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QUEM VAI CUIDAR DO SIMPLES TÚMULO DA MAIOR DOADORA DE TERRAS DO CENTRO DE GASPAR, A DONA MIMI HÖESCHL? HOJE AS TERRAS DELA VALERIAM CENTENAS DE R$ MILHÕES

Alterado e atualizados às 12h20min. O prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, o vice Marcelo de Souza Brick, Patriota, ou PL, sei lá, ou PP, talvez, os “çábios” que habitam a prefeitura e tratam quase todos da cidade como tolos, bem como todos, repito, todos os vereadores, os quais aceitaram a proposta do prefeito, aprovaram e regulamentaram leis e planos para fazer caixa para os cofres vazios da prefeitura – outro fato mal esclarecido até agora -, mesmo que para isso seja necessário desalojar os restos mortais dos nossos mortos – cujos vivos estão sem dinheiro, ou interesse neste “investimento”. 

Tudo feito para dar lugar a outros mortos, se os seus parentes vivos dos que estão enterrados não pingarem as caras taxas que a prefeitura inventou da noite para o dia contra os cidadãos e cidadãs, devido à falta de planejamento – ou intencionalmente. É que deixou o tempo passar e não aumentou os cemitérios, ou criou outros, ou concedeu à permissão a particulares para investir nesta área. E abriu o caminho para montagem de um lucrativo crematório particular e que também será de “emergência”.

É assunto está numa polêmica danada e diária só depois que ele mexeu nos bolsos da população, porque nada disso foi discutido com a sociedade e porque, por falta de gestão, ou porque esta era a verdadeira intenção do governo de Kleber e Marcelo, ou porque a falta de transparência neste governo é reiterada e nula, praticamente. O governo de Kleber e Marcelo esperou por sete anos os cemitérios do Santa Terezinha e Barracão lotarem e tudo virou emergência.

Este é mais um retrato das muitas desumanidades de Gaspar por seus políticos, governantes e os que se dizem dono da cidade. E todos os autores e co-autores de mais este – entre muitos atos similares – estão na rua armando as suas campanhas, pois o novo lema é: “a máquina não pode parar“.

No artigo de hoje não vou tratar nem da esperteza que come o próprio dono, como dizia o ex-primeiro ministro brasileiro, o mineiro Tancredo de Almeida Neves, nem como todos, como mágicos e ilusionistas que são no marketing que praticam no poder de plantão, querem escapar da culpa que possuem neste cartório que cobra dos pobres e até dos de bolsos forrados. Vou tratar do abandono e da ingratidão, própria dos políticos e de suas conveniências contra a memória, os pioneiros e sua gente. Os que renegam a própria história da cidade e vivem por aí com estórias mal contadas.

Quem está enterrada lá no cemitério do Centro e que poucos conhecem à relevante história dela para com o surgimento e o desenvolvimento da cidade de Gaspar como um todo? Maria Cândida Höeschl. Poucos, pouquíssimos.

Ela era dona de terras que quase cobrem a metade do que é Centro da Cidade nos dias de hoje, incluindo a o prédio da prefeitura. Esta terras e vários imóveis iam desde a Sociedade Alvorada até ao que é hoje é a Farropa, incluindo onde está a sede da prefeitura. Depois da morte dela, por ser solteira, não ter herdeiros, testamento ou feito a doação em vida, tudo isto ficou para a União e Gaspar, cujas terras viraram um comércio. O município usou, doou – como é o caso do Alvorada e fez caixa vendendo a maior parte – mesmo naquele tempo – valorizadas, com a única promessa: a de cuidar do seu túmulo no Santa Terezinha.

Olha só a foto que abre o artigo. Veja o estado deplorável em que está hoje o túmulo dela. Vergonha. Sacrilégio. Confiou nos políticos. Nos gasparenses. Nem a sua história (e importância) é difundida e conhecida entre nós. Nem mesmo pelos que usufruíram de seus bens. Esconde-se esta história nas escolas e até no Arquivo Histórico cujos registros são parcos e pobres. E os políticos de hoje, distribuindo à cântaros títulos, homenagens, moções e tudo para ter votos dos vivos. Deplorável. Miséria humana. Cidadania jogada no lixo. Respeito, zero. Esta é a cidade sem alma feita por políticos intocáveis que se endeusam nas redes sociais exibindo posses, poder e perseguição E todos são jovens.

