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ONDE ESTÃO OS PLANOS PARA O FUTURO DA CIDADE NOS DISCURSOS E FALAS DOS PRÉ-CANDIDATOS A PREFEITO DE GASPAR? NO COFRE OU DE VERDADE, FALTAM PLANOS

Quando se lança um novo produto, ou uma nova versão dele no mercado, qualquer um – desde o dono do negócio, passando pelo criador da novidade, o estrategista e até o vendedor – sabe qual será o benefício que estará embutido ou levando para o consumidor e como este novo produto ou versão é diferente daquilo que existe ou revolucionará uma prática, um costume, um resultado seja pela inovação ou no preço competitivo.

E isso só se dá pela comunicação da novidade, dos benefícios e promessas de resultados do produto, seja pela praticidade, utilidade, necessidade, acesso e retorno do custo. Se é assim com produtos e serviços, para não ampliar o universo de analogias, é assim, praticamente com a política e os políticos, principalmente para quem quer ser um executivo: presidente, governador e prefeito. Guarde este conceito para continuar lento o artigo.

Em Gaspar, alguém viu algum declarado pré-candidato a prefeito dizer o que vai fazer se eleito? Quem verdadeiramente tem uma plataforma de governo e gestão? Nem colocar o dedo na ferida do que está aí e jurar que não vai continuar o que está se fazendo, se faz. Há exceções, reconheço e estou sendo advertido pelas bocas fechadas para não apontar essas exceções.  Estranho. Muito estranho. Cheira a enganação. Outra vez.

DAS EXCEÇÕES

Ednei de Souza, Novo, por exemplo, diz que seus cargos de confiança, se eleito, incluindo secretariado – hoje loteado inclusive para quem não conhece nada do riscado -, passarão por “uma área de contratação”, a exemplo do que o Novo faz em Joinville ou no estado de Minas Gerais, que medirá a capacidade e idoneidade do pretendente. Você eleitor, pode se candidatar a uma vaga em cargo comissionado. O governo dele não será, segundo Ednei, um balcão de empreguismo do partido, novos aliados e amigos. Legal. E como isso mudará a cidade se antes não há um plano?

O mais insinuante e agressivo, até porque precisa disso para se sobressair, é Oberdan Barni, Republicanos. Ele tem colocado dedos nas feridas de tanto que são. É o único que fala que vai combater a corrupção – como se isso fosse preciso a um político falar, mas nos dias de hoje este tema incrustou na política a tal ponto que, 22 prefeitos catarinenses estão ou estiveram presos por corrupção com mais gente a caminho. Oberdan diz que vai restabelecer a transparência, dá dicas do que fará a respeito da saúde, da educação e da promoção social, mas plano organizado, de verdade, não há.

Pedro Celso Zuchi, PT, não fala nada. Nem precisa. Primeiro se sente confortável achando que não tem adversários até seis de outubro. Segundo se conhece o que ele faz pelos três governos que fez, não fez e vingou quem ousou criticá-lo. Paulo Norberto Koerich, PL, é um silêncio só neste assunto. Aposta firme na franquia do 22, do PL, da imagem de Bolsonaro, do bolsonarismo fanático e no grupo de empresários que já elegeu Zuchi e Kleber Edson Wan Dall, MDB. E Marcelo de Souza Brick, PP? Este não pode dizer nada, inclusive que não será a continuidade do que está aí e é rejeitado em qualquer pesquisa qualitativa que se faça.

O PASSADO DÁ DICAS AO PRESENTE

Eleições são eleições. E quase todas possuem características diferentes. E os produtos que se apresentam melhor ou como novidades, têm mais chances, quando a continuidade não é mais possível, exatamente, por falta de resultados, ou má organização e estúpida comunicação para atender as expectativas do distinto público.

Atenção. Agora, há o mundo digital. Ele é um ingrediente incontrolável para criar tsunamis e imponderáveis de última hora ou irreversíveis, mesmo com toda a precaução que o Tribunal Superior Eleitoral atipicamente está criando para controlar este bicho incontrolável que são os aplicativos de mensagens e as redes sociais, estas mais fiscalizadas. De um segundo para o outro surgem bandidos, heróis e fanáticos.

Observado isto, vamos adiante.

Um dia, a cidade de Gaspar estava estraçalhada. E não precisava ir às ruas. Bastava olhar para a oficina da antiga secretaria de Obras, o “coração” da cidade” do governo de Tarcísio Deschamps e Luiz Carlos Spengler (1983/88), ambos do PDS, hoje PP, já falecidos. Uma lástima. Só sucata. Foi aí que nasceu um movimento que elegeu o professor Francisco Hostins, trazido do PDS onde estava no ostracismo político, para o PDC do deputado Francisco Mastella. Qual a proposta? Tirar a cidade do buraco. E com profissionais nos cargos de gestão da prefeitura. Quais as prioridades? Saúde, Educação e Infraestrutura.

Estamos em 34 anos depois desta entrevista (abaixo) do ex-prefeito Francisco Hostins ao comunicador Júlio Carlos Schramm, também já falecido. Mudaram as prioridades? Não!

E por que não? Porque falhamos no passado e presente, e mesmo que não se tivéssemos falhado como gestores públicos ou como eleitores e eleitoras que não souberam interromper este ciclo de vícios e erros, a cidade crescendo, desordenadamente, sem Plano Diretor revisado desde 2016. Ou seja, a Educação, a Saúde e a Infraestrutura continuam prioritárias para o desenvolvimento sustentável. E isto estamos negando a sociedade há quase duas décadas. Incrível!

Francisco Hostins dava a entrevista abaixo depois de conseguir colocar a cidade em ordem com os profissionais. Os políticos que perderam nas urnas nunca se conformaram com isso e com a escolha de Hostins, que o tinham até então como um menor. Sou testemunha de tudo isso. Inclusive da escolha dele.

E os políticos gasparenses ficaram a espreita para dar o bote no sucesso dele. E ele engoliu a isca. Já contei isso várias vezes e chamo o testemunho de Paulo Norberto Koerich, PL, então seu chefe de gabinete, se exagero em alguma coisa. Um desses profissionais, infelizmente, errou. Ao invés do prefeito punir ou sacrificar o seu assessor profissional que cometeu o erro, estimulado pelos políticos golpistas, resolveu se livrar de todos os profissionais que ocupavam cargos estratégicos dentro da prefeitura.

Mais do que isso. Hostins virou a casaca. Hostins foi para o MDB. Foi engolido pelos políticos que o embalaram a entregar a prefeitura para eles. Sacrificou, só soube mais tarde com as amargas lições do tempo, a sua imagem. E quando tentou ser prefeito novamente, as urnas puniram o prefeito de maior fama, até hoje, de bom administrador.

E Gaspar voltou ao que era antes. O eleito pela segunda vez foi Luiz Fernando Poli, PFL, punindo PP e MDB. E nunca mais saiu deste vai-e-vem imposto pelo jeito de ser dos políticos sem visão e audácia administrativa, a começar na composição e autonomia relativa do seu secretariado.

O único que tentou ser livre destes grilhões que aprisionam seus políticos conservadores, foi Adilson Luiz Schmitt (2005/08), eleito pelo MDB vencendo o PT e Zuchi -, com passagens pelo PPS, PSB e DEM. Por falta de flexibilidade, equipe -e mesmo que tivesse, não ouvia – e plano B, foi expurgado da política. Só agora, tenta voltar pelo PL. Afinal, o tempo é senhor da razão, e vem provando, que Adilson tinha ao menos visão. Não soube enfrentar os reis do atraso e dos que buscam primeiro soluções para si e não exatamente para a coletividade.

Como Zuchi venceu em 2000? Com a cidade dividida e envolta no escândalo que afastou o seu ícone de então, Bernardo Leonardo Spengler, MDB, já falecido, cujo governo foi encerrado por Andreone Cordeiro dos Santos, PTB.

Como Adilson venceu? Unindo, pela primeira vez, dois adversários até inconciliáveis: PP e MDB. Como Zuchi retornou ao poder: a cidade dividida novamente e os empresários emputecidos com Adilson. Como Kleber chegou ao poder: juventude, a mistura tóxica de igreja neopentecostal e política, bem como a decadência nacional do PT e a mesmice de Zuchi, com repetidas vinganças, abandono dos empresários, os mesmos que já escolheram outro candidato para não o ter como prefeito pela quarta vez.

