Quando todos na mídia daqui se calavam e nas redes sociais os adversários timidamente se manifestavam, este blog de há muito vinha mostrando o movimento que o prefeito de Gaspar, Kleber Edson Wan Dall vinha -,e vem – fazendo para sair do MDB, partido que ele usou para se eleger vereador, ser presidente da Câmara, estar em cargos comissionados enquanto não tinha mandatos e se tornar prefeito reeleito.
E Kleber quer uma saída por cima da carne seca. Hoje, Kleber, depende de dois chefes na seara política: a igreja neopentecostal a que ele pertence e do tutor político dele neste naco evangélico, o eleito deputado Federal Ismael dos Santos, PSD, de Blumenau.
Na posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, PT, no dia primeiro de janeiro, do nada, Kleber fez um vídeo para a sua rede social e condenou – um eleito democraticamente como ele – pensando muito mais no eleitor que ele perdeu e não sabe se terá condições de recupera-lo, do que exatamente na cidade, cidadãos, cidadãs e o futuro de Gaspar.
Entretanto, como militante emedebista, Kleber sabe – e ninguém ignora diante de tantas provas – que o seu MDB não difere muito do PT de Lula. Sempre de uma forma ou de outra, ambos estiveram juntos em quase tudo – inclusive nas dúvidas. E estão novamente no poder em Brasília – mesmo diante da ressaca de suposto golpe dado por Michel Temer em Dilma Vana Rousseff, como afirmou no Uruguai, na quarta-feira passada, Lula e didática e imediatamente rebatido por Michel.
Também não é desconhecido que o MDB catarinense já está se estabelecendo no governo do não tão conservador e bolsonarista assim, Jorginho Mello, PL, mas que se elegeu com este rótulo na vingança que promoveram gratuitamente ao governador que eles mesmo elegeram em 2018. É, não por acaso, o mesmo MDB que deu sobrevida ao governo do derrotado Carlos Moisés da Silva, Republicanos. Ou seja, onde há poder, lá está o MDB da república sobrevivente ocupando os espaços em troca de votos nas Câmaras Muncipais, Assembleias Legislativas, Câmara Federal e Senado.
O “lamento” de Kleber contra Lula foi, foi na verdade e tão somente, um teatro inconsequente, uma senha para iniciar uma nova etapa na vida política e se salvar dos enroscos que se meteu o levou ao ostracismo dentro do seu MDB. Além de estar atrás de desculpas, como já esclareci em outras ocasiões, serviu também para demarcar o seu território aos conservadores com quem quer se identificar de alguma maneira e os quer nos seus projetos futuros, passando-se uma borracha no passado. Marketing errático.
Como prefeito, como estadista e como suposto líder para evitar a derrota do seu grupo nas eleições do ano que vem, Kleber deveria ter vindo a público dizer bem claramente, transpassando confiança, de que, apesar das supostas diferenças ideológicas, ele já estava construindo canais em Brasília. E simples: porque como prefeito ele estava acima dessa diferença, afinal, supostamente Kleber governa para Gaspar e os gasparenses, que precisa do Planalto e no Centro Administrativo, em Florianópolis, independente de que esteja no poder de plantão.
E se dissesse isto, estaria ao menos com uma carta forte na mão se Brasília e Florianópolis batesse a porta não da cara dele, mas dos gasparenses.
As declarações de Kleber, todavia, além do vácuo, possibilitaram que outros ocupassem espaços que ele próprio criou no ambiente político, o qual se esquenta para a sucessão dele por aqui. Quem veio a público fazer este papel de protagonista e se propondo a “ajudar” Kleber na sua suposta orfandade no governo Lula e com isso colocar Gaspar no mapa de Brasília? Foi petista e novato, João Pedro Sansão, num discurso meloso, mas mortal, mais uma vez, contra erro tático de Kleber. Eu registrei e desnudei isso. Um alvoroço. Mais praguejamento contra.
Foi tão desastroso, que Kleber saiu correndo para corrigir onde ele diz o que quer sem ser questionado. Na longa entrevista que deu para o Jornal Metas, Kleber foi buscar outra vez a casca de banana do outro lado da rua para escorregar nela. Quem mesmo o orienta Kleber neste marketing desconectado de resultados para ele, como político, gestor público e à cidade?
“Espero que o município não sofra porque a minha declaração não dei como prefeito, mas como cidadão. Na primeira reunião do ano, eu pedi para os secretários atualizarem os projetos que estão prontos e eu vou a Brasília em fevereiro bater na porta dos ministérios como eu sempre fiz desde o meu primeiro mandato. Não vou deixar de pedir e não vou deixar de aplicar nenhum recurso por causa da minha convicção político-partidária”.
Então quer dizer que Kleber já sabe o tamanho da bobagem que fez e está disposto a fazer outra? É isso? Kleber – em plena montagem do governo de Lula onde ninguém decide nada e nem postos estão preenchidos devidamente – vai em fevereiro na viagem mensal dele, “bater” nas portas dos ministérios como sempre fez, sem agenda e padrinhos, num governo que ele hostilizou, depois das eleições e só porque foi eleito supostamente a contragosto das preferências de Kleber?
