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ANOTAÇÕES DE MIGUEL TEIXEIRA CXI

26 comentários em “ANOTAÇÕES DE MIGUEL TEIXEIRA CXI”

  1. Miguel José Teixeira

    Dois PeTardos contra o “general eleitoral” disparados pelo Amauri Segalla em Mercado S/A., CB, 12/09/22:

    1) Governo corta investimentos em infraestrutura
    O orçamento do governo para 2023 traz um dado alarmante. Segundo o texto enviado ao Congresso Nacional no último dia 31, serão destinados apenas R$ 4,7 bilhões para infraestrutura.

    Sob qualquer ângulo que se olhe, trata-se de um valor insignificante. Para se ter ideia, o número equivale a apenas 0,21% do PIB brasileiro. Na China e na Índia, o índice está por volta de 6%. Nos Estados Unidos, a média da última década ficou em 2,5%. O Brasil investe menos em infraestrutura até do que vizinhos sul-americanos, como Colômbia e Chile.

    Para dar um salto um competitividade e eliminar as deficiências do país, os aportes — incluindo os públicos e privados — deveriam chegar a 5% do PIB, conforme cálculos de especialistas. Como se vê, isso está longe de ocorrer.

    No Brasil, a máquina pública gasta dinheiro demais na área administrativa, e isso, por si só, deveria justificar uma ampla reforma.

    Os políticos, contudo, não parecem interessados em encarar a questão.

    2) A independência financeira
    Ou seja, não depender de um emprego para viver bem e honrar as contas do dia a adia — é um sonho distante para a maioria esmagadora dos brasileiros.

    De acordo com levantamento realizado pelo Banco Mundial, apenas 1% da população do país enquadra-se nessa condição.

    (Fonte: http://impresso.correioweb.com.br/app/noticia/cadernos/economia/2022/09/12/interna_economia,373434/mercado-s-a.shtml)

  2. Miguel José Teixeira

    “Especialista alerta que o crescimento atual do país é temporário e artificial, pois o Brasil não tem dinamismo na economia”

    Para degustar como se fossem drops de anis

    Entrevista: Monica de Bolle, Economista e Escritora
    (Correio Braziliense, 12/09/22)

    Mundo caminha para um ciclo estagflacionário

    Pesquisadora sênior do Peterson Institute for International Economics (PIIE), conceituado think tank norte-americano, em Washington, a economista e escritora Monica de Bolle considera crítico o quadro da economia brasileira e alerta que o Brasil não está imune ao processo de estagflação em curso nas maiores economias do planeta.

    Estagflação é o pior dos mundos em termos econômicos: não há crescimento, os preços continuam subindo e o desemprego aumenta. O momento atual no país, de um pouco de crescimento e de inflação perdendo força — que vem sendo utilizado na campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) — é temporário. A especialista ressalta que o país está em um timing diferente do resto do mundo. “O descolamento é temporário. Ele nunca é permanente, porque o Brasil não está em Marte”, resume.

    A analista prevê que, ainda no começo de 2023, o país vai mergulhar no processo de estagflação global e os efeitos por aqui podem ser muito piores, porque a economia não é dinâmica, além de estar desorganizada. Monica analisa que, em grande parte, esse desarranjo é culpa do atual governo que, para vencer as eleições a qualquer custo, está criando bombas fiscais insustentáveis. “O Brasil está crescendo artificialmente. É como se fosse um paciente sobrevivendo à base de ventilação, cheio de tubo”, ressalta. Por isso, o discurso otimista do governo é “de palanque”.
    A seguir, os principais trechos da entrevista de Monica de Bolle concedida ao Correio:

    A economia internacional está com um cenário de inflação elevada e desaceleração. Como a senhora avalia a conjuntura?
    Está muito complicada, porque há um choque de oferta no mundo de extrema relevância, que é a guerra na Ucrânia e a resposta dos países em relação ao petróleo e ao gás natural russo. O momento é complicado para a Europa em termos de crescimento e de inflação, por conta do que está acontecendo. Antes da guerra na Ucrânia, já havia vários outros choques temporários de oferta relacionados com a pandemia. Mas, esse sim, é grande e permanente. Eu diria que é equiparável, pelo menos, ao primeiro choque do petróleo nos anos 1970, em termos de impacto no mundo. E ainda tem outras sequelas e outros choques acontecendo em parte relevante da economia mundial. A China, por exemplo, com a política de covid zero, com os lockdowns, proporciona choques de oferta junto à guerra. Para a economia mundial, esse cenário é meio estagflacionário. Você reduz o crescimento e tem que conviver com inflação mais elevada, que não responde muito à política monetária tradicional, porque é um choque de oferta. Os bancos centrais ficam numa espécie de sinuca de bico, porque eles vão elevar as taxas de juros, sim, pois existem efeitos de segunda ordem que precisam ser contidos, para não enraizar a inflação.

    Mas a senhora acha que esse problema tende a durar enquanto houver a guerra na Ucrânia?
    Acaba indo além da guerra, porque suponhamos que nos próximos meses, mesmo se a Ucrânia ganhar a guerra, ganha, entre aspas, tendo perdido, porque boa parte do país foi destruída. E, por outro lado, a Rússia continua sendo pária internacional. Esse quadro de aumento dos preços de energia continuará a valer, não desaparece de uma hora para outra só porque a guerra acabou. Portanto, haverá a convivência prolongada com um cenário meio estagflacionário para o mundo. Esse é o pior dos mundos em termos políticos e de política econômica, porque não tem muito bem como se responder.

    Esse problema pode se estender por 2023 e 2024? Como o mundo sairá desse cenário?
    Certamente se estende por 2023 e pode se estender por 2024. É difícil de dizer, porque depende de como os países vão reagir e se haverá mecanismos de compensação via suprimentos de energia renovável. Mas muito provavelmente, você ainda tem alguma estagflação em 2024. É, sim, um cenário longo.

    Aqui no Brasil o governo fala que o país está decolando e descolado do mundo. Não é um tanto contraditório?
    O Brasil, no momento, está crescendo. Mas é um caso à parte, porque está em um ciclo eleitoral e houve essas tentativas — não tenho outra palavra — de comprar os eleitores. Esses benefícios acabam sendo um estímulo de curto prazo para a economia. Nada disso é sustentável. No fim das contas, você consegue isolar o Brasil por alguns meses, mas não para sempre.

    Qual custo podemos esperar das consequências desse pacote de medidas no futuro?
    Isso tem um custo alto. O ciclo estagflacionário que está acontecendo agora no mundo ainda não ocorre no Brasil. Essa falta de sincronia entre o Brasil e o ciclo da economia global como um todo é normal. As coisas, na economia, nunca estão em sincronia perfeita. Vai afetar o Brasil de uma forma muito mais complicada. É difícil para todos, até quando há espaço fiscal e dinamismo econômico necessários, como é o caso dos Estados Unidos. A economia norte-americana é dinâmica e não tem o problema energético da Europa. No Brasil, não é assim, não é uma economia com dinamismo e já não era antes do Bolsonaro. É um país que tem uma dependência muito grande da economia global, de modo geral, e isso é algo que tem repercussões positivas e negativas. O Brasil também atravessará uma situação de estagflação. Se o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) tem dificuldade para lidar com o cenário estagflacionário, imagina o Banco Central brasileiro.

    Na época da Dilma, o cenário era parecido e o país tinha risco de entrar no processo de dominância fiscal. Os juros estão quase no mesmo patamar daquele período. Esse cenário é possível, agora, depois de tantas medidas fiscais e promessas do governo?
    Claro que pode, porque tem muita coisa fora do lugar. A economia brasileira está completamente desorganizada graças ao Paulo Guedes. Esse quadro pode, num cenário estagflacionário, acabar resultando em coisas deletérias. O que me preocupa mais é o Brasil não ter como articular uma política econômica nesse cenário global, porque a política monetária tem seus limites em termos de contenção inflacionária. É muito complicado conseguir ter um conjunto de políticas racionais e que sejam eficazes nesse contexto. No governo Dilma Rousseff (PT), também houve um choque externo importante, com um quadro da Europa em crise. Existem paralelos, mas tem uma diferença fundamental, que é a polarização política atual. Nesse cenário, a estagflação será um problema grave, não só para formuladores de política econômica, mas para os sistemas políticos. No cenário de estagflação, a política é capaz de fazer muito pouco. E isso, em um lugar como o Brasil, tende a ser ainda pior.

    Na campanha, todos os candidatos falam sobre a necessidade de um novo arcabouço fiscal. O teto de gastos está no chão. O Banco Central não vai conseguir baixar os juros tão cedo. E que cenário será esse?
    O teto de gastos já caiu e sabemos disso há algum tempo, era inevitável. Dado o volume de herança na área fiscal, não tem espaço para uma regra completamente rígida. O principal problema foi a maneira como ele foi implementado no Brasil, com rigidez extrema, que ia implodir. O teto perdeu credibilidade no momento em que o desenho dele ficou ruim. Agora não dá para colocar no lugar do teto um outro teto. Em termos de regras fiscais, o país precisa ter certo dinamismo, porque as coisas mudam e o arcabouço fiscal tem que acompanhar. O que parece dar certo, em termos de experiência internacional, são regras mais flexíveis e que tenham compatibilidade com ciclo econômico pelo qual o país está passando.