Afinal, quais dos pré-candidatos possuem planos para o presente e o futuro de Gaspar? Muda, Gaspar!

TRAPICHE

Neste Dia do Trabalho, vale esta reflexão: “há quatro tipos de riqueza: 1. Riqueza financeira (dinheiro) 2. Riqueza social (status) 3. Riqueza de tempo (liberdade) 4. Riqueza física (saúde) Cuidado com trabalhos que te atraem com 1 e 2, mas te roubam de 3 e 4”. Por James Clear,, escritor norte-americano, autor de “Atomic Habits”.

Um país de futuros ignorantes ou idiotas? Uma pesquisa feita pelo Datafolha entre oito e onze de abril deste ano, repito deste ano, mostrou que 8% dos brasileiros acreditam que a Terra é plana. Outros 3% não souberam responder e os 90% restantes dizem crer que o planeta é redondo, O que impressiona, de verdade? É que no recorte da pesquisa, 10% dos respondentes dela, tinham entre 16 e 24 anos.

“Virou um monstrengo a Constituição de 1988. Monstrengo das trevas do fim do mundo, igual ao do poema de Fernando Pessoa. Remendada, desfigurada, repleta de puxadinhos, interpretada conforme as conveniências do momento, deixou de ser o guia da nação. Ela, que nasceu cidadã, se transformou em súdita de um punhado de poderosos.”, por Claudio Dantas, no Poder 360″

“O truque do PT, de tão usado, corre o risco de não funcionar mais a não ser na bolha lulopetista. Qual é o truque? Discordou do PT, criticou Lula ou seu governo, então é extrema-direita, bolsonarista, fascista”, por Augusto Franco no “X”

“É risível. É absurdo o argumento de que se trata de uma carta pessoal. Não se trata de uma carta pessoal, se trata de uma carta enviada pelo estado brasileiro ao estado russo (…) Quando o governo impõe sigilo, por tempo indeterminado que diz respeito à vontade de Lula, enquanto o cidadão Lula quiser, no fundo, o que ele está fazendo é uma pilhéria com a Lei de Acesso à Informação, porque o que está posto sob sigilo é a política externa brasileira (…) Isso é típico de uma ditadura”, analisou Demétrio Magnoli sobre sigilo posto pelo governo federal em carta enviada por Lula ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, na Globonews.

O ex-juiz Federal Sérgio Moro, hoje senador pelo União Brasil, que tanto o PT quando o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, PL, a quem serviu querem cassado, discordou: Para ele “cartas de amores e secretas são invioláveis“. No “X”

Voltando à terrinha. Um leitor, entendido em marketing para candidatos e eu respeito por isso, ligado na cidade, escreve-me a seguinte observação politico-futebolísticas, para substituir os meus textões, os quais falam a mesma coisa, mas alguns teimam em não entender.

Paulo Norberto Koerich, PL, é o Vasco. Tem dinheiro e fama, mas pode perder para o Criciúma, que neste caso seria o Oberdan Barni, Republicanos. Pedro Celso Zuchi, PT, é o Flamengo. Quem não gosta, odeia. Mas tem força para levar a disputa. O Ednei de Souza, Novo, é o Cuiabá, Atlético Goianiense e outros que farão figuração na competição. E por fim, Marcelo de Souza Brick, PP, seria o Cruzeiro, que já foi uma potência, que comprado e vendido por Ronaldo, já não empolga mais.

O vereador Ciro André Quintino, MDB, reclama e diz não entender à razão pela qual aparece sempre muito mal em todas as pesquisas a prefeito que se faz por aqui. É o que mais aparece nas fotos, nas festas, nas redes sociais, nos aplicativos, tem até um programa de rádio recheado de sorteios de cacarecos. Mas, de verdade, é mais conhecido como campeão em diárias. E agora corre para ser o que mais sai cedo da Câmara na única sessão semanal. Então…

Esta semana mais uma pesquisa rolou em Gaspar. Duas coisas chamaram a atenção. Não se faz pesquisa séria de intenção de votos, mesmo para consumo interno, como era, entre feriados. A outra é como as pessoas estão avessas a estas pesquisas. Chegam atravessar a rua para não serem abordadas.

Finalmente. Tem gente de Gaspar que está indo para Blumenau explicar coisas de metragens do contrato de limpeza e roçagem da prefeitura com a curitibana Ecosystem, interrompido bruscamente no ano passado. Tem gente candidata a vereador e até suplente de vereador torcendo para que nada disso saia em detalhes oficiais, antes de seis de outubro na imprensa.

A partir de amanhã a Expresso Presidente que atende emergencialmente e é subsidiada pela prefeitura de Gaspar, vai também fazer as linhas intermunicipais da Verde Vale, por sucateamento da frota. Uma boa notícia para os passageiros. Para a história, algo triste, de quem não se superou no tempo no seu negócio que foi exemplo por aqui. O que não está explicado é se os ônibus do Consórcio Siga, de Blumenau, com esta mudança, poderão adentrar ao Bela Vista e Belchior Baixo, no Distrito do Belchior.

Sinais de alerta. O PL de Blumenau está mastigando as diversas pesquisas internas. O delegado Egídio Maciel Ferrari, recém chegado ao partido, ainda não é unanimidade por lá na legenda e em que dá suporte nela. Aqui em Gaspar, os luas-pretas, juram que não há opções – e surpresas – além do delegado Paulo Norberto Koerich.

A suspensão, pela terceira vez, do julgamento que pede a cassação do senador Jorge Seif Júnior, PL, pelo Tribunal Superior Eleitoral na noite desta terça-feira, emitiu três sinais visíveis. Um recuo da sanha punitiva do TSE contra o bolsonarismo; um novo foco para pegar o empresário Luciano Hang; e a certeza de que cassação de Seift estraçalharia as poucas chances do PT em mínimas prefeituras, como a de Gaspar, com a estadualização da campanha de seis de outubro. Agora, este processo é uma diligência para apurar o que já devia estar bem apurado em qualquer julgamento.

O prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, faz mensagem pela troca da Verde Vale pela Expresso Presidente num ponto de ônibus onde o capim está bem crescido. O prefeito pede para conhecer o projeto integrar. Tente uma vaga. Afila de espera é de mais de 100 necessitados de assistência. E assim vai. Quem mesmo orienta essa gente? Muda, Gaspar!

O Stammtisch – o encontro dos amigos e dos políticos de Gaspar – do Cruzeiro do Vale será neste sábado na Arena Multiuso.

As nomeações na prefeitura de Gaspar dos últimos dias e publicadas no Diário Oficial dos Munícipios parece ser a composição de cabos eleitorais no funeral de uma administração. Muda, Gaspar!

Perguntar não ofende. A Arena Multiuso prefeito Francisco Hostins, devido ao litígio da prefeitura com o seu legítimo proprietário, não está “emprestada” e de “favor” ao município de Gaspar? O decreto 11.735, de 23 de abril deste 2024, acaba de majorar os preços das diárias para a utilização. O decreto que muda o 6.569 de 2015 não estampa a legalidade para esta cobrança. Hum!

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14 comentários em “ONDE ESTÃO OS PLANOS PARA O FUTURO DA CIDADE NOS DISCURSOS E FALAS DOS PRÉ-CANDIDATOS A PREFEITO DE GASPAR? NO COFRE OU DE VERDADE, FALTAM PLANOS”

  1. Para os donos dos petistas de Gaspar lerem e perceberem o quanto estão atrasados. Amanhã, trato disso. É só uma amostra daquilo que está na cara de quem parou no século 20 e não percebeu que está em meados dos anos 20 do século 21

    CONCEITO DE “TRABALHADOR” FICOU NO PASSADO, editorial do jornal O Globo

    O esvaziamento do ato das centrais sindicais em comemoração ao 1º de Maio em São Paulo irritou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Pouco mais de 1.600 pessoas compareceram ao evento na quarta-feira, o que fez Lula passar um pito em público nos organizadores. Eles não têm, porém, como reverter as transformações da sociedade brasileira, que tornaram coisa do passado o conceito de “trabalhador” tão caro a Lula e aos sindicatos — e que estão na raiz do esvaziamento.

