Pesquisar
Close this search box.

O QUE A ELEIÇÃO INTERMEDIÁRIA DE BRUSQUE MOSTROU? UM ELEITOR DESCRENTE NOS POLÍTICOS E PARTIDOS TRADICIONAIS. OS CANDIDATOS DE GASPAR JÁ ESTÃO ADVERTIDOS, MAS FINGEM QUE ESTÃO IMUNES AO MAU HUMOR DOS VOTANTES

A nossa vizinha Brusque deu mais um sinal dos novos tempos: as eleições, cada vez mais, são surpreendentemente “novas” e os velhos caciques e partidos estão perdendo espaços. Quem perdeu em Brusque? As pesquisas. Verdadeiras, ou montadas, foram desmoralizadas novamente. Quem perdeu em Brusque? O PT. É reincidente, ranheta e se nega ao divã e a se atualizar. Armou e não levou. Se uniu ao ex-rival, agora velho e decadente, PSDB. E mesmo sob este disfarce, não conseguiu fazer cócegas, mesmo num município de alto índice de migrantes nortistas e nordestinos tidos como eleitores cativos do PT. Aposta errante. O PT se repetiu: escondeu Luiz Inácio Lula da Silva e trouxe o ex-tucano vestido de PSB, o xuxu Geraldo Alckmin. E mesmo assim, nada somou e se somou, está avisado que o desastre seria ainda maior. Quem perdeu em Brusque? O ex-prefeito Ari Vequi, MDB, o cassado. Seu apoiado, ficou na rabeira. O julgamento popular da sua administração pelas urnas foi implacável. Ou alguém dele quer explicar o inexplicável?

Quem venceu a eleição em Brusque? A abstenção (24.995), os brancos (1.396) e os nulos (1.962), totalizando 28.353 votos perdidos entre os 95.403 eleitores que estavam aptos a votarem no domingo passado em Brusque. Querem comparar: o vencedor da eleição, o vereador e prefeito em exercício, André Vechi, DC (à direita e acima), e o vice Deco Batisti, PL (à esquerda), e que tinha ainda na coligação o Republicanos, conseguiu 27.183 votos, ou seja, 40,54% dos votos válidos. Menos do que os 28.353 votos faltantes para um dos quatro concorrentes.

Perguntei aos daqui e de lá, o que significava este resultado. Pelas respostas, a maioria parece não ter compreendido ainda que com advento das redes sociais, dos aplicativos de mensagens e a falta de lideranças, mas principalmente de resultados dos políticos e gestores públicos para a sociedade, fizeram eles próprios se tornarem a geni (aquela da canção de Chico Buarque) dos seus eleitores e eleitoras em tempos de votos secretos. Os eleitores estão cansados de serem usados (votos), espoliados (impostos, falta de serviço público e situação econômica adversa) e reiteradamente enganados (por discursos fáceis).

Quase todos os candidatos – e seus apoiadores – possuem um pé na velha política. E foi ela a grande derrotada na eleição de Brusque sinalizando o que pode acontecer ao seu redor, inclusive em Gaspar. PT, PP, MDB perderam. Ganhou um jovem, quase um outsider na política, num partido nanico e de direita, sem qualquer aventura radical. Os nomes tradicionais que gravitaram como candidatos e apoiadores se mostraram fracos no auxílio aos concorrentes. Os métodos, também, incluindo a divulgação de pesquisas como indutoras de cabala para se criar o senso de manada na última hora.

Os políticos e seus “çábios” alguns deles contratados a dinheiro grosso, tratam as pessoas como tolas.

Perdeu-se também a tese de que a direita, ou os conservadores divididos dariam a vitória ao lirismo, ou aos teimosos, ou inconformados de sempre do PT e da esquerda do atraso que se agruparam novamente torno do ex-assessor do prefeito de Gaspar, Pedro Celso Zuchi, PT, ex-deputado estadual, ex-prefeito, também já cassado, Paulo Roberto Eccel (PSDB, Cidadania, PV, PCdoB, PDT e PSB). Podem tirar a sua casquinha da vitória de André Vechi, o governador Jorginho Melo, PL, e até o ex-governador Carlos Moisés da Silva, Republicamos.