    O atual governo teria credibilidade para mudar esse arcabouço?
    Nem o atual governo, nem qualquer outro. A sociedade brasileira não está mais disposta a tolerar nada. Fica difícil você ver, a curto prazo, alguém propondo corte e controle de gastos. Por outro lado, você tem um problema imenso dentro do Congresso Nacional. O Congresso que vai sair das eleições deste ano será mais ou menos o mesmo. É um parlamento que está feliz em ficar recebendo dinheiro do Bolsonaro, e vai exigir isso de qualquer outro presidente. Isso também não é sustentável. Eu não quero soar apocalíptica, mas acho que, se a gente pensa, hoje, que o país está ingovernável, a tendência é que fique mais ainda, seja quem for que ganhe as eleições.

    Olhando para as propostas de governo dos candidatos à Presidência, tem alguma solução?
    Ninguém propõe solução, esse é o principal problema. Os programas de governo sempre tendem a ignorar a economia externa e como isso vai impactar o Brasil. Nenhum plano de governo faz isso com esse tipo de lente. Os economistas brasileiros que estão eternamente no Brasil desde a década de 1990 não fazem parte do debate internacional. Estão completamente por fora. Todos os programas de governo têm problemas graves. Alguns têm uma ou outra proposta exequível, mas nenhum deles vai resolver a magnitude dos problemas que o Brasil vai enfrentar, para além dos que já tem.

    Mas o que mais chama a atenção de propostas extremamente inexequíveis?
    Todas elas são fantasiosas e incompletas. Eu não chamaria as propostas necessariamente de absurdas. O problema é que não levam em consideração o que significa o Brasil inserido no planeta Terra. O mundo passou por uma pandemia e está extraordinariamente diferente do que era nas últimas eleições. Há uma imensa descontinuidade que não é levada em consideração. Não dá para querer pensar com diretrizes parecidas com o que pensava em 2018, porque o mundo simplesmente mudou.

    E como inserir o Brasil nesse novo mundo? Como evitar que continue ficando fora das novas mudanças do cenário internacional?
    O mais importante, nesse contexto, é que os futuros formuladores de política econômica pensem e reflitam não só sobre o que é importante para o Brasil internamente, mas como a inserção no mundo é afetada por choques em profusão na economia mundial. Falta esse olhar de que, mal ou bem, o Brasil pertence ao mundo e o que acontece no país, em termos de política econômica, depende do que está acontecendo lá fora. Agora, o Brasil está crescendo artificialmente. É como se fosse um paciente sobrevivendo à base de ventilação, cheio de tubo. Esse crescimento e esse aumento do emprego estão diretamente relacionados com o ciclo eleitoral e com a intenção do governo de ganhar as eleições custe o que custar. Naturalmente, os problemas se manifestam depois. A gente consegue enxergar isso, mas convencer a população, em geral, é uma tarefa quase que impossível.

    O governo tem um discurso otimista. Afirma que o Brasil retomou em V, está descolado dos outros países e que a economia vai bombar…
    O descolamento é temporário. Ele nunca é permanente, porque o Brasil não está em Marte. O Brasil está na Terra. O país só teria um descolamento permanente se o Brasil estivesse em outro planeta, mas não está. Não é conveniente para o governo falar sobre os problemas que vão vir pela frente, porque é um momento de eleição. O discurso econômico é um discurso político. Não é um discurso técnico a respeito do que está acontecendo. É um palanque.

    Um dos argumentos é a diminuição da relação dívida-PIB devido à inflação. Mas tem um monte de precatórios debaixo do tapete…
    Esse argumento da dívida-PIB diminuindo por causa da inflação a população em geral não consegue compreender. Esse é um efeito alheio para qualquer pessoa comum. Nisso você cai no problema de comunicação. O importante é comunicar que tem várias coisas plantadas que vão estourar no ano que vem. É importante dizer que o cenário é inflacionário, independentemente do que faça o Banco Central. As pessoas precisam estar preparadas para isso. A tendência é o crescimento do Brasil diminuir. Como ninguém fala, o discurso do governo prevalece. Mas as pessoas não se convencem necessariamente com isso porque estão vendo a inflação comer o salário.

    (Fonte: http://impresso.correioweb.com.br/cadernos/economia/capa_economia/)

  3. Miguel José Teixeira

    “. . .a coleção Melhores Crônicas de Luís Martins, que ao longo de 32 anos escreveu mais de sete mil textos do gênero n’O Estado de São Paulo.”. . .

    “Os caprichos do assunto”
    (Por Mariana Niederauer, Crônica da Cidade, CB, 12/09/22)

    As crônicas se escrevem em ciclos. Geralmente, há certos gatilhos que nos ajudam a encontrar inspiração para este ou aquele texto. Numa reportagem, é a apuração, a fala de um personagem. Na crônica, pode ser um fato cotidiano, uma paisagem vista pela janela, uma memória, um acontecimento marcante, entre tantas outras possibilidades.

    Às vezes, nas minhas, exploro uma certa metalinguagem, falando das características do gênero ou, justamente como agora, contando um pouco sobre o processo criativo. Nada disso é inovador, obviamente, e muitos cronistas exploram ou exploraram essa maneira de se fazer, mas penso que ainda assim pode ser interessante compartilhar com o leitor um pouco desse “bastidor”. Talvez não seja tão interessante quanto entrar no camarim do seu ídolo, mas pode revelar algumas curiosidades que levantem um sorriso no canto do lábio.

    Recebi de presente do amigo cronista Danilo Gomes a coleção Melhores Crônicas de Luís Martins, que ao longo de 32 anos escreveu mais de sete mil textos do gênero n’O Estado de São Paulo. E foi revigorante notar alguns desafios comuns no ofício, apesar de, no meu caso, a escrita ser semanal apenas.

    Respondendo a um jornalista que criticava colegas de profissão dele, por exemplo, Martins escreveu: “Em primeiro lugar, a crônica é, em geral, pela própria natureza, uma conversa amena, que não necessita ser profunda, senão agradável. Uma crônica não é um artigo, e muito menos um tratado; pode ser uma simples variação graciosa sobre um tema insignificante, espécie de displicente comentário, às vezes até com certos laivos poéticos, tecido à margem do quotidiano”.

    Um dos capítulos do livro é inteiramente dedicado às crônicas que falam de… crônicas. E noutra ele segue discorrendo sobre um tema que atormenta a todo cronista em algum momento da carreira: a falta de assunto. Dessa vez, respondendo a um leitor, dispara, num texto publicado em 1960: “Não costumo discutir com os leitores, razão pela qual abaixo as orelhas, recolhendo-me à minha reconhecida insignificância. O senhor tem toda a razão.
    Apenas, se me permite, ouso objetar — não em meu nome, mas falando aliás sem procuração, em nome dos assuntos — que estes são exigentes e caprichosos e, na maioria das vezes, por mais que faça o cronista, recusam-se a colaborar na crônica, para a qual, ou por modéstia ou por vaidade, não se julguem adequados”.

    E continua, num parágrafo tão grande quanto a sua vontade de esclarecer a importância da questão e explicar a inocência do cronista no processo: “Em outras palavras: o assunto nega-se terminantemente a ser explorado pelo cronista, alegando que pertence ao noticiário, mas não à crônica. E que, ou o sujeito é capaz de fazer de uma borboleta amarela ou de uma amendoeira sem folhas grande crônica (sendo a falta de assunto o verdadeiro assunto do cronista) — ou então que desista do ofício e vá plantar bananas em Brasília ou batatas na ilha do Bananal”.

    Como já vou ficando sem espaço e são outros tantos trechos interessantes e de leveza poética a navegar pelas crônicas do autor carioca, deixo essa provocação bem-humorada que, quem sabe, poderá também alegrar a sua segunda-feira: “É duro para o aprendiz de cronista, ou cronista menor, mas é assim realmente, com essa desabusada franqueza, que lhe fala o esquivo, o fugidio, o incaptável assunto. Disto mesmo — isto é, desta falta de assunto – poderia um grande cronista fazer uma grande ou pequena crônica. Mas eu, como não sou grande – e estou hoje completamente desassuntado —, meto ponto-final nesta conversa desistindo de escrever a crônica”.

    (Fonte: http://impresso.correioweb.com.br/app/noticia/cadernos/cidades/2022/09/12/interna_cidades,373419/cronica-da-cidade.shtml)

  4. Miguel José Teixeira

    Você sabia?

    Brasília no Bicentenário
    A transferência da capital do Brasil foi vislumbrada em 1823, um ano após a nossa independência de Portugal. Na abertura da primeira sessão preparatória da Assembleia Geral Constituinte e Legislativa do Império, José Bonifácio de Andrada e Silva sugeriu que uma nova capital fosse construída na região central do país, para não correr riscos de sofrer invasões dos corsários franceses. O patriarca da independência até sugeriu dois nomes para a capital: Petrópolis e Brasília. Ideia transformada em realidade, 137 anos depois, por JK.

    (Fonte: http://impresso.correioweb.com.br/app/noticia/cadernos/cidades/2022/09/12/interna_cidades,373401/tome-nota.shtml)

  5. Miguel José Teixeira

    . . .”Médico urologista de origem humilde, Juscelino ocupou importantes cargos políticos, até chegar à Presidência da República em 1956, com seu ousado plano de metas conhecido como 50 anos em cinco. Sua memória é preservada por amigos e familiares.”. . .