    Um em cada quatro brasileiros hoje trabalha como autônomo ou por “conta própria”, na classificação do IBGE. Não tem patrão, muito menos vínculo com qualquer entidade sindical. Em dez anos, essa parcela da população cresceu de 20,8 milhões para 25,6 milhões. É certo que parte da tendência resulta da falta de opção de emprego, que leva muitos a fazer bicos para sobreviver. Mas é inegável o avanço de ocupações autônomas, como motorista ou entregadores de aplicativo, e da cultura do empreendedorismo. Isso fica evidente na proporção de trabalhadores por conta própria com CNPJ, que saiu de 24% em 2013 para 34% em 2023. São brasileiros que identificaram demandas de consumidores, viram oportunidades e abriram negócios.

    É uma tendência global. Nas palavras de Paul Donovan, economista do banco UBS, o 1º de Maio deveria celebrar o lucro, não o salário. As mudanças estruturais provocadas pela tecnologia pavimentaram uma nova fase para o empreendedorismo. Isso ficou claro durante a pandemia, quando muitos enxergaram na economia digital uma oportunidade.

    Em 2021, houve crescimento significativo na abertura de novos negócios tanto nos Estados Unidos como na União Europeia, especialmente empresas com até nove funcionários. Plataformas digitais de diversas naturezas criaram espaço a toda sorte de iniciativa. Não apenas gigantes como Uber ou Airbnb. Havia, segundo estudo da Organização Internacional do Trabalho, 142 dessas plataformas no mundo em 2010. Dez anos depois eram 777. Uma das citadas é uma startup britânica que emprega menos de cem pessoas, mas coordena a prestação de serviço de mais de 2 milhões de trabalhadores.

    Para Donovan, o avanço do empreendedorismo exigirá mudança na análise de economistas. “A renda dos produtores de conteúdo do TikTok aparece nos dados de lucros”, diz ele. “Mas não se trata de corporações pagando a acionistas institucionais. São indivíduos que usam o dinheiro para pôr comida na mesa. O efeito econômico do aumento do lucro nesses casos equivale a um aumento de salário. A distinção entre a poupança das famílias e a corporativa fica menos clara.”

    No Brasil, os novos “plataformizados” estão concentrados entre quem tem ensino médio completo ou superior incompleto (61%). Vendem uma variedade de produtos e serviços, alugam quartos e apartamentos ou trabalham em empresas de entregas. Em vez de participar de um evento com políticos a cada 1º de Maio, estão mais interessados em saber como o presidente e sua equipe pensam em destravar a burocracia, melhorar o ambiente de negócios ou fazer a economia crescer mais, de forma sustentada. Lula demonstra desconhecer essa realidade, e isso poderá lhe custar o apoio que esse novo trabalhador dará a quem facilite seus negócios.

  2. Conhecemos isso

    EMENDAS, LEIS E BOIADAS DO SEU POLÍTICO QUERIDO MATAM GENTE EM “DESASTRES NATURAIS”, por Vinicius Torres Freire, no jornal Folha de S. Paulo.

    O governo tem um “Atlas Digital de Desastres”, com números de mortes e prejuízos por desastres chamados de “naturais”, similares e conexos, de 1991 a 2022.

    O pior ano teria sido 2011, quando 957 pessoas perderam a vida, 955 delas por causa de “chuvas intensas”, com 553 mil desabrigados e desalojados. A maioria morreu em Nova Friburgo (420), Teresópolis (355) e Petrópolis (71), na serra do Rio de Janeiro. Em 2022, foram-se 397 pessoas, 395 por “chuvas intensas”.

    Entendidos acham que os dados são subestimados, bidu. A subestimação maior, porém, deve ocorrer porque morre muito mais gente pelo efeito difuso da combinação de ruína climática com a incompetência e a crueldade nacionais.

    Em 2022, o Banco Mundial publicou uma “Brazil Infrastructure Assessment” (“Avaliação da Infraestrutura do Brazil”). Apenas nerds de políticas públicas leem essas coisas, se tanto, mas até em relatório de infraestrutura a gente vê a desgraça do país escorrendo pelas linhas.

    A partir de 2018, a emissão de gases estufa no Brasil voltou a crescer por causa de desmatamento e uso desordenado da terra em geral. Em 2019, a emissão de gases devida ao desmatamento era 70% maior do que em 2010 (dado pescado em outro estudo, da OCDE).

    “A mudança do uso da terra, em especial em ecossistemas frágeis, indica que o resultado da exploração de recursos não-renováveis tem sido mal utilizado. Em vez de passar por um aumento de produtividade em vários setores de ‘renováveis’, o Brasil parece ficar para trás em relação a países antes menos produtivos. Além do mais, a fim de continuar a crescer, o Brasil adota comportamentos cada vez mais insustentáveis, como a conversão de ecossistemas frágeis em terras produtivas e a ocupação de terras marginais e inseguras. Em última instância, isso drena recursos fiscais escassos, degrada o capital natural e deteriora o capital social”, lê-se no estudo do Banco Mundial.

    “Desastres como enchentes, deslizamentos de terra e incêndios florestais afetam a infraestrutura (estradas, pontes, barragens) e diminuem ainda mais a produtividade. A mudança climática agrava esses desastres, mas, ironicamente, esse tipo de estratégia de crescimento (o uso desordenado da terra) também contribui para a mudança do clima por meio do aumento da emissão de gases de efeito estufa”.

    “As empresas brasileiras perdem por ano 1,3% do PIB [cerca de R$ 140 bilhões] devido a problemas na infraestrutura [piorados por eventos climáticos]. A maioria (55%) é causada por falhas na infraestrutura de transporte, a seguir na energia (44%) e no fornecimento de água (2%). A vulnerabilidade a choques relacionados à mudança climática é uma realidade para 1 de cada 5 brasileiros. Em diferentes cenários para o clima, prevê-se que o número de dias de extremo calor vai aumentar”.

    “…Os impactos na infraestrutura [dos ditos ‘desastres naturais’] são geralmente resultado de falta de preparo e de planejamento, projeto e manutenção ruins”.

    Desde a descentralização promovida pela Constituição de 1988, a população de São Paulo e Rio passou a crescer mais devagar do que a de cidades e capitais menores, menos capazes de gerir a urbanização e de oferecer serviços públicos, diz o estudo.

    “O efeito da mudança do clima aumenta por causa dessa falta de infraestrutura” e afeta em especial os mais pobres e periféricos.

    E daí? A gente pode lembrar ao deputado e ao senador em quem votou como eles estão dilapidando recursos em nada ou em obrinhas do curral onde querem pastar votos. Pode mandar um telegrama também para seu prefeito, governador ou presidente “passa boiada”; perguntar quantas pessoas as emendas parlamentares e gastos inúteis deles mataram em “desastres naturais”.

  3. Para ler, entender (isto é para poucos, infelizmente) e refletir, se ainda há este tipo de exercício intelectual, com base no conhecimento e dialética, nos dias de hoje

    O ÓPIO DOS ESTUDANTES, por Demétrio Magnoli, no jornal Folha de S. Paulo

    Tese ‘decolonial’ espalhou-se entre professores universitários e salas de aula

    “O Ópio dos Intelectuais”, obra do filósofo Raymond Aron publicada em 1955, referia-se ao marxismo e brincava com a caracterização da religião, por Karl Marx, como o “ópio do povo”. A religião laica dos intelectuais fez seu caminho até os estudantes e, bem diluída nos líquidos do pacifismo e do terceiro-mundismo, deixou uma marca nas manifestações contra a Guerra do Vietnã. De lá para cá, porém, foi substituída por outra doutrina dogmática: a tese “decolonial”.

    Assim como o marxismo, a nova doutrina espalhou-se entre professores universitários, gotejou para as salas de aula e, finalmente, emergiu no palco das manifestações contra a guerra em Gaza nos campi dos EUA. Sua síntese aparece num cartaz exposto no acampamento de protesto da Universidade George Washington: “Palestina livre. Os estudantes voltarão para casa quando os israelenses voltarem para a Europa, os EUA etc (seus lares verdadeiros)”.