Qual a conclusão? Esqueçam as eleições com caciques tradicionais. Há cheiro de mudanças, mas não contra pessoas, mas contra comportamentos. Tanto que isto os políticos já sentiam no ar e não é de hoje e por isso na velha propaganda enganosa se anunciavam como os “novos” na política. Vieram manchados pelos velhos vícios. E hoje são reconhecidos exatamente por serem jovens, mas antigos ao mesmo tempo.

Foi o que aconteceu em Gaspar. O novo ficou velho. E é o velho que está na praça. Uns até ficaram espertamente escondidos exatamente porque não tem nada para mudar. Então com a eleição de Brusque no domingo passado, essa gente toda daqui está avisada – mais uma vez. As urnas estão sendo implacáveis e surpreendentes com os metidos a espertos. Acorda, Gaspar!

TRAPICHE

Nem acabou a eleição – sim porque agora vem os possíveis recursos e o julgamento das contas – e os eleitos não foram diplomados em Brusque, mas já começaram a ser assediados e rola solta a especulação de que eles vão trocar de partido visando à reeleição de outubro do ano que vem. 

O PL aposta alto para ter eleito André Vechi, DC e promete abrir as burras do governo do estado para a cidade e com isso facilitar à campanha. O PSD corre por fora. Se André Vechi, do nanico Democracia Cristã, errar o passo nesta escolha e nos resultados para a cidade, ele será o surpreendido na próxima eleição.

A entrevista de André Vechi, DC, no Jornal do Almoço, da NSC de Blumenau, foi reveladora. Perguntado quais as prioridades dele como prefeito tampão até janeiro de 2025, listou três. Colocar o plano de transporte coletivo urbano para licitar e funcionar; iniciar as tratativas para pôr a cidade na rota da coleta e tratamento de esgotos, bem como revisar o Plano Diretor. 

Coincidentemente, estes três temas são tabus e quase intransponíveis para o prefeito de Gaspar, Kleber Edson Wan Dall, MDB, e seu vice, Marcelo de Souza Brick, Patriota, ou PL, talvez, ou PP, sei lá. Hoje pela manha o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, o homem de inúmeras reuniões de planejamento, estava, a contragosto, recebendo uma comissão que está fula com as taxas do cemitério que ele criou da noite para o dia para resolver o problema de caixa da prefeitura e da falta de espaço para os mortos nos campos santos. Perceberam a diferença.

O mico. O vereador e pré-candidato declarado a prefeito de Gaspar pelo PT, Dionísio Luiz Bertoldi gravou um vídeo de apoio na cabala de votos ao “companheiro” Paulo Roberto Eccel, PT, na candidatura à prefeitura de Brusque. Parece que não adiantou. Ele não está só. Ficaram pelo caminho gente como o presidente do PT catarinense e presidente do Sebrae, Décio Neri de Lima, a mulher dele, a deputada Federal, Ana Paula Lima e uma fila imensa.

Por outro lado, o PL de Gaspar, depois da vitória de André Vechi, DC, colou o possível pré-candidato daqui Rodrigo Boeing Althoff e que está escondido há quase três anos e assistindo o desastre da atual administração do seu amigo e ex-companheiro de chapa, Kleber Edson Wan Dall, MDB, para supostamente se beneficiar do espólio. Ao mesmo tempo, o PL daqui desqualificou a aliança de lá do DC e PL com o Republicanos. É que aqui, é possível que ambos batam chapa nas eleições do ano que vem. O Republicanos arma com o empresário Oberdan Barni.

O ex-prefeito por três mandatos Pedro Celso Zuchi e o PT que ele comanda em Gaspar sob o apadrinhamento de Décio Neri e Ana Paula de Lima já mandaram avisar que ele está disposto à quinta eleição para o cargo. Ou seja, renovação zero. O vereador Dionísio Luiz Bertoldi, informado desta disposição, disse que baterá chapa na convenção do partido. Dentro do PT ninguém tem dúvidas de quem vencerá esta disputa, se ela vier a acontecer. Quem viver, verá.

O Partido Novo em Gaspar poderá não ter candidato a prefeito. Neste momento, trabalha para fortalecer a nominada de vereadores. Se não tiver a cabela de chapa para puxar votos, terá que se associar a um dos partidos convencionais. E pelas exigências naturais do Novo, as escolhas estão restritíssimas.

