Um dia no cravo, no outro na ferradura” Não se compromete; utiliza argumentos e atitudes dúbias. É uma aposta na continuidade da polarização, de um lado, e na esperança – repetição do quadro eleitoral de 2022 – de outro. Busca a elevação da popularidade a partir de resultados entregues à população, como uma razoável atuação do governo no enfrentamento da crise no Sul do país.
SHOW DE HORRORES, por Eliane Cantanhêde, no jornal O Estado de S. Paulo
Foi uma semana dramática para o Congresso, particularmente para a Câmara dos Deputados, que misturou personagens absurdos, decisões inacreditáveis e momentos chocantes que só pioram a imagem e a credibilidade dos políticos e da política. Que tal a profunda falta de ética em pleno Conselho de Ética, com troca de insultos, palavrões, empurrões?
André Janones e Nikolas Ferreira ameaçaram trocar chutes e sopapos, diante de celulares ávidos por momentos picantes para atrair cliques e animar as torcidas da internet. Ambos emergiram para a política e para o Congresso graças exatamente à internet, incubadora de “influencers”, “coaches” e coisas do gênero. Janones se tornou indispensável na campanha do presidente Lula em 2022, e Ferreira, na do então presidente Jair Bolsonaro, para nadar de braçadas no mar da internet, cheio de tubarões e fake news.
Também estava no ringue do Conselho de Ética um deputado chamado Zé Trovão, tão caricato quanto o próprio nome e, até pouco tempo, portador de uma tornozeleira eletrônica, além do “coach” Pablo Marçal que, apesar de ex-deputado, usava boton e ocupava assento de deputado. Todos tentando estapear todos. E a ética? Foi varrida para debaixo do tapete. É a típica “falta de decoro parlamentar”, que pode cassar mandatos, mas quem vai entrar contra quem e no próprio Conselho de Ética?
Enquanto a PF estava em campo para prender 200 foragidos do 8/1, na Câmara, atingida em cheio pela selvageria, articulava-se o oposto: a anistia dos criminosos que tentaram anular eleições legítimas e dar um golpe de Estado. A presidente da CCJ, o relator e o autor do projeto são da tropa de choque bolsonarista. E o texto, de 11/2022, “concede anistia a todos os que tenham participado de manifestações em qualquer lugar do território nacional do dia 30/11/2022 ao dia de entrada em vigor desta lei”. Para blindar, de caminhoneiros que bloquearam estradas a, preventivamente, os vândalos de 8/1/2023.
A semana teve uma surpresa: o pedido de urgência para um projeto de nove anos atrás (!) vetando a delação premiada de presos. Na época, as delações pegaram de jeito Lula e, hoje, pegam Bolsonaro. Os líderes do governo vão se virar para derrubar o pedido, com um detalhe: o autor do projeto, ex-deputado Wadih Damous, é do PT.
E o que dizer dos dois novos projetos que balançam a República? A “PEC da Blusinhas” e a “PE C das Praias”. Uma taxa as compras do que L la chama de “bugigangas” e o outro privatiza as praias brasileiras, para transformá-las em mais uma ferramenta para aprofundara já cruel desigualdade social. Tá difícil, gente !•
A GREVE É CONTRA OS ALUNOS E A SOCIEDADE, por Carlos Alberto Sardenberg, no jornal O Globo
O economista André Portela formou-se pela Universidade Federal da Bahia, em 1989. Poderia ter se formado um ano antes, não fossem as greves que atrasaram o curso. E adiaram por um ano sua entrada no mercado de trabalho.
Os professores das federais estão em greve de novo. A de agora passando de dois meses. As reivindicações são as mesmas de 35 anos atrás: reajuste de salários, planos de carreira e mais dinheiro público para as universidades.
Algo está muito errado. A greve deveria ser uma exceção, um ato radical dos trabalhadores depois de negociações fracassadas. É como se a greve continuasse a negociação, por outro meio. Por que, no caso das federais, a greve tornou-se tão comum?
Líderes grevistas dizem que a resposta é simples: os docentes são trabalhadores exercendo o livre direito de greve. Mas de que trabalhadores se trata? Certamente não é o caso de falar em “classe operária” no sentido em que o conceito aparece na literatura marxista: o proletariado explorado pelo patrão e lutando contra ele. A greve é um ataque ao capital.