    Aron apontava o fracasso moral dos intelectuais marxistas, que desprezavam a “democracia burguesa” enquanto condescendiam com os regimes totalitários do “socialismo real”. O movimento “decolonial” segue rumo paralelo, eximindo governos autoritários e organizações antidemocráticas que se apresentam como rivais do Ocidente. Nos campi dos EUA, brados estudantis misturam a reivindicação de interrupção da guerra com lemas clássicos do Hamas.

    As religiões invocam a palavra sagrada: razão transcedental. Os marxistas e os “decoloniais” invocam a História, com H maiúsculo: as “leis históricas”, no primeiro caso, ou a justiça histórica reparatória, no segundo. Mas, como as religiões tradicionais, as religiões políticas almejam a redenção – e é isso que as torna sedutoras.

    O triunfo do proletariado e o advento do socialismo assinalam a redenção marxista. A tese “decolonial”, um estilhaço da política identitária, enxerga o mal absoluto na expansão global europeia (isto é, “branca”), fonte da opressão sobre os “povos originários” e a “diáspora africana”. Para eles, a redenção não está no futuro, mas num passado mítico que precisaria ser restaurado.

    O grupo dirigente dos protestos na Universidade Columbia declara os EUA e o Canadá nações ilegítimas, formadas por colonos europeus que oprimem os negros e ocupam terras indígenas. O cartaz do acampamento na George Washington exige que os “invasores” judeus saiam do Oriente Médio. Daí, os cânticos de “Palestina livre do rio até o mar” (e, ainda, “por qualquer meio necessário”, uma senha costumeira destinada a legitimar o terror do 7 de outubro).

    A derrapagem “decolonial” dos protestos limitou o alcance da mobilização estudantil. Sonhava-se reeditar o movimento contra a Guerra do Vietnã. Não por acaso, invadiu-se o Hamilton Hall, palco de uma célebre ocupação em 1968. Há 56 anos, o movimento dos estudantes gerou passeatas imensas e uma crise política nacional. Os acampamentos atuais, pelo contrário, reuniram apenas minorias significativas. A nódoa do antissemitismo afastou a maioria dos estudantes, mesmo diante da criminosa punição infligida por Israel aos civis de Gaza.

    A tese “decolonial”, como o marxismo, oferece uma explicação unívoca sobre as injustiças sociais. Intelectuais adoram o poder de reduzir tudo a uma equação totalizante bastante simples – e os jovens, mais ainda. Contudo, o vício no marxismo tinha uma porta de saída que inexiste no ópio “decolonial”.

    O que fazer quando fica claro que a promessa brilhante do socialismo conduzia, inexoravelmente, à cinzenta realidade do totalitarismo? Havia uma saída consistente com o núcleo moral das ideias socialistas: o reformismo social-democrata. Mas para onde podem ir os jovens ativistas “decoloniais” ao descobrirem a impossibilidade de reverter a seta do tempo e cancelar o mundo nascido da expansão europeia? Resta-lhes, somente, angústia, desespero e cinismo.

  4. SOBRE DEMOCRACIA E MANDAR, por Carlos Alberto Sardenberger, no jornal O Globo

    Topo com o Millôr. Democracia, diz, é quando eu mando em você; ditadura é quando você manda em mim. Ainda pergunto:

    — Vale para qual época?

    — É universal.

    Mas, se fosse preciso escolher uma só época, esta nossa cairia bem. Ampliando o sentido da frase: quem manda acha que pode fazer exatamente o que criticava quando era oposição.

    Cai nessa categoria a fala de Lula no comício do Dia do Trabalho, quando pediu votos para Boulos, candidato a prefeito de São Paulo. Pela lei eleitoral, só poderia fazer isso — pedir voto — uma vez iniciada oficialmente a campanha, segundo as normas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Como ainda não começou, poderia, digamos, aparecer abraçado a Boulos, sem falar nada. A pena por falar é mixaria. No máximo, de R$ 25 mil. Logo, vale a pena. Todo mundo está falando do episódio, inclusive nós aqui.

    Por isso dizem que Lula fez de propósito, não por ignorância dos termos da lei. O secretário de Comunicação da Presidência, Paulo Pimenta, ainda tentou explicar. Não foi uma fala eleitoral, disse ele, mas a simples manifestação de liberdade de expressão do presidente. O presidente, como qualquer outra pessoa, deveria ter o direito de manifestar suas preferências eleitorais em qualquer momento, mesmo para as eleições de 2026. Mais: todo mundo faz isso, fala disso. Basta ver a movimentação dos candidatos à Presidência, inclusive do próprio Lula.

    A censura do TSE, entretanto, proíbe essa manifestação antes de determinado prazo. Cumprida ao pé da letra, deveriam ter sido abertos diversos processos, mas o TSE só age em casos grandes. Como esse de Lula. O que importa, entretanto, é o seguinte: o presidente, por equívoco ou de caso pensado, desrespeitou a lei em nome de seus interesses políticos.

    E daí? Nada, segue a história. A proibição do TSE continua valendo, mas poderia ser diferente. Ou a punição deveria ser escandalosamente elevada — e tanto maior quanto mais alto fosse o cargo do infrator, quanto maior fosse sua autoridade de mando — ou deixa pra lá. Libera geral.

    Eis outra versão do tema: ministros do Supremo tribunal Federal (STF) mandam bastante. Por isso deveriam atuar com sobriedade não apenas no seu trabalho específico, de julgar, mas no seu comportamento em geral. Recentemente, três ministros do STF — Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Alexandre de Moraes — participaram do Fórum Jurídico Brasil de Ideias, em Londres, promovido pelo Grupo Voto. O grupo trabalha no relacionamento entre os setores público e privado. Se quiserem chamar de lobby…

    Os participantes ficaram no hotel Peninsula, diárias de R$ 6 mil, com tudo, passagens e hospedagens, por conta do Grupo Voto, que contou com diversos patrocinadores. Quando questionados, dirigentes do grupo disseram que não eram obrigados a divulgar valores e nomes de apoiadores porque “não há verba pública envolvida”. Mas as autoridades são públicas, por isso mesmo todo o custo e eventual remuneração dos ministros, pelas palestras, deveriam ser… públicos.

    Mesmo porque, entre os patrocinadores — que o grupo escondeu, mas a imprensa, Estadão e Folha principalmente, encontrou —, estão empresas com casos no STF. A British American Tobacco (BAT) e o Banco Master, por exemplo. A BAT também tem pendências e interesses em assuntos regulados pelo governo — e também participaram do evento os ministros Ricardo Lewandowski, da Justiça, e Jorge Messias, da Advocacia-Geral da União. Também não prestaram qualquer informação.

    Um dos patrocinadores informou que, entre outras coisas, tratava-se de viabilizar a palestra do ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair. Tá bom, mas não seria mais barato e mais prático trazer Blair para o Brasil e hospedá-lo em hotel ainda melhor que o de Londres?

    Por certo, todos aqueles que mandavam antes, no governo anterior, muitos dos quais já encrencados com a Justiça, estão reclamando justiça, transparência etc. E tem uma outra coisinha. Os ministros do STF ficaram na Europa para participar de outros eventos. Aproveitaram o feriado de 1º de Maio para enforcar quatro dias supostamente úteis.

  5. A seletividade humanista da nossa esquerda do atraso não resiste a um exemplo

    A VONTADE DE PUNIR, por Helio Schwartsman, no jornal Folha de S. Paulo

    A esquerda precisa definir aquilo em que acredita. Quando um bolsonarista fala em reduzir a maioridade penal, a esquerda, com razão, rejeita a proposta. E o faz com base na ideia de que crianças e adolescentes, por serem sujeitos em formação, devem receber da Justiça um tratamento menos rigoroso que o dispensado a adultos. Daí não decorre que jovens não devem responder por ilícitos ou violações éticas que cometam, mas apenas que as sanções tenham caráter mais educativo do que retributivo.

    Essa é uma das raras situações em que as leis brasileiras encontram amparo na ciência. O córtex pré-frontal, a área do cérebro responsável pela tomada de decisões complexas e pelo controle da impulsividade, é a última a amadurecer, o que só ocorre por volta da segunda década de vida.