    “Os 120 anos de JK”
    (Caderno Brasil, CB, 12/09/22)

    Com um elegante terno risca de giz, destaque da moda masculina nos anos 1950, o então governador de Minas e ex-prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek de Oliveira (1902-1976), olha para o futuro com serenidade, tendo como moldura e retaguarda a Serra do Curral, símbolo da capital mineira. Na mesma década, seria eleito presidente do Brasil e responsável pela construção de Brasília, cujo embrião foi a Pampulha, conforme atestou o arquiteto modernista Oscar Niemeyer (1907-2012), que trabalhou em ambos os projetos de reconhecimento internacional.
    Retratos em preto e branco mostram momentos na vida do mineiro de Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, que, se estivesse vivo, completaria 120 anos hoje. “Juscelino é o homem que criou Brasília, trouxe a indústria automobilística para o país e foi o responsável pela implantação das usinas hidrelétricas de Furnas e Três Marias. Seu plano de metas, para melhorar a infraestrutura brasileira, era ‘50 anos em cinco’, mas, infelizmente, não é lembrado como deveria”, diz o diretor-presidente do museu e memorial Casa de Juscelino, em Diamantina, Serafim Jardim, de 87 anos, enaltecendo a imagem do grande amigo e lamentando a injustiça do tempo. “JK foi o menino Nonô, humilde, que só colocou sapato aos 12 anos de idade.”

    Com as melhores recordações de JK, Serafim destaca cinco pontos que o conterrâneo considerava importantes. “Em primeiro lugar, a leitura. Depois, os três anos que estudou no seminário de Diamantina e o concurso que prestou, passando em 19º lugar, para trabalhar como telegrafista, o que lhe permitia estudar.” Na sequência, vieram o ingresso na Escola de Medicina (hoje Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais/UFMG), onde se formou em 1927, e a ida para Paris, França, a fim de se especializar em urologia.

    “Para viajar, Juscelino vendeu o carro que possuía e juntou mais dinheiro, que ganhou trabalhando. Foi para a Europa no início de 1930 e voltou no fim daquele ano, tendo a oportunidade de conhecer vários países, incluindo a República Tcheca, de onde vieram os antepassados. Teve a oportunidade de comemorar seus 28 anos em Praga. Depois, visitou o Oriente Médio”, conta Serafim.

    Em 1931, Juscelino casou-se com Sarah Kubitschek (1908-1996), e o casal teve a filha Márcia (1943-2000) e, mais tarde, adotaram Maria Estela. “Estamos aí eu e Maria Estela para manter cada vez mais viva a imagem de JK”, avisa o diretor da Casa de Juscelino, que tem programação especial para lembrar os 120 anos de nascimento do ex-presidente do Brasil (1956-1961), ex-governador de Minas (1951-1955) e ex-prefeito de Belo Horizonte (1940-1945).

    Para falar sobre JK, são necessários “um dia e uma noite”, diz Serafim Jardim, que resume um pouco da história na frase do seu primo, o jornalista Celius Aulicus Gomes Jardim, que trabalhou no jornal Estado de Minas: “Juscelino, o diamantinense, que venceu sem deixar vencidos. Lutou sem deixar adversários. Combateu sem deixar inimigos. Sofreu sem arquitetar vinganças. E morreu sem legar ódios”.

    Medicina e política
    Com especialização em urologia, Juscelino abriu um amplo consultório no Edifício Ibaté, na Rua São Paulo, no Centro de Belo Horizonte, considerado o primeiro arranha-céu da cidade. Mas, nomeado médico da Polícia Militar, seguiu para Passa Quatro, no Sul de Minas, para atuar na Revolução de 1932, quando conheceu Benedito Valadares (1892-1973), que seria governador de Minas de 1933 a 1945 e de quem foi chefe de gabinete.

    Assim, houve o aceno da política ao jovem médico. Em 1934, o diamantinense foi eleito deputado federal, depois nomeado prefeito da capital mineira e novamente deputado. Após passar pelos palácios da Liberdade, em Minas, e da Alvorada, em Brasília, elegeu-se senador por Goiás (de 1961 a 1964).
    Com o golpe militar de 1964, JK conheceu o exílio na Europa e nos Estados Unidos. “Em 4 de outubro de 1965, retornou ao país com dona Sarah e passou 36 dias no Brasil. Voltou dois anos depois dizendo que só sairia daqui morto. Ficou, mas foi preso em 13 de dezembro de 1968, data do Ato Institucional número 5, o AI-5”, recorda-se Serafim Jardim, com tristeza.

    “Um mês antes de morrer em acidente automobilístico na Rodovia Presidente Dutra, em Resende (RJ), em 22 de agosto de 1976, Juscelino me disse que viria a Contagem (Região Metropolitana de Belo Horizonte) para uma homenagem à memória do seu pai, João César de Oliveira, que dá nome à principal avenida do município. Infelizmente, não deu tempo.”

    Consultório
    Aos 93 anos e demonstrando grande paixão pela vida, o médico urologista Odilon Lobato segue todo final de semana de Belo Horizonte, onde mora, para a cidade natal, Pompéu, na Região Centro-Oeste de Minas. Com memória de fazer inveja a muita gente, Odilon conta que conheceu Juscelino ao estudar medicina. “Quando entrei na faculdade, ele tinha saído há mais tempo”, explica. “Era extremamente humano, exercia a medicina com muita competência, com o objetivo de servir. Urologista e clínico geral, operava bem e, na Santa Casa, onde trabalhava, dava preferência ao atendimento aos mais pobres.”

    Depois que Juscelino deixou o consultório no Edifício Ibaté, esse ficou com seu cunhado, Júlio Soares. Odilon Lobato foi trabalhar lá e depois adquiriu o mobiliário. Décadas mais tarde, as peças foram doadas e podem ser vistas no Centro de Memória da Medicina (Cememor) da Faculdade de Medicina da UFMG (na Região Hospitalar, em BH) e como parte do acervo do Instituto Histórico e Geográfico de Pompéu, na região centro-oeste, a 164 quilômetros de BH. Odilon, que foi deputado estadual, tem se lembrado ainda mais do médico e político nas páginas do livro Juscelino Kubitschek, O médico, escrito por Fernando Araújo, já falecido.

    Memória
    “Fico feliz com o grande número de visitantes que recebemos, em torno de mil pessoas por mês. Muitos são jovens e se interessam pela vida e obra de JK”, diz Serafim. “JK nasceu na Rua Direita, 106, e morou na casa que hoje leva seu nome dos 3 anos aos 19. Preservar a casa é mais do que uma missão, pois, 13 dias antes de morrer, JK me pediu que comprasse o imóvel, então em poder de uma família, e zelasse por ele”, diz o diretor-presidente. O visitante pode ver o pequeno quarto onde JK dormia na infância.

    No anexo, nos fundos, construído em 1994, está o primeiro consultório de JK. Num canto, um aparelho de anestesia, de 1930, doado por um particular de São Paulo; no outro, o equipamento para eletrocardiograma, do mesmo ano; e, pendurado, um jaleco branco. Na sala ao lado, estudantes e pesquisadores têm espaço para estudar em obras doadas pela ex-primeira-dama.

    (Fonte: http://impresso.correioweb.com.br/cadernos/brasil/capa_brasil/)

    Será que o Brasil não produz mais Homens Públicos assim?

    Pois é. . . em terra de cegos, quem tem um olho eles mandam matá-lo!

    “Eles” quem, Matutildo?

  6. Miguel José Teixeira

    . . .”Este é o Brasil que temos. Antes de mudá-lo, precisamos reconhecê-lo e aceitá-lo como ele é. Este sempre será o primeiro passo se quisermos transformá-lo”. . .

    “O Brasil não é mais o mesmo”
    (Por Roberto Brant, Política, CB, 12/09/22)

    Faltando três semanas para o primeiro turno das eleições, deixando um pouco de lado a dança das pesquisas, podemos perceber que mudanças importantes estão tomando corpo na nossa realidade política. Embora a disputa, como quase sempre ocorre, esteja polarizada entre personalidades, é muito difícil compreender o que estamos vivendo se nos ativermos apenas aos perfis dos personagens. Estas eleições transcendem, em muito, a estreiteza dos dois candidatos principais.

    As manifestações do dia 7 de setembro foram impressionantes em termos de espontaneidade e mobilização. Não me lembro de ter visto antes tanta gente na Esplanada. Em São Paulo, na Avenida Paulista, a quantidade de gente reunida foi tão grande quanto a dos maiores eventos políticos já realizados. No Rio de Janeiro, a mesma coisa. Podemos discutir indefinidamente se os eventos foram apropriados para a data, mas o fato político, que não se pode questionar honestamente, é que Bolsonaro é capaz de mobilizar mais gente do que qualquer outro político brasileiro neste momento atual.

    As nossas eleições, para dizer a verdade, foram sempre um pouco frias em termos de participação popular. Nunca testemunhei grandes concentrações espontâneas ou comícios que chamassem a atenção. Na verdade, nunca conhecemos eleições duramente polarizadas em que vencer era uma questão existencial, a ponto de cada eleitor se tornar um ativista ou um militante.

    Os atos de 7 de setembro revelam a emergência de um sólido movimento conservador, organizado e militante, de abrangência nacional, que se apoia na figura de Bolsonaro, mas não se resume a ele e certamente poderá sobreviver a ele. O que isto tem de importância para o futuro do país é que este movimento não pode ser simplesmente derrotado porque ele reflete realidades humanas e sociais que não se apagam com uma derrota, ou com uma vitória eleitoral. A pluralidade democrática determina que este movimento, aspirações e interesses, sejam assimilados e reconhecidos nas políticas de Estado e de governo, sob pena de nos tornarmos uma sociedade dividida e um país paralisado.

