A notícia da ida do prefeito Marcelo de Souza Brick para o PP é velha. De que ele está vestido a candidato a por qualquer circunstância – e que cheira mais dúvidas – a prefeito, é também ainda mais velha. Tudo tem mofo. Mais. Todos, repito, todos os veículos comunicação de Gaspar e da região sabiam disso. Entretanto, estavam, como é de costume, obsequiosamente silenciosos a seus públicos, razão da existência deles. Uns não podiam dar. Outros tinham receio. O noticiário só aparece na cidade movido por interesses de terceiros.
No outro lado, os leitores e leitores deste espaço já sabiam de tudo isso há meses. E nesta segunda-feira, até antecipei as cartolas do circo dos políticos de Gaspar para apresentar a peça ” engana que gosto”, o qual eles armaram, mais uma vez, contra a cidade. Biribinha tem mais credibilidade. É por isto que o artigo desta quarta-feira saiu mais tarde. Exatamente para confrontar a imprensa oficial, medrosa ou atrelada por migalhas e este espaço que não depende de políticos e empresários. Ao contrário, é perseguido por não possuir esta dependência.
VAMOS AO VELHO COM CHEIRO DE VELHO
O PP anunciou na segunda-feira à noite, na comunidade apropriadamente chamada de [meu] Bom Jesus, como parte da festa de encerramento deste 2023 do partido em Gaspar, que o vice-prefeito Marcelo “agora” está filiado e deverá – se nada acontecer até junho do ano que vem – o candidato a prefeito não só pelo partido, ao que está coligado também o MDB, PSD, PDT e PSDB e é poder hoje na prefeitura para sustentar o governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB. Esta extensão de proteção deverá continuar para a Câmara de Vereadores. Hoje a Bancada do Amém congrega ajoelhados, incondicionalmente, onze dos 13 vereadores.
Primeiro parêntesis. Faltou combinar isso tudo com o PSD estadual. Neste partido Marcelo ficou a maior parte do tempo como político, ou usufruindo dele quando desempregado, seja para si ou para os seus, incluindo o impulso para as várias campanhas que perdeu.
Segundo parêntesis. De verdade? Marcelo, venceu uma única vez nas urnas em Gaspar. O resto é imaginário popular sustentado por seus discursos. Foi lá no longínquo ano 2012. Nele, Marcelo foi campeão de votos daquela eleição com 1.439 votos para vereador.
De lá para cá, Marcelo só colecionou derrotas, jogadas e algumas delas contra ele próprio. Já decifrei isso aqui várias vezes e ele fica muito irritado quando lembrado, pois ele construiu a imagem dele como exemplo de perfeição. Fui e sou amaldiçoado por isso, inclusive o anúncio que fiz aqui no início deste ano que, bichando o PL Brick iria dar no PP. Ou alguém mais, sempre ao lado do nome dele sempre por acaso escreveu o que sempre escrevi que “Marcelo estava no Patriota que nem existe mais, no PL, sei lá, ou PP, talvez”? Veja a foto quem Marcelo publicou da assinatura da sua ficha no PL.
O que é isto? Falta de coerência. O que é isto? Falta de transparência. Ele nunca admitiu explicitamente que tinha assinado esta ficha, que o deputado Ivan a exibe a qualquer um. Foi em Brasília no gabinete do deputado Daniel Costa de Freitas, PL. O que é isto? É admitir que deu um mal passo, ou que mudou de planos. Só banalidades. Espera-se que Ivan e o PL tenham aprendidos.
Bingo.
A minha alma está lavada, mais uma vez, por essa gente que se acha esperta, que vive constrangendo a imprensa, usando de canais institucionais para “roubar” patrimônio” alheio, ameaçando e processando quem não lhes ajoelha incondicionalmente. Essa gente, na esperteza onde só ela leva vantagens, vive mentindo, enrolando, desmentindo e enganando os seus próprios eleitores, parte da cidade e por isso, persegue, constrange, intimida e prejudica quem esclarece e os deixa nus. É o “modus operandi” e com apoio de muitos que se julgam limpos. Simples assim!
Vamos adiante.