O que está intrigando alguns políticos da cidade é como o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, e o vice Marcelo de Souza Brick, Patriota, ou PL, sei lá, ou PP, talvez, resistem à ideia do Hospital Santo Antônio ser o gerente do falido e problemático, devido as interferências amadoras e políticas, do Hospital de Gaspar. Perguntar não ofende: qual a razão para o ex-todo poderoso de Kleber, o ex-secretário de Fazenda e Gestão Pública, Jorge Luiz Prucino Pereira, PSDB, ainda estar influenciado as decisões de bastidores do gabinete do prefeito? Aí tem.

Em Blumenau, onde a polícia correu atrás de servidores públicos do Samae de lá por supostamente estarem envolvidos em licitação, medição e pagamento de serviços arranjados. Prendeu cinco deles. Dois fatos. O primeiro deles é que não é a polícia que funciona, mas as instituições de vigilância da sociedade que alertaram o Ministério Público que documentado, pegou os agentes públicos com a mão na massa podre. O segundo, é que há ativa oposição.

Um texto publicado pelo deputado Ivan Naatz, PL, que já foi vereador pelo PV e PDT por lá, explica na rede social dele como funciona a máquina do mal. Diante de tão explícita e grave acusação do deputado, perguntar não ofende: por que nada disso chega ao Samae de Gaspar?

É preciso escrever mais alguma coisa? Se isto é um problema antigo como o deputado afirma, o que faz o prefeito Mário Hildebrandt, Podemos, ficar exposto desta forma e por tanto tempo? Esses políticos não conseguem aprender com os erros e os perigos.

Recomeçou mais uma polêmica em Gaspar com a ativação de lombadas eletrônicas no Centro e os necessários avança sinal. Para uns é a indústria da multa, diante do caixa baixo da prefeitura. Para outros, apenas uma consequência da má conscientização dos motoristas e motoqueiros no trânsito. O que está evidente em alguns casos, é a deficiente sinalização. E isto é um problema grave, mas muito comum por aqui. É a Ditran deixando de fazer o que está no Código Nacional de Trânsito. Acorda, Gaspar!

Um bom final de semana a todos. Para mim, o Sete de Setembro era o dia de experimentar o sapato novo no desfile da escola. De verdade eu só iria ganhar de presente no Natal.

Compartilhe esse post:

Facebook
Twitter
WhatsApp
Telegram
LinkedIn
Email

10 comentários em “O QUE A ELEIÇÃO INTERMEDIÁRIA DE BRUSQUE MOSTROU? UM ELEITOR DESCRENTE NOS POLÍTICOS E PARTIDOS TRADICIONAIS. OS CANDIDATOS DE GASPAR JÁ ESTÃO ADVERTIDOS, MAS FINGEM QUE ESTÃO IMUNES AO MAU HUMOR DOS VOTANTES”

  1. O PAPEL FUNDAMENTAL DAS CALÇADAS: LIÇÕES DE DUCESSO PARA GASPAR – UM RELATO DE EXPERIÊNCIA PESSOAL, por Aurélio Marcos de Souza, advogado, ex-procurador geral do município de Gaspar

    Prezados leitores da Coluna Olhando a Maré e cidadãos de Gaspar,

    Como um caminhante diário de aproximadamente 15 km, desejo compartilhar minha experiência pessoal para destacar o papel crítico das calçadas em nossa cidade de Gaspar. Esta é uma reflexão sobre o impacto que calçadas de qualidade podem ter em nossa vida cotidiana, bem como uma chamada à ação para melhorar nossa infraestrutura urbana.

    Minha experiência pessoal como caminhante diário demonstra como calçadas de qualidade impactam positivamente a vida cotidiana em Gaspar. Elas não são apenas superfícies de concreto; são corredores que moldam a forma como nos movemos e vivemos em nosso ambiente urbano. Calçadas bem projetadas e conservadas desempenham um papel fundamental em vários aspectos essenciais para uma cidade.

    SEGURANÇA DOS PEDESTRES: Ao longo de minhas caminhadas diárias, tenho visto em primeira mão como calçadas bem projetadas e conservadas poderiam contribuir para minha segurança. Ruas com calçadas largas e bem iluminadas, como algumas poucas encontradas em partes de nossa cidade, tornam minha caminhada mais segura e agradável.