Os docentes estão noutra categoria. Estão no setor público. Quem seria o patrão contra o qual lutariam? O governo? Não pode ser. O governo não é o capital explorador. É um administrador que gere recursos públicos para prestar serviços ao público, aos contribuintes. Os docentes, no sentido estrito, trabalham para os alunos e, no sentido mais amplo, para a sociedade. A educação é dever do governo perante os cidadãos.
Logo, alunos e sociedade são os prejudicados diretos e indiretos numa greve de docentes de escolas públicas. O governo parece o patrão porque, no final das contas, é o pagador dos salários e o provedor de verbas para o funcionamento das universidades. Mas o governo faz isso com o dinheiro arrecadado dos contribuintes, da sociedade.
No limite, se os docentes têm patrão, são os alunos. E estes não têm como se defender ou se proteger das greves. Simplesmente, perdem aulas, tempo de formação e chegam a perder um ano inteiro. É prejuízo para eles e para a sociedade, que paga isso tudo. E que também, como os alunos, sofre o prejuízo da greve sem capacidade de reação.
Líderes grevistas alegam que os alunos geralmente apoiam o movimento. Não é bem assim. Líderes estudantis, sim, apoiam, mas não representam o corpo discente. Formam uma minoria militante que se mantém no poder dada a indiferença da maioria — mais preocupada em estudar e se formar — e em razão de esquemas de eleição controlados.
Os líderes grevistas também são militantes da esquerda. Nas conversas com representantes do PT, alguns desses líderes queixaram-se amargamente do governo. Reclamavam: haviam dado apoio inequívoco a Lula e agora esperavam ser mais bem tratados. É assim que funciona?
O governo, de sua parte, está incomodado com a greve dos companheiros. Ideologicamente, estariam todos de acordo, mas acontece que o dinheiro público está curto. O presidente Lula convocou uma reunião com os reitores das federais para a semana que vem. Depois de dois meses de greve?
Há outro aspecto, ruim, que envolve a greve de docentes: a indiferença da sociedade. Como se fosse coisa comum, tipo, é assim mesmo nas Federais. Tem greve quase todo ano. Preocupam-se os alunos que precisam se formar para trabalhar e ganhar a vida. Preocupam-se os pais que sustentam seus filhos na escola. Mas o que podem fazer nessas circunstâncias?
Uma greve nacional, em qualquer setor da economia privada, é um enorme risco assumido pelos trabalhadores, a classe operária. Perdem dinheiro, pelos dias parados, podem até perder o emprego. Nessa circunstância, ir à greve é um gesto político forte, com potencial de desestabilizar. Docentes das universidades públicas não correm risco. Não perdem um centavo de salários e benefícios. Não arriscam empregos.
A greve dos docentes é nacional. Passa de dois meses. Líderes grevistas apreciam se apresentar como vanguarda. O tamanho político da coisa? Se mede pela reação do governo, integrado por aliados. Dois meses para começar a se preocupar.
COM QUE ROUPA? por Carlos Andreazza, no jornal O Estado de S. Paulo
Mais um projeto de incentivo à indústria automotiva foi aprovado. São décadas de protecionismo. O fracasso da competitividade agora embalado com sofisticação verde. Pela descarbonização da frota. O caô da vez. Chama-se Mover. Projeto do governo Lula. Que, sem dúvida, nos move.
Projeto do governo Dilma 3 também é o da taxação de compras internacionais até US$ 50. Assim – leio – se fará “justiça” via tributação no Brasil, pela isonomia concorrencial à indústria e ao varejo locais. Contrabando – o da taxa sobre as blusinhas – embutido no programa de carinho a industrial fabricante de carros nem artificialmente capaz de competir.
Uma coisa tem tudo a ver com a outra. Governo e Congresso optaram por botar carga no lombo de pobres e remediados enquanto requintavam o alívio à indústria automobilística. A justiça sendo feita com os justiceiros envergonhados… A justiça é impopular. O justo imposto das blusinhas malocado no pacote com novos benefícios fiscais à produção de automóveis.
