Dezembro chegou. E o “papai noel” frustrou o principal presente pedido pelo vereador Ciro André Quintino, MDB: ser pré-candidato a prefeito por seu partido. Está nas suas redes sociais como mostra a foto de abertura deste artigo. É também a prova de que populismo forçado frusta que não o representa na sua essência. É mais outra prova de que marketing é uma ciência e quando nas mãos de curiosos e amadores, produz desastres.
Este fato, a queda de Ciro no jogo pela busca do poder, passou quase despercebido por muitos, na manobra desesperada e a apressada armada há duas semanas pelos políticos no poder de plantão para reeditar a “coligação” MDB, PP, PSD, PDT e PSDB com aparente festa na consolidação à corrida eleitoral do ano que vem por aqui.
Ela teve, aliás, “a concordância” do espaçoso vereador Ciro, o que já se intitulou como sendo das “massas” – ou seja, querido pelo povão – vendido até então, por isso, supostamente, como candidato a prefeito pelo MDB, numa pré-campanha sem precedentes. Os seus planos foram para o espaço em questão de segundos. E o anúncio da “reunião” de partidos em preparação ao que se anunciaria mais tarde para a escolha do vice-prefeito Marcelo de Souza Brick, tornou-se uma clara facada profunda em seu peito, planos e campanha que vinha de longa data.
Nada pelas costas. É que o próprio MDB de Gaspar ficou sem saída. Tornou-se tão fraco para a disputa do ano que vem, numa premonição sem tamanho, feita pelo seu ex-presidente e ex-prefeito de fato, Carlos Roberto Pereira. Ele, não escondia, nas sucessivas declarações que colecionou até então abandonar a barca, que tinha como meta a de imitar o partido em Blumenau. Lá sobraram histórias. Nem vereador o MDB conseguiu eleger mais. Agora, está querendo importar o deputado e delegado Egídio Maciel Ferrari. Ele se elegeu pelo PTB e que nem existe mais.
Ciro está em plena recuperação desta “facada” dos jogos políticos que não perdoam nem os mais espertos. Vende otimismo por fora enquanto “curte” uma derrota daquelas dentro dele próprio. E está, ao mesmo tempo, à espreita de qualquer acidente pelo caminho e que possa inviabilizar a pré-candidatura anunciada por sua coligação com o emprestado ao PP, Marcelo de Souza Brick. Aguarda a candidatura a vice. Talvez, nem isso.
Marcelo caiu do caminhão de mudanças do PSD – que usou e abusou por aqui – e vagava perdido num tal Patriotas – que nem existe mais -, tinha ficha assinada no PL numa manobra do deputado Ivan Naatz, PL, de Blumenau. Entretando, esta candidatura importada foi rejeitada por quase a totalidade dos que estão filiados no PL daqui e de parte de Florianópolis, incluindo a que está no entorno do governador Jorginho Melo, PL.
Marcelo foi abrigado no PP – sob a resistência dos históricos – na última semana, exatamente para dar o partido, acéfalo de candidatos competitivos, o mando do jogo aos que estão aí há sete anos e ainda não disseram à cidade a que vieram. Estão em maus lençóis, segundo as pesquisas que orientaram esse pessoal. E qual a regra para esta escolha? Pesquisas onde o governo do reeleito Kleber Edson Wan Dall, MDB, e do próprio Marcelo, aparecem mal. E não é de agora, não.
Voltando. Antes, todavia, é preciso apontar um laço comum de equívocos do MDB e PL gasparenses. O MDB trocou de comando e a deu a vereadora Zilma Mônica Sansão Benevenuti a adaga de Salomão para salvar as candidaturas do partido. O PL fez a mesma coisa com Bernardo Leonardo Spengler Filho. Um já se sabe o resultado. O outro…
Retomando.
Nenhum outro político nos últimos anos fez mais marquetagem intencional para ser reconhecido pelos partidos e a cidade como pré-candidato a prefeito de Gaspar em outubro do ano que vem do que o vereador Ciro. Um falso populista. Se não se cuidar, entretanto, nem a vice desse grupo e que é a posição prometida ao seu MDB, ele poderá levá-la. E mais uma vez, só as circunstâncias, negociações e pesquisas com o único objetivo de vencer, dirão. E lá por junho do ano que vem ele saberá se Ciro perderá até o saco vazio do seu papai noel.
Por enquanto, Ciro é um arrebenta votos contra ele mesmo. Todo esse movimento que ele fez, deu-lhe, na verdade, uma percepção enviesada ao eleitorado gasparense contra ele. Se perceber a tempo, poderá lhe servir apenas para tentar a mais um mandato de vereador. Ela gira em torno de 900 votos. E se há dúvidas, é só conferir a contagem da última eleição dele, bem como, quanto, como cabo eleitoral, ele nesta condição conseguiu para os deputados Jerry Comper, MDB, de Ibirama, e Carlos Chiodini, de Jaraguá do Sul e presidente estadual do MDB.