Sabe o que vai acontecer? Gaspar vai entrar na fila, aquela que não anda. Kleber remunerado pelas diárias de viagens inúteis encherá as suas redes sociais de fotinhos, orientado exatamente pelos marqueteiros que o fragilizam. Se quando Kleber supostamente tinha caminhos em Brasília, mal conseguiu verbinhas de deputados que nem mais lá estão, o que fará agora?
Kleber armou-se na própria sinuca de bico, como ele próprio reconheceu na mesma entrevista que está escrita para quem quiser conferi-la. Ou seja, não é mais um exagero meu como sempre sou acusado por essa gente sem noção. Se Kleber não for acompanhado do João Pedro ou de alguém do PT, Gaspar, que já não estava no mapa do Planalto há anos por outros governos, ficará fora das prioridades que vão desembocar no governo que será eleito no ano que vem por aqui; simples assim. Ainda mais com pensamentos tortos como estes e clarificados por Kleber na mesma entrevista:
“Agora, falando do vídeo que o João Pedro fez (advogado João Pedro Sansão, do PT, gravou vídeo respondendo ao prefeito), eu acho que tão grave quanto uma mentira é uma meia verdade. Ele falou que a Ponte do Vale foi construída com recursos federais no tempo do governo do PT. Na verdade, é emenda coletiva da bancada catarinense em Brasília, dos 16 deputados federais e três senadores. O PT sempre comenta como se fossem recursos do governo federal. É, de fato do governo federal, mas o caminho foi a bancada catarinense. Aliás, eu conversei com alguns deputados federais e senador e a ideia é fazer o mesmo para a obra da terceira ponte, embora hoje seja difícil um deputado de outra região concordar”.
Pois. Não bastava uma, Kleber resolveu escolher cascas de uma penca de bananas para escorregar nelas de uma só vez.
Com a declaração, mal orientado, confirmou que a Ponte do Vale que na época custou pouco mais de R$40 milhões quase não teve dinheiro dos gasparenses, mas dos brasileiros via recursos federais. E de que Pedro Celso Zuchi e o PT, foram mais eficazes quando governaram na relação com os políticos de Brasília, seja nos ministérios, seja, vejam só, com a Bancada Catarinense e que ele próprio emenda e reconhece, na mesma entrevista, não estaria disposta a fazer isso por Gaspar se ele pedisse hoje uma terceira ponte – obviamente necessária para Gaspar, Blumenau, Brusque e Litoral como é a Ponte do Vale.
É então de se perguntar, quanto na mesma proporção – o que equivaleria hoje a uns R$60 milhões em dinheiro atualizado ou em termos de obras diante da inflação dos serviços e materiais de engenharia de infraestrutura uns R$85 milhões a Ponte do Vale – para qual obra conseguiu, Kleber tal montante nestes seis anos de governo dele para Gaspar e os gasparenses?
Resumo da história: faltou a Kleber protagonismo político e administrativo durante o seu governo e trajetória política até aqui, tanto que ele correu do páreo na candidatura a deputado estadual. Faltou ele ser MDB. Faltou relacionamentos que o trouxessem para o centro da cena política aqui, em Florianópolis ou até em Brasília. Por fim, faltou assessoramento.
Agora, está aí se explicando e passando recibo e exatamente para quem ele elegeu como adversário ao carimbar – como cidadão e não como prefeito – o diabo no PT e com isso, e emular discursos para o seu entorno religioso em busca de piedade, uma parte dos conservadores e o grupo de empresários que está com ele, mas enquanto ele tiver tinta na caneta, pois estes mesmos, a maioria, já esteve do outro lado quando Zuchi foi prefeito.
O difícil, a esta altura do campeonato, será separar o cidadão do prefeito, ainda mais se o discurso é político e tem endereço para ser sair bem como ele na cata de votos perdidos. A três coisas que não voltam: a palavra proferida, o tiro dado e a morte. Acorda, Gaspar!
TRAPICHE
Quem está faltando na foto que ilustrou o artigo acima? O prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, na primeira sexta-feira na volta das férias, convocou, repito convocou todos os comissionados e os efetivos em cargos de confiança, ou gratificados para mostrar o que quer que eles façam este ano. Isso depois de duas reuniões com seu próprio alto escalão na prefeitura de Gaspar, que devia liderar exatamente esses grupos de comissionados e gratificados.
Quem não estava lá no happy hour político administrativo no restaurante da Associação da Bunge? O vice-prefeito Marcelo de Souza Brick, Patriota. Ele está fora deste alinhamento? Ou seja, mais uma vez estou de alma lavada. Como os meus leitores e leitoras estão fartos do que já lhes expliquei deste distanciamento de uma união forçada para que não se tivesse concorrência na eleição de 2020, deixo de repetir os mesmos comentários, algumas vezes desmentidos pelos personagens envolvidos nesta trama e que teimam contrariar à realidade dos fatos.
