Pesquisar
Close this search box.

SEM LIDERANÇAS, VIÚVAS DAQUILO QUE SE SUPUNHA QUE SERIA A NATA DA POLÍTICA E PODER EM GASPAR, BUSCAM CAMINHOS. ESTÃO PERDIDAS. ESTE É O TAMANHO DO ERRO QUE SE COMETEU CONTRA A CIDADE

Alterado às 11h30min, deste 07.06.22Um recente evento social e que reuniu aquilo que fica à sombra – mas nunca na sobra – do poder de plantão nos últimos 20 anos em Gaspar, apesar da comida farta que se serviu no evento, o prato mais pedido ali, foi a nossa política feita de politicalha e politicagem. Não estive. Nem convidado fui. Mas, os que me “alimentam”, estavam lá. 

Conversando com um e com outro, pescando as linhas, no final, as pontas se amarram no mesmo nó: todos os pré-candidatos que já estão na praça não passam pelo crivo dessa gente. Só para lembrar aos mais afoitos, jovens demais e os esquecidos de sempre, que esta gente já elegeu por debaixo dos panos Pedro Celso Zuchi, PT, e de peito aberto, Kleber Edson Wan Dall, MDB, com o primeiro vice, Luiz Carlos Spengler Filho, PP e no arranjo para não perder o bastão e ser surpreendido, com Marcelo de Souza Brick, quando ainda estava no PSD. Hoje, nem se sabe qual é o partido de Marcelo. Nem ele esclarece direito.

O primeiro erro dessa gente, se realmente quer mudar, é estar olhando só para o quase finado MDB e o envelhecido sobrevivente PP por aqui e arredores. O segundo é tentar corrigir, sem assumir a culpa, os danos que eles próprios causaram para si mesmos ao não exigir, antes de mais nada, os tais resultados coletivos nas apostas que fizeram e levaram, e deles, extraírem o suco para seus interesses como pretendiam. Agora, estão com o bagaço. Então…

Esse pessoal, virou e mexeu, descobriu, tardiamente, que não possui votos. Pior, está sem nomes para dar a cidade. Temem pelo mesmo: tirar um cavalo da baia, botar no hipódromo e ele novamente se desembestar, apeando o jóquei sem que se cheque sequer a linha final. Isto para usar a linguagem que muitos entendem por aqui

Ingenuidade é pensar que o poder não seja um mecanismo político abrangente dentro de uma sociedade. É, na verdade, um processo. As narrativas criam apenas versões para entreter os analfabetos, desinformados e ignorantes. Em Gaspar, este mecanismo está sendo “reinventado”. E por isso, não está dando certo a quem nas sombras quer usufruir desse dele. Para alguns, nem sobra deu.  Ao contrário: estão pagando caro pelas escolhas e apostas. E por quê? Porque quem queria ter as rédeas via a dinâmica econômica, perdeu o controle do processo. foi engolido por narrativas, justificativas e cambalacheiros. Simples assim!

A primeira regra é a repartição de forças entre as engrenagens dessa máquina de resultados derivadas do mecanismo político e processo social. E é natural que a maior tenha mais torque – na dinâmica da física – e importância do que as menores, mesmo que sem as quais, este mecanismo também não funcionasse com ou para a maior engrenagem. Em Gaspar, as menores decidiram travar o sistema e se mostrarem mais relevantes. Impressionante!

Neste convescote, os nomes MDB e PP que estão na praça, bem como do vice Marcelo, que voltou ao cenário de oportunidades, não teriam chancela, inclusive, numa eliminatória entre eles. Qual a razão disso? Eles não inspirariam à confiança diante de tudo que está acontecendo e desconfiam os donos do poder em Gaspar, talvez porque boba e inocente essa gente não é, estes candidatos também não inspirariam a confiança dos eleitores e eleitoras daqui. Porque para este mecanismo funcionar como um processo de poder social e político, num ambiente democrático, e de eleições livres, antes é preciso de votos.