    INCLUSÃO E ACESSIBILIDADE: Como caminhante, percebo a importância das calçadas acessíveis. Calçadas largas e bem conservadas permitem que todos, independentemente de suas habilidades físicas, desfrutem da mobilidade em nossa cidade.

    SAÚDE PÚBLICA: Minhas caminhadas diárias têm impacto direto em minha saúde. Elas me mantêm ativo e energizado, e sei que muitos outros cidadãos em Gaspar também dependem das calçadas para manter um estilo de vida saudável.

    REDUÇÃO DO TRÁFEGO RODOVIÁRIO: Ao optar por caminhar em vez de dirigir, contribuo para a redução do tráfego nas ruas de Gaspar. Isso ajuda a aliviar o congestionamento e a poluição do ar, criando uma cidade mais agradável para todos.

    PLANEJAMENTO URBANO SUSTENTÁVEL: Gaspar pode aproveitar a oportunidade de desenvolver um planejamento urbano mais sustentável, promovendo calçadas de qualidade. Isso não apenas melhora nossa mobilidade, mas também torna nossa cidade mais ecológica e eficiente.

    ATRAÇÃO DE INVESTIMENTOS: Calçadas bem conservadas não apenas beneficiam a saúde e a mobilidade dos cidadãos, mas também podem atrair investimentos comerciais e turismo. Ruas movimentadas por pedestres geralmente são um indicador de uma economia local próspera.

    Minha experiência pessoal como caminhante diário demonstra como calçadas de qualidade impactam positivamente a vida cotidiana em Gaspar. Elas não são apenas infraestruturas urbanas, mas sim facilitadoras de um estilo de vida ativo, seguro e saudável. Embora tais ações se existissem seriam ideais, é importante reconhecer que Gaspar enfrenta desafios em relação à manutenção de suas calçadas, o que tem um impacto direto na mobilidade e na qualidade de vida de seus cidadãos. A situação atual pode ser desafiadora, mas o esforço coletivo e a defesa da importância das calçadas bem cuidadas podem, eventualmente, levar a melhorias em nossa cidade, contribuindo para uma Gaspar mais segura e saudável para todos os seus residentes.

    1. Bom dia.
      Se passarem uma vassoura embaixo dos tapetes do paço e da Câmara municipal…

      Sobre o desempenho do Vereador Dionísio, apesar do PT, ele vem fazendo um bom trabalho na Câmara.
      Diria mais: que os gasparenses terão muito a perder se ele abandonar o Legislativo na busca da arriscada corrida ao Executivo no pleito de 2.024.
      Já os outros DOZE, se espremer bem, dá MEIO Amauri Bornhausen 😥😔

  2. MINISTROS EM PÉ DE GUERRA, por Vera Rosa, no jornal O Estado de São Paulo

    Enquanto todos os holofotes estão voltados para a dança das cadeiras no primeiro escalão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ministros de várias pastas até agora “imexíveis” dão cotoveladas entre si, nos bastidores. Sob o slogan “União e Reconstrução”, o governo tem, na prática, várias frentes de batalha.

    A Advocacia-Geral da União (AGU), por exemplo, estuda acionar a Comissão de Ética Pública contra o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho. Motivo: há duas semanas, Agostinho fez comparação considerada desrespeitosa pela AGU ao usar de ironia para dizer que não existia “acordo” em licenciamento ambiental por se tratar de decisão técnica. “Não é Casas Bahia”, provocou ele.

    A briga sobre o pedido da Petrobras para explorar petróleo na foz do Rio Amazonas opõe a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e o Ibama, de um lado, ao titular de Minas e Energia, Alexandre Silveira, de outro. Jorge Messias, que comanda a AGU, propôs uma Câmara de Conciliação para resolver o imbróglio e chamou a posição de Marina e Agostinho de “negacionismo jurídico”.

    Na outra ponta, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tenta reduzir o movimento contra o déficit zero a um “fogo amigo”. Haddad sabe, porém, que o chefe da Casa Civil, Rui Costa, liderou uma rebelião que pregava déficit de 0,5% a 0,75% do PIB em 2024. A ideia teve o apoio explícito de Esther Dweck (Gestão) e velado de Simone Tebet (Planejamento). Mas não foi só: a portas fechadas, outros auxiliares de Lula admitiram ser “impossível” ter déficit zero, principalmente em um ano eleitoral.