A foto abaixo mostra como ficou o galpão do CTG Coração do Vale, na Arena Multiuso, na Margem Esquerda, em patrimônio que não é da prefeitura e está em litígio há anos iniciado e provocado pelo ex-prefeito Pedro Celso Zuchi contra um particular. É de se perguntar quem vai arrumar e custear este imóvel, se for recuperado. O mesmo fenômeno chamado de micro explosão, atingiu casas comerciais com danos severos. Os particulares – e seus seguros – estão bancando à volta à normalidade.
Funcionário público comissionado, vai às redes sociais e mostra que seu carro está à venda no estacionamento pertencente a prefeitura. É lá que ele pode ser encontrado no horário de serviço para mostrar o produto e negociá-lo. Os demais funcionários se revoltam. E aí, eu pergunto a eles: “vocês já denunciaram isto?” E eles me respondem: “e adianta? Vai sobrar processo disciplinar interno contra nós”, completam. A que estágio da inversão infracional chegamos no serviço público de Gaspar.
A Câmara de Gaspar está em recesso. Ela só volta a se reunir no dia sete de fevereiro. Apesar dos vereadores falarem por aí que “não estão de férias”, nada é deliberado até lá a favor da cidade, cidadãos e cidadãs. Simples assim. E pela movimentação das diárias a Câmara e os vereadores não estão de férias.
Esta semana, o campeão de diárias na Câmara, o novamente presidente Ciro André Quintino, MDB, foi a Florianópolis amparado pelas diárias: já tem R$3.601,00 neste ano (R$3.301,00 dados como pagas), sem falar nas diárias do motorista para levá-lo e buscá-lo da Capital. Cabo eleitoral do deputado Federal Carlos Chiodini – presidente do partido em Santa Catarina – e do deputado estadual reeleito, Jerry Comper, foi falar com eles, como amplas imagens que distribuiu nas suas redes sociais.
Qual a justificativa dele para mais esta viagem a Florianópolis desde quarta-feira cedo até hoje final do dia, além dos encontros já mencionados? Participar da capacitação no Encontro de Mesas Diretoras de Câmaras e Comissões Legislativas. Ciro está eleito quatro vezes para presidente da Câmara, foi membro e presidente de comissões, é um dos que mais usa os benefícios dela, e não aprendeu nada até agora? Além disso, este tipo de “capacitação” não pode ser feito pela internet aqui em Gaspar sem o gasto das diárias?
Outros três vereadores de Gaspar já pegaram diárias neste janeiro para ir a Florianópolis: José Carlos de Carvalho Júnior, MDB, José Hilário Melato, PP e Roberto Procópio de Souza, PDT. A lista tende a aumentar diante da posse no dia primeiro de Fevereiro dos deputados para quem serviram de cabos eleitorais.
O Brasil sem jeito. O IBGE no Censo atrasado e problemático propositadamente arrumado por Jair Messias Bolsonaro, PL, está ensaiando um outro problema: a choradeira dos municípios que dependem do Fundo de Participação dos Municípios, o tal FPM. Eles ganham de todos os brasileiros por suposto número de habitantes de suas cidades para manter tanto à necessária, quanto para a inchada, a cara e corrupta máquina administrativa dos seus municípios. Estão berrando. Já estão na Justiça.
Pois bem. Ocorre, que 863 das 5.570 prefeituras do país já correm o risco de ver reduzidos os recursos que recebem do Fundo, pelo qual 25,5% das receitas do Imposto de Renda e do IPI são distribuídos a partir de critérios que incluem o número de habitantes. O ministro Ricardo Lewandowski, do STF, concedeu liminar determinando que se mantenham os repasses do FPM a partir das populações antes estimadas, dado que o censo não está concluído. A menos que haja erro grosseiro nos cálculos, porém, o problema está criado.
Estava escrito. O governador Jorginho Mello, PL, que como senador e por questão eleitoral votou para que se diminuísse na marra a carga tributária dos combustíveis, energia elétrica e comunicações nos estados. Eleito, o bote eleitoreiro populista cravou na sua própria carne. Está experimentando do próprio veneno: viu a arrecadação estadual diminuir e sem perspectivas de retomar ao patamar que era antes da sua posse. Culpa o ex-governador Carlos Moisés da Silva, Republicanos. E está tomando invertidas.
Além dos aumentos dos impostos que Jorginho ensaia, ou na retirada da competitividade via os incentivos fiscais que fez Santa Catarina superar de longe os traumas econômicos da pandemia, o governador se nega a fazer a lição de casa: que é a cortar gastos. Ao contrário, para se manter no poder, está ampliando a máquina estadual e inchando-a para ter a tal sustentabilidade político administrativa que precisa na Assembleia Legislativa, local que conhece bem, onde já foi presidente e de lá colocava o governador de plantão em saias justas.
O secretário da Fazenda de Jorginho, Cleverson Siewert, claramente não consegue dar explicações. Está entre o discurso político a que está obrigado por seu chefe e à realidade dos fatos que conspiram com a tese do chefe Jorginho, onde ele é um dos causadores dos problemas – quando votou no Senado para reduzir as receitas estaduais. Jorginho, o incoerente, terá que se superar daqui para frente.