MARCELO E O CONVENIENTE LAPSO DE MEMÓRIA
A penúltima de Marcelo, pois não será a última e o PP – que não preparou seus quadros para dar um candidato à cidade capaz de representá-lo e concorrer – está avisado de como tudo continuará fora dos seus trilhos. Marcelo tentou, na semana passada aplicar um “migué” com gente coroada do seu ex-PSD. Quando sentiu cheiro de enxofre no ar, o próprio Marcelo, filado no Patriotas – que nem existe mais e com ficha assinada no PL – correu para Florianópolis. Tentou acalmar o presidente estadual da sigla. Eron Giodarni, naquilo que Marcelo insistiu em classificar que tudo isso era uma sucessão mal entendidos, informações desencontradas, maldades e fofocas de gente que o prossegue há anos e que não quer ver o seu sucesso.
Conversa mole para boi dormir. Olha só a encenação feita na Capital.
Marcelo chegou ao cúmulo, mesmo sendo ele tão jovem, de “esquecer” que ele ficou empregado no gabinete de Júlio Garcia, PSD, então presidente da Alesc, parra sobreviver. Era um comissionado na ausência de um mandato eletivo depois que deixou de ser vereador em 2015, mesmo ele sendo advogado de profissão.
Espantados com o súbito esquecimento de Marcelo, os dirigentes estaduais do PSD precisaram imprimir as provas da nomeação dele. Mal estar. Recuperou a memória, a pose de sofrido, conciliador e vamos em frente que isso é passado.
Marcelo não tinha esquecido não só os empregos políticos dele, como em laços cruzados, da ex-mulher dele (no gabinete do ex-deputado Jean Jackson Kuhlmann e que agora está no PP), bem como do ex-presidente testa de ferro do partido por aqui e que já faleceu, Paulo Wandalen.
Mais. Encurralado, o presidente do partido aqui, o vereador Giovano Borges, que já saiu do PSD para ir ao PSB do ex-prefeito de Timbó, Laércio Schuster Júnior, para fingir uma coligação na disputa a prefeito de 2016 onde ele foi o vice de Marcelo, usufruiu como poucos desta aproximação, empregando Wandalen, obtendo emendas parlamentares entre outros, para depois voltar ao PSD, também tentou colocar água fria nesta fervura.
Como não houvesse passado, traições e armações no presente, Giovano, não reconheceu a sua culpa neste mar de contradições, pediu desculpas e debitou tudo isso a mal entendidos e ruídos na comunicação, mas provocados por adversários sem caráter. Como assim?
Então veja o passo rápido e seguinte de Giovano, Marcelo, os poderosos de plantão em Gaspar e os que sustentam tudo isso por aqui há anos. Pressentindo que os planos armados por aqui entre poucos, feitos no silêncio dos gabinetes e reuniões particulares, conclui-se que precisa botar o bloco na rua, sem porta-bandeira e ensaios. No fundo tudo é intencional e possui método.
E o que se viu fragiliza ainda mais o discurso e a embromação de Giovano e Marcelo perante a executiva estadual do PSD, bem como dos líderes regionais do partido.
ENTROU POR UM OUVIDO, SAIU POR OUTRO
Não riam. Não se assustem. Na semana seguinte desta conversa de Marcelo e Giovano com os dirigentes estaduais do partido, em Florianópolis, advertidos de que o PSD estadual queria ver como se tornar protagonista, sair da dependência eterna do MDB e PP e deixar de ser nanico Gaspar, Giovano se junta no movimento do MDB, PP, PSD, PDT e PSDB e anuncia que o PSD de Gaspar estará a reboque do grupo nas eleições de outubro do ano que vem.
Sabiam exatamente o que faziam. A indignação e a sinalização do PSD estadual – e regional – de estruturar o partido e colocá-lo em um patamar de protagonista em Gaspar tinha ido mais uma vez pelo ralo. Tudo o que se conversou entrou por um ouvido e saiu por outro. Sempre foi assim. Só que desta vez, o PSD estadual não está mais disposto a ser levado no bico pelo de Gaspar.
Com este gesto, tanto Marcelo e Giovano provaram para a Executiva estadual do PSD que não são confiáveis. É o que mais se fala em Florianópolis.
Mais, do que isso, este gesto de traição ao projeto integrado estadual, Marcelo e Giovano eliminaram os outros bombeiros que entraram em campo como o novo prefeito de fato de Gaspar, o deputado Federal, Ismael dos Santos, PSD, de Blumenau, bem como o ex-deputado Paulinho Bornhausen, que via a ex-vereadora, ex-secretária da Saúde, ex-candidata a prefeito de Gaspar, Teresa da Trindade, e preste a se empregar na prefeitura, atuava pela candidatura de Marcelo, seja o partido que ele estivesse.
