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CIRO, MELATO, GIOVÂNIO E ALEXSANDRO QUEREM INCHAR E CRIAR MORDOMIAS NA CÂMARA DE GASPAR – SEM SEDE PRÓPRIA – COMO NUNCA SE VIU ANTES

Está se desenhando, silenciosamente, na Câmara de Gaspar, um estupendo inchamento dela bem como a criação de mordomias jamais vistas antes. Estas mudanças, inicialmente vão passar pelo aluguel de carros de luxo, tipo Corolla, para cada um dos 13 vereadores acompanhado das respectivas cotas de combustíveis. Tudo para eles “atenderem” seus eleitores e eleitoras pelo município inteiro, bem como, viajarem a toro e a direito para Florianópolis.

Hoje os vereadores de Gaspar já possuem acesso individuais a aparelhos celulares e até laptops. Estes, aliás, eles mal usam nas sessões, a não ser para colocar as senhas de presença e apertar as três teclas das votações. E a montanha de papel rola solta naquilo que está acessível aos caros aparelhos. É claro que os gabinetes são todos eles tecnologicamente estruturados para as demandas das assessorias e das suas excelências.

O presidente da Casa, pela quarta vez, o campeão de diárias, Ciro André Quintino, MDB, não nega a informação sobre o aluguel dos carros para cada uma das suas excelências. Todavia, esquivou-se de qualquer detalhe sobre o que já corre solto nos bastidores e corredores da Câmara. Um detalhe, ela oficialmente ainda está parada. A Câmara volta às sessões – ou seja – deliberar pelas cidade, oou a favor dos cidadãos e cidadãs, só no dia sete de fevereiro. d

“Por enquanto, não. Estamos estudando a possibilidade”, meio que se esquivou Ciro ao falar sobre o assunto dos carros. Esta pressão existia e é liderada pelo mais longevo dos vereadores, José Hilário Melato, PP, o mesmo que aumentou de 11 para 13 vereadores e o que criou os assessores de gabinetes dos vereadores, para presidência, a de imprensa e dos vereadores mirins.

Não se deve esquecer, entretanto, que esta decisão é colegiada. Ela é da mesa diretora. E nela, além de Ciro e Melato, estão também o ex-presidente Giovano Borges, PSD, bem como o novato e defensor aberto destas mordomias, Alexsandro Burnier, PL. Estranho nisso tudo, é que a “melhoria” do site da Câmara empreendida pela ex-presidente e que se diz entendida em comunicação, retirou do ar – ou dificultou o acesso – sobre as publicações das “Resoluções da Mesa Diretora”. 

Questionada oficialmente, pelo próprio site, há uma semana, a Câmara, a que jura não estar em férias quando alguém lhe passa este rótulo e assegura ao mesmo tempo que seus mecanismos do site funcionam para valer, ainda não respondeu a razão de “tal sumiço”, ou qual o caminho mandraque que pode se fazer no site para se acessar este link de transparência essencial dela com a sociedade.

Até se acessa para quem vai na lupinha e procura por “resoluções”. E está “embrulhado em Leis Municipais” ( Resolução da Mesa Diretora da Câmara é lei municipal?) Quem fuça, encontra em “Normas do Poder Legislativo”, como “resoluções”. Outra. A Câmara possui um assessor de imprensa efetivo e outro comissionado, este ligado à presidência. E eles não conseguem interagir com a sociedade via o site que criaram. Veja mais, abaixo, na seção “Trapiche”.

Retomando.

Hoje, a Câmara possui quatro carros para uso da presidência e dos demais vereadores. Os “representantes do povo” reclamam muito. Há “congestionamento” dos pedidos. Principalmente, agora que descobriram o caminho das diárias e de Florianópolis. 

O impressionante nisso tudo, como confirmou, Ciro, dos quatro carros que a Câmara usa, dois deles são cedidos pela prefeitura.

Cuméqué? O Legislativo é um poder independente e fiscalizador do Executivo, possui Orçamento próprio no tal Duodécimo do Orçamento Municipal, e mesmo assim, as coisas estão todas misturadas em favores mal explicados? Ou seja, só este fato por si só mostra como está comprometida à tal independência e à fiscalização de um poder – o Legislativo – sobre o outro – o Executivo. 

Não é à toa que a Câmara de Gaspar se tornou um puxadinho incondicional do atual governo. E a maior parte dos vereadores, principalmente com a morte de Amauri Bornhausen, PDT, – o que destoava e era praguejado – está na tal Bancada do Amém. Ela reúne além do MDB, o PP, PSD, PDT e PSDB, ou seja, onze dos 13 vereadores. E mesmo assim, dos dois restantes, o PL de Alexsandro é tido como um pêndulo a favor da prefeitura.

