Pesquisar
Close this search box.

SUSTO OU AVISOS? A NATUREZA MANDOU NOVOS RECADOS AOS POLÍTICOS, GESTORES PÚBLICOS, INVESTIDORES E A CIDADE

Já tinha o comentário finalizado desta segunda-feira, de reaparecimento do sol e com previsões de que a chuva ainda vai voltar, quando resolvi mudar e atualizá-lo para uma reflexão. 

Santa Catarina foi tomada a semana passada inteira por fortes chuvas e antecipadas pelos que cuidam da previsão meteorológica. Ou seja, quase todos sabiam no que podiam dar, mas ao mesmo tempo, não podiam evitar possíveis resultados imprevisíveis. De sábado para domingo chegou a vez de Gaspar, Ilhota, o Vale do Itajaí e o Litoral.

Por que mudei o comentário? 

Apenas para lembrar de que a ganância, a politicagem e a falta de conscientização dos nossos líderes está nos levando, silenciosamente, para a repetição de uma tragédia até então não bem conhecida, como a que aconteceu aqui em novembro de 2008. As mortes, as perdas e os estudos causaram medo e apreensão naqueles dias e meses subsequentes em Gaspar, Ilhota, Blumenau e arredores. Levantaram-se vozes na proteção coletiva, respeito às fragilidades ambientais e à severidade das anomalias e fenômenos climáticos por aqui. Mas, o tempo do esquecimento se encarregou de colocar tudo na conta do imprevisível, da irresponsabilidade dos agentes públicos e na suposta proteção divina. Meu Deus!

Em tão pouco tempo, o medo e a necessidade de cuidados protetivos ou de mitigação, foram trocados pelas negociações dos políticos em busca de votos, poder a qualquer preço e custo – inclusive de vidas -, apoiadores, falta de fiscalização continuada, afrouxamento da legislação, conivência e exposição ao perigo. Áreas de solo instável foram sendo devolvidos para expansão imobiliária, ocupações com adensamentos populacionais foram permitidos em áreas de alagamentos, drenagens feitas sem planejamento e sem resultados, sendo até que uma delas, a da Rua Frei Solano, foi dar em uma CPI na Câmara de Gaspar, por exemplo

Por anos afio e até há poucos dias, não tínhamos uma área de meio ambiente estruturada na prefeitura de Gaspar como é exigida pela atual legislação ambiental. É proposital. Desde 2008 foram 14 anos na penumbra. Até quatro anos atrás, não tínhamos sequer régua que media oficialmente o nível do Rio Itajaí aqui na cidade, bem como se conhecia o mapa de cotas que determinava quais ruas ou regiões que eram atingidas pelas enchentes do Rio, e tudo isso do lado de Blumenau e da Furb que já possuíam amplo domínio, conhecimento e tecnologia para tal.

Enchentes para nós, no fundo, hoje é um mal menor, se assim, pode-se afirmar. Há prevenção – ações e legislação. Há método. Há resiliência. As mudanças climáticas quer queiram ou não, acreditem, elas vieram para nos surprender e atazanar. Elas cada vez mais provocarão eventos severos como os 2008, tempestades tropicais que não se limitarão apenas ao litoral, mas este tipo de chuva em abundância e localizada, como aconteceu naquele ano e se ensaiou neste sábado para domingo nos espantarão, trarão prejuízos e até lagrimas. Então, é preciso, como foi nos casos das repetidas e então cada vez mais altas enchentes, preparar-se no que tange a proteção coletiva de regiões vulneráveis.

Por exemplo, se em 2008 foi uma surpresa ruim e desastrosa, o que aconteceu neste sábado e domingo, no mínimo serviria para mapear pontos de atenção no município. Eles deverão ser cada vez piores no que tange a deslizamentos e invasão de águas por falta ou insuficiente drenagem diante de tempestades cada vez mais intensas. Não adianta reclamar. É preciso agir. 

Aliás, o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, prometeu soluções antes da campanha, incluindo a contratação de uma empresa para estudar e propor soluções nas nossas microbacias urbanas que estão recebendo em suas casas não só água das chuvas, mas esgotos com fezes, pois por aqui misturaram os dois numa canalização só . Neste momento, um silêncio só.

O que estão comemorando agora nesta linha de esquecer os sustos e os avisos da natureza? 

A aprovação na terça-feira passada na Câmara em segunda votação o Projeto Lei Complementar número cinco. Ele reduziu a proteção das margens dos rios, ribeirões e nascentes para ocupações. Segundo os vereadores, no PLC foi que relatado pelo petista Dionísio Luiz Bertoldi, tudo foi feito para se trazer segurança jurídica aos munícipes e investidores na área imobiliária. Pode ser. Mas, na verdade, é para dar parâmetros à nova estrutura ambiental que a prefeitura foi obrigada a toque de caixa,  criar depois de enrolar por quase 20 anos.

