Volto a um tema antigo e repetido aqui neste espaço e mais velho ainda, na cidade. Ele afeta os mais pobres, os mais vulneráveis e num direito essencial das crianças, este inscrito na Constituição Federal.
Volto apenas para mostrar o quanto os nossos políticos, incluindo os jovens que dizem ser a renovação e adoram desqualificar a tal velha política, estão se repetindo no velho, no escapismo, para se livrarem da responsabilidade que lhes cabe no assunto, ou do resultado real que devem para a parte mais carente da cidade, a que a elegem e que dizem representá-la.
Eles ainda acham que culpar mutua e seguidamente um ao outro dá ibope eleitoral e lhes livra de culpas absolutas. Eles estão falando, na verdade, para suas torcidas e não exatamente para quem suplica e precisa por soluções.
Esta história da falta de vagas nas creches, bem como a “mágica” criada pelo governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, para diminuí-la com o tal meio-período, tanto no tempo da secretária de Educação – a que fez o Ideb cair, mas como prêmio virou vereadora, Zilma Mônica Sansão Benevenutti, MDB -, bem como no tempo atual do curioso na área, o jornalista de Blumenau, Emerson Antunes, que parou por aqui na vaga do PSD de Gaspar, indicado pelo novo prefeito de fato, o deputado Ismael dos Santos, PSD, é um episódio referência de como se entorta o que já está torto. Pior: sempre contra o mais fraco.
A ex-primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, como estadista e isso mostra bem como são pitocos os nossos políticos daqui, escreveu em um de seus discursos no partido dela “…que não se herdam problemas. Supõe-se que os dirigentes os conheçam de antemão. Por isso, os políticos se elegem para corrigir tais problemas. Culpar os predecessores é uma saída fácil e medíocre“.
Entenderam o real sentido da tal herança maldita? Como escrevi na semana passada, aqui inovamos e criamos a solução maldita e ai de quem esclareça isso, pois é maldito também.
Não é que na sessão da terça-feira passada os vereadores Dionísio Luiz Bertoldi, PT – defendendo as vagas em tempo integral nas creches de Gaspar e Cleverson Ferreira dos Santos, PP, pela Bancada do Amém (MDB, PSD, PP, PDT e PSDB) trocaram farpas e números. Nada disso traz efetivamente alguma solução.
E é bem por isso que não vou discuti-los. Porque de fato, o governo Kleber por intermédio de Cleverson não apresentou nenhuma solução a não ser de que o que o governo vem fazendo, estaria no mínimo, ou seja, com esse mínimo e não o necessário, estaria cumprindo a lei e um acordo com o MP local que o livrou de uma multa, exatamente por não estar atendendo um direito da criança.
Com esse acordo e “mágica”, “diminuiu” e não exatamente eliminou a fila de espera como deveria por vagas. Contudo, ao mesmo tempo e fato que não reconhece, criou graves problemas para a maioria das famílias com o tal meio-período. E vejam só, veladamente, o vereador governista deixou transparecer que para alguns pais, a reclamação contra a meia creche, é porque eles não conseguem se livrarem do convívio mais prolongado com os filhos.
Grave observação, se não for mais bravata palanqueira, ou um rompante de argumentos fajutos próprios do atual governo quando se vê acuado e cobrado. Se verdadeiro e identificado o que levantou o vereador, isto deveria ir ao Conselho Tutelar e a Ministério Público que cuida dos assuntos da Criança e Adolescência, pelas mãos do próprio vereador.
Ora, se sabe de algo assim e não faz a denúncia, é, no mínimo, conivente em tal crime tipificado contra menor e vulnerável.
Vamos adiante.
Mesmo com tanto esforço em não gerar vagas reais em novas salas e creches, mas apenas vagas advindas do desdobramento em meio período da vaga integral já existente, ainda assim há uma fila de espera de 236 crianças.
Por outro lado, vejam só, há sobras de outras 176 que os pais as recusam por serem longe de casa, do serviço, ou contramão no caminho de ambos.
O que revela isso? Mais uma falha do censo escolar que não está percebendo à nova demanda da cidade, da região… Outro tipo de desperdício de dinheiro público e do foco da burocracia que deveria estar a serviço do cidadão, das crianças, da eficiência pública, do futuro da cidade.
Entretanto, parece que depois de tanto desgastes e principalmente à beira das eleições e que isto pode estar custando mais votos do que o esperado, os vereadores apoiadores do governo Kleber resolveram fazer o óbvio que recusam reconhecer por anos afio, repito, por anos: ouvir a comunidade e a tal “sociedade organizada” na busca de soluções compartilhadas.
Vai se marcar uma reunião, ou uma audiência pública na Câmara para tal. Espera-se que não seja mais uma cortina de fumaça, fingindo que se está atrás de uma solução, envolvendo gente de bem e com elas, arrumando dificuldades para dar solução óbvia, compartilhada, barata, e rápida ao óbvio.