Além dessa montanha de carros de luxo, no mínimo serão 13, a Mesa Diretora estuda como duplicar o número de assessores no gabinete, e aumentar em muito, o número dos atuais estagiários. Cada gabinete deverá abrigar inicialmente um assessor com curso superior e outro de nível médio para apenas 30 horas semanais de trabalho cada um, bem como um estagiário num regime de menores exigência de horas.

Em uma das notas da seção “Trapiche” que escrevi no dia 19 de dezembro do ano passado os meus leitores e leitoras leram o seguinte:

A Câmara de Gaspar encerra o ano como começou: um incondicional puxadinho da prefeitura: e vai piorar…” e informei que “há 15 comissionados (que em 2022 custaram R$1.006.176,88) também com 30 horas de trabalho semanal: um assessor da presidência e que acumula com o gabinete do vereador que preside a Casa; um assessor legislativo e que cuida da Câmara Mirim; um assessor de imprensa; três assessores parlamentares e nove assessores de gabinetes que trabalham nos gabinetes dos vereadores dos 13 vereadores e são indicados por eles“.

Com estes números apurados no ano passado, chega-se facilmente à conta da duplicação que manobra nos bastidores da Câmara. Ciro, por outro lado, limitou-se a dizer que “por enquanto” haverá só um assessor para cada gabinete. Este “por enquanto” além de sinalizador é também comprometedor. Se quisesse ser claro e definitivo, Ciro teria dito: “no meu mandato como presidente da Câmara não haverá a possibilidade de se contratar mais comissionados para os gabinetes dos vereadores, seja via interpretação do que já se tem aprovado, seja nova legislação e onde há votos suficientes para modificá-la e aprová-la, quer a cidade queira ou não“. 

Se não disse, ao menos não poderá ser cobrado por ter dito uma coisa e feito outra. E esta conversa de inchar a Câmara e criar mais mordomias não é de hoje. Ela fez parte do pacote de promessas de Ciro – o nosso Arthur Lira quebra-tijela – da para ser eleito para presidente da Casa. Como já disse o mais longevo dos vereadores, José Hilário Melato, PP, lá atrás, e há muitos anos, quando o atual vice-prefeito Marcelo de Souza Brick, Patriota, era o presidente da Câmara e temia criar novas assessorias: “você é o presidente da Câmara dos vereadores e não da Câmara de Vereadores“.

Importante. Não é nenhum adversário do Ciro que espalha essas informações pela cidade para fritá-lo nas suas pretensões políticas para além da presidência da Câmara. Quando não é ele próprio que faz isso só para arrotar aos próximo o que pode fazer com a caneta na mão, são os próprios pares dele no Legislativo, como forma de contar vantagem por aí e que se corre como fogo em palha seca no celeiro.

Mas, indo adiante, sem mudar de assunto. Lembram-se do título que reproduzi a cinco parágrafos acima?

Mais tarde, no dia dois de janeiro deste ano, reproduzi parte da queixa da ex-presidente da Casa no ano passado, Franciele Daiane Back, PSDB, nas suas redes sociais. Ela que tanto queria ser presidente da Câmara e quando foi, foi, na verdade, engolida pelo sistema manobrado por Melato e companhia. Disse ela, queixosa, e eu reproduzi no artigo daquele dia, neste blog líder de acessos e sem patrocínios de gente comum, política ou pública.

Com o passar dos meses de 2022 entendi de verdade o que era ser presidente de um Poder e, honestamente, não combina em nada comigo e também não é aquilo que você vê na televisão, ouve nos rádios ou lê nos jornais. Haja estômago!. Foram doze meses ouvindo as mesmas coisas. Escutava o tempo todo que ‘presidente tinha que trabalhar para vereador’, que ‘tinha que por isso pra votar’ que ‘você devia fazer assim’ e tantas outras ladainhas. Tive que fingir ser surda, né? Passar de doida muitas vezes para aturar a falta de educação e noção de alguns ‘colegas’“.

Pois é. Quem está sem estômago, é a sociedade com os seus políticos gastões e que vivem de mordomias. Eles, mesmo sentindo à redução de suas votações recentes, estão enfiando comida estragada no bucho de seus eleitores e eleitoras, os que bancam toda essa mordomia e inchaço das estruturas das suas excelências. Por outro, lado, sabedores dos desgastes que poderão ter nas urnas como punição, esses mesmo políticos não querem ver esclarecidas ou debatidas em público às suas decisões, todas suportadas pelo suado dinheirinho do povo. Acorda, Gaspar!