Ciro deixou de ser um campeão de votos como já foi no passado, pois no imaginário do eleitor, o que Ciro é mesmo, é um campeão de diárias. Uma troca mal calculada e que está cobrando um caro o seu preço na sua imagem ainda mais de um que se vestiu no populismo. As “massas” não gostam de político gastão.
Ciro é um caso a ser estudado e uma amostra de mau assessoramento, de velhice na apresentação do produto para um novo público, ou de atos de altos riscos, repetidos, que foram corroendo a sua credibilidade perante os eleitores e eleitoras. Pior, não ampliou este eleitorado. Agora, qualquer correção, parece ser tarde. Advertido, estava. Antes, um parêntesis: Ciro não está sozinho neste exemplo marqueteiro, ou na esperteza silenciosa, esperando o circo pegar fogo para ocupar o picadeiro em lona e arquibancadas destruídas.
A pergunta essencial no eleitorado e principalmente dos que podem lhe apoiá-lo financeiramente, ou dos que se armam nas contrapartidas é: qual a experiência administrativa de Ciro possui dentro e fora do ambiente público? Nenhuma! Quem o cerca e por quê? Quais os sinais claros que deu para uma mudança e ser diferente do que está aí? E mesmo assim quer se prefeito da cidade onde é governo e até o capim domina ela? Como se nota, está devendo respostas.
Ciro é aquele amigão de todos. Mas, é pouco. E trabalha contra o próprio político que quer pular de patamar. Ele, mesmo diante de recados cifrados, não costuma dizer não. Por outro lado, também enrola e não enfrenta os que criam problemas para os cidadãos e cidadãs, nem traz na solução.
Ciro possui um programa de rádio há anos. Aliás, não só ele. Mas, Ciro é um chacrinha mandando beijos, abraços, elogiando todos e tudo, sorteando bugigangas, qualquer outras guloseimas e até recebendo queixas que finge não escutá-las. É pouco. Não se renovou. Mesmo com um espaço nobre de comunicação, Ciro não pode colocar o dedo nas feridas da cidade. Não disse ao menos como faria diferente se tivesse – e tinha – o poder nas mãos. É que ele estava e está amarrado ao sistema, mas que agora é esse mesmo sistema, que não dominou, não domou é que lhe retira o ar dele. E a audiência caiu, ao menos no registro das redes sociais associadas à transmissão.
Inventou uma Kombi para ser seu “gabinete móvel”. Teve, de cara, dois problemas: o primeiro é que isso pode ser um crime eleitoral se arguido por concorrentes na Justiça Eleitoral no tempo de campanha; o segundo é que isto custa dinheiro, precisa de estrutura e caminhos na burocracia para concretizar à maior parte das demandas ou ao menos fazerem eles andarem, mesmo se não fizesse assistencialismo – e que é o modo de melhor “funcionar” esses “gabinetes móveis”.
E nos bolsos de Ciro só há escorpiões. Precisaria de “doações” contínuas e elas não vieram nem como promessas intermitentes. Mais, do que isso: essa Kombi seria um confessionário das mazelas da cidade e que deixaria Ciro mais exposto na falta de condições de dar soluções aos queixosos, ou na cobrança ao amigão Kleber.
Ciro usa e abusa do marketing e das redes sociais. É uma salada mista. Até nisso, falta-lhe foco para resultados.
É papai noel, é padrinho do Tupi, é promotor de churrascos, de confrarias, das festas de comunidades, produtor de papelinhos, invasivos nas visitas em qualquer lugar público, pendura-se em fotos de santos e santas, é discursante em qualquer ambiente. As redes sociais é o que mais produz conteúdo. Está exposto como poucos. E mesmo assim não deslancha. Virou figurinha repetida.
Reinventou, com apoio dos pares de Legislativo, também metidos em busca de votos e satisfações aos eleitores e eleitoras, às pressas, neste ano, as tais sessões itinerantes da Câmara pelos bairros. E para não ser mais um tiro n’água, que percebeu na primeira, abusou nas demais de um truque manjado: as homenagens para atrair público nas localidades e inibir as queixas contra o poder de plantão, e até à falta de representação dessas comunidade pelos vereadores amarrados na tal Bancada do Amém (MDB, PP, PSD, PDT e PSDB).
Ciro até se vestiu de ciclista para supostamente atingir um público e mostrar por outro lado, a cidade que poucos a conhecem por inteiro. Mas, o verdadeiro, o Obelix, vai melhor do que ele sob qualquer ponto que se olhe e se compare os dois. Inclusive no marketing e alcance das redes sociais.
Contudo, o que pegou contra Ciro? Um rosário. E não é segredo. Desfio uma dezena desse Terço, apenas.