    Em contraposição à emergência conservadora, é difícil não admitir que as chamadas forças progressistas perderam muito do apelo que tiveram no passado. O próprio PT é hoje muito menor do que o Lula. A levar em conta as pesquisas de opinião, o PT está encolhendo em todo o país e está presente nas eleições para governador em pouquíssimos estados, na maioria deles relegado a segundo plano. Até onde se pode ver, a candidatura favorita de Lula, apesar da vantagem clara nas pesquisas, não tem grande poder de mobilização popular, parecendo encarnar hoje uma espécie de maioria silenciosa, exatamente o contrário do que sempre foi. Em grande medida, ele é o único recurso para derrotar Bolsonaro, um instrumento de defesa, não um projeto de futuro.

    Se este quadro é verdadeiro, o que temos pela frente é um grande desafio. Está ficando claro que o sistema partidário ruiu inteiramente e já não realiza minimamente a mediação política entre a sociedade e o Estado. Um sistema político numa sociedade complexa e cheia de carências não pode se apoiar apenas em personalidades que, por natureza, são efêmeras. Os movimentos, por sua vez, não são substitutos perfeitos dos partidos políticos, porque carecem da organização e da estrutura que são necessárias para a ação política permanente. E as maiorias silenciosas não têm estrutura ou comando para assegurar seu protagonismo.

    Continuo convencido de que estamos diante de duas escolhas insatisfatórias. Nenhuma delas reúne as condições para liderar nosso país para a mudança e o progresso. A política está dividida hoje em lados que não se reconhecem e que, portanto, não podem cooperar entre si.

    Nada disto, no entanto, é destino. A história é contingente e tudo pode mudar. Este é o Brasil que temos. Antes de mudá-lo, precisamos reconhecê-lo e aceitá-lo como ele é. Este sempre será o primeiro passo se quisermos transformá-lo.

    (Fonte: http://impresso.correioweb.com.br/app/noticia/cadernos/politica/2022/09/12/interna_politica,373408/roberto-brant.shtml)

    E o piNçador Matutildo, piNçou:

    “Continuo convencido de que estamos diante de duas escolhas insatisfatórias.”

  7. Miguel José Teixeira

    De volta à caverna para ver o mundo pelas imagens refletidas na parede!

    “Marina Silva fecha apoio a Lula em encontro após anos de rompimento”
    . . .
    “A ex-ministra rachou definitivamente com o PT durante a disputa eleitoral de 2014 após as investidas das propagandas da campanha de Dilma Rousseff (PT) contra ela. Fora do segundo turno, apoiou Aécio Neves (PSDB) e cortou de vez os laços com o governo.”
    . . .
    (+em: https://noticias.uol.com.br/eleicoes/2022/09/11/lula-marina-silva-encontro-apoio-candidatura.htm)

    A tartaruguinha que perdeu seu casco nunca mais o recuperará!

  8. Miguel José Teixeira

    “Sobre o Bicentenário”
    (Por Danilo Sili Borges, Crônicas da Madrugada, setembro/2022)

    Cabem algumas observações sobre a Independência do Brasil, nesta semana em que se comemorou o bicentenário do fato histórico, cujos precedentes e consequências geraram estudos, teses e discussões que continuam a influenciar nosso cenário político, haja vista as formidáveis concentrações populares por todo o País, reunindo milhões de brasileiros nas maiores cidades do país para festejarem pacificamente o evento, além de usá-lo como prova explícita do patriotismo do nosso povo.

    Se há uma personagem ausente das homenagens que se fazem aos precursores do nosso desligamento de Portugal, ela é Napoleão Bonaparte. Sua participação, é verdade, foi involuntária, mas ao determinar que seu exército invadisse o reino de Portugal, com a consequente fuga da corte para o Brasil, o jogo mudou a nosso favor.

    O Brasil, a partir de 1808, deixou rapidamente de ser apenas um explorado território fornecedor de matérias primas e riquezas para a metrópole colonial e passou a sediar a cabeça do império português. Sem Napoleão teríamos demorado muito mais para romper aqueles grilhões.

    O Brasil é “sui generis”, sempre. Considere que sua Independência foi proclamada pelo príncipe herdeiro da coroa portuguesa que, em 1831, retorna a Portugal para recuperá-la.

    Voltemos a Napoleão. É verdade que brasileiros participantes da Revolução Pernambucana, de 1817, que pretendia criar uma república, juntamente com bonapartistas, que derrotados na Europa, estavam no Recife, chegaram a tomar medidas práticas para resgatar Napoleão de sua prisão na Ilha de Santa Helena e levá-lo para Pernambuco. Com a derrocada do movimento insurgente, vencido pelas tropas portuguesas, o general corso, que tanta confusão causou na Europa, acabou por morrer na mencionada ilha, em 1821.

    Mas é inegável sua influência para que ocorresse o 1822 na nossa história.

    Não encontrei nos jornais a notícia do retorno do coração de Pedro de Alcântara ao Porto, cidade que ele escolheu para abrigar a sede simbólica dos seus sentimentos, depois dessa episódica visita que nos fez por ocasião das festividades recentes. Pelo que percebo, ou não deixou saudades, ou não cultivamos nossa história.

    Para alguns, apesar de ter protagonizado a Independência, o imperador sempre priorizou sua nacionalidade lusitana o que o levou a uma certa indisposição com os brasileiros. A este homem, que por fim, herói de duas pátrias, o simbolismo, do corpo aqui, no Museu do Ypiranga e o coração no além-mar é mais que simbólico, é a descrição póstuma do que foi sua vida.

    ———————————–

    Penso que as correntes políticas que disputam as eleições de outubro perderam uma ótima oportunidade de terem estabelecido um movimento de unidade nacional em torno da data da independência. Se os candidatos que deverão disputar o segundo turno tivessem feito uma pausa em suas agressões e tivessem combinado em se unirem e dividirem o palanque dos festejos cívicos teriam dado uma demonstração de grandeza democrática e patriótica, tão necessária para serenar os ânimos de uma nação levada ao paroxismo pela ação parcial da mídia formal, pela conduta estridente da justiça, tão imprópria à sua natureza íntima.

    É obvio que os contendores teriam que moderar comportamentos e atitudes: a bandeira verde e amarela seria de todos, o que não seria difícil para os donos das vermelhas que há algum tempo já as enfiaram no saco; todos usariam palavreado mais ameno, como aprenderam em casa e nas escolas; ninguém ameaçaria o rompimento da ordem democrática; a ideia de transformar o Brasil como líder de um império socialista, tal como foi a Rússia para a URSS, na América Latina, seria abandonada (até porque, tal como lá, os vizinhos não iriam gostar).

    Ganharia o atual Presidente, pela magnanimidade em dividir o espaço democrático de mídia direta que conquistou. Ganharia o oposicionista, por admitir que a sua bandeira também é a nacional e que nunca será substituída pela vermelha.

    Nas ruas e praças do país, o povo confirmou as cores verde e amarelo para a sua bandeira, na quarta-feira, 7/9/2022.

    Ganharíamos todos, na prática, no aprendizado e no desanuviamento do clima pesado em que se vai dar a eleição.

    O leitor deve estar pensando: o velho Danilo caducou de vez!

    Sou um sonhador, reconheço. Isso era inviável? Dane-se!

    Se os candidatos e suas trupes assessoras, num acesso de loucura boa, tivessem mesmo resolvido se acertarem para um acordo inteligente (divirto-me só em pensar), como ficariam as caras dos jornalistas que vivem de instilar ódio e a dos próprios contendores, preparados para serem inimigos? E a dos poderosíssimos da Justiça, instrumentalizados pelos patronos que os indicaram para os cargos de grandes Excelências?

    Reconheço. Sou um velho sonhador!

    Ainda quero ver uma estátua de Napoleão na Praça do Três Poderes!

    (Fonte: https://www.cronicasdamadrugada.net/2022/09/sobre-o-bicentenario.html?sc=1662911078594#c5659139526626098214)

    Penso que do Bonaparte, jamais terá uma estátua na PTP. Mas do “malaparte”, periga!

  9. Miguel José Teixeira

    . . .”Sem líderes inovadores, mudanças tecnológicas trarão desemprego em vez de gerar oportunidades.”. . .

    “O risco da inação”
    (Por Antonio Machado, Brasil S/A., CB, 11/09/22)

    A chinelagem de Bolsonaro, fazendo da comemoração do Bicentenário da Independência escada para promover a sua reeleição, aprofundou a dissonância sobre os temas que exigem atenção do governante de hoje e o de amanhã, se estivermos interessados com o bem-estar no país.

    Futuro significa os próximos dois a três anos, dada a velocidade dos eventos disruptivos em curso no mundo e mesmo no Brasil, tipo a migração a passos largos de operações bancárias da rede de agências físicas para aplicativos de celular e a motorização de veículos com bateria elétrica em vez do centenário motor a combustão movido a gasolina, diesel ou etanol. Imagine o impacto dessas mudanças.