Até porque os prefeitos catarinenses que embarcaram no Plano 1.000 de Carlos Moisés não vão deixar barato á sinalização de Jorginho de que este programa de governo será paralisado, ou revisto. Afinal, no ano que vem é ano de eleições nos municípios e estes prefeitos, alguns deles em campanha para reeleição, ou para fazer a sucessão – como é o caso de Gaspar -, precisarão destes recursos neste ano para entregar as obras no ano de eleição. O experimentado Jorginho, as vezes, parece ser um amador.
Entre os 100 maiores municípios mais industriais do Brasil, quatro deles são catarinenses. Pela ordem Joinville, Blumenau, Jaraguá do Sul e Chapecó. Já Gaspar, a tal Capital Nacional da Moda Infantil, deve olhar bem para o Censo 2022. As maiores cidades dependentes exclusivas de polos têxteis de São Paulo tiveram suas populações diminuídas: baixos salários, falta de qualificação de mão-de-obra, concorrência da China e falta de diversificação dos parques industriais para substituir o têxtil.
Blumenau, com a ascensão do PT via Sindicato na eleição de Décio Neri de Lima, deixou de ser um polo têxtil tradicional dependente de grandes empresas.
Como os empregados e empreendedores eram nativos ou enraizados na cidade, pela sobrevivência, viu-se estes trabalhadores se multiplicarem em pequenas empresas diminuindo a possibilidade de colapso econômico por dependência de uma atividade. Paralelamente, com mão de obra qualificada e requalificada, iniciou-se um forte processo de diversificação da sua economia, seja na área industrial bem como se promoveu a de serviços.
E Gaspar não aprendeu nada com o nosso vizinho até agora. Acorda, Gaspar!
E para encerrar. O blumenauense, prefeito de Joinville, deputado estadual, deputado federal, senador, ministro de Ciências, ex-presidente do MDB nacional quando o partido era uma referência e ex-governador de Santa Cartarina, Luiz Henrique da Silveira, deve estar se revirando no túmulo.
A sua mulher Ivete Appel da Silveira, MDB, é a primeira suplente de Jorginho Mello, PL. Por isso, ela se tornou senadora da República. E esta semana declarou voto no potiguar Rogério Marinho, PL, contra a reeleição do mineiro Rodrigo Pacheco, PSD. A votação é secreta.
8 comentários em “FALTA CACOETE E DISCURSO. SOBRA MARKETING FRÁGIL. PREFEITO KLEBER SAI DA DEFESA, VAI AO ATAQUE E PASSA RECIBO AO PT”
LULA OFENDEU TEMER, PARA QUÊ?
Ganha um fim de semana numa terra grilada da Amazônia quem souber o que levou Lula a chamar Michel Temer de “golpista”. Na volta, Temer, pessoa que mede as palavras, chamou-o de “bandido”.
Desde o seu primeiro dia de governo, o Lula diplomata compôs-se com Arthur Lira e seu Centrão. Já o Lula palanqueiro atirou no Banco Central e retomou a retórica do “nós contra eles”. Vale lembrar que, durante a campanha eleitoral, o “eles” chamava-se Bolsonaro, e só.
Com o início do ano legislativo, começará a aguar a lua de mel que beneficia os governos nos seus primeiros meses, e Lula sabe que terá uma oposição fisiologicamente habituada ao conforto e ideologicamente encantada pela ferocidade.
Ataques varejistas erodem uma maioria parlamentar que será necessária para um governo que enfrentará dificuldades na economia e que promete aprovar uma reforma tributária.
Pelo andar da carruagem, Lula deixará uma parte da militância petista em estado de graça, mas terá dificuldade para aprovar até nomeação de diretor de hospital.
UM PRODÍGIO DO TRIO
Carlos Alberto Sicupira, Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles, nesta ordem, os três poderosos acionistas das Americanas, conseguiram um prodígio: numa encrenca bilionária, colocaram os bancos na posição de credores simpáticos.
Fizeram isso subestimando o risco do silêncio de uma semana e superestimando o poder de suas palavras na nota que assinaram no domingo passado.
FOME E VETO
De um aliado do arco democrático que se afastou de Bolsonaro e aproximou-se de Lula muito antes da campanha do ano passado, avaliando o comportamento do comissariado petista na formação do governo:
“É assustador. Tanto na apresentação de vetos, como na voracidade em busca de cargos.”
PROTEÇÃO PATERNA
No auge da crise da tentativa de golpe contra sua presidência na Federação das Indústrias de São Paulo, houve dias em que Josué Gomes da Silva vestia um paletó folgado para suas medidas.
Terminada a fase crítica do golpe, vê-se que o paletó teve seus poderes.
A peça pertenceu ao seu pai, José Alencar, vice-presidente da República durante os dois primeiros mandatos de Lula. Em épocas difíceis, Josué veste-o.
Alencar morreu em 2011, aos 79 anos, tendo deixado um memorável patrimônio empresarial e político.
VIETNÃ NA AMAZÔNIA
Está na rede o excepcional documentário de 18 horas dos cineastas americanos Ken Burns e Lynn Novick sobre a guerra do Vietnã. Ele conta e prova uma história bastante diferente daquela que prevaleceu pela versão convencional.