Entre eles estão os acordos para ser presidente da Câmara já no tempo do voto aberto, pois no tempo do voto secreto, ele foi o campeão de viradas. Conspirou à falta de transparência; foi outro ato fatal. Mais. Foi solidário fundamental para que a Bancada do Amém, pelo mais longevo dos vereadores, José Hilário Melato (presidente dela), PP, e Roberto Procópio de Souza (relator dela) PDT, escondesse da cidade, a CPI da pizza com sabor do “desconheço”. Ela tentou apurar o que estava em áudios cabulosos revelados à cidade pelo ex-faz tudo e irmão de templo do prefeito Kleber, Jorge Luiz Prucino Pereira, ainda presidente do PSDB de Gaspar, hoje um consultor com ampla influência nos bastidores do Paço Municipal.
O que pegou é a principal marca dele? Aumentou – mesmo negando e sob disfarces – custos e a estrutura da Câmara nas suas gestões. Mas, principalmente, como se tornou um campeão de diárias. Até esta segunda-feira pela manhã, dia 11 de dezembro, o portal da Câmara contabilizava R$20.301,00 para ele só neste ano de R$133.241,00 pagos, numa cifra nunca antes disponibilizada a vereadores e funcionários da Câmara de Gaspar. O vice-campeão de diárias é o novato Alexsandro Burnier, PL, com R$9.730,00. Em terceiro, Melato com R$6.450,00.
Para Ciro que deixou correr tudo frouxo, sem experiência administrativa, atendendo os políticos, suplementando os próprios gastos do Orçamento da Câmara para comunicação – na última sessão foi mais uma Projeto de lei de R$70 mil que se retirou de uma rubrica fake chamada de construção de prédio próprio da Câmara – gastando como poucos no ambiente público e distribuindo agrados, foi a fórmula perfeita que murchou a sua candidatura a prefeito.
Ou a assessoria dele não teve coragem para dizer a ele que isto teria conseuências e teve, ou Ciro ignorou as recomendações mínimas prudenciais. E assim se auto descredenciou nos seus planos e sonhos. Agora, choraminga e arruma culpados, que não ele próprio. De verdade? Quem o matou foi a sua própria coligação quando viu as próprias pesquisas
O que mostra tudo isto, por outro lado?
Que parte dos eleitores e eleitoras está acordada, tanto que foram as pesquisas – e ele patrocinou várias e não as soube lê-las corretamente – que o derrotou. E se está a cidade está acordada, da mesma forma, o pré-candidato oficial do MDB, PP, PSD, PDT e PSDB, Marcelo está advertido de que este papel de bom menino, que também nunca administrou nada, que não possui planos e em que áudios antigos revelam incoerências e ambiguidades, vai em algum momento o engolir também.
Pior. Este grupo já provou, e não é de hoje, que pelo poder, vaidade e vingança, é capaz de deixar os seus pelo caminho. Cada um ao seu tempo. Simples assim! Acorda, Gaspar!
TRAPICHE
Os pais ausentes I. Recebi uma enxurrada de queixas e relatos, mas vou dar crédito ao vereador Francisco Hostins Júnior, MDB, e que está de muda para o PL. Na Câmara, ele lamentou a ausência dos pais nas eleições para a escolha dos diretores dos colégios estaduais em Gaspar. Isto vai permitir que o governo do estado, indique de forma política, e com gente estranha à comunidade, estes diretores em quatro dos seis educandários daqui. Politica e educação misturados mais uma vez. Renegou-se uma autodeterminação da própria comunidade escolar. Vergonha.
Os pais ausentes II. Só no Colégio Frei Policarpo, no Belchior Alto, no Distrito do Belchior, e no Arnoldo Agenor Zimmermann, no bairro Bela Vista, este índice mínimo de comparecimento dos pais nas eleições e conjugados com os demais critérios, foram atingidos. Adriana Schmitz Wagner e Maria Terezinha da Silva, foram, respectivamente, eleitos novos dirigentes desses educandários. A secretaria de Educação do governo do Estado terá ainda que validar o processo eleitoral.
Os pais ausentes III. No mais antigo e tradicional colégio estadual de Gaspar, no critério mínimo de comparecimento dos pais, foram 20% lá votar. Pior. Sem conscientização e mobilização, houve queixas dos perdedores para as supostas interferências políticas, partidárias e ideológicas que poderiam comprometer o sistema pedagógico em implantação, ou evolução nos educandários. Resumindo: não fizeram a lição de casa, com as regras na mão e estão se queixando da inércia e incompetência deles próprios? É isso? Impressionante.