    Considere, por analogia, a migração da fotografia analógica para a digital, eliminando filmes e redes de laboratórios para revelá-los. Milhares de empregos foram perdidos, como o streaming na televisão matou as lojinhas de aluguel de filmes e colapsou a Blockbuster, a grande cadeia do ramo. É o que está em marcha em áreas decisivas.

    Veículo elétrico não dispensa apenas gasolina, diesel e etanol. A sua mecânica é mais simples, prescinde a profusão de componentes e peças, e exatamente por isso a sua difusão irá fechar a miríade de oficinas, que é o maior empregador da cadeia automotiva. A ideia de propulsores híbridos, com um pequeno motor a etanol, só serve para retardar o domínio do novo padrão já assumido pelas montadoras.

    Novas tecnologias às vezes custam para vingar, mas, passada a fase pioneira, ou sucumbem, como o walkman, dizimado pelo iPod, que por sua vez foi descontinuado pelos aplicativos de música inseridos no iPhone e outros celulares, ou definem uma nova categoria de bens de consumo, o caso do próprio telefone celular, hoje, com os avanços tecnológicos, um supercomputador que cabe no bolso da calça e muito mais possante que o da nave que levou o homem à Lua em 1969.

    As maravilhas tecnológicas fascinam a todos, mas é raro nos darmos conta das sequelas, que exigem não restrições à sua propagação, já que inviáveis, mas reformas, ousadia e ações ativas para estarmos à frente do processo, aproveitando as oportunidades da transformação. Governante obtuso, nesta década de rupturas, antecipa desastres.

    O alerta das montadoras
    A resistência a uma estratégia nacional no setor automotivo, sob a ilusão de que o mercado resolverá sozinho, por exemplo, trará uma drástica redução da atividade no Brasil. Ford já se foi. Outras vão segui-la se faltar o que a maioria dos países com produção própria está fazendo: políticas de incentivo à renovação da frota, entre veículos comerciais e automóveis, e apoio à conversão das fábricas.

    A falta de direção quase levou a Prefeitura de São Paulo a fechar a importação de mais de mil ônibus elétricos da China quando o país tem indústrias que poderiam atender a encomenda. Com a mediação da Fiesp e do governo do estado, a compra se deu no Brasil.

    Por tais coisas, a Mercedes, maior fabricante de ônibus e caminhões do país, anunciou esta semana a dispensa de 3,6 mil empregados, com a terceirização de parte da operação. Foi forte a divulgação de que desde 2011 a empresa alemã não remete lucros à matriz.

    Registre-se que o setor automotivo é o mais relevante da economia em termos de impostos e empregos, mais que o agro, se incluirmos produção de petróleo, comércio, postos de serviços e oficinas.

    Economia bem-gerida requer pragmatismo, não a ideologia libertária que quase põe de quatro o colosso industrial dos EUA e fez do Reino Unido um grande entreposto ancorado numa praça financeira volátil.

    Social é pivô da política
    Livre mercado dissociado do interesse nacional implica decadência econômica e a radicalização política vista nos EUA, Itália, Chile, Argentina e… Sim, no Brasil. Sem o social como pivô da política, tanto faz quem está no poder: a esquerda estatizante (Venezuela) ou a direita neoliberal (Chile). Derrocada não tem ideologia.

    O que pode evitá-la é uma estratégia econômica e política que faça a economia crescer a taxas aceleradas por meio de investimento, não só pela demanda, criando empregos e expectativa de ascensão social. Trata-se de urgência pacificadora e necessária para reempregar os demitidos pelas atividades submetidas a rupturas tecnológicas.

    No setor bancário, a mudança é irrefreável desde que o smartphone se tornou o banco portátil de pessoas e empresas e o Banco Central lançou o PIX, serviço de pagamento instantâneo. Isso reduz o fluxo às agências, o custo do crédito e o número de bancários.

    Em 2020, 67% das operações bancárias foram realizadas pelo celular ou internet, contra apenas 3% nas agências. Nos EUA, prevê-se o fim das agências até 2034, talvez bem antes. Cartões de crédito também tendem a desaparecer, substituídos pelo pagamento por aproximação.

    O que fazer com as pessoas desempregadas pela tecnologia e as que chegam ao mercado de trabalho? Com mais tecnologia e uma agenda da abundância, começando por casas para todos e medicina intensiva.

    Uma agenda da abundância
    Uma agenda de abundância pode, rapidamente, formar uma coesão que reúna o sentimento político difuso, hoje envenenado pela retórica do ódio e do ressentimento, além da falta de perspectiva.

    Ela comporta ações administrativas e estratégicas. Administrativas compreendem programas simples e de resultado imediato, como crédito para aquisição de máquinas e equipamentos, função do Finame, linha do BNDES inviabilizada pelo custo financeiro baseado num título do Tesouro de cinco anos. Se o BC sobe a Selic, sobe o custo da dívida pública e, portanto, do financiamento do BNDES. E muito mais.

    A proposta de Ciro Gomes encampada por Lula de ampla renegociação de dívidas de pessoas e empresas tem efeito libertador, espécie de faxina de passivos que arruínam a saúde mental da economia. Difícil é supor retomada do crescimento com taxa de juro básica de 13,75% ao ano, ou 3,7% descontada a inflação, a maior taxa real entre as 31 maiores economias, das quais em 27 são fortemente negativas.

    Ações estratégicas numa agenda da abundância tratam de inserir as empresas privadas, com suporte do governo, no jogo tecnológico com os recursos que dispomos. Os minerais usados em semicondutores e na geração de energia solar e eólica são recursos escassos no mundo e disponíveis no Brasil. Sua exploração deveria condicionar-se a quem investir para processá-los alguns degraus acima da cadeia produtiva.

    Não é chavão considerar que o país tem potencial para ser melhor e maior do que tem sido para nós. Claro, sem chinelagem, demagogia e o cinismo preconceituoso e obtuso de ditas elites desnorteadas.

    (Fonte: http://impresso.correioweb.com.br/app/noticia/cadernos/economia/2022/09/11/interna_economia,373381/brasil-s-a.shtml)

  10. Miguel José Teixeira

    Brasil! O país das defasagens. . .

    “Defasagem é problema histórico”
    (Caderno Economia, CB, 11/08/22)

    De acordo com a definição do Conselho Nacional de Saúde, a Tabela de Procedimentos do SUS é um detalhamento de todos os serviços ambulatoriais e hospitalares contratados a prestadores privados e filantrópicos com o seu respectivo valor de pagamento pela União. A codificação de procedimentos foi criada em 1975.

    Entidades afirmam que a defasagem da tabela é um problema histórico, e é motivo de negociações entre representantes do setor de saúde e o Ministério da Saúde, e do SUS. Estudos da CNSaúde, a mesma que move a ação do piso nacional da enfermagem, apontam que 56,5% dos hospitais privados realizam atendimento pelo SUS, tendo seus procedimentos realizados pagos com base na tabela.

    A exemplo dos hospitais filantrópicos, que estão em mais de 800 municípios, algumas vezes, exclusivamente realizando atendimento em saúde, a arrecadação é baseada na tabela do SUS, que paga por procedimento realizado. Assim, o atendimento termina sendo sustentado por parcerias locais, como financiamentos municipais, embora haja uma dívida de R$ 20 bilhões, devido à defasagem.

    Um exemplo que ilustra o problema é o caso das internações em Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs). Pela tabela, cada internação custa R$ 80, mas certos estados pagam incentivo aos prestadores para suprir os custos, que variam entre R$ 2.800 e R$ 3.000. A Confederação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos (CMB) estima que a defasagem fica em torno de 60% entre o que o SUS paga e o serviço efetivamente prestado. A instituição diz, ainda, que mais de 1.500 procedimentos hospitalares estão defasados.

    O debate sobre a fonte de recursos assombra os representantes. A CMB avalia que Santas Casas e hospitais filantrópicos, que já sofriam com o subfinanciamento, serão fortemente impactadas pelo acréscimo de 60% na folha de pagamento. A entidade teme a redução na assistência à população, bem como o enxugamento dos postos de trabalho. São estimadas 83 mil demissões e o fechamento de mais de 20 mil leitos — o que pode ser fatal para o setor filantrópico. (MP)

    (Fonte: http://impresso.correioweb.com.br/app/noticia/cadernos/economia/2022/09/11/interna_economia,373383/defasagem-e-problema-historico.shtml)

    Matutando bem. .

    1) os salários de “certas otoridades” não estão defasados.

    2) o fundo eleitoral não está defasado.

    3) o fundo partidário não está defasado.

    4) as benesses do “pudê” não estão defasadas.

    5) as isenções de impostos sobre certas atividades $u$peita$ não estão defasadas.

  11. Miguel José Teixeira

    . . .”Reajuste da tabela de procedimentos do SUS é a solução em vista apontada por autoridades. Ministro Barroso suspendeu a norma aprovada pelo Executivo, e demandou maior detalhamento dos impactos orçamentários da nova norma salarial.”. . .

    “Expectativa pela definição da fonte de recursos”
    (Caderno Economia, CB, 11/09/22)

    A semana começa com expectativa de que seja mantida a suspensão da lei que criou o piso salarial dos profissionais da enfermagem. Os ministros demandaram pela indicação de uma fonte de recursos para cobrir as despesas com os novos salários, o que mobilizou autoridades ao longo da última semana, quando também se identificou, de maneira quase consensual, que tais recursos deveriam vir do Sistema Único de Saúde (SUS).