TRAPICHE

O vereador Ciro André Quintino, MDB, teve uma diária pedida no valor de R$3.070,00 para participar de uma espécie de “aprendizado” em Florianópolis, entre os dias 24 e 27 de janeiro visando a sua capacitação na direção da mesa da Câmara, onde está pela quarta vez. Isto é notícia velha. Já registrei. O que é novo então? É que no dia 25 ele esteve aqui em Gaspar para assinatura da ordem se serviço para por água tratada do Centro para a Bateias e o Barracão.

Outra. Há uma fila de vereadores Gaspar que são cabos eleitorais de deputados estaduais para ir a posse deles hoje, em Florianópolis. Os carros da Câmara serão poucos. Pelo menos cinco pediram diárias de R$300: Ciro André Quintino, José Carlos de Carvalho Júnior e Zilma Mônica Sansão Benevenutti,, todos do MDB, além do recém empossado, Roberto Procópio de Souza e José Hilário Melato, PP. Uma novidade a mais para se tornar rotina: Zilma, e Franciele vão levar seus respectivos assessores ao custo de R$231,00 em diárias. Roberto tinha feito isso no dia 24.

Nas dez resoluções publicadas até ontem a tarde pela atual mesa diretora da Câmara de Gaspar estão exonerações, nomeações de comissionados e término de prazo de um estagiário. Está ainda a renovação do contrato de wi-fi, e duas sobre o mesmo tema: a que homologa as comissões o preenchimento das três comissões permanentes (faltam ser escolhido entre eles, os respectivos presidentes) e a que regula o pedido e uso de veículos pelos vereadores.

Mas o que chama a atenção é o canetaço via a tal Resolução da Mesa Diretora da Câmara para aumentar as diárias: um lanche do vereador (o de funcionários e assessores é um pouco menor) foi fixado em R$80,00; um almoço ou janta em Santa Catarina R$220,00, em outros estados R$ 250,00 e em Brasília R$280,00. O pernoite em Santa Catarina foi para R$510,00, fora do estado R$580,00 e em Brasília, R$900,00. Ou seja, os vereadores que vão a Florianópolis estão pedindo o ressarcimento de um almoço ou janta, e um lanche.

Hoje é dia da cobra fumar. Vai se saber como o PL ficou refém do MDB na Assembleia. Terá consequências. Também se saberá como o primeiro articulador político de Jorginho Mello, levado a isso para se queimar, o deputado Ivan Naatz, PL, de Blumenau, foi engolido pelas circunstâncias, o seu jeito explosivo de ser e pelos bastidores do PSD de Júlio Garcia. Naatz continua com a sacola cheia de pedras. Elas estão guardadas. Ele está escolhendo os telhados de vidro. E não será surpresa se o PL e o próprio governador possam ser alvos delas. E eu estou apenas olhando a maré

Já em Brasília, os três senadores catarinenses (Esperidião Amim Helou Filho, PP, Ivete Appel da Silveira, MDB e o desconhecido Jorge Seif Júnior, PL) vão dar votos ao potiguar Rogério Marinho, PL, contra a reeleição de Rodrigo Pacheco, do PSD mineiro, na disputa de reeleição pela presidência do Senado. Pacheco. De verdade? Pacheco não está com a vida fácil. É a trincheira que o bolsonarismo radical quer armar contra o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, PT.

Por outro lado, na Câmara Federal “está tudo decidido”. O alagoano Arthur Lira, PP, vai ser reeleito com apoio do PT. Este apoio é pragmático. O PT não quer encrencas com Lira, pelo menos nestes dois primeiros anos do governo de Luiz Inácio Lula da Silva – tempo que dura o mandato de Lira. O PT de Lula, escaldado, não quer criar nenhum Eduardo Cunha, que quando no MDB fluminense, pilotou a cassação da presidente Dilma Vana Rousssef, ato que agora estão transformando numa nova narrativa.

Voltando para a terrinha. Esta novela da entrada e saída ao bairro Sete de Setembro pela Rua Olga Wehmuth na conversão que se impediu para e da estadualizada Avenida Francisco Mastella, pois seria a continuidade da Rodovia Jorge Lacerda, mostra, muito bem, três fatos recorrentes entre nós, que você só lê aqui, ou eventualmente nas redes sociais de alguns corajosos.