Quando esteve lá há um mês, o presidente da Associação das Pequenas e Micro Empresas de Gaspar e Ilhota, Douglas Junkes, num aparte lateral ao assunto que debatia, pediu que inserissem essas tais “sociedades organizadas” no debate para a busca de soluções comuns, coletivas, comunitárias, ou seja, sem que sejam somente feitas por iluminados políticos da situação ou da oposição. E que talvez dali nascessem ideias e possíveis resultados concretos.
Tomara. Porque este tipo de debate até aqui entre o passado que supostamente causou o problema e o presente, que não dá solução, porque é mais fácil culpar o antecessor, já encheu o saco.
Os trabalhadores de salário mínimo – que é a grande maioria da cidade – e seus filhos, agradecem penhoradamente o momento raro de lucidez dos políticos e de alguns adultos que teimam em ser crianças, num embate todos próprio.
Creche para todos. Critérios claros. A começar aos que verdadeiramente precisam, aos que miseravelmente não podem pagá-las e aos que precisam delas, para que seus filhos em segurança, permitam que trabalhem minimamente concentrados par o sustento das suas famílias numa ordem social onde todos ganham. Acorda, Gaspar!
TRAPICHE
A mentira e o pecado I. Duas vezes escrevi aqui que o vereador Francisco Hostins Júnior, MDB, foi convidado, ou entrou entrou em negociação para ser secretário do governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB. Nas duas fui desmentido.
A mentira e o pecado II. Terça-feira passada, o próprio vereador confirmou na tribuna da Câmara e está gravado, que tinha sido convidado, ou sondado em duas outras ocasiões, mas tinha recusado.
A mentira e o pecado III. Pois é. Não é a toa que sou líder de audiência e credibilidade. O tempo é sempre o senhor da razão e essa gente vive lavando a minha alma. Como na passagem bíblica é preciso se ter atenção. Respondeu Jesus: “Asseguro que ainda hoje, esta noite, antes que duas vezes cante o galo, três vezes você me negará”.
A Mentira e o pecado IV. Não me refiro exatamente a mim neste trecho sagrado, mas ao que está metido Hostins. Por duas vezes foi rifado. E é preciso saber bem a razão disso. Terá que cuidar para não ser pela terceira vez.
A mentira e o pecado V. Foi a defesa daquilo que a cidade viu de errado em Kleber no caso da drenagem na Rua Frei Solano que o fez despencar na última votação e mesmo assim não teve a devida compensação. Se não cuidar, com os cacos espalhados, a ressureição política que quer e até lhe prometeram, poderá ser a mortalha que lhe preparam marotamente neste novo desafio.
Despedida. Pelo tom dos discursos dos vereadores Francisco Solano Anhaia e Francisco Hostins Júnior, ambos do MDB, eles não voltam mais para a Câmara. Estranho tudo isso. E se não der certo? E se Marcelo de Souza Brick, Patriota, assumir como ainda alimenta por ai em conversa fiada na busca de votos para deputado estadual?
Essa gente não tem jeito, eles se prendem nas próprias redes que lançam. Quando a ex-secretária de Saúde, Silvania Joanelo dos Santos saiu e se arrumou num espaço dentro do Hospital de Gaspar, disse que iria para lá com a missão de humanizar o atendimento do Hospital. Era o que o povo todo reclamava, mas ela como secretária, possessa, negava.
Agora, chegou a vez de Hostins. Entre outras, falou no tal “acolhimento das pessoas” o sistema de saúde de Gaspar. Cumuéqueé? Não é isso que está cotidianamente nas redes sociais, que mais apareceu nos comentários por aqui e que foram malditos pelo poder de plantão? Estranho! Ao menos no diagnóstico, já acertou.
Hostins pode começar resolvendo dois problemas, muito comuns e que se tornaram marca registrada do governo Kleber Edson Wan Dall, MDB. Ele ouviu do vereador Alexsandro Burnier, PL, que há falta de medicamentos. E coisa básica.
O outro ele ouviu no embate de Dionísio Luiz Bertoldi, PT e Cleverson Ferreira dos Santos, PP, que queria saber quem teria dado informações sobre os privilégios dos comissionados nas vagas integrais de creches.
“Não vou dar, porque o governo quer saber para ameaçar, prejudicar e perseguir, mesmo eles sendo efetivos”. Na Saúde é igual. A vingança está corroendo o governo de Kleber, o santo. E esta marca ele impôs já nos primeiros dias de governo com aquele áudio ameaçador.
Mudou a forma pois ela daria provas para cassação. Mas, não mudou a prática. É só olhar os atos disciplinares e os afastamentos. Acorda, Gaspar!