Os “çábios” do paço estavam lá saçaricando. Ouviram. Intervieram. Defenderam-se. E quase todos, saíram mudos. Entenderam que está em curso uma conspiração de birro. Se entenderam isso, não assimilaram nem o recado. 

Ou seja, reafirmaram mais uma vez a aposta pela teimosia e o erro daqui que trava hoje o mecanismo político resultante de uma gestão política mal organizada, feita para o baixo clero, sem liderança e com resultados pífios para a comunidade, e até, para os “donos” dela. E isto foi percebido também. Talvez, por isso mesmo, os que estão no poder de plantão abram, sem querer, a oportunidade para uma mudança. Porque mudar de verdade e se adaptar à numa nova realidade que eles próprios criaram, parece que não querem. Acorda, Gaspar!

TRAPICHE

E o que tem a ver a foto acima e abaixo com o artigo de hoje? Tudo. Dia sim, outro também e hoje igualmente como se fosse um samba desafinado de uma nota só, o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, publica na sua rede social, para alimentar a narrativa da bolha, de que está em reuniões de alinhamento estratégico e até operacional. Depois de meses divorciados, agora, o vice Marcelo de Souza Brick, Patriota, ou PL sei lá, ou talvez PP, apareceu nas fotos destas reuniões. E quando aparece, o comunicador faz o destaque proposital dos dois. Antes, se eliminava.

Não é por nada não. Se o vice estava desaparecido, desaparecido devia ficar se ele mesmo quer suceder o titular nas eleições de outubro de 2024, pois a primeira rasteira já recebeu, quando o prefeito lhe negou a prefeitura no início do ano passado, como prometeu nas juras da aliança que fizeram para se elegerem em 2020.

Se não é proposital à nova armação, de verdade, Marcelo de Souza Brick com a reaproximação que faz a Kleber Edson Wan Dall, neste momento, também assume toda a carga negativa – gestão, dúvidas, áudios vazados e à falta de resultados – que pesa sobre o titular. Se Marcelo argumentar que não tinha voz, por que então se reaproximou e assumiu aquilo que não pode mais mudar e ninguém sabe se terá se vier ser bem-sucedido para um mandato solo?

Se vai Marcelo de Souza Brick vai dar continuidade ao que vem realizando a atual administração municipal, está claro que o vice terá dificuldades para se explicar ao eleitorado gasparense. Fica evidente que qualquer discurso de continuidade é problemático. E se enveredar no da mudança, não tem nada de concreto a apresentar.

Basta olhar a confissão daquilo que todos os leitores e leitoras deste espaço sabiam há anos. Apenas se reverberou as vozes de bastidores de técnicos da própria prefeitura, bem comno uma passada de leve nas centenas de indicações dos vereadores dos quais onze são da Bancada do Amém, a base do governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, Patriota, ou PL, sei lá, ou talvez PP.

Os técnicos diziam e ainda dizem que a administração de Gaspar estava – e está – caminhando para o perigoso colapso de caixa e que vai atingir em cheio o sucessor do atual prefeito e vice. No paço municipal estão todos virados num alho com estas observações feitas aqui, enquanto a imprensa, mesmo diante das evidências estava – e está -calada. A Expo Gaspar, o nosso cartão de visita multisetorial daquilo que produzimos – incluindo a tal Capital Nacional da Moda Infantil -, está sendo cancelada em cima da hora porque a prefeitura não tem dinheiro para bancá-la. Ela própria alega isso nas escolhas das prioridades.

Quando eu dei esta informação em primeira mão, não puderam desmenti-la. Enrolaram. Ora, se não há caixa para este evento – e não haverá para outras necessidades -, qual a razão da prefeitura de Gaspar ter gastado R$14 milhões para comprar o terreno na Rua Itajaí e fazer caixa para a Furb. E assim vai se estabelecendo este mundo de incoerências. Se está sem dinheiro, qual a razão para ficar amuado aqui em Gaspar, enquanto outros prefeitos foram a Florianópolis fazer coro na Assembleia Legislativa para emparedar o governador Jorginho Mello, PL, a liberar as verbas do Plano 1.000 – do tempo de Carlos Moisés da silva, Republicanos, que tanta falta faz por aqui?