    O piso nacional da enfermagem foi sancionado no início de agosto pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) e suspenso, no último dia 4, por decisão cautelar do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso. O magistrado é relator da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 7.222 movida pela Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde) para questionar a lei sancionada. Barroso votou por manter a suspensão. Os demais 10 ministros do Supremo votarão a matéria em plenário virtual, com prazo final previsto para a próxima sexta-feira.

    A decisão do ministro Barroso determinou que, no prazo de 60 dias de suspensão da lei, os entes privados e públicos interessados na matéria prestem esclarecimentos sobre os impactos orçamentários do piso, bem como a necessidade de adoção de medidas que resolvam o problema, uma vez que entidades do setor de saúde alegam que o aumento de despesa pode acarretar redução de quadro de pessoal e eliminação de leitos hospitalares.

    Financiamento
    Enquanto o julgamento segue no Supremo, autoridades debatem soluções viáveis para financiar o piso salarial. A solução baseada no reajuste de valores da tabela de procedimentos do SUS para tanto ganhou força após a reunião entre o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o ministro Barroso.

    “Acho que é o caminho mais viável, e espero muito a colaboração do Poder Executivo, a compreensão do dilema que estamos enfrentando. Passa a ser uma prioridade nacional e do Congresso fazer valer a lei do piso nacional da enfermagem”, explicou o presidente do Senado. “O dilema é como conciliar a lei com a questão fiscal dos municípios. Hospitais privados podem realizar isso de forma mais rápida com a desoneração da folha”, destacou.

    Após o encontro, Pacheco afirmou ter reuniões com integrantes do governo para debater o assunto, como o ministro da Economia, Paulo Guedes. O tema preocupava integrantes da equipe econômica desde a tramitação da proposta, pois avaliavam que o reajuste cairia na conta do SUS.

    O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, apontou a Barroso três possibilidades: a correção da tabela do SUS; a desoneração da folha de pagamentos dos estabelecimentos de saúde; e a compensação da dívida dos estados com a União. Entretanto, Pacheco vê maior viabilidade em garantir o recurso via SUS.

    Barroso defende a análise do tema, mas aponta dificuldades. “As questões constitucionais postas nesta ação são sensíveis. De um lado, encontra-se o legítimo objetivo do legislador de valorizar os profissionais de saúde, que, durante um longo período de pandemia, foram exigidos até o limite de suas forças. De outro lado, estão os riscos à autonomia e higidez financeira dos entes federativos, os impactos sobre a empregabilidade no setor e, por conseguinte, sobre a própria prestação dos serviços de saúde”, diz Barroso.

    “A pactuação de um entendimento para viabilizar o pagamento do piso nacional da enfermagem se torna cada vez mais concreto. O caminho será a desoneração da folha de pagamentos do setor, a correção da tabela de procedimentos do SUS, a destinação de royalties do petróleo e a compensação da dívida os estados com a União. Assim, a viabilidade econômica já existe”, afirmou o presidente do Conselho Regional de Enfermagem do Distrito Federal, Elissandro Noronha.

    De acordo com a lei nacional aprovada pelo Legislativo e sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro, enfermeiros teriam como base salarial o valor de R$ 4.750. Como referência para técnicos de enfermagem seria 70% desse valor, e 50% para auxiliares de enfermagem e parteiras.

    (Fonte: http://impresso.correioweb.com.br/app/noticia/cadernos/economia/2022/09/11/interna_economia,373382/expectativa-pela-definicao-da-fonte-de-recursos.shtml)

    E o Matutildo matutou. . .

    1) Quando o reajuste salarial é para “certas otoridades”, “outras otoridades” que se virem de imediato, para achar a fonte dos recursos para cumprí-lo de imediato!

    2) Quem já necessitou dos serviços desses Valorosos Profissionais da Enfermagem, sabe do seu real valor!

    3) Novamente em baila, a teoria do meu querido Novatrentino Saul Alcides Sgrott:

    “é mais fácil tratar porcos gordos do que porcos magros”!!!

  12. Miguel José Teixeira

    . . .”Brasília vai muito além do que acontece no circuito do poder da Esplanada dos Ministérios.”. . .

    “Mitos e verdades”
    (Por Severino Francisco(*), Crônica da Cidade, CB, 11/09/22)

    Enquanto o mundo explode, recebo o volume 5 da coleção Histórias de Brasília – Mitos e verdades, escrito em parceria pelo publicitário João Carlos Amador e pelo poeta Nicolas Behr. Animados pelo espírito bem-humorado da obra, os dois se autoapresentam de maneira inventiva e divertida nas orelhas do livro. A leitura do livro magro, mas denso de informações, é saborosa.

    Vamos a alguns aperitivos. As relações entre Renato Russo e o projeto Cabeças, comandado por Néio Lucio, realizado na comercial da 311 Sul, e, em um segundo momento, na Rampa Acústica do Parque da Cidade, são tensas. Tudo começou com uma ocupação dos gramados por atividades culturais. Em algumas entrevistas, Renato reclamou que nunca foi convidado para cantar no evento.

    De qualquer maneira, existe a versão de que Renato Russo tocou no Cabeças. É mito, esclarecem os autores de Histórias de Brasília. “Não, Renato Russo nunca tocou nos Concertos Cabeças. Mas os outros dois Renatos da cena musical da época, o Vasconcelos, autor de Suíte Brasília, e o Matos, de Um telefone é muito pouco, sim. O Russo não tocou no Cabeças, mas tocou nossas cabeças.”

    E, vamos a uma sobre a rainha Elisabeth II, que, em 1968, passou por Brasília, acompanhada do príncipe Phillip. É verdade que ela se assustou com as cigarras? Na passagem pela cidade, o casal conheceu a Catedral Metropolitana, o Palácio da Alvorada e o Congresso Nacional. Mas não visitou apenas os monumentos mais famosos. Esteve, também, no Jardim de Infância da 308 Sul, onde os dois apreciaram um espetáculo infantil.
    Segundo os autores do livro, de repente, a rainha ficou incomodada com um intenso e contundente barulho: “Que máquinas são essas? Alguém poderia desligá-las?”, interrogou a rainha: “O som, na verdade, vinha das cigarras que já anunciavam a chuva daquele ano”, esclarecem os autores. Sim, é verdade, a rainha ouviu o som heavy metal das cigarras brasilienses.

    E, para fechar, escolhi a história dos fantasmas ou supostos fantasmas que rodam o Teatro Nacional Claudio Santoro, a pirâmide de Niemeyer, com relevos de Athos Bulcão e jardins de Burle Marx. Ela está abandonada há muito tempo e se tornou um ambiente propício à visita de seres do outro mundo.

    Enquanto as excelências alegam que não existe dinheiro para as urgentes reformas, parlamentares bancam o Museu da Bíblia ou o absurdo projeto Brasília Iluminada, fogo fátuo que durou um mês, se evaporou e consumiu alguns milhões de reais ou de surreais. Na verdade, a cidade está cada vez mais escura.

    Mas vamos aos fantasmas do Teatro Nacional. Reza a lenda que por aquelas paragens os elevadores funcionam sozinhos. E uma bailarina vestida de branco adeja pelos corredores. Há, também, os que juram ter visto o espectro do maestro Claudio Santoro circulando pelas passagens subterrâneas da pirâmide de Niemeyer. O abandono estimula a imaginação. Corre a versão de que um piano toca sozinho durante a madrugada. Certa noite cinco guardas noturnos se armaram de coragem e resolveram encarar o sobrenatural que ronda aquele espaço. Suspense de matar o Hitchcock.

    E o que encontraram? Um gato flanava, elegantemente, sobre as teclas do piano.”E o fantasma da reforma do teatro?”, indagam os autores. E respondem: “Esse não assusta mais ninguém”. Como se vê esse é um livro leve, divertido e instrutivo. Brasília vai muito além do que acontece no circuito do poder da Esplanada dos Ministérios.

    Não se trata de fake news, notícia falsa para induzir a escolhas fraudulentas. O que está em jogo é a trama de fabulação que constitui a alma de uma cidade, mas sempre sob um crivo que dissolve o mito com a mirada crítica do humor.

    (Fonte: http://impresso.correioweb.com.br/app/noticia/cadernos/cidades/2022/09/11/interna_cidades,373369/cronica-da-cidade.shtml)

    (*) Na citada fonte não consta o nome do autor do texto. Entretanto, pela sua magia, deduzi ser do Genial Severino Francisco)

  13. Miguel José Teixeira

    Eis a grande questão: De onde poderia surgir um fato novo na eleição.?

    “A pandemia, o passado e a polarização”
    (Por Luiz Carlos Azedo, Nas entrelinhas, Política, CB, 11/09/22)

    É impossível tratar das eleições presidenciais sem se referenciar nas pesquisas, que estão sendo divulgadas quase que um dia sim e o outro também, e mostram pequenas discrepâncias entre si, que podem ser atribuídas a margens de erro ou à diferença de metodologia, mas mantém o sentido geral da disputa, polarizada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL). A três semanas do dia da votação, 2 de outubro, estamos no lusco-fusco entre o início da propaganda gratuita de rádio e televisão e as duas semanas decisivas da campanha eleitoral. O quadro pode sofrer alterações nos últimos 15 dias que antecedem o pleito, quando o debate sai do campo da chamada opinião pública, que acompanha a política, e passa a ser protagonizado pelos cidadãos comuns, no transporte coletivo, no supermercado, na fila da padaria etc.