Primeiro deles é o zero à esquerda da Ditran naquilo que é de sua competência, a engenharia de tráfego. O segundo é exposição reiterada da secretaria de Planejamento Territorial. Ela mais uma vez mais ficou refém dos improvisos que criou e validou. E por fim, à falta clara de interlocução do governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, com o governo do estado para compartilhar soluções comuns, urgentes e necessárias à soluções para a cidade. Ah, só agora é que estão “ouvindo” à comunidade e entidades. E elas proseiam, tardiamente, de que estão sendo atendidas. Meu Deus!

Finalmente, depois de muitos artigos aqui e por anos afio, o governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, assinou a autorização para a implantação da ligação da rede de água do Bateias e Barracão – área em franca expansão – a do Centro da cidade. Quando presidente do Samae, o vereador José Hilário Melato, PP, não conseguiu viabilizar esta ligação. E olha que a sua origem é da região sul da cidade onde o problema se acentua a cada ano.

Quem bombou neste início de semana foi o advogado e petista de carteirinha João Pedro Sansão. Como poucos ele andou e se relacionou com gente graúda do poder de plantão em Brasília. Ele já tinha isto no seu DNA quando foi estagiário no escritório do jurista paulistano e ex-ministro da Justiça de Dilma Vana Rousseff, PT, José Eduardo Martins Cardozo. João Pedro foi a Brasília sem diárias públicas…

Andou pelo Palácio do Planalto (inclusive acompanhou parte do encontro do chanceler alemão Olaf Scholz com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, PT), em gabinetes no Senado e na Câmara como mostram os vídeos e fotos que ele próprio fez para as suas redes sociais.

A foto ao lado mostra João Pedro com o virtual reeleito presidente da Câmara Arthur Lira, PP-AL, num encontro de confraternização promovido pelo PT para enturmar a nova bancada na Câmara Federal. Entre os “novos” estará a ex-deputada estadual, Ana Paula Lima. O evento foi na segunda-feira à noite.

Ou seja, João Pedro respondeu na prática ao prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, que ao menos caminhos e portas essenciais abertas no núcleo do poder, ele as possui na Capital Federal. Inclusive abriu portas para políticos de outros municípios catarinense na secretaria da Juventude, em Brasília. Em outro artigo comentarei tudo isto o jogo de João Pedro.

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12 comentários em “CIRO, MELATO, GIOVÂNIO E ALEXSANDRO QUEREM INCHAR E CRIAR MORDOMIAS NA CÂMARA DE GASPAR – SEM SEDE PRÓPRIA – COMO NUNCA SE VIU ANTES”

  1. A Farra dos 6% da arrecadação

    Vamos fazer uma analogia com o Direito a Ciência que tem como objeto de estudo a norma.

    Norma é um conjunto de textos, que são elaborados pelo legislador para regular a vida em sociedade, normatizado pelo ordenamento jurídico do país.

    O Direito se instala na RAMIFICAÇÃO DA FILOSOFIA A PRATICA, que serve de base para o cientista jurídico a Ética que se forma pela moral do individuo.

    Se nossos legisladores são técnicos, aplica se a Lei
    Não estão muito preocupados se são éticos ou moral, simplesmente aplica se a lei.
    Recentemente um “estadista” usava o dinheiro para comer gente e quase ganhou, teve 59 milhões de votos e toda essa bancada toda que digo do amém apoiou e na cidade teve 75% dos votos.

  2. Presidente atual do Mdb Carlos Roberto Pereira morando de volta em Gaspar, hoje (quinta) reunião com o presidente da câmara vereador Ciro… Assunto? Roberto candidato em 2024?… ou reeleição como presidente do mdb em abril? …. A água vai ferver e a chaleira vai apitar

  3. Conversando com o vereador Alex ano passado ( tenho em arquivo o diálogo) sobre o “vale-combustivel” pra vereador, ele alegou que essa verba era essencial pra que eles possam conhecer a realidade do povo gasparense.
    Com a resposta na ponta da língua, perguntei pq ELES não usam o TRANSPORTE COLETIVO?
    Se querem fazer bonito pra aparecer nas redes sociais, QUE VIVENCIEM A ROTINA DA COMUNIDADE AO PÉ DA LETRA.
    Sem resposta, mudou de assunto..👀

    No dia da abertura dos trabalhos na CASA DO POVO, QUE O POVO SE FAÇA PRESENTE E SE IMPONHA CONTRA OS DESMANDOS DA CÂMARA CONTRA OS SEUS CIDADÃOS.
    ELES SÓ DEITAM E ROLAM SOBRE AS NOSSAS CABEÇAS PQ ACHAM QUE SOMOS UNS BANANAS.
    SOMOS????