Por exemplo: em 1968, durante a Ofensiva do Tet, quando os Estados Unidos prevaleceram, mas foram confrontados com um poderio despercebido, o governante Ho Chi Minh e o legendário general Giap, estavam praticamente exilados. Giap estava na Hungria, e Ho passava períodos na China. Quem mandava era o secretário-geral do Partido Comunista, o inflexível Le Duan, um homem sem rosto.
Para quem está chocado com o que acontecia aos Ianomâmis na Amazônia, vale lembrar que um dos momentos mais emocionantes do documentário de Burns e Novick está no depoimento de Bill Eherhart. Ele era um jovem fuzileiro naval e contou que matou gente, tanto combatentes como civis. Um único episódio atormentava-o.
Era a lembrança da jovem com quem tivera uma relação sexual em troca de comida. Recordando a cena, era levado a pensar na sua mãe, na mulher e nas filhas.
Sexo é a moeda dos garimpeiros com jovens ianomâmis.
NUNES MARQUES NO TSE
O Tribunal Superior Eleitoral deverá julgar o processo que poderá tornar Jair Bolsonaro inelegível antes de maio, quando se aposentará o ministro Ricardo Lewandowski.
É muito provável que Bolsonaro fique inelegível.
Pela tradição, a vaga de Lewandowski seria ocupada pelo ministro Kassio Nunes Marques. Ele já é suplente no TSE e deveria ser escolhido pelos seus pares do STF para a vaga de efetivo. Se Nunes Marques não trabalhar para preservar essa norma, a tradição irá para o vinagre e ele será preterido.
REFORMA DO STF
Tudo indica que nos próximos meses o Senado votará projetos que mexem com o Supremo Tribunal Federal. No bufê há de tudo, mas um projeto que estabeleça mandatos para os ministros tem boas chances de ser aprovado.
Asmodeu está no detalhe: qual a duração do mandato?
Fala-se em oito anos ou sete anos. Numa flecha envenenada, o mandato teria oito ou sete anos, renováveis, por mais oito ou sete. Assim, os ministros ficariam prisioneiros dos deputados e senadores.
BOLSONARO NUMA SINUCA
Se o TSE tornar Bolsonaro inelegível, virará fumaça seu projeto de disputar a prefeitura do Rio. Para manter viva a marca política da família, a solução seria lançar o nome de seu filho Flávio, senador pelo Rio de Janeiro.
Seria um jogo de ganha-ganha, pois se ele não se elegesse, voltaria para mais dois anos de mandato como senador.
O problema é que se Flávio ganhar, a cadeira do Senado vai para seu suplente, o empresário Paulo Marinho.
Durante a campanha de 2018, Marinho foi um anfitrião impecável, cedendo sua casa do Jardim Botânico para funcionar como quartel-general do capitão. Eleito, Bolsonaro mostrou-se um hóspede ingrato e afastou-se dele.
A FORÇA DOS CHEFES MILITARES
A sonolência de comandantes de unidades do Exército durante os atentados golpistas do dia 8 de janeiro justificam o desejo de que eles sejam transferidos.
Isso pode ser feito de duas maneiras.
A primeira é a do bate-pronto, com a remoção imediata, a partir de um clamor justificado, porém político.
Na segunda, espera-se que a poeira baixe. Coisa de algumas semanas, não de alguns meses.
Escolhendo-se a primeira opção, satisfazem-se emoções, mas debilitam-se os chefes.
A VACA MUERTA ARGENTINA
Lula passou como um furacão por Buenos Aires e anunciou o interesse de seu governo em investir na produção de gás da reserva de Vaca Muerta, no Norte da Patagônia argentina. Coisa de US$ 820 milhões que sairiam do velho e bom BNDES.
Noves fora a questão ambiental e a viabilidade da construção de um gasoduto que se interligue à rede nacional, fica uma questão. Segundo a Empresa de Pesquisa Energética, do Ministério de Minas e Energia, em 2030 o Brasil poderá produzir 275 milhões de metros cúbicos de gás natural.
O Brasil tem no colo as reservas do pré-sal, que até 2030 poderão produzir 5,5 milhões de barris de petróleo, demandando investimentos fantásticos.
Os projetos energéticos argentinos são famosos pela sua durabilidade. O de Vaca Muerta já tem 12 anos de existência e embute a construção de um gasoduto bilionário. A exploração dessa reserva parece ser uma boa ideia, mas o gás de Vaca Muerta competirá com o que a Petrobras espera tirar do fundo do mar.
O maior perigo está no risco de se botar dinheiro num projeto para fazer boa figura e, logo depois, ter que botar mais dinheiro para que o projeto ande.
PACOTE TEMERÁRIO, editorial do jornal Folha de S. Paulo
O ataque bolsonarista de 8 de janeiro a Brasília despertou justificadas reações do meio político, das instituições públicas e da sociedade civil em defesa da democracia. A barbárie estimulou os Poderes, em especial o Executivo e o Judiciário, a adotar prontamente medidas com vistas a punir os envolvidos e evitar novas investidas.