O PSD estadual insinua que não quer colocar cabresto nas executivas municipais, desde que elas se estruturem, cresçam e se fortaleçam no mosaico do projeto de retomada para ser protagonista no ambiente político, administrativo e poder em Santa Catarina e que vem sendo orientado presidente nacional Gilberto Kassab, que está no governo paulista de Tarcísio Gomes de Freitas, Republicanos.
Contudo, diante de tantos calça pés, o PSD estadual está convencido de que no caso de Gaspar este assunto é crônico, histórico e que trabalha contra o que quer o partido.
MARCELO USUFRUIU E NÃO ENTREGA PARA O PSD
E tudo teria piorado nos últimos anos com a dupla Marcelo e Giovano (na foto que abre o artigo, ambos estão colocando propaganda em veículo na campanha de 2022), ao ponto de mal ter conseguido eleger um só vereador em 2020, o próprio Giovano. A desistência de Marcelo de ser candidato solo em 2020 e comodamente se juntando a Kleber, a ida para o Patriota em 2022 para salvar a si e não um projeto coletivo, o seu ensaio – também à revelia – com o PL – onde assinou a ficha – via o deputado Ivan Naatz, PL, de Blumenau, foram sinais claros dados ao PSD estadual do que piores danos à imagem do partido ainda estaria por vir se não rompesse neste com estas jogadas solos de Marcelo e Giovano. Os dirigentes estaduais e regionais temem que o partido se torne pó em Gaspar.
Marcelo pode até ser candidato a prefeito do grupo que está no poder de plantão e que ao mesmo tempo tenta criar uma outra candidatura fraca concorrente para não os incomodar na corrida do ano que vem como escrevi na segunda-feira em OS PODEROSOS NO PODER DE PLANTÃO EM GASPAR LUTAM PELA CONTINUIDADE. ATÉ SE ARMAM EM PARTIDOS PARA BOTAR CANDIDATOS ADVERSÁRIOS DE MENTIRINHA. SÓ PARA FACILITAR TUDO PARA ELES
Mas é muito provável que o PSD não esteja junto no projeto e que Giovano tenha que procurar outra sigla para se abrigar em Gaspar. O atual PSD estadual prefere perder em Gaspar se reinventando. Na verdade, está pensando nas eleições de 2026 e 2028. No fundo quer ser a terceira via, a que pede mudanças: nem PT e nem o que está aí. E não se descarta de que PSD, PL, União Brasil, Podemos e Novo possam estar juntos em Gaspar com a bandeira da mudança. Ela aparece claramente em todas as pesquisas qualitativas que se faz e que se não vier, poderá dar o quarto mandato a Pedro Celso Zuchi, PT.
E o Republicanos do empresário Oberdan Barni? Também está conversando com o mesmo grupo e vou esperar como a imprensa daqui e a regional tratará este assunto. A união de Oberdan com PSD, PL, União Brasil, Novo e Podemos é tudo que o MDB, PP, Marcelo, Giovano, Kleber, Jorge Pereira e outros não querem neste momento. Acorda, Gaspar!
TRAPICHE
Pronto. Se ele não mudar mais uma vez, o vice-prefeito Marcelo de Souza Brick agora é PP. Como escrevi na segunda-feira trata-se de uma ação que revela o quanto ele e principalmente, o titular, Kleber Edson Wan Dall, MDB, fracassaram nestes sete anos. O PP não teve candidato dele próprio para colocar na praça. Precisou importar um e que não confia. Tanto que os coroados do PP não estavam na sua filiação. Escreverei sobre isso.
E o discurso do presidente do PP, o funcionário público licenciado (agente de trânsito), ex-vereador e ex-vice-prefeito que teve que sair para dar o lugar a Marcelo de Souza Brick, Luiz Carlos Spengler Filho? “O nosso inimigo a ser batido é o PT”. Errado. Está se enganando ou à cidade. Esta argumentação esconde o fracasso da atual administração. Simples assim. O “inimigo” está dentro de casa: a fraca entrega de resultados da gestão Kleber Edson Wan Dall, MDB, Marcelo e Luiz Carlos. Todos sabem disso. Luiz Carlos jogou a casca de banana na rua onde está caminhando. Simples assim.
O PSD de estadual já reservou o restaurante Questão de Gosto, no Espaço Natureza da Bunge, no Poço Grande, para a semana que vem. É para a filiação do delegado Paulo Norberto Koerich. Ele que já trabalhou para o governador Carlos Moisés da Silva, Republicanos, sem estar filiado, onde como Delegado Geral foi uma espécie do que é hoje secretário de Segurança. Recentemente, ele e o vereador Francisco Hostins Júnior, MDB tinham sido convidados pelo governador Jorginho Melo, num encontro reservado, para assinar a ficha no PL. Koerich pode ser mais um candidato na praça.