  4. chamo a atenção para o segundo parágrafo. É a melhor definição de partido que li até agora para o que eles são no Brasil

    NA CAMA COM O CENTRÃO, por Willian Waack, no jornal O Estado de S. Paulo

    O Centrão é o principal fiador hoje do experimento brasileiro do semipresidencialismo com dois primeiros-ministros (os chefes das Casas Legislativas), que formalmente se instalou mais uma vez desde ontem. Os avanços dos poderes do Legislativo sobre o Executivo, que se aceleraram ao longo de quase uma década, são apenas parte da explicação.

    Os fatores “estruturais” são mais amplos e têm a ver com a falência dos partidos (no sentido que lhes deu a Constituição) e de um sistema de votação proporcional que garante a desproporção. O Centrão é um amálgama de organizações privadas (apelidadas de partidos) cuja razão de existência é a captura de partes da máquina estatal transformadas em ferramentas para defesa de seus interesses.

    Para efeitos práticos, o apertado resultado da eleição presidencial do ano passado fortaleceu esse formidável bloco abastecido constantemente com o que já não se pode mais chamar de “moeda de troca”. Na verdade, essa incessante atividade é a essência da nossa política, conduzida por um conjunto de líderes partidários de escassa projeção nacional e interesses nacionais, mas forte peso regional.

    Para Lula e o PT, é uma situação difícil e preocupante. Não tanto pelas amarras impostas ao chefe do Executivo, apesar de a distribuição de cargos estratégicos ter ido para petistas.

    Nem pela necessidade de articular uma “maioria de governabilidade”, o mais fácil de ser obtido.

    O problema central é interpretar a forte oposição social que os resultados das eleições, sobretudo no Legislativo, não diminuíram. É o que ajuda a entender a relativa rapidez com que estão se dissipando os efeitos traumáticos da barbárie do 8 de janeiro – e que permite a dirigentes de várias agremiações, todas no Centrão, “justificar” (claro, sem justificar) o que aconteceu.

    Nem Lula nem o PT estão conseguindo transformar o trauma de janeiro numa onda que sirva para encurralar o adversário político e solidificar uma “liderança” de amplas forças que genuinamente abominam os atos golpistas. Essa dificuldade é resultado, em parte, da leitura feita pelo novo presidente e seu velho estado-maior de que a vitória eleitoral lhes deu a condição de “levar tudo”.

    Parecem estar assumindo que, mesmo com a força do Centrão, detêm mais poder político do que de fato possuem. Calcula-se também que provável inelegibilidade de Bolsonaro o neutralize “definitivamente”. Embora o que talvez melhor explique a resiliência de um personagem com defeitos tão evidentes como os de Bolsonaro é o que tem sido tão difícil de reconhecer e aceitar para Lula e o PT: a oposição social que enfrentam.

  5. LULA TERÁ JUROS SALGADOS NO NATAL, DIZ BC, por Vinicius Torres Freire, no jornal Folha de S. Paulo

    Até o começo de novembro, donos do dinheiro e seus economistas imaginavam que a taxa básica de juros da economia, a Selic, cairia para 11,25% ao ano no final deste 2023. Ainda seria ruim. Mas piorou. Agora, a mediana das projeções dos economistas da praça é de Selic a 12,5% ao fim do ano. Vai piorar de novo.

    O Banco Central acha que 12,50% é pouco. Dada a presente situação e em uma conta na ponta do lápis, dificilmente a Selic sai dos atuais 13,75% antes do final do ano, quem sabe com um chorinho de corte de 0,25 ponto percentual pouco antes do Natal. Foi o que a direção do BC praticamente escreveu no comunicado em que divulgou sua decisão sobre a taxa básica, nesta quarta-feira, mantida em 13,75%.

    E daí? A Selic é a taxa de juros no atacadão de dinheiro, negócios entre bancos, grosso modo. É o piso das taxas do mercado inteiro. Selic a 13,75% já vai derrubar o PIBinho deste 2023. Se ficar por aí até o final do ano, o PIB de 2024 pode ir para o vinagre também.

    Vai acontecer? Não está escrito em pedra. Mas está difícil.

    Dada a presente situação e nas contas do BC, a inflação apenas vai para perto da meta no terceiro trimestre de 2024 com a Selic em 13,75% ou perto disso.

    O que é a “presente situação”? Expectativa de inflação para 2023 acima de 5% desde meados de outubro e subindo desde meados de dezembro, ora em 5,74%. Sobe também para 2024, para 3,9%. A meta para o ano que vem é de 3%.