Os pais ausentes IV. Este burburinho de maus perdedores e cidadãos é um retrato preocupante. E por quê? Falharam os pais naquilo que é essencial para a educação e futuro de seus filhos, como o de conhecer e se interessar pela escolas de seus filhos: Ivo D’Aquino (38% de comparecimento); Frei Godofredo (20%) e Marina Vieira Leal (36%). E os políticos não se emendam. Na Câmara, “corajosos” vereadores pediram para que se levasse ao governador Jorginho Melo, PL, o pedido, para jogar as regras claras, pré-estabelecidas deste jogo, no lixo, em favor da omissão dos próprios pais e da comunidade que não se mobilizou para que isso não fosse um problema. A eleição apenas o escancarou a ausência dos pais neste processo e a distância da escola para com eles.
Gaspar ausente I. Uma denúncia de que um carro da secretaria da Assistência Social de Gaspar cedido à Oscip Ação Social e Cidadã estava num domingo, com vara de pescar, em suposto desacordo com as finalidades dele, fez a presidente da entidade, sem fins lucrativos, que, basicamente, vive de doações particulares e coordena três abrigos de crianças, jovens e adolescentes em situação de risco na cidade, em ambiente de alta complexidade, Maria Terezinha Lanznaster Spengler, por sua iniciativa, ir à Câmara dar explicações. Fez bem.
Gaspar ausente II. A denúncia foi feita dias antes pelo vereador Dionísio Luiz Bertoldi, PT. Ele mostrou, inclusive, o vídeo, feito por um morador de Gaspar. E o assunto ganhou repercussão – e polêmica – nas redes sociais. Eu conheço este trabalho desde há muito quando ele foi torpedeado pelo PT na briga muito particular de vingança e desproporcionalmente insana que o partido e o ex-prefeito Pedro Celso Zuchi travaram contra a ex-juíza da vara da criança e adolescência, Ana Paula Amaro da Silveira e que ficou por aqui por longos onze anos.
Gaspar ausente III. Não vou entrar no mérito tanto da denúncia, como do uso do carro num ambiente de lazer e que se quer punir quem tenta integrar, em momentos de lazer, em horas de lazer, alguém que o grande problema é não possuir uma família estável – ou até mesmo responsáveis por afinidades – que lhe dê esta oportunidade de lazer. Vou a uma informação crítica, aparentemente despretenciosa da própria Maria Terezinha e que passou despercebida. Ela retrata a omissão dos gasparenses: 90% dos que doam e fazem esta Oscip sobreviver e existir em Gaspar, vem de Blumenau.
Gaspar ausente IV. Há meses, em artigo um específico aqui, registrei, que me impressionava como em Blumenau, o assistencialismo voluntário tinha um viés de inclusão mais útil e verdadeiro a crianças, adolescente e até jovens. Não era apenas de esmolas e sobrevivência alimentar.
Gaspar ausente V. Lá, que possui escolas públicas em tempo integral, contraturno e até com línguas estrangeiras, como revelou uma série de reportagens da NSC Blumenau, o acolhimento das múltiplas entidades filantrópicas assistenciais na periferia problemática e em auxílio ao que se faz com o mesmo viés pelo poder público, estava exatamente focado em reforço escolar, na ampliação do conhecimento, em atividades de integração sociais e comunitárias via o esporte, a preparação para o mercado de trabalho, além, naturalmente, o da alimentação.
Gaspar ausente VI. Não me surpreende mais, que notícias e lamentos como as do vereador Francisco Hostins Júnior, MDB, filho de um educador e ex-prefeito, mostrando o quanto os país estão distante das escolas, mas de seus próprios filhos na busca de um futuro melhor para eles. O que me surpreende é que nada mudou em Gaspar nestes longo tempo todo, mesmo diante de dilemas e exemplos que estão ao nosso redor e que mostram resultados bem melhores para superar estes dilemas e fragilidades da sociedade em mutação.
Gaspar ausente VII. O que me surpreende, negativamente, é que uma organização dedicada a inclusão e proteção de menores em Gaspar, cidade vendida como rica, feita de políticos mensageiros da fé cristã e metidos como os melhores do mundo, tenha que sobreviver em papel essencial de inclusão social a crianças, adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade, com doações de gente que nem daqui é, mas que enxerga no trabalho da Oscip algo essencial e sério para ser uma sociedade menos doente e fraca aos já fracos.
Gaspar ausente VIII. E isto é um retrato do governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, PP, e agora vestido de continuidade daquilo que parou no tempo, tanto que nem a simples manutenção da cidade é mais feita. Perguntar não ofende a uma secretaria ocupada por um curioso, vindo de Blumenau, por indicação politica e religiosa, o jornalista Emerson Antunes, PL, na Educação: quantas escolas em tempo integral, ou com contraturno temos aqui? Por que faltam tanto auxiliares de sala de aula, fundamentais para a inclusão?