Realmente, Gaspar é um caso de polícia na política. Mas, a polícia pouco tem feito para esclarecer o que acontece nos bastidores. É o tal corpo fechado. Falta à provocação, principalmente do Ministério Público Estadual, Gaeco… No outro lado, a Lei de Abuso de Autoridade é usada para não avançar. Diante deste fato novo é de se perguntar: Koerich – que já foi chefe de gabinete do ex-prefeito Francisco Hostins, PDC, vai ficar refém de Giovano Borges, ou vai fazer o partido criar asas em Gaspar? E se ele criar, para onde vai debandar o atual presidente do PSD de Gaspar Giovano Borges?
Duas ausências sentidas na filiação de Marcelo de Souza Brick no evento realizado na segunda-feira na comunidade Bom Jesus. A primeira é de seu guru, Jean Alexandre dos Santos, presidente do Samae de Gaspar, que dizia estar no PSD, mas vindo do MDB, e por ele ocupou a secretaria de Obras e Serviços Urbanos, bem como a polêmica secretaria de Planejamento. Afinal para onde irá agora Jean Alexandre.?
No PP, o tapete vermelho foi enrolado pelo mais longevo dos vereadores, José Hilário Melato que há duas semanas na Câmara como revelei aqui em NERVOS À FLOR DA PELE. DESCONTROLE POLÍTICO DO GOVERNO E MELATO ADVERTE: “NÃO SE METE COM QUEM ESTÁ QUIETO. O COMBINADO NÃO CUSTA CARO”. Agora, em mar aparentemente mais calmo, Marcelo está não só na mesma bacar, mas vejam só, no mesmo partido de Melato. E ambos estão passando a borracha no passado. Melato, PP, Marcelo, PSD se abraçaram (foto ao lado) no convescote de encerramento das atividades deste ano do PP de Gaspar. Ou seja, o poder move os políticos.
Qual outra ausência sentida nesta inscrição de Marcelo de Souza Brick no PP? A do presidente do PSDB de Gaspar, o irmão de templo e ex faz tudo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, Jorge Luiz Prucino Pereira (secretaria da Fazenda e Gestão Administrativa, Secretaria de Planejamento Territorial, presidente da comissão interventora do Hospital), ainda presidente do fantasmagórico PSDB de Gaspar. Ele foi pego em conversas cabulosas que o governo de Kleber e a Bancada do Amém enterraram numa recente CPI secreta “do desconheço” na Câmara de vereadores. Continua sobre a sua cabeça a espada de Dâmocles.
Mesmo assim, Jorge Luiz Prucino Pereira, está atuante nos bastidores político e de Kleber Edson Wan Dall, MDB, muito mais do que se imagina. Ele está instalado em Gaspar dando “consultorias” e recebendo pessoalmente seus consulentes. Não é lenda, mas as recentes armações teriam as digitais dele para levar o atual grupo de apoio a Kleber reafirmar que estará junto e que escolherão o candidato a prefeito e vice.
Um passado, passado. Luiz Carlos Spengler Filho, PP queria a presidência da Câmara em 2013. Quem foi o calo neste sapato deste acordo e que impediu a presidência de Luiz Carlos na Câmara? Marcelo de Souza Brick, PSD, então. Na posse de Kleber no Canarinhos, a mãe de Luiz Carlos, a professora Rose, principalmente, bem como o pai Luiz Carlos que tinha sido vice-prefeito, presidente do Samae, vereador e presidente da Câmara soltaram cobras e aranhas contra Marcelo. Ele engoliu a seco. Marcelo era fruto de um acerto maior. Era apenas passageiro. Como foi no governo de Kleber onde até foi expurgado. Vai ser quando prefeito eleito. É uma virtude
Dez anos depois, tudo passou para Luiz Carlos Spengler Filho que anunciou Marcelo de Souza Brick no PP. Não foi por vingança. Foi por pura necessidade de sobrevivência do PP. É o famoso ditado de que o tempo se encarrega de curar as feridas e diminuir as cicatrizes.
Era o encerramento do PP de Gaspar, mas lá não estavam os históricos como Pedro Inácio Bornhausen, quase eleito deputado estadual e ex-gerente regional da Celesc, o empresário Clarindo Fantoni, ex-vice-prefeito, o empresário Julinho Zimmermann, o empresário e ex-vereadore Flávio Bento da Silva. A lista é longa de figurinhas carimbadas. Sintomático.