Não há uma reforma tributária em curso? Por que não se discute a taxação das blusinhas na sala 171 da Câmara? Por que não se faz justiça – para início de conversa – no espaço adequado?
Não se faz justiça com desespero. Haddad, cuja PEC da Transição expirou, precisa arrecadar. Qualquer tostão vale. A grana acabou. Precisa rebater despesas que só crescem e incentivos que se multiplicam. A geração de receitas via revisão de gasto tributário – vê-se – é insuficiente. Sobram a fabricação de dinheiros e o aumento de impostos. A classe média baixa pagará a fatura.
Ninguém quer ser pai do bicho. O Parlamento fugindo das votações nominais. A tunga aprovada simbolicamente, enquanto Lula tentava colar em Lira a paternidade do monstro. O projeto é de Haddad. O presidente nada teria com a coisa. Gostaria até de vetá-la. Não foi o que se plantou? Não vetará. Mui contrariado. Fez acordo. Com Lira. Que tem acordo com os varejistas brasileiros. Que não querem – sejamos claros – concorrência na importação de produtos chineses.
E a turma a querer nos convencer de que isso beneficiará a indústria brasileira. O varejista brasileiro armando lobby para garantir a competitividade de suas importações desde a China.
Sejamos claros: a disputa é entre importadores, o projeto prosperando contra o consumidor importador direto de bugigangas. A turma a querer nos convencer de que o Brasil se desenvolverá com a população pagando mais caro pelo mesmo produto.
Conforme definiu o economista Roberto Ellery Jr., “saímos do modelo de substituição de importações para o modelo de substituição de importadores”.
Movemo-nos, sem dúvida. Andamos até tabelando o preço do arroz.
PROPOSTA QUE ANULA DELAÇÕES DE PRESO NÃO DEVE IR ADIANTE, editorial do jornal O Globo
Não pode prosperar a manobra que ganha terreno na Câmara para acabar com as delações premiadas feitas por réus presos. Num movimento surpreendente, deputados tiraram do baú um projeto apresentado em 2016 pelo então deputado federal Wadih Damous (PT-RJ), hoje secretário nacional do Consumidor.
Na época, quando as delações premiadas da Operação Lava-Jato causavam estrago nas fileiras petistas, e os acordos com empreiteiros presos ameaçavam o hoje presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PT demonizava as colaborações e queria invalidá-las. Agora, o objetivo implícito da manobra, promovida por expoentes da oposição e do Centrão, é beneficiar o maior rival petista: o ex-presidente Jair Bolsonaro, exposto pela delação de seu ex-ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid. Quem era a favor antes agora é contra, e quem era contra antes agora é a favor. A iniciativa sempre foi descabida.
A despeito das conveniências políticas de quem quer que seja, não há motivo para acabar com delações premiadas de réus presos, ainda mais de forma açodada. Nos últimos anos, esse tipo de colaboração tem sido um instrumento importante para o esclarecimento de crimes complexos. O projeto de Damous propõe que as delações sejam homologadas apenas quando o réu estiver em liberdade; que nenhuma denúncia tenha como fundamento apenas as declarações do delator; e que a divulgação de depoimentos de delatores seja punida com prisão e multa.
Proibir a divulgação de depoimentos é uma restrição sem sentido à liberdade de informação. E, evidentemente, delações de réus presos não servem como provas por si sós, como reafirmou o Supremo Tribunal Federal (STF). Elas são ponto de partida para que se acrescentem novos elementos à apuração. Precisam ser confrontadas com outras informações resultantes de investigação independente. Mas o fato de alguém estar preso no momento da delação em nada invalida o que tiver a dizer. A questão deve ser analisada do ponto de vista técnico, e não político.
O projeto não fazia sentido antes, como continua não fazendo agora. Surpreende que, engavetado há oito anos depois de rejeitado pela Comissão de Segurança Pública da Câmara, ele tenha ganhado força agora. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), pautou para a próxima semana a votação de um requerimento de urgência para acelerar a tramitação do texto. Caso seja aprovado, o projeto irá a plenário, sem o necessário debate sobre o tema.
