O que faz o governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, Patriota, ou PL, sei lá, ou PP talvez, para criar cortinas de fumaças e não esclarecer de uma vez por todas à comunidade o tamanho do estrago – se houve – na UTI improvisada para o tratamento de doentes pela Covid-19 no Hospital de Gaspar? Trata-se na verdade, diante de fatos, indícios e provas, a partir de agora, de um caso explícito de polícia. Para quem se orgulha de estar com o corpo fechado nas instituições naquilo que faz e não consegue ser questionado, será mais um atestado daquilo que arrota e usufrui.
Já os políticos e gestores públicos em algo tão grave, todos obrigados a explicações para se desimplicarem, estão aí, mais uma vez, sorrindo nas fotos que postam. Acorda, Gaspar!
Se não for irresponsável, chega a ser patético as continuadas e insistentes alegações do líder do governo na Câmara – onde estão na Bancada do Amém onze dos 13 vereadores, inclusive o secretário de Saúde da época – Francisco Solano Anhaia, MDB. Para ele, diante de um silêncio sepulcral de seus pares, sem qualquer trocadilho – o laudo sobre os gases medicinais – feito a pedido do próprio Hospital – e realizado pela Multitexi Assessoria e Projetos Ltda., em 23 de julho de 2020, e assinado pelo engenheiro mecânico Luiz Carlos Rodrigues, não provaria que a qualidade e contaminação daquele ar não teria causado danos, ou até mortes, aos pacientes da UTI emergencial para acolher pacientes de Covid-19 no Hospital de Gaspar.
Antes, quando se desconfiava e depois deste laudo, houve mortes na UTI. É só olhar o histórico do hospital, da secretaria de Gaspar e principalmente a do Estado. Quem está na obrigação de provar de que elas não tiveram relação com esta possível contaminação do ar é o Hospital, a secretaria de saúde, o prefeito e seu vice. Alguém autorizou o improviso. Alguém consentiu prosseguir no perigo letal, mesmo tendo um laudo na mão. Alguém assumiu os riscos e as consequentes responsabilidades decorrentes destes atos. Agora, precisa se explicar. Simples, assim!
É incompreensível, que até hoje, decorrido três anos, este assunto tenha sido escamoteado de uma ampla discussão pública e de uma rigorosa apuração pelos órgãos de investigações, tanto policiais, bem como do Ministério Público, Conselho Federal de Medicina e Agência reguladora, a Anvisa.
Na última terça-feira da Câmara de Vereadores, Dionísio Luiz Bertoldi, PT, com maior contundência e documentação, bem como Alexsandro Burnier, PL, finalmente de forma oficial, revelaram à cidade o que se escondia por três anos, mas se sabia há muitos anos nos bastidores do Hospital, da secretaria de Saúde e da prefeitura. Só agora, na sexta-feira passada, é que a imprensa deu alguma coisa sobre este assunto, se se aprofundar nele. Antes, aqui já algumas vezes tinha mencionado isto. Algumas autoridades, desde então estavam incomodadas, mas não mexeram uma palhinha para se livrar com laudos técnicos da culpa que lhes ronda.
O laudo do especialista é claro. Depois que a Messer deixou de fornecer o Oxigênio para a Central de Oxigênio do Hospital de Gaspar, devido à falta de pagamento e à falta de negociação do Hospital com ela, houve o improviso. Esta “central de ar” passou a produzir ar contaminado por conta de compressor de pistão inadequado, não havendo tratamento de ar comprimido medicinal, com contaminação da rede e consequentemente para os próprios pacientes dependentes dele durante o tratamento da Covid – 19 na UTI do Hospital. Isto está escrito, documentado, assinado e advertido. Pediu-se para parar. Não parou.
Na conclusão, o relatório orientou o Hospital a não aumentar o número de leitos de UTI porque o sistema de geração de oxigênio poderia entrar em colapso, ocasionando a parada de fornecimento de oxigênio para todo o hospital; trocar urgente a válvula geradora do sistema; ajustar urgente as tubulações de ligações dos chicotes; fazer nova ligação entre o regulador e a rede de distribuição; retirar a central de óxido nitroso; retirar a central de backup de ar comprimido medicinal; e verificar aspectos de fixação dos cilindros, visando melhor segurança no local. Nada disso foi seguido.
