A fria e infeliz notícia de ontem à noite é: morre exatamente no Dia do Médico, o médico gasparense João Leopoldino Spengler, 79 anos, 53 anos de profissão, o único dos 11 irmãos a fazer uma faculdade. Em agosto, numa premonição, o Dr. João fechou a sua clínica em Gaspar, mas continuou a ser o Doutor João, o quase milagreiro. Era o atestado de confiança que ele passava a todo tipo de gente. Há quem preferisse o seu consultório do que o Pronto Atendimento do Hospital. O seu corpo está sendo velado no salão Cristo Rei, para que a tarde, ele finalmente é levado a Blumenau para a cremação e se torna uma referência social, política e profissional na nossa história mal preservada.
Eu espero que a imprensa se esbalde nas qualidades dele. Era um médico de família. Não tinha tempo bom ou ruim. Estava lá. Ia nas casas das pessoas, inclusive para atestar óbito. Trabalhei na mesma empresa por quase 25 anos e, naquele tempo, foi o meu primeiro médico “socorrista” para as minhas dores e de lá, se seguia para outros.
Mas, no consultório da empresa, quando curioso, O Dr João não passava vergonha. Telefonava-me para ver se eu estava “livre” na empresa, e me convidava para uma “consulta” que nada tinha a ver com a medicina, mas a outra paixão dele: a política. Nossos pontos nem sempre batiam. Ele um apaixonado. Eu um calculista e provocador. Ele não mudou. Eu também não nestes aspectos.
Aliás, neste ano, já morrerem dois ícones opostos da política gasparense: o ex-prefeito Osvaldo Schneider, MDB, e o Dr. João. Ele no seu PPB, até tentou ser prefeito, mas os seus votos 8.518 foram derrotados pelos 13.182 votos dados ao MDB de Bernardo Leonardo Spengler, o Nadinho. Ambos tinham vices jovens: Mário Pera, PSDB e Andreone Cordeiro dos Santos, PTB. Devido as dúvidas administrativas, Nadinho foi o único prefeito eleito que não terminou o mandato. Andreone foi o interino até o fim.
Dr João não se conformava, e até hoje, pude testemunhar, com o resultado daquela eleição. Achava que havia traição ao que ele fazia pela cidade e os cidadãos dela. Uma coisa não tinha nada a ver com a outra, penso. Era uma onda. E parte dela, contra o desenvolvimento que representava os “patrocinadores” da campanha do Dr. João e de Pera. A política é assim. As vezes sem lógica e incompreensível naquilo que está aos nossos olhos e inteligência.
E num casual e rápido encontro neste agosto numa casa de Café em Blumenau, onde ele comprara um bolo para viagem, não deixou de mencionar este assunto e até, pelo que entendi, culpar-me por não ter antecipado claramente, os resultados pelas pesquisas de manga que eu possuía. Tudo meio que na brincadeira, mas que no fundo era uma queixa magoada.
Foi o nosso último encontro. Fisicamente ele parecia bem. “Você sabe que estou um pouco doente?” disse-me em tom de pergunta. Sabia, mas fingi que não escutei, não respondi, não questionei e me enveredei por outros assuntos naquilo em que ele também se despedia pois parecia que alguém o esperava ou tinha pressa. O Dr João quis me dizer que tinha descoberto um câncer. E como médico, suponho, sabia com que estava lidando.
O irmão dele, já falecido, Luiz Carlos Spengler Filho, vice-prefeito de Tarcísio Deschamps (1983/88), vereador e depois presidente do Samae com Adilson Luiz Schmitt, era o político da família. O Dr João o cérebro por detrás de tudo isso. Aliás, o PP deve muito ao Dr João. Na última composição que deu espaços incomuns ao partido no segundo mandato de Kleber Edson Wan Dall, MDB, lá estava o dedo e a “furia” do Dr. João pelo PP.
Permitiu que o sobrinho Luiz Carlos Spengler Filho até cedesse a vice-prefeitura – que Dr João cavou para Luiz Carlos- a Marcelo de Souza Brick, Patriota, para assim o grupo não ter concorrente continuar no poder, mas antes amarrou o parente, um agente de trânsito concursado, um ex-vereador sem brilho para ser secretário de Obras e Serviços Urbanos. E lá está. E mais, com o Dr. João e os demais, o PP apostou, ganhou e o MDB rival com Kleber cumpriram: para cada vereador eleito, uma secretaria de governo para o suplente mais bem votado (Assistência Social, Desenvolvimento Urbano, Turismo e Renda, bem como a de Agricultura e Aquicultura).
Para a cidade, o Dr. João fará falta. Como médico clínico geral não via classe social no seu consultório, tinha boa conversa e mais do que qualquer outro, auscultava e sabia o que acontecia entre nós. Na política, o PP deveria ficar preocupado. Também fará falta uma referência como o Dr. João, que os jovens, traíras e adversários não ousavam enfrentá-lo, porque sabiam que estariam perdendo a credibilidade perante a comunidade naquilo que espertamente armam usando púlpito, tribuna, entrevistas armadas, papelinhos, marquetagem amadora e muita rede social e que pelo visto não traduziu em votos nestas eleições. Acorda, Gaspar!
TRAPICHE
Pulga e cachorro magro combinam. O que o prefeito de fato, Ismael dos Santos, PSD, deputado estadual no apagar das luzes no seu mandato conseguiu na Assembleia Legislativa, pois venceu e será deputado Federal, conseguiu para o seu irmão Kleber Edson Wan Dall, MDB? Um papelinho nomeando comendador.
Perguntar não ofende: para que mesmo serve este título e este papelinho na vida de uma pessoa? Meu Deus!
Está virando chacota. De manhã o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, vai a um local para se promover na marquetagem fácil e dizer que está fazendo alguma coisa pela cidade e os cidadãos. De tarde, quem repete, de outro ângulo a mesma visita e a ladainha? O vice Marcelo de Souza Brick, Patriota.
Perguntar não ofende. O candidato do PT ao governo de Santa Catarina, Décio Neri de Lima, diz que fará o salário mínimo regional daqui ser o maior entre todos do estado. Primeiro, ele praticamente já é. Segundo quem mesmo paga salário mínimo hoje em Santa Catarina se não uma minoria nos empregos formais?
E Décio se diz querer vencer ao prometer algo que não fala para a massa – pois precisa de muitos votos para reverter a certa derrota – e que depende da aprovação da Assembleia. Impressionante errática demagogia.
A Universidade Federal de Santa Catarina ficou fechada devido a Covid por quase dois anos. Resistente. Agora, os alunos voltaram às aulas presenciais. No campus uma greve armada. E pela volta de Luiz Inácio Lula da Silva e Décio Neri de Lima, ambos do PT. Ou seja, nada mudou. O velho e o ranço continuam na pauta dessa gente que diz que vai mudar se eleita, mas não avança. E por isso, perdem. E para o pior.
2 comentários em “MORRE O DR JOÃO UMA REFERÊNCIA DE ALTRUÍSMO COMUNITÁRIO COMO MÉDICO. MORRE TAMBÉM UM DURO E SILENCIOSO ARTICULADOR POLÍTICO-CONSERVADOR”
Lamentável:
1) O passamento do Dr. João.
2) O continuísmo dos vermelhóides esquerdopatas.
Bom dia.
Política nas instituições de ensino só na disciplina de OSPB:
ORGANIZAÇÃO SOCIAL E POLÍTICA BRASILEIRA.
O MESMO SERVE PARA OS TEMPLOS DITOS DE ORAÇÕES.
LUGARES SAGRADOS NÃO DEVEM SER PROFANADOS.