Passadas mais de três semanas das eleições gerais de dois de outubro e às vésperas do segundo turno no domingo que vem, os três candidatos a deputados estaduais por Gaspar, os quais amargaram números sofríveis na aventura que empreenderam por teimosia, partidarismo e como cotista, ainda não prestaram definitivamente contas à Justiça Eleitoral. Eles possuem prazo legal para isso. E não expirou. Todavia, esta demora, e com altos valores pendentes, mostra como mal funciona o uso do dinheiro público que todos usaram para buscar votos entre nós. Em tempo: todos contrataram contabilidades especializadas neste assunto para dar suporte neste assunto. Ou seja, nem tempo precisam se dedicar à manipulação de documentos e lançamentos.
E depois reclamam da má imagem dos políticos perante a sociedade e a culpam quando ela pede explicações ou os desnudam.
O mais ajustadinho nesta prestação de contas é o ex-prefeito por três mandatos, que até assumiu como suplente de deputado na atual legislatura, Pedro Celso Zuchi, PT. Aliás, ele foi o que menos usou recurso público e proporcionalmente, o que mais “arrecadou” entre a militância e dele próprio.
Zuchi (agora o 9º suplente do PT na Assembleia com os 9.159 votos que obteve em Santa Catarina) recebeu, segundo o site de transparência do Tribunal Superior Eleitoral R$62.404,00, sendo que entre eles R$12.180,00 do Fundo Eleitoral, outros R$10.000,00 do seu próprio bolso, e curiosamente R$3.000,00 do candidato a governador do Estado, Décio Neri de Lima, de que recebeu este valor de volta. Hum!. Na outra ponta, as das despesas, estão registradas R$34.262,46, das quais R$24.269,46 já foram pagas. Resumindo, faltam pouco menos de 50% para explicitar como despesas da sua campanha o devolver, de preferência ao Fundo Eleitoral, o que não gastou.
Já a vereadora Mara Lúcia Xavier da Costa dos Santos, PP, recebeu R$120.000,00 do fundo eleitoral, e outros R$6.000,00 da família do presidente do diretório do PP de Gaspar, Luiz Carlos Spengler Filho. Expressivos. Declarou extraordinárias despesas de R$94.115,70 e prova que já as pagou. Então falta uma boa beirada para encher de despesas ou devolver aos cofres públicos, já que a maior parte é do Fundo Eleitoral. Mara é 11ª suplente do PP com os 4.654 votos que fez por todo o estado.
E o vice-prefeito Marcelo de Souza Brick, Patriota? Ele é o que teve mais recursos à disposição, mesmo se inscrevendo no Patriota – era PSD – no último em que isso era possível, como se provou na Justiça no quiproquó armado que até lhe ameaçou de impugnação. Só do patriota ele recebeu R$155.000,00 (R$120.000,00 do diretório nacional), R$ 45.000,00 veio da doadora Jane Savi de Freitas, R$5.000,00 do seu próprio bolso e o restante, pasmem, do pessoal do PSD de Gaspar.
Até agora, segundo o portal da transparência do TSE desta manhã de terça-feira, Marcelo declarou ter assumido como dívidas suas de campanha R$51.221,84, entre elas R$6.500,00 de contabilidade, mas efetivamente, só liquidou R$33.998,14. Ou seja, há uma diferença muito grande entre o que entrou e o que se prestou contas para o ajuste final. Ah, Marcelo nem suplente ficou com os seus cabalísticos 14.444 votos. O Patriota escolhido por esperteza e para se dar bem, não fez sequer o mínimo em Santa Catarina para indicar um só deputado estadual. Acorda, Gaspar!
TRAPICHE
É arrepiante ver as principais pesquisas desde o dia quatro de outubro apontarem a estabilidade e com os mesmos números na corrida presidencial. Se elas estiverem certas, não haverá mudanças.