    Diante dessa fratura exposta, o comando do PT age para jogar cascas de banana no caminho de Haddad ao mesmo tempo que o Centrão aproveita a confusão para cobrar mais caro.

    O embate também é grande entre os ministérios da Justiça e da Defesa, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), as Forças Armadas e a Polícia Federal. Além disso, a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, não quer saber de militares fazendo sua segurança.

    O ministro da Defesa, José Múcio, e o titular da Justiça, Flávio Dino, divergem, por sua vez, sobre assuntos que vão da tentativa de golpe em 8 de janeiro à conveniência de ter militares na Esplanada. Dino é contra e Múcio, a favor. “Nem em um casamento você concorda sempre”, amenizou Dino. “Nós somos amigos. Mas Exército e PF são outra coisa”, admitiu Múcio, às vésperas do 7 de Setembro.

    Dia desses, irritado, Lula perguntou a um ministro: “Quem inventou esse slogan ‘União e Reconstrução’?” Pior de tudo é que o marqueteiro Sidônio Palmeira, responsável pela campanha do PT, jura que foi o próprio presidente.

  3. TRANSPARÊNCIA DO STF É INEGOCIÁVEL, editorial de O Globo

    Recém-empossado no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Cristiano Zanin se tornou alvo de críticas do PT e de setores da esquerda em razão de seus primeiros votos na Corte. Em pelo menos quatro casos, ele adotou posições contrárias à agenda tida como progressista. É curioso notar que, antes da sabatina no Senado, opositores do governo diziam que Zanin faria o que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mandasse. Para o bem da Corte, nem uma coisa nem outra. Certo ou errado, ele agiu segundo o que as suas convicções apontavam como ditames da Constituição. Em vez de críticas, os votos de Zanin merecem no mínimo elogios pela independência.

    Cobrado por aliados pela indicação de Zanin, Lula chegou a defender votos sigilosos no Supremo, como forma de deter a “animosidade” contra a Corte. “Se eu pudesse dar um conselho, é o seguinte: a sociedade não tem que saber como é que vota um ministro da Suprema Corte”, disse Lula. “Eu acho que o cara tem que votar, e ninguém precisa saber.”

    A sugestão de Lula não merece prosperar. Não é remédio para ataques e pode até acirrá-los, na hipótese remota de que vá adiante. A transparência nas decisões do Supremo é um valor que deve ser inegociável. Cada país tem sua forma de lidar com ela, mas nenhuma democracia pode pôr em questão a essência desse valor. A sociedade tem direito a saber como pensa e como vota cada ministro do Supremo. Nos Estados Unidos, as decisões da Suprema Corte são tomadas em reuniões fechadas, mas seus votos são públicos. No Brasil, as sessões do STF são abertas, e a leitura dos votos é transmitida pela TV Justiça.

    É evidente que exposição excessiva traz consequências indesejadas, tanto para a imagem da Corte quanto para a de cada ministro. Cabe aos juízes encontrar a melhor maneira de dosá-la para que não venham a se tornar vítimas dela. Nossa Constituição abarca múltiplos temas de impacto direto na vida dos cidadãos — somente para citar alguns: saúde, educação, previdência social, assistência social, meio ambiente, direitos dos povos originários, até mesmo a licença-paternidade constam de nossa Lei Maior. Por isso o trabalho do Supremo é maior que o de cortes mundo afora que tratam apenas de questões constitucionais. Isso exige, é certo, presença mais frequente dos ministros em certos ambientes, não para falar do que julgarão — algo inaceitável —, mas para tornar mais claro o papel da Corte no trato desses temas. Mais autocontrole e comedimento sempre são bem-vindos. Não é preciso cassar a transparência ou limitá-la.

    Ainda há, é certo, um longo aprendizado no uso do meio televisivo pelos tribunais, que poderia servir de base para melhorias. Considerados, porém, todo o ônus da exposição excessiva e todo o bônus da transparência, a TV Justiça tem saldo positivo. A sugestão de Lula — o sigilo dos votos — vai muito além de tentar preservar a imagem do Supremo ou de impor regras para o uso da televisão. Ressalvados casos excepcionais em que estejam em jogo a segurança dos próprios juízes, questões militares ou de segurança nacional, é uma ideia incompatível com o papel dos tribunais numa democracia.