E a pergunta que não quer calar, diante de tanto desleixo, esquecimento e ingratidão, é se a nova legislação e da sanha do governo de Kleber, Marcelo, seus “çábios” que não sabem o que fazer para ter caixa no presente, bem como todos dos vereadores que votaram para desalojar os restos mortais dos que não pagarem as taxas dos túmulos, se terão coragem, desumanidade, desavergonhice para desalojarem Maria Cândida da sua “última morada” para, com aquele pedaço de chão, fazer mais dinheiro com o última terra que lhe restou para descansar os seus restos mortais em nossa cidade? Meu Deus. 

E esta gente ainda se diz cristã, vive de bíblia debaixo do braço profetizando por aí, ou ajudando o padre nos ofícios sagrados. Impressionante!

Mas quem era Maria Cândida Höeschl, ou dona Mimi Hoeschl como se conheceu na fase adulta quando ela teve uma ativa vida social, cultural, religiosa e econômica em Gaspar? 

No seu livro, “Homens que fizeram história“, o radialista e político Álvaro Correia, cidadão honorário daqui, lembra que nascida em 27 de maio de 1871, ela era filha de Carlos Procópio Höeschl e Maria Zimmermann. Carlos veio da Alemanha para o Rio Grande do Sul e por fim foi dar em São Pedro de Alcântara. Lá conheceu e se casou com Maria, virou professor, antes de dar em Gaspar, como aconteceu com muitos pioneiros daqui que vieram de São Pedro, a nossa Freguesia católica.

Aqui virou comerciante e importador de sucesso, com porto próprio na foz do ribeirão Gaspar Mirim. Tornou-se referência e um próspero empreendedor da sua época. O Conde D’Eu e o Visconde de Taunay se hospedaram na casa dele, por exemplo. Com a morte dele, os negócios não sofreram solução de continuidade tocados pela filha que foi a precursora de atividades culturais e que ainda sobrevivem. Ela morreu no dia 27 de abril de 1943, aos 72 anos. E a cidade que vinha em mudança, mudou muito mais. Pior: tornou-se insensível e desmemoriada.

Atentem para estas três leis, duas delas assinada em 1954, portanto há 69 anos, pelo então prefeito Júlio Schramm.

A 66/1954 autoriza a prefeitura construir sobre as suas expensas a lápide onde foi enterrada a Dona Mimi Höeschl e sobre ela a seguinte inscrição: “Os gasparenses reverenciam a memória de Maria Cândida Hoesdel (Dona Mimi), com fieldade a Deus pelo descanso eterna de sua alma“. Parece que faltou dinheiro e a reverência. Vergonha.

A segunda, a 67/1954 o que autorizou a “pagar a Sr. Haline Barbosa Fonte, a título de puríssimo de advogado, a quantia de Dezoito mil cruzeiros (Cr$ 18.000.00) pelos seus serviços profissionais no processo de doação, já efetuada, dos bens deixados à União“. 

A terceira, a 73/1955, ou seja, há 68 anos, doou o terreno para a construção da Sociedade Alvorada. E o artigo segundo da referida lei diz que ” Caso não seja o terreno doado para o fim a que se refere o artigo anterior, reverterá ao patrimônio do Município independente de qualquer apelação“. Humm

Encerrando.