    Basta, porém, que a falta cometida integre a lista de crimes que a esquerda considera hediondos para que as ideias humanistas acerca da moderação punitiva sejam esquecidas. Foi o que vimos agora no caso de racismo numa escola frequentada pela elite paulistana. Parte dos autointitulados progressistas exigiu a expulsão sumária —a pena máxima no âmbito acadêmico— das meninas que perpetraram o ato racista.

    O que as garotas agressoras fizeram é grave e precisa gerar consequências. Mas, se achamos que a contenção sancionatória deve valer até para homicídios, parece óbvio que precisa abarcar também crimes com consequências menos definitivas, por maior que seja a repulsa que estes nos provoquem. Podemos ir um pouco mais longe e afirmar que, se a função precípua da escola é educar, a expulsão priva tanto a vítima como as ofensoras de transformarem o episódio numa oportunidade de aprendizado e crescimento, o que é possível recorrendo aos princípios da justiça restaurativa. Pelo que li, é o que a escola procurava fazer até o caso tornar-se público e converter-se em mais um capítulo das guerras culturais.

  6. CRISE DO RIO SE DEVE A MÁ GESTÃO, NÃO A DÍVIDA, editorial do jornal Folha de S. Paulo

    Com argumentos mais que duvidosos, o governo do Rio de Janeiro apelou ao Supremo Tribunal Federal para que sejam suspensos os pagamentos da dívida do estado com a União até que a administração federal renegocie seus termos.

    O governador fluminense, Cláudio Castro (PL), quer dar “fim aos desmandos e à conduta abusiva da União Federal”. A dívida seria “impagável” por causa de “taxas leoninas”, entre outras cobranças indevidas, como se lê no texto da ação.

    Castro alardeia que pode deixar de pagar salários e fornecedores em 2026 caso seu pleito não seja atendido. Recorde-se que, entre 2015 e 2017, o governo do Rio deu calotes do tipo por meses.

    O mandatário, na prática, chantageia o governo e o Supremo com a ameaça de nova baderna, que poderia respingar na imagem de autoridades federais.

    Das situações teratológicas de irresponsabilidade fiscal nos estados, a do Rio é das mais aberrantes, ao lado das de Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

    Entre 2011 e 2017, a despesa fluminense com pessoal teve elevação real de cerca de 100%, ante média nacional de 31,6%, segundo boletim estatístico elaborado pelo Ministério da Fazenda. Ao final desse período, a rubrica chegava a 72,5% da receita corrente líquida.

    Houve aumento de gastos permanentes nos anos de alta excepcional de arrecadação de impostos e direitos relativos ao petróleo. Com a recessão e a queda do preço da commodity, houve crise tão aguda como previsível.

    O peso do funcionalismo chegou a baixar após o pico, mas voltou ao perigoso patamar de 60% da receita no ano passado. A fim de cobrir o déficit previdenciário, o Rio gastava 22% de sua receita em 2022, mais do que qualquer outro estado.

    No final dos anos 1990, a União assumira as dívidas impagáveis dos estados, numa renegociação vantajosa para estes, em troca de pagamentos parcelados por décadas.

    Com o início da recessão de 2014-16, o conluio de governo federal, Congresso e governadores resultou em novos perdões de dívida, que ocorreriam até 2017. Mesmo assim, o Rio continuou quebrado. Aderiu naquele ano ao Regime de Recuperação Fiscal, que outra vez refinanciou o estado em troca de um plano de acerto das contas públicas. Sem resultado, é evidente.

    O serviço da dívida equivalia a meros 3% da receita fluminense no ano passado, um dos menores níveis do país; de 2020 a 2022, ficou entre 1% e 1,6%.

    Não está aí a causa do desastre financeiro recorrente do estado. Sem reforma profunda, renegada faz mais de 25 anos, não haverá solução. O perdão contumaz dos irresponsáveis, porém, alimenta a ideia de que o crime fiscal compensa.

  7. LULA O RISCO DO “DATAPOVO” PRECOCE, por Vera Magalhães, no jornal O Globo

    Lula não conseguiu esconder a irritação por ter sido levado a uma roubada. Se ele próprio advertira, como discursou, que o evento do 1º de Maio seria esvaziado, por que aceitou participar? Se reconhece que havia pouco a anunciar, de novo, por que dar essa sopa ao azar? E, por fim, diante do cenário adverso, a cereja do bolo foi pedir voto para Guilherme Boulos e sair do ato com uma multa por propaganda eleitoral antecipada espetada na conta. Desastre total.

    O presidente da República ainda tem dois anos e cinco meses de mandato até a eleição. A pior cilada em que pode cair é começar a disputar público, se lançar no “datapovo” com Jair Bolsonaro. A começar porque o antagonista está inelegível. Ao cair nessa esparrela, Lula prorroga e amplifica o prestígio do adversário como cabo eleitoral e a campanha que o ex-presidente e aliados já empreendem no sentido de causar uma comoção popular pela reabilitação eleitoral.

    As aglomerações que Bolsonaro provoca nos aeroportos e eventos que convoca, sabe-se desde 2017, são obtidas à custa de uma diligente mobilização digital, empresarial e logística. Têm, claro, um componente orgânico, como evidenciam as pesquisas de apoio ao ex-presidente, mas também grandes doses de arregimentação minuciosamente cuidada.

    A tendência é que, mais e mais, o ex-capitão aposte nesses flashmobs em terminais aeroportuários e nesses atos em capitais do país como forma, também, de pressionar o Judiciário a não prosseguir com os inquéritos contra ele, que se aproximam da reta final, como lembrei na minha última coluna neste espaço.

    Ao se lançar numa disputa pueril para ver quem reúne mais apoiadores, Lula corre o risco de ficar com a foto de eventos esvaziados, como no último feriado. E aí a farra narrativa comerá solta nas redes, evidentemente.

    O presidente da República dispõe de eventos oficiais e de inúmeras oportunidades menos arriscadas para se comunicar com o eleitorado e mostrar as realizações de sua administração, quando elas existirem e se sustentarem.

    Não foi, sob nenhum critério, o caso do ato do Dia do Trabalho, que, para culminar, ainda suscita uma inevitável comparação com os tempos em que o Lula líder sindical, ou mesmo o presidente do primeiro e segundo mandatos, reunia multidões em eventos nessa data simbólica para o partido que fundou e lidera.

    O discurso de Lula forneceu fartas amostras de incômodo com a plateia esvaziada e de como o próprio petista relacionou isso à inevitável comparação com Bolsonaro. Ao incluir na fala críticas ao prefeito Ricardo Nunes e ao governador Tarcísio de Freitas, a quem chamou de “adversários”, e pedir o mesmo número de votos a Boulos que a cidade deu a ele próprio em 2022, o presidente antecipa desastrosamente uma competição com Bolsonaro pelo papel de maior padrinho eleitoral na disputa municipal, risco que ele não precisa correr com tanta antecedência em relação a sua própria reeleição.

    Lula usou o expediente de chamar para si a responsabilidade por eleger Dilma Rousseff e Fernando Haddad, chamados em 2010 e 2012 de seus “postes”, terminologia pejorativa que, no entanto, foi assumida pelo marketing, numa clara tática de transformar limões em limonada.

    Mais de dez anos se passaram, São Paulo tem sido bipolar nas inclinações à direita e à esquerda, a depender da eleição, e Boulos tem características que aumentam a rejeição a ele na cidade e deveriam ser trabalhadas pela própria campanha antes de o presidente mergulhar na tarefa de tentar alavancar sua candidatura, sob pena de colher não apenas prejuízo financeiro, mas, sobretudo, mais desgaste de imagem quando deseja justamente recuperar popularidade.

  8. LULA E OS FÓSSEIS DO SINDICALISMO, editorial do jornal Folha de S. Paulo

    Mostrou-se um fiasco a comemoração do Dia do Trabalho patrocinada pelas centrais sindicais governistas na capital paulista, que contou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

    No ato em que afrontou a lei eleitoral e pediu votos para o pré-candidato a prefeito Guiherme Boulos (PSOL), o mandatário mal disfarçou seu incômodo com a meia dúzia de gatos pingados que se dispôs a compor a plateia no feriado ensolarado. Lula reclamou da falta de mobilização do governo para atrair mais público.