    Na pesquisa Ipespe/Abrapel (Associação Brasileira de Pesquisadores Eleitorais) divulgada ontem, este era o retrato: Lula com 40% de intenções de votos, Bolsonaro com 34% (1 ponto a mais), Ciro Gomes (PDT) com 5% e Simone Tebet (MDB) com 3%, os demais não pontuaram, com 14% de indecisos e 4% dispostos a votar em branco ou nulo, na pesquisa espontânea. Na induzida, Lula segue estacionado com 44%, Bolsonaro com 36% (cresceu 1 ponto), Ciro 8% (perdeu 1 ponto), Simone com 5%, Felipe Dávila (Novo) e Soraya Thronicke (União Brasil) com 1%. O número de indecisos cai para 2% e os dispostos a votar nulo ou branco, para 3%.

    A pesquisa mostrou que o impacto das manifestações de 7 de setembro não extrapolou a bolha bolsonarista, apesar das grandes mobilizações ocorridas em Brasília, Rio de janeiro e São Paulo. E, também, que os efeitos do pacote de bondades do governo — Auxílio Brasil, vale gás, benefícios para caminhoneiros e taxistas, redução do preço dos combustíveis — não foram suficientes para reverter a grande vantagem de Lula no primeiro turno, na velocidade que Bolsonaro necessitaria. Há uma força de inércia resultante de dois anos de pandemia, que ainda não foi mitigada por essas medidas, apesar da redução da inflação, da retomada do crescimento e da queda da taxa de desemprego. Sem falar no fato de que a covid-19 enlutou 685 mil famílias, muitas das quais se desestruturaram por causa disso.

    Outra variável a se considerar é a força do passado nesta eleição. A campanha de Lula foi alicerçada nas realizações de seu governo, nos dois mandatos, de 2003 a 2010. Até agora, essas realizações não foram contaminadas pelo desastre econômico do governo Dilma Rousseff, que acabou sendo afastada por um impeachment. Sua campanha está sendo bem-sucedida ao descolar a imagem de Lula da sucessora, mas existe o outro lado da moeda: os escândalos do mensalão e, sobretudo, da Petrobras. Mesmo com a anulação das condenações de Lula pelo Supremo Tribunal Federal e a desconstrução da imagem do juiz Sergio Moro e dos procuradores da Operação Lava-Jato, a questão ética vem sendo o principal fator de rejeição de Lula, que não tem como se descolar da imagem do PT. Nesse sentido, Lula parece ter batido no teto no primeiro turno e faz uma campanha de sustentação de imagem até agora.

    Voto útil
    Comparando as pesquisas espontânea e estimulada, Ciro, Simone, D’Ávila e Soraya estão levando a eleição para o segundo turno. O que acontece? Da mesma forma que a rejeição de Bolsonaro e de Lula se retroalimentam, mantendo a polarização entre as duas candidaturas, também são a razão de ser da resiliência dos candidatos que disputam o voto “nem nem”. Não será fácil reverter esse quadro, a não ser que ocorra algum fato novo na campanha, que possa alterar esse jogo, provocando um realinhamento eleitoral. Bolsonaro tentou fazer do 7 de Setembro um catalisador dessa mudança, mas as pesquisas mostram que isso não ocorreu. Lula continua jogando parado para manter a vantagem atual, principalmente entre os que ganham até um salário mínimo, as mulheres e o Nordeste, os três segmentos que desequilibram o jogo.

    De onde poderia surgir um fato novo na eleição. No caso de Bolsonaro, da melhoria do ambiente econômico, que facilita a vida de seus apoiadores, principalmente no Nordeste e entre os evangélicos. Essa variável vem sendo neutralizada pelos erros que o presidente da República comete na campanha, como aquele inacreditável “imbrochável”. No caso de Lula, de uma forte campanha em favor do “voto útil”, principalmente para esvaziar a candidatura de Ciro, que está reagindo a isso fortemente, com ataques ao PT. Até agora essa estratégia não surtiu efeito.

    A expectativa dos políticos do Centrão de que Bolsonaro passaria Lula no primeiro turno, o que seria uma mudança de cenário, é cada vez mais improvável. Em contrapartida, a cúpula petista ainda acredita que possa vencer no primeiro turno, explorando o fantasma do golpe de direita, disseminado pelos próprios bolsonaristas, embora o presidente da República tenha arrefecido os ataques ao Supremo. Nesse cenário, sem maniqueísmo, os candidatos da chamada terceira via estão bloqueando a vitória de Lula no primeiro turno, mas, ao mesmo tempo, permitem que Lula vá ao segundo mantendo a atual distância de Bolsonaro. Uma campanha forte pelo voto útil, centrada nos ataques a Ciro, pode ser um tiro no pé do PT, reduzindo essa vantagem, o que criará mais dificuldades para o petista no segundo turno.

    (Fonte: http://impresso.correioweb.com.br/app/noticia/cadernos/politica/2022/09/11/interna_politica,373394/nas-entrelinhas.shtml)

    Matutando bem. . .

    Se o voto útil for dado à um inútil, deixará de ser útil!
    . . .
    A gente não sabemos
    Escolher presidente
    . . .
    https://www.youtube.com/watch?v=9aHoWTs6xE0

    1. Político finge ser idiota.

      Idiotas somos nós que deixamos este tipo de políticos se criarem e nos enganar como imbecis

      Gado q é exportado, no confinamento ou pasto de manejo, come milho, casca de soja, suplementos, tudo com variação em dólar, vários tipos de feno… a carne exportada ou a que fica aqui neste modelo tem um custo internacional e mesmo que o local

      Então, mente….

  14. Miguel José Teixeira

    Sapo barbudo engasgado com o “cuz cuz clã”, coaxa:

    “Se tem um brasileiro que não precisa provar que acredita em Deus, esse brasileiro sou eu.”

    Traduzindo:

    “Se tem um brasileiro corruPTo/corruPTor que não precisa provar que é corruPTo/corruPTor, esse brasileiro sou eu.”

    “Ô, ô, ô. . .580 dias na cadeia e nada mudô”!. . .

  15. Miguel José Teixeira

    . . .”A mensagem que a Nação deixa nesse 7 de setembro é que o grito de independência, talvez mais do que em outras ocasiões da nossa história, faz-se necessário e urgente.”. . .

    “Eternamente vigilantes”
    (Circe Cunha e Mamfil, Coluna VLO, CB, 09/09/22)

    Como previsto aqui neste espaço, as gigantescas manifestações por ocasião do bicentenário da Proclamação de Independência do país tiveram a adesão maciça da população, tanto aqui em Brasília, onde dados extra oficiais dão conta de mais de milhão de pessoas, como na antiga sede administrativa do Brasil, o Rio de Janeiro, onde a orla de Copacabana ficou também lotada de pessoas vestindo o verde amarelo, numa demonstração de amor pela pátria que é de todos.

    Obviamente que as manchetes, na maioria dos jornais do país, procuraram divulgar essas manifestações de forma negativa. Alguns mais atrevidos chegaram a chamar as pessoas que compareceram a esses eventos de gado ou outra denominação pejorativa, que diz muito sobre esses tempos adversos onde a polarização política vem dando seu tom sinistro nessas eleições.

    O que a mídia não pode esconder é que as pessoas, que pacificamente foram com seus familiares a esse encontro cívico, o fizeram por um sentimento legítimo de brasilidade. Lógico que embutido, intrinsecamente, nesse sentimento estão todos os valores cristãos e históricos que fizeram do Brasil o que ele é. Nesse conjunto de valores, sobressaem os valores da família, do respeito, da ética e até dos bons costumes, uma prática definida hoje como démodé, ou fora da moda.

    Dizer que o atual presidente tenha se apropriado da data para fazer campanha não tira o brilho da festa cívica, uma vez que qualquer político, que tenha à sua frente centenas de milhares de pessoas, às vésperas das eleições, faria o mesmo ou até pior. O fato é que o atual mandatário, goste dele ou não, trouxe o verde amarelo de volta às ruas. Não como bandeira sua, o que de fato não é, com tudo de bom e de ruim que isso possa representar.

    O atual presidente, por iniciativa própria, resgatou as cores legítimas da bandeira nacional. Apenas por essa façanha, que pode ser marqueteira ou não, fez o que nenhum outro candidato teve a imaginação de fazer antes. É preciso lembrar aos mais jovens que, em outras solenidades cívicas, o que se viam eram bandeiras vermelhas, em alusão ao partido de esquerda no poder, ou uma estrela no jardim do Palácio da Alvorada.
    Também eram vistas, nessas festas cívicas, bandeiras saudando movimentos de invasão de terra e de sindicatos, cooptados, todos irmanados num processo de conjuração para transformar o país numa ditadura do tipo comunista, onde o Estado e os que estão próximos a ele é que mandam e nadam em mordomias e privilégios.

    Sabedor desses perigos, o povo foi, mais uma vez, às ruas, dizer sim ao Brasil e não à hegemonia e às ditaduras, disfarçadas de democráticas. Os brasileiros saíram, ordeiramente, de seus lares e foram para as praças de todo o país no Dia da Pátria, para reafirmar que os conceitos, e mesmo as práticas oriundas da independência de 1822, ainda vigoram e ecoam no coração de muitos e devem vigorar para o futuro.

