Surpreendentemente, o vereador Cleverson Ferreira dos Santos, PP, mostrou na sessão ordinária da Câmara de Gaspar da semana passada, mais do que uma indignação. Provou que o secretário de Educação, o jornalista Emerson Antunes – e por extensão o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB que avalisa tudo isso -, está refém das pautas progressistas implantadas nas escolas municipais, vejam só, ao tempo do prefeito petista, Pedro Celso Zuchi.
E faz mais de cinco anos que Zuchi não governa. Ele foi substituído foi por Kleber, coincidentemente, irmão de templo de Cleverson. Aliás, quatro de mais de cinco anos devem ser debitados a outra vereadora, a educadora Zilma Mônica Sansão Benevenutti, MDB, a que fez o Ideb cair antes mesmo da pandemia e se elegeu mesmo assim. Impressionante! Estamos cercados de falsos profetas.
Cleverson provou também que Emerson – defendido por ele com unhas e dentes, depois do secretário se meter em várias “roubadas” por aqui, onde é passageiro bisbilhotando o quintal das escolas públicas estaduais – não está fazendo, vejam só, a lição na sua própria casa, para a sua ideologia, para os conservadores e para os irmãos de Templo, ou os evangélicos neopentecostais naquilo que acreditam ser o certo.
Pudera. Afinal, o tempo é o senhor da razão nos erros, já sinalizava conhecido ditado.
Emerson é um curioso na área, é indicado pelo seu padrinho e o novo prefeito de fato de Gaspar, o deputado por uma corrente evangélica Ismael dos Santos, de Blumenau, na vaga de secretário que foi reservada ao PSD de Gaspar, partido, aliás, que está minguando cada dia mais por aqui, a tal ponto do vice-prefeito Marcelo de Souza Brick não acreditar no partido e migrar para o Patriota e lá, oportunisticamente, quer tentar melhor sorte.
O que indignou Cleverson?
Que algumas escolas municipais de Gaspar – e ele não as nominou, talvez por falta de coragem – proibiram a comemoração do “Dia das Mães” na semana passada, inventado por uma mulher que, diga-se, nem mãe foi, mas queria homenagear a sua, e ao final, ficou fula da vida quando viu que a intenção e a data foram apropriadas pelo comércio e virou como é hoje depois do Natal, o melhor época de negócios. Para encurtar: ela até quis até reverter, mas não deu em nada.
Voltando.
Esta pauta de não homenagear as mães no Dia das Mães nas escolas municipais de Gaspar, é algo do PT, dos progressistas, de uma interpretação própria da pedagogia do oprimido, ou da ação antidialógica, pelos seguidores do educador Paulo Freire (1921/97).
Com ela, Zuchi – que é candidato a deputado estadual -, sem muito alarde, fez com que datas comemorativas como dia dos “Pais”, “Mães”, “Crianças”, Páscoa, Natal entre outras fossem sumindo das tarefas pedagógicas e sociais nas escolas daqui.
Foi proposital. Eu já comentei aqui naquele tempo e sob o silêncio sepulcral de conservadores, de gente comum e não doutrinada, e até os que agora, se arvoram na igual tão perigosa pauta de costumes, ou até no armamento de gente que nem dinheiro para comprar o pão de cada dia possui. E nessa aventura está contraditoriamente, o próprio vereador que de acordo com a conveniência mistura bíblia e armas.
Retomando mais uma vez.
O que mostra tudo isso? Como falhou absurdamente Kleber na Educação.
É visível como Kleber não achou um ponto de equilíbrio nisso tudo em mais de cinco anos de mandato: nem a abolição do radicalismo de um lado e nem no outro extremo conseguiu se impor na pauta de costumes.
Pior do que esta percepção clara: falhou no principal, ou seja, o beabá na transferência de conhecimento a crianças e adolescentes, como mostrou miseravelmente Ideb por números estatísticos contra o futuro de crianças e adolescentes.
O que exala tudo isso? Que a secretaria de Educação no governo de Kleber – seja com Zilma ou Emerson – é apenas a passagem de educadores com vestidos de políticos ou curiosos, sem liderança, sem planos e resultados, numa pasta de maior orçamento, fundamental para uma sociedade.
A coisa é tão degradante que até indigna os próprios pares de apoio, convicção e templo de Kleber. I-na-cre-di-tá-vel!
Os que não querem as datas comemorativas em suas escolas além de mandarem bananas para o secretário, prefeito e à comunidade onde estão inseridos e a que servem, como servidores que são,, alegam que se deve respeitar a minoria, pois nem todas as crianças possuem pais, ou mães conhecidos, outros nem presença, amor e acolhimento deles recebem, não podem acreditar exatamente num Deus e por ai vai, incluído a miséria em que muitos poderiam supostamente estar metidos e isso geraria um sentimento de discriminação e exclusão quando das comemorações.
Eu não sou contra esta avaliação. Ela tem o seu valor. Eu, por exemplo, não me sentia excluído naquilo que não fazia parte de mim. Eu fazia as minhas escolhas e me incluía quando percebia cheiro de discriminação.
Entretanto, reconheço que isso não é a regra. E há fragilidades. E a inclusão traz embutida como premissa, o reconhecimento delas. E com elas, há necessidade real de ajuda e não de nova exclusão, como defendem os progressistas em discurso fajuto para abolir datas comemorativas nas escolas como parte do saber, da sensibilidade, do diálogo, do conhecimento e da reflexão que vai acontecer, de uma forma ou de outra, para todos os alunos no seu caminhar pela vida.
Mas, não, preferem inventar um novo mundo irreal e utópico, que confrontado, só vai criar mais desânimo e injustiças.