Alterado, o líder do governo, Anhaia disse que isto era mais um ato desqualificação e politicagem barata, repetida, da suposta oposição contra o Hospital e o governo de Kleber e Marcelo.
O vereador Anhaia, na raivosa defesa sem conteúdo, não poupou inclusive o vereador governista, falecido no dia 12 de dezembro do ano passado – infarto e sem nenhuma conexão com este assunto -, Amauri Bornhausen, PDT. Mesmo sob pressão de seus pares, o ex-funcionário público municipal na área de obras – foi atrás desta macabra história quando ainda era vivo e doente – era diabético, cardíaco e cadeirante diante da falta de duas pernas. E as respostas de Kleber, Marcelo, secretaria da Saúde e Hospital aos seus requerimentos só chegaram à Câmara, vejam só, meses depois da sua morte. Os poderosos de plantão achavam que ninguém se interessaria pelo assunto. Mais uma vez calcularam mal. Dionísio se interessou. Alexsandro, agora também na onda.
Dionísio diante da falta de respostas, providências, mas de enrolações e até, vejam só, acusações do vereador Anhaia, calou o plenário da Câmara: “você defende o governo [Kleber, Marcelo, secretaria da Saúde, a gestão do Hospital}; eu defendo vidas. Esta é a diferença. Vou lhe citar um pequeno exemplo aqui dentro desta Casa [Câmara] da ex-mulher do vereador Melato [mais longevo dos vereadores José Hilário Melato, PP], a saudosa Rosa, que faleceu lá. Então, eu defendo vidas, entendeu? Eu não defendo o governo; eu defendo famílias. Tudo que apresentei de números e fatos aqui senhor líder de governo, foram enviados pelo próprio governo Kleber e Marcelo. Esta documentação laudo, foi o governo que apresentou. Então são vocês é que estão mentindo para nós? É isso que o senhor quer dizer?“
O trecho do discurso que rebateu o líder do governo de Kleber está acima na íntegra. É chocante! O governo morre como peixe, pela boca. E não é de hoje. E está feliz por aí nas redes sociais como não devesse explicações. E sérias. Urgentes. Está em campanha, usando a religião, a bíblica e a moral como arrimo de suas atitudes coletivas. Anhaia – que se ensaiou muito brevemente como Chefe de Gabinete e até de secretário de Planejamento Territorial, voltou emergencialmente para a Câmara apenas para o enfrentamento. Ninguém da Bancada do Amém – uma parte sem condições – queria este papel.
Anhaia, como poucos, por causa disso, está se desgastando. Está se descredibilizando. É uma atrás da outra. Rosa Maria Pereira, foi a primeira técnica da área de enfermagem que morreu em Gaspar em decorrência da Covid-19 e na UTI improvisada do Hospital. E hoje, ela dá nome a um posto de Saúde. Ela passou 40 dias em agonia no Hospital e morreu no dia 25 de fevereiro de 2021, aos 62 anos.
Da mesa diretora, o seu ex-marido – já estava divorciado dela à época da morte da sua ex-mulher – ouviu calado o desabafo de Dionísio, assim como o dentista, que na época do laudo era o secretário da Saúde, e hoje é um técnico concursado do serviço sanitário, o vereador José Carlos de Carvalho Júnior, MDB. Como disseram Dionísio e Alexsandro, não se trata de politicagem, mas de esclarecimento para uma dúvida séria, inclusive para se virar esta página e criar créditos para o Hospital e os que precisam dele aberto, sério, confiável e transparente. Qual a dificuldade do prefeito Kleber e do seu vice Marcelo em esclarecer tudo isso? Afinal, quem não deve, não teme. Acorda, Gaspar!
TRAPICHE
A comunidade venceu à irracional politicagem ideológica. A Festa de São Pedro foi um sucesso. O boicote proposto por alguns radicais, foi um fiasco. Agora, falta à cidade virar a página contra os políticos que precisam sempre de uma onda para surfar e enganar os eleitores e eleitoras, mais uma vez.
Coisa triste foi olhar as redes sociais na Festa de São Pedro e ver nelas políticos dando entrevistas vazias – sem conteúdo nas perguntas e pior mesmo nas respostas. Tudo virou motivo para expor a vida privada.