Quem vai cumprir o que a lei deu como última homenagem de reconhecimento a Mimi Höeschl, depois de 80 anos de sua morte? Ou o destino dela será o ossário como querem o prefeito, o vice, os “çábios”, os vereadores de hoje, para se ter mais míseras moedas no caixa da prefeitura sem controle e transparência? Os nossos políticos de hoje não conhecem, ou fingem que não conhecem à nossa história, com “h”. Eles não conseguem respeitar à memória da cidade e muito menos o pioneirismo dos seus cidadãos e cidadãs? Impressionante. Espera-se que a futura geração resgate a história, a dignidade e o respeito e se lembre de quão ingratos foram com os seus que hoje nos governam. Acorda, Gaspar

TRAPICHE

O prefeito de Gaspar Kleber Edson Wan Dall, MDB, um dos mais altos salários do Brasil, ontem, mais uma vez, como faz há sete anos, surpreendeu a todos os gasparenses, enviando um vídeo nas ruas redes sociais dizendo que estava em Brasília. Transparência zero. A viagem é mensal. E sempre se tem uma desculpa. Retornos e resultados quase sempre são desconhecidos, além das polpudas diárias.

O que levou o prefeito de Gaspar a Brasília desta vez? A Reforma Tributária. Com o caixa comprometido ele está com medo de perder verbas. E se isso acontecer, só vai acontecer quando ele estiver fora da prefeitura e quando o seu sucesso estiver de mãos amarradas por conta das dívidas que vem fazendo nos empréstimos que está tomando e naquilo que não planejou para deixar a cidade autônoma.


A justificativa no vídeo curto dele é que é preciso atuar, como se ele tivesse voz ativa no Planalto e no Parlamento neste e outros assuntos. No Planalto ele precisa de um interlocutor afinado com o novo governo Luiz Inácio Lula da Silva, PT. Não possui. No parlamento, Kleber Edson Wan Dall, MDB, tem o novo prefeito de fato, e irmão de templo, o deputado Ismael dos Santos, PSD. Pelo jeito isto não tem sido suficiente e já está arrumando desculpas antecipadas para aquilo que não consegue colocar em prática.


A Reforma Tributária pode sim penalizar os municípios. Mas, aí há duas federações de municípios, sustentadas por municípios, com influências e cuidando disso. Basta daqui acompanhar e participar remotamente do bafo. Porque no fundo, tudo será decidido na Câmara e no Senado (aliás, onde está a Reforma Tributária) e é para lá, via os nossos representantes que o o prefeito de Gaspar e outros devem lançar suas baterias. 


E nem precisa ir a Brasília. Ou o prefeito não conhece isso na prática que faz quando manda alguma coisa para a Câmara daqui sabendo que será do seu jeito por ter maioria nela? Adiantará o bafo da oposição e do povo? Veja o que acontece com os cemitérios, educação, hospital, saúde pública, assistência social. por exemplo.

Esta gente quanto mais explica, mais se enfraquece e se complica.


Querem o penúltimo exemplo de que Gaspar caminha para trás e arrota caviar? Diz-se que somos a Capital Nacional da Moda Infantil, mas se corta da Expo Gaspar. Os presidentes de associações empresariais vivem arrotando planos, mas não apresentam resultados reais nenhum – nem para eles, nem para a cidade. Pior nem fiscalizam ou questionam o que funciona contra seus próprios negócios como um Hospital doente, uma educação pífia, uma formação de mão de obra inexistente. E ainda se mete a lançar candidatos pangarés para passar vergonhar e não terem representações.


Qual é a manchete de hoje no jornal Metas, de Gaspar, para que não me digam que eu implico trazendo fontes que não sejam as que a própria prefeitura e o poder de plantão avalizam como crível? Amanhã 18 prefeitos de Santa Catarina recebem em Itajaí o título de Inovadores. Será no 6º Congresso de Cidades Digitais e Inteligentes. O que significa isto? De que não somos – e o prefeito e o vice também – nem digital, nem inteligente.


E aí você acha que deve estar só gente graúda. Nada, nadinha de nada. Estão lá Porto Belo, Navegantes, ilhota, repito, Ilhota, Itajaí, Itapiranga, São Francisco do Sul, Florianópolis, Governador Celso Ramos, São José, Curitibanos, São Cristóvão do Sul, Concórdia, Timbó, Catanduvas, Novo Horizonte, Barra Velha Canoinhas e Mafra.