A lista de incoerências é longa e alimenta sempre os meus comentários. Eles são amaldiçoados por esta gente que gostaria de vê-los proibidos, como se fosse possível esconder tudo isso no mundo de hoje, feito de redes sociais. O rei está nu, e como na literatura, ele não consegue se enxergar assim, mas seu povo, sim. Até os bobos da corte estão apavorados.

Quantas vezes escrevi aqui que a cidade estava sem o mínimo: a manutenção. Zombaram. Depois, até trocaram de secretário de Obras e Serviços Urbanos. Agora, finalmente, descobriram que a cidade está metida num grande buraco e que é a soma de muitos pequenos buracos. E que estas reuniões dia sim, outro também, denominadas de alinhamento estratégico e operacional, é pura bobagem marqueteira. São sete anos de enrolação.

E onde está escrito isso? Nas centenas, repito, centenas de indicações de vereadores – pedidos formais ao prefeito. E e a maior parte, adivinhem, é da própria base do governo de Kleber Edson Wan Dall e Marcelo de Souza Brick. Está também em discursos desesperados – incomuns, diga-se à, bem da verdade – dos próprios vereadores da base por ações pontuais em seus redutos eleitorais. Não se trata de uma paranoia ou vingança da oposição. Ela praticamente não existe ao atual governo. Fato que lhe permitiu, inclusive, errar mais.

E qual foi a sacada marqueteira desta semana na prefeitura? “Gaspar nos trinques”. E começou-se pelo bairro mais populoso: o Santa Terezinha. É o reconhecimento público que Gaspar está trincada, descuidada. Faz-se festa e propaganda política naquilo que deveria ter cuidado e não se cuidou para os cidadãos e cidadãs. Mas, isso tudo não é um recomeço. A marquetagem está promovendo novos salvadores da pátria para anular defeitos que nem deveriam existir se a gestão fosse eficiente. Em outra nota, a prefeitura informou que a operação tapa buracos – quase todos feitos pelo Samae – conseguiu abranger 300m2 em 19 ruas.

Resumindo e encerrando. É este caos que Marcelo de Souza Brick – o alheio – resolveu herdar? Acorda, Gaspar!

Além do caso em si e exatamente por isso ganhou forte repercussão nacional no caso do blumenauense e desembargador Jorge Luiz de Borba, filho o saudoso desembargador João de Borba, é a nota que ele soltou para se justificar o que se descobre e tenta se tipificar. É uma assinatura de culpa. Impressionante!

E se agrava, quando o desembargador ser um especialista na área trabalhista. Um contrato de trabalho, mesmo que informal, não é um ato de amor, e sim de obrigações e deveres.

Alvoroço entre os conselheiros tutelares de Gaspar. O edital para a habilitação dos candidatos à próxima eleição, do jeito como está, vai impedir a participação na reeleição de pelo menos quatro dos conselheiros. Há quem queira judicializar o caso, mesmo sabendo que se trata de uma determinação superior do Conanda – Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente

O Conselho Tutelar de Gaspar se fingia não ser um braço político do poder de plantão do presente e do passado. Os incomodados e os inconformados tem até sexta-feira para recorrer dos limites impostos pelo edital. Acorda, Gaspar!

Compartilhe esse post:

Facebook
Twitter
WhatsApp
Telegram
LinkedIn
Email

4 comentários em “SEM LIDERANÇAS, VIÚVAS DAQUILO QUE SE SUPUNHA QUE SERIA A NATA DA POLÍTICA E PODER EM GASPAR, BUSCAM CAMINHOS. ESTÃO PERDIDAS. ESTE É O TAMANHO DO ERRO QUE SE COMETEU CONTRA A CIDADE”

  1. LULA E A NORMALIDADE POLÍTICA, por Willian Waack, no jornal O Estado de S. Paulo

    Ao indicar um amigo pessoal e defensor para o STF, o presidente Lula reconhece um fato. O de que o Supremo se tornou uma instância política exercendo forte interferência política.