Gaspar ausente IX. Ao PP que loteia a Assistência Social e abriga agora o vice-prefeito Marcelo de Souza Brick, com o suplente de vereador Salésio Antônio da Conceição uma outra pergunta essencial ao vê-lo economizar com a atuação da Oscip: por que 80% do Orçamento da pasta dele é para empreguismo e a manutenção da secretaria e não, exatamente, para a atividade fim da secretaria, a assitência e inclusão social?
Gaspar ausente X. E se isto não for suficiente, o que é feito do Centro Educativo Maria Henricks (foto ao lado) que era, repito, era, voltado para a educação, inserção e inclusão de jovens em Gaspar? O prédio está abandonado e isto é obra do atual governo, que já várias vezes fez discursos de dar utilidade não só ao prédio, mas ao programa similar que se desenvolvia lá. E a foto não deixa qualquer dúvida sobre o prédio e como as pessoas em vulnerabilidades são vistas e tratadas em Gaspar. Impressionante como há distâncias entre os discursos dos políticos e a realidade que escondem ou negam. E todos querem que assim continua.
Os “çábios” do governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, PP, diante da pressão e incômodo, em algo que erraram a mão mais uma vez, levaram para junho do ano que vem, o último prazo para a recadastramento e a cara regularização dos túmulos nos dois cemitérios públicos de Gaspar – os dos bairros Santa Terezinha e Barracão. O governo, inerte, esperou por sete anos eles ficarem lotados e com isso, impor taxas para que prospere por aqui a indústria da cremação.
Ou seja, mais uma vez, equivocadamente, eles próprios, levaram a polêmica para dentro da eleição do ano que vem. E perguntar não ofende: quem vai cuidar do túmulo da maior doadora de terras do centro para a prefeitura – por não possuir herdeiros – que fez dinheiro, Maria Cândida Hoeschl. Nem o governo propôs algo. Nem os vereadores. Assim é a gratidão de Gaspar com os seus mortos e memória da cidade. Acorda, Gaspar!
E para encerrar. O prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, inventou à possibilidade de chuvas no Sete de Setembro. Tudo para ter um pé e cancelá-lo antecipadamente. As chuvas não vieram. Na verdade, era mais um truque. Estava com medo de manifestações contra o seu governo. Agora, está há dias anunciando o desfile e comemorações natalinas. São Pedro e as verdadeiras chuvas vêm adiando, sucessivamente, os eventos.
Agora está remarcado para amanhã, dia de sessão da Câmara. Os meteorologistas assinalam como possível o tempo permitir. Avança, capim!
7 comentários em “A REEDIÇÃO DA “REUNIÃO” DO MDB, PP, PSD, PDT E PSDB PARA CONTINUAR NO PODER EM GASPAR JÁ FEZ A PRIMEIRA VÍTIMA: CIRO QUINTINO”
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A ESQUERDA E A SEGURANÇA PÚBLICA, por Joel Pinheiro da Fonseca, no jornal Folha de S. Paulo
Vejo no WhatsApp um vídeo de linchamento em Copacabana. São homens e mulheres, jovens e idosos, brancos, mestiços e negros —uma multidão— surrando um jovem negro que tenta fugir desesperado. O vídeo não traz contexto, mas é de se supor que o sujeito tenha sido pego roubando. É uma cena bárbara.
Jamais defenderei a formação de grupos de justiceiros, mas alguém acha que a população ficará passiva apenas assistindo vizinhos, amigos e familiares vitimados pelo crime violento sem fazer nada, enquanto o Estado negligencia sua atribuição mais elementar?
Está corretíssimo quem aponta os problemas desse tipo de iniciativa. Fácil, fácil ela pode se transformar em mais uma milícia do crime organizado. O único jeito, contudo, de impedi-la é apresentar a alternativa: o Estado mostrar-se eficaz contra assaltos e arrastões. Se a polícia agora vier investigar e prender os responsáveis pelos grupos de justiceiros, enquanto continua a não fazer nada contra os assaltantes, estará apenas aprofundando o completo sentimento de abandono —e a indignação— do povo.
A humanidade não consegue entrar em acordo quanto ao sumo bem. Mas podemos, sim, nos unir para evitar aquilo que todos concordamos ser o sumo mal: a morte violenta, nossa ou de nossos entes queridos. Essa é a base do contrato social e da fundação do Estado, ao menos segundo Hobbes. Vivemos, portanto, a falência do contrato social em diversas cidades brasileiras: o medo da morte violenta é cotidiano.
Os furtos em Copacabana aumentaram 56% de janeiro a outubro de 2023 se comparados ao mesmo período de 2022. Já as prisões caíram 11%. Com a onipresença das câmeras, em postes, muros e celulares, hoje vemos muito mais do que no passado. Assaltos, arrastões, furtos. Uma jornalista da Rede Globo sofreu tentativa de furto do celular durante transmissão em São Paulo. Poucos dias depois, a deputada federal Tabata Amaral foi vítima de tentativa de assalto também em São Paulo.