Agora, veja por que estes municípios foram escolhidos e reflitam sobre o nosso atraso.  Para a seleção dos Prefeitos Inovadores foram considerados diversos fatores entre eles a utilização da tecnologia de forma estratégica na gestão pública através de ações implantadas na atual gestão (2020-2024) e que estão contribuindo na melhoria da prestação de serviços e qualidade de vida do cidadão. “Valoriza os gestores que estão utilizando a tecnologia como estratégica para tomada de decisão e facilitar a vida das pessoas”. Acorda, Gaspar!


O candidato a prefeito pelo PT na eleição suplementar em três de setembro em Brusque, o advogado Paulo Roberto Eccel, está correndo contra o tempo. Ele que já foi assessor aqui do ex-prefeito Pedro Celso Zuchi, PT, deputado estadual e prefeito cassado por lá, teve a sua candidatura impugnada na Comarca de Brusque. Cabe recurso e se tenta reverter a surpresa em grau de recursos. É o tipo do feitiço que virou contra o feiticeiro. Foi o PT quem articulou a cassação do prefeito eleito em 2020, Ari Vequi, MDB.


O que pega? É que o Solidariedade e a Federação PV, PCdoB, membro da coligação com o PT de Brusque, estão com problemas nas suas prestações de contas de eleições anteriores, ou diretórios, ou comissões provisórias. Pergunta simples e óbvia: isto não foi checado antes? Paulo Eccel como candidato prova de que é um péssimo compliance. Não foi capaz de ter certeza da sua mínima proteção como candidato. Ficou exposto e já tem uma desculpa antecipada para uma possível derrota.

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12 comentários em “QUEM VAI CUIDAR DO SIMPLES TÚMULO DA MAIOR DOADORA DE TERRAS DO CENTRO DE GASPAR, A DONA MIMI HÖESCHL? HOJE AS TERRAS DELA VALERIAM CENTENAS DE R$ MILHÕES”

  1. Pingback: A NONAGENÁRIA GASPAR NÃO DEU UM PIO A QUEM LHE DEU ESTA "INDEPENDÊNCIA" DE BLUMENAU. COISA DE ESTORIADORES - Olhando a Maré

  2. Pingback: OS POLÍTICOS AINDA NÃO PERCEBERAM QUE A LÍNGUA É O CHICOTE DO DONO EM TEMPOS DE LIBERDADE DE ACESSO DOS CIDADÃOS ÀS REDES SOCIAIS E APLICATIVOS DE MENSAGENS - Olhando a Maré

  3. A turma do P Trevas de Brusque, tem que amargar a lanterna nesta eleição. Ouvi um Ptrevinha de Gaxpar arrotar que fez parte deste circo ridículo. Estão colhendo o que plantaram

  4. Miguel José Teixeira

    O título do texto da Jornalista Vera Magalhães é estonteante! Porém, com essa “ferrenha oposição” à favor do governo, já, já ele atinge 100% de aprovação. À cada enxadada, surge uma minhocada. . . Agora vem o “recuão tarcisinho” anistiando multas por infrações durante o período da covid, beneficiando infratores contumazes. E como fica a situação, por exemplo, daquele Guarda Municipal, que cumprindo seu dever, autuou um “togadão” por não utilizar a obrigatória máscara, e que por ele foi humilhantemente, humilhado?

  5. GOVERNO E PET ERRAM AO POLITIZAR O APAGÃO, editorial do jornal O Globo

    Ao longo da terça-feira, quando o país viveu o maior apagão desde 2009, as narrativas prevaleceram sobre os fatos. Uma questão de fundo técnico foi imediatamente politizada. A primeira-dama Janja da Silva publicou, antes de qualquer análise ou diagnóstico das causas, mensagem numa rede social pondo a culpa na privatização da Eletrobras. Líderes petistas seguiram o mesmo caminho. Até o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, pôs a empresa na berlinda, embora tenha dito ser “leviano” apontar relação de causa e efeito entre o apagão e a privatização.