O líder do governo, Francisco Solano Anhaia, MDB, precisa ser melhor assessorado. Há uma diferença brutal entre consultoria e auditoria. Não é preciso de qualificação na área de administração de empresas, basta apenas um dicionário. O que prova isto? Que aumentar o número de assessores na Câmara, como fizeram os vereadores recente e disfarçadamente, não contribuiu para a qualificação dos respectivos vereadores e seus gabinetes.
A prova definitiva que a coisa está ruim mesmo por aqui. A vereadora Mara Lúcia Xavier da Costa dos Santos, PP, oriunda da área da Saúde, acaba de protocolar um Projeto de Lei para a “Humanização” no atendimento da Saúde na rede pública de Gaspar. Mas, perguntar, não ofende: e precisava de uma lei para este básico? De que adianta a Lei, se não há educação, prática e conscientização?
Divertido é escutar a ex-secretária de Educação, Zilma Mônica Sansão Benevenutti, MDB, falar na tribuna da Câmara como vereadora daquilo que supostamente pensou e não conseguiu realizar como secretária.
Trocas. O Fazzenda Park foi homenageado na Câmara. Na sequência, os vereadores ganharam um jantar e uma diária para eles e suas famílias no Hotel modelo.
O ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, PL, teve seus direitos políticos cassados por oito anos pelo Tribunal Superior Eleitoral. Não vou escrever sobre isto, numa polêmica instalada há muito nacionalmente. Nem, sobre as viúvas do bolsonarismo. Mas, quero lembrar como aos milhões apareceram surfistas da onda desta viuvez, inclusive aqui em Gaspar, uma cidade conservadora por excelência.
Gente como o vereador Francisco Solano Anhaia, MDB, e ex- PT, lamentou a decisão do TSE (tua missão honesta por nós será seguida/continuaremos com a tua bandeira). E a fila é longa com objetivos eleitorais bem claros como as de Ciro André Quintino, MDB, Marcelo de Souza Brick, Patriota, PL, sei lá, ou PP talvez.
Quem procura no site da Câmara alguma coisa sobre a CPI dos áudios vazados terá dificuldades para saber alguma coisa dela. Apenas um press release. E nele se sabe que o ex-secretário da Fazenda e Gestão Pública, ex-secretario interino de Planejamento Territorial, o ex-presidente da Comissão de Intervenção do Hospital de Gaspar e ainda presidente do PSDB de Gaspar, Jorge Luiz Prucino Pereira, pivô de toda a engronha, estará depondo amanhã às 14h. Na imprensa local, um silêncio só. No governo é dado como tudo ensacado. Favas contadas.
A CPI montada com esmero pelo governo e a Bancada do Amém, é apenas sobre um áudio, sobre uma obra particular e que aparentemente, nada tem a ver com recursos públicos, ou seja, a pavimentação da Rua José Rafael Schmitt, aqui no Centro. Tanto que os dois únicos vereadores da dita oposição, Dionisio Luiz Bertoldi, PT, e Alexsandro Burnier, PL, sentiram cheiro de armação no ar e não participam dela. Os governistas estavam dispostos a usá-los para dar um atestado de nada consta ao secretário envolvido na troca de conversas cabulosas.
A CPI diz que colheu vários documentos os quais servirão para análise, relatórios e conclusões. Também gastou dinheiro para perícia no áudio. Por que tudo isso não está à disposição da população no site da Câmara? Transparência dos nossos políticos e dos que governam Gaspar, é continuadamente, zero.
Amanhã que volta para a Câmara de Gaspar é o ex-secretário Francisco Hostins Júnior, MDB. Volta magoado com prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB e o vice Marcelo de Souza Brick, Patriota, PL, sei lá, ou PP talvez. Resta saber se isto terá consequências ou quando e como esta mágoa passará. Já aconteceu no passado. No vídeo de despedida, o que mais chama a atenção é que Junior Hostins não dá um pio sobre o Hospital.