Na direita, a resposta mais fácil é culpar Lula. Um discurso fácil, que se esquece de que quem cuida da segurança pública são principalmente governo do estado e prefeitura. No entanto a acusação tem seu fundinho de verdade em outro sentido: a esquerda é um vazio de propostas no tema da segurança. Quando falam de polícia e prisão, a única preocupação é garantir os direitos humanos dos presos. Isso é louvável, mas por que não se preocupar também com os direitos humanos das vítimas presentes e futuras? A proteção desses depende do uso da violência contra os criminosos que as atacam.
Há muito discurso sobre as causas sociais do crime, mas nada sobre como enfrentá-lo agora. Não adianta propor medidas de prevenção contra incêndio quando o prédio já está pegando fogo.
Ter presos em flagrante liberados por audiência de custódia ou, depois de pouco tempo presos, em regime de progressão de pena é um desrespeito a quem segue a lei. Precisamos de mais policiamento, de uma Justiça mais dura com quem comete furtos e assaltos e, possivelmente, de mais presídios.
Há tanta filmagem de criminosos nas ruas; como é que isso não resulta em investigação e prisões? Há bastante trabalho para as três esferas do Executivo e do Legislativo. A violência sempre irá existir; a única escolha é se ela será monopólio do Estado ou se será terceirizada para os cidadãos, jogando-nos para a guerra de todos contra todos. Só existem essas duas opções, e não há discurso idealista que apague essa realidade.
NEM LULA SABE ONDE FICA O BRASIL PACIFICADO DA PROPAGANDA OFICIAL, por Josias de Souza, no portal Uol
Com boa propaganda pode-se vender qualquer coisa, até ovo sem casca. Mas a campanha publicitária lançada pelo Planalto no domingo exagera no slogan: “Um Brasil e um só povo”. As peças que começaram a ser veiculadas na TV, no rádio e na internet vendem a ilusão de que um Brasil pacificado.
Na véspera, discursando para uma plateia de petistas, Lula previu que a eleição municipal de 2024 será marcada novamente pela polarização. Ensinou aos companheiros que não devem silenciar diante dos rosnados do bolsonarismo. “Não podem enfiar o rabo no meio das pernas. Quando um cachorro late para a gente, a gente late também”
Na campanha eleitoral, Lula apresentou-se como um fator de pacificação e de ideias novas. No segundo turno, sustentado por uma frente ampla pró-democracia, elegeu-se com pequena margem. No governo, manteve a língua em riste e reeditou antigos programas. Da frente ampla restou pouca coisa.
O Datafolha divulgado na semana passada mostrou que Lula continua falando bem com quem gosta dele: 38% aprovam o seu governo. Mas ainda não aprendeu a ouvir o outro: 30% o consideram ruim ou péssimo; outros 30% acham o governo regular. É esse contingente que o Planalto deseja capturar. O problema é que, dependendo do latido, a turma do “regular” pode mudar para qualquer lado.
Muitos brasileiros, depois de assistir aos comerciais do governo, podem ficar tentados a morar no Brasil da propaganda. Mas o desejo será mais intenso depois que Lula descobrir onde fica esse país idílico e pacificado, onde o diálogo substitui os latidos
DELÍRIOS PETISTAS, editorial do jornal Folha de S. Paulo
Na fantasia do PT, apenas interesses perversos e forças malignas o impedem de solucionar todas as carências do país —em renda, educação, saúde, saneamento, infraestrutura— por meio do aumento contínuo do gasto público.
Por caricatural que pareça, o delírio se repete, em formulações variadas, nas manifestações de seus quadros e nos inúmeros documentos divulgados ao longo dos mais de 40 anos de vida do partido. No mais recente, datado de sexta-feira (8), a legenda arremete contra “a ditadura do Banco Central ‘independente’ e do austericídio fiscal”.
O tal austericídio, sabe-se, é a meta apresentada pelo próprio governo petista de equilibrar as receitas e despesas do Tesouro Nacional no próximo ano, eliminando o déficit. Esse propósito seria uma imposição de um BC atrelado ao mercado financeiro, de rentistas e, claro, seus porta-vozes na mídia.
Assim o explicitou a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que no dia seguinte, em evento partidário, apresentou publicamente sua divergência ao ministro Fernando Haddad, da Fazenda, com a defesa de um rombo de até 2% do PIB. Fala-se aqui de mais de R$ 200 bilhões.
Seria menos perigoso se desvarios do gênero não passassem de bravatas para inflamar militantes. Viu-se sob Dilma Rousseff, porém, que a fé cega na capacidade infinita do Estado pode gerar desastres reais. Agora, o PT não se constrange em enfraquecer Haddad, um quadro seu, e pôr em risco o governo.