E segundo o Ministério Público estadual, esta segurança jurídica ainda poderá ser questionada. Ou seja, se há suposta insegurança jurídica neste caso, beirando à possível inconstitucionalidade, a verdadeira insegurança está naquilo que a prefeitura não faz para mitigar os eventos severos climáticos, como a apresentação e execução de um plano de drenagens nas áreas que autoriza o adensamento urbano, ou as tentativas de liberar áreas que se moveram e técnicos já provaram serem elas perigosas para moradias e outras ocupações. Acorda, Gaspar!

TRAPICHE

E os bolsonaristas de Gaspar dizem sabem a razão pela qual podem estar perdendo a corrida para mais quatro anos no Palácio do Planalto. 

Em Gaspar, gente que foi da cúpula do PT – como o vereador Francisco Solano Anhaia e que está no MDB e chefe de Gabinete – bem como o vereador Francisco Hostins Júnior – que trabalhou para o ex-prefeito Pedro Celso Zuchi como secretário da Saúde e agora se mudou para lá, há pouco tempo no governo Kleber – foram à praça segurar a bandeira do PL e fazer vídeos de apoio a Jair Messias Bolsonaro e Jorginho Mello, ambos do PL.

A transferência de apoio nestes casos exige credibilidade e coerência. Não que eles não tenham em outras áreas. Porque politicamente, até agora, está claro que eles aprenderam a surfar ondas de oportunidades. E estão “cheirando” mais uma vez, o que pode vir com a adesão do ex-juiz da Lava Jato e senador pelo Paraná, Sérgio Moro e no governo de Jorginho Mello, PL. 

Aparentemente, Jorginho não terá concorrente – a não ser para ele próprio e que não exatamente um bolsonarista e sim também um surfista – no dia 30 de outubro. E Bolsonaro precisou da Lava Jato, mais uma vez, para tentar desatar o nó que não deixa ele subir nas pesquisas que estão sob ataques e descrédito nas últimas campanhas eleitorais.

Mais uma da minha preguiça nesta segunda-feira. Este texto abaixo é da leitura assídua da coluna, bem como veterana no acompanhamento das sessões da Câmara de Gaspar via internet, Odete Fantoni. Ela repetiu o que sempre escrevo e que ouço na observação de conhecidos meus. É um exemplo, de como os políticos estão ausentes dos verdadeiros problemas da cidade.

Sinceramente? Estou pelas tampas com essa gente que se apresenta pedindo votos para representar a população. Tudo um bando de ave de rapina na carniça. Tirando uns três do Legislativo Municipal, o resto está a serviço do Executivo, não do povo que os elegeu. Não querem se indispor com os caciques em prol da população. Comem, bebem e se esbaldam no nosso lombo e sem nenhum remorso ou constrangimento, nos viram as costas

E Odete prossegue. “Hoje [terça-feira passada] vieram cheios de discursos pela Educação do município. Plenário cheio. Deram aumento para os escolhidos para os postos de cabos eleitorais de 2024. Estão preparando o terreno. Alguma fala sobre consertos de telhados de escolas ou CDIs? Alguma posição sobre as vagas em período integral nas creches de Gaspar? Claro que não. A metade dos nobres membros da casa saíram cedo novamente”

Os discursos eram para aumentar os vencimentos dos diretores de escolas e CDI de Gaspar. E qual a desculpa dos vereadores, principalmente as ligadas à Educação? Para “melhorar a qualidade da educação às nossas crianças e jovens”. Meu Deus! Impressionante! Ou seja, possuem capacidade, mas sonegam no tamanho do salário que recebem e contra o futuro das nossas crianças? Aliás o Ideb de antes da pandemia mostrou bem isso. O após, está sob discussão no método aplicado.

E o tal auditório da Câmara cheio mencionado por Odete era dos tais beneficiários. Na mesma sessão, com coragem, o vereador Alexandro Burnier, PL, explicou à razão da presença e a fúria deles. 

O Projeto de Lei veio do prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, para a Câmara, na mesma toada de sente: em regime de urgência. E andou mais rápido do que o normal, o surpreendeu Alexsandro e ele, como “fiscal” do povo e ao Executivo, ou seja, exercer no legítimo papel de um vereador, pediu vistas. Era, segundo ele, para olhar melhor do que se tratava. 

Pronto, Alexsandro recebeu até telefonema malcriado, constrangendo-o, questionando a suposta contrariedade do vereador ao Projeto. Quem estava do outro lado da linha? Um diretor, beneficiários do Projeto, como relatou o vereador na tribuna. 

Ou seja, estava a explícita a tal melhoria de qualidade que agora vai deslanchar no ensino público municipal de com o aumento retroativo ao dia primeiro de outubro que a lei aprovada vai dar. A sessão durou menos de uma hora e 15 minutos. Alguns vereadores, certamente exaustos da campanha, ou envergonhados nos votos que conseguiram, saíram cedo. Mas só depois de aprovar o tal projeto e fazerem discursos para a distinta plateia e que os aplaudia. Acorda, Gaspar!