Quem anda quieto é o deputado estadual Ivan Naatz, de Blumenau, que exibia a ficha assinada em Brasília pelo vice prefeito de Gaspar, Marcelo de Souza Brick no PL. Desbotou a tinta da caneta? A ficha tinha prazo e se autodestruiu? Está no lixo, ou vai se guardá-la para o museu de memória dos nossos políticos?
E finalmente para reflexão dos leitores e leitoras que acham que eu exagero ou tenho partido contra ou a favor dos políticos. Esta gravação é do Marcelo de Souza Brick, PSD de então, candidato a prefeito em 2016, na campanha que perdeu para Kleber Edson Wan Dall, se dizendo contra o toma lá dá cá. O que mudou, mesmo?
O próprio candidato Marcelo de Souza Brick, agora PP, sabe muito bem os conceitos. Sabe por exemplo o que o eleitor não quer. Sabe o que quer: mudanças. E Marcelo, hoje, por tudo que fez e está encalacrado no governo de plantão no poder, não é mais mudança. Nem a que ele didaticamente explica. Há três coisas que não se pode voltar ou parar: a morte, o tiro dado e a palavra pronunciada. Então… Acorda, Gaspar!
7 comentários em “DEPOIS DE ENFRAQUECER O PARTIDO E TRAIR O PSD DE GASPAR, ENQUADRADO, MARCELO SE APRESSOU PARA ASSINAR NO PP ONDE QUER SER CANDIDATO A PREFEITO PARA DAR CONTINUIDADE AO PODER DE PLANTÃO”
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DESAFIOS ESMAGADORES, por Willian Waack, no jornal O Estado de S. Paulo
Duas adversidades que na verdade são uma só se escancararam para o governo. É a óbvia ligação entre números ruins de educação básica e os de uma economia incapaz de dar um salto vigoroso de crescimento, tais como revelados pelo PISA e pelo IBGE.
Da maneira como o governo entender a raiz desses problemas depende a sua maior ou menor capacidade de ajudar a resolvê-los, e do que pode ser feito a curto prazo (entendido como tempo até a próxima eleição). A profundidade do fenômeno sugere, porém, que não há saída imediata.
Em educação, assinala Claudia Costin, há avanços (ensino integral, por exemplo), mas o governo não está comprando as brigas que deveria com o corporativismo e não consegue alterar o fato de que o Brasil gasta proporcionalmente muito mais com o ensino superior do que com o básico, que foi a chave do sucesso de várias economias, emergentes e do mundo rico. E não está enfrentando o formidável obstáculo imediato da formação de professores.
A economia brasileira, embora com inflação mais baixa e desemprego também, na definição do economista Otaviano Canuto, padece há décadas de produtividade anêmica e sob um Estado balofo. E com taxas baixas e decrescentes de investimento, sugerindo um encurtamento ainda maior do PIB potencial.
No passado recente, governos petistas lidaram com esse quadro geral e as adversidades de percurso (como a crise financeira de 2008) com expansão de crédito, gastos públicos, subsídios, protecionismo e a fé em que consumo das famílias faria rodar a economia. Uma parte relevante do pensamento acadêmico considera que essa visão é a responsável pelo desastre sob Dilma.
Mas uma parte relevante do atual governo tem compreensão totalmente oposta: o que faltou foi pisar mais no acelerador do crédito, gasto e consumo, e dos programas estatais de aceleração do crescimento. Esse entendimento está explícito na maneira como o presidente Lula descreve suas principais dificuldades e onde está seu empenho para tocar a economia.
Ele entende as limitações imediatas trazidas pela questão fiscal como “sacanagem” dos mercados e de parlamentares empenhados em conseguir mais emendas. Acaba mergulhado numa situação na qual o curtíssimo prazo de articulações políticas para assegurar mais arrecadação para sustentar a expansão de gastos públicos consome as energias e o foco do governo.
No plano geral, o resultado é a falta de enfrentamento dos desafios de longo prazo – melhorar substancialmente educação e produtividade. Desafios que não estão lá longe, no horizonte, esperando a hora de serem resolvidos. Estão condicionando o curto prazo.