Pouco importa à sigla que a meta de déficit zero seja objeto de descrédito unânime. A mera tentativa de reduzir o gigantesco desequilíbrio das contas, por meio de algum controle da despesa, já é tida como um arrocho cruel.
O setor público brasileiro gasta algo como 40% do PIB, sem considerar os encargos com juros. Trata-se de um dos maiores patamares do mundo. Incluídos os juros, o déficit próximo de 8% do PIB supera o de quase todas as principais economias. A dívida, de 75%, tem poucos paralelos entre emergentes.
Enxergar austeridade excessiva nesse cenário é alucinação que faz o PT crer que, com ainda mais gasto e déficit, fará a atividade econômica se expandir e gerar mais receita —tese que Haddad cuidou, diplomaticamente, de desmentir.
Justifica-se elevar a despesa quando o país está em recessão e é preciso estimular o consumo e o investimento. Já tomar esse expediente como moto-contínuo levaria, mais uma vez, a uma espiral de dívida, inflação, juros e baixo crescimento.
Não convém que o ministro da Fazenda assuma o papel de defensor solitário da racionalidade no partido e no governo. Luiz Inácio Lula da Silva, que se apraz em arbitrar os embates petistas, já cometeu a imprudência política de esgarçar as contas do Tesouro logo no primeiro ano de mandato.
PRECISAMOS INICIAR O DESARME DO FUNDÇÃO, por Bruno Carazza, professor associado da Fundação Dom Cabral e autor de “Dinheiro, Eleições e Poder: as engrenagens do sistema político brasileiro” (Companhia das Letras), no jornal Valor Econômico.
Desde 2015, a União já destinou mais de R$ 18,5 bilhões para os partidos brasileiros cobrirem seus gastos do dia a dia e financiarem as campanhas de seus candidatos a cada dois anos.
“A democracia tem um preço, e não é barato fazer política num país tão grande quanto o Brasil”, dizem os especialistas. Não discordo – embora seja preciso discutir esse custo e as formas de financiá-lo.
Desde a ditadura militar, testamos três modelos de financiamento partidário-eleitoral.
Até 1993, a legislação previa que a atuação dos partidos, inclusive nas eleições, seria custeada por dotações orçamentárias ao fundo partidário, doações de pessoas físicas (até o volume de 200 salários-mínimos) e recursos arrecadados pelos partidos com vendas de camisetas, eventos, etc.
Quando os escândalos de PC Farias e dos Anões do Orçamento abalaram a República no início da década de 1990, ficamos sabendo que grandes empresas estavam abastecendo ilegalmente as campanhas de políticos em troca de favores governamentais.
A resposta institucional para o caixa dois eleitoral e o tráfico de influências veio com uma mudança legislativa. Se a influência empresarial na política era inevitável, melhor torná-la transparente. E foi assim que, a partir de 1994, as doações de pessoas jurídicas foram autorizadas.
Esse modelo perdurou por vinte anos, e nesse período o custo das eleições no Brasil foi multiplicado por cinco, já descontada a inflação. Cerca de 70% dos gastos das campanhas eram bancados por empresas, em sua maioria gigantes da economia local: empreiteiras, bancos, siderúrgicas, indústrias de alimentos e bebidas, farmacêuticas.
Na esteira da Operação Lava Jato, o Supremo Tribunal Federal acolheu em 2015 uma ação proposta pela OAB e decretou que as doações de empresas eram inconstitucionais, pois desequilibravam o jogo eleitoral em favor dos escolhidos pelos grandes grupos econômicos.
Desde então, a política brasileira é financiada basicamente por duas fontes: doações de pessoas físicas (até o limite de 10% de sua renda anual) e dinheiro público provido pelo fundo partidário e pelo famoso fundão eleitoral, criado em 2017 para compensar a proibição das contribuições empresariais.
Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral, as eleições do ano passado custaram R$ 6,8 bilhões. 84,1% do dinheiro gasto por todos os partidos e seus candidatos em 2022, porém, foram bancados por recursos do fundo partidário e do fundão eleitoral.
Atualmente o Congresso está num cabo de guerra com o governo sobre o valor do fundão nas eleições municipais do ano que vem. O Ministério da Fazenda colocou R$ 900 milhões no orçamento e os parlamentares querem os R$ 4,9 bilhões do ano passado, mais a inflação.
Não sou contra o financiamento público. Um montante mínimo seria necessário para equilibrar a disputa entre os candidatos. O que ocorre no Brasil, porém, é o contrário (ver gráfico).
Da mesma forma que a grana das grandes empresas aumentava as chances de seus escolhidos vencerem as eleições, hoje quem está próximo dos dirigentes dos maiores partidos larga muito na frente dos demais candidatos.
Além disso, por saberem que as campanhas serão custeadas pelo orçamento público, partidos e candidatos se afastam dos eleitores.