    O desabafo, como num ato falho psicanalítico, revela o mecanismo por trás da ruína do sindicalismo brasileiro. Não cabe teoricamente a governos cooptar associações representativas dos trabalhadores quando elas são o resultado da livre organização da sociedade civil.

    Mas no Brasil, desde o varguismo, a simbiose entre Estado e sindicatos tem sido uma regra duradoura.

    A Constituição de 1988 estabeleceu monopólios setoriais e territoriais para a atuação de sindicatos. Nos primeiros mandatos, Lula estendeu o imposto sindical para as centrais. Em 2023, o Supremo Tribunal Federal facilitou o desconto de contribuições assistenciais na folha salarial dos trabalhadores.

    Ao longo de décadas, o artifício serviu para enriquecer e proteger as oligarquias que se apoderaram dos cartórios de representação oficial dos trabalhadores, mas fracassou, por obsolescência, no objetivo de representar de fato as aspirações de milhões de brasileiros que atuam num mercado de trabalho que passa por intensas transformações desde o final do século 20.

    O ato desta quarta-feira (1º) foi um resultado anedótico desse esvaziamento. A bisonha proposta do governo petista de regular o trabalho por aplicativos pelo molde varguista —repelida fortemente pela própria categoria que pretende proteger— atesta a permanência da dissonância cognitiva.

    Pesquisas começam a indicar que a reforma trabalhista aprovada na gestão de Michel Temer (MDB), atacada pela retórica ultrapassada do esquerdismo, pode ter contribuído para a queda do desemprego no Brasil. O clamor pelo desembaraço das amarras da burocracia nas relações de trabalho tornou-se uma plataforma popular.

    Também por explorar esse flanco dos anseios do eleitorado, a direita se apresenta como a única corrente no Brasil atual capaz de mobilizar multidões espontaneamente em suas manifestações. A esquerda perdeu as ruas, e isso deveria soar como alerta máximo nas hostes do lulismo.

    Ou as forças políticas em torno do PT se atualizam, inclusive nos temas relacionados ao trabalho, ou correrão mais riscos de ser derrotadas nas próximas eleições.

  9. Miguel José Teixeira

    Sobre os “planos para o futuro” das “otoridades”, na PeTezuela prevalece a máxima:

    “Com o andar da carroça as abóboras se ajeitam”

    E mesmo quando, eventualmente, apresentam propostas mirabolantes, não conseguem executá-las.
    Vejam o caso do expresidi/atualpreside lula: na campanha, prometeu isenção do imposto de renda para quem ganha por mês, até R$ 5.000,00.
    Com toda a pompa e cara de pau, no Dia do Trabalhador, no célebre evento que ficou conhecido como “mortadelapalooza”, sancionou a lei isentando do IR quem ganha até apenas R$ 2.824 mensais! E a corja vermelha ainda comemorou!

    E assim caminha nossa democracia, salva pela “otoridades” e cúmplices de todas os matizes!

  10. NUDEZ CASTIGADA, por Willian Waack, no jornal O Estado de S. Paulo

    Quando a maré baixa, dá para ver quem estava nadando pelado. A maré lá fora está baixando e os agentes econômicos passaram a ver pouca roupa na política fiscal de Lula 3.

    A rigor não há nenhuma novidade – os mais realistas nunca compraram o arcabouço fiscal como um instrumento capaz de equilibrar as contas públicas de maneira satisfatória. E sabem que governos populistas preferem gastar do que cortar.

    A “maré baixa” vem de um problema criado pelas principais economias do Planeta e que está assustando. É o tamanho da dívida pública de países como Japão e Estados Unidos e da Europa associada ao alto custo de sua rolagem, com juros mais altos durante mais tempo.

    Essa dívida age como um enorme sugador de liquidez, em detrimento de países emergentes e os de baixa renda. Dando relevância a quatro critérios que sempre estiveram presentes, mas agora sob consideração especial. Qual a trajetória da dívida em relação ao PIB? Qual a capacidade de arrecadação para equilibrar contas e servir a dívida? Qual o potencial de crescimento da economia? Qual a qualidade do gasto público?

    Nesses quatro quesitos as notas do Brasil não são das melhores, admitiu o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em recente entrevista. A curto prazo, o fator que mais preocupa é o da arrecadação, pois o tratamento das contas públicas no Lula 3 foi apoiado na receita e não em um ajuste fiscal limitando também despesas.

    O dilema político é dos mais severos e compõe o pano de fundo do atual choque entre Legislativo e Executivo. Um grupo importante de especialistas em contas públicas afirma que sem aumento da carga tributária não haverá equilíbrio dos números: as receitas extraordinárias já se esgotaram enquanto os gastos vão subir. E o governo tem cada vez menos espaço para gastos discricionários.

    Independentemente dos méritos/deméritos de uma política pública como a desoneração da folha de pagamento, descrita pelo presidente do BC como “vender o almoço para comprar meia janta”, a queda de braço do governo com as casas legislativas em torno dessa questão espelha o fato de que os mais variados setores da economia manifestam não ter como pagar mais impostos, sem prejudicar sensivelmente o nível de emprego.

    A saída do que hoje é um claro impasse seria possível apenas pela rota de um robusto crescimento da economia, que implicaria agendas mais abrangentes, além da atual proposta pelo Lula 3, tão calcada na expansão do gasto público. O problema é que na política fiscal montada para apoiar isso, toda nudez será castigada.

  11. Se você ler até o fim, parece que você está lendo sobre o que acontece no Brasil, não apenas nas universidades, mas nas nossas escolas de base. É o fim da dialética de quem diz que ensina o diálogo, mas para prevalecer nas suas ideias, recorre as armas, ou seja, a força e a ignorância de quem mais mete medo e tem poder de intimidação material. Vale a pena ler este textão, até para se informar melhor.

    “MEIN KAMPUS”: A LOUCURA ANTISSEMITA NAS UNIVERSIDADES, por Catarina Rochamonte, em O Antagonista

    Como entender esse extremismo estudantil que incorre em um dos ódios mais arraigados da história, o ódio contra os judeus? Como compreender o aumento exponencial da intolerância justamente dentro do ambiente universitário?

    As Universidades foram tomadas, nas últimas semanas, por acampamentos de manifestantes radicais pró-Palestina. Os estudantes em protesto não defendem apenas um cessar-fogo em Gaza, mas, como pode ser constatado em inúmeros vídeos difundidos pelas redes sociais, clamam pela aniquilação de Israel com urros e gritos de ordem e agridem verbal e fisicamente estudantes judeus que ousem lhes confrontar ou entrar no Campus.

    Como entender esse extremismo estudantil que incorre em um dos ódios mais arraigados da história, o ódio contra os judeus? Como compreender o aumento exponencial da intolerância justamente dentro do ambiente universitário, que nasceu com a missão de libertar o pensamento humano de suas amarras dogmáticas, sejam elas teológicas ou ideológicas?

    Um artigo do autor e colunista Ross Douthat, publicado no jornal The New York Times e traduzido pelo jornal brasileiro Estadão nos dá uma pertinente interpretação: o problema está no currículo das universidades, naquilo que os jovens são obrigados e estimulados a ler nas Instituições de Ensino Superior.

    O currículo de ciências humanas da Universidade de Columbia

    Segundo o analista político americano, na porção do currículo básico da Universidade de Columbia que lida majoritariamente com a ciência política, as leituras pré século XX seguem padrões tradicionais como Platão, Aristóteles, Agostinho, Hobbes, Locke, Rousseau, Maquiavel e leituras complementares sobre a conquista das Américas, a Declaração de Independência, a Declaração dos Direitos dos Cidadãos dos EUA, etc. Mas, então, diz ele, chega o século XX e é aí que o caldo entorna:

    “De repente o escopo se estreita, restringindo-se a preocupações progressistas e somente a essas preocupações: anticolonialismo, sexo e gênero, antirracismo, meio ambiente. Frantz Fanon e Michel Foucault. Barbara Fields e o Coletivo Combahee River. Reflexões sobre o comércio escravagista transatlântico e como a mudança climática é um ´déjà vu colonial´.”