    A mensagem que a Nação deixa nesse 7 de setembro é que o grito de independência, talvez mais do que em outras ocasiões da nossa história, faz-se necessário e urgente. O gesto simbólico da vinda do coração do patriarca da Independência ao Brasil, também tão duramente criticado pelos corações de pedra da democrática esquerda, deixa uma mensagem e um alerta para os perigos que todos os brasileiros correm ao deixar de lado os ideais de independência e liberdade. Mais do que uma manifestação pela pátria, as comemorações desse 7 de setembro alertam para a necessidade de todos permanecerem eternamente vigilantes.

    A frase que foi pronunciada:

    “Sempre foi fácil odiar e destruir. Construir e valorizar é muito mais difícil.” (Rainha Elizabeth II)

    (Fonte: https://blogs.correiobraziliense.com.br/aricunha/eternamente-vigilantes/)

  16. Miguel José Teixeira

    . . .”As mentiras inverteram todos os valores. Idiotas de carteirinha ascendem na condição de ídolos.”. . .

    “O império da mentira”
    (Por Severino Francisco, Crônica da Cidade, CB, 10/09/22)

    Por que políticos populistas conseguem sustentar, no Brasil e em outros lugares do mundo, uma agenda explícita de destruição das florestas, da educação, da ciência, do sistema de saúde pública, das instituições democráticas e da vida? E, mais do que isso, por que conseguem a servidão voluntária de muitos, que aplaudem as palavras ou ações mais deletérias?

    Goebbels, o ministro da Propaganda nazista, dizia que uma mentira repetida mil vezes se torna verdade. As redes sociais tornaram a afirmação de Goebbels uma realidade, com a velocidade estonteante de suas milícias e robôs digitais. A burrice que impera não é apenas uma força da natureza; ela é inseminada artificialmente.

    Durante o Brexit, circulou nas redes a informação falsa de que a permanência da Grã-Bretanha na União Europeia “custaria 350 milhões de libras por semana” ao erário e que, se saísse do bloco, o dinheiro poderia ser investido no sistema público de saúde.

    Com o apoio dos bilionários americanos Robert e Rebeka Mercer, a campanha concebida por Steve Bannon, um gênio do mal, levou ao desligamento do Reino Unido da União Europeia. Há muita grana envolvida no projeto dos grupos extremistas de direita.

    Não quero atulhar o leitor com números, mas alguns são inevitáveis. Segundo pesquisa do Instituto Masachussetts (MIT), uma notícia falsa tem 70% mais de chance de ser compartilhada do que uma verdadeira. Pesquisa do Ipec mostra que 84% acreditam que as notícias falas podem impactar as eleições. É algo estarrecedor.

    E outra sondagem do instituto inglês Ipsos Mori, realizada em 2018, em 27 países, aponta que o Brasil é a nação que mais acredita em fake news. A média mundial é de 48%. Quando perguntados sobre a causa, 49% responsabilizaram os políticos. Outros 37% colocam a culpa na “visão torta das pessoas”.

    Mais 37% apontam as redes sociais como fonte das notícias falsas.
    Existem os que argumentam que o problema são “as pessoas ruins”. E, ainda, houve 14% afirmando que o que está errado são os números e não as opiniões das pessoas.

    Se eu escrevo uma coluna no jornal não posso falar como se estivesse em um boteco, por mais indignado que esteja com um personagem da política ou com uma situação. Além da minha consciência, existem leis que regulam a opinião no espaço público. Sou responsável por minhas palavras.

    Enquanto isso, nas redes sociais, os delitos permanecem impunes. Estamos vendo o que acontece agora no período eleitoral. Mesmo com o empenho do TSE, quem espalha fake news não sofre nenhuma consequência, pois pratica um crime, que envenena a democracia.

    Os indivíduos e as corporações precisam ser responsabilizadas pelas mensagens que veiculam, da mesma maneira do que os jornalistas e as empresas de comunicação das mídias tradicionais. Eles já provocaram muitos estragos na democracia.

    Sem botar a lei na selva selvagem das redes sociais, estamos condenados a uma guerra desigual entre o estilingue e o canhão. Estamos condenados a correr sempre atrás para provar que a vacina não provoca aids, que o voto eletrônico não é fraudulento, que as instituições democráticas não impedem os incompetentes de governar, que a covid-19 não é uma gripezinha e que ameaçar de morte uma autoridade ou fazer apologia da ditadura não é liberdade de expressão.

    São crimes sem castigo que, algumas vezes, provocam doenças e até a morte de pessoas. As mentiras inverteram todos os valores. Idiotas de carteirinha ascendem na condição de ídolos. A regulação das mídias sociais é um tema urgente para a agenda política. É um debate que transcende esquerda ou direita. Não é possível constituir uma república fundada na mentira, na fraude e nas fake news. Como dizia o poeta TT Catalão, fraude explica.

    (Fonte: http://impresso.correioweb.com.br/app/noticia/cadernos/opiniao/2022/09/10/interna_opiniao,373333/cronica-da-cidade.shtml)

  17. Miguel José Teixeira

    Torçamos pois, para que a nau capitaneada pelo Adenor, não aderne!

    . . .”Se a lista divulgada ontem fosse a da Copa, o Brasil levaria ao Catar 16 jogadores que jamais disputaram o Mundial.”. . .

    “Três acertos da lista de Tite”
    (Por Marcos Paulo Lima, Opinião, CB, 10/09/22)

    Tite não fechou o grupo. Está aberto ao novo. Essa é a melhor notícia da penúltima convocação da Seleção antes de 7 de novembro, data do anúncio dos 26 escolhidos para a quinta tentativa do Brasil de conquistar o hexa depois das sucessivas eliminações contra europeus em 2006 (França), 2010 (Holanda), 2014 (Alemanha) e 2018 (Bélgica). Chamo a atenção para três decisões acertadas do técnico: a inclusão do centroavante Pedro, a criatividade para driblar a escassez de laterais direitos e o agradável, mas preocupante trabalho de renovação — um dos trunfos da atual campeã França, em 2018.

    Começo cravando: Pedro irá à Copa. O argumento é simples. Em terra de pontas, quem é centroavante raiz vira rei. As nossas divisões de base estão viciadas na formação em série de jogadores para atuar pelos lados do campo, quase rente à linha lateral. Basta observar a última janela de transferências. Comprados por Manchester United, Barcelona e Benfica, respectivamente, Antony, Raphinha e David Neres movimentaram R$ 870,1 milhões. Sozinho, Antony custou R$ 491,1 milhões aos Diabos Vermelhos.

    Artilheiro isolado da Libertadores com 12 gols e autor de 24 na temporada pelo Flamengo, Pedro se diferencia da legião de pontas por ser um centroavante raro nos tempos pós-modernos do futebol. Perguntei ao Tite na entrevista coletiva de ontem se Pedro lembra o Evair, com quem o técnico da Seleção atuou nos tempos de meia naquele Guarani vice-campeão brasileiro de 1986. A resposta cravou Pedro na Copa:
    “Pedro é um 9 terminal. Ele é o jogador da última bola, da conclusão, ele é o Fred (ex-Fluminense) atual. Vamos colocar dessa forma: o Matheus Cunha ou o Firmino, estão mais para Evair, um 10 que jogava de 9 também”, respondeu didaticamente.

    Logo, Tite dificilmente abrirá mão de um recurso escasso como Pedro na Seleção para situações emergenciais. O golaço de cabeça do centroavante contra o Vélez, na última quarta-feira, tirou o Flamengo do sufoco em um primeiro tempo terrível.

    Tite tem um plano para as desventuras em série de Daniel Alves e a carência de laterais direitos fora de série para a reserva do titular Danilo: adequar um zagueiro no setor. Éder Militão (Real Madrid) e Roger Ibañez (Roma) são as opções para os amistosos contra Gana e Tunísia. Há quem torça o nariz, mas as últimas duas seleções campeãs da Copa fizeram isso. A Alemanha ganhou a Copa de 2014 com o zagueiro Höwedes no papel de lateral-esquerdo. A França usou Lucas Hernández na mesma função em 2018, na Rússia. Tite quer soltar os pontas e ter laterais construtores seguros na marcação.

    Se a lista divulgada ontem fosse a da Copa, o Brasil levaria ao Catar 16 jogadores que jamais disputaram o Mundial. Considero muito, mas um argumento fortalece o trabalho de renovação do Tite. A França levou exatamente 16 calouros à Rússia em 2018 e foi campeã. Perguntei ao técnico se a comissão técnica contará com suporte psicológico para zelar pelos marinheiros de primeira viagem. “É uma exposição muito forte”, admitiu. “Esse aspecto mental a gente vai estar considerando, a maturidade. Mentalidade forte é fundamental e será levada em conta na lista final”. Que assim seja, Adenor!

    (Fonte: http://impresso.correioweb.com.br/app/noticia/cadernos/opiniao/2022/09/10/interna_opiniao,373330/tres-acertos-da-lista-de-tite.shtml)

  18. Miguel José Teixeira

    Só pra PenTelhar. . .

    Datafolha: ex presidiário lula = 45%
    Datapovo: 4+5=9, noves fora = zero!

    E o belzebu de Garanhuns, não para de pronunciar blasfemias:

    “Não existe brasileiro mais religioso do que eu!”

    1. Miguel José Teixeira

      Vermelhóides contra atacam:
      Datafolha: capitão zero zero = 34%
      Datapovo: 3+4=7, número do mentiroso!

      E vem aí. . .o auxílio viagra do sertão!

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