Precisamos urgentemente iniciar um programa de desmame dos partidos em relação à sua dependência do fundão eleitoral.
Nossa democracia teria muito a ganhar se os partidos tivessem que correr atrás não apenas dos votos, mas também de pequenas doações do maior número possível de eleitores.
Um fundão menor, com limites ao uso de recursos próprios e doações de milionários, e mais financiamento coletivo seria uma boa fórmula para oxigenar a política brasileira.
LULA SEM TONS DE CINZA, por Demétrio Magnoli, no jornal O Globo
À rede Al Jazeera, durante seu giro pelo Oriente Médio, Lula abandonou as ambiguidades que geralmente acompanham suas declarações voltadas a audiências ocidentais. Falou o que pensa, sem matizes. O retrato que emergiu funde ideias detestáveis com evidências de uma incompreensão geral sobre a política internacional.
Sobre a invasão russa da Ucrânia, o presidente corrigiu as correções de sua posição original:
— A Rússia diz que alguns territórios pertencem a eles, e Zelensky diz que pertencem à Ucrânia — pontificou, ignorando tanto as fronteiras internacionais ucranianas quanto o tratado de 1994 pelo qual a Rússia as reconheceu.
Lula foi mais longe, num exercício de pacifismo cínico:
— Em vez de ir à guerra, por que não levar as pessoas a um referendo para perguntar: você quer pertencer à Ucrânia ou à Rússia?
Putin fez isso, mas melhor. Invadiu o leste e o sul da Ucrânia e então, sob a mira das forças de ocupação, colocou em votação a escolha sugerida pelo camarada brasileiro — com os resultados previstos por qualquer potência ocupante.
A Ucrânia deveria servir como alerta para Lula não se pronunciar sobre as guerras dos outros. Contudo ele desconhece o valor do silêncio. À Al Jazeera, repetiu uma palavra que funciona como senha ideológica: a operação militar em Gaza “não é uma guerra tradicional, mas um genocídio”. O presidente foi ao Yad Vashem, em 2010, e disse “nunca mais”, sem porém entender o Holocausto.
Há farto material para condenar o governo israelense. Netanyahu sabota as negociações de paz e, desde 2009, estabeleceu uma convivência violenta com o Hamas a fim de perpetuar a divisão entre os palestinos. A ação militar em Gaza viola o direito humanitário internacional, produzindo pilhas de vítimas inocentes. As Forças Armadas de Israel não cumprem a (difícil) obrigação de distinguir os combatentes inimigos dos civis utilizados pelo Hamas como escudos humanos. Genocídio, porém, é algo diferente: o empreendimento deliberado de aniquilação de um povo.
A escolha de “genocídio” no lugar de “crimes de guerra” tem um sentido: o termo pertence ao vocabulário militante compulsório dos defensores da abolição do Estado judeu. A tática de propaganda consiste em estabelecer uma equivalência entre Israel e a Alemanha nazista. É um expediente particularmente abjeto, pois seu alvo é o Estado criado na esteira do Holocausto para proteger os judeus de uma eventual repetição.
O Reich alemão não tinha o direito de continuar a existir depois do Holocausto — e, de fato, desapareceu. A acusação de genocídio é uma ferramenta política crucial na campanha que almeja a destruição do Estado judeu. O Lula que pronunciou a frase “nunca mais” junta sua voz à gritaria antissemita quando imputa o crime dos crimes a Israel.
A entrevista à rede do Catar forma um arco ideológico completo.
— Não entendo como o presidente Biden não teve a sensibilidade de falar para acabar com essa guerra — exclamou Lula, concluindo com o diagnóstico de que os Estados Unidos “poderiam ter parado com a guerra”.
Aí, atrás de um erro crasso de avaliação, emerge uma narrativa destinada a deslegitimar Israel.
Não basta ir ao Yad Vashem: é preciso ler Primo Levi para entender o Holocausto — e Israel. Levi descreveu a vitimização e a desumanização dos judeus nos campos nazistas. O Estado judeu diz “nunca mais” ao pacote completo: sua fundação representou, antes de tudo, uma rejeição absoluta ao papel de vítima atribuído aos judeus. O alicerce de Israel encontra-se na missão de “reumanização” dos judeus por meio da força política e militar. Israel combaterá suas guerras, justas ou não, independentemente da vontade de aliados externos.
Israel nasceu da imigração de judeus perseguidos na Europa e no Oriente Médio. Atribuir aos Estados Unidos o poder de parar sua mão inscreve-se no esforço ideológico de exibir o Estado judeu como uma fabricação, um artefato e um joguete do “imperialismo americano”. Lula fala todas as palavras e sentenças dos movimentos que marcham sob a bandeira da “Palestina livre, do rio até o mar”. Por essa via, renega a paz em dois Estados que declara explicitamente defender.