Ajuda na pesquisa. Para ganhar likes, o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, escreveu na sua rede social: “quem nunca foi aluno e precisou de ajuda numa pesquisa? Os estudantes da [escola municipal] Normal Mônica Sabel estão trabalhando num projeto sobre Villa D’Itália, para isso, eles precisam da sua ajuda para responder o questionário que está no link…“
A Villa D’Itália é algo de deixar o queixo caído. É uma iniciativa comunitária e identificada com a migração italiana fixada no Alto Gasparinho e adjacências. O que a pesquisa vai mostrar aos alunos, se bem feita, é que a prefeitura pouco contribuiu até agora. Nem mesmo o calçamento para acessar e transitar na Villa prometido há oito anos pelo atual prefeito saiu do papel. E isto prejudica em muito o desenvolvimento da Villa como atração e micro negócio para muitos de lá. Cada enxadada, poucas minhocas. Acorda, Gaspar!
5 comentários em ““VOCÊ DEFENDE O GOVERNO. EU DEFENDO VIDAS”, ESCLARECE O VEREADOR DIONÍSIO AO LÍDER DE KLEBER NA CÂMARA QUE COLOCOU DÚVIDAS DE QUE AR CONTAMINADO NA UTI DO HOSPITAL DE GASPAR POSSA TER COMPROMETIDO VIDAS DURANTE A COVID”
DITADURA ABSOLUTA, editorial do jornal Folha de S. Paulo
A Controladoria-Geral da Venezuela estendeu a pena de inelegibilidade da ex-deputada María Corina Machado para 15 anos, tirando do páreo a principal adversária do ditador Nicolás Maduro do pleito presidencial do ano que vem.
A decisão, acerca de miudezas administrativas, somou-se ao impedimento de dois outros potenciais concorrentes oposicionistas, Henrique Capriles e Juan Guaidó, na disputa —que, ao que tudo indica, pode até ser suspensa.
O anúncio ocorreu na sexta-feira (30), em momento oportuno para expor a Luiz Inácio Lula da Silva e seus aliados da esquerda nacional a verdadeira natureza do regime que insistem em defender.
Na véspera, o presidente havia concedido uma entrevista na qual novamente desfiou a ideia tortuosa de que, por ter eleições, a Venezuela seria uma democracia. Ora, já nos governos de Hugo Chávez tal alegação era discutível, e Maduro opera em modo ditatorial pleno desde 2017, solapando instituições.
Não satisfeito, Lula ainda emulou uma declaração do general Ernesto Geisel, penúltimo governante da ditadura militar brasileira, ao afirmar que “o conceito de democracia é relativo”.
A incapacidade do petista de formular pensamento crítico ante as ditaduras esquerdistas é histórica, como a defesa intransigente do regime comunista de Cuba prova.
Tal postura gera impacto na diplomacia brasileira: em março, o assessor lulista Celso Amorim visitou Maduro e voltou convencido de que o ambiente em favor das eleições era vibrante.
Ainda na fatídica quinta (29), Lula participou de uma reunião do Foro de São Paulo, que reúne vertentes da esquerda democrática e autoritarismos latino-americanos de vários graus no mesmo clube.
“Eles nos acusam de comunistas achando que nós ficamos ofendidos com isso. Isso nos orgulha muitas vezes”, disse. Por evidente, Lula nunca foi comunista, mas certamente inábil na retórica tem sido.
A fala é prato cheio para o bolsonarismo, que explora sentimentos de alcance nada desprezível —como atestou o Datafolha ao apurar que 52% dos eleitores temem que o Brasil possa abraçar o comunismo.
A verborragia escancara o relativismo de Lula quanto a valores democráticos no campo externo, justo quando um adversário local das instituições, Jair Bolsonaro (PL), perdia direitos políticos pela campanha contra o sistema eleitoral.
No caso venezuelano, não se trata de imitar o ex-presidente e cortar relações. Se for do interesse nacional, é possível ter diálogo com ditaduras —quando não imperativo, como ocorre com a China. Daí a menosprezar o caos humanitário gerado pelo tirano de Caracas, contudo, há larga distância.
SAI NÍSIA ENTRA WELLIGNTON DIAS NA MIRA, por Eliane Cantanhêde, no jornal O Estado de S. Paulo
Semana vem, semana vai, e a troca no Ministério do Turismo não sai, mas agora vai e está para ocorrer a qualquer momento, sem surpresa, sem emoção e sem choro nem vela. Mas “só” isso não agrada ao União Brasil nem ao Centrão, que começam a mudar a direção do olho gordo: em vez da Saúde, passam a disputar o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, que tem orçamento tão grande quanto o próprio nome.