AS CONTRADIÇÕES AMBIENTAIS DE LULA, editorial do jornal O Estado de S. Paulo
É do dramaturgo grego Eurípides uma frase que expressa bem os limites e descontroles do comportamento humano: “A minha língua jurou, mas o meu espírito manteve-se livre de juramentos”. Não consta que no rol de leituras do presidente Lula da Silva esteja a peça Hipólito, mas a inspiração da tragédia grega espelha com precisão suas escolhas. A participação brasileira na COP-28 reafirmou as contradições de Lula e de seu governo em matéria ambiental, além da habitual e indisfarçável prática do presidente de dividir retórica e prática em dois mundos absolutamente distintos.
Exemplos não faltaram. Num dos mais eloquentes, o presidente tentou cadastrar-se na pasta dos líderes globais mais críticos dos combustíveis fósseis, sublinhando que o planeta “está farto de acordos climáticos não cumpridos” e de “metas de redução de emissão de carbono negligenciadas”, entre outros recados. Para o presidente, “é hora de enfrentar o debate sobre o ritmo lento da descarbonização do planeta e trabalhar por uma economia menos dependente de combustíveis fósseis”.
Seria uma cobrança legítima não fosse o fato de, poucas horas antes, seu ministro de Minas e Energia ter acenado para a adesão do Brasil à Opep+, o grupo de aliados da Organização de Países Exportadores de Petróleo, hoje fortemente criticados por não reduzirem a exploração de combustíveis fósseis e, ao contrário, sinalizarem aumento de produção. Como este jornal já afirmou, os subsídios aos combustíveis fósseis e o aceno à Opep+ não somente são contraditórios, como contraproducentes. Na condição de ouvinte, o Brasil ganhará, no máximo, acesso antecipado às decisões do cartel. E, diferentemente dos países que integram o cartel, a economia brasileira não depende exclusivamente do petróleo.
É o problema da língua presidencial que jura, mas o coração não. O mesmo governo que ambiciona ser uma liderança mundial em política climática quer apoiar a expansão da produção de petróleo com a perspectiva de se tornar um grande exportador. O mesmo governo que une os ministros da Fazenda e do Meio Ambiente para anunciar o Plano de Transição Ecológica alimenta o cabo de guerra entre os Ministérios do Meio Ambiente e de Minas e Energia.
Lançado há cerca de três meses, o novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) fez da transição energética um dos seus principais eixos e âncora do discurso governamental sobre um suposto novo tempo para o País. Pouca gente registrou, no entanto, que na prática 62% dos recursos carimbados como transição energética serão usados para finalidades que perpetuam o mesmo tipo de dependência do petróleo. Isso mesmo: de um total de R$ 1,4 trilhão em investimentos em todas as áreas, cerca de R$ 450 bilhões serão destinados a projetos de “transição e segurança energética”, mas o investimento para combustíveis de baixo carbono, como etanol e biometano, ficou em modestos R$ 20 bilhões, um valor 13 vezes inferior ao que será alocado para a indústria petroleira.
A contradição é privilégio dos homens inteligentes e dos governos realistas, dizia o economista e diplomata Roberto Campos, conhecido por ser um de nossos mais brilhantes liberais e pela ironia fina com que retratava líderes de esquerda e governos em geral. O governo Lula abusa de tal privilégio. Seria prova de seu realismo se conjugasse melhor a retórica presidencial e os fatos. A substituição de fontes de energia não se dará num estalar de dedos, e uma transição levará anos ou mesmo décadas. É o que reforça o acerto, por exemplo, da intenção de explorar petróleo na Margem Equatorial. Gostemos ou não, a economia global continuará a ser abastecida pelos combustíveis fósseis nos próximos anos. Uma demanda que o Brasil não pode desperdiçar.
Uma coisa é preservar investimentos e exploração, reduzindo progressivamente os combustíveis fósseis e expandindo as energias renováveis. Outra coisa, bem diferente, é sustentar no gogó a premissa de que o governo está ancorado num novo modelo de desenvolvimento e num novo padrão de uso de energia, enquanto sua prática e seu planejamento orçamentário contradizem tais prioridades. Narrativas não substituem as evidências, e estas demonstram que, na prática, o coração de Lula ainda parece estar num lugar bem distante do que sua língua promete.
MACRON RESPONDEU A BOLSONARO, por Elio Gaspari nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo
Dias antes da reunião de cúpula do Mercosul, o presidente francês, Emmanuel Macron, tentou detonar o acordo do bloco com a União Europeia. Seu tiro foi certeiro:
— Não posso pedir aos nossos agricultores, aos nossos industriais na França, e em toda a Europa, que façam esforços para descarbonizar, para sair de certos produtos, depois dizer que estou removendo todas as tarifas para trazer produtos que não aplicam essas regras.