O ativismo do Supremo Tribunal Federal aprofundou-se perigosamente, com prisões em larga escala e o afastamento do governador do Distrito Federal. Já Luiz Inácio Lula da Silva (PT), fortalecido pelo apoio que recebeu, decretou intervenção na segurança pública brasiliense, trocou o comando do Exército e demitiu dezenas de militares, acertadamente.
O governo agora ensaia passos temerários com um conjunto de projetos apresentado pelo ministro da Justiça, Flávio Dino, para coibir a circulação nas plataformas digitais de conteúdos considerados contrários ao Estado de Direito, além de endurecer punições a condenados por crimes do tipo.
Como a Folha revelou, o pacote, ainda nebuloso, atribui às chamadas big techs o “dever de cuidado” para impedir a disseminação de mensagens que preguem o fim da democracia, estimulem a violência para a deposição de governantes e incitem animosidades entre as Forças Armadas e os Poderes.
Pretende-se ainda impor a apresentação de relatórios de transparência sobre moderação de conteúdos e reduzir o prazo para remoção deles após determinação judicial.
Cogita-se que parte das propostas de Dino, encaminhadas à apreciação de Lula, venha a ser objeto de uma medida provisória —alternativa em tudo inoportuna.
Compreende-se a preocupação com atividades antidemocráticas nas redes sociais —compartilhada, aliás, por muitos, em diversos países. Não convém, no entanto, valer-se de um momento de indignação para avançar de maneira açodada e irrefletida na regulação dessas ferramentas.
O tema já vem sendo debatido no Congresso Nacional há dois anos e envolve textos com escopo mais amplo, como o PL 2.630, o controverso projeto das fake news já aprovado pelo Senado, mas não à toa estacionado na Câmara.
Há inúmeras facetas a discutir, dentre as quais as instâncias que decidirão se determinada mensagem constitui de fato um ataque às instituições ou se situa-se no campo da liberdade de expressão.
Tratando-se de um presidente que insiste em propagar a tese partidária farsesca segundo a qual houve golpe de Estado no impeachment de Dilma Rousseff (PT), conduzido pelo Legislativo e pelo Judiciário, deveria estar claro o perigo de lidar às pressas com o direito à pluralidade de opiniões.
OS VELHOS ERROS, por Carlos Alberto Sardenberg, no jornal O Globo
Se ao menos fossem erros novos… Inevitável esse pensamento diante das propostas de política econômica que vão surgindo nas diversas esferas do governo Lula. Dirão: um erro é um erro, não importa se novo ou velho. Certo, na teoria. Na prática, não é bem assim. Um erro novo pode resultar de uma sincera tentativa de mudança. Não diminui o erro, mas diminui a culpa do autor. Pode ser admitido e corrigido. Mas é incrível que, neste Brasil, não se admita nem se tente corrigir uma visão de política econômica já testada e fracassada.
Por exemplo: agora estão falando em elevar a meta de inflação para facilitar… o combate à inflação! O argumento tem um disfarce. Sustenta que perseguir uma meta muito baixa exige taxa de juros muito elevada, o que atrapalha o crescimento. Não se define o que seja muito baixa ou alta, mas a ideia por trás é a mesma de quase 40 anos atrás, quando se fez, com o Cruzado, a primeira tentativa de criar uma moeda estável: tolerância com a inflação.
É verdade que alguma inflação sempre haverá, mesmo em países com histórico de estabilidade. Deflação, queda acentuada e persistente de preços, pode resultar em redução dos investimentos. Isso ocorre quando o empresário desiste de ampliar sua produção ou de lançar produtos porque teme não conseguir elevar seu preço para ter mais margem ou cobrir custos novos.
Mas isso tudo é diferente de tolerância com a alta persistente de preços. Nesse caso, entende-se que a inflação é um meio de crescimento. Até pode ser por algum momento, mas, se crescer significa aumento da renda e do emprego em ambiente estável, então a inflação é o mal a extirpar.
O Brasil tem muita experiência, negativa, nesse quesito. A inflação prejudica os mais pobres, ao reduzir o salário real. Na corrida entre preços e salários, os preços sempre tomam a dianteira. Queda do salário significa menos mercado e consumo e, pois, menos investimentos. Sim, é simples assim. Se inflação alta e crônica fosse meio de crescimento, o Brasil seria rico há muitos anos.
Em outras palavras, o que atrapalha a economia brasileira hoje não é o combate à inflação. É o gasto público muito elevado e pouco eficiente, financiado com dívida. Déficits frequentes e dívida em expansão geram inflação, combatida com elevação da taxa de juros pelo Banco Central. Mais exatamente, o problema atual é a total contradição entre a política fiscal, de expansão do gasto público (da demanda) e a política monetária, restritiva, com juros reais altos o suficiente para esfriar consumo e investimentos. Cada uma puxando para um lado, o resultado é menos crescimento e tempo maior para debelar a inflação. Isso significa juros mais altos por mais tempo.
O que está fora de lugar é a política fiscal. Em vez de admitir esse erro muito, muito antigo, o governo Lula cisma com o Banco Central, com sua independência e com suas metas de inflação. Quer reduzir as metas. E, quando o próprio governo anuncia que vai tolerar inflação mais elevada, é lógico que os preços sobem mais depressa.