    Embora algumas dessas leituras valham a pena, o foco exclusivo nessas questões, em detrimento de outros problemas ou mesmo de outras perspectivas para abordar os referidos problemas mostra evidentemente um “conjunto de compromissos ideológicos muito específicos”. Para compreender o mundo posterior a 1900, explica Ross Douthat, os alunos de Columbia só leem textos de uma perspectiva da esquerda contemporânea:

    “Nas leituras do século 20 presentes no currículo de Columbia, a era do totalitarismo simplesmente se dissipa, deixando a descolonização como o único grande drama político do passado recente. Não há Orwell nem Solzhenitsyn; nem os ensaios de Hannah Arendt sobre a Guerra do Vietnã; e os protestos estudantis nos EUA estão no programa, mas não ´As Origens do Totalitarismo´ nem ´Eichmann em Jerusalém´.

    Também estão ausentes leituras que trariam à luz ideias que a esquerda contemporânea tem combatido: não há nada sobre neoconservadorismo, certamente nada sobre conservadorismo religioso e também não há nenhuma análise sobre o liberalismo em todas as suas variantes. Não há Francis Fukuyama, nenhum debate sobre o “fim da história” [….] E nenhuma leitura coloca foco em aspectos tecnológicos ou espirituais do presente nem oferece críticos culturais com alguma perspectiva não progressista — nada de Philip Rieff, nem Neil Postman, nem Christopher Lasch.

    […] Conservadorismos de qualquer tipo estão naturalmente fora de questão. Manejos centro-esquerdistas também soam como vender a si mesmo. Não há nenhum caminho claro para lidar com muitos dos principais dramas do nosso tempo.”

    Uivo de raiva

    Nesse ponto, faço uma digressão para indicar outro bom artigo publicado recentemente sobre as manifestações em Columbia. No texto “A howl of rage against civilisation” (um uivo de raiva contra a civilização), o analista político britânico e colunista da revista Spiked, Brendan O’Neill escreveu:

    “Quão tolos fomos ao pensar que a educação poderia libertar os jovens da obscura ignorância do passado. Hoje em dia, foram os mais instruídos, os habitantes da academia, que permitiram que o ódio mais antigo do mundo os dominasse. Podemos agora ver as consequências de ensinar os jovens a serem cautelosos em relação à civilização ocidental e a tratar tudo o que é “ocidental” como suspeito e perverso. Tudo o que lhes resta é a atração da barbárie, a crença demente de que até a selvageria pode tornar-se louvável se o seu alvo for ´o Ocidente´.”

    Vejam que ambos os artigos mostram a relação de causa e efeito entre um currículo no qual os jovens são condicionados a odiar o Ocidente e o aparentemente incompreensível caos atual provocado nas universidades pelos estudantes radicalizados, que, sob pretexto de defenderem a paz em Gaza, alastram como um barril de pólvora um antissemitismo cada vez mais ostensivo e uma intolerância cada vez mais doentia.

    Voltemos, porém, para o artigo do Ross Douthat, que aborda o problema do currículo acadêmico de Columbia, que certamente é semelhante ao de grande parte das universidades ao redor do mundo. O autor chama atenção para o fato de que os jovens estão sendo expostos a uma leitura reducionista da realidade em um mundo extremamente complexo: “a mudança climática é onipresente, mas o ativismo ambiental deve ser mesclado de algum modo com ação anticolonial e antirracista.” Esse é o limitado horizonte de análise no qual o jovem universitário de Columbia e de outras universidades está sendo formado. Trata-se de um “estreitamente intelectual e histórico dramático” cheio de consequências.

    Israel como bode expiatório e o antissemitismo como virtude

    A primeira consequência desse embotamento intelectual em massa da juventude é uma espécie de mistificação e simplificação das coisas, que usa as relações de poder de um passado distante mal compreendido para entender o século XXI: “se você estiver disposto a simplificar e aplainar a história — especificamente a história do século XX — é mais fácil fazer essas preocupações caberem na questão Israel-Palestina. Com sua posição incomum no Oriente Médio, sua fundação relativamente recente, sua relação próxima com os EUA, seus assentamentos coloniais e sua ocupação, Israel acaba figurando como bode expiatório para pecados de finados impérios europeus e regimes supremacistas brancos”, escreve o articulista do New York Times.

    Para ele, reconhecer “que Israel é um tipo de inimigo de conveniência para uma visão de esquerda que sem isso fica sem correspondências no mundo real para suas teorias” não é pretexto para eximir o governo israelense de falhas e poupá-lo de críticas, é, sim, uma chave interpretativa para explicar porque o atual conflito em Gaza teve tanta repercussão enquanto outras guerras são ignoradas e porque essa suposta comoção em torno da crise humanitária em Gaza descamba “tão rapidamente da crítica para a caricatura, da simpatia aos palestinos para narrativas favoráveis ao Hamas, da condenação às políticas de Israel para o antissemitismo”.

    O que está por trás dos atuais protestos antissemitas nas maiores universidades do mundo é a vitória momentânea de determinadas ideias, de uma visão de mundo empenhada em encontrar inimigos e que agora “agarra-se a Israel com uma sensação entusiástica de vingança”, que cede facilmente ao ódio. Esse espírito de vingança do nosso tempo é audacioso e desavergonhado porque acredita poder se passar por virtude.

    Esse é o ponto enfatizado pela escritora Joanna Williams em seu artigo “How anti-Semitism became a virtue on American campuses” (Como o anti-semitismo se tornou uma virtude nos campi americanos), publicado na Spiked.

    Ao comentar o caso das ex-reitoras de Harvard e da Penn – que, interpeladas no Congresso americano mostraram-se relutantes em reconhecer que apelar ao genocídio de judeus violava os códigos de conduta institucionais – Joanna Williams destaca que, com frequência, o antissemitismo não é contestado pelos gestores universitários e que, tendo em vista esse endosso acrítico, os protestos estudantis “são menos um desafio à ideologia da elite e mais uma demonstração prática de valores institucionais”.

    Diversidade, equidade e inclusão?

    A diversidade, a equidade e a inclusão (DEI) se tornou, segundo a autora, a ortodoxia universitária, mas, paradoxalmente, estas políticas supostamente antirracistas não estendem a proteção aos judeus:

    “É tentador gritar hipocrisia, mas isso tira o foco. Não é verdade que a política de identidade que alimenta as iniciativas da DEI simplesmente tenha um ponto cego para o povo judeu. Muito pior, ao classificar os judeus como “hiper-brancos” e, portanto, racialmente privilegiados, a política de identidade na verdade legitima a intolerância antijudaica”, explica a colunista da Spiked e continua:

    “Desde o início da sua educação, os estudantes de hoje absorveram uma compreensão grosseira de que as pessoas podem ser classificadas em diferentes grupos de acordo com a cor da pele, gênero e sexualidade, sendo que cada grupo tem um estatuto distinto como privilegiado ou oprimido. Exercícios inspirados na teoria crítica da raça, concebidos para levar as crianças a verificarem os seus privilégios, acompanham aulas de história que encorajam os alunos a insistirem apenas na vergonha das antigas potências coloniais. Em vez de considerar os ganhos da era dos direitos civis, os alunos são ensinados a ver a injustiça racial como um continuum sem fim, que vai da escravatura às leis Jim Crow e termina com o assassinato de George Floyd”.

    Iludidos

    Segundo a autora, as instituições de elite da América absorveram essa mensagem. Os seus estudantes, doutrinados na visão de que o mundo pode ser dividido entre opressores e oprimidos, foram ensinados a odiar o seu país. Notem que, em várias das manifestações recentes, bandeiras dos Estados Unidos foram queimadas pelos próprios estudantes americanos ou arrancadas de seu mastro e substituídas por bandeiras da Palestina. Essa loucura é a consequência de anos de internalização de uma cultura de ressentimento e culpabilização do Ocidente. É nesse quadro de ódio difuso e demência coletiva que se inserem as atuais manifestações estudantis antissemitas:

    “Neste contexto, alinhar-se com os palestinos e demonstrar hostilidade a Israel faz todo o sentido. Permite que os alunos se identifiquem com um grupo oprimido e se distanciem da sua própria nação e cultura. Não é surpreendente que tal sentimento possa facilmente descambar para o antissemitismo. Os estudantes têm sido iludidos ao pensar que quanto mais extremas forem as suas exigências para a abolição de Israel, e quanto mais vil for o seu ataque aos judeus, melhor demonstrarão a sua própria virtude. Terrivelmente, o antissemitismo passa a ser visto como uma posição moralmente virtuosa”.