Ao disputarem a Saúde – que já foi ocupada por um dos seus, o deputado Ricardo Barros (PPPR), no governo Temer –, os líderes do Centrão bateram num muro de resistência que começou no Planalto, se estendeu para a Esplanada dos Ministérios, chegou ao Congresso e foi reforçado pela mídia. Na linguagem política, a ministra Nísia Trindade, ex-presidente da Fiocruz na pandemia, foi “blindada”.
Mas o Centrão não desiste fácil e o passo seguinte foi trocar a Saúde pelo Desenvolvimento e Assistência Social. Afinal, a Saúde é apontada como o maior orçamento entre os ministérios, mas o novo alvo não fica atrás, depois do Bolsa Família reforçado no novo governo. A questão é saber até que ponto o Planalto e os demais defensores de Nísia vão pegar em armas para defender o ministro Wellington Dias.
Dias foi governador do Piauí por quatro mandatos, eleito senador pela segunda vez em 2022, presidiu o Consórcio Nordeste, que reúne os governadores de todos os Estados da região e… é do PT desde os 23 anos de idade. O PT vai deixar o companheiro no relento? E abrir mão de um ministério com tantos recursos e força política?
Consta que o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, responsável pela indicação de Nísia para a Saúde e líder da sua defesa, até toparia a troca. Mas um outro palaciano, o chefe da Casa Civil, Rui Costa, é do Nordeste, foi governador da Bahia na época de Dias no Piauí e está na linha de frente de sua blindagem.
O Centrão está a mil, não é nada modesto e tem apoio do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), que está com a faca e o queijo na mão, principalmente nesta semana, com a votação de três projetos: Carf, arcabouço fiscal e reforma tributária.
Quem conhece a política lembra que “Eduardo Cunha era mais inteligente, mas Arthur Lira é mais político”. Cunha era da guerra, foi até o fim no impeachment de Dilma Rousseff. Lira não quer guerra nem impeachment e sim ministérios, emendas, favores. Ele e Lula sabem conviver com inimigos. Logo, se a troca de Daniela Carneiro por Celso Sabino no Turismo agora vai, Wellington Dias que se cuide, como Nísia Trindade se cuidou. Até agora…
👏👏👏🏆
LULA PERDEU SEU MAIOR CABO ELEITORAL, Felipe Moura Brasil, no jornal O Estado de S. Paulo
Aécio Neves havia perdido para Dilma Rousseff a eleição de 2014 quando os escândalos do tucano vieram à tona, mas seu amigo Gilmar Mendes, até então o mais poderoso dos lavajatistas, voltou-se contra a força-tarefa que antes legitimava, seja apontando a cleptocracia em curso, seja anulando a posse de Lula na Casa Civil. “O nosso causídico é foda”, celebrou o também tucano Aloysio Nunes quando o ministro do STF tomou decisão favorável a Paulo Preto, apontado como operador do PSDB. Em uma série de processos, Aécio foi igualmente salvo pelo “nosso causídico”.
Jair Bolsonaro, ao contrário, havia acabado de vencer Fernando Haddad em 2018 quando o funcionalismo fantasma de sua família veio à tona, o que levou o então presidente a trair o discurso de campanha, sancionando medidas desejadas pelo PT, como a criação do juiz de garantias – ou “emenda Freixo” – e outros jabutis inseridos no pacote anticrime, como restrições à prisão preventiva e à delação premiada.
No poder, Bolsonaro sabotou a CPI da Lava Toga, interferiu na PF e escolheu autoridades anti-Lava Jato para PGR (Augusto Aras) e tribunais superiores, como Kassio Nunes Marques. Graças ao voto dele, Gilmar conseguiu arquivar o inquérito sobre repasses da Odebrecht a Aécio e, graças ao voto de Gilmar, Nunes Marques conseguiu blindar Flávio Bolsonaro com foro privilegiado retroativo. Ambos também arquivaram casos de Arthur Lira e Ciro Nogueira, que chamava seu conterrâneo de “nosso Kassio”. O ministro ainda foi um dos três indicados por Bolsonaro que votaram no TSE pela cassação de Deltan Dallagnol, contornando a alínea “q” do inciso 1.º do artigo 1.º da Lei Complementar 64, a mesma LC usada para declarar o expresidente inelegível, desta vez com previsão expressa no inciso 16 do artigo 22, quando seus outros indicados, Sérgio Banhos e Carlos Horbach, já haviam deixado a Corte.