    A politização abriu caminho ainda a críticas às fontes alternativas de eletricidade. Mesmo que o apagão possa ter tido origem na sobrecarga de uma usina eólica e que a energia tenha demorado mais a voltar nos estados que dependem da geração por vento ou solar, a falha técnica, rara, não é pretexto para a adoção de fontes de energia mais poluentes. O problema não está ligado às usinas em si, mas à gestão do sistema. Apenas uma apuração consistente das causas será capaz de apontar o que precisa ser corrigido para evitar episódios semelhantes.

    Silveira anunciou ter pedido à Polícia Federal e à Abin abertura de investigações sobre suspeitas de sabotagem. É verdade que, depois dos ataques golpistas do 8 de Janeiro, foram registrados atentados a torres elétricas, mas por enquanto não há indício de nada do tipo. De acordo com informações preliminares, o sistema foi atingido por duas falhas simultâneas em linhas de transmissão.

    Uma ocorreu no Ceará, numa linha da Chesf, subsidiária da Eletrobras, devido à sobrecarga num momento em que a geração dependia mais de usinas eólicas e solares — segundo Silveira, o evento foi de pequena magnitude e não seria capaz, sozinho, de causar o apagão. A segunda, possivelmente na subestação de Xingu, que recebe energia da hidrelétrica de Belo Monte. As panes provocaram efeito cascata. O Esquema Regional de Alívio de Carga (Erac), usado como proteção, cortou o fornecimento para evitar sobrecarga e maiores danos aos equipamentos.

    O apagão afetou, em maior ou menor escala, 26 das 27 unidades da Federação (apenas Roraima, desconectada da rede nacional, não foi atingido). Quase 15% da população — 29 milhões — ficaram sem luz nalgum momento entre 8h31 e 14h49, quando a energia foi restabelecida por completo. Até agora, não há explicação convincente. “Não é normal levar esse tempo todo para dar uma explicação”, afirma Edvaldo Santana, ex-diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). “O Operador Nacional do Sistema (ONS) sabe em tempo real onde ocorreu a falha. Chamou a atenção na entrevista do ministro não haver ninguém do ONS.”

    Enquanto a oposição aproveita o apagão para criticar a gestão do setor elétrico pelo governo, o Planalto minimiza o episódio. Em contraste com outros apagões, os reservatórios hoje estão cheios, existe oferta de energia e não há excesso de demanda. Mas fatos raros acontecem. Por isso mesmo, o governo tem obrigação de explicar o que aconteceu, por que aconteceu e dizer o que fará para evitar que se repita. Não dá para politizar uma questão essencialmente técnica nem tratar problema de tamanha gravidade de forma tão rasteira.

  6. UM GOVERNO APEGADO A FÓRMULAS ANTIGAS, por Willian Waack, no jornal O Estado de S. Paulo

    Lula continua dedicado a buscar no passado perdido uma visão de futuro. A postura vale especialmente para a economia (mas também para política externa), e seu exemplo mais recente foi o relançamento do PAC.

    Há consenso sobre o fato de o PAC original não ter sido uma história de sucesso. Ao fim do período petista a economia contraiu, o desemprego aumentou e fracassaram alguns dos principais projetos de industrialização.

    Qual a razão de se insistir agora mais uma vez em indústria naval, diante do fracasso das anteriores? Ou de se utilizar estatais e bancos públicos no mesmo tipo de empreitadas que trouxeram maus resultados?

    A mesma indagação vale para a expansão da política fiscal, bancada agora por uma enorme campanha de aumento de receita, já que é mínimo o esforço de contenção de despesas públicas. Se gasto é vida e PAC acelera o crescimento, como assim estamos vivendo mais de uma década perdida?

    Uma parte da resposta está na inexistência no Brasil de um acompanhamento de políticas públicas que indique se vale a pena prosseguir nelas. Para permanecer no inglês, o tal do “spending review” não passa de “wishful thinking”.