    Isso não quer dizer que a centena de estimativas de economistas da praça compiladas semanalmente pelo BC esteja certa (em geral, está bem errada). Mas essas são também as contas que “o mercado” faz para decidir quanto quer de juros e quanto quer de câmbio (o preço para manter seus haveres em reais).

    Em um resumo prático, a mudança da “presente situação” depende agora e primordialmente do plano do governo Lula para conter o aumento ora sem limite da dívida pública e de não se passar a intervenções malucas na economia (em juros ou meta de inflação, importação de maluquices da Argentina).

    Uma “nova regra fiscal” dura e crível resolve boa parte do problema. Uma reforma tributária boa (como a que já está alinhavada) azeita a máquina.

    Uma desinflação mais rápida no mundo rico, com queda de juros por lá e, pois, valorização do real melhora a perspectiva de inflação aqui também (desde que não ocorram choques de commodities).

    Lula vem fazendo gols contra a economia desde novembro, com as caneladas na ideia de limitar a dívida e com o Orçamento gordo além da conta (déficit maior). Até outubro, porém, havia relativo otimismo e juros de mercado em queda (tanto que o BC tentava segurar no grito a baixa das taxas no atacadão).

    Qual o motivo do ânimo? Imaginava-se que Lula 3 faria o essencial e inevitável, por ora, na política macroeconômica (gastos e dívida); chutava-se que a economia brasileira teria capacidade de crescer rotineiramente mais do que o imaginado até o início de 2022; há investimento privado engatilhado (e a engatilhar, se as normas e garantias forem boas; se vier “transição verde” bem pensada).

    Pelo menos em 2023 e 2024, sem inventar moda e com a ajuda de uma economia mundial pouco deprimida, teria sido possível surfar nessa onda de otimismos até razoáveis.

    Ainda dá para virar o jogo, embora o saldo de gols vá ser, de qualquer modo, menor (meio ano está perdido, já).

    O problema é que ainda dá para perder de muito também, inclusive no jogo de 2024. O país não vai aguentar, pois a pobreza está grande e os monstros da extrema direita e do golpe estão soltos.

  6. AS BOLINHAS DOS PODEROSOS, por Elio Gaspari, nos jornais Folha de S. Paulo e O Globo

    O falecido Papa Bento XVI contou a um de seus biógrafos que renunciou por causa de uma insônia que o afligia desde 2005. Meia verdade, o Papa Ratzinger foi atormentado também pelos efeitos de bolinhas que médicos lhe receitavam para dormir. Em 2012, no México, ele acordou com os lençóis sujos de sangue sem saber o que lhe havia sucedido. Tinha sido o efeito da bolinha, e ele havia se machucado, sem acordar.

    O que parece ter sido um episódio isolado é algo mais comum, sobretudo no mundo dos poderosos. Bento XVI revelou que começou a pensar na renúncia ao sentir que lhe faltavam forças para dar conta do serviço. Essa explicação poderia reduzir a importância das dificuldades que atormentavam seu pontificado.

    Até há bem pouco, o Brasil foi governado por um presidente que tinha problemas com o sono. Bolsonaro foi um notívago da internet. Transformou um quartinho da ala residencial do Alvorada em base para expedição de mensagens disparadas durante as madrugadas. Ele mesmo se proclamou recordista de apneia. Um exame indicou que sofria 89 interrupções do sono a cada hora. Viu-se agora que tinha uma fonte de oxigênio no quarto de dormir. Um dia se saberá o tamanho da relação entre suas explosões diurnas e seus desconfortos noturnos. É indiscutível, contudo, que o capitão se sentia bem explodindo.

    Os Estados Unidos já foram governados por dois presidentes que sofriam as consequências de noites mal dormidas. Elas estragaram o primeiro ano de governo de Bill Clinton. Richard Nixon meteu-se com as bolinhas de Seconal nos anos 1950 e, dez anos depois, entrou no Valium, dependendo dele. Quando o escândalo Watergate apertou, ele se queixava de que o Dilantin não fazia mais efeito. Passou a beber e, em pelo menos uma ocasião, pareceu bêbado quando estava apenas fora do ar.

    Estava assim quando seus assessores lhe contaram que Leonid Brejnev, o chefe do governo da União Soviética, não ia bem. O russo também estava pendurado nas pílulas, desde 1968, antes da invasão da Tchecoslováquia. Como os poderosos preferem médicos em quem possam mandar, Brejnev fritou-se. Em 1974, a dependência destrambelhou-o. Dormia na hora errada e não conseguia acordar na hora certa.

