Este registro é de terça-feira à noite, da semana passada, na Tribuna da Câmara de Vereadores de Gaspar, onde é obrigatório o uso de máscara facial segundo o protocolo sanitário em vigor. E depois do uso indevido, nada foi desinfetado para os ocupantes posteriores como mandaria um senso de normalidade e correção do erro.
Já comentei isso várias vezes aqui. E há até político, ou gente metida a fazer política e gestão pública diferenciada só para os seus, que tenta me constranger e me intimidar, de várias formas, quando toco neste tipo de assunto. Usa-se canais formais e institucionais, onde diz influir, para apenas me prejudicar no erro que essa gente quer ver escondido da sociedade, como se vangloria e consegue em outros veículos de comunicação da cidade.
Como se vê pelos próprios números que produz na pandemia, os prejuízos são de todos.
Mas, Gaspar é sui generis neste e outros assuntos, e sempre para fazer letra morta daquilo que deveria ser praticado, ou exigido aos que estão no poder de plantão – não apenas deste governo, não – naquilo que é Lei, que é norma e que se pede dos outros, principalmente se for adversário, ou então, a este observador do cotidiano, das contradições e por consequência, um crítico desses pesos e medidas diferentes para coisas exatamente iguais.
Retomo.
Veja este mais recente exemplo de deboche público, com a anuência do presidente da Câmara de Vereadores, Francisco Solano Anhaia, MDB, vereadores, visitantes e diante do próprio prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB. Ele esteve o tempo todo presente na sessão de terça-feira passada da Câmara.
E esse registro a seguir você não viu e não lerá em lugar algum. Faz mal aos poderosos. Corre-se o risco de se sofrer um revés, principalmente no que tange as verbinhas oficiais, perder amizades, ser perseguido… Prefere-se, então, colocar em risco e perder vidas. Estranha troca faz essa gente com a própria comunidade.
Retomo outra vez.
O chefe de gabinete, Jorge Luiz Prucinio Pereira, PSDB, na interinidade da então poderosa secretaria de de Fazenda e Gestão Administrativa, numa brecha concedida pelo presidente da Câmara, foi à sessão esclarecer à razão pela qual Kleber quer mais uma autorização para contrair mais outro empréstimo de R$30 milhões.
O chefe de gabinete se antecipou nas explicações formais pedidas por três vereadores, inclusive um da própria Bancada do Amém, bem como o que se escreveu aqui e naquilo que não pegou bem na comunidade. Louvável iniciativa de Jorge – e de Kleber – que será motivo de outro comentário neste blog amanhã.
Deplorável, todavia, foi a forma como Jorge fez isso da tribuna da Câmara: tirou a máscara facial, quebrou à regra e o protocolo sanitário, diante de todos, que estão obrigados ainda a usar essa vestimenta incômoda e protetiva. Mandou, com o seu gesto, tudo às favas, bem como conscientemente mandou sinais e recados à cidade da desimportância deste ato individual de proteção coletiva ainda em vigor, mas parece, cada vez mais, que só no papel.
Deplorável foram os olhos fechado do presidente da Casa – ele estava de máscara facial. E logo ele, que já fez até escândalo ao negar à simples presença em plenário de um suplente de vereador, por supostamente não ter cumprido esse mesmo protocolo, que naquela época pedia para se avisar antecipadamente quem comparecesse ao recinto da Casa em dia de sessão.
Deplorável ato simbólico de Jorge diante das 189 mortes até aqui e que coloca Gaspar entre os municípios de maiores índices proporcionais de óbitos em Santa Catarina.
Deplorável diante da contaminação até aqui de 12.790 casos confirmados de Covid-19, dos quais 317 estavam em isolamento, conforme o Boletim da Covid-19 do site oficial da prefeitura de Gaspar do dia Primeiro de Outubro, atualizado às 16h54min daquele dia.
Deplorável porque mais de uma dezena de salas de aulas e CDIs estão fechados em Gaspar exatamente devido à contaminação – sendo seis deles no CDI Dorvalina Fachini, no bairro Sete. E possivelmente, por atos bem assemelhados aos praticados por Jorge, o que deve exemplo público.
Deplorável diante da vacinação que capenga entre nós se comparada com a média catarinense, como mostrei em artigo na sexta-feira, mesmo diante de dancinhas, marquetagem com um severo problema de saúde pública – ainda não plenamente conhecido e dominado – e que até, mata.
Com tantos sinais assim, não foi à toa que uma professora temporária conseguiu uma liminar na Justiça para dar aulas em Gaspar sem ser imunizada e essa liminar só conseguiu ser derrubada no Tribunal de Justiça diante da agilidade do Ministério Público local. Já a prefeitura…
O governo de Kleber não chega ser negacionista, reconheça-se, mas as leis e normas que faz são – como demonstra rotineiramente – decorativas e para os outros. São sinais e maus exemplos repetidos para a sociedade cansada e que quer à volta da normalidade
Mas, não se terá esta suposta normalidade, infelizmente, se antes não houver primeiro o respeito aos protocolos sanitários e cumpridos todos, sem exceção. Este é o alto preço que está sendo pago pelas comunidades que estão podendo voltar à normalidade como se enxerga com mais propriedade na Europa.
Contudo, em Gaspar, esta lógica científica, comprovada em estatísticas mundiais, está sendo negligenciada e sonegada, Tudo para não perder votos e amizades entre os seus. O que demonstra isso tudo? O retrato de um governo e de uma cidade. E está nas estatísticas, claramente.
Não é a toa que os postinhos, o Hospital, a Policlínica são rios de queixas como bem mostrou na sua rede social o vereador Alexsandro Burnier, PL e deixou a secretária de Saúde, Silvania Jonoelo dos Santos, uma curiosa na área, indignada.
Falta antes de se indignar, consciência, política, planejamento gestão e prevenção, mas principalmente, exemplo dos que se dizem serem autoridades ou lideranças comunitárias, expostos publicamente, para os resultados se sobreporem às queixas. Acorda, Gaspar!