Outro erro velho em via de ser cometido está no BNDES. Só nesta semana, o presidente Lula prometeu que o banco financiará obras na Argentina e noutros países amigos do Sul. Também disse aos governadores que o BNDES pode ajudar estados a compensar perdas de receita provocadas pela redução de impostos sobre a gasolina e energia. Mais: garantiu que o banco ampliará financiamentos às estatais e à indústria brasileira.
Pergunta-se: o BNDES pode perder dinheiro nisso, como já perdeu? A resposta: não perderá, pois os empréstimos têm garantia. De quem? Do Tesouro brasileiro, alimentado pelo contribuinte brasileiro.
Ora, seria mais correto gastar aqui mesmo o dinheiro do contribuinte. E não dar empréstimo baseado em ideologia, mas sim na análise do crédito do financiado. Simples assim.
Outro erro velho iminente? A condução da Petrobras.
E assim vamos. Para trás.
FALTA GRANDEZA A LULA, editorial do jornal O Estado de S. Paulo
Num evento público na Argentina, o presidente Lula da Silva chamou de “golpe de Estado” – nada menos – o impeachment da então presidente Dilma Rousseff em 2016. Ou seja: não contente em classificar de “golpe de Estado” uma decisão soberana do Congresso, com respaldo do Supremo Tribunal Federal e em estrito cumprimento da Constituição, Lula o fez no exterior, enxovalhando as instituições democráticas do Brasil perante uma audiência estrangeira. Foi, portanto, uma dupla ofensa ao País.
De Lula, é claro, não se podia esperar outra coisa. É da sua natureza investir no rancor como ativo eleitoral. Foi assim que, desde a fundação do PT, e de modo mais acentuado durante o mandarinato lulopetista, Lula alimentou a cizânia nacional, dividindo o País em “nós” e “eles”. “Nós”, no léxico lulopetista, designa todos aqueles que, sendo petistas, são considerados naturalmente bons, justos e tradutores juramentados dos desejos do “povo”; já “eles”, nesse mesmo dicionário, representam todos os que ousam criticar o PT e, portanto, são naturalmente maus, injustos e inimigos do “povo” – e, agora, golpistas.
Se o comportamento de Lula não causa surpresa, provoca desânimo: justamente no momento em que o País mais precisa de um estadista, capaz de reconstruir pontes e fomentar o diálogo, o que temos na Presidência, até o momento, é o agressivo líder sindical que só se interessa pelos seus e desmerece quem não integra sua patota.
Lula recebeu um País imerso numa profunda crise, mas não uma crise qualquer: há risco real de ruptura, como testemunhamos, estarrecidos, no dia 8 de janeiro, com a tentativa de golpe em Brasília. Seu antecessor deixou como principal legado a desconfiança generalizada em tudo – seja em relação a vacinas e às urnas eletrônicas, seja em relação aos políticos, à imprensa e ao Judiciário. Relações familiares foram irremediavelmente rompidas, e todos os aspectos da vida cotidiana foram politizados.
Ora, ao qualificar como “golpe de Estado” um processo rigorosamente constitucional, em que nenhum direito foi violado, Lula colabora decisivamente para manter em carne viva o tecido social, alimentando o descrédito nas instituições, exatamente como fazia Jair Bolsonaro na Presidência.
Ao longo da campanha eleitoral e em seus primeiros discursos, Lula transmitiu a esperança de que agiria para retomar o diálogo entre os cidadãos em torno de objetivos comuns, a começar pela defesa do regime democrático. Mas não é isso o que o presidente tem feito até agora. O Lula da “frente ampla”, está cada vez mais claro, era só um personagem inventado pelo marketing político. O Lula que está na Presidência certamente satisfaz os petistas que desejam vingança pelos anos em que o partido virou sinônimo de corrupção e incompetência, mas está longe de satisfazer as demandas de um dos mais graves momentos da história nacional. Depois de ser presidido por um anão moral, o Brasil esperava, se não um gigante, ao menos um presidente minimamente empenhado em restabelecera grandeza da Presidência da República.
É claro que as soluções para os imensos problemas do País não dependem apenas da ação do governo, pois demandam uma concertação de interesses e o engajamento da sociedade civil organizada. Tudo isso, no entanto, só será possível soba liderança de alguém disposto a sobrepor o interesse público a outros interesses de natureza ideológico-partidária – eo interesse público nem remotamente se confunde coma agenda retrógrada e rancorosa do PT. A história nacional não é aquilo que o partido do presidente diz que é.
O País precisa de entendimento sobre suas prioridades e clama por uma condução altiva e responsável. É em momentos de turbulência, como o que ora o Brasil atravessa, que estadistas são forjados. Lula, portanto, tem de decidir se quer ser visto como o líder certo para essa quadra desafiadora de nossa história ou se pretende seguir como um dos grandes beneficiários do jogo de soma zero com o bolsonarismo, retroalimentando o círculo vicioso que nos trouxe até aqui
GOVERNO TENTA REESCREVER A VERDADE SOBRE IMPEACHMENT, editorial do jornal O Globo
Até as paredes depredadas do Palácio do Planalto sabem que a ex-presidente Dilma Rousseff foi afastada por um processo de impeachment, movido pelo Congresso Nacional de acordo com todas as regras previstas na Constituição e na legislação, referendadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Apesar disso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e integrantes de seu governo têm insistido em desafiar a verdade e em se referir ao episódio como um “golpe”.