Declaração redonda, porém impertinente. A França se opõe a esse acordo há muitos anos. Macron podia ter esperado alguns dias para o golpe verbal. Logo Macron, que foi maltratado por Jair Bolsonaro e cuja mulher foi ofendida por um de seus ministros. Logo Macron, que, ao lado de Joe Biden, construiu a rede de apoio ao respeito à eleição de Lula.
A impertinência foi de tal tamanho que algum analista apressado poderia atribuí-la a um rancor guardado para Bolsonaro. (Como o general De Gaulle nunca disse que “o Brasil não é um país sério”, coisas desse tipo acontecem nas relações com a França. A frase foi atribuída ao embaixador do Brasil em Paris.)
Num primeiro momento, Lula evitou citar Macron e disse que a França é um país protecionista. Alguém precisa avisá-lo de que chamar um governante francês de protecionista é um elogio. Algo como acusar Arthur Lira de defender seus aliados de Alagoas.
Por sorte, a escala seguinte de Lula era uma passagem pela Alemanha, que tem uma posição diferente em relação ao acordo com o Mercosul. Os dias de Lula em Berlim tiveram um clima que habitualmente se produzia em Paris. Um presidente francês impertinente e um chanceler alemão simpático são duas novidades.
Serão necessárias muitas acrobacias para fechar rápido um acordo entre dois blocos com a contrariedade manifesta de países como a França e a Argentina da campanha vitoriosa de Javier Milei. Deixado o assunto para os diplomatas, consegue-se algum caminho, nem que seja o compromisso de continuar conversando, como se vem fazendo há mais de 20 anos.
Contudo o verdadeiro caroço diplomático para o Brasil e para o futuro do Mercosul está na Argentina, com a chegada de Milei. Novamente, se o problema ficar nas mãos dos diplomatas, ele tende a ser contido. Basta olhar para a hidrelétrica de Itaipu, que os argentinos não queriam, para ver do que o Itamaraty é capaz.
O Brasil conviveu sem sobressaltos com o presidente Perón. Em 1964, o governo brasileiro proibiu que o avião que o transportava de Madri a Buenos Aires seguisse viagem depois de pousar no Rio, numa simples escala. Perón recebeu a notícia dentro do avião. A interferência escrachada nos assuntos de outro país agradou aos militares que governavam a Argentina. Anos depois, num banquete no Itamaraty, o general-presidente Agustín Lanusse enfiou uma frase de improviso num discurso negociado, condenando de forma indireta a construção da hidrelétrica. O então presidente Médici guardou poucos papéis, entre eles esse texto. A saia justa que se seguiu ficou para as memórias dos diplomatas.
Em 1973 Perón voltou ao poder, mas a obra de Itaipu foi em frente.
UM FANTASMA RONDA O PT, por Marcelo Godoy, no jornal O Estado de S. Paulo
Lula está sorridente na fotografia. Exibe os polegares em sinal de positivo entre o subprocuradorgeral Paulo Gonet e o ministro da Justiça, Flávio Dino, seus indicados à Procuradoria Geral da República e ao Supremo Tribunal Federal, respectivamente. A imagem, que simbolizaria o espírito conciliador de um presidente que se equilibra entre os seus interesses e os do STF e do Senado, despertou, para os companheiros de Lula, um receio: o fantasma da Lava Jato.
Ele ronda o PT desde o começo do terceiro mandato lulista e virou tema de conversas na legenda a partir das recentes escolhas institucionais do presidente. A ameaça não é nova ou estranha. Petistas temem que uma nova aliança entre os potentes do Planalto recrie as condições de isolamento do partido.
“A Lava Jato não foi um desvio do Moro, mas uma concepção que fazia da Justiça um instrumento político”, disse José Genoino. O ex-presidente do partido é uma das vozes que alertam para o risco da nomeação de Gonet para a Procuradoria Geral da República. “Quando se pega um procurador-geral com uma concepção lavajatista – concepção de Ministério Público e de Direito Penal – a qualquer momento, dependendo das circunstâncias, pode surgir (o fantasma da Lava Jato). Em que momento pode aparecer, não sei, mas que é um problema, é.”