Retomando e encerrando.
Supondo que tudo o que se diz para não comemorar datas como o Dia dos Pais e das Mães seja verdadeiro, ou seja, a proteção dos que não possuem pais e não e não acreditam em Deus, ele é ao mesmo tempo contraditório.
Ao invocar essas teses ideológicas dos que dizem defender a pluralidade, a diversidade e a inclusão elas, na prática, praticam à exclusão.
Que tal começar pelo básico de que todos nós temos pais e mães, conhecidas ou não biologicamente, que temos pais e mães afetivos melhores ou não que os biológicos, e que temos gente que abandonou seus próprios filhos por “n” razões, que isto foi circunstancial e psicologicamente degradante, fato que por si só, seria uma lição, no mínimo, a ser questionada.
Ou seja, pedagogicamente deveria nos dias de hoje, diante das novas realidades ser amplamente debatido, como algo que não poderia acontecer a novas gerações, aos que sentem isto como uma ausência irresponsável e ao mesmo tempo emocionalmente danosa para suas vidas.
Como escreveu o próprio Paulo Freire na “pedagogia do oprimido”: e uma das condições necessárias a pensar certo é não estarmos demasiado certos de nossas certezas
Irresponsável é simplesmente abolir datas comemorativas como estas.
Elas, no mínimo, deveriam servir para reflexão entre adultos, crianças e adolescentes. Esses adultos acadêmicos, pedagogos e políticos “inteligentinhos”, para usar a expressão de Luiz Felipe Pondé, já se perguntaram aos seus alunos, se eles querem abolir a comemoração e a discussão, que unilateralmente esses “inteligentinhos” decidiram como o melhor para todos?
Pois é Cleverson. A sua indignação é o claro e ao mesmo tempo, o pior atestado que você mesmo dá contra o seu governo em algo muito sensível e visível em Gaspar. Você mais uma vez lavou a alma de muita gente abismada como a Educação foi relegada a um escritório sem dono.
Kleber neste caso figurado é o pai que faltou ao seu filho. E o vereador, neste mesmo caso, corre o sério risco de ficar órfão de pai vivo. Acorda, Gaspar!
TRAPICHE
Perguntar não ofende. O que a secretaria de Desassistência Social, tocada pelo PP, no jogo de ocupação política do governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, PP, fizeram para os andarilhos e o povo de rua para superar o frio? Avisados pela meteorologia estavam há mais de dez dias.
“Esperteza quando é demais ela come o dono”, dizia o ex-primeiro ministro Tancredo de Almeida Neves. Um experiente do setor, observa que os políticos praticamente não possuem lotes nas áreas de loteamentos problemas ambientais em Gaspar. Ou seja, sabiam o que faziam.
A Clínica Trinca Ferro, com lance de R$320,00 para cada procedimento, ganhou a licitação para fazer a castração de animais de rua, ou em abrigos particulares, indicados pela própria prefeitura, a que não possui uma área especializada de zoonoses.
Isso vai dar um total aproximado de 160 castrações. Este número é ridículo, mas é melhor do que nada. De cara, seria preciso no mínimo mil castrações. Esta ação da prefeitura, na verdade, é para criar uma cortina de fumaça às exigências do Ministério Público e no caso que rola na Justiça.
Aliás, a prefeitura já meteu a mão no bolso para completar a despesa de salvamento de um cão de rua feito pela PM na semana passada, no Mirante? Do custo de R$2.500,00 numa clínica de Blumenau, a população numa vaquinha virtual já tinha conseguido a metade da despesas.
Perguntar não ofende: a vereadora Mara Lúcia Xavier da Costa dos Santos, PP, a Mara da Saúde, e agora pré-candidata deputada estadual, concorda que os postos de saúde fechem em pleno dia de atendimento para reuniões interna, sem que antes os doentes e necessitados sejam avisados previamente?
Aliás, Mara fez uma indicação ao governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, para que ele compre bicicleta para o trabalho dos agentes de saúde. Mara já foi uma delas. Interessante a proposta, sem olhar custos, implicações jurídicas de responsabilidades etc e tal, muito comum nesses casos e que invalidam às boas ideias.
Mas, o que se descobriu na argumentação de Mara? De que há muito agente para pouco atendimento. Há 70 agentes e eles fizeram pouco mais de 200 mil visitas no ano passado. Parece muito? Contas daqui e dali, mostram que dez visitas em média por dia para esses 70 agentes. Este tipo de produtividade levaria a falência a qualquer empresa que tivesse que prestar este tipo de serviço. Antes que me culpem, a conta foi da Mara.
E para encerrar este laço frouxo e cheio de prováveis nós na Educação em Gaspar como relatei no artigo de abertura. O cônsul da Áustria veio apresentar um projeto de escola bilingue para a educação daqui. O que significa isso? Que estamos muito, mas muito atrasados neste assunto.
E tem gente na Educação e no governo de Gaspar que exibe e se orgulha desse atraso e que exclui da competitividade de futuras gerações. Contribuem para a exclusão, o emburrecimento e a perda da auto-estima. Impressionante.
O que deveria ser a manchete? Consul da Áustria vem a Gaspar conhecer o estado avançado de escola bilingue, fica admirado e elogia a administração. Impossível esta manchete. E por quê. Nem o mínimo e óbvio temos como o contraturno, escola integral, muito menos a bilingue.
Falta de dinheiro não é e isso é sempre ressaltado pelo prefeito e vice, como recentemente argumentaram para comprar milionariamente o terreno da Furb. Mas, faltam, com certeza, prioridade, competência e até piedade, para dizer o mínimo. Acorda, Gaspar!