Compartilhe esse post:

Facebook
Twitter
WhatsApp
Telegram
LinkedIn
Email

2 comentários em “SUSTO OU AVISOS? A NATUREZA MANDOU NOVOS RECADOS AOS POLÍTICOS, GESTORES PÚBLICOS, INVESTIDORES E A CIDADE”

  1. Miguel José Teixeira

    Lula “siborrô”!
    Do debate de ontem, tomei como termômetro as expressões faciais da “janja boca de garoupa” e da “lambisgóia presidentA PeTralha”. Ambas de branco (à pedido da traíra do PanTanal), não conseguiram dissimular e esboçar um sorriso após o seu término. Ou seja não “encaixaram” os golpes que o belzebu de Garanhuns levou do capitão zero zero. A presença do Moro foi imPacTante!

  2. Está em pleno vigor um fla flu nas redes sociais de quem ganhou o debate de ontem. Na mídia tradicional, a tendência, como se esperaria, é pró-Lula. Mas, esta mesma imprensa sentiu que Lula não foi bem. Afinal, ele é um manchado. E talhado para Bolsonaro ganhar. Mas, ele fez tanta barbeiragem que o feitiço estava contra o feiticeiro. Ontem, deram uma temperada na fórmula do feitiço. Só as pesquisas da semana podem sinalizar o que aconteceu ontem e como a baixaria que dominou os aplicativos de mensagens e as redes sociais podem influenciar a favor ou contra, para um ou outro candidato.

    SEM ACUAR BOLSONARO, LULA DESPERDIÇA A VANTAGEM, por Maria Cristina Fernandes, no jornal Valor Econômico

    Dificilmente um momento da campanha poderia sintetizar melhor a campanha do que o debate da Band. O presidente Jair Bolsonaro saiu de uma situação de desvantagem, acuado que estava pela abordagem às adolescentes venezuelanas, para pautar a corrupção como eixo. Já o ex-presidente Luiz Inácio da Silva, que tem uma vantagem de seis milhões de votos e agregou a mais ampla frente de apoio já obtida por um candidato em segundo turno, gastou tempo demais para se defender e propagar seu governo demonstrando pouca agilidade para explorar as vulnerabilidades da atual gestão.

    Contribuiu para o desempenho de Bolsonaro a decisão do presidente do TSE, Alexandre de Moraes, que mandou suspender a veiculação do vídeo em que o presidente da República diz ter “pintado um clima” com as adolescentes. Moraes foi o ministro com quem Bolsonaro mais antagonizou até hoje, chamando-o de “canalha”. Ao mencionar o episódio, Lula excedeu-se na ironia, que é pouco clara para quem o assiste. A decisão de Moraes não o impediria de perguntar por que Bolsonaro, se constatou a prostituição de adolescentes, não tomou qualquer providência. Mas Lula não o fez.

    Acuado pela exploração que Bolsonaro fez do “petrolão”, Lula bateu na tecla da corrupção que poderia ter sido punida sem quebrar a empresa sem mencionar a parcialidade do juiz do caso. Demorou-se tanto em se defender e em listar todos os feitos da Petrobras sob seu governo que deixou cinco minutos livres para Bolsonaro repisar os velhos temas das ditaduras latino-americanas e da ideologia de gênero.

    Foi na exploração dos problemas do governo e não na louvação de sua gestão que Lula teve seus melhores momentos como na pergunta sobre a quantidade de universidades e escolas técnicas criadas por este governo. Como o presidente não respondesse, ele deu a resposta: apenas uma, no Tocantins, que havia sido aprovada no governo Dilma Rousseff.

    Bolsonaro logo deu o troco ao perguntar a Lula por que ele não havia transferido Marcos Herbas Camacho, o Marcola, de um presidio paulista para um federal, que associou à morte de policiais em 2006, quando São Paulo era governado por Geraldo Alckmin. Foi a deixa para a associação de Bolsonaro com o crime organizado.

    Lula até reagiu defendendo os moradores das comunidades que visitou da pecha de traficantes e dizendo que quem entende de crime organizado é Bolsonaro. Ao citar a morte da ex-vereadora Marielle Franco, porém, o petista não explica a vinculação. Pressupõe que o telespectador a faz quando, na verdade, não tem elementos para isso. Aquilo que lhe parece óbvio para o eleitor não é.

    Lula explorou bem a incúria bolsonarista na pandemia, mas deixou correr solta a denúncia contra o consórcio Nordeste quando é sobre o governo federal que se acumulam os indícios de corrupção. E, finalmente, o petista deixou de explorar os erros de Bolsonaro na guerra religiosa, outro campo em que teria vantagem pelo uso desmedido feito pelo presidente em eventos como o Círio de Nazaré e o feriado de Nossa Senhora de Aparecida e pela agressividade de seus seguidores nesta ocasião.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Não é permitido essa ação.