O assalto espetacular – e manchete até internacional – ao Banco do Brasil, em Criciúma, é a imagem mais emblemática contra a inteligência em si, bem como contra os núcleos, ações, ferramentas e integração da Segurança Pública estadual. E olha que se vinha de outra ação operacional bandida semelhante no Aeroporto Quero-Quero, de Blumenau.
Estes dois episódios não antecipados pelos serviços de inteligência das forças e aparatos de segurança catarinenses, e ainda não totalmente esclarecidos – ou porque a polícia diz que precisa segredar para desvendar, ou porque cumpre a Lei de Abuso de Autoridade, ou porque ainda corre atrás da armação bandida -, contrastam com os números que o até hoje presidente do Colégio Superior de Segurança Pública e Perícia Oficial, o Delegado Geral de Polícia Civil, Paulo Norberto Koerich, acabou de divulgar ao passar o bastão do colegiado para o Comandante Geral dos Bombeiros Militares, Coronel Charles Vieira.
Esses resultados têm a mão do gasparense Koerich? Pode ser! Ele tem método. Estabelece-se em equipe. É obstinado. São números expressivos? São! Difíceis de serem mantidos? Só Coronel Vieira poderá responder daqui a um ano quando também passará a função-líder (presidente) do colegiado ao Chefe da Perícia no rodízio desse experimento de gestão na área Segurança. Os catarinenses de bem e pagadores de pesados impostos esperam por números ainda menores ou melhores.
Mesmo com o crescimento populacional, a brutal migração (choque de valores, cultura e oportunidades); o aumento das áreas urbanas desassistidas ou desestruturadas socialmente; e a expansão e o embrutecimento das organizações criminosas e principalmente do tráfico de drogas, os indicadores criminais divulgados nesta segunda-feira não deixam dúvidas do controle, do avanço preventivo (inteligência), bem como o repressor, quando comparados com 2019. Vejam.
Homicídio (698-690); em 2017 foram, por exemplo, 987. Feminicídio (58-57). Latrocínio (28-19); em 2015 foram 71. Lesão corporal seguida de morte (15-14); em 2017 foram 26. Mortes violentas (819-807); em 2017 foram 1.155. Roubos (11.302-9.118); em 2016 foram 19.026. Furto (104.048-84.232); em 2017 foram 115.711. Furto e roubo à instituição financeira (131-63); em 2014 foram 548. Violência doméstica (61.506-60.445).
O único número que aumentou foi o de confrontos policiais: de 78 para 84. Ou seja, mais repressão, mais presença ostensiva.
Estes números são, acima de tudo, reflexos de políticas e lideranças. Estatisticamente elas se mostraram acertadas. Quando Koerich foi nomeado Delegado Geral houve surpresas no mundo político, principalmente por ele não ser uma “estrela midiática” (como técnico ele não é um bom comunicador). Não foi surpresa, todavia, exatamente para os que o conheciam nos resultados profissionais, fato que salientei no artigo que escrevi quando da sua escolha.
A outra surpresa ficou por conta da modelagem que o governador Carlos Moisés da Silva, PSL, deu à segurança catarinense, surpreendendo o próprio meio policial e político, antes da própria imprensa.
Carlos Moisés criou um colegiado e o fatiou na liderança aos quatro pilares da pasta: Polícia Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros e Perícia Oficial num senso de integração. Os dois primeiros anos (com o coronel Carlos Alberto de Araújo Gomes Júnior – já na reserva – pela PM e agora com Koerich, pela PC) dessa experiência se mostraram bons nos números para os catarinenses.
Eles é que fortalecem o governo nessa ousada e “inovadora” ideia. Ela ficou sob dúvidas quando foi anunciada.