Foi o que Lula voltou a fazer depois de encontro com o presidente do Uruguai, Luis Alberto Lacalle Pou, ao se referir ao ex-presidente Michel Temer como “golpista”, expressão que já empregara antes. Mais grave ainda, a narrativa do “golpe” foi reproduzida por documentos oficiais — disseminando desinformação, que o governo diz combater. Ao noticiar a mudança de comando na Empresa Brasil de Comunicação (EBC), o site do governo cita “o golpe de 2016”. Que golpe é esse que ninguém viu?
Com toda a razão, o PSDB, que apoiou o afastamento de Dilma, recorreu à Justiça Federal para impedir que o governo use em seus meios oficiais a palavra “golpe” para se referir ao impeachment. Temer, por seu turno, lembrou em nota que Dilma foi condenada à perda do cargo sob acusação de ter cometido crimes de responsabilidade, com as “pedaladas fiscais” e decretos que geraram créditos orçamentários sem autorização do Parlamento.
Ela sofreu impeachment por seus próprios erros, ao mandar para o espaço a Lei de Responsabilidade Fiscal. Teve amplo direito de defesa, e o afastamento seguiu todos os trâmites legais, como manda a Constituição. Tudo às claras, com transmissão ao vivo pela TV. Iniciado em 2 de dezembro de 2015, o processo foi encerrado em 31 de agosto de 2016, quando o Senado decidiu, por 61 votos a 20, cassar o mandato da presidente da República (na Câmara, o pedido foi aprovado por 367 votos a 137, com sete abstenções).
O desfecho não surpreendeu, pois Dilma estava fragilizada politicamente. A despeito de o PT ter a maior bancada no Congresso, sua gestão incapaz de debelar a crise econômica custou-lhe a sustentação parlamentar no segundo mandato. Ela não tinha também base popular. Com o país mergulhado em crises, passeatas pedindo seu impeachment se sucediam. A cada aparição na TV, panelaços reverberavam expondo a escalada na rejeição.
A verdade inconveniente para o PT e para Lula é que nada disso violou nenhuma lei nem regra da democracia, como fizeram os vândalos golpistas que invadiram as sedes dos Três Poderes no 8 de janeiro. O impeachment de Dilma foi, pela própria natureza do instrumento, um processo ao mesmo tempo jurídico e político e, como todo evento traumático, teve um custo para a sociedade. Obviamente não agradou aos petistas. Mas foi tão legítimo quanto o impeachment de Fernando Collor de Mello em 1992, apoiado pelo PT. Qual a diferença? O que pretende o Executivo agora? Reescrever a História sob a ótica das facções petistas?
Lula fez campanha, arregimentou apoio de amplos espectros da sociedade e se elegeu presidente defendendo a democracia e a Constituição, em contraponto aos arroubos golpistas do adversário, o ex-presidente Jair Bolsonaro. Não pode, agora já eleito, querer estabelecer uma nova verdade para fatos históricos, como numa distopia orwelliana.
Penso que a Senadora Ivete Appel da Silveira (MDB) agiu corretamente. O Pacheco é o candidato do expresid lula. O ex presid lula chamou os MDBistas de golpistas. Portanto, já deveriam estar fora do seu governo. Já que nem se manifestaram, os que tem juízo e não tem rabo preso, devem mesmo votar no Marinho. Já imaginaram o presidente do Senado e o presidente da Câmara comendo na mão do expresid lula?
Nada é por acaso:
“Após ter filho nomeado por bolsonarista, senadora declara voto em Marinho”
(Marisa Wanzeller, O Antagonista, 26/01/23)
Apenas oito dias após ter o filho nomeado como assessor especial na Casa Civil de Santa Catarina pelo governador Jorginho Mello (PL), a senadora Ivete da Silveira (MDB) declara voto em Rogério Marinho (PL). A nomeação de Claudio da Silveira saiu no Diário Oficial do Estado no dia 17 de janeiro.
A senadora declarou seu voto à imprensa na última quarta-feira (25), indo contra o posicionamento do MDB de apoio à reeleição de Rodrigo Pacheco.
Nas redes sociais, bolsonaristas comemoram a escolha de Ivete da Silveira. No dia 16, a página “Fiscal Parlamentar de Direita” no Twitter divulgou os contatos institucionais da senadora alertando que seu voto ainda estava indefinido. A publicação estava acompanhada das hashtags “Pacheco Não” e “Votação Aberta no Senado”.
Nos últimos dias, a campanha de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro pela eleição de Marinho se intensificaram, inclusive por meio do envio de e-mails a parlamentares em tom de ameaça.
(Fonte: https://oantagonista.uol.com.br/brasil/apos-ter-filho-nomeado-por-bolsonarista-senadora-declara-voto-em-marinho/?utm_campaign=QUI_TARDE&utm_content=link-894427&utm_medium=email&utm_source=oa-email)
O preço do voto?