    Mas a outra parte da resposta está no fato de que a análise que Lula 3 faz de suas iniciativas no passado é essencialmente política. Ele considera que as políticas (fiscal ou econômica via PAC) não estavam erradas em si, mas foram vítimas de sabotagem, interrupções e de um golpe aplicados por adversários políticos insatisfeitos com um “governo popular”.

    Em outras palavras, na visão do atual governo o que deu de errado foi causado por golpes, e não pela natureza equivocada das políticas. E teria menos culpa ainda o conjunto de ideias que dão tanta relevância ao papel do Estado. Não é outro o símbolo de Lula exibindo Dilma Rousseff (a impichada “mãe” do PAC) no relançamento do programa.

    Lá fora, curiosamente, são colegas presidentes de esquerda que estão dizendo a Lula como é perigoso ficar preso ao passado. O do Chile, ao lembrá-lo de que valores democráticos são universais e é o que está em jogo na guerra da Ucrânia. O da Colômbia, ao reiterar que combustíveis fósseis não podem mais ser uma proposta de futuro, e é o que está em jogo na transição energética.

    Aqui dentro quem indica o perigo para o presidente é o Centrão. É profundamente irônico que seja um personagem com as características de Arthur Lira, mais afeito às truculências da política cotidiana do que a ideias literárias, que ofereça a Lula um “momento Proust”: a busca do tempo perdido é uma tarefa inútil.

    1. Esta é a Gaspar, sem memória. E sem a sua própria história. A começar por quem a emancipou, um gasparense que era o “prefeito” de Blumenau e por causa disso virou um inimigo público número um por lá, e um esquecido por aqui. Outro, é o alemão Frei Godofredo, o maior empreendedor social que Gaspar já teve. E assim vai…

  7. Merci Maria hostin Werner

    Acho absurdo cobrarem 720 reais . Acredito que uma taxa estava muito bem pago . 80 %da população Gasparense ganha um miserável salário mínimo.

  8. PONTA DE FACA, editorial do jornal Folha de S. Paulo

    Pressões e recados fazem parte do jogo político, mas o próprio ministro Fernando Haddad, da Fazenda, parece ter reconhecido que deu um passo em falso ao se queixar do que considerou um poder imoderado da Câmara dos Deputados.

    Ele foi a público na segunda-feira (14) em busca de amainar o impacto das afirmações de poucas horas antes. Alegou que não fizera crítica à atual legislatura —vale dizer, ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL)— e avaliou que Executivo e Congresso precisam construir uma relação mais estável.

    Àquela altura, a reação de Lira às elucubrações do ministro já ameaçava a tramitação de projetos essenciais para a agenda econômica, em particular a nova regra de controle das despesas do governo.

    Não resta dúvida de que Haddad criticou, sim, o atual protagonismo da Casa legislativa durante o programa Reconversa, transmitido pela internet. Disse que o Brasil vive uma espécie “estranhíssima” de parlamentarismo sem primeiro-ministro —e que a Câmara não pode usar seu poder inaudito para “humilhar” o Senado e o Executivo.

    Reclamou, ademais, das atuais dimensões das emendas parlamentares ao Orçamento e, no que soou como referência a Lira, afirmou que na democracia as instituições ficam e as pessoas passam.

    A análise é pertinente. O Congresso de fato se fortaleceu nos últimos anos, e o chefe da Câmara aglutinou em torno de si, à base de fisiologismo, extensa rede de apoios.

    O que o titular da Fazenda deixa de considerar é a fragilidade do governo a que pertence, vitorioso por margem ínfima nas urnas e sem um programa de ampla aprovação da sociedade.

    Tome-se o exemplo da intenção de fazer todo o ajuste imprescindível das contas públicas por meio de mais impostos. Rever subsídios e privilégios é correto, mas elevar uma carga tributária já exorbitante se mostra missão inglória econômica e politicamente.

    Neste momento, o Executivo enfrenta dificuldade para aprovar uma medida provisória destinada a taxar investimentos no exterior. Independentemente do mérito da proposta, o descabido artifício petista de inclui-la também em outra MP, relativa ao aumento do salário mínimo, pode resultar em um conflito temerário com Lira.