A manobra não afeta o processo no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que tornou Bolsonaro inelegível, mas as declarações de Cid à polícia alimentaram investigações sobre o envolvimento dele em tramas golpistas, apropriação de presentes dados por autoridades estrangeiras e falsificação de certificados de vacinação. A tramitação de tudo isso entraria em xeque caso delações de presos fossem anuladas.
A proposta poderia ter implicações também na investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, que ganhou tração depois da delação premiada do ex-PM Ronnie Lessa. Há dúvidas se, caso aprovada, valeria para delações já homologadas. Em casos do tipo, a Justiça tem decidido que leis retroagem quando beneficiam os réus ou condenados. Não parece coincidência que a manobra tenha conquistado simpatia de tantos parlamentares de todas as inclinações ideológicas.
O jogo sujo e de poder do PT, Lula e da esquerda do atraso, usando a desgraça de milhares para estar no poder e controle político
O JOGO NO RS MUDOU DE FASE, por Bruno Boghossian, no jornal Folha de S. Paulo
Em 48 horas, Lula e Eduardo Leite deram sinais de que o jogo político da crise no Rio Grande do Sul mudou de fase. Na quarta (5), o governador foi a Brasília com uma lista de reivindicações. Não foi recebido em audiência e teve que se contentar com alguns minutos de tête-à-tête num evento no Planalto.
No dia seguinte, Lula deu a Leite uma carona no avião presidencial. No voo, os dois conversaram e seguiram rumos distintos. Num ato sem a presença do governador tucano, o petista fez um discurso sob medida para os prefeitos gaúchos e anunciou um pagamento para conter demissões nas empresas do estado.
O Planalto vem demonstrando um certo incômodo na relação com Leite nas últimas semanas. Após a solidariedade na etapa emergencial, auxiliares de Lula apontam o que seria uma pressão exagerada pela liberação de dinheiro dos cofres federais para iniciativas capitaneadas publicamente pelo governador.
Lula, por sua vez, decidiu estender a Leite meias cortesias. Turbinou o apoio ao estado, mas estabeleceu um vínculo direto com as prefeituras. A criação do ministério chefiado por Paulo Pimenta foi pensada, de certa maneira, para limitar a dependência da intermediação do governador no contato com municípios.
Até aqui, a busca por protagonismo não produziu caneladas violentas. Com a máquina mais forte nas mãos, Lula poderia se lembrar do elogio que fez à postura do próprio governo no tratamento dedicado a políticos de oposição. “Eu queria dizer para vocês que custa caro, para nós, sermos republicanos”, gracejou, há cerca de um mês.
Tarcísio de Freitas liberou igrejas do pagamento de impostos sobre bens importados. Nem a Secretaria de Fazenda sabe quanto custará o aceno generoso a um nicho estratégico do bolsonarismo. Poucos dias antes, o governo havia lançado com pompa um corte de benefícios fiscais chamado de “histórico”. Ninguém disse, porém, que a revisão seria secular.
A ÉTICA DOS ARRUACEIROS, editorial do jornal O Estado de S. Paulo
Diz muito sobre o atual DNA do Congresso Nacional a vergonhosa baderna que transformou o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados em uma espécie de “conselho de ética dos arruaceiros”. Na sessão que livrou o deputado André Janones (Avante-MG) da cassação pela prática de “rachadinha” – quando parte do salário de funcionários do gabinete é repassada ao parlamentar –, assistiu-se a muito mais do que a repetição da hipocrisia e da indulgência, às quais congressistas recorrem para encobrir malfeitos de colegas. Antes fosse algo extraordinário, a entrar no anedotário de uma casa de baixo prestígio. O que se viu, ao contrário, foi a realidade exposta de um desvio permanente: o Congresso Nacional, a instituição que deveria ser a sede da democracia, isto é, do respeito ao dissenso, vem sendo vilipendiado por uma ralé que não honra o voto que recebeu.
Além do insulto à inteligência alheia, com a impunidade de um parlamentar sobre quem pairavam todas as evidências, houve empurrões, xingamentos e palavras de baixo calão, e só não se chegou às vias de fato porque os valentões foram contidos.