    Claro que a indicação desagradou aos que defendem princípios como o da impessoalidade, ou cobram coerência entre o que candidatos dizem antes de uma eleição e o que praticam depois (Lula disse na campanha que era um atraso nomear amigos para o STF).

    Defender princípios na política brasileira é uma questão de oportunidade, e os princípios podem variar também por conveniência política, da qual nem o Supremo escapa em meio às ondas contraditórias na incessante tempestade política. Basta lembrar episódios como a prisão em segunda instância.

    Essa constante turbulência foi recentemente descrita aqui pelo sociólogo Bolívar Lamounier como a falência completa da política – aliás, um argumento-padrão de integrantes do Supremo para explicar como, ao longo da linha do tempo, o Judiciário foi se tornando uma instância que interfere no Executivo e no Legislativo.

    Talvez essa constatação (a da mediocridade política numa sociedade desordeira sem valores coletivos) ajude a entender o fenômeno da “tutelagem” que grupos organizados dentro de instituições mais ou menos coesas tentam estabelecer sobre a própria política. A Lava Jato foi um desses fenômenos: seus expoentes, hoje amplamente derrotados, viam a sociedade brasileira como hipossuficiente, portanto necessitando a proteção dos “homens de preto”.

    A espécie de “tutela” do STF sobre a política é exercida de forma ampliada pelo TSE. Em parte é uma reação ao descarado ataque às instituições pelo bolsonarismo, mas ganhou um impulso (aplaudido pelo atual governo) que alcança as esferas da liberdade de expressão e eventuais restrições.

    Mas em parte é, sim, a inevitável ocupação do espaço político deixado aberto pelo atual governo, que parece enxergar no STF uma espécie de aliado tácito em agendas que não conseguiria emplacar no Congresso (o marco temporal é apenas o mais recente). O entendimento “informal”, aliás, com alguns integrantes do Supremo é fator amplamente notado em Brasília, para o qual a indicação do amigo do presidente é óbvio reforço.

    O problema para Lula (ou qualquer outro no lugar dele) está no fato de que o Judiciário é uma instituição com forte empenho em proteger a si mesma (o que inclui prerrogativas e privilégios) e não necessariamente o governo da vez. Mas não há dúvida de que o presidente agiu apenas dentro da “normalidade” da política brasileira.

  2. A REFORMA POSSÍVEL, editorial do jornal Folha de S. Paulo

    Somente agora, perto do fim do primeiro semestre do ano, o grupo de deputados encarregado de formular uma nova proposta de reforma tributária concluiu seu trabalho. Ainda assim, ficaram por ser definidos detalhes potencialmente decisivos para o futuro do projeto.

    A demora dá ideia das dificuldades envolvidas na empreitada. Os objetivos centrais da reforma são basicamente os mesmos há três décadas, mas os consensos em torno deles costumam se dissolver quando os debates avançam rumo a providências mais concretas.

    Não pode restar dúvida, de fato, quanto à necessidade de impor alguma racionalidade à tributação da produção e do consumo, que responde pela maior anomalia do sistema brasileiro.

    Há nada menos que cinco grandes tributos incidentes sobre a venda de bens e serviços —três federais (PIS, Cofins e IPI), um estadual (ICMS) e um municipal (ISS). O resultado, além de uma carga escorchante, é uma miríade disfuncional de alíquotas, que variam conforme o local e o produto, de exceções e de regras especiais.

    Empresas menores têm um desincentivo à expansão. As maiores precisam lidar com enormes burocracia e insegurança jurídica, já que as normas são a todo momento objeto de deliberação nos tribunais. Subsídios estaduais distorcem decisões de investimento.