  4. LULA, NÓS QUEREMOS SABER, por Mariliz Pereira Jorge, no jornal Folha de S. Paulo

    Subir a rampa do Planalto com representantes de uma sociedade mais diversa é fácil. Difícil é transformar o discurso em ações para aumentar a participação dessas pessoas em setores variados do Estado. Pela segunda vez, Lula terá a chance de deixar o STF um pouquinho menos branco, menos masculino, menos hetero, mas principalmente, mais progressista.

    O cenário deve permanecer o mesmo e Lula parece zero constrangido por garantir a presença de um conservador como Cristiano Zanin durante as três próximas décadas no Supremo. Agora defende a falta de transparência no Tribunal ao dizer que ninguém precisa saber como vota um ministro. O reaça do Bolsonaro não faria melhor.

    Talvez Lula faça um cálculo bastante arriscado de que terá tempo de proporcionar um pouco de equilíbrio à casa num suposto quarto mandato. Não é o seu pescoço que está em risco, mas o das minorias que subiram a rampa com ele. Se a ideia for essa e os planos não saírem como previsto, um eventual governo de direita ou de extrema direita, com o poder de nomear mais três ministros terrivelmente conservadores, pode sequestrar direitos já garantidos, como o casamento homoafetivo.

    O inusitado desse momento é a briga entre a militância, que deixou o cercadinho lulista dividido. De um lado, gente que jamais questionará as decisões de painho e está enfurecida com quem o faz. Do outro, eleitores que se enxergam como protagonistas na vitória da eleição e querem ser ouvidos.

    Há uma campanha circulando nas redes, batizada de #tomaumcafecomelas, com intuito de pressionar Lula a conhecer juristas negras para a vaga. O tom do site, produzido para que os eleitores inundem a caixa de e-mail da Secretaria de Comunicação da Presidência, é de deboche. Diz que o presidente não tem tempo para socializar e precisa aumentar o círculo de amizades. O recado é claro: Lula só não indica uma mulher negra ao Supremo se não quiser.

  5. TESTANDO OS LIMITES DA IRRESPONSABILIDADE, por Zeina Latif, no jornal O Globo

    Um padrão recorrente no Brasil é o descuido com a política econômica em tempos de bonança, como se as boas condições fossem permanentes e permitissem atender às muitas demandas por mais gastos e benesses. Pior, muitas vezes as medidas têm efeito duradouro ou permanente, constrangendo os orçamentos futuros.

    O sistema político não ajuda, pois não há praticamente incentivos para o Congresso frear a gastança. O custo político de fazê-lo pode ser alto, enquanto o custo do erro, pela inflação teimosa e pelos juros mais altos, cai no colo do presidente de plantão.

    Em meio aos bons ventos na economia, no PIB e na inflação, caímos novamente em uma armadilha de leniência fiscal.

    Algum aumento dos gastos públicos este ano seria inevitável por conta do represamento artificial feito pelo governo anterior, enquanto a proposta orçamentária de 2023 era infactível — a previsão de 17,6% do PIB de despesa primária não era realista à luz da rigidez dos gastos, a maioria deles previstos na Constituição, como os da Previdência.

    Por exemplo, a contenção dos gastos com a folha (caiu de 4,3% do PIB em 2018 para 3,4% em 2022), ainda que com algum mérito, criou uma situação insustentável, pela defasagem dos vencimentos de muitas categorias e pelo encolhimento do número de funcionários públicos (-40% entre 2018-21, pela Rais) a comprometer o funcionamento de alguns órgãos.

    No entanto, o governo esticou demais a corda, produzindo uma alta preocupante dos gastos, especialmente em meio à queda da receita tributária como proporção do PIB, após anos excepcionais, quando a expressiva alta de preços de commodities inflava a arrecadação.

    De janeiro a julho, as despesas primárias atingiram 19,1% do PIB, segundo a Instituição Fiscal Independente (IFI), ante 18,2% em 2022. Um importante fator de pressão é o impacto do reajuste do salário mínimo sobre a Previdência e as várias políticas sociais, agora e nos próximos anos.