    Longe de contar com uma base sólida de sustentação no Congresso, o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) precisa aproveitar as oportunidades de entendimento em torno de projetos suprapartidários, como se deu com a reforma tributária aprovada na Câmara.

    Deve também escolher com cuidado as disputas legislativas a serem enfrentadas. De melhor, a disposição para dialogar e negociar é visível no Planalto e na Fazenda.

  9. O EFEITO MILEI E O ITAMARATY, por Elio Gaspari nos jornais Folha de S. Paulo e O Globo

    O anarcocapitalista Javier Milei surpreendeu arrebatando 30% dos votos nas primárias presidenciais argentinas. A eleição será em outubro, e muita água passará debaixo da ponte. Mesmo assim, num país com 115% de inflação anual, o Banco Central (que ele promete fechar) subiu os juros para 118%; em poucos dias, o dólar disparou, e os títulos da dívida argentina despencaram.

    A encrenca argentina é séria, mas não é inédita. Lá, o general Jorge Rafael Videla, ditador deposto em 1981, morreu num banheiro da cadeia em 2013. Em 2001, o presidente civil Fernando de la Rúa fugiu da Casa Rosada, e em duas semanas o país teve cinco presidentes.

    O governo do presidente Alberto Fernández está bichado. Cumpriu-se parcialmente uma profecia de Jair Bolsonaro, impropriamente enunciada durante a campanha eleitoral de los hermanos. Fernández e Lula aproximaram-se. Javier Milei, por sua vez, aproximou-se de Bolsonaro.

    Com as cartas que estão na mesa, é forte o efeito gravitacional que levaria o Brasil a se meter na encrenca argentina. Se Bolsonaro não deveria ter se metido na campanha de 2019, o governo de Lula não deve se meter na disputa de 2023. À primeira vista, isso parece impossível, até injusto. Seria como tirar o sapato sem tirar a meia.

    Para diplomatas competentes, não só isso é possível, como, em circunstâncias piores, o Itamaraty já fez a mágica.

    Em 1982, os presidentes Leopoldo Galtieri e João Baptista Figueiredo eram bons amigos. Militares brasileiros sequestravam exilados argentinos no Brasil, e militares argentinos sequestravam brasileiros em Buenos Aires. O general Galtieri (um bebum) teve sua ideia: invadir as Ilhas Falklands, terras perdidas no meio do oceano, governadas pelos ingleses.

    A primeira parte foi fácil, e ele tomou as Malvinas. Restava a segunda: o que faria a Inglaterra, governada pela primeira-ministra Margaret Thatcher? No dia 23 de abril de 1982, o embaixador do Brasil em Londres, Roberto Campos, informava:

    — Especula-se que as propostas britânicas estariam divididas em três fases: retirada argentina, período de transição, onde o Reino Unido faria algumas concessões no sentido de uma administração partilhada, e uma negociação da situação final das ilhas, inclusive da questão da soberania.

    No dia seguinte, foi além:

    — Vários observadores vêm insistindo em que seria muito pouco provável que o Reino Unido inicie operações militares contra a Argentina enquanto estão em curso negociações.

    Ilusão do doutor. Thatcher desceu a frota, retomou as ilhas, e Galtieri, humilhado, foi mandado para casa. No Itamaraty estava o chanceler Ramiro Guerreiro, de sapatos e meias. Ele sabia que a aventura militar acabaria em desastre. Tratava-se de dissociar-se da maluquice, sem colocar o Brasil na condição de aliado dos ingleses numa questão sensível para todos os argentinos.

    Guerreiro conteve os ímpetos de Figueiredo e dos militares brasileiros aliados da ditadura argentina, com suas dezenas de milhares de mortos. O chanceler Guerreiro era um diplomata discreto. Seu colega Araújo Castro dizia que ele era a única pessoa capaz de dormir durante o próprio discurso.

    Por calado, Guerreiro não deixou registro público da mágica. Seus detalhes estão nos arquivos do Itamaraty. Passados 41 anos, eles estão disponíveis para quem sente o impulso de se meter na encrenca argentina e na alma aventureira de Javier Milei.