    O processo de assimilação dessa doutrina antiocidental perpassa todos os âmbitos culturais e pretende retroagir nas conquistas da civilização, abrindo cada vez mais espaço para a mentalidade revolucionária.

    O espírito transgressor dos jovens precisa de outros estímulos. É preciso saber conduzir e canalizar o ímpeto juvenil para causas verdadeiramente nobres. Odiar a própria civilização, clamar pelo extermínio de um povo e pela aniquilação de um país soberano definitivamente não deveria ser uma causa pela qual lutar.

  12. Esta é a prova de que os sindicatos que querem recriar mais impostos contra os trabalhadores formais para a farra da guilda, PT, esquerda do atraso, Lula, Janja, Gleisi, Pimenta, Amorim, Padilha, Rui Costa e outros não saíram do século 20. E já estamos nos anos 20 do século 21.

    LULA CHEGA AO 1º DE MAIO COMO PROTÓTIPO DE TEFLON ÀS AVESSAS, por Josias de Souza, no portal UOL

    Há o que celebrar no Dia do Trabalhador. Segundo o cadastro geral de empregados e desempregados, foram criados 719 mil empregos com carteira assinada nos primeiros três meses do ano —33,9% a mais do que no primeiro trimestre de 2023.

    O IBGE informou na véspera que a taxa de desemprego foi a menor num primeiro trimestre em dez anos (7,9%). Os salários mínimo e médio crescem acima da inflação. Quase tudo melhora, exceto a popularidade de Lula e do governo.

    De acordo com a mais recente pesquisa do Datafolha, a linha da aprovação do governo Lula, em viés de baixa, empatou tecnicamente com o traço da rejeição: 35% a 33%.

    Lula tenta despiorar sua situação tocando os bumbos da lei da igualdade salarial entre homens e mulheres, um direito ainda restrito ao papel; da isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil, um compromisso de gogó; e da regulamentação do trabalho por aplicativo, um projeto mal recebido por congressistas e por motoristas uberizados.

    Na culinária, o teflon revelou-se um material utilíssimo. Evita que restos de comida grudem no fundo da panela. Na política, um governante com estilo teflon cuida para que nenhum problema cole na sua imagem. Com Lula 3 ocorre algo diferente.

    O presidente que nasceu dentro dos sindicatos chega ao Dia do Trabalhador com a pele antiaderente às boas novidades surgidas no mundo do trabalho. Com a popularidade em declínio, Lula virou um protótipo de teflon às avessas. O que é bom não lhe gruda.

  13. ARGUMENTOS MIRABOLANTES, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

    O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, quer escapar do pagamento da dívida do Estado com a União, que passa dos R$ 190 bilhões. Para isso, adotou a estratégia de ofender a inteligência alheia.

    Para começar, Castro alega que a União não é banco e, por isso, não poderia cobrar juros sobre o dinheiro emprestado. No máximo, poderia atualizar os valores pela inflação. Ou seja, o governador do Rio quer caracterizar a dívida que o Estado tem com a União como um negócio de pai para filho, em que o pai (no caso, a União), que paga juros de mercado para tomar dinheiro, não cobra juros sobre o empréstimo que fez ao filho.

    Na mesma linha, o sr. Castro quer jogar no colo da União a responsabilidade por ter fornecido crédito ao Rio para financiar as obras relativas à Copa do Mundo de 2014 e à Olimpíada de 2016. Ao recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF), o governo do Rio alega que a União sabia que o Estado não tinha condições de honrar o compromisso, uma vez que a classificação das contas estaduais na ocasião eram as piores possíveis. Se o fez, é porque o governo federal tinha interesse nas obras; logo, o ônus deveria ser repartido entre Estado e União.

    De fato, o governo federal, à época entusiasmado com a realização da Copa e da Olimpíada no Brasil, moveu mundos e fundos (sobretudo fundos) para bancar o delírio lulopetista segundo o qual os dois eventos mostrariam que “o Brasil saiu do patamar de segunda classe e entrou no patamar de primeira classe”, como salientou em 2009 o então presidente Lula da Silva. Mas isso não anula o fato de que o Rio participou alegremente do delírio e deve pagar a conta.

    Como um dos Estados mais endividados da Federação, o Rio de Janeiro aderiu em 2017 ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) pactuando regras, juros e prazos de pagamento. No ano passado, o governo federal já aceitou revisar o acordo, a pedido de Castro, devido à alteração na alíquota do ICMS sobre combustíveis, energia e telecomunicações.

    A forma despudorada com a qual o governador, ao final das contas, pleiteia o perdão da dívida parece ser uma estratégia para ganhar tempo e obter salvo-conduto para novas despesas. De acordo com o acompanhamento do Tesouro Nacional, de 2021 – ano em que Castro assumiu o governo após o impeachment de Wilson Witzel – a 2023, o Rio registrou alta na folha de pessoal superior a 30%, mesmo submetido a um regime que restringe duramente esse tipo de gasto.

    Não à toa o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, se diz preocupado com a ação do Rio no STF, sobretudo pelo precedente que pode abrir para novos questionamentos de entes subnacionais. Afinal, a fila de endividados, tanto Estados como municípios, é grande, e o estratagema embute a ideia de suspender os pagamentos enquanto durar a negociação. Ora, não é difícil imaginar a quem interessa estender ao máximo as conversas.

    De qualquer forma, parece óbvio que não é o serviço da dívida o centro dos problemas fiscais do Rio. O problema é o espírito perdulário.

  14. Esta manchete em Gaspar seria: PSDB, o Incrível partido que desapareceu. E seu presidente é Jorge Luiz Prucino Pereira, com aval das lideranças que sobraram em Blumenau e Florianópolis. São todos iguais como Jorge? Não! Mas, responsável pela decadência e indecência. Em Gaspar, quem se rebelou, ou ofereceu alternativas, contra a manipulação do partido personalíssima, que o levou ao lixo?

    PSDB, O INCRÍVEL PARTIDO QUE ENCOLHEU, por Hélio Schwartsman, no jornal Folha de S. Paulo

    Em 2020, o PSDB elegeu 523 prefeitos em todo o país; hoje tem 310, uma queda de 41%. Em termos de vereança, a situação dos tucanos é só um pouco melhor. Antes da última janela que permite a legisladores eleitos pelo sistema proporcional trocar de legenda sem sofrer penalidade, o PSDB somava 55 vereadores nas 26 capitais de estados; hoje são 39, queda de 16%. Detalhe vexatório, os tucanos perderam todos os representantes que tinham na Câmara paulistana.

    Mesmo considerando que no plano municipal é frequentemente a política local e não a nacional que dá as cartas, não há como deixar de notar a decadência do PSDB. É especialmente notável o contraste com o pleito de 2016, quando os tucanos, beneficiados pelas denúncias de corrupção contra o PT e pela recessão de Dilma, conquistaram 807 prefeituras, incluindo a de São Paulo, em que João Doria venceu o então prefeito Fernando Haddad já no primeiro turno.

    O ocaso do PSDB ainda precisa ser mais bem estudado por cientistas políticos. Minha hipótese é que os tucanos, embora mantivessem uma fortaleza inexpugnável no estado de São Paulo, eram principalmente uma agremiação federal, que disputava com o PT a hegemonia em eleições presidenciais. E pleitos majoritários juntam os eleitores que de fato acreditam no partido ou no candidato com aqueles que o escolhem por julgá-lo o mal menor.

    O PSDB, ao contrário do PT, não tinha muita cara ideológica nem cultivou uma militância dedicada. Mostrava-se competitivo porque era o ônibus no qual embarcavam todos aqueles que não queriam ver o PT no comando. Funcionou bem até 2018, quando surgiu Jair Bolsonaro, um candidato antipetista que veio com um discurso extremista, mas capaz de mobilizar emoções políticas de uma forma que os tucanos nunca quiseram ou nunca conseguiram. Some-se a isso os muitos erros cometidos pelas lideranças do PSDB e o resultado foi o incrível encolhimento do partido.

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