    De mais importante, a reforma a ser votada pela Câmara prevê substituir gradualmente os cinco tributos por apenas um, o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), que terá parte da cobrança a cargo da União e parte sob a competência de estados e municípios.

    Em conformidade com as melhores práticas internacionais, o IBS será cobrado no destino das mercadorias e incidirá sobre o valor adicionado, ou seja, descontando os custos com insumos empregados ao longo do processo produtivo.

    O que pode parecer uma mudança singela, porém, afeta interesses múltiplos e contraditórios. Estados e municípios temem perder autonomia decisória e arrecadação; serviços e agropecuária, hoje menos tributados que a indústria, rechaçam a alta da carga; atividades que desfrutam de subsídios desejam mantê-los.

    Será ilusório imaginar que a proposta possa avançar sem concessões —e as primeiras, como a permissão para alíquotas diferentes em certos setores, já foram feitas. Uma discussão perigosa se dará em torno de um fundo com dinheiro federal para compensar alegadas perdas de governos regionais.

    Como em tentativas anteriores de reforma, o risco é que as negociações políticas acabem gerando um texto tão complexo quanto o sistema atual. O que não parece claro é se a nova correlação de forças entre governo e Congresso eleva ou reduz esse risco.

  3. LIRA DEVIA APIEDAR-SE DA CÂMARA, por Elio Gaspari no jornal O Globo e Folha de S. Paulo

    O deputado Arthur Lira, condestável do Centrão, não tem piedade do governo, mas deveria apiedar-se da Casa que preside. Deve-se a ele, representando um poderoso bloco parlamentar, boa parte do amparo que mantém o deputado Juscelino Filho (União-MA), ou JF, no Ministério das Comunicações.

    JF assumiu em janeiro e em poucas semanas tisnou o governo pedindo um jatinho da FAB para ir a compromissos em São Paulo. Recebeu as diárias, até que se viu a natureza de seus compromissos: um leilão de cavalos, onde estava seu quadrúpede Palooza. Refletindo o vigor das primeiras semanas de governo, Lula disse que “se ele não conseguir provar a inocência, ele não pode ficar no governo”. JF devolveu as diárias, o Centrão amparou-o, e assim ficou.

    Aqui e ali, parlamentares cometem pecados. JF comete quase todos. Asfaltou uma estrada no município onde a irmã é prefeita, e a obra passa perto de sua fazenda, onde tem pista de pouso e heliponto. Empregou na Câmara dos Deputados seu piloto e o gerente do haras de suas terras. Na última conta, os dois já custaram R$ 1,3 milhão à Viúva. Isso no campo dos interesses pessoais.

    No campo administrativo, em nome de um novo governo, o médico JF chegou ao Ministério das Comunicações sem maior qualificação específica. Com a experiência de dois mandatos já exercidos, fez fama como grande articulador no plenário. Foi seu o serviço que elevou a verba do fundo partidário de R$ 2 bilhões para R$ 5,7 bilhões. Se for o caso, sua voz é ouvida na franciscana Codevasf.

    Feito ministro, JF transformou o secretário de Radiodifusão da gestão anterior em secretário de Telecomunicações. O chefe do Departamento de Política Setorial virou secretário de Comunicação Social Eletrônica.

    Em menos de seis meses, JF fez uma a cada seis semanas. A última foi revelada pelos repórteres Julia Affonso e Vinícius Valfré: seu sogro, o empresário Fernando Fialho, trata de assuntos da pasta no gabinete do ministro JF. Pelo menos esse foi o caso de um cidadão que foi a ele para tratar da “expansão da conectividade” pela internet.

    Exposto o caso, Fialho declarou-se “consultor informal” do genro. Para piorar, o ministério, onde trabalham servidores públicos, ratificou a informalidade da consultoria e exaltou as “qualificações profissionais — técnicas e acadêmicas” do doutor Fialho.

