Antes, uma observação necessária. Foi muita chuva nestes dois dias e especialmente esta última noite e madrugada. Com as mudanças climáticas e por estarmos numa área de eventos climáticos severos repetidos e cada vez mais frequentes, a desculpa da anormalidade não pode ser aceita e alimentar discursos, justificativas e entrevistas de gestores públicos como eles fazem e estão fazendo neste momento à população para se livrarem da culpa que possuem. As drenagens precisam prever volumes superiores à média normal das últimas décadas. Simples assim!
E as drenagens implantadas recentemente revelam que isto não foi observado pelos técnicos e agentes públicos a favor da segurança e da proteção da cidade, cidadãos e cidadãs. Escrito isso, que será tema de outro comentário, vou ao de hoje e que também você não lê e não vê debatido na imprensa local e regional.
Para muitos daqui, passou despercebido a notícia da semana passada de que o prefeito de Blumenau, Mário Hildebrandt, Podemos, foi eleito pela segunda vez, presidente da Associação dos Municípios do Vale Europeu – AMVE. Ele vai substituir no ano que vem, o prefeito de Ascurra, Arão Josino da Silva, PSD, autor ao menos da consulta aberta sobre as prioridades da região ao governo que se instala em primeiro de janeiro próximo. Kleber Edson Wan Dall, MDB, que antecedeu Josino, desta vez nem na foto saiu.
Estão nela, ainda, o próprio Arão Josino como vice-presidente institucional da AMVE, o prefeito de Indaial, André Luiz Moser, PSDB, como vice-presidente de articulação política; a prefeita de Benedito Novo, Arrabel Antonieta Lenzi Murara, MDB, como vice-presidente de políticas públicas; e o prefeito de timbó, Jorge Augusto Krüger, PP, como tesoureiro.
No press release distribuído pela entidade descobre-se duas coisas: que a decisão marqueteira de se criar e mudar o nome da Associação de Municípios do Médio Vale do Itajaí – AMMVI – para Associação dos Municípios do Vale Europeu, não foi de Kleber, mas de Hildebrandt. Kleber, no finalzinho do seu mandato na então AMMVI, fez o serviço que Blumenau maquinou e de que finalmente, o senso regional está embutido na cabeça dos políticos, ao menos na sua associação regional. A troca de AMMVI para AMVE é simbólica contra o quadrado da cabeça de alguns.
No mesmo press release, o prefeito de Blumenau ao ser reeleito para a AMVE afirmou que o “nosso principal objetivo é unir forças e liderar movimentos que tragam resultados para as nossas cidades, melhorando a vida da população“. Um velho chavão da região metropolitana que não sai do papel porque os políticos disputam aquilo que não é deles: produzir resultados reais ao invés de estruturas, cabides de empregos e disputa de poder entre eles próprios.
Óbvio. E é de se perguntar qual o político – ainda mais ele que “ganhou” uma prefeitura de presente com a renúncia do titular Napoleão Bernardes, então no PSDB, e hoje deputado estadual pelo PSD, diria algo diferente, mesmo que soubesse da impossibilidade, ou estivesse nem aí para os seus eleitores?
Hildebrandt, um evangélico luterano, ex-vereador e ex-ativo secretário de Assistência Social numa cidade onde a imagem do Centro não reflete à verdadeira cidade – ganhou na sorte grande, mas ao mesmo tempo não deu chances ao azar. Em 2020, em partido nanico, foi (re)eleito por ampla maioria da sociedade diante daquilo que surpreendeu nos dois anos como gestor público, em um município bem mais complexo, maior do que Gaspar, por exemplo.
Isto sem falar de que Hildelbrandt ganha bem menos do que o prefeito daqui e lá, há uma vigilância sobre ele, como prefeito, por diversos sistemas de controles da sociedade organizada, oposição, imprensa e ministério Público e que por aqui, infeliz e orquestradamente, passam bem longe do mínimo do mínimo necessário.
No mesmo documento de comunicação da AMVE continuou Hildelbrandt no óbvio como “o de reforçar as pautas em prol da infraestrutura urbana, inovação, desenvolvimento econômico e valorização do Vale Europeu. “Acredito muito nas ações regionalizadas, no turismo, regionalizado, na construção conjunta de proposta ao desenvolvimento sustentável. Queremos potencializar ainda mais a nossa região“.
Perceberam à razão pela qual Kleber, lançado pelo grupo de riquinhos, do tal conselho fake da cidade, numa obra fajuta tecnicamente teve que correr do pau na sua candidatura a deputado estadual? Faltou se regionalizar, faltou liderar, faltou ter causas, faltou credibilidade para mover lideranças para o desejo de uns poucos que o cercam por interesses bem próprios. Mais do que isso: faltou a Kleber realizar em Gaspar em seus seis anos der mandato o que Hildebrandt fez em apenas dois. E se isso fosse pouco naquillo que vai além da sua Gaspar, para atender menos de meia dúzia de interesses de amigos ou eleitores seus, Kleber uniu ao atraso do PT e foi contra a duplicação da rodovia que liga Gaspar a Brusque.
Resumindo. Falta a Kleber a virtude do estadista. Trabalha com coisas pequenas, ultrapassadas e com sinais trocados. Está envelhecido, mesmo sendo ainda um jovem. O marketing que o orienta e é caro para os gasparenses – é mais de R$1 milhão por ano -, expõem-no e o enterra. Se não for de propósito, Kleber contratou um guarda-costas que o leva para armadilhas e está à espreita do melhor momento para traí-lo. Acorda, Gaspar!
TRAPICHE
A melhor definição sobre a troca na secretaria da Agricultura e Aquicultura de Gaspar, veio, na rede social da habitual observadora deste espaço plural, Odete Fantoni: “vai orar muito. Muita falação, muito discurso e pouco ou nenhuma atividade. Até quando cargos políticos serão mais importantes que resultados?”, perguntou ela na rede social dela.
O governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, não surpreendeu outra vez e trocou seis por menos de meia dúzia na secretaria da Agricultura. Tirou de lá, o suplente de vereador André Pasqual Waltrick, PP (611 votos), e colocou o vereador titular, o terrivelmente evangélico, o irmão de templo de Kleber e do novo prefeito de Gaspar, deputado Ismael dos Santos, PSD, Cleverson Ferreira dos Santos, PP (783 votos). Cleverson de agricultura e aquicultura entende, no máximo, o que compra para o seu restaurante, quando não os esquece no carro.
Odete, uma das poucas eleitoras conscientes e esclarecidas de Gaspar, observadora e corajosa, foi na veia sobre quem é o vereador Cleverson, o espirituoso, o esperto, o propagador de versículos clichês da decoreba. Não vou repeti-la. Vou acrescentar e esclarecer, até porque o que escrevo, você ouve por aí, mas ninguém assina. E por quê? Há medo de ser perseguido por essa gente errante, a qual não admite ser ela própria amadora nas coisas que faz contra si mesma.
Kleber tira um incômodo – e até pune, fato que não discuto -, quem já levou até à polícia para dar explicações. Vingança e por pressões familiares. Outro perigo. Ou seja, novamente Kleber está mal orientado. Prova não ser um estadista. Não enxerga horizontes. Não constrói nada além do que conquistou politicamente, quando era o queridinho de um grupo. E tudo pode piorar, além do vexame onde ele teve que correr antes da hora da possibilidade de ser ao menos um candidato viável a deputado estadual no seu partido o MDB.
PP não é o barco afundado por irresponsavelmente não possuir carta de navegação, chamado de Marcelo de Souza Brick, Patriota. O PP, que sempre foi mais forte do que o MDB em Gaspar, tanto que o MDB depois do fiasco Bernardo Leonardo Spengler, Nadinho, só levou a prefeitura com Adilson Luiz Schmitt e com o próprio Kleber quando se juntou com o arquirrival PP ( no jogo antigo da UDN e PSD ou Arena e o velho MDB).
Kleber terá a secretaria da Agricultura para dizer que é sua. E a colocará, contaminada, na mão de um inexperiente. Por outro lado, o PP na Câmara sabe que terá três votos fechados e a corda no pescoço de Kleber quando e como ele quiser, se Kleber inventar de arrumar problemas em qualquer lugar que seja na secretaria, que era do PP e em tese não será mais.
O PP, de verdade, só terás de agora em diante a secretaria de Obras e Serviços Urbanos nas mãos do funcionário publico, ex-vereador, ex-vice-prefeito e presidente do PP, Luiz Carlos Spengler Filho; a de Desenvolvimento Econômico, Renda e Turismo, como o suplente Pablo Ricardo Fachini (687 votos) bem como e a de Assistência Social, Salésio Antônio da Conceição (371 votos).
Kleber está comemorando uma vitória de piro. Por outro lado, o PP está com o queijo e afiou ainda mais a faca que está na sua mão. Acorda, Gaspar!
“Há negacionistas variados: a) na esquerda, os que desprezam a ciência econômica e a tecnologia agrícola. b) na direita, os que abominam vacinas e as políticas ambientais. c) e há os que negam à Justiça combater a corrupção, pois seria o preço da democracia. Todos são odiáveis”, Xico Graziano, no twitter.
A disputa eleitoral por uma vaga a prefeitura de Gaspar em 2024 está acirrada no campo da suposta direita e dos conservadores. Como um deles vestido de candidato perdeu as vestes, por sua própria culpa e principalmente falta de trabalho, agora, em desespero, usando o Natal, mandou imprimir um “santinho” dizendo quem ele é.
Recomeçou mal… Se é tão desconhecido assim e depois de ter sido candidato, está entregar os santinhos para os mesmos que não conseguiram elegê-lo? Errou na estratégia, na tática e no gasto do seu próprio dinheiro. Imagina quando terá que gerenciar os impostos dos outros.
Só falta ser orientação de algum marqueteiro. Acorda, Gaspar!
3 comentários em “A ELEIÇÃO DA AMVE DIZ MUITO SOBRE O FRACASSO DE KLEBER EM SER UM CANDIDATO VIÁVEL A DEPUTADO ESTADUAL”
Boa noite.
Obrigada pelos créditos 👀😁✌️
STF NA BARAFUNDA, editorial do jornal Folha de S. Paulo
Jair Bolsonaro (PL) e o Congresso promoveram, por razões eleitoreiras, enorme desorganização no Orçamento federal. A equipe de transição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pretende, na prática, agravar o desequilíbrio das contas públicas com a ampliação de despesas sem lastro. Agora, também o Judiciário se meteu na barafunda.
Em decisão monocrática proferida no domingo (18), o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, estabeleceu que desembolsos necessários para manter o Auxílio Brasil (ou Bolsa Família) de R$ 600 mensais podem ser excluídos no próximo ano do teto de gastos inscrito na Constituição.
A canetada de Gilmar pode até indicar uma saída imediata para viabilizar um programa fundamental. Deveria ser desnecessário, porém, apontar os riscos de um magistrado interferir de modo discricionário em questões de política pública debatidas no Parlamento.
Cumpre recordar que a implantação do Auxílio Brasil, versão ampliada do Bolsa Família, foi desde o início objeto de sucessivas gambiarras legislativas e fiscais.
No final do ano passado, uma emenda constitucional adiou pagamentos de dívidas impostas pela Justiça à União —um calote, em português mais claro— e elevou o limite de gastos para que o programa, aposta eleitoral de Bolsonaro, coubesse no Orçamento.
Abandonou-se o que restava de compostura em julho deste ano, quando o governo contou com a quase totalidade do Congresso para decretar um fictício “estado de emergência” que autorizou a elevação temporária do auxílio de R$ 400 para R$ 600, fora do teto.
A decisão dominical, solitária e provisória de Gilmar prolonga o improviso e o casuísmo. O impacto ainda parece difícil de estimar, mas especula-se que a medida tenha facilitado a vida de Lula, ora envolvido em difíceis negociações com o centrão da Câmara pela famigerada PEC da Gastança.
Nesse mesmo contexto, ainda se avaliam as consequências políticas do julgamento do Supremo que considerou inconstitucionais as emendas de relator —este, ao menos, mais claramente assentado em aspectos jurídicos, embora também adentrando no terreno perigoso das relações entre forças eleitas de Executivo e Legislativo.
No que diz respeito à política pública, o Auxílio Brasil precisa estar inserido em um Orçamento sustentável, compatível com a capacidade de arrecadação e de crédito do governo. Deve, também, eliminar as distorções já identificadas que hoje aumentam seus custos.
Do contrário, os ardis legais, discursos messiânicos, conchavos e regabofes de Brasília só reproduzirão a surrada fórmula de distribuir dinheiro obtido com endividamento público, que será cobrado depois, com juros, dos mais pobres.
EMBATE DE PODERES REQUER INTELIGÊNCIA, por Joel Pinheiro da Fonseca, no jornal Folha de S. Paulo
As duas importantes decisões do Supremo desde domingo mostram que, passado o bolsonarismo, ele continuará dando as cartas da vida pública.
A primeira decisão tirou do Executivo a necessidade de uma PEC para gastar acima do teto para viabilizar o auxílio de R$ 600. Mesmo que tudo dê errado na PEC da Transição, a principal promessa do novo governo será cumprida.
A segunda tirou das mãos do Congresso o principal mecanismo de compra de apoio parlamentar. Um dinheiro alocado sem nenhuma transparência, sem critério técnico, para deputados não assinalados, sem isonomia, apenas para garantir apoio de aliados. Não é coincidência que tenha irrigado a corrupção local por todo o território brasileiro.
São decisões muito diferentes, mas juntas constituem um verdadeiro auxílio emergencial para o novo governo, que estava sendo colocado contra a parede na negociação com o centrão. E ambas sedimentam o Supremo como o grande poder moderador da vida nacional, decidindo potencialmente sobre todos os temas sem possibilidade de recurso ou, até agora, contrapeso. O Supremo chega a 2023 como inquestionavelmente o Poder dominante da República.
O conflito entre os Poderes está dado há anos, com o Judiciário cada vez mais influente. A intrusão do bolsonarismo nesse conflito entre apenas turvou a questão. Em seus ataques abertos e antidemocráticos ao Supremo, acabou por fortalecê-lo.
Influenciadores pró-governo que veiculavam mentiras perigosas sobre vacinas no meio de uma pandemia. O próprio presidente da República, que insuflou o discurso de que as eleições de 18 foram – e as de 22 seriam – fraudadas, sempre supostas “provas”, essas sim fraudulentas. Políticos aliados incitando à violência.
Se o Supremo não desse um basta aos absurdos que vinham do governo ou de seus aliados, quem daria? O Congresso é que não seria, comprado que estava com o orçamento secreto. O Supremo – e o TSE – usaram sim poderes de maneiras inéditas, mas se tratava da defesa mais básica da democracia, da ordem social e mesmo dos direitos humanos.
Bolsonaro entrega o Executivo enfraquecido também em relação ao Congresso: as emendas impositivas deram na mão dos parlamentares o poder sobre recursos que antes dependiam da vontade do Executivo.
É fácil demonizar o “ativismo” do Supremo. Mas se não fosse por ele, estaríamos até hoje negando aos homossexuais o direito a se casarem. Influenciadores extremistas estariam formando milícias armadas em Brasília, a ameaça à vida de ministros e políticos correria livremente, e o respeito às urnas estaria em xeque.
De uma forma ou de outra, voltamos ao Congresso. Aquele que deveria ser o grande representante do povo em sua diversidade e local da discussão da coisa pública, com base em propostas, é um antro de fisiologismo e interesses privados, quando não de fanatismo violento. É tentador para o governo poder evitar a negociação com esse Congresso e ter no Supremo um aliado para decidir em seu favor. Mas essa facilidade custará caro ao país.
Interromper a hipertrofia do Judiciário, porém, exigirá inteligência e diálogo democrático, não mobilização de fanáticos com discursos alucinados.
Os ataques infundados do governo às urnas e suas ameaças quanto a pleitos futuros mataram qualquer discussão racional sobre formas de melhorar o sistema. Da mesma maneira, os ataques tresloucados ao Supremo – alimentando inclusive os pedidos de intervenção militar que se tornaram comuns – apenas serviram para legitimar a extensão de seus poderes.