Bolsonaristas votaram com petistas pela blindagem coletiva, como no afrouxamento da Lei de Improbidade, evocado pela defesa de Bolsonaro no processo sobre Wal do Açaí, sua caseira fluminense registrada por 15 anos como assessora parlamentar em Brasília.
Lula se beneficiou da sujeira tucana e bolsonarista, porque ela neutralizou o ponto mais sensível do PT: a corrupção. Ao sabotar a vacinação na pandemia e trocar o combate à cleptocracia por fantasias sobre as urnas, sempre amparado por seus “influenciadores” diversionistas, Bolsonaro foi além, como o maior cabo eleitoral de Lula.
Sua inelegibilidade abre espaço para uma oposição de verdade.
Para a ex-secretária de Educação, Zilma Mônica Sansão Benevenutti, agora vereadora pelo MDB, o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, o ex-seu vice, Luiz Carlos Spengler Filho, PP e agora decorativamente um chefe de gabinete lerem e entenderem a razão pela qual erraram em fingir que ampliaram vagas, cortando as vagas integrais nas creches de Gaspar há quase sete anos atrás. Ninguém sério pode entender esta manobra de esperteza dos políticos
FALTA DE CRECHES PUNE AS CRIANÇAS, AS MÃES E O PAÍS, editorial do jornal O Globo
A falta de creches públicas em todo o país pune duplamente as mães brasileiras. Primeiro, porque, sem ter com quem deixar os filhos pequenos, elas se veem forçadas a abrir mão do trabalho, renunciando a uma alternativa fundamental para compor o orçamento familiar. Segundo, porque compromete o aprendizado das crianças, especialmente nas famílias em que os pais têm baixa escolaridade, situação em que a escola é essencial para um futuro melhor.
Sai governo, entra governo, e os números permanecem decepcionantes. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad)/Educação, do IBGE, revelam que, de todas as crianças de até 3 anos no país, 7,2 milhões estavam fora da creche no ano passado por motivos diversos, incluindo falta de interesse dos pais. Desse total, 34% não estão matriculadas porque as mães não conseguiram vaga. São 2,5 milhões de crianças nessa situação, contingente maior que a população de Belo Horizonte.
O pouco-caso com as crianças leva a situações inaceitáveis, como mostrou reportagem do GLOBO. Uma mãe que mora em Formiga (MG) contou que precisará abandonar o emprego num supermercado porque não tem com quem deixar a filha de 2 anos. Outra disse estar preocupada com o desenvolvimento do menino de 2 anos que pouco fala. Ela acredita que o ambiente escolar ajudaria a socializá-lo.
Como ocorre noutros setores, a educação infantil é marcada pela desigualdade. Apenas 2% das cidades do país atendem mais de 85% de suas crianças com até 3 anos em creches, segundo a tese de doutorado “Acesso à creche nos municípios brasileiros”, do pesquisador André Augusto dos Anjos Couto. A disparidade fica clara quando se constata que municípios com baixo nível socioeconômico oferecem creche a 27% de crianças nessa faixa etária. Nos mais ricos, o percentual sobe para 46%. Infelizmente, a construção de creches costuma seguir mais os interesses paroquiais de políticos em busca de dividendos eleitorais que a necessidade dos moradores. Não deveria ser assim.
Embora a creche não seja etapa obrigatória no ensino, não se trata de favor dos governos oferecer vagas às crianças pequenas. De acordo com o Plano Nacional de Educação (Lei 13.005/2014), o Brasil deveria manter, já em 2024, 50% das crianças de até 3 anos em creches. Considerando que o patamar hoje está em 36% e que a demanda tem crescido nos últimos anos (em 2019 eram 2,3 milhões sem vaga), é pouco provável que a meta seja atingida.
O país precisa de mais creches, de preferência onde são mais necessárias. Antes de se meter a construir, porém, o governo deveria concluir as muitas obras paradas — boa parte delas iniciada ainda nos governos petistas. O Brasil tem hoje mais de 700 obras de construção ou reforma de creches. A grande maioria (90%) está paralisada. Terminá-las não só evitaria desperdício de dinheiro público já gasto em projetos malconduzidos, como também beneficiaria crianças, suas mães e o próprio país, que necessita cada vez mais de força de trabalho.