A molecagem envolveu, primeiro, os deputados Nikolas Ferreira (PLMG) e o próprio André Janones, depois este contra o deputado Zé do Trovão (PL-SC). Já Guilherme Boulos (PSOL-SP) – que, como relator do caso, parece ter concluído que há “rachadinhas do bem” (cometidas por aliados, como Janones) e “rachadinhas do mal” (a de seus opositores) e recomendou o arquivamento do caso – bateu boca com Pablo Marçal, dublê de coach e picareta bolsonarista que, como muitos ali, ganhou notoriedade na base do ultraje.
Marçal, a propósito, nem deputado é, mas foi levado à sessão por aliados, mesmo com a ordem do presidente da comissão de permitir a presença apenas de parlamentares. Para completar o deboche, Marçal – que, como Boulos, é pré-candidato à Prefeitura de São Paulo – usava um broche de parlamentar, que somente os 513 deputados têm. Toda essa turma converteu a sessão num circo grotesco, ambiente no qual muitos deles se sentem em casa.
É isto um Parlamento? Nem remotamente. É evidente que o Congresso deve ser lugar de debates muitas vezes acirrados sobre os rumos do País, mas há limites para o acirramento, determinados pelo decoro. E o decoro não é uma escolha, mas uma obrigação daqueles que pretendem representar o povo nesse debate: não se trata apenas de respeitar aquele com quem há divergências, mas, sobretudo, de respeitar os votos recebidos pelo adversário. Todos têm legitimidade popular para estar ali e por isso mesmo devem ao menos tolerar uns aos outros.
Nos últimos tempos, porém, o Congresso Nacional parece funcionar movido pelos algoritmos das redes sociais. A transformação digital da discussão política mudou representantes que antes acreditavam em divergência com civilidade, e a tribalização da vida pública deu incentivos para a radicalização e a intolerância, que se tornaram ativos eleitorais. Não raro, usa-se a política como trampolim para a lacração, como se a prática parlamentar requeresse ser modulada pelos padrões de engajamento que se veem nas redes sociais. E o mais grave: agem de maneira a proteger colegas envolvidos em atos duvidosos, como pareceu o caso envolvendo Janones.
E assim o Congresso segue descendo a ladeira da popularidade. Num levantamento do Datafolha de março deste ano, o Congresso só perdeu para redes sociais e partidos políticos na lanterna do ranking de confiança da população, ficando atrás das Forças Armadas, grandes empresas, Poder Judiciário, Ministério Público, Presidência da República, Supremo Tribunal Federal (STF) e imprensa. Consequência inevitável de um Parlamento formado em parte por quem não pretende representar ninguém senão a si mesmo, gente que reduziu a atividade política a uma live contínua, feita para gerar cliques e insultos, sem nada a propor de bom para o País.
Boa noite.
Correção: o nome do ex-vereador Caqui é Carlos Alberto Schmitt, e não Carlos Francisco como escrito no artigo.
Bom final de semana.
Obrigado
Bom dia.
Será que conseguirão tirar o senhor Oberdan do páreo?
No comparativo, Moisés foi o melhor governador que Gaspar já teve.
Já Jorginho, só empata a nossa cidade.
Até quando iremos aceitar as atrocidades que os políticos cometem contra o POVO , exclusivamente para a manutenção dos seus planos de poder?
Oberdan é uma via, uma possibilidade de mudança na QUALIDADE de vida dos seus REPRESENTADOS.
Os outros não escondem a sua sede única e exclusivamente pelo poder.
Mais uma vez a cartada política destes cidadãos dilacerará o nosso lombo sem dó ou piedade.
A senhora acha que os que fizeram um dia Pedro Celso Zuchi, prefeito, e os que fizeram Kleber prefeito e depois anularam a competição colando Marcelo como boneco de Kleber, sem votos, vão deixar o Oberdan, ou qualquer outro se criar?
oberdan foi bom quando sustentou muitos dos que estão aí…agora é inimigo..política daqui é para macaco velho…o inexperiente só se cria se ficar de joelhos aos que apitam..isso serve de recado para outros…talvez seja por isso que alguns estão quietinhos…