    Ex-secretário de Desenvolvimento Social e Agricultura Familiar do governo do Maranhão, Fialho é réu num processo em que o Ministério Público o acusa de ter malversado R$ 4,9 milhões num convênio. Ele diz que está “certo da (própria) inocência e com confiança total na Justiça”.

    Desde o descalabro do orçamento secreto, a Câmara dos Deputados passa por um período de inédito desgaste. Emendas de parlamentares, uma legítima prerrogativa dos congressistas, tornaram-se sinônimo de maracutaia.

    É de um veterano parlamentar a observação de que “aqui neste plenário tem de tudo, menos bobo”. Quando o falecido José Bonifácio (1904-1986) deu essa lição, conhecia deputados que empregavam o sogro, os genros e os cunhados, até pilotos, mas Zezinho, como não gostava de ser chamado, jamais imaginou ministro emprestando gabinete ao sogro.

  4. CONGRESSO PRECISA SE CONCENTRAR NA AGENDA ECONÔMICA, editorial do jornal O Globo

    Em meio ao turbilhão político, não se pode esquecer o essencial: a agenda econômica deve ser a prioridade do Congresso. Cabe ao Senado aprovar com celeridade o novo arcabouço fiscal, tomando o cuidado de não piorar a proposta já chancelada pelos deputados. O texto está longe de ser perfeito, mas é melhor do que nada. A Câmara, por sua vez, precisa imprimir agilidade à negociação da reforma tributária, sem desvirtuar a ideia do Imposto sobre Valor Agregado (IVA). O relatório do grupo de trabalho apresentado ontem desperta preocupação por já começar a incluir exceções e manter privilégios tributários num regime cujo objetivo deveria ser a simplicidade.

    No Senado, Omar Aziz (PSD-AM), relator do marco fiscal, ainda não tem data para apresentar seu parecer na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). Quanto mais tempo transcorrer, maiores as chances de as regras ficarem ainda mais débeis. Vários senadores já defendem excluir gastos da base de despesas sujeitas ao controle da regra. Os alvos são repasses feitos para educação, o governo do Distrito Federal e o piso salarial da enfermagem.

    Mesmo sem nenhuma mudança no texto, já há dúvidas mais que pertinentes sobre sua viabilidade para deter a escalada da dívida pública. Se forem excluídas mais despesas do mecanismo de controle, o arcabouço de nada valerá. Tentar melhorar a educação e a saúde com o aumento irresponsável de gastos não passa de populismo barato, pois é insustentável ao longo do tempo.

    No debate sobre a reforma tributária na Câmara também há discursos aparentemente bem-intencionados que tendem a ser contraproducentes. Sob o argumento de que o sistema de impostos não pode tratar quem é diferente de forma igual, deputados defendem todos os tipos de interessados em alíquotas menores. Isenções ou taxas reduzidas costumam em geral apenas criar distorções que deterioram as decisões de investimento ou privilegiam os mais ricos. Não adianta fazer uma reforma tributária para preservar os problemas que ela deveria resolver.

    Nos países com os melhores sistemas tributários, não há alíquotas diferenciadas por setor. É compreensível a pressão de setores afetados pelo aumento de alíquotas, mas é preciso levar em conta que cada exceção eleva a complexidade, o custo de conformidade e os contenciosos jurídicos. Em geral discursos feitos em nome dos mais pobres ou do meio ambiente encobrem interesses mais comezinhos.

    Nenhum caso é tão eloquente quanto a Zona Franca de Manaus. Depois de 56 anos de incentivos ininterruptos, segue fracassando na meta de criar um polo de desenvolvimento sem precisar sugar R$ 45,9 bilhões por ano em subsídios. As indústrias lá instaladas quase não exportam, pagam salários baixos e, pior, não há evidência de que sejam a melhor estratégia para garantir a preservação da floresta. Exemplos da mesma natureza são abundantes na barafunda tributária brasileira. A manutenção de autoenganos desse tipo é o principal erro que o Congresso deve evitar.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Não é permitido essa ação.