  10. GOVERNO SE ARRISCA A PERDER O BOM MOMENTO, por Vera Magalhães no jornal O Globo

    Agosto, até aqui, vem sendo um mês de indefinições e bateção de cabeça na relação entre o governo e seus interlocutores, notadamente o Congresso. O risco, real, é que o excesso de confiança e a falta de clareza nos objetivos e na tática levem o bom momento configurado com as notícias da virada do primeiro semestre a se esvair sem que se concluam as votações e as definições que levariam a uma melhora mais concreta das perspectivas econômicas para o país.

    A euforia com o ritmo de votações da Câmara no início de julho parecia prenunciar dias ensolarados na relação com o Parlamento. Bastava uma reforma ministerial pontual para agregar o Centrão ao projeto governista.

    O mês começou com o vento das boas notícias continuando a soprar, com a decisão do Copom de baixar em 0,5 ponto percentual a taxa básica de juros da economia, dando, enfim, aval para a política econômica praticada a partir da Fazenda.

    Acontece que o tempo da política tem seus caprichos, e ele empacou no cálculo de Arthur Lira. Quando parecia que o presidente da Câmara destravaria, enfim, a discussão final do arcabouço fiscal — talvez animado por o Supremo Tribunal Federal, em decisão do ministro Gilmar Mendes, ter anulado a investigação sobre os kits de robótica, que o mantinha atrelado a um noticiário negativo de alto poder corrosivo —, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que vinha sendo elogiado, com razão, pela condução política da agenda econômica, errou o cálculo ao falar o que pensava antes da hora.

    Haddad acertou no diagnóstico? Sim. A Câmara hoje tem uma hipertrofia de prerrogativas diante do Senado, e muito disso se deve à mão de ferro com que Lira conduz a Casa. Ele foi hábil ao atrelar um bloco de partidos amplo a seu projeto e ao perpetuar essa dependência do Executivo a ele, mesmo sem orçamento secreto.

    Mas o governo é inocente nisso? Não. Topou o jogo desde a transição, ao entregar nas mãos de Lira a aprovação da PEC sem a qual Lula teria dificuldade de governar. Em troca do favor, prometeu apoiar sua reeleição. O pacto foi feito, e o presidente sabia o que ganharia e o que teria a perder.

    Dali para a frente, a lirodependência foi acentuada pela dificuldade de a articulação política fazer o seu trabalho sozinha. O próprio Haddad teve de jogar nessa posição muitas vezes. Por tudo isso, espanta que o ministro tenha enunciado as críticas que fez a Lira em reveladora entrevista ao jornalista Reinaldo Azevedo antes de a votação do marco fiscal ter sido concluída.

    Não se trata de defender que Haddad seja dissimulado e esconda o que pensa a respeito do desequilíbrio de forças entre os Poderes. Mas ou ele, Lula e o Planalto têm um plano para reverter o que consideram uma anomalia, ou o risco de apenas lançar a tese é o que aconteceu: levar Lira a reagir e a paralisar um projeto que estava na boca do gol.

    Quais os caminhos para modular os superpoderes da Câmara? Rever a gestão do Orçamento, e o Executivo se articular para fazer o sucessor de Lira. O governo Lula não tem bala na agulha para nenhuma dessas tarefas neste momento.

    É preciso, portanto, decidir se fará a reforma ministerial para tentar contemplar o Centrão, e em que termos, e para salvar o marco fiscal da bacia das almas do ressentimento político, porque a calmaria que se estabeleceu com mercado e agências de risco se deveu, em enorme medida, à expectativa de que a aprovação do projeto eram favas contadas.

    Uma reversão dessa tendência leva um a grau de incerteza capaz de contaminar a maré de previsões otimistas em relação ao governo. O aumento do preço dos combustíveis, artificialmente contido até agora, e um apagão para o qual todos oferecem mais chute e narrativa que explicações técnicas também ajudam a encher de nuvens um céu que antes estava azul.

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