É conhecida a diferença entre o PT institucional e o PT social. O historiador Lincoln Secco a retrata em seu livro História do PT. “Há uma relação inversamente proporcional entre a importância interna da linguagem radical e a influência na sociedade.” Genoino ocupou cargos que o aproximavam de posições institucionais da legenda. Hoje, dedica-se a escrever livros – vai lançar um sobre a Constituinte – e diz que voltou à base. É ali que as desconfianças sobre Gonet são maiores. Muitos se recordam das decisões de Gilmar Mendes na Lava Jato e do papel do ministro como apoiador da candidatura de Gonet à PGR.
Na oposição, há quem veja uma forma de se verificar se os receios do PT são verdadeiros. Bastaria acompanhar as manifestações de Gonet nos inquéritos do STF sobre a venda de joias e sobre a falsificação de certificados de vacinas, envolvendo Jair Bolsonaro. Gonet decidirá se denuncia ou não o ex-presidente e se o processo deve prosseguir no STF ou na primeira instância. Lula teve o direito de ver seus casos analisados por quatro instâncias judiciais. Por que agora Bolsonaro, sem foro especial por prerrogativa de função, não teria o mesmo direito?
Moro diria que o fantasma da Lava Jato ronda só os corruptos. Mas a história mostra que esse espectro também pode surgir onde a Justiça é condicionada por interesses políticos.
O tamanho do desperdício do Brasil e Gaspar no crime que se faz contra o futuro das nossas crianças e jovens. Falta de dinheiro não é.
BRASIL É DE NOVO REPROVADO EM TESTE GLOBAL DE ENSINO, editorial do jornal O Globo
Mais uma vez foram frustrantes os resultados dos alunos brasileiros no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa). Chama a atenção quantos jovens não conseguem fazer o básico. Em matemática, a maioria (73%) não alcançou o patamar mínimo de aprendizagem esperado para a idade. Não sabem resolver questões simples, como comparar a distância entre duas rotas alternativas ou converter preços em moedas diferentes. Em ciências, mais da metade (55%) ficou abaixo do mínimo. Em leitura, 50%. Os números brasileiros permanecem distantes da média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE): 31% em matemática, 26% em leitura e 24% em ciências.
É verdade que, apesar do fechamento prolongado das escolas durante a pandemia, o desempenho dos alunos brasileiros caiu menos que a média dos demais países em relação à edição de 2018. Mas os resultados continuam medíocres. Revelam a dificuldade extrema que o país tem de enfrentar seu maior desafio para o futuro.
Na lista de 81 países do Pisa, o Brasil ficou entre os 20 piores do mundo em matemática e ciências e entre os 30 piores em leitura. Ocupa o 65º lugar em matemática, o 62º em ciências e o 52º em leitura. As notas do ano passado foram ligeiramente inferiores às de 2018, demonstrando que o país permanece estagnado na parte inferior do ranking.
Os números mostram de forma incontestável que, a despeito de avanços pontuais aqui e ali, diferentes governos, com diferentes políticas educacionais, não têm dado conta do problema. O desempenho dos estudantes nas provas realizadas nas gestões Fernando Henrique Cardoso (2000), Luiz Inácio Lula da Silva (2003, 2006 e 2009), Dilma Rousseff (2015), Michel Temer (2018) e Jair Bolsonaro (2022) não registrou alterações significativas.
Não se pode alegar — como muitos fazem — que faltem recursos à educação. Como proporção do PIB, o gasto brasileiro, incluindo os três níveis de governo, fica em torno de 5,4%, comparável ao da França (5,5%) e superior à média da OCDE (5,1%). O orçamento do MEC é um dos maiores entre todas as pastas. O problema não está aí.
Bons exemplos também não faltam. A partir das boas práticas de Sobral, o Ceará conseguiu desenvolver um ensino de excelência, que se reflete nos resultados no Ideb. O modelo tem a ver menos com volume de recursos e mais com estratégias acertadas: investimento na formação de professores, aumento da carga horária, maior diálogo com os municípios, estímulo às prefeituras que apresentam melhores resultados e, sobretudo, continuidade das políticas públicas por diferentes governos. Foi o êxito cearense que catapultou o ex-governador Camilo Santana ao Ministério da Educação, onde se espera que aplique o modelo em todo o país.
Por maiores que sejam as disparidades entre as diversas regiões brasileiras, a agenda para a educação é conhecida. Mas sua implementação continua a enfrentar resistências de toda sorte, como revela a situação da reforma do ensino médio, aprovada em 2017, mas que ainda patina. Apesar de ao longo das últimas décadas terem sido registrados progressos no ensino, precisamos andar mais rápido. Só assim o Brasil conseguirá entrar num rumo de crescimento e desenvolvimento sustentado.