Na quinta-feira passada, estava estampado no editorial do jornal O Estado de S. Paulo, este título: “meta ousada da educação em São Paulo”.
A abertura do editorial afirmava que “é positivo que o novo secretário de Educação do Estado de São Paulo, Renato Feder, sinalize que dará ênfase à melhoria da qualidade do ensino e à elevação dos índices de aprendizagem na maior rede pública do País. Eis o grande desafio: formar gerações com amplo domínio das habilidades e competências previstas na Base Nacional Curricular (BNCC). Ao Estadão, ele falou sobre a meta, até 2025, de fazer da rede estadual, a melhor do Brasil no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). Sem dúvida, um objetivo condizente com o Estado mais rico da Federação”.
Estou, mais uma vez, de alma lavada.
Um governo forasteiro como é para paraquedista político, o carioca Tarcísio Gomes de Freitas, Republicanos, caiu em São Paulo quase que na marra, foi eleito governador do estado e vejam só, escolheu como uma das melhores obras para deixar como seu legado, a Educação. Tarcísio é um bolsonarista, entretanto, um ex-militar com perfil essencialmente técnico. E isto o distancia do bolsonarismo raiz que coloca a bolha antes de qualquer necessidade coletiva. Tarcísio, mesmo assim, continua com fortes identificação na direita, no conservadorismo e no liberalismo.
Na formação do seu governo, com contornos técnicos, Tarcísio trouxe do Paraná, arriscando-se, porque em São Paulo há reconhecidamente técnicos competentes na educação, o secretário para esta área. Não fez política. Protegeu-se em ambiente extremamente politizado e com um sindicato muito forte pró-esquerda e que não perdoou um governador como Mário Covas, PSDB, doente de câncer, nas suas pautas técnicas, salariais e ideológicas. E de que forma Tarcísio contornou aparentemente até aqui este este nó? Dando um viés técnico à secretaria de Educação, para metas óbvias de resultados no âmbito da pedagogia. Ou seja, estancou os queixosos e os adversários. Se isto vai dar resultados, são outros quinhentos. Ao menos criou uma expectativa bem fora da beligerância política de direita e esquerda.
Diferente, por exemplo, do que fez, o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB. No primeiro mandato, ele deu o cargo para uma técnica. Fez bem! S[o que no cargo ela trabalhou para se eleger vereadora, e ela fez disso um trampolim político. Ou seja, comprometeu o técnico.
Resultado? O que implicava na proteção de vulneráveis no presente e a construção de uma base de conhecimento do futuro para os estudantes, com o uso político da secretaria ficou relegada a resultados pífios. E no cerne da questão estão dois exemplos emblemáticos daquela gestão.
Para a falta de vagas nas creches aos filhos das trabalhadoras, trabalhadores e desempregados à procura de empregos, Kleber e sua secretária Zilma Mônica Sansão Benevenutti, MDB, foram ao Ministério Público fazer um acordo por apenas meia-creche aos pobres, regra que valeu apenas para os mais fracos, mas não para os políticos empregados no governo de Kleber, como registrou sucessivamente na Câmara, sem qualquer conserto, sem reação dos órgãos de fiscalização para a sociedade, inclusive o MP, o vereador Dionísio Luiz Bertoldi, PT.
Se isso não fosse pouco, no silêncio da sala de aula, como revelou o IDEB de antes da pandemia de Gaspar e ao tempo de Zilma, ele caiu. Retrato de uma falha técnica e da inversão de prioridade. Houve falha na metodologia de transmissão de conhecimento e aprendizado. O que significou isto? De que se colocou os estudantes mais carentes de então como párias numa sociedade cada vez mais competitiva para quem quer continuar a estudar ou alçar postos de trabalho que o tirem de uma possível marginalidade deste mercado.
Isto sem falar, que até hoje, além das falhas continuarem, para o segundo mandato, Kleber importou de Blumenau, um curioso no assunto, o jornalista Emerson Antunes, apadrinhado do novo prefeito de fato de Gaspar, deputado federal eleito, Ismael dos Santos, para ocupar a vaga loteada ao PSD de Gaspar com a parceria feita para Marcelo de Souza Brick ser o vice, vaga esta escanteada na cara dura – e o PSD de Gaspar aceitou caladinho – esta indicação política do grupo religioso de Kleber, mas que deveria ser técnica para o PSD de Gaspar.
Resultado? A educação de Gaspar continua capengando e pior, contra os mais pobres. O Ideb, por linhas tortas, devido a pandemia até “melhorou”. Entretanto, diante das contestações nacionais pelos critérios técnicos incomparáveis – e amplamente debatido – com o que se fazia anteriormente, sabe-se que ficou tão ruim quanto antes invalidando a amostragem de suposta melhoria. Isto sem falar, que em alguns municípios, houve cursinhos de preparação a alunos submetidos ao Ideb. Não se tratou de amostragem. Vergonhoso. Resumindo: continuamos gastando muito em Gaspar na área da educação, entregando pouco para a sociedade e naquilo que será o nosso futuro.
Não há contraturno, não há escolas em tempo integral, não há escola bilingue e até naquilo que é obrigação do município, o ensino básico, a prefeitura quer se livrar dele e passar culpa e responsabilidades para o estado, como é o caso de quem ainda faz parcialmente este papel, como é o caso da Escola Arnoldo Agenor Zimmermann, no bairro Bela Vista.
E se tudo isso fosse pouco na sucessão de erros contra os egressos do ensino municipal de Gaspar, Kleber e seu secretário de Educação no final do ano passado, fizeram uma eleição, com avaliação técnica, dos candidatos para ocupar os cargos de direção e coordenação nas escolas e creches municipais. Não teve dúvidas em ignorar e quebrar os próprios critérios que criaram, para fazer indicação pessoal e política. E o Sindicato dos servidores, mais uma vez, quietinho.
Como se vê, não se trata de trazer um paraquedista ou trair a aliança pré-campanha, que denota sinais tortos de comportamento. Trata-se de prioridade, visão, resultados para um futuro melhor e inclusão do mais vulneráveis, sem acesso a um ensino pago, supostamente de melhor qualidade. E nestes quesitos, Kleber vem perdendo todos. Ele confia numa marquetagem, cara, atrasada, falsa e paga com os pesados impostos. Por outro lado, ela além de ser antiquada, joga contra ele próprio. E por que? Porque lhe falta uma marca de governo e uma entrega expressiva de resultados, ainda mais na área social. Acorda, Gaspar!
TRAPICHE
Nada como um dia após o outro. É uma beleza. O prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, foi às suas redes sociais anunciar que o deputado ainda estadual, mas eleitor federal, e novo prefeito de fato de Gaspar, Ismael dos Santos, PSD, mandou R$5 milhões na raspagem do tacho das verbas de parlamentares liberadas pelo ex-governador Carlos Moisés da Silva, Republicanos, contra quem trabalharam tanto Ismael e Kleber. Este dinheiro, segundo o próprio prefeito, será para obras de infraestrutura urbana.
Primeiro o prefeito não disse quais são estas obras que ganharão este dinheiro de todos os catarinenses. Segundo ele próprio confirmou tudo o que se escreve aqui, que se contesta e que lhe deixa fulo. Só agora, depois do dinheiro no cofre, a equipe de engenharia da prefeitura de Gaspar vai correr atrás dos projetos. Vai adequá-los naquilo que recebeu do governo do estado e que servirá de contrapartida a outros financiamentos que se assinará com a Caixa. Então…
Outra. Kleber Edson Wan Dall, MDB, também está anunciando como uma conquista sua um mutirão de 200 cirurgias para diminuir a fila de quem está esperando há anos com problemas de varizes e circulação nas pernas. Excelente notícia! A equipe de médicos é baiana e é patrocinada pelo SUS, ou seja, a ação é do governo Federal. Como vivemos de políticos palanqueiros, só falta Lula assumir a paternidade disso… O prefeito e o candidato a prefeito de Kleber, ao menos, nem vermelhos ficaram com a propaganda de conquista que fizeram…
Enquanto isso, na Cananéia, Distrito do Belchior, depois de cinco anos, repito, cinco anos, a prefeitura e o Samae conseguiram disponibilizar uma simples caixa d’água de plástico, aquelas azulzinhas que se vê tanto por aí, para que aquela caixa, quando cheia, possa atender, por rede, os moradores da rua José Patrocínio dos Santos. Cinco anos e ainda comemoram como um grande feito. A caixa está lá. A rede distribuidora de água, ainda não. Samae e prefeitura estão de férias.
Mudando de assunto. Rapaz! Na terça-feira, dia 10 de janeiro, eu escrevi aqui em “QUEM DE GASPAR ESTAVA EM BRASÍLIA NO DOMINGO? NAS REDES SOCIAIS DESAPARECERAM OS PATRIOTAS” sobre o enfraquecimento da direita, conservadorismo e liberalismo brasileiro diante da escolha malfeita, na minha opinião, de um líder que optou pela badernar, até porque, ele sempre foi assim. Tanto é que por causa dos seus atos de insubordinação que o ex-militar Jair Messias Bolsonaro, PL, é há três décadas, um capitão reformado do Exército. Isto é fato.
Pois olha, diante de tantos estragos, não os materiais e contra o patrimônio histórico, já documentados no domingo em Brasília, mas os de ordem política, fui fortemente contestado por uma parcela ponderável dos que me leem. Escreveu-me um deles, ao menos educadamente: ” Você que é tão intelectual não poderia fazer um artigo tão infame. Creio que você está numa bolha também que não consegue ver o que está acontecendo e o que está por vir. Não vai sobrar nada. Eles estão vindo com uma cartilha de dominação”.
Até aí, faz parte da salutar divergência de como se enxerga um mesmo problema. ” O que ocorre é que a direita não se organiza e joga dentro das quatro linhas. Já a esquerda, fez até a direita entrar nos mencionados espaços públicos [e me mandou um vídeo para suportar tal afirmação]. E mais. Quanto ao Bolsonaro? Foi quase morto. Não é o melhor líder. Mas é corajoso. Quanto as igrejas? Ele é cristão”.
Só o fato de admitir que Bolsonaro não é o melhor líder, e isso, perigosamente está virando uma unanimidade, far-me-ia não ir mais adiante e republicar o que ele me escreveu. Entretanto, é importante. Só para mostrar como esta mesma bolha que me qualifica de “intelectual” – e garanto que não sou, mas, talvez, melhor informado, antenado e cada vez mais São Tomé – e de estar noutra bolha, perde-se na credibilidade pela sua própria pregação aos seus convertidos. E sinceramente, eu não sou um deles.
Supostamente eu estaria “escondendo” oi não enxergando fatos e provas contundentes. “Já quanto aos manifestantes, presos, veja se existe algum corajoso para defender as condições em que eles estão. Um verdadeiro campo de concentração. Pessoas morrendo. Já morreram seis”, assegurou-me este meu leitor na terça-feira em manifestação pessoal. Será? Então alguém poderia confirmar para mim o verdadeiro número de mortos neste incidente e operação, para que eu possa estabelecer à verdade? É uma seita. Se não aceita o que não confere, sabe o que faz de forma deliberada para que os seus não saiam da bolha e sempre estejam mal informados, desorientados e reféns de narrativas.
Ainda desconversei na troca de mensagens contra um enfrentamento sem argumentos factíveis: “Sem comentários. O tempo é o senhor da razão. Esperemos”, ao qual o meu leitor me retrucou: “sim, com certeza. Mas, em algum momento seremos obrigados a lutar. Somente textos e comentários não vão mais adiantar. Já não vivemos numa democracia”. Talvez o meu leitor tenha razão. Antes de viver, teremos que construir a democracia, a qual aceita a divergência, a transparência para os fatos imutáveis – como o número de mortos – fatos e o debate das ideias. Uma democracia que na minha ínfima razoabilidade, penso que, verdadeiramente, nunca a tivemos plenamente além dos discursos.
A pergunta desta sexta-feira dia 13 de janeiro é: de verdade, quantos morreram neste episódio de Brasília no domingo ou em decorrência dele nos outros dias? A imprensa brasileira “comprada” escondeu? Onde estão os corpos? Por que nenhuma família os reivindicou? A imprensa do mundo inteiro também resolveu encobrir estes escabrosos crimes? E a Human Rights Watch está cega? Realmente estamos mesmo numa ditadura, mas da desinformação intencional.
E que estória é esta de que foram os infiltrados que badernaram tudo? É muito teatro. É muito figurante imitando fisicamente, gestos e vozes os seus líderes de anos afio, nas aparições, transmissões e convocações nas redes sociais e aplicativos de mensagens. Por que estes travestidos ou infiltrados não foram expurgados, denunciados e até dedurados em nome dos limpos nesta causa do bem contra o mal? Repito: está faltando inteligência. Há uma bolha e o líder, se a há, está levando desmoralizando e enfraquecendo o movimento ideologico, partidário e de poder. Wake up, Brazil!
Trocando de assunto e voltando a aldeia. Desculpe-me. Este espaço não é uma exibição de gente que se acha no mundo social daqui. Este espaço não é para trambiques, trocas ou negócios comerciais com os poderosos da hora onde se coloca fotos deles e de seus políticos de estimação com a intenção de ser remunerado por esmolas agora e no futuro. Este espaço também não está atrás de nenhum reconhecimento em prêmios ajustados entre amigos para alavancar o marketing do vazio.
Não tenho a verdade. Procuro-a. Certamente ela não está nos extremos e muito menos, naquilo que de forma acintosa, de quem cria o seu mundo próprio para quem não é exatamente do seu próprio mundo. É a “guerra” permanente que se trava entre o dogmatismo e o ceticismo. Para os não iniciados em filosofia, este é um estado onde o homem não consegue atingir a certeza absoluta sobre uma verdade ou conhecimento específico. É o fascínio da descoberta diante de tudo que se sabe e da busca de respostas.
E do outro lado, dos meus leitores e leitoras da esquerda do atraso não são diferentes? Também não me dão refresco. São tão duros e convictos naquilo que acreditam e propagam quanto os da direita xucra. Luiz Inácio Lula da Silva é agora o redentor, o sem pecados, cujos os crimes atribuídos a ele, julgados e aceitos em várias instâncias, foram armações e as condenações, letra morta.
Para encerrar e desejar um bom final de semana a todos: os bolsonaristas contribuíram para a absolvição de Lula, a isso contribuíram. No dia oito de janeiro deste ano tornaram Lula vítima, Bolsonaro algoz e finalmente a “democracia” brasileira foi salva. A história mostrará o tempo do grande erro. Como mostrará que um cabo e um soldado não fecha o STF. Será preciso muito mais do que discursos irresponsáveis que seduzem plateias de incautos e gente verdadeiramente abduzida. Que Deus nos dê ao menos discernimento.
12 comentários em “A PROPAGANDA OFICIAL E MARQUETEIRA DE PROMOÇÃO PESSOAL DOS POLÍTICOS DE GASPAR ESCONDEM AS MAZELAS ORIUNDAS DAS FALTA DE PRIORIDADES SOCIAIS”
Sempre escrevi, o bolsonarismo e o lulismo (ou parte do petismo radical) são faces de uma mesma moeda, podre. Leia isto com atenção.
INTERVENÇÃO PELO WHATSAPP, por Bernardo Mello Franco, no jornal O Globo
No meio da tarde do último domingo, quando bolsonaristas dominavam todos os prédios da Praça dos Três Poderes, o governo chegou a considerar que a extrema direita havia conseguido dar um golpe de Estado.
“O golpe se consumou? Tecnicamente, sim”, admite o ministro da Justiça, Flávio Dino. “Um golpe se consuma quando os conspiradores tomam os palácios. Pela primeira vez na história, eles ocuparam as sedes dos Três Poderes”, explica.
Às 15h40, o prédio do Supremo Tribunal Federal foi invadido por hordas que destruíram o plenário e saquearam até o brasão da República. Àquela altura, os salões do Congresso e do Palácio do Planalto já haviam sido depredados.
O presidente Lula estava em Araraquara, onde vistoriava estragos feitos pela chuva. Avisado do quebra-quebra, suspendeu a agenda e improvisou uma sala de crise no gabinete do prefeito.
Em Brasília, Dino cobrava as autoridades locais, exasperava-se com a inação da polícia e assistia pela janela ao avanço dos extremistas. Quando ficou claro que o governo do Distrito Federal estava à deriva, recorreu ao presidente.
“Liguei e mencionei as alternativas jurídicas possíveis. Ele optou pela intervenção federal”, conta o ministro. A decisão criou um problema inusitado. “Flávio, como eu assino?”, perguntou Lula. Sem a opção de esperar um portador, o ministro orientou o chefe a imprimir o documento, autografá-lo à mão e enviar uma foto pelo celular.
“Fizemos uma intervenção federal pelo WhatsApp. Era o único meio possível”, afirma Dino. Às 17h55, Lula anunciou sua decisão. Com o decreto no aplicativo de mensagens, o ministro passou a distribuir ordens. Seu braço-direito, Ricardo Cappelli, desceu até a Esplanada e assumiu o comando da tropa.
Em cinco minutos, a polícia fez as primeiras prisões e começou a esvaziar o Planalto e o Supremo. A desocupação do Congresso ainda exigiria reforços da cavalaria e de helicópteros da PM.
O interventor penou para impor sua autoridade. Enquanto extremistas vandalizavam o Planalto, o comandante do Batalhão da Guarda Presidencial bateu boca com policiais da tropa de choque. Queria evitar a prisão de quem atacava o prédio que ele deveria proteger.
No fim da noite, Dino e Cappelli enfrentariam mais um obstáculo fardado. O Exército montou uma barricada para impedir que a PM entrasse no acampamento golpista ao lado do Quartel-General. As barracas só seriam desmontadas na manhã seguinte, quando muitos criminosos já haviam fugido do local.
Quem acompanhou as horas de tensão no Ministério da Justiça viu Dino travar diálogos ásperos com o chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Gonçalves Dias, e com o chefe da Casa Civil do DF, Gustavo do Vale Rocha.
A 785 km de distância, Lula farejou a sabotagem em Brasília. Às 18h em ponto, o presidente constatou: “Houve incompetência, má vontade ou má-fé das pessoas que cuidam da segurança pública do Distrito Federal”.
ESQUECERAM DE MIM
Ao menos uma autoridade tem o que comemorar depois do quebra-quebra em Brasília: a ministra do Turismo, Daniela Carneiro. Desde o domingo passado, ninguém mais fala de suas conexões com milicianos. O 8 de Janeiro salvou a pele da primeira-dama de Belford Roxo.
DEMOCRACIA, REPRESSÃO E BUROCRACIA, por Elio Gaspari, nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo
Desde domingo passado foram presas pelo menos 1.800 pessoas em Brasília. Delas, umas 1.300 estavam no acampamento golpista diante do Quartel-General do Exército. Cerca de 500 foram detidas na cena das invasões do Palácio do Planalto, do Supremo Tribunal Federal e do Congresso. Muitos dos que foram presos no acampamento haviam participado dos atos e retornaram à noite.
Apesar da superposição, os dois grupos são distintos. Quem estava no acampamento pedindo um golpe de Estado não pode ser suspeito de ter praticado ato de vandalismo nas sedes dos três Poderes da República. São dois comportamentos reprováveis, porém distintos.
O arrastão de Brasília foi o maior da história nacional. Superou dois outros: o do Congresso Clandestino da União Nacional dos Estudantes, em Ibiúna (1968); e o da PUC de São Paulo (1977), onde jovens comemoravam a refundação da UNE.
Quem prende deve pensar em soltar aqueles que não constituem uma ameaça imediata à sociedade.
Os arrastões de 1968 e 1977 deram-se durante a ditadura. Em Ibiúna, foram presos cerca de 1.240 jovens. Na PUC, cerca de mil.
Seis dias depois do arrastão de Ibiúna, quase todos os detidos haviam sido identificados e soltos. Continuaram presos menos de 20 jovens, contra os quais havia mandados de prisão preventiva. Na PUC de São Paulo, depois de três dias todos os presos estavam soltos, depois de terem sido identificados. Dezenas responderam a processos.
Em 1968, antes do arrastão, grupos terroristas de direita haviam praticado seis sequestros e mais de 30 atentados com bombas, sem vítimas. Nesse mesmo período, o surto terrorista de esquerda contabilizava uma dezena de assaltos e seis mortos, entre os quais um major do exército alemão confundido com um capitão boliviano. Em 1977, não existia mais terrorismo de esquerda.
No arrastão de 2023, aconteceram episódios inquietantes. Num regime democrático ameaçado por golpistas, manifestantes de Brasília, irresponsavelmente, levaram crianças para o acampamento. Segundo o Conselho Tutelar do Distrito Federal, às 15h de segunda-feira, foram atendidas 20 famílias detidas com 23 crianças ou adolescentes menores de idade. Isso significa que eles ficaram detidos por cerca de 24 horas. Precisava? Quem sabe prender precisa saber soltar. Os menores poderiam ter sido entregues a familiares em questão de horas.
Na tarde de sexta-feira, centenas de pessoas continuavam detidas em Brasília. Não se sabe quantas foram apanhadas no acampamento e quantas estavam nas depredações na Praça dos Três Poderes. Nos arrastões de 1968 e de 1977, seis noites depois, continuavam presas menos de dez.
Aqueles que invadiram prédios cometeram um crime específico e sofrem a pena da lentidão burocrática. Os do acampamento, a maioria entre os detidos, poderiam ter sido libertados há dias, logo depois da devida identificação e tomada de depoimento.
A burocracia das prisões explica a demora pelo cumprimento dos trâmites que incluem a tomada de depoimentos e a realização de audiências de custódia. Tudo bem. Mas em outubro de 1968 (antes do AI-5) e em 1977 (às vésperas da demissão do ministro do Exército Sílvio Frota), a ditadura soltava os presos de seus arrastões com maior celeridade.
Se quem prendeu não dispunha dos meios para soltar, o problema é de quem prendeu.
A MINUTA DO GOLPE
A minuta do golpe encontrada na casa do ex-ministro Anderson Torres tem um ator oculto: as Forças Armadas. Sem elas, é puro delírio, robustecido pelos sucessivos discursos apocalípticos de Jair Bolsonaro.
Até hoje, o fator militar faltou ao núcleo das maquinações golpistas. Para os militares, a revelação da minuta é uma advertência. Permite que vejam com que tipo de gente estariam metidos.
HORROR NO AGRO
Bateu o horror em alguns magnatas do agronegócio, gente que repete “o dinheiro é meu e faço com ele o que eu quiser”.
Lá atrás, o cidadão tomou uma mordida de algumas centenas de reais para ajudar manifestações de golpistas. Sem perguntar para onde ia o dinheiro, ele fez uma transferência ou assinou um cheque da empresa.
Passou o tempo, e o magnata percebeu que seu dinheiro pode ter ido parar na conta de quem organiza explosões em torres de energia ou outros tipos de atentados terroristas. Nos últimos dias ele foi informado que essas coações estão sendo rastreadas.
Pelos costumes de Pindorama, ele teria motivos para acreditar que qualquer investigação levaria meses, talvez anos, e não daria em nada.
Depois do 8 de janeiro, caíram na rede 52 pessoas e sete empresas financiadoras e foram bloqueados R$ 6,5 milhões. Com a repercussão internacional do movimento, caiu a ficha para o doutor:
Se a Polícia Federal ou o Poder Judiciário brasileiros comunicarem aos organismos internacionais que seu dinheiro financiou terroristas, suas contas, negócios e cartões de crédito poderão ser congelados, sem maiores avisos.
Nas palavras de quem entende:
“O sujeito deu o dinheiro com uma transferência da conta da fazenda na qual é sócio, junto com a irmã. Ela vai às compras em Miami, e a vendedora avisa que seu cartão foi cancelado.”
LUANA E GORETTI
Em maio de 2021, Jair Bolsonaro mandou demitir a infectologista Luana Araújo do cargo de secretária-executiva de enfrentamento à Covid-19.
Motivo: nas redes sociais a doutora condenava a propaganda da cloroquina como remédio eficaz na pandemia.
Em janeiro de 2023, a pediatra Ana Goretti Kalume Maranhão teve sua nomeação barrada pela Casa Civil da Presidência para a chefia do novo Departamento de Imunizações do Ministério da Saúde.
Motivo: “Restrição partidária.”
Ganha um fim de semana em Pyongyang quem souber o que isso significa.
Ela é acusada de ter escrito mensagens louvando a Operação Lava-Jato.
NAVIO-FANTASMA
A empresa MSK, que em dezembro de 2021 comprou o falecido porta-aviões São Paulo e desde agosto passado vaga com ele pelos mares, ameaçou abandoná-lo em águas territoriais brasileiras.
O casco do São Paulo foi liberado para exportação pelas repartições militares e ambientais e virou uma bomba ecológica. Ele deveria ser desmanchado na Turquia, mas foi enxotado. Voltou para o Rio e quis ir para Recife, mas nenhum dos dois portos o aceita.
A MSK já gastou alguns milhões de dólares mantendo e rebocando o navio-fantasma em que se transformou o falecido porta-aviões, considerado um legítimo produto de exportação.
TEMPESTADE PERFEITA
Com todas as encrencas que estão no tabuleiro, pareceu despicienda a descoberta de uma “inconsistência” de R$ 20 bilhões no balanço das Lojas Americanas, grande e tradicional rede de comércio varejista de Pindorama. Coisa de mais de US$ 4 bilhões. Ervanário para ninguém botar defeito. As inconsistências parecem vir de longe.
A revelação deveu-se ao CEO da empresa, Sérgio Rial. Ele tinha nove dias no cargo e explicou: “Tive uma escolha de Sofia, eu falo ou não?”
Falou, e fez muito bem.
Sobre a educação de Gaspar e o Paraquedista.
O sr. Não pode falar que ele não entende de educação, ele passou ileso por uma pandemia e tem uma equipe que conhece sobre o assunto ou ele está trabalhando só.
A quem se diz ser Maria Galvão, a que defende o corporativismo dos servidores sem a devida qualidade aos cidadãos e cidadãs, patrões dessa gente com seus pesados impostos.
Três aspectos: o que quer dizer “passou ileso pela pandemia”? Não se infectou com a Covid-19? Ou ficou quieto no cantinho esperando a “pandemia” passar e retardar ao máximo o presencial nas escolas e creches?
Se “há uma equipe que conhece bem do assunto”, ela domina os secretários e promoveu o desastre chamado Zilma Mônica Sansão Benevenutti, o qual continua com o paraquedista ainda sem o viés de elegê-lo a vereador.
O que mesmo de diferente se fez nesta gestão a não ser o caro Google para poucos? O viés inclusivo mais uma vez foi deixado de lado e começa com creche para os que precisam e em tempo integral, contraturnos para todos enquanto não há escola em turno integral, ou o que se sofistica um pouco, a bilingue.
HADDAD ARRANJA UM QUEBRA GALHO, por Carlos Alberto Sardenberg, no jornal O Globo
O sistema tributário brasileiro não é apenas ruim. É o pior do mundo – e não se trata de modo de dizer. Foi medido.
O Banco Mundial produziu até 2021 a pesquisa Fazendo Negócios, com o objetivo de avaliar o ambiente de negócios para uma empresa privada média. Ou, saber se esse ambiente é favorável ou desfavorável ao empreendedor que quer ganhar dinheiro honestamente.
A pesquisa está interrompida para avaliação de métodos, mas a análise dos sistemas tributários em geral, e do brasileiro em especial, apresentou resultados importantes.
Aqui, não medem o tamanho da carga, mas o sistema. Basicamente: qual o custo (contadores, advogados, funcionários) de manter as obrigações tributárias em dia; com quantos órgãos uma empresa tem de lidar; quantas operações, ou seja, quantos Darfs a empresa tem de emitir.
E assim vai. Em 189 países pesquisados, o sistema tributário brasileiro ficou na 184ª posição. Dirão: então não é pior do mundo. Mas considerando que os quatro piores que a gente são República do Congo, Somália, Venezuela e Bolívia…
Para quem lida com empresas por aqui, nem precisaria de pesquisa. Tem as receitas Federal, estaduais (27) e municipais (5.568), cada uma com seus códigos. São milhares e milhares de normas que vão saindo diariamente. Não estaria errado afirmar que praticamente toda empresa brasileira tem alguma pendência tributária.
Tudo isso para dizer que um competente secretário da Receita, de qualquer instância, consegue cavar uns bons trocados a qualquer momento.
Em geral, impostos não podem ser aplicados de imediato. A norma criada só entra em vigor depois de algum tempo, justamente para permitir ao contribuinte se adaptar. Mas esse período tem sido encurtado por aqui e, além do mais, há regras pelas quais um imposto ou taxa podem ser cobrados com alíquota variando, por exemplo, de zero a 10%.
Por outro lado, num sistema complicado como esse, é óbvio que existem inúmeras pendências entre contribuintes e administrações – situação que abre espaço para a concessão de anistias. Assim: o governo precisa de uma grana para ontem, como é o caso; aí oferece descontos e perdões para quem desistir da disputa judiciária e pagar.
Foi manejando todas essas práticas que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, conseguiu juntar R$ 192,7 bilhões em ganhos de receita para este ano. (Contra apenas R$ 50 bilhões de promessas de corte de gastos.)
Considerando que o déficit previsto no Orçamento é de R$ 231,5 bilhões, o pacote de Haddad resolve o problema para 2023. Ou, resolveria. Como se baseia, por exemplo, na expectativa de que contribuintes vão aceitar anistias, ou na esperança de que o governo Lula topará um aumento de impostos na gasolina, ou na dúvida sobre o que o Congresso pode aprovar, o próprio Haddad acha que já estará de bom tamanho se reduzir o déficit para algo em torno dos R$ 100 bilhões.
De fato, seria um bom resultado para as circunstâncias. Mas não deixa de ser um baita quebra-galho, provisório e baseado numa tomada de impostos sobre atividades econômicas já muito tributadas.
Continuam faltando duas peças essenciais para colocar a economia no caminho: a reforma tributária de verdade – não manipulação de anistias e alíquotas – e uma regra crível de controle das contas públicas a longo prazo.
Há dúvidas aqui. Há boas propostas para a reforma tributária, e Haddad levou para o governo nosso melhor economista nesse departamento, o incansável Bernard Appy. Se dependesse só dele, estaria resolvido. Mas, sendo uma reforma que mexe nas relações entre as três instâncias, a coisa só anda com liderança política do presidente Lula, na busca de apoios dentro e fora do Congresso. Tem essa disposição.
E a regra fiscal? Haddad diz que está trabalhando nisso. Simone Tebet, também. Mas tudo que se ouve dos outros membros do governo, incluindo o chefe, é que isso de controle do gasto público é bobagem de mercado.
A ver.
Texto didático, muito claro e simples. Para você ler e compreender onde realmente estamos metidos e não nos enganarmos com discursos apaixonados e mau intencionados, bem como manchetes do espetáculo de que não sabe da lei que ampara tudo isso, ou se sabe, quer apenas colocar lenha na fogueira
AS CATILINÁRIAS E O PEIXÃO, por Demétrio Magnoli, no jornal Folha de S. Paulo
“E devemos nós, que somos os cônsules, tolerar Catilina, abertamente desejoso de destruir o mundo inteiro pelo fogo e a chacina?” Catilina urdia um golpe de Estado, não “destruir o mundo inteiro” como discursou Cícero diante do Senado romano em 8 de novembro de 63 a.C. As Catilinárias figuram na origem de uma tradição de dois milênios de retórica hiperbólica. O método serviu ao propósito de expor a conspiração na Roma antiga. Não serve, contudo, para proteger a democracia no Brasil de hoje.
Atos golpistas, vandalismo ou terrorismo – o que aconteceu em Brasília no 8 de janeiro? A nota conjunta dos presidentes dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário utilizou as três classificações indiferenciadamente. A imprensa foi atrás. Mas elas não são equivalentes. Golpismo, sim, ainda que caótico: a finalidade explícita era acender a faísca de um golpe militar. Vandalismo, claro: eis uma descrição factual, que complementa a anterior. Mas terrorismo?
Na véspera do Natal, a polícia desativou um artefato explosivo nos arredores do aeroporto da capital. Aquilo foi uma tentativa de atentado terrorista, provando do que são capazes as franjas extremas do bolsonarismo. Já os eventos do 8/1 não se enquadram em nenhuma das definições teóricas de terrorismo, nem na (confusa) Lei Antiterrorismo brasileira. Por que, então, gritar “terrorismo”?
O discurso hiperbólico conta pontos na arena da concorrência política – e, nessa era de redes sociais, fabrica “likes” em bolhas ideológicas. Tem, porém, consequências imprevistas – ou, às vezes, desejadas mas propositalmente ocultadas. Quer um intercâmbio bom para os dois lado? Acuse Bolsonaro de genocídio, não de crimes contra a saúde pública. Você ganha urros orgiásticos de aprovação dos seus; ele terá, em troca, a certeza da impunidade. O caso do terrorismo é similar.
Ações desarmadas de massa dirigidas contra prédios públicos vazios que terminam com depredações de patrimônio não são terrorismo, mesmo quando pretendem deflagrar um golpe militar. Nossa Lei Antiterrorismo, adotada sob críticas de parte da esquerda, foi redigida de modo a evitar sua aplicação contra movimentos sociais cujos atos que possam resultar em danos patrimoniais. O único jeito de enquadrar as hordas de vândalos bolsonaristas no tipo criminal seria reescrever a lei segundo as propostas sugeridas, lá no início, pela direita.
Foram presos, às centenas, os bagrinhos estúpidos que protagonizaram as destruições em Brasília. Se acusados de terrorismo, nenhum deles experimentará a condição de réu. Vale o mesmo para os peixes maiores, ainda leves e soltos: incentivadores, articuladores e financiadores dos atos golpistas. A proteção da ordem democrática exige escalar a ladeira da punição judicial, colocando-os atrás das grades. Esqueça a catilinária: isso demanda a acusação certa.
O Brasil ama o esporte da conciliação por cima: a tal “união nacional”. Luís Roberto Barroso falou, claro, em “terrorismo”, para em seguida, indagado sobre a conexão entre Bolsonaro e o 8/1, alertar: “Não vamos atirar pedras”. É o roteiro da punição dos bagrinhos por vandalismo, o crime menor, e da impunidade para os peixões.
O maior dos peixes estava fora da cena geográfica do crime. Ao que tudo indica, também não estava na cena operacional. Contudo, a acusação correta o coloca na cena política dos atos golpistas: Bolsonaro criou, ao longo de seu (des)governo, a trama narrativa que culminaria no 8/1. O caminho que conduz à eventual responsabilização criminal do ex-presidente parte daí e requer uma investigação eficaz sobre seus laços com os coordenadores e financiadores da investida contra a ordem democrática.
Sem a punição legal dos peixões, o golpismo sobreviverá em estado de latência. Nossos Cíceros, porém, preferem a oratória grossa e vazia à ação judicial certeira.
DORMINDO COM O INIMIGO, por Eliane Cantanhêde, no jornal O Estado de S. Paulo
Na primeira semana do governo Lula, uma desconhecida conversou com Jair Bolsonaro em Orlando, saiu saltitante e postou uma mensagem cifrada, avisando que dali a alguns dias haveria “novidades”. Ninguém deu bola, porque parecia só mais uma “bolsonarice”, mas mostra o quanto o ex-presidente estava ciente – senão à frente – da tentativa de golpe que o Brasil sofreu e o mundo, perplexo, assistiu no domingo, 8 de janeiro de 2023.
Foi mais um alerta, como um caminhão de querosene no aeroporto da capital da República, carros e ônibus incendiados, ameaça de invasão da sede da Polícia Federal, milhares de insanos em torno de quartéis, cerco a três refinarias do País. Mas o sinal amarelo não disparou.
O governador Ibaneis Rocha foi no mínimo leniente e seu secretário de Segurança, Anderson Torres, se mandou de véspera para os States, onde estava Bolsonaro, e deve ser preso hoje, depois de descoberto seu rascunho de decreto para Bolsonaro melar as eleições. Golpe! Jogar toda a culpa neles, porém, é só conveniência. Eles são parte de algo maior.
A cadeia de falhas é grande demais, grave demais, para se reagir assim: “Ah! Mas o (bolsonarista) Ibaneis garantiu que estava tudo calmo, sob controle”. Ibaneis era confiável? E por que o ministro Flávio Dino baixou um ato interditando Anderson Torres na Segurança do DF? Porque o passado de Torres condena, ou o futuro dele ameaçava?
Após limpar a área no DF, começa a ser verbalizada, até por
Lula, a suspeita de algo profundamente grave e assustador: o inimigo mora ao lado. O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) evaporou. O Batalhão da Guarda Presidencial (BGP), subordinado ao Comando Militar do Planalto (CMP) – portanto, ao Exército – agiu como se fosse um dia qualquer e assistiu, inerte, aos criminosos subindo a rampa e quebrando tudo.
Aos poucos, Lula vai liberando suspeitas que não devem ser só dele e do governo dele, mas de todo o País. Já no domingo, dizia que, se houve omissão “dos nossos”, seria punida. Na terça, se referia a “generais”. Na quinta, falava abertamente sobre sua desconfiança sobre a responsabilidade e as intenções de boa parte dos militares, perguntando: quem deixou a porta do Planalto aberta?
Falharam Defesa, Exército, Marinha, Aeronáutica, PF, STF, Câmara, Senado, que nem levaram em conta os alertas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). O PT mira José Múcio (Defesa), mas por que só ele? Os bolsonaristas espalham que o golpe foi coisa do PT e da esquerda (tem quem acredite…), mas, se há infiltração, é de bolsonaristas no governo Lula.
Bom dia.
Kleber sendo Kleber;
Câmara sendo Câmara e os ELEITORRES sendo, ou manipulados, ou coniventes, ou omissos.
Esse negócio de misturar politica com religião é ancestral, milenar e sempre trouxe autonomia econômica tanto para os sacerdotes, quanto para os governantes.
Basta observar as estruturas erguidas ditas pra “replicar as palavras de Deus”.
O discurso de “repartir o pão” dificilmente corresponde com a finalidade principal de
– “amansar” os insatisfeitos com os resultados dos religiosos ou governantes,
– concentração de renda das igrejas e
– poder amplo e irrestrito sobre o destino da humanidade.
“Se você não acredita no que eles dizem, será amaldiçoado e irá arder no fogo do inferno depois da morte”.
“Mas se pagar o dízimo direitinho, o sacerdote “intercederá”, livrando o pecador do acerto de contas com o TINHOSO”..👀💰💰💰
EU ACREDITO EM DEUS,
EU ACREDITO NOS ANJOS DE LUZ,
EU ACREDITO NA LEI DO RETORNO.
Excelente. Lúcida compreensão de como se usa a fé em favor de se estabelecer os “ungidos” no poder
Antigamente queimavam em praça pública quem ousasse questionar as verdades ditas como absolutas..👀
Não se engane. As fogueiras são as mesmas. Nas redes sociais, nas perseguições aos cidadãos e cidadãs a direitos e serviços públicos essenciais assegurados em lei, na discriminação nas decisões administrativas…
AÇÃO E REAÇÃO, editorial do jornal Folha de S. Paulo
Se ainda havia alguma dúvida sobre qual seria a opinião dos brasileiros a respeito do ataque da turba golpista na capital do país, a pesquisa Datafolha divulgada na quarta-feira (11) encerrou o assunto.
O levantamento mostra que 93% da população com mais de 16 anos condena o espetáculo bárbaro de invasão e depredação das instalações de Congresso, Supremo Tribunal Federal e Palácio do Planalto.
Note-se que, em dezembro, outra sondagem do instituto já havia revelado que uma expressiva maioria de 75% repudiava os protestos antidemocráticos organizados por grupos bolsonaristas para contestar a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno das eleições de 2022.
Nos dois casos, naturalmente com mais peso no deplorável episódio de domingo (8), a parcela dos que rechaçam as manifestações dos extremistas ultrapassa em muito os 51% que elegeram Lula.
Apesar de Jair Bolsonaro (PL) ter se ausentado do país e adotado uma estratégia ambígua para evitar incitações explícitas aos atos de violência, a maioria entende que ele estava, em alguma medida, envolvido no ataque. Para 38%, o ex-presidente tem muita responsabilidade e, para 17%, um pouco de responsabilidade pelo ocorrido.
Sobre a proteção do patrimônio e a defesa da ordem pública, 63% consideram que as forças de segurança do Distrito Federal fizeram menos do que deveriam e 61% dizem o mesmo sobre o governador (ora afastado) Ibaneis Rocha (MDB). O governo Lula também teve atuação aquém do esperado para 37% dos entrevistados.
Para 82%, Lula acertou ao decretar intervenção na área de segurança do Distrito Federal, enquanto 60% apoiam o afastamento do governador determinado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Também é majoritário o entendimento de que, em maior ou menor extensão, os vândalos devem ser punidos com prisão.
No geral, a pesquisa constata a sensata rejeição à violência política, o respeito ao resultado das urnas e às regras da democracia.
Ademais confirma-se a avaliação de que as reiteradas tentativas de Bolsonaro de desacreditar o processo eleitoral para insuflar uma quebra da ordem institucional revelaram-se um tiro no pé —com repúdio da opinião pública, fortalecimento do STF e do governo Lula.