Se elas estiverem erradas, mesmo no limite do quase empate técnico, será a desmoralização delas. No fundo, ambos os lados andam no fio da navalha e com muito medo. O mercado de capitais refletiu ontem este possível resultado adverso de Jair Messias Bolsonaro, PL.
Aos que reclamam contra a pluralidade de partidos no Brasil e a ingovernabilidade com eles, muito à chantagem que fazem com seus mínimos representantes, esta eleição está mostrando o que será o Brasil com duas forças estabelecidas.
O que não pode é ter estas duas forças terem os mesmos DNA: o do atraso, a esperteza e a mentira continuada. Os candidatos que estão nesta reta final não são eles próprios. Estão vestidos de camaleão. Mas, a militância e os fanáticos não se camuflaram e os deixaram expostos. Simples assim.
Se Luiz Inácio Lula da Silva, PT, for eleito, ele não será o rei da cocada preta como se apregoa por aí. Primeiro ele tem um passado desnudado. É um condenado e que juridicamente está num limbo. Ele sabe que há uma maioria conservadora a lhe vigiar muito mais do que antes. O Congresso está hostil do que quando impicharam Dilma Vana Rousseff, PT.
E o verdadeiro perigo para os brasileiros tem nome: Centrão. Se ele pender para Lula pelo dinheiro que é o que lhes move, vamos continuar na cova. O desastre não está na direita xucra que escolheu mal o seu líder, ou na esquerda do atraso que nos roubou e afundou o Brasil como poucos, mas no Centrão que sempre está, cara maquiada, sorrindo, falando bonito, de mãos lavadas e bolsos cheios. Wake up, Brasil
2 comentários em “OS CANDIDATOS A DEPUTADO ESTADUAL POR GASPAR AINDA FALTAM ENCERRAR SUAS CONTAS COM A JUSTIÇA”
SUS PERDE 70 BI E ESTÁ PEDINDO SOCORRO, por Pedro Cafardo, com colaboração de Bruno Moretti, Carlos Octávio Ocké-Reis, Erika Aragão, Esther Dweck, Maria Fernanda Cardoso de Melo e Mariana Melo Rodrigo Benevides, no jornal Valor Econômico
O Sistema Único de Saúde (SUS), conquista civilizatória dos brasileiros e um dos mais importantes programas de assistência universal à saúde do mundo, está pedindo socorro. O sistema foi atingido por subfinanciamento crônico durante o atual governo e acumula mais de 1 milhão de pessoas na fila de procedimentos.
Alguns números sustentam essa informação. A “engenhosa” Emenda Constitucional 95, também conhecida como PEC do Teto de Gastos, retirou R$ 37 bilhões do SUS entre 2018 e 2022. As perdas, somadas às previstas no Orçamento de 2023, alcançam R$ 59,6 bilhões. Além disso, os royalties do petróleo estão sendo desvinculados do setor da saúde e utilizados para amortização da dívida pública desde a EC 109, de 2021. Isso dá uma perda de outros R$ 11 bilhões para o SUS no período, totalizando R$ 70,6 bilhões.
Olhando para esses números, compilados no estudo denominado “Nova Política de Financiamento do SUS”, feito na UFRJ para a Associação Brasileira de Economia da Saúde (ABrES), e ao mesmo tempo observando os resultados do primeiro turno das eleições, só é possível chegar a uma conclusão: o brasileiro tem memória curtíssima.
Já estaria esquecida, desculpem o termo, a matança de quase 700 mil pessoas durante a pandemia de covid-19. Indivíduos que apoiaram o negacionismo ou se omitiram em meio à fúria governamental austericida do início da pandemia foram eleitos nos quatro cantos do país.