    Não foi decisão sábia resgatar sua fórmula de reajuste pela inflação (do ano anterior) e pela variação do PIB real (de dois anos antes). Em um país com grande desafio fiscal e produtividade do trabalho quase estagnada, corre-se o risco de piorar o balanço entre inflação e desemprego, com ambos caminhando na direção indesejada.

    Estivesse o salário mínimo defasado em termos reais, a decisão seria compreensível, mas não é o caso.

    São muitas os anúncios de aumento de despesas e de renúncias tributárias — por vezes, por decisão do Congresso. Exemplo evidente foi o anúncio do Novo PAC, como já discutido neste espaço.

    A própria elevação dos gastos contribui para estimular a economia no curto prazo. Vide os números do PIB no segundo trimestre, com crescimento do consumo do governo (+0,7% em relação ao trimestre anterior) e das famílias (+0,9%), este último beneficiado pelo aumento do salário mínimo e pelo robusto Bolsa Família (1,3% do PIB ante 0,34% no final do Lula 2).

    Enquanto isso, o investimento não reage, e a culpa não é toda dos juros altos, nesse ambiente de ruídos e riscos de retrocessos. A lista tem de tudo: política discricionária de preços da Petrobras, mudanças de regras do jogo para a Eletrobras, incertezas quanto à carga tributária futura, volta da contribuição sindical etc.

    Os benefícios sobre o PIB no curto prazo alimentam a crença de muitos de que o caminho está correto, como se não houvesse custos e riscos adiante. O esforço se resumiria a não assustar os investidores. Para isso, vale até discutir a antecipação de receitas do pré-sal, como se isso compensasse a gastança.

    Os efeitos colaterais de excessos fiscais não se manifestam rapidamente. No início, geram sensação de bem-estar, mas depois vem o gosto amargo, inclusive pela baixa qualidade do gasto público. Os sinais começam pela inflação teimosa, pelo estímulo à demanda em um contexto de reduzida ociosidade na economia (o nível atual de utilização da capacidade instalada na indústria e nos serviços está acima do padrão) e por alimentar a desconfiança dos investidores, que pressiona o dólar.

    Um quadro de descontrole, como na gestão Dilma, é improvável. Estão claros os limites para aumento da carga tributária, contabilidade criativa e, em alguma medida, leniência do Congresso em um contexto de maior concorrência na política. O quadro está mais para um Brasil que pouco aprende e perde oportunidades.

  6. E agora? O que a corja vermelha alegará sobre sua derrota em Brusque? Excesso de falta de recursos financeiros? Ausência na campanha do ex presidiário lula? Brusquenses não gostam de “picolé de chuchu”? Falhas nas urnas eletrônicas? Novamente, meus parabéns, Brusquenses!

  7. Rescindiram o contrato com a empresa de varrição ECOSYSTEM, justo agora que o vereador Alex iria averiguar contratos, empenhos, aditivos e etc. Acorda Gaspar!

    1. Josué.

      1. A rescisão do contrato da prefeitura com a curitibana Ecosystem, não impede, de modo algum, que o vereador Alexsandro Burnier, PL, vá atrás das dúvidas que ele eventualmente está encontrando neste contrato contra o poder público e o povo que banca tudo isso.

      2. Até o momento, o vereador tem se mostrado muito cauteloso em colocar o dedo nas feridas de Gaspar, mesmo ele se intitulando ser de oposição. O falecido Amauri Bornhausen, PDT, mesmo na situação, enquanto vereador, fez muito mais do que qualquer oposicionista, mesmo sob pressão e as pragas do poder de plantão. Alex – um vereador de primeira viagem como Amauri – assistia e pelo jeito não aprendeu nada com o ex-vereador.

    2. Bom dia.
      Se passarem uma vassoura embaixo dos tapetes do paço e da Câmara municipal…

      Sobre o desempenho do Vereador Dionísio, apesar do PT, ele vem fazendo um bom trabalho na Câmara.
      Diria mais: que os gasparenses terão muito a perder se ele abandonar o Legislativo na busca da arriscada corrida ao Executivo no pleito de 2.024.
      Já os outros DOZE, se espremer bem, dá MEIO Amauri Bornhausen 😥😔

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Não é permitido essa ação.