    O que há de preocupante nessa epidemia de bolinhas dos poderosos é que, depois dos desastres que eles provocam, as responsabilidades acabam deslizando para os remédios e para os médicos. Ninguém acha que Hitler fez o que fez porque vivia empanturrando-se de remédios. Afinal, ele era vegetariano, abstêmio e não fumava. Winston Churchill comia de tudo, fumava dez charutos por dia e começava a beber champanhe antes do almoço.

    Quando Donald Trump se apresentava como um bem-sucedido milionário (o que ele não era), orgulhava-se de só dormir quatro horas. Com o prestígio em baixa, surgiu a informação de que ele tomava bolinhas de Ambien para pegar no sono. Chegava a distribuí-las durante viagens que atravessavam várias zonas de fusos horários.

    O mundo vai melhor quando os poderosos são julgados pelo que fazem, e não pelos remédios que tomam. O cardeal Ratzinger era chamado de “Rottweiler de João Paulo II”. Renunciando, os cardeais elegeram o argentino Bergoglio, e Francisco tomou outro caminho.

  7. Até onde vai a vaidade do individuo.

    Talvez o bairro Bela Vista não tenha uma nova oportunidade de ter 3 vereadores e que absolutamente nada estão fazendo pelo bairro

    1. Pois é. Dois desses vereadores – que não se bicam – estão na mesma mesa diretora promotoras dos mesmos defeitos. Um outro foi plantar batatas.

  8. RISCO DE ZEBRA NO SENADO, por Bernardo Mello Franco, em O Globo

    Rodrigo Pacheco ainda é favorito à reeleição, mas o Planalto foi avisado de que há risco de zebra na disputa pela presidência do Senado. O bolsonarista Rogério Marinho, que já era apoiado pelas maiores siglas do Centrão, começou a avançar no território do adversário. Se ele surpreender, Lula terá que conviver com um desafeto no comando do Congresso.

    A julgar pela divisão oficial das bancadas, Pacheco teria uma vantagem confortável sobre o rival. O problema é que a votação secreta abre uma ampla margem para traições. Elas devem chegar até ao partido de Pacheco – ao menos três senadores do PSD são contabilizados como eleitores de Marinho.

    O bolsonarismo lançou o ex-ministro do Desenvolvimento Regional com dois objetivos: reagrupar sua base e forçar uma espécie de terceiro turno contra Lula. Derrotado na corrida presidencial, o ex-presidente teria a chance de se vingar na disputa pelo controle do Senado.

    Na noite de segunda, o capitão interrompeu as férias na Flórida para motivar sua tropa. Por telefone, participou de um jantar de senadores do PL e pediu votos para o aliado. No front doméstico, o gabinete do ódio foi reativado para torpedear o eleitorado de Pacheco. A ofensiva pode não mudar o placar, mas incomodou muitos integrantes da bancada governista.

    Nos últimos dias, a candidatura de Marinho ensaiou ultrapassar os limites do cercadinho. O ex-ministro passou a atrair outros tipos de descontentes: de inconformados com a partilha dos ministérios a ressentidos com o tamanho de seus gabinetes na próxima legislatura.

    Uma zebra no Senado representaria mais do que uma derrota para Lula. Transformaria a Casa num bunker de oposição ao novo governo. E ainda daria fôlego à extrema direita que atacou a democracia no 8 de janeiro.

    Embora afirme “não compactuar” com os atos golpistas, Marinho endossa algumas de suas principais bandeiras, como o impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal.

    Ontem ele festejou a adesão do ex-ministro Sergio Moro, que renovou sua carteirinha de bolsonarista, e do PSDB — ou do pouco que restou do antigo partido de Fernando Henrique, Mario Covas e Franco Montoro.

  9. Miguel José Teixeira

    Desde dezembro estive na Região. Visitei muitos lugares em Gaspar, relembrando o tempo de infância. Pelo visto, seguramente o Corolla não é o carro adequado para ir a determinadas regiões ouvir os eleitores de lá.

    1. Pois é, é a tal inversão de valores: o político devia primeiro se preocupar com a estrada boa para nela passar o carro de luxo pago pelo povo para ele andar pela estrada ruim, esburacada, sem conservação…

  10. LIRA LÁ, por Carlos Andreazza, no jornal O Globo

    Tudo o mais constante, a Câmara reelegerá Arthur Lira presidente. Será devastador para a democracia representativa. Que, numa quadra em que o Parlamento vai desafiado por grupos influentes eleitos sob a agenda antissistema, reeleja-se um agente autoritário cujo exercício truculento do poder conjugue modos variados de dilapidação da atividade legislativa e favoreça, pois, o progresso da prática antipolítica que corrói a República.

    Lira presta serviço à mentalidade autocrática. Destrói por dentro, em resumo. Deriva desse modus operandi a afinidade que, mais até que a relação utilitária em função do orçamento secreto, deu fluência à sociedade que manteve com Jair Bolsonaro.

    Lira mina o Parlamento. Não faz política. Decide. Atropela. Cada vez com menos resistência. Porque distribui. O que sobrar, esmaga. É um presidente da Câmara, a arena em essência para discussão e dissenso, cuja força provém de controle orçamentário sem igual, materializado no aterramento sem precedentes de mecanismos regimentais de resistência — existência — de oposições e, portanto, na imposição sumária de agendas.

    Um presidente da Câmara cujo rolo compressor provém de poder orçamentário sem igual, com cuja distribuição acelera para imperar, rebaixados os pares, a cada dia menos e menores os quebra-molas. Um presidente poderoso de uma Câmara esvaziada de caráter, percebida pela sociedade como alcova para benefícios próprios e de pouquíssimos. O paraíso para a prosperidade de elmares e populistas.

    Lira tratora ritos. Tritura comissões. Aprova no dia seguinte. E depois cobra. Forma maiorias distribuindo milhões de orçamentos secretos. É como convence. É como se reelegerá.

    E depois cobra — veremos a partir de 2 de fevereiro. Haddad quer reforma tributária? (Se Renan Calheiros tem um ministério, e para o filho, e logo um de alcance como o dos Transportes, quererá dois. Parece clichê. Óbvio demais. Não é. E, mesmo que leve, negociará superfícies do Estado a cada votação.)

    Fala-se em reeleição avassaladora, com 400 ou mais votos entre 513 deputados. Será coerente: reeleito sobre rolo compressor com que amassa a Câmara. Reeleição gloriosa, que legitimará a desqualificação acelerada do Parlamento, um chão de josimares-maranhãozinhos. Reeleição gloriosa, numa Câmara de gestores paroquiais de codevasfs, obra da máquina cuja operação empurra para a alarmante ausência de adversários.

    É preciso mesmo atentar para uma Casa legislativa cuja eleição tenha por único desafiante, na figura de Chico Alencar, um anticandidato. Alguém mais? O que isso quererá dizer?

    O que significará — para a democracia representativa no Brasil — uma eleição à presidência da Câmara, a Casa da política, cujo candidato à reeleição, sem muito esforço, navegue uma “frente ampla” capaz de reunir, em 2023, menos de mês depois do 8 de janeiro, bolsonaristas e petistas?

    Menos de mês depois do 8 de janeiro.

    Menos de mês depois do 8 de janeiro, e avançamos para a calma reeleição de Arthur Lira, apoiador de Bolsonaro, à presidência da Câmara.

    O que lhe parece?

    Penso no caso do deputado federal reeleito Juscelino Filho, do União Brasil, feito ministro das Comunicações por Lula. O Estado de S.Paulo informou, ontem, que ele apadrinhou — coisa dos tempos de Bolsonaro no Planalto — R$ 5 milhões em orçamento secreto para o asfaltamento de estrada que alimenta a própria fazenda, em Vitorino Freire, no Maranhão. Município, feudo da família, a que, em orçamentos secretos, já destinou cerca de R$ 16 milhões, do total de R$ 50 milhões identificados como sob seu patronato. Município que ora tem por prefeita a irmã do ministro, que contratou construtora de um amigo do ministro para fazer a pavimentação, obra cujo parecer autorizando o valor orçado foi assinado por engenheiro indicado pelo grupo político do ministro…

    Parte do dinheiro já foi liberada, sob Bolsonaro. Liberará, o governo Lula, o restante? Porque, como já expliquei em detalhes, a estrutura operacional do orçamento secreto foi, sob nova fachada, mantida na aprovação da LOA de 2023. Liberará, presidente Lula?

    Lula também firmará sociedade com Lira?

    Já firmou?

    Donde a outra questão: por que um parlamentar inexpressivo como Juscelino Filho se tornaria ministro de pasta com orçamento robusto? Por que, senão graças ao poder que conquistou como grande beneficiário do orçamento secreto? Juscelino Filho ministro é elogio ao sistema do orçamento secreto. Será também símbolo da adesão? A execução orçamentária nos dirá.

    O que nos dirá, paixões à parte, juscelinos em mente, a reeleição pacificada de Arthur Lira à presidência da Câmara, menos de mês depois do 8 de janeiro?

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