Três exemplos: em Manaus, onde centenas de pessoas morreram, algumas na rua, por falta de tubos de oxigênio, o presidente Jair Bolsonaro (PL), que debochou dos asfixiados, teve 54% dos votos, e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), 37%. Eduardo Pazuello (PL), ministro da Saúde na época da tragédia de Manaus, foi eleito deputado federal no Rio, com 205 mil votos. No Estado de São Paulo, núcleo da resistência a favor da vacinação, o candidato do governo negacionista teve 42% dos votos para governador no primeiro turno e lidera as pesquisas no segundo. O governador de São Paulo no auge da pandemia, João Doria, que imaginou (pretensiosamente) usar a vacinação como operação de marketing para chegar à Presidência, está isolado e saiu do PSDB e da política.
A cinco dias da eleição, o estudo acadêmico feito pelo Instituto de Economia da UFRJ, coordenado pelo professor Francisco R. Funcia*, mostra a situação precária do SUS e sugere um sistema para financiamento que considere também o caráter estratégico dos gastos/investimentos, dado seu efeito multiplicador e distributivo, com impacto na produtividade do trabalho e na qualidade de vida. Saúde diz respeito a um direito constitucional e sua discussão se mistura com o debate econômico, a decantada austeridade fiscal e o “sacrossanto” teto de gastos.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que os gastos totais com saúde no Brasil atingem 9,6% do PIB, índice próximo ao de países que também contam com acesso universal, como Canadá, Reino Unido, Portugal e Espanha, e acima da média da Europa. Entretanto, há uma diferença: aqui, o gasto público, de 3,9%, representa menos da metade do dispêndio total, enquanto nesses países corresponde a algo entre 70% e 80% (ver tabela acima). O gasto privado, portanto, que atende às classes mais ricas, representa 5,7%. É o Brasil.
Copa e economia
Mudando de assunto, às vésperas da Copa, sem rigor estatístico e com algum humor, lá vão reflexões sobre economia e futebol.
O sucesso do futebol brasileiro muitas vezes coincidiu com bons momentos na economia. Quando o Brasil ganhou sua primeira Copa, em 1958, na Suécia, o país vivia a era JK, de grandes investimentos industriais e da construção de Brasília. Em 1970, uma seleção arrasadora venceu no México – o país, sob ditadura, iniciava o “milagre econômico”. Em 1994, o Brasil ganhou o tetra nos EUA e começava a era do Real, da sonhada baixa inflação. Após 2002, ano do penta (Japão/Coreia), seguiu-se o primeiro governo Lula, que colocou as contas em ordem e deu início a um período de crescimento e distribuição de renda.
Uma exceção ocorreu em 1962, ano do bicampeonato, no Chile, época de convulsões políticas no governo João Goulart, inflação elevada e baixo crescimento. E que seria sucedida por 20 anos de ditadura. Em ocasiões de crise interna, a seleção geralmente vai mal. O exemplo mais eloquente foi o de 2014, o ano dos 7 a 1. Recessão e convulsão interna culminaram com o impeachment de Dilma Rousseff em 2016.
Vamos domingo eleger o presidente e, no mês que vem, disputar a Copa do Qatar. Uma das candidaturas “sequestrou” a camisa canarinho da seleção e isso não é bom presságio para engajamento nacional. Erros e omissões do atual governo e perspectivas de recessão global indicam que o Brasil manterá o mau desempenho econômico em 2023. Nesse caso, então, perderíamos a Copa? Um incorrigível otimista diria que as coincidências entre futebol e economia ainda têm chance de prevalecer, acreditando em inesperada paz na Europa e euforia global. Também porque a camisa verde e amarela poderá ser resgatada das mãos dos sequestradores, dependendo do resultado da eleição de domingo.
Com base em suas análises sobre as candidaturas a Dep. Est. de Gaspar, penso que, a Mara saiu do pleito muito maior do que quando entrou.
Olha! Sair por aí, carregando um pesado fardo (Dão & Ângela) não deve ter sido fácil!
Os 4.654 votos que obteve, significa sim, uma conquista que coroa seu trabalho cotidiano